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ASMA Doença inflamatória crônica da via aérea caracterizada por limitação aguda ao fluxo aéreo e hiperreatividade bronquial, de causa multifatorial. Crises são episódicas, mas o processo inflamatório é contínuo e precisa ser controlado Epidemiologia A asma pode manifestar-se na infância, mais comum nos meninos, ou na vida adulta, mais comum em meninas. 20% das crianças brasileiras em idade escolar Fisiopatologia Quando o organismo entra em contato com um gatilho, ocorre uma resposta aumentada de Th2, mediada principalmente por IgE. Prova: uso de corticóide, eosinofilia com T helper 2 alto Paciente que apresenta asma, tem dois padrões de resposta aos alergênicos Precoce: início imediato e se resolve em 1-2 horas Tardio: 3-12 horas após a primeira, com hiperresponsividade e inflamação das vias aéreas *Ambos ativam os mastócitos, induzido pela alérgeno, mediada por IgE e linfócitos T, resultando em contração da musculatura lisa, aumento da permeabilidade vascular e acúmulo de eosinófilos e mastócitos. Inflamação Envolve vários tipos celulares Não é igual em todos os asmáticos Na pediatria, geralmente eosinofílica e T helper 2 alto, com boa resposta aos corticoides Células inflamatórias Mediadores inflamatórios Broncoconstrição Causas de limitação do fluxo aéreo A longo prazo, as vias aéreas sofrem remodelação com fibrose e hipertrofia da musculatura lisa, o que colabora com o desenvolvimento e a progressão da doença. Sibilo na asma é expiratório – via aérea inferior Causas · Hereditárias Fatores causadores · Alérgenos domiciliares, pólen e irritantes · Ácaros, pelos de cães e gatos, alérgenos de barata e os fungos (mofo) encontrados em travesseiros, colchões, cobertores, cortinas, carpetes, pelúcia, poeira. · Aquecedores e fogões a gás · Fumaça de cigarro (irritante) · Queima de madeira para aquecimento de lareiras · Odores fortes (perfumes, produtos de limpeza, frituras, tinturas) · Infecções de vias aéreas (Rinovírus) · Mudanças climáticas e poluição · Exercício físico · Refluxo gastro-esofágico · Certas medicações e alimentos · Emocionais: ansiedade e stress Diagnóstico 1. Clínico – Anamnese Um ou mais sintomas · Dispnéia · Tosse crônica · Sibilância · Aperto no peito Sintomas são variáveis ao longo do tempo: Pioram à noite ou ao acordar, com exercício, alérgenos, mudanças de temperatura, irritantes e/ou infecções virais Sintomas episódicos: História familiar de asma ou atopi 2. Funcional · Provas de função pulmonar · Espirometria – mede a velocidade e quantidade de ar que uma pessoa é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões · Pico de fluxo expiratório (PFE) 3. Alergológico · In vivo: testes cutâneos · In vitro: IgE específico Espirometria · Para a classificação, sempre considerar o PIRO valor · Observar CVF, VEF1 e VEF1/CVF · Para adultos, valores abaixo de 80% são anormais. Para crianças, 90% · Capacidade vital forçada expiratória (CVF) · A CVF representa o volume máximo de ar exalado com esforço máximo, o que se dá a partir do ponto de máxima inspiração. · Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) · A VEF1 indica o volume de ar que é exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF. · Relação VEF1 / CVF · O diagnóstico de distúrbio obstrutivo é obtido a partir da razão entre as duas medidas. O resultado depende de equação que é determinada conforme o paciente. · Exame de difícil execução · Geralmente consegue fazer em > 7 anos · Sempre pedir com e sem broncodilatador pois mesmo com valores normais basais, fecha-se o diagnóstico se após o BD (broncodilatador) houver aumento de 12% ou 200 mL Diagnóstico Diferencial (sibilância recorrente) · Bronquiolite obliterante · Fibrose cística · Aspiração de corpos estranhos · Discinesia ciliar primária · Deficiência de alfa 1 antitripsina · Doenças cardíacas congênitas · Tuberculose · Obstruções de vias aéreas altas · Síndrome de pânico · Bronquiectasias Classificação **prova Tratamento · Educacional · Medidas de higiene e controle ambiental · Farmacológico O tratamento visa o controle dos sintomas, minimizar futuros riscos, como perda de função pulmonar, diminuir morbimortalidade, evitar a limitação fixa das vias aéreas pelo remodelamento brônquico e os efeitos adversos do tratamento Terapêutica dividida em 3: Medicamentos de controle, Medicamentos de alívio e terapias complementares para asma grave Pontos importantes no tratamento · A partir dos 12 anos não se recomenda o uso isolado de SABA. · Todos a partir dos 12 anos devem receber CI para reduzir as exacerbações e o melhor controle dos sintomas, e nas crises o formoterol + CI para alívio dos sintomas da asma. · Antes de aumentar a dose do tratamento, certifique-se que não há erro na técnica inalatória e que a adesão é boa. · Antes de diminuir a dose do tratamento, certifique-se que a asma está controlada há 3 meses e que não haja nenhum fator de risco. · O antagonista do receptor de leucotrieno é menos efetivo que o CI e os pacientes devem saber do grave risco de efeitos adversos à saúde mental com o uso regular de montelucast Tratamento ≥ 12 anos O tratamento inicial se baseia na frequência dos sintomas: · Etapa 1: < 2x mês, CI baixa dose + formoterol por demanda, sendo que os dados são apenas com