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Aborto Grupo a favor Matéria: Saúde da mulher Modulo IV Profª: Victoria Lemos RESUMO: O aborto se trata de uma interrupção gestacional que pode ser realizada com segurança até 22 semanas de gestação, o aborto não pode ser confundido com o trabalho de parto Pré maturo. Segundo os artigos 124,125,126,127 o aborto é explicitamente ilegal no brasil, exceto em casos de estupro, feto anencéfalo ou gestação de alto risco. Os principais sintomas são: dor nas costas, dor pélvica, dor na vagina, sangramento com coágulos e etc. Em diversas pesquisas mostram que a maioria das mulheres que realizam aborto ilegal são mulheres negras, de 19 a 24 anos, já com filhos e grau de ensino fundamental ou médio. O aborto quando legalizado é realizado com Misoprostol (Cytotec), ou aspiração intrauterina ou curetagem. Existem orientações hospitalares para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem como atender a paciente com complicações de forma segura independente se o aborto for espontâneo ou não, por regra não podemos denunciar a paciente, apesar de já ter ocorrido denuncia de médicos. Após o aborto devemos indicar a paciente métodos contraceptivos que podem ser realizados. As mortes por aborto estão muito relacionadas com as condições que o aborto é realizado, geralmente clinicas clandestinas sem preparo registram mais complicações e óbitos. EXEMPLO DE CASO: aborto negado por juíza em caso de abuso sexual infantil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define abortamento como interrupção da gravidez antes das 22 semanas de gestação, ou um feto < 500g, ou 16,5 cm. É importante fixar este conceito para não confundir abortamento com situações de trabalho de parto prematuro extremo, por exemplo. Aproximadamente 10-15% das gestações apresentam hemorragias, de modo que o abortamento se enquadra naquelas que ocorrem na 1ª metade da gestação, sendo este enfatizado neste resumo. Vale ressaltar que, no Brasil, o aborto é considerado crime salvo em 3 situações específicas: quando a gravidez representa risco de vida para a gestante, quando a gravidez é resultado de um estupro ou quando o feto for anencéfalo. Logo, diante de uma situação de aborto, é importante que os profissionais de saúde tenham uma prática destituída de julgamentos arbitrários e rotulações. Definição Abortamento: Aborto é toda interrupção da gravidez antes das 22 semanas de gestação ou em que o feto pesa < 500g ou mede 16,5 cm. No Brasil, o aborto não é considerado crime em 3 situações: gravidez representa com risco de vida para a gestante, quando é resultado de um estupro ou em casos de anencefalia. Lei do abortamento: A Lei nº 12.845/2013 refere que o atendimento da pessoa em situação de violência nos serviços de saúde dispensa a apresentação de Boletim de Ocorrência (BO). A realização de abortamento não se condiciona a decisão judicial que sentencie se ocorreu estupro ou violência sexual. De modo que, a Lei Penal brasileira não exige a apresentação de nenhum documento (alvará/autorização judicial, BO, etc.) para a realização de abortamento em caso de gravidez decorrente de violência sexual. Logo, não há sustentação legal para que os serviços de saúde neguem o procedimento caso a mulher não possa apresentar documentos comprobatórios. Epidemiologia do Abortamento: A magnitude do abortamento no mundo é desconhecida, uma vez que em diversos países ocorre ilegalidade parcial ou total para a realização do mesmo. Os dados epidemiológicos acerca do aborto são subclínicos devido a muitas vezes acontecerem sem que a mulher reconheça que está abortando ao confundir a expulsão do concepto com um sangramento menstrual. Já os clinicamente reconhecidos chegam a incidência de 10-15%, destes, 80% ocorrem antes das 12 semanas. Porém, a existência de testes altamente sensíveis de hCG permite notar que a magnitude de perda gestacional após a implantação é de 62%. É importante ressaltar que o risco de abortamento é maior em mulheres com idade ≥ 35 anos e tal risco se eleva se o homem tiver ≥ 40 anos. Classificação do Abortamento Precoce ou tardio O abortamento é considerado precoce se ocorre até a 12ª semana e tardio se ocorre entre a 13ª e 20ª semana. Espontâneo ou provocado O espontâneo ocorre sem nenhum tipo de intervenção externa, podendo ser causado por doenças da mãe ou anormalidades do feto. O provocado decorre de uma interrupção externa e intencional que acarreta na interrupção da gestação. Esta representa custos altos para o Sistema Único de Saúde em consequência das suas complicações, principalmente quando há evolução para aborto infectado o qual explicaremos melhor a seguir. Esporádico ou habitual A separação em aborto esporádico e habitual nos auxilia na melhor compreensão das etiologias do abortamento. Os abortamentos esporádicos têm como principal causa as anormalidades cromossômicas que chegam a abranger 50-80% dos abortamentos esporádicos, sendo as aneuploidias aquelas que representam maior frequência, seguidas das triploidias e tetraploidias. Dentre as aneuploidias, a trissomia autossômica possui 52% de frequência e a síndrome de Turner 19%. Chama-se abortamento habitual aquele que ocorre 3 vezes ou mais na mesma gestante, neste