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Direito Internacional Privado Aspectos Pessoais - Prof Gustavo Monaco

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Prévia do material em texto

DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [0] 
 
DIN0520-54 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: 
ASPECTOS PESSOAIS 
Prof. Gustavo Ferraz de Campos Monaco 
 
Compilação de Anotações de Aula 
Jorge, Thalis, Juliana e Carol 
2013.1 
 
PARCIALMENTE REVISADO 
USE POR SUA CONTA E RISCO 
 
 
Anotações de aula são sempre sujeitas a erros. 
O conteúdo deste arquivo pode não coincidir com as informações 
passadas pelo professor durante a aula. 
Consulte doutrina. 
Este arquivo foi dimensionado para leitura em smartphones, 
com tamanhos de fonte e de página inadequados para impressão em papel A4. 
Configure seu Adobe Reader para imprimir duas páginas por folha, 
com papel em posição paisagem (landscape). Caso sua impressora seja do tipo 
frente-e-verso, configure-a para imprimir com borda curta. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [1] 
Sumário 
 
04/03 – Apresentação do curso. ................................................................... 3 
11/03 – Lei aplicável à personalidade, à capacidade e ao nome. ................ 4 
18/03 – Lei aplicável às relações familiares: a possibilidade de múltiplas 
nacionalidades e/ou múltiplos domicílios.................................................... 9 
25/03 – Não houve aula ............................................................................. 12 
01/04 – Lei aplicável à forma da celebração do matrimônio. Lei aplicável 
às relações pessoais entre cônjuges e companheiros. ................................ 13 
08/04 – Divórcio e separação: problemas pessoais no direito internacional 
privado. ...................................................................................................... 16 
15/04 – Prova P1........................................................................................ 19 
22/04 – Lei aplicável às relações de parentesco e filiação. O problema da 
investigação da paternidade. Lei aplicável aos alimentos entre cônjuges e 
parentes. ..................................................................................................... 19 
29/04 – Seminários. ................................................................................... 24 
06/05 – Lei aplicável à guarda internacional de crianças .......................... 24 
13/05 – Adoção Internacional e Lei aplicável à tutela e curatela. ............. 27 
20/05 – Seminário. ..................................................................................... 33 
27/05 – Condição jurídica do estrangeiro. ................................................. 33 
03/06 – Lei aplicável à sucessão legítima. O problema da competência 
internacional em matéria de partilha de bens. Lei aplicável à sucessão 
testamentária. ............................................................................................. 37 
Prova P2 da manhã .................................................................................... 43 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [2] 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [3] 
04/03 – Apresentação do curso. 
Anotações: Thalis. 
Trataremos de capacidade, personalidade, direitos de família, nome e 
alguns aspectos dos direitos das sucessões. É uma disciplina pensada para 
ser de 5º ano. 
Prova marcada pela assistência acadêmica a partir de 10 de junho. 
Teremos seminários (10). Em cada um dos 10 seminários que se iniciam 
no dia 1º de abril. Seminários serão ministrados pelo viés prático. Sempre 
com referência à aula anterior. 
Terceira nota – exame escrito surpresa (nascimento da filha do professor). 
A prova será sobre texto já disponibilizado no CTC. 
Professor separou trechos, artigos de periódicos. Pessoal do diurno já tirou 
cópias. 
Bibliografia dessa disciplina tem muitos textos do professor. 
A prova marcada pela assistência terá 5 questões mais diretas, com espaço 
predefinido para resposta e poderá ser destacada uma das perguntas. 
E-mail do professor: gfcmonaco@usp.br 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [4] 
11/03 – Lei aplicável à personalidade, à capacidade e ao nome. 
Anotações: Jorge. 
Sobre a disciplina [...] 
Distinção sobre o início da personalidade jurídica tem inúmeras 
consequências no DIPri. Prof. cita legislações como a francesa, que tem 
critérios mais específicos para determinar o início da personalidade: 
nascimento com vida e viabilidade. Algumas legislações exigiam inclusive 
a forma humana. Legislação brasileira dá margem a várias interpretações: 
nidação, fecundação, nascimento com vida etc. 
Casal de franceses, residente na França, que perece no Brasil. Mulher 
grávida. Feto que nasce, permanece vivo por algumas horas. Direito da 
sucessão brasileira consideraria os pais como premortos e a criança como 
sua sucessora. Com a morte da criança, seus parentes passam à linha 
sucessória, podendo afastar o irmão do pai [faltou uma parte da 
história...], sendo seus sucessores os avós. Mas, se a legislação 
considerasse que a criança não adquiriu personalidade jurídica, teremos 
outras linhas sucessórias. 
LINDB, art. 7
o
 A lei do país em que domiciliada a pessoa determina 
as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família. 
Lei brasileira elege critério segundo o qual deve ser adotada a lei do 
domicílio da parte (art. 7º, LICC). A criança é domiciliada onde? 
França, sendo ela incapaz, assume o domicílio de seus responsáveis legais. 
No direito francês, exige-se que ela viva por um determinado número de 
horas para ser considerada uma vida viável. Se tiver vivido por tempo 
inferior, a criança não sucederá aos pais, sendo sucessor o irmão. 
Se a criança nasceu de cesariana, horas depois da morte cerebral de seus 
pais. E que seus avós residam no Brasil. Criança nasce, sobrevive algumas 
horas e falece. Os pais já estavam premortos antes de seu nascimento; não 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [5] 
poderiam como lhe passar a condição de domiciliada na França. No 
direito brasileiro, a inspiração de ar é suficiente para considerá-la nascida 
viva. Então qual seria o seu domicílio? O domicílio dos avós? 
O exemplo serve para dar uma ideia de como é possível complicar uma 
situação em análise. 