a apresentação budesonidaformoterol, como alternativa: CI baixa sempre que usar SABA. · Etapa 2: ≥ 2x mês, CI baixa dose ou CI baixa dose + formoterol por demanda, como alternativa: Antagonista do Receptor de Leucotrieno (ARLT) diário ou CI baixa dose sempre que usar SABA. · Etapa 3: quase diários ou com despertar noturno ≥ 1x semana, CI baixa dose + long-acting beta2-agonist (LABA), como alternativa: CI média dose ou CI baixa + ARLT. · Etapa 4: quase diários ou com despertar noturno ≥ 1 x semana ou com baixa função pulmonar, CI média dose + LABA, como alternativa, CI alta dose, adicionar tiotrópio ou ARLT. · Etapa 5: não controlada com etapa 4, CI alta dose + LABA. Referendar ao especialista para fenotipagem. Adicionar tiotrópio, anti-IgE, anti-IL5/R, anti-IL4, como alternativa: CO baixa dose Tratamento de 6 anos a 11 anos · Etapa 1: < 2x mês, como alternativa: CI baixa dose sempre que usar SABA, com inaladores separados ou CI baixa dose. · Etapa 2: ≥ 2x mês, CI baixa dose, como alternativa: ARLT ou CI baixa dose sempre que usar SABA. · Etapa 3: quase diários ou com despertar noturno ≥ 1x semana, CI baixa dose + LABA ou CI média dose, como alternativa: CI baixa dose + ARLT. · Etapa 4: quase diários ou com despertar noturno ≥ 1x semana e com baixa função pulmonar, CI média dose + LABA. Referendar ao especialista, como alternativa, CI alta dose + LABA ou adicionar tiotrópio ou adicionar ARLT. · Etapa 5: asma não controlada com etapa 4. Referendar ao especialista para fenotipagem. Adicionar anti-IgE, como alternativa, anti-IL5 ou CO baixa dose Tratamento em ≤ 5 anos · Etapa 1: sibilância viral ou raros sintomas, SABA por demanda. · Etapa 2: sintomas consistentes com asma parcialmente controlada ou ≥ 3x crises por ano, CI baixa dose, como alternativa: ARLT ou CI baixa dose + SABA por demanda. · Etapa 3: asma mal controlada com CI baixa dose, dobrar a dose CI, como alternativa: CI baixa + ARLT. Considere referendar ao especialista. · Etapa 4: asma não controlada com etapa 3, continue o tratamento e encaminhe ao especialista, como alternativa, adicionar ARLT ou aumente a dose do CI ou adicione CI Intermitente Como avaliar o controle **importante Cuidados extras · Vacinas: influenza, pneumocócica 13 valente e 23 valente após 6 meses da 13 · SABA por mais de 2 dias: considerar reajustar a dose preventiva; naqueles com CI isolado, dobrar a dose; se já estiver em dose alta de CI, associar LABA; naqueles com CI + LABA usar em dose fixa a dose mais alta da combinação Exarcebações · piora clínica se dá de maneira gradual em 5 a 7 dias, com agravo progressivo da sintomatologia: tosse, sibilos, sensação de aperto no peito e dispneia · Crianças menores de 3 anos, com histórico de internaçãoem UTI, intubação por asma e comorbidades têm maior possibilidade de exacerbação mais grave, logo deve-se ter atenção redobrada. · Atendimento inicial de uma exacerbação deve ser rápido e direto · Deve-se questionar sobre início do quadro e fator desencadeante, gravidade de crises anteriores, medicações em uso regular, histórico de internação e insuficiência respiratória aguda e presença de comorbidades · No exame físico, avalia-se sinais vitais, hidratação, nível de consciência, dispneia, tosse, sibilos, cianose, sinais de esforço respiratório e oximetria de pulso. · A gasometria arterial é o exame mais importante e deve ser realizada em todos os pacientes com asma grave. No hemograma pode haver leucocitose moderada, indicando agudização. · A radiografia de tórax não é indicada de rotina e é feita somente na exacerbação grave ou para diagnóstico diferencial. · A presença de vários parâmetros, mas não necessariamente de todos, indica a classificação geral da crise · Músculos intercostais, fúrcula ou esternocleidomastóideo. · FR em crianças normais: < 2 meses, < 60 ciclos/min 2 a 11 meses, < 50 ciclos/min 6 a 5 anos, < 40 ciclos/min 6 a 8 anos, < 20 ciclos/min >8 anos, igual a FR para adultos Cuidados gerais · Jejum na asma moderada/grave · Hidratação com soro fisiológico 0,9% para manter as secreções fluidas Oxigenioterapia · Máscara ou cateter nasal em pacientes com SpO2 < 92% · Nas crianças, o objetivo é manter a SpO2 entre 94-98%. Broncodilatação · Salbutamol inalatório por pMDI com espaçador ou nebulização · Dose inicial: 2 a 4 jatos até 3 vezes na 1ª hora · Casos graves: até 6 a 10 jatos por dose · Internar caso não houver resposta satisfatória em 4 horas · Outras opções: fenoterol e terbutalina Corticóides · Iniciar quando não houver resposta adequada ao tratamento broncodilatador · Via oral: 1-2 mg/kg de prednisolona (ou equivalente) · Intravenosa: 1 mg/kg de metilprednisolona 6/6 horas no primeiro dia · Manter a corticoterapia por 3 a 7 dias, independente da resposta inicial · Não existe evidência de maior eficácia entre as vias de administração, mas há preferência pela via oral. Reavaliação da conduta · 30 a 60 min após o tratamento inicial · Reclassificar a gravidade do paciente · Se saturação de O2 < 92%, internação hospitalar · Transferir para UTI em caso de deterioração progressiva, manutenção dos critérios de exacerbação muito grave apesar do tratamento adequado, necessidade de ventilação mecânica ou a ocorrência de parada cardiorrespiratória.
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