caso, as principais causas são a incompetência istmo cervical e síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF), as quais abordaremos a seguir. https://www.sanarmed.com/abortamento 21 de jul. de 2019 - Acesso em 18/06/2022 Aborto legal No artigo 128 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 está claro que aborto é considerado legal quando a gravidez é resultado de abuso sexual ou põe em risco a saúde da mulher. Além disso, em 2012, um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que é permitido interromper a gestação quando se nota que o feto é anencéfalo, ou seja, não possui cérebro. A gestante que estiver em um desses três casos tem direito de realizar gratuitamente o aborto legal por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Se tratando de gravidez que ponha em risco a vida da mulher ou feto anencéfalo não há limite de semanas de gestação para realizar o aborto. Em caso de abuso sexual o tempo limite são 20 semanas de gestação, ou 22 caso o feto pese menos de 500 gramas. A legislação não exige que a mulher apresente provas ou boletim de ocorrência que foi vítima de abuso sexual para realizar o aborto. Fora dessas situações, interromper a gravidez é crime no Brasil. Fazer um aborto induzido pode acarretar em detenção de um a três anos para a mulher ou que dê permissão para que outra pessoa o cometa o aborto. Neste último caso, a pessoa que realizou o procedimento pode pegar de um a quatro anos de prisão. Quando o aborto induzido e provocado sem o consentimento da mulher, a pessoa que o provocou pode pegar de três a dez anos de reclusão. https://www.brasildefato.com.br/2020/08/17 Acesso 18/06/2022 Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 17 de Agosto de 2020 às 15:04 No Brasil, o abortamento é crime previsto pelo Código Penal nos artigos 124, 125 e 126, com penalidades para a mulher e para o médico que o praticam “Art. 1º Esta Lei altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 1940. https://www.sanarmed.com/abortamento http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm https://www.brasildefato.com.br/2020/08/17 Art. 2º O art. 124 do Decreto-Lei nº 2.848, de 1940, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem o provoque: Pena - reclusão, de três a seis anos.” (NR). Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena - reclusão, de um a quatro anos. Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meiosempregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.” CAPITÃO AUGUSTO - DEPUTADO FEDERAL - PR-SP https://www.camara.leg.br PROJETO DE LEI N.º 1.006, DE 2019 Acessado em 18/06/2022 ABORTO ESPONTÂNEO: O QUE É, AS CAUSAS E PRINCIPAIS SINTOMAS 14 set 2021 Entenda o aborto espontâneo O aborto espontâneo é quando o corpo expulsa o conteúdo de dentro do útero, um óvulo fecundado. As causas podem ser diversas e envolvem mudanças no sistema imunológico, idade da mulher e doenças causadas por vírus ou bactérias. Fatores comportamentais como estresse, uso de cigarro e drogas. É considerado um aborto precoce, quando ocorrer até a 12a semana de gestação e tardio, quando ocorre entre a 13a e a 20a semana. Existem classificações para o tipo de aborto espontâneo, de acordo com o grau de expulsão do conteúdo uterino. • Incompleto: quando parte do conteúdo é expelido ou quando há um ruptura das membranas; • Completo: quando todo o conteúdo é expulso naturalmente; • Retido: se o conteúdo fica preso no útero – morte fetal – por um período superior a 4 semanas. Há diferença entre aborto espontâneo e menstruação de fluxo intenso? Em alguns casos, quando a gravidez não estava confirmada, pode ser um pouco difícil identificar. No entanto, se observadas algumas características do sangramento e o contexto, é possível determinar. Dá uma olhada nas dicas: https://www.camara.leg.br/ https://drogariasantoremedio.com.br/sintomas-aborto-espontaneo/ Avalie o risco de gravidez Analise se houve relação sexual com penetração vaginal sem proteção, camisinha ou pílula anticoncepcional, que possa ter ocasionado uma gravidez. Quais os sintomas manifestados Sintomas sugestivos de gravidez, como enjoo, sensibilidade nos seios, inchaço e atraso menstrual, tendem a diminuir e até desaparecer depois do sangramento. Características do sangramento Quando o aborto espontâneo é precoce, o sangramento é moderado ou intenso e há cólicas menstruais, muito parecido com a menstruação. No aborto tardio, as diferenças são maiores. Sintomas de aborto espontâneo Os sintomas clássicos do aborto espontâneo são dor na região abdominal, parecido com cólicas menstruais, e sangramento. Eles, juntos, já acendem um alerta. Outros sintomas comuns: • dor nas costas; • dor pélvica – baixo abdômen – que irradia até os ombros; • dor na vagina; • sangramento com coágulos; • perda de líquido, como água; • corrimento amarronzado com odor forte; • eliminação de restos embrionários – pedaços do feto; • mal estar, fraqueza ou desmaios; • febre. O que fazer? A primeira coisa, após identificar os sintomas, é procurar atendimento ginecológico-obstétrico. Um exame clínico, para avaliação do quadro de saúde, e complementares como um teste de gravidez beta HCG e ultrassonografia para monitorar o útero e o conteúdo presente