[...] No nosso ordenamento, admite-se que a personalidade da pessoa 
permanece mesmo após sua morte: sua memória é preservada, qualquer 
um de nós pode ofender sua memória, gerando aos herdeiros o direito à 
indenização por dano. É a concepção civilista que se estendeu ao sistema 
jurídico. A pessoa que falece não tem capacidade para adquirir, exercer 
direitos, mas sua personalidade permanece. 
CAPACIDADE DE DIREITO E CAPACIDADE DE FATO. 
Capacidade de direito começa com nascimento com vida e termina com o 
falecimento. Não adquirimos a capacidade de fato automaticamente com o 
nascimento; há o reconhecimento jurídico de que a criança não pode 
exercer certos direitos por si só; quando passa da condição de 
incapacidade absoluta à condição de relativamente incapaz. Hoje, aos 18 
anos, todo brasileiro ou estrangeiro domiciliado no Brasil adquire plena 
capacidade de fato (equipara-se a capacidade de direito à capacidade de 
fato). Poderá exercer todos os seus direitos. 
Pessoa adulta em coma, num hospital, terá sua incapacidade decretada, 
passando a ter um curador (fosse menor, teria um tutor). 
A situação de incapacidade de fato, que persiste durante um tempo e pode 
continuar na maioridade, pode também se manifestar no fim de sua vida. 
Situação de incapacitação para o exercício de seus direitos. Pode haver a 
necessidade de uma terceira pessoa para atuar como seu curador, na 
medida de sua incapacidade.DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [6] 
Em todas essas hipóteses, ainda estamos analisando-as somente por uma 
perspectiva, a do direito brasileiro. Se a pessoa a ser interditada for, por 
exemplo, portuguesa, podemos ter um juiz brasileiro competente, mas 
aplicando a legislação portuguesa [confirmar áudio]. 
Lembrar que o Brasil não adota mais o elemento de conexão 
nacionalidade. O elemento de conexão é o domicílio. 
LINDB, art. 7
o
 A lei do país em que domiciliada a pessoa determina 
as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família. 
A CF37 foi a única a não garantir direito adquirido, coisa julgada e ato 
jurídico perfeito. Getúlio retirou do nível da constituição. Criou a LICC, 
para corrigir o problema de direito intertemporal que decorria dessa 
“falha”. Ministros do STF que redigiram a LICC aproveitaram para alterar 
o paradigma do elemento de conexão nacionalidade. No Império, todos os 
estrangeiros que não se manifestassem contrariamente foram 
compulsoriamente naturalizados. Brasil os enxergava como nacionais 
brasileiros; os estados estrangeiros os viam como seus nacionais. Mesmo 
as levas que chegaram durante o império e no começo da República, 
foram naturalizadas por um novo decreto de Deodoro. 
Só na década de 30 e início da década de 40 vimos um movimento 
importante de imigrantes, muitos deles fugidos do nazismo (poloneses, 
eslavos), de regimes de exceção (italianos e alemães), sírios e libaneses 
(guerra com a Turquia), japoneses. Nas diversas relações jurídicas que 
essas pessoas iam realizando, quando o juiz fosse instado a se manifestar, 
este precisavam analisar primeiro se elas tinham capacidade de fato. Pelo 
critério da nacionalidade, tinham que buscar o direito japonês, sírio, 
alemão, polonês, libanês. 
Em 1942, com a LICC, aproveitou-se para alinhar o direito brasileiro ao 
de outros ordenamentos, adotando-se o elemento de conexão “domicílio”. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [7] 
A partir daí, quem ia determinar quem teria capacidade para celebrar atos 
jurídicos etc., passou a ser a lei brasileira. Toda uma gama de relações 
jurídicas passou a se submeter à lei brasileira. 
Do ponto de vista das relações familiares, os casais tinham que se 
comportar não mais de acordo com a cultura dos países de origem, mas de 
acordo com o direito brasileiro. Então, para tais famílias, era necessário 
passar a se preocupar com o comportamento das famílias brasileiras, na 
qual se espelhava a legislação brasileira. 
Nos estudos de sociologia, fica bastante nítido que talvez esta seja uma 
das causas da miscigenação e, principalmente, da integração, no Brasil, de 
povos que, em seus países de origem, são intolerantes. 
No passado, quase tudo relacionado ao direito de família era considerado 
matéria de ordem pública. Cita como exemplo a questão do divórcio. 
LEI APLICÁVEL AO NOME. 
Os países têm diversas tradições na forma de composição do nome. Cita 
exemplos da Espanha, que difere de Portugal. Para portugueses, “quanto 
maior o número de nomes, melhor” – ser fidalgo (filho de algo). Na 
Espanha, primeiro o nome da linhagem paterna, depois na linhagem 
materna. Por isso nossa dificuldade na citação dos autores espanhóis em 
nossas monografias. 
Franceses e alemães normalmente adotam apenas o nome de família da 
linhagem paterna. 
Portugal tem uma lista oficial de nome. Qualquer nome [prenome] que 
não conste na lista oficial não poderá ser registrado. Do segundo em 
diante não há maiores restrições, é o nome de desejo dos pais. Por 
exemplo, a família quer muito um homem e nasce uma menina, então 
chama a criança como Maria João. Mas por tradição, eles se apresentam 
pelo segundo nome, que é o nome de desejo da família. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [8] 
Artigo 7º da LICC determina que o nome seguirá a lei do local de 
domicílio. 
LINDB, art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina 
as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família. 
Segundo a lei de registro público, nome, nome de família materno e 
depois nome de família paterno, sendo que o nome de família materno não 
é obrigatório. Se houver coincidência, no caso de supressão do nome 
materno, a lei prevê a inclusão de um agnome (filho, júnior, neto, 
sobrinho). 
A rigor, nome é uma questão que se resolve pela lei de domicílio. 
