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DIARRÉIA PERSISTENTE E DIARRÉIA CRÔNICA Diarréia: - É um sintoma que consiste na alteração do hábito intestinal caracterizado por diminuição da consistência das fezes, devido a presença de maior conteúdo fluido e/ou aumento do número de evacuações. Classificação da diarreia: - Diarreia aguda: ● Origem predominantemente infecciosa. ● Evolução potencialmente autolimitada. ● Duração menor que 14 dias. - Diarreia persistente: ● Originária da aguda. ● Se perpetua por alterações secundárias do TGI. ● Duração maior que 14 dias. - Diarreia cronica: ● Evolução não é potencialmente autolimitada. ● Duração > 30 dias. DIARRÉIA PERSISTENTE: - Síndrome clínica decorrente de um episódio de diarreia aguda que se caracteriza pela perpetuação do quadro por um período superior a 14 dias, acarretando graus variáveis de comprometimento nutricional em crianças menores de 5 anos de idade. - Por que 14 dias? ● A taxa de mortalidade observada em crianças com diarreia sobem de 0.8% a 14% quando a duração do quadro é superior a 2 semanas. Epidemiologia da diarreia persistente: - Estima-se que 3% a 20% de todos os episódios de diarreia aguda em menores de 5 anos evoluem para diarréia persistente. Mecanismos de persistência: 1. Desequilíbrio hospedeiro - parasita: - Em hospedeiros que são imunossuprimidos esse mecanismo é recorrente. 2. Intolerância secundária à carboidratos: - Diarréia osmótica: ● Fezes explosivas, aquosas, volumosas, odor ácido, dermatite de fraldas. 3. Alergia secundária a proteína heteróloga da dieta: 4. Síndrome de contaminação do intestino delgado: - Fatores predisponentes: ● Menor produção de ácido clorídrico nos desnutrido. ● Clareamento intestinal deficiente. ● Baixa resistência imunológica. ● Excesso de substratos alimentares, não absorvidos, na luz intestinal. Fatores de risco para diarréia persistente: - Idade: lactentes, especialmente 1o ano de vida. - Falta de aleitamento materno / desmame precoce. - Contaminação ambiental, água, alimento. - Desnutrição. - Imunodeficiência: associada ou não à desnutrição. - Antecedente de diarreia aguda ou persistente. - Infecções por patógenos específicos: bactérias e protozoários. - Uso incorreto de antimicrobianos. - Infecções associadas: especialmente respiratórias. Obs. O desnutrido grave acaba tendo diarréia e a diarréia piora a desnutrição. Abordagem do paciente com diarréia persistente: Tratamento: - Escolha do local mais apropriado ao tratamento - ambulatorial ou hospitalar: ● Internar se: ➔ Desidratação associada. ➔ Desnutrição moderada a grave (P/E < -2Z ou déficit >20%). ➔ Associação com infecções extra intestinais. ➔ Cuidadores negligentes. - Correção das complicações associadas (hidroeletrolíticas e metabólicas). - Antimicrobianos e antiparasitários. - Dietético: ● Escolha a via de administração da dieta (VO, VG, IV). ● Programe oferta hídrica, calórica e proteica. ● Escolha de dieta: ➔ Fórmulas: possuem baixo teor de lactose. ➔ Hidrolisado proteico. ➔ Dieta sólida caso o paciente já tenha condições pra isso. ➔ Suplementação de micronutrientes. ➔ Colestiramina: quelante de sais biliares. DIARREIA CRÔNICA Definição: - Condições congênitas ou adquiridas que afetam um ou vários dos diferentes passos da hidrólise ou transporte de nutrientes. - Pode ter uma má absorção específica ou global. Classificação de Martins Campos: - Defeitos pré entéricos. - Defeitos entéricos. - Defeitos pós entéricos. Patologias de digestão: - Fibrose cística. - Síndrome de Shwachman diamond. - Atresia de vias biliares. Patologias de digestão/ absorção: - Infecção: ● Vírus ou bactérias invasivos: (CMV, Salmonella, Shigella, Clostridium difficile) e parasitas (Giardia). - Inflamação: ● Ménétrier (inflamação gástrica); gastroenteropatia eosinofílica, alergia alimentar (APLV, soja), doença celíaca, enterite por radiação, imunodeficiência, doença de Crohn, doença de Hirschsprung, vasculites, etc. Patologias de transporte: - Linfangiectasia intestinal primária / secundária, Insuficiência cardíaca congestiva. Má digestão