nele. Caso o feto não tenha sido expelido totalmente, um procedimento chamado curetagem é feito para remover resíduos fetais ainda presentes no útero. A curetagem, realizada apenas em ambiente hospitalar, é essencial para que o conteúdo orgânico, sem vida e função dentro do corpo, seja retirado, evitando assim infecções. https://www.gestacaobebe.com.br/fotos-teste-gravidez-positivo-negativo/ https://drogariasantoremedio.com.br ARGUMENTOS A FAVOR DO ABORTO: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt- BR&as_sdt=0%2C5&q=argumentos+a+favor+do+aborto&lr=lang_pt&oq=Argum entos+a+ “A luta pela legalização do aborto pouco tem avançado no Brasil. O artigo observa a importância política da questão. Por um lado, é um índice da laicidade do Estado, que, por sua vez, é condição necessária para a vigência da democracia. Por outro, na ausência desse direito a cidadania das mulheres é incompleta. O forte peso da Igreja Católica na vida política brasileira não é suficiente para explicar a paralisia no que se refere à questão.” Luis Felipe Miguel https://www.scielo.br/j/ref/a/dDYjxr9Q5R5Q4qx7JSWM6BL/?lang=pt “ O artigo analisa os argumentos contrários ao direito da mulher à interrupção voluntária da gravidez, fundamentando assim sua posição em defesa do direito ao aborto. A análise das contradições nos discursos do "direito à vida" ultrapassa as situações nas quais há risco de morte da mãe ou nas quais a gravidez decorreu de estupro. A consideração da mãe como pessoa moral inclui, na posição sustentada no texto, o direito a assegurar a própria vida e a escolher como esta vida será vivida. Nesta análise, o aborto é discutido em suas implicações políticas, morais e filosóficas.” Judith Jarvis Thomson https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/ZWJH9c6HvsJ5rJrbvLpnGxx/?lang=pt ”O aborto é um tema delicado e difícil para se discutir, uma vez que envolve questões religiosas e filosóficas, como por exemplo, em que momento se inicia a vida. Em razão da complexidade do tema, o aborto não tem ocupado espaço de discussões em escolas e demais espaços sócio-educativos. A interrupção voluntária da gravidez é um grave problema de saúde pública, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma vez que muitas mulheres, sobretudo as de baixa classe social, têm sua saúde física e psíquica comprometida, chegando, muitas vezes a um alto índice de morte.” A FAVOR E CONTRA http://www.sies.uem.br/anais/pdf/direito_e_sexualidade/2- 01.pdf Itinerários e métodos do aborto ilegal em cinco capitais brasileiras Metodologia A fase de entrevistas estruturadas da PNA (PNA-entrevistas) buscou conhecer o itinerário percorrido pelas mulheres para a realização do aborto (em particular os métodos e suas redes de cuidado). Os dados foram coletados entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011. A PNA-entrevistas foi realizada com 122 mulheres entre 18 e 39 anos, residentes nas cidades de Belém, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. https://drogariasantoremedio.com.br/ https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=argumentos+a+favor+do+aborto&lr=lang_pt&oq=Argumentos+a https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=argumentos+a+favor+do+aborto&lr=lang_pt&oq=Argumentos+a https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=argumentos+a+favor+do+aborto&lr=lang_pt&oq=Argumentos+a https://www.scielo.br/j/ref/a/dDYjxr9Q5R5Q4qx7JSWM6BL/?lang=pt https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/ZWJH9c6HvsJ5rJrbvLpnGxx/?lang=pt http://www.sies.uem.br/anais/pdf/direito_e_sexualidade/2-01.pdf http://www.sies.uem.br/anais/pdf/direito_e_sexualidade/2-01.pdf As mulheres foram entrevistadas por seis pesquisadoras de campo que percorreram as cinco cidades, em grupos de três entrevistadoras por cidade. Cada mulher foi entrevistada uma única vez, por apenas uma pesquisadora em local e horário definido pela participante e sem a presença de terceiros. No total, foram abordadas 198 mulheres que declararam ter realizado aborto, mas somente 122 foram entrevistadas para o cumprimento das cotas etárias e educacionais. Além disso, foram eliminadas as entrevistas de mulheres que declararam ter abortado espontaneamente, por estupro ou risco de vida (esses dois últimos são casos de permissivos legais). As características mais comuns das mulheres que fazem um primeiro aborto é idade de até 19 anos, cor negra e com filhos. A gravidez é certificada por meio de um teste de urina de farmácia e o aborto iniciado por um regime de chás, líquidos e ervas combinado com cytotec vaginal e oral. A dose mais comum é de quatro comprimidos, aplicados por via vaginal e oral, e a finalização do aborto é feita no hospital. O aborto é iniciado à noite e a internação ocorre na manhã seguinte. No segundo aborto predominam mulheres com atributos semelhantes, cor negra e idade até 19 anos. O primeiro aborto é feito aos 18 anos com uso de chás e cytotec, sendo finalizado em hospital; o segundo aborto, aos 19 anos, é realizado com regime semelhante de métodos e também finalizadoem hospital. Esses dados dizem respeito às mulheres entrevistadas e não há como extrapolar para a população feminina como um todo. Esses resultados não são diretamente comparáveis