Um casal francês, lá domiciliado, que tem um filho no Brasil durante uma 
viagem, a rigor, terá o nome de seu filho regido pela lei francesa. Se for o 
filho de um casal português, lá domiciliado, então o filho será regido pela 
lei portuguesa – e, portanto, não poder ter um nome que não figure na lista 
oficial prevista na lei portuguesa. 
Art. 7º, §7º da LICC é a única das disposições de DIPri da legislação 
brasileira que é INCONSTITUCIONAL. “... domicílio do CHEFE a 
família se estende aos demais...”. Esta parte é claramente inconstitucional. 
A norma não pode produzir uma desigualdade. 
LINDB, art. 7º, § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe 
da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, 
e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. 
Resultado: inúmeras situações em que não sabemos qual domicílio aplicar. 
É um problema que sempre existiu. 
Retomaremos na próxima aula. 
[Fim da aula] 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [9] 
18/03 – Lei aplicável às relações familiares: a possibilidade de 
múltiplas nacionalidades e/ou múltiplos domicílios. 
Anotações: Jorge. 
RELAÇÕES FAMILIARES 
A partir de hoje, começaremos a nos perguntar acerca de relações pessoais 
quando uma pessoa está numa relação jurídica, convivendo com outra de 
forma ou perpétua (até que um dele faleça) ou, pelo menos, com tendência 
duradoura: relações familiares. 
Num contrato, também temos duas pessoas; a relação é exaurível – 
eventualmente, se protrai no tempo (vende – a coisa fica com o outro). 
As relações que decorrem da vontade das partes tem um caráter relativo de 
permanência – há a intenção de constituir uma família, como no caso da 
legislação brasileira. Há situações fraudulentas, que são exceções, como 
quem se casa com um estrangeiro para conseguir visto permanente. 
Um casamento tem a pretensão de ser permanente, ainda que seja 
possível, é verdade, que se separem imediatamente. 
Mesmo uma família polidomiciliada precisa de uma lei que vá reger suas 
relações. 
No caput do artigo 7º da LINDB diz que também os direitos de família 
são regidos pela lei do domicílio das partes. O legislador entendeu que o 
principal vínculo é o domiciliar. 
LINDB, art. 7
o
 A lei do país em que domiciliada a pessoa determina 
as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família. 
Numa família domiciliada no Brasil cujo pai seja português, mãe 
espanhola e filho argentino, pela lei brasileira, a lei de regência será a 
brasileira. Se mudar de domicílio, muda a lei de regência. Doutrina chama 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [10] 
de conflito móvel, mudando o conflito no tempo e de localização 
geográfica. 
Há uma presunção de que todos os membros de uma família tenha o 
mesmo domicílio. Na época da lei, era a regra (década de 1940). O chefe 
da família decidia tudo; se ele se mudasse, a família haveria se mudado. 
Mesmo que de fato isso não acontecesse, era a situação de direito. Esta 
presunção está na parte inicial do § 7º. Inconstitucional desde a CF88. 
Marido e mulher desempenham conjuntamente o papel de condutor da 
família. 
LINDB, art. 7º, § 7
o
 Salvo o caso de abandono,o domicílio do chefe 
da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, 
e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. 
Dá até para salvar a primeira parte se entendermos como chefe de família 
tanto o pai quanto o filho. A segunda parte foi recepcionada. 
A presunção decorrente do dever de coabitação, segundo o qual todos 
tenham o mesmo domicílio não corresponde mais à realidade do mundo 
moderno. 
Casais que moram casas separadas. 
Domicílios diversos, mas em geral a mesma cidade, numa distância que 
permita um convívio mínimo. Mas essas cidades podem ficar na fronteira 
– uma cidade em cada país. E mais: passam a ter domicílios diferentes, 
que levam a uma dúvida – a família que teria um domicílio e uma lei de 
regência, passa a ter dois domicílio; qual a lei de regência? Antes de 88, 
regra do chefe de família. E hoje, qual a solução? 
Quase impossível aplicar as duas leis. DIPri serve exatamente para isso, 
para determinar a lei aplicável. Qualquer solução que se faça levando em 
consideração “marido” ou “mulher” seria uma solução sexista, infringindo 
a igualdade. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [11] 
É preciso que se tome a decisão com base em algum vínculo efetivo. 
Civilistas, no direito de família, têm desenvolvido bem a tese de que o 
casal conjugal pode terminar, mas o casal parental nunca termina. Por 
isso, a presença de filhos não seria um bom fator determinante. 
A legislação não diz. Jurisprudência é de pobreza franciscana. Não tem 
decisões suficientes para afirmarmos que há um direcionamento. 
Doutrina nacional tem poucos que escrevem a este respeito. Doutrina não 
serve para preencher a lacuna criada pelo legislador, esse papel seria, se 
não do próprio legislador, pelo menos da jurisprudência. 
Não houve evolução do DIPri brasileiro. LINDB é quase medieval. 
Europeus resolviam de forma relativamente tranquila até 1940 ou 1960, 
dependendo do país. Pelo casamento, a mulher perdia a nacionalidade 
originária e os filhos da prole seriam todos da nacionalidade do marido. 
Porém, com a igualdade entre marido e mulher e a revogação da norma 
que revogava a nacionalidade desta, criou-se uma situação de plúrima 
nacionalidade. 
Na França, aplicam as duas leis, tentando adaptá-las. Mas se os sistemas 
forem muito díspares, pode ser muito difícil. 
Mesmo entre 1942 e 1988, o problema de diferentes domicílios se 
apresentava entre nós. Idoso estrangeiro aposentado no Brasil que 
passasse necessidades e tivesse um filho abastado na Argentina; pede que 
o filho arque com as necessidades do genitor. O caput do artigo 7º com o 
§7º não davam solução, pois ambos são maiores plenamente capazes. Não 
há parâmetro fixado para esta situação. As pesquisas do professor 
demonstram que ninguém se apercebeu do problema ou não se manifestou 
porque também não encontrou solução. 