de proteínas: - Leva a distensão abdominal. - Putrefação bacteriana: produção de indóis, escatóis. - Fezes pútridas. Má digestão de carboidratos: - Monossacarídeos têm absorção passiva. - Dissacarídeos em diante necessitam de enzimas. - A presença de excesso de carboidratos na luz intestinal gera hiperosmolaridade, puxando líquido e causando a diarréia osmótica. Má absorção de lipídeos: - A má digestão de gordura se manifesta como uma esteatorréia: ● Fezes volumosas, pastosas, pálidas, brilhantes, pútrido - rançosas. Exames indicados para avaliação da Síndrome da má absorção: - 1 fase: ● Copograma. ● PPF. ● Coprocultura, hemograma, eletrólitos, proteínas totais e frações, função renal, urina 1 e urocultura. - 2 fase: ● Baseado no que foi encontrado na primeira fase. ● Teste H2 expirado. ● Esteatócrito/ van de kamer. ● Alfa 1 tripsina fecal. ● D- xilosemia - capacidade de absorção de carboidrato do intestino. ● Cl suor - exame de escolha para diagnóstico de fibrose cística. ● Sorologia doença celíaca. - 3 fase: ● Dosagem de vitaminas A, D, E. ● Rx contrastado. ● Cintilografia para pesquisa de perda protéica intestinal. ● Biópsia intestinal. Tratamento: - É sempre individualizado, de acordo com a etiologia e o estado do paciente. - Tratamento de suporte: hidroeletrolítico, dor, entre outros. - Avaliação nutricional -> tratamento nutricional: ● Fórmulas de hidrolisado proteico e de aa. ● Fórmulas hipercalóricas. ● TCM. ● Exclusão de Glúten na dieta- se doença Celíaca ● Específico para cada caso. - Reposição de microelementos como vitaminas e minerais. - Tratamento medicamentoso: ● Corticosteróides, 5-ASA, Imunobiológico- DII. ● Enzimas pancreáticas-FC. ● Colerético doenças crônicas hepáticas. ● Antiparasitários. INTOLERÂNCIA A LACTOSE: Reação adversa ao alimento: 1. Intolerância: - Hipersensibilidade alimentar não imunológica causada por características do hospedeiro (metabólicas – enzima/substrato) ou do alimento (tóxicas e infecciosas) - Gera uma hipersensibilidade não alérgica. 2. Alergia: - Hipersensibilidade causada por reações imunológicas mediadas por células ou IgE. - Hipersensibilidade do tipo alérgica, que envolve inflamação. Carboidratos da dieta: - Monossacarídeos: glicose, galactose, frutose - absorvidos passivamente. - Dissacarídeos (sacarose, maltose, lactose), oligossacarídeos (dextrino maltoses) e polissacarídeos (amido, CHO não absorvíveis), necessitam de digestão para absorção. Intolerância à lactose: - Deficiência primária: ● Deficiência geneticamente determinada (autossômica recessiva) de transportadores de monossacarídeos ou enzimas responsáveis pela hidrólise de dissacarídeos e polissacarídeos. - Deficiência secundária: ● As mesmas deficiências por lesão de mucosa (reduz a superfície absortiva e a enzima). Obs. O Brasil possui uma alta incidência de intolerância à lactose devido a sua colonização. Obs 2. Colher o teste de DNA não é específico e não é necessário. Manifestações clínicas: - Diarreia com efeito osmótico e fermentação (diarreia explosiva). - Dor abdominal. - Distensão abdominal. - Flatulência. - É um quadro de crianças maiores de 5 anos em sua forma primária. Diagnóstico: - Geral: ● Clínica. ● História familiar. ● Diário alimentar. - Diagnóstico laboratorial: ● Biópsia intestinal e dosagem das dissacarídases. ● Determinação de pH e substâncias redutoras nas fezes (Benedict) ● Testes de tolerância ao carboidrato: Curva glicêmica ➔ Dose do CHO, medida da glicemia em jejum,30, 60,120,150,180 min. Compara e se aumento menor de 20 mg/dl = intolerância - Teste respiratório: ● O teste de tolerância respiratória baseia-se na formação de H2 pela ação bacteriana sobre o CHO no cólon. ● Este gás é absorvido e eliminado pelos pulmões. Não existe nenhuma outra fonte de produção de H2 no organismo o que torna o teste bastante confiável. Tratamento: - Diminuir o teor de lactose da dieta:● Leite de Moll. ● Soja. ● Leite com baixo teor de lactose. - Reposição de lactase: ● Administrado antes de ingerir dieta rica em lactose.
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