aos encontrados na PNA- urna, cuja faixa etária dominante para o último aborto foi entre 20 e 24 anos. A diferença entre os resultados das duas etapas da pesquisa provavelmente se deve a dois fatores. Primeiro, à utilização de perguntas diferentes, pois a identificação da idade ao abortar na fase da técnica de urna foi restrita ao último aborto, com a finalidade de controlar erros de memória. Segundo, ao fato de a elevada frequência de adolescentes no primeiro aborto poder ser uma peculiaridade da amostra não probabilística da PNA-entrevistas. Itinerário do Aborto O itinerário do aborto corresponde ao percurso adotado pelas mulheres para a realização de um aborto ilegal. A Tabela 4 apresenta os principais marcos do itinerário, considerando todas as mulheres. Entre o atraso menstrual e os cuidados pós-aborto, há uma série de ritos largamente compartilhados entre as mulheres entrevistadas. São diferentes regimes, práticas e saberes que regulam a negociação moral entre atraso menstrual, métodos para a regulação do ciclo e medidas para a concretização do aborto. O uso de chás, líquidos e ervas para a regulação menstrual integra a cultura feminina reprodutiva, tendo sido feito por uma em cada três mulheres, com maior concentração entre as mulheres das cidades de Rio de Janeiro e Salvador. Das onze mulheres que utilizaram como método único a combinação de chás, líquidos e ervas, quatro o finalizaram sozinhas, sem recurso à internação hospitalar, e sete haviam realizado exames diagnósticos para se certificar da gravidez (beta-HCG sérico e teste de urina de farmácia). As fórmulas utilizadas variaram de mulher para mulher: coca-cola no sereno com sonrisal, pimenta, sena e cidreira; buchinha- do-norte; amargosa; quina; mistura de ervas; mal-com-tudo; arruda; melão-de- são-caetano; rosas branca e vermelha com cravo e canela. A combinação de chás, líquidos e ervas seguida de finalização em hospital foi um percurso típico das adolescentes negras, com baixa escolaridade (ensino fundamental), cuja idade mais frequente foi 16 anos. https://www.scielosp.org/article/csc/2012.v17n7/1671-1681/#t4 A ineficácia dos chás, líquidos e das ervas altera o ritmo de espera pela "descida da menstruação" e medicaliza o diagnóstico da gravidez. Esse é o momento em que a mulher sai de casa e procura auxílio médico ou farmacêutico. As mulheres utilizaram diversos meios diagnósticos para assegurar se o atraso menstrual é gravidez, sendo os mais comuns o exame de sangue beta-HCG (43%, 52), o teste de urina de farmácia (37%, 45) e o ultrassom (25%, 30). Um dado que merece ser investigado em estudos futuros é a relação entre a realização de exames diagnósticos seguros e os riscos decorrentes do aborto ilegal. A ausência de exames diagnósticos foi referida por 15 mulheres, com uma concentração entre as mulheres negras com baixa escolaridade (80%, 13), para quem a confirmação da gravidez se deu pelos sinais corporais. Não há evidências de que elas tenham realizado o aborto mais tardiamente que as mulheres que medicalizaram os exames, pois a memória sobre a idade gestacional foi um dado pouco confiável nas entrevistas. Grande parte das mulheres contavam o atraso da última menstruação em meses, sendo a resposta mais comum "menos de dois meses". Não houve relato de mulheres que tenham abortado com mais de 14 semanas, sendo o mais comum o aborto com oito semanas. No entanto, a forma como as mulheres contavam as semanas de atraso menstrual nas entrevistas não segue um padrão, o que impede uma sistematização segura dessa informação: algumas falavam em semanas, outras, em meses, e outras tentavam fazer cálculos durante a entrevista. Metade das mulheres que não realizou exames diagnósticos recorreu à internação hospitalar para a finalização do aborto. Debora DinizI; Marcelo MedeirosII https://www.scielosp.org/article/csc/2012.v17n7/1671-1681/ O ABORTO NO BRASIL HOJE Atualmente, o aborto no Brasil é crime, com três exceções. A lei permite que uma mulher interrompa a gravidez apenas nos seguintes casos: • Vítimas de estupro; • Quando há risco de vida à mulher; • Anencefalia do feto (ausência ou má formação do sistema cerebral). Nesses casos, a mulher pode procurar um dos hospitais da rede de referência que realiza o aborto legal. Há 176 hospitais cadastrados no Ministério da Saúde como provedores de serviço de aborto legal para vítimas de estupro no Brasil, segundo o Mapa do Aborto Legal. Mas ainda assim existem dificuldades para conseguir o atendimento, conforme mostramos nessa reportagem. É importante saber que vítimas de estupro não precisam apresentar boletim de ocorrência para ter direito ao procedimento. A Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento, do Ministério da Saúde, informa que o Código Penal não exige qualquer documento para a prática do abortamento nos casos https://www.scielosp.org/article/csc/2012.v17n7/1671-1681/ de estupro e que a mulher não é obrigada a noticiar o fato à Polícia. “Deve-se orientá-la a tomar as providências policiais e judiciais cabíveis, mas, caso ela não o faça, não lhe pode ser negado o abortamento”, orienta o Ministério da Saúde. Em todas as demais situações, fazer um aborto ou ajudar em um aborto é crime previsto no Código Penal