Civilistas também têm se esforçado em construir o conceito de família 
unipessoal. Pessoa que decidiu que jamais constituiria família. Esta não 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [12] 
tinha proteção do instituto de bem de família; o bem de família foi 
originalmente pensado para garantir a subsistência da família mesmo 
diante da incapacidade de saldar suas dívidas. Para este caso, pelo menos, 
a solução para definir a legislação de vigência é mais simples. 
Daqui em diante, sempre que não fizer ressalva, quando falar em família, 
aplica-se também à união estável e união de pessoas do mesmo sexo. 
[Fim da aula] 
 
 
25/03 – Não houve aula 
Feriado: Semana Santa. 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [13] 
01/04 – Lei aplicável à forma da celebração do matrimônio. Lei 
aplicável às relações pessoais entre cônjuges e companheiros. 
Anotações: Thalis 
Quando estivermos diante de situações familiares, podemos nos deparar 
com pessoas que têm domicílio, religião, etc., diferentes. Naqueles casos 
em que não temos como nos valer de uma lei, buscamos algumas 
possibilidades de resolução desse problema. A partir da aula de hoje, 
cuidaremos do direito de uma família. 
CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO 
Hoje, a aula cuidará das formalidades de celebração do matrimônio. 
Aquilo que for discutido hoje vale tanto para o casamento hétero quanto 
homo. Hoje, não há necessidade de autorização prévia aqui em SP (pelo 
menos). 
Quando duas pessoas decidem se casar, a legislação brasileira, que é 
minuciosa, exige que as pessoas dirijam-se a cartórios munidos de vários 
documentos. Além disso, a lei exige participação de duas pessoas, 
parentes ou não, para testemunhar. Esses documentos e formulários 
preenchidos dão início a um processo administrativo (pode se tornar de 
jurisdição, se o cartorário levar aos juízes de cartórios). 
Saber se alguém pode fazer algo ou não é verificar se a pessoa tem uma 
capacidade (matrimonial). Capacidade não é uma condição recíproca. É 
bem verdade que há um impedimento matrimonial que decorre de situação 
de parentesco entre os que pretendem contrair matrimônio. Os colaterais 
podem se casar a partir do 4º grau. Parentes de 3ºgrau podem se casar, 
desde que apresentem atestados médicos de baixa probabilidade de 
produzirem descendentes com deficiências. Esta circunstância, que é 
recíproca, não impede a análise prévia de situações individualizadas. Para 
a capacidade, por exemplo, aplica-se a lei do domicílio das pessoas. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [14] 
Ex.: se homem muçulmano, domiciliado em país muçulmano, resolve se 
casar com mulher muçulmana domiciliada no Brasil. A Sharia diz que 
cada homem pode tomar para si até 3 esposas, podendo chegar a 6, 7, 
desde que demonstre condições de mantê-las. Imaginando que o homem 
fosse já casado, tentaria valer-se da lei de seu domicílio para casar. No 
caso, o Brasil poderia alegar afronta norma de ordem pública para não 
habilitá-lo para o casamento. Dessa forma, não interessaria a condição da 
mulher que deseja se casar, já que a habilitação para o casamento é 
recíproca [confirmar]. 
[Perdi uma parte.] 
Em matéria de adoção, há uma exigência da lei brasileira de diferença de 
idade entre adotante e adotado. A legislação brasileira exige diferença de 
pelo menos 16 anos entre adotante e adotado. Maria Helena Diniz entende 
que o requisito está preenchido se um dos adotantes o satisfizer. Se uma 
lei estabelece um grau de parentesco, e outra lei, outro, adota-se o mais 
rigoroso. 
Habilitados os noivos, a lei brasileira exige a publicação de proclamas. O 
cartório comunica à sociedade que os noivos têm a intenção de contrair 
matrimônio e constituir família. Nas cidades do interior onde não há jornal 
de circulação diária, os proclamas costumam ser afixados na porta do 
cartório. Publicidade deve ser garantida ao matrimônio celebrado no 
Brasil. Não só o nome, mas o local, a data e o horário também devem ser 
publicados. 
A lei brasileira regula até que a porta esteja aberta. Até isso está 
estabelecido no CC. Igualmente, a fórmula que deve ser dita pelo juiz de 
paz está estabelecida no CC. 
O parágrafo 1º do art. 7º da LINDB prevê que as formalidades para a 
celebração do casamento serão reguladas pelo direito brasileiro. É a única 
norma unilateral de DIPRI no Brasil [confirmar]. No entanto, a lei é 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [15] 
facilmente bilateralizada – lex loci celebracionis. Professor alerta que um 
eventual pedido de anulação (ou anulabilidade) do casamento por 
descumprimento das formalidades deverá ser apreciado segundo as leis do 
local de celebração. 
LINDB, art. 7º, § 1
o
 Realizando-se o casamento no Brasil, será 
aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentosdirimentes e às 
formalidades da celebração. 
Um casamento celebrado em qualquer lugar do mundo é reconhecível ab 
initio. É o único ato jurídico que não precisa de homologação. O divórcio 
precisa. Um eventual segundo casamento, onde não se admite a bigamia, 
só pode se dar com a morte do cônjuge ou nulidade (ou divórcio), 
devendo ser prévia a homologação. 
Qualquer casamento celebrado no exterior é reconhecido. Se eles 
decidirem fixar domicílio conjugal no Brasil, a lei brasileira faculta a 
possibilidade de se levar a certidão de casamento a registro público. Não 
se trata de homologação de casamento. Há prazo de 180 dias, mas não tem 
nenhum efeito para o casal. Somente com relação a terceiros. A lei faculta 
para facilitar a situação do casal que se casou no exterior (tradução da 
certidão por tradutor juramentado). A partir do momento do registro passa 
a haver efeitos perante terceiros. 
[Fim da aula] 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [16] 
08/04 – Divórcio e separação: problemas pessoais no direito 
internacional privado. 
Anotações: Jorge. 
Começo da aula: seminário. 
O que falarmos a partir de hoje vale também para a união estável. O 
assunto da semana anterior não era aplicável, porque se falava de 
formalidades do casamento. Formalidades exigidas do casamento não são 
aplicáveis à união estável. 
Dos direitos e deveres recíprocos entre marido e mulher. 
Um deles não é direito recíproco, mas é um dever de ambos em relação 
aos filhos: sustento da prole. 
Os outros direitos e deveres recíprocos têm caráter pessoal. Constituem 
um fenômeno denominado conflito móvel. Na medida em que os membros 
do casal modificam o município, muda a lei de regência desses deveres e 
direitos recíprocos. 
Retoma assunto abordado na segunda aula. Na década de 40, legislador 
mudou elemento de conexão sobre deveres e direitos recíprocos: deixou a 
lei da nacionalidade e passou a ser a lei do domicílio atual, porque a 
realidade à época era de que havia muitos grupos de estrangeiros fechados 
em si. A sociedade começou a se “sentir incomodada” com aqueles grupos 
que seguiam as leis de cada nacionalidade. 
Hoje, não aceitaríamos a lei do primeiro domicílio conjugal de uma 
família, como na França. Atualmente, o entendimento da lei é a de que a 
família que estabelecer domicílio no Brasil deve se comportar de acordo 
com as leis brasileiras. Deve-se verificar o momento do fato; naquele 
momento é que se determina a lei de regência, através do domicílio. 
Assim será decidida uma causa proposta perante o judiciário brasileiro. Se 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [17] 
a vontade das partes for obter diferente entendimento, estas deverão 
propor a ação em outro país. 
Regime de bens. 
Quanto ao regime de bens, recomenda-se que seja estabelecido da forma 
mais estável possível. O elemento de conexão escolhido no §4º do artigo 
7º da LINDB é o domicílio comum dos nubentes. 
LINDB, art. 7º, § 4
o
 O regime de bens, legal ou convencional, 
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este 
for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
São aqueles que ainda não são casados, são os noivos. Os nubentes 
procuram um cartório. O cartorário pergunta se as pessoas querem fazer 
um pacto nupcial. Se responderem “não”, aceitam o regime de bens 
determinado pela lei (e qual é?). Se responderem “sim”, podem escolher 
qualquer dos regimes de bens, desde que observadas as limitações legais 
(regimes obrigatórios). Podem também criar um regime novo, as partes 
têm plena liberdade. 
[...] 
Os noivos podem inclusive decidir se submeter a um regime de bens de 
outro ordenamento, basta traduzir aquele regime para o português (tem 
que ser por tradutor juramentado?) e incluí-los no pacto antenupcial, desde 
que não ofenda valores do sistema brasileiro. 
Pacto de Haia previa que poderiam escolher a lei da nacionalidade, do 
domicílio, do local de celebração ou do primeiro domicílio do casal. 
Convenção da União Europeia é mais restritivo. 
Dois brasileiros que decidem se casar quando estão na Itália e vêm ao 
Brasil para se casar; o regime jurídico de bens aplicável é o da lei italiana. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [18] 
E se os noivos têm domicílio diverso? Noivo brasileiro e noiva italiana. 
Elemento de conexão escolhido pelo Brasil é o primeiro domicílio do 
casal. 
Mas e se não estabelecerem um primeiro domicílio conjugal? Domicílio é 
corpus mais animus, de acordo com a lei brasileira. Podem estar 
corporeamente num país, com ânimo de voltar ao Brasil. Neste caso, qual 
é a solução? Jurisprudência tratava bens adquiridos na constância da união 
estável como sendo uma sociedade de fato. Condomínio com bens ainda 
não especificados. 
Legislador não faz o trabalho de definir qual é a legislação aplicável; neste 
caso, deve a jurisprudência definir – mas a nossa jurisprudência é pobre. 
[...] regra do §5º do artigo 7º da LINDB continua vigente, mas não é muito 
aplicada, por causa do NCC. 
LINDB, art. 7º, § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar 
brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, 
requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se 
apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, 
respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente 
registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977) 
 
[Fim da aula] 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [19] 
15/04 – Prova P1 
 
 
22/04 – Lei aplicável às relações de parentesco e filiação. O 
problema da investigação da paternidade. Lei aplicável aos 
alimentos entre cônjuges e parentes. 
SEMINÁRIO: 
Divórcio e separação, com hand out. 
Comentários do professor. 
Chama a atenção para não pegar acórdãos em que se discutem questões 
puramente processuais ou homologando sentença estrangeira, porque 
nestes casos, o STF ou STJ não precisam debater o caso à luz do DIPri 
brasileiro. Não são obrigados a estudar os elementos de conexão. 
No divórcio, duas são as leis aplicáveis. Questões pessoais (lei do 
domicílio) x questões patrimoniais (lei do primeiro domicílio conjugal ou 
do domicílio comum dos nubentes). 
No caso 5 trazido pelo grupo, pondera que, embora seja mais um caso de 
homologação, discorda da decisão do STF, porque não haveria razão para 
não homologar a decisão estrangeira e também deve ser definida a guarda 
da criança. (...) 
Vamos discutir guarda na semana que vem. 
No dia 29, teremos três seminários. Dois grupos para relações de 
parentesco e filiação. E um grupo sobre alimentos. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [20] 
RELAÇÕES DE PARENTESCO 
Paternidade é presumida, na grande maioria das vezes e na tradição 
jurídica, em favor do marido daquela que dá à luz a uma criança. Pai é 
quem demonstra as justas núpcias. Pai é o marido da mãe. 