brasileiro e pode ser punido com prisão de um a três anos para a mulher que aborta e de até 10 anos para quem realiza o procedimento. COMO É FEITO O ABORTO QUANDO ELE É LEGALIZADO Para direcionar as políticas públicas nos países que permitem a interrupção da gravidez, a Organização Mundial da Saúde conta com uma orientação técnica para abortamento seguro que trata de tudo: desde os procedimentos para a interrupção até orientações sobre contracepção que devem ser dadas à mulher após o procedimento. O médico ginecologista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Jefferson Drezett, explica que o aborto legal no Brasil é feito de acordo com essas orientações. Ele dirigiu por 24 anos o hospital Pérola Byington, em São Paulo, referência em realização de aborto legal no país. A mulher que busca um aborto legal aqui no Brasil tem a possibilidade de fazer uma aspiração intrauterina ou tomar o Misoprostol (mais conhecido como Cytotec, seu nome comercial), dependendo da idade gestacional e de outros fatores de saúde. Entenda como é usado cada protocolo. ANTES DO ABORTO Antes de tudo, é preciso fazer um exame de sangue Beta-HCG quantitativo para confirmar a gravidez. Além disso, a OMS recomenda fazer um ultrassom para ver o tempo de gravidez e também se o feto está no útero. Caso seja identificado que a mulher tem uma gravidez ectópica (quando o feto está fora do útero), ela não é viável e representa um risco à vida da mulher, portanto a interrupção da gestação é assegurada pela lei. O procedimento deve ser feito por um médico, pois o uso de medicamentos nesse caso é perigoso. Se o feto estiver no útero, o aborto pode então ser feito por meio da aspiração intrauterina ou com remédios. Onde o aborto é legal, as mulheres sempre passam por uma conversa com psicólogo antes para: • Explicar o que vai ser feito e os riscos envolvidos; • Ter certeza de que ela quer fazer o procedimento; • Garantir que ela não está sendo forçada a abortar – se alguém estiver forçando a mulher a abortar, no Brasil, ela pode ligar para o 180 e fazer uma denúncia. ABORTO COM REMÉDIOS O aborto com remédios, se feito de forma correta, é um método seguro. A OMS indica duas possibilidades para o aborto com remédio. O primeiro é feito com o uso combinado de dois remédios, o Misoprostol e a Mifepristone. No entanto, como a Mifepristone não é encontrada em todo lugar, existe um protocolo da OMS também seguro para aborto com o uso somente do Misoprostol.No Brasil, nem para o aborto legal a Mifepristone está disponível. Também conhecido como Cytotec (nome comercial com o qual era vendido no passado no Brasil), “o Misoprostol deixa o colo do útero mais macio e fácil de se abrir, ao mesmo tempo em que produz contração, para a expulsão da gestação por um colo mais preparado”, explica o médico Jefferson Drezett. Além da interrupção da gravidez, o Misoprostol é usado no SUS para indução do parto, tratamento de hemorragia uterina e amolecimento cervical antes do parto. Segundo dados obtidos via Lei de acesso à Informação pela Revista AzMina, o Ministério da Saúde gastou R$ 18 milhões na compra de Misoprostol em 2018. A venda dele, no entanto, é feita somente para o Ministério da Saúde no país. A compra do Misoprostol por mulheres no Brasil acontece somente por meio do mercado ilegal ou de algumas ONGs internacionais que enviam o medicamento para mulheres que solicitam, como Women Help Women, Women on Web e Safe2Choose. Drezett reforça a importância do Misoprostol, um medicamento usado anteriormente para o tratamento de doenças gastrointestinais. “O Misoprostol quando chegou ao Brasil, primeiro de maneira legal com o Cytotec, e agora de maneira clandestina, ele foi responsável por uma dramática (a palavra é essa) redução de complicações por aborto inseguro”, diz o especialista. Segundo ele, utilizar um comprimido, ainda que sem orientação médica, é melhor do que outros métodos primitivos e perigosos que são usados em abortos clandestinos, como inserção de sonda e outros objetos dentro do útero ou uso de ervas e substâncias tóxicas. A médica Debora Anhaia explica em vídeo que o remédio tem menos riscos de infecção do que um procedimento cirúrgico, principalmente considerando o cenário das clínicas clandestinas no Brasil. AS RECOMENDAÇÕES PARA TOMAR MISOPROSTOL Segundo o manual da OMS, o Misoprostol pode ser tomado com segurança por mulheres de até 23 semanas de gestação, depois disso não há dados suficientes. O ideal é que o procedimento tenha a orientação e acompanhamento de um profissional de saúde. A OMS recomenda o uso do remédio isolado (sem a Mifepristone) de duas formas: sublingual ou vaginal. O sublingual é feito colocando os comprimidos debaixo da língua e esperando meia hora para engolir. O uso vaginal consiste em inserir o comprimido no fundo do canal vaginal, bem onde ele encontra o útero, e esperar meia hora deitada. A organização Women on Web, que ajuda mulheres ao redor do mundo a abortar, reforça que na vagina o Misoprostol leva até quatro dias para se dissolver e podem ser encontrados restos do remédio caso a mulher tenha complicações e tenha que recorrer a um hospital. A quantidade de remédio varia de acordo com o tempo de gestação e nem toda mulher pode fazer uso do Misoprostol. Drezett explica que mulheres com problemas circulatórios e cardíacos podem ter complicações, assim como aquelas que possuem cicatriz no útero de cesárea ou outra cirurgia anterior ou fazem uso de anticoagulantes. As dosagens de Misoprostol que a OMS recomenda. As pílulas podem ser 200 μg (microgramas), 400 μg ou até 800 μg. As pílulas costumam ser brancas e têm formato circular ou hexagonal. Até 12 semanas: até 3 doses de 800ug de 3 em 3 horas De 12 a 23 semanas: até 5 doses de 400ug de 3 em 3 horas Após 23 semanas: não é indicado OS EFEITOS DO MISOPROSTOL NO CORPO Se tudo correr bem, a mulher que tomar o Misoprostol vai sentir cólicas fortes e ter um sangramento mais intenso que o de uma menstruação. A Fundação Orientame, que realiza abortos legais na Colômbia, explica que é comum ter enjoo, diarreia, calafrios, vômito e dor de cabeça durante o abortamento. Segundo Drezett, o processo até a expulsão completa do feto pode levar até dois dias. Para controlar a dor, é recomendado uso de Ibuprofeno uma hora antes de começar a tomar o Misoprostol e novas doses a cada três horas se a dor persistir. COMO SABER SE DEU CERTO? É normal que o sangramento moderado (como uma menstruação) e as cólicas durem por alguns dias, podendo chegar até 20 dias. Nesse cenário, o ideal é fazer um ultrassom sete dias após tomar os remédios para verificar se o aborto foi completo. No caso do aborto incompleto, sem sintomas de hemorragia ou febre, Jefferson Drezett diz que a mulher pode repetir a dose do medicamento ou fazer um esvaziamento do útero por meio de aspiração ou curetagem. No entanto, outros sintomas não são normais: febre alta, desmaios, tontura, cheiro ruim e sangramento muito intenso. Eles podem ser sinal de um aborto incompleto, infecção ou hemorragia. Se houver algum desses sintomas, é importante procurar um hospital ou médico de confiança urgentemente. O ATENDIMENTO PÓS-ABORTAMENTO NO BRASIL Os hospitais brasileiros devem atender mulheres que dão entrada com complicações por aborto, seja ele espontâneo ou não. Vale lembrar que tudo que é dito ao profissional de saúde está sujeito a sigilo médico, por isso médicos e enfermeiros não podem fazer denúncia de mulheres que fizeram aborto ilegal – no entanto, existem casos de mulheres denunciadas por médicos no Brasil. A norma técnica do Ministério da Saúde orienta o atendimento humanizado a todas as mulheres que buscam serviços de saúde após um aborto (seja ele espontâneo ou não). Nela é explicado como proceder caso haja um aborto incompleto, infecção e hemorragia, sem julgamento ou preconceitos com a mulher. Apesar dessas orientações, mulheres ainda encaram uma realidade diferente ao buscar ajuda. A enfermeira e epidemiologista Emanuelle Goes estudou como é o atendimento às mulheres que buscam atendimento pós abortamento nos serviços de saúde. “Independentemente do tipo de aborto, elas são maltratadas, passavam por dificuldade no atendimento. Meu estudo fez uma observação entre mulheres negras e brancas e mesmo sendo o aborto um estigma que atinge todas as mulheres, atinge de forma mais potente as mulheres negras, sobretudo as pretas”, conta. A ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA O aborto cirúrgico só pode ser feito até 12 semanas de gestação e a OMS recomenda a aspiração manual intrauterina (AMIU) como procedimento, pois é considerada mais segura que a curetagem. No procedimento da aspiração, cânulas de plástico são inseridas dentro do útero e usadas para esvazia-lo. É usada anestesia local ou apenas remédios para dor. A OMS não recomenda anestesia geral para esse procedimento. “O procedimento é feito pela manhã, no almoço ela pode ir pra casa. Não tem dor, recebe anestesia, é muito seguro e tem ótima recuperação”, explica o médico Jefferson Drezett. Outro método conhecido é a curetagem, que não é recomendado pela OMS, por ser mais perigoso. Drezett explica que a curetagem é um processo mais agressivo e demorado que a aspiração. No entanto, a curetagem ainda é feita no Brasil e como o aborto é crime, fora dos casos de aborto legal é difícil ter certeza de qual método uma clínica clandestina vai usar e isso pode colocar a vida da mulher em risco. DEPOIS DO ABORTO, PREVENIR GRAVIDEZ O manual da OMS tem também orientações para depois do aborto. Além de indicar remédios para evitar dor, explicar os sintomas possíveis e os sinais de alerta, os médicos devem orientar as mulheres a não terem relações sexuais, nem inserir objetos na vagina, até que pare o sangramento. Outra recomendação é de que as mulheres recebam na hora informações sobre métodos contraceptivos para evitar uma nova gravidez indesejada, como foi o caso de Rebeca Mendes, que colocou o implante contraceptivo já na clínica. Para abortos realizados ainda no primeiro trimestre e sem complicações, a OMS considera seguras as seguintes opções de contraceptivos: Pílula, Adesivo anticoncepcional, Anel anticoncepcional, DIU, Anticoncepcional injetável, Anticoncepcional, Implante anticoncepcional, DIU de cobre e hormonal, Camisinha, Diafragma. https://azmina.com.br/reportagens/como-e-feito-um-aborto-seguro/INTRODUÇÃO O aborto provocado expõe a mulher a riscos e complicações severas. Tais riscos variam consideravelmente, de acordo com as circunstâncias nas quais é feito o aborto. Ao mesmo tempo, as pesquisas médicas mostram que, quando realizado em boas condições, o risco de complicações do aborto torna-se muito pequeno (Tietze & Henshaw, 1986). Do contrário, se realizado na clandestinidade, chega a representar um grande perigo. https://azmina.com.br/reportagens/como-e-feito-um-aborto-seguro/ As complicações do aborto clandestino incluem perfuração do útero, retenção de restos de placenta, seguida de infecção, peritonite, tétano, e septicemia. As seqüelas ginecológicas incluem a esterilidade e também inflamações das trompas e sinéquias uterinas.O risco e a gravidade das complicações crescem com o avanço da gestação. Tietze & Henshaw (1986) afirmaram que a incidência das complicações do aborto está relacionada com a forma como ele é realizado. Entretanto, existe pouca informação concreta que mostre esta relação, exceto a experiência internacional que aponta a redução das complicações quando o aborto é legalizado, ou o aumento das mesmas, quando torna-se ilegal. As complicações resultantes de abortos malfeitos podem levar à morte,tanto quanto podem afetar as subsequentes gestações, aumentando o risco de prematuridade, gravidez ectópica, abortamento espontâneo, e baixo peso ao nascer (Schor, 1991). O controle de tais complicações constitui um problema sério, principalmente para as mulheres residentes em comunidades pobres, com poucos serviços médicos disponíveis (Ladipo, 1987). No Brasil, apesar do muito que se fala do assunto, não se encontram evidências, na literatura nacional, que confirmem a relação entre complicações do aborto ilegal e as condições de sua prática. Os estudos brasileiros que fazem referência às complicações apresentam informações obtidas de mulheres hospitalizadas por abortamento provocado. Consequentemente, descrevem as características de mulheres com complicações que não podem ser comparadas com aquelas que não foram hospitalizadas. https://www.scielo.br/j/csp/a/WgZjYMgg5kYvDCsy6KyLdMM/? Plantas medicinais proibidas na gravidez De acordo com os resultados de vários estudos, existem plantas que devem ser evitadas durante a gravidez por apresentarem substâncias com potencial para afetar a gestação, mesmo que não exista comprovação. Já outras, são completamente proibidas por existirem relatos de aborto ou malformações após seu uso. Na tabela seguinte é possível identificar as plantas a evitar, ou consumir com moderação, assim como as que são comprovadamente proibidas (a negrito) pela maioria dos estudos: Agnocasto Camomila Ginseng Prímula Alcaçuz Canela Guaco Quebra-pedra Alecrim Carqueja Hera Romã https://www.scielo.br/j/csp/a/WgZjYMgg5kYvDCsy6KyLdMM/ Alfafa Cáscara sagrada Hibisco Ruibarbo Angélica Castanha-da-índia Hidraste Saião Arnica Catuaba Hortelã Salsaparrilha Aroeira Cavalinha Inhame selvagem Salsinha Arruda Cidreira Jarrinha Sene Artemísia Cúrcuma Jurubeba Tanaceto Ashwagandha Damiana Kava-kava Tanchagem Babosa Dedaleira Losna Trevo vermelho Boldo Erva-de-santa- maria Macela Urtiga Borragem Erva-doce Milefólio Uva-ursina Buchinha Espinheiro-alvar Mirra Vinca Café Feno Grego Noz moscada Zimbro Cálamo Funcho Passiflora Calêndula Ginkgo biloba Poejo Independente desta tabela, é sempre importante consultar o obstetra ou um fitoterapeuta antes de tomar qualquer chá. https://www.tuasaude.com/plantas-abortivas/ Resumos O emprego de plantas medicinais refere-se a uma prática milenar, seja na medicina alternativa para cura de diversas doenças, ou como método abortivo. No entanto, a população em geral desconhece os grandes riscos que a cometem. Neste sentido este trabalho teve como objetivo avaliar o índice de consumo de plantas medicinais por mulheres de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), na tentativa de identificar quais as espécies mais frequentemente ingeridas inclusive em período gestacional. Através de um questionário de caráter explorativo com 48 mulheres observou-se que a maioria das entrevistadas tinha filhos e as plantas medicinais mais citadas foram "boldo" (Peumus boldus), "carqueja" (Baccharis trimera) e "sene" (Cassia angustifolia), as quais eram empregadas principalmente em dores estomacais ou como digestivos (53%), para resfriados (23%), cólicas menstruais (4%) ou para menstruar (2%). Outra parte do trabalho constituiu a análise visual e química de espécies de plantas medicinais citadas pelo público feminino entrevistado, bem como, outras utilizadas popularmente com propriedades abortivas. Análises visuais comparativas de amostras de plantas medicinais de quatro estabelecimentos comerciais diferentes denominadas Grupo A-C, mostraram a ausência de controle de qualidade com relação às especificações nas embalagens, e separação do material vegetal a ser consumido. Através de análises dos perfis químicos destas amostras por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) indicaram que aquelas pertencentes ao Grupo C diferiram significativamente em relação àquelas de mesma identificação, exceto no que se refere ao boldo do Chile, cujas amostras apresentaram-se bastante similares com relação à constituição química. https://www.scielo.br/j/rbpm/a/HpKr6kbcY3zQKzcXnkW6MyQ/?lang=pt https://www.tuasaude.com/plantas-abortivas/ https://www.scielo.br/j/rbpm/a/HpKr6kbcY3zQKzcXnkW6MyQ/?lang=pt Juíza induz menina de 11 anos estuprada em SC a impedir aborto, diz reportagem Grávida de 22 semanas, menina de 11 anos é mantida em abrigo enquanto tenta realizar procedimento médico legal A Justiça de Santa Catarina tenta induzir uma menina de 11 anos, grávida após ser estuprada, a não realizar um aborto. Ela é mantida em um abrigo há mais de um mês, depois de enfrentar a resistência da juíza Joana Ribeiro Zimmer e da promotora Mirela Dutra Alberton, que argumentaram contra o procedimento e a favor da vida do feto durante a audiência judicial. As informações foram reveladas pelo site The Intercept Brasil nesta segunda-feira (20). Ainda de acordo com a reportagem, a menina foi atendida por uma equipe médica no início de maio de 2022. O hospital teria negado o aborto, já que a menina estava na 22ª semana de gravidez e as regras da instituição permitiam o procedimento até a 20ª semana. O caso então foi à Justiça. O Código Penal, no entanto, permite a interrupção da gravidez em caso de estupro sem impor limitação de semanas. Além disso, laudos médicos do caso revelam que ela corre maior risco de vida a cada semana de gravidez. Dias depois, a promotora do Ministério Público de Santa Catarina Mirela Dutra Alberton ajuizou uma ação cautelar pedindo o acolhimento institucional da menina em um abrigo. Em 9 de maio, a criança participou de uma audiência judicial junto com a mãe, a juíza e a promotora. Na reunião, o grupo se comprometeu a evitar que a menina fosse vítima de abuso, mas a juíza e a promotora tentam induzi-la a não realizar o aborto. “Você suportaria ficar mais um pouquinho?”, questiona a juíza nas imagens. A promotora Alberton completa: “A gente mantinha mais uma ou duas semanas apenas a tua barriga, porque, para ele ter a chance de sobreviver mais, ele precisa tomar os medicamentos para o pulmão se formar completamente”. Ela continua e sugere que o aborto faria a criança de 11 anos ver o bebê agonizar até a morte: “Em vez de deixar ele morrer – porque já é um bebê, já é uma criança –, em vez de a gente tirar da tua barriga e ver ele morrendo e agonizando, é isso que acontece...” Na audiência, a juíza defende a tese de que o aborto não pode ser realizado após o prazo de 22 semanas de gravidez já ter passado. O procedimento após esse período, defende Zimmer, "seria uma autorização para o homicídio". A juíza insiste naquestão e tem o seguinte diálogo com a vítima de estupro: "Qual é a expectativa que você tem em relação ao bebê? Você quer ver ele nascer?", pergunta a juíza. "Não", responde a criança. "Você gosta de estudar?" "Gosto." "Você acha que a tua condição atrapalha o teu estudo?" "Sim." "Você tem algum pedido especial de aniversário? Se tiver, é só pedir. Quer escolher o nome do bebê?" "Não." "Você acha que o pai do bebê concordaria pra entrega para adoção?", pergunta, referindo-se ao estuprador. "Não sei", diz a menina. Repercussão Depois da publicação da reportagem, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina ressaltou que o processo está em segredo porque envolve menor de idade, "circunstância que impede sua discussão em público", e que a Corregedoria- Geral da Justiça do estado já instaurou pedido de providências na esfera administrativa para investigar os fatos. Já a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santa Catarina manifestou preocupação com o caso. "Dentre as situações em que a legislação brasileira autoriza a interrupção da gravidez estão a violência sexual e o risco de vida para a gestante. Diante disso, estamos buscando junto aos órgãos e instituições com atuação no caso todas as informações necessárias para, de forma incondicional, resguardarmos e garantirmos proteção integral à vida da menina gestante", afirmou a instituição. Em entrevista ao R7, especialistas afirmaram que o aborto em caso de estupro não precisa de autorização judicial, mas que médicos costumam exigir essa documentação. Os outros requisitos são autorização da gestante (ou representante legal) e que a gravidez tenha ocorrido a partir do crime. "Em tese pode acontecer a qualquer momento [o aborto por causa de estupro], não tem um tempo, a lei não fala em tempo. O que acontece é que muitos médicos acabam exigindo que se tenha uma autorização judicial e isso faz com que a gravidez se prolongue", diz o advogado Matheus Falivene, especialista em Direito Penal pela USP (Universidade de São Paulo). No entanto, o advogado Leonardo Pantaleão ressalta que existem precedentes judiciais que justificam a interpretações como a da juíza Joana Ribeiro Zimmer. Contudo, ele ressalta que em caso de risco à grávida não existe prazo de gestação para impedir o aborto e o precedente não é válido. "Têm se entendido que [é possível o aborto] até a 20ª semana — podendo se estender até a 22ª, no máximo — mas desde que o feto não tenha um peso superior a 500 gramas (....) Isso não existe em lei, não existe em nada, é uma questão de praxe que acabou se estabelecendo", afirma sobre o entendimento. https://noticias.r7.com/cidades/juiza-induz-menina-de-11-anos- estuprada-em-sc-a-impedir-aborto-diz-reportagem-20062022
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