No passado, cabia ação contra esta presunção (negatória de paternidade), 
com prazo exíguo (10 dias). 
CC02 muda esta situação, em razão dos avanços científicos. Negatória de 
paternidade não tem mais prazo (art. 1601 do CC), mesmo que o pai, 
sabendo não ser pai da criança e tendo exercido durante todo o longo da 
vida, a função de pai. 
CC02, art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a 
paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação 
imprescritível. 
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante 
têm direito de prosseguir na ação. 
CC02, art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a 
paternidade. 
Mãe é aquela que dá à luz? Tradição jurídica sempre pregou que é aquela 
da qual a criança deixou as entranhas: matersemper certa est. No mundo 
moderno, como possibilidade de barriga de aluguel, sabemos hoje que 
uma criança gerada num ventre diferente do ventre da mãe passa a ter 
material genético de três pessoas. O RNA mitocondrial passa pela 
placenta, são herdados da mãe hospedeira via cordão umbilical. Portanto 
um exame de RNA (não de DNA) pode comprovar uma vinculação 
biológica entre a criança e a barriga de aluguel. 
Hoje é possível ter cinco pessoas presentes numa relação: pai estéril, mãe 
estéril, doador de sêmen, doadora de óvulo e mais a barriga de aluguel. Já 
há até a possibilidade de envolver mais uma pessoa, que poderia doar um 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [21] 
trecho de DNA para substituir parte de DNA que contenha doença 
genética. 
Muito comum, principalmente entre famílias indianas radicadas no 
exterior, a busca de barriga de aluguel na Índia, de pessoa da mesma casta. 
Pelo Direito indiano, pais são aqueles que cederam o material biológico. 
No DIPri, por vezes, teremos situações que envolvem pessoas de 
nacionalidades ou domicílios diversos que tiveram filho gerado de forma 
“incidental”. 
Um pai pode querer desconstituir a paternidade anterior, caso descubra ser 
pai de uma criança registrada e criada por outro. Ação de investigação de 
paternidade. Não é tão simples assim. Cita recente decisão da justiça em 
Tatuí. Criança órfão de mãe. Criado pelo pai e avós maternos. Já 
adolescente, o órfão pediu à madrasta que o adotasse, mas não queria 
perder o vínculo com os avós. Professor sempre defendeu que os avós se 
manifestassem no caso. Avós não se opunham, mas gostariam de continuar 
com vínculo. Juíza concedeu a adoção à madrasta, mas não desconstituiu 
o vínculo materno. Determinou que fosse registrado com um pai e duas 
mães. Agora tem 4 avós maternos e 2 avós paternos. 
As histórias tendem a se tornar cada vez mais complicados. O DIPri vai 
ser chamado e os Estados deverão ser chamados a eleger os elementos de 
conexão. Prof. entende que os elementos de conexão devem ser os que 
mais favoreçam o vínculo. Se um Estado não admitir a paternidade em 
situação extramatrimonial e o outro Estado admitir, esta deveria a ser a 
regra aplicável. Não há regra a respeito. 
O legislador não tem coragem política para editar uma lei de DIPri mais 
adequada à realidade atual; e os juízes acabam dando muito poder à 
doutrina por incompetência própria – professor diz que não cabe à 
doutrina decidir essas questões. A doutrina pode se manifestar quando 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [22] 
chamada, mas não pode ser a única fonte para fundamentar decisões. 
Quem deve tomar as decisões políticas é o legislador. 
Estamos resolvendo questões atinentes à vida de uma pessoa. Se não for 
aplicar a lei mais favorável ao vínculo, que ao menos seja a lei do 
domicílio da criança, que acaba sendo a lei do domicílio do adulto que 
tem a guarda da criança. 
Paternidade socioafetiva. Professor gosta, mas diz que não pode ser 
levado às últimas consequências. Se o pai biológico não quiser também 
ser pai socioafetivo (sabe que tem um filho e optou por não se pai) – neste 
caso, professor entende prevalecer a paternidade socioafetiva. 
Sobre investigação de paternidade e de relação de parentesco, há mais 
dúvidas do que certezas. 
ALIMENTOS NO DIPRI 
Temos uma série de tratados internacionais que procuraram regulamentar 
a questão dos alimentos. 
Seja pelo viés da competência, seja pela lei aplicada, pelo reconhecimento 
da lei estrangeira que fixa uma pensão, seja pelo viés da execução 
(principalmente) da obrigação alimentícia. 
Variação ao longo do tempo. Prof. sempre entendeu (faz agora um mea 
culpa) que o legislador tivesse escolhido a lei mais favorável ao 
alimentado. O juiz compararia a lei do domicílio do alimentando ou do 
alimentado e utilizasse a lei que fosse a mais favorável a quem precisa do 
alimento. Curva-se à posição que manda aplicar a lei do domicílio do 
alimentante, utilizada pelos tratados mais recentes. 
Não entendia a opção do legislador internacional e criticava. Hoje, 
entende a razão: é maior garantia de que a decisão estrangeira seja 
executada, quando esta decisão é baseada na própria lei do local de 
execução. É maior a probabilidade de que a decisão seja aceita pelo 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [23] 
ordenamento e seja homologada, sem poder se invocar ofensa à ordem 
pública local, por exemplo. 
Muitas sociedades entendem que a igualdade entre homem e mulher 
implica que o necessitado possa precisar de alimentos por alguns meses 
para se reorganizar e, depois, ele que se vire e procure se reenquadrar no 
mercado de trabalho. Por exemplo, decisão brasileira aplicando lei do país 
estrangeiro não poderia ofender a ordem pública daquele país. Questão 
pragmática que leva o legislador internacional a escolher a lei do 
domicílio do devedor. 
Outro problema: normalmente, as taxas para remeter os valores ao exterior 
são muito maiores que as taxas para receber valores do exterior. Pagar 
pensão alimentícia transfronteiriça é muito complicado. O que se faz, 
normalmente, é a remessa concentrada de valores. Paga-se adiantado um 
valor que compense a remessa, para evitar que os valores acumulados 
sirvam apenas para poupança do devedor. 
A convenção atualmente em vigor no Brasil: ONU (NY), 1962 c.c. com 
outra de 1975 [perdi]. Estão em processo de substituição da Convenção da 
Haia de 2007 e seu protocolo adicional, atualmente em tramitação no 
Congresso. 
[Fim da aula] 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [24] 
29/04 – Seminários. 
Só seminários. Sem anotações. 
 
06/05 – Lei aplicável à guarda internacional de crianças 
Anotações: Juliana e Carol. Revisão parcial: Jorge. 
Guarda internacional de crianças 
A questão começa no momento do divórcio/separação ou da dissolução da 
união estável; é preciso decidir quem irá incumbir da educação da criança. 
O direito não retira facilmente dos pais o poder familiar. O poder familiar 
sempre persistiu em favor de ambos. 
Antigamente, teria os filhos a mãe durante a amamentação. A partir da 
década de 30, o critério para a guarda era o “cônjuge inocente” da 
separação. 
Na hipótese de culpa concorrente ou quando a separação deixou de ser 
pautada na culpa, a preferência pela mãe, antes subsidiário, passa a ser 
utilizado. 
CC02 modifica o critério para aquele que tem melhores condições para o 
exercício da guarda1. Como se prova isso? Do ponto de vista prático, 
imputando defeitos ao outro – o critério mudou, mas nem tanto. 
Não é dinheiro, pois isso se resolveria pela fixação da pensão. 
Portugal: figuras primárias de referência – ver quem a criança busca em 
certas situações. Pode ser outra pessoa que não os pais ou a guarda 
compartilhada, se o a criança recorrer aos dois. 
 
1
 Estava previsto no artigo 1.584 do CC02 e passou a figurar no §2º do artigo 1.583 por 
modificações introduzidas pela Lei nº 11.698/2008. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [25] 
A guarda compartilhada, em que pese ser possível, é difícil de ser 
operacionalizada, pois a transposição de fronteiras implica longas 
distâncias. 
A guarda compartilhada não alterna a residência, mas sim, define um 
guardião físico: quem terá a criança, cotidianamente, em sua companhia. 
O outro é guardião jurídico: toma as decisões junto com o guardião físico. 
No fundo, a guarda compartilhada é o reconhecimento de guarda 
unilateral, pois a tomada de decisões decorre do atributo do poder familiar. 
Há diferença entre o guardião jurídico e o detentor do poder familiar? 
No entanto,no âmbito das relações transfronteiriças, decidir a guarda de 
uma criança traz em si uma série de consequências relativamente sérias. 
Se a guarda é dada à mãe estrangeira, ela poder querer voltar ao seu país. 
Ainda que o pai não autorize, havendo justificativa plausível, o judiciário 
pode autorizar. O deslocamento da criança implica necessidade de revisão 
não da guarda, mas do direito de visitação. Não é concebível que o 
guardião leve a criança ao exterior e encaminhe a criança semana ou 
quinzenalmente ao domicílio do outro genitor. 
Aplica-se a lei do foro em benefício da competência do juízo do local da 
residência habitual da criança. 
Ilícito civil: sequestro internacional de crianças ou subtração internacional 
de crianças. Subtrair a criança do local da residência habitual. 
Convenção sobre Sequestro de 1980. Autoridade central. Hoje: Secretaria 
Nacional de Direitos Humanos encaminha a um juiz federal. 
Se o guardião devolver a criança, o juiz não poderá levar em consideração 
a subtração na fixação da guarda. 
Guarda provisória: situações de necessidade. Pode ser e competência do 
juiz do foro. A definitiva, contudo, é da residência habitual. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [26] 
Pai socioafetivo não existe se alguém quer ocupar este papel. Denunciação 
do tratado: ato discricionário do Presidente da República. Brasil 
descumpriu no caso Goldman. 
A Convenção é importante! Brasil e Honduras sempre descumprem esta 
Convenção. 
A decisão brasileira produz efeitos exclusivamente no Brasil. 
Direito de visitas exercido de modo concentrado. 
Sequestro na modalidade “retenção”: retém a criança quando a criança 
deveria visitar o outro genitor. 
Convenção de 1996: Brasil ainda não ratificou. Professor faz campanha no 
sentido de levar a Convenção para a ratificação pelo Congresso Nacional. 
[Fim da aula] 
 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [27] 
13/05 – Adoção Internacional e Lei aplicável à tutela e curatela. 
Anotações: Juliana. 
ADOÇÃO INTERNACIONAL 
Premissa: fato de que pais querem crianças de até um ano de idade, de 
preferência do sexo masculino, e da etnia dos pais. 
Hoje a tendência é aceitar crianças com até cinco anos de idade. A média 
de preferência brasileira será de cinco anos. 
Mais de cinco anos: pais permanecem na fila. Isso porque faz parte do 
imaginário popular a possibilidade de “montar” a criança. 
Percepção de que se os pais preferissem crianças mais novas ficariam 
sem. Adoção internacional é subsidiária: só tem espaço quando não for 
mais possível manter a criança em território nacional. Assim, enquanto 
houver famílias locais interessadas não haverá a remessa de crianças ao 
exterior. 
O adotante estrangeiro flexibiliza os desejos para receber crianças em 
idade mais elevada. 
Como iniciar um processo de adoção internacional? A pessoa procura um 
despachante. 
Despachantes que intermedeiam processos de adoção internacional. 
Anos 70: ONGs que realizavam a ponte entre a família que queria a 
criança e a criança sem perspectiva de inserção em famílias locais. 
Ainda hoje, existem algumas dessas ONGs. 
Cooperação judiciária internacional. Autoridades centrais. 
Havia ONGs menos sérias, que faziam da adoção internacional um 
comércio. Pagavam a mãe para entregar o filho. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [28] 
Antigamente realizava-se apenas em cartório, sem interferência do 
Judiciário. 
Problemas: criança levada ao exterior não para ocupar a posição de filho, 
mas para realizar serviços domésticos. Também havia o problema da 
prostituição infantil, pedofilia, tráfico de órgãos humanos. 
Tudo isso fez com que à época da Constituinte fosse apresentada uma 
proposta que criasse um sistema mais rigoroso às adoções internacionais. 
Preocupação: evitar que crianças saíssem do Brasil na companhia de 
pessoas que pretendiam finalidades ilícitas. 
Arts. 51 a 54 do ECA. 
Organizações intermediárias se mantiveram. 
As regras da CF e do ECA falam em adoção por estrangeiro. 
Reinterpretações: 
 sistemática: o elemento de conexão é o domicílio. Tecnicamente é 
uma interpretação é absurda, pois a CF estaria sendo interpretada 
por lei ordinária. 
 teleológica: a razão é evitar que a criança deixe o país. Modelo 
readequado, com exceção da CF. 
Antigamente, o casal se habilitava e entrava na fila. Assim, adotavam-se 
crianças mais velhas. 
Tratados sobre adoção internacional. 
Junho de 1999: ratificação pelo Governo Brasileiro. Decreto n. 3406/99. 
A partir dessa data, passamos a ter um sistema dúplice de adooção 
internacional. 
Famílias não domiciliadas em estado da Convenção: ECA. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [29] 
Famílias domiciliadas em estados que fazem parte da convenção: 
Convenção de Haia de 1993 sobre cooperação judiciária e proteção da 
criança em matéria de adoção internacional – procedimento novo. 
Habilitação no local da residência habitual. Avaliação psicossocial da 
família, da residência, das condições e dos desejos – lavra-se um relatório, 
que é transferido ao formulário-padrão estabelecido pela própria 
Convenção. 
Transmitido para um órgão (autoridade central). A todos os Estados partes. 
Brasil: Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. 
Cada estado da federação indica uma autoridade estadual. São Paulo: 
CEJAI. Formada por três desembargadores, um juiz da vara da infância e 
juventude e um promotor de justiça. Analisam os dados e acompanham o 
procedimento. 
É colegiado administrativo sem função jurisdicional. 
Cadastros com critérios de preferência para a busca de informações. 
Secretaria estabelece parâmetros. 
Estágio de convivência: trinta dias. 
Ver como a pessoa vivenciou o estágio de convivência. O estágio de 
convivência é supervisionado. 
Em geral, na primeira semana o estágio de convivência ocorre no abrigo. 
Depois, na segunda semana, a criança já pode sair, mas volta para dormir. 
Na terceira semana, a criança pode sair, mas os assistentes sociais e 
psicólogos seguem. Na última semana, adotantes acham que não estão 
sendo seguidos. 
No final, os assistentes sociais e os psicólogos elaborarão um relatório. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [30] 
Quando transitar em julgado a decisão a família é avisada e as crianças 
viajam ou os adotantes buscam a criança. 
Dualidade de sistemas: 99-09 (ECA e Convenção). 
No ECA, quando os pretensos adotantes eram residentes habitualmente 
em estados que não faziam parte da Convenção, houve um movimento 
jurisprudência: habilitavam-se, mas no mérito negavam a adoção com 
base no princípio do melhor interesse da criança. Preferiam casais que 
residissem habitualmente em Estado-parte da convenção. Há necessidade 
de homologar a decisão. 
Woody Allen não homologou a decisão de adoção da vietnamita. 
Quase ninguém homologava (caro e trabalhoso; já era “filho do coração”). 
Problemas na adolescência: adotantes expulsavam os adotados. Houve 
deportação para o Brasil. E não se podia conceder status de refugiado 
porque a criança era brasileira. 
Verificação do processo de adoção. 
Diante disso, os juízes negavam a adoção tendo em vista o melhor 
interesse da criança. 
Houve pressão nos governos para que aderissem à Convenção. 
Recomendação da União Europeia para que os Estados ratificassem a 
Convenção. Quase todos ratificaram em datas próximas. 
Jurisprudência brasileira produzindo efeitos para fora do país. 
Efeitos típicos de cooperação judiciária internacional: não precisa 
homologar a sentença. A sentença é reconhecida ex officio em todos os 
Estados-partes; o Estado de acolhida da criança obrigatoriamente deverá 
concedera nacionalidade local mas não perde a originária pelo menos até 
os dezoito anos de idade. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [31] 
Assim, o Estado brasileiro ainda terá o interesse em proteger a criança 
internacionalmente. Assim, o Estado de acolhida deve acompanhar a 
criança com relatórios periódicos. 
O sistema parece funcionar bem. 
Problemas relativos ao nome. 
Com o Código Civil de 2002: art. 1629. Adoção por estrangeiro observará 
o disposto em lei. 
CC02, art. 1.629 (REVOGADO). A adoção por estrangeiro 
obedecerá aos casos e condições que forem estabelecidos em lei. 
(Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) 
Mas: projeto 6960. Tentaram introduzir as regras do ECA. Arts. 51 a 54: 
parágrafos do art. 1629. 
Art. 1629: aberração. A aprovação do projeto teria, segundo o STF, o 
condão de revogar o decreto de 99. 
Com a nova lei de adoção, o projeto de lei fez o inverso do PL 6960. 
Procedimento previsto: de cooperação judiciária internacional. 
Mas como habilitar o casal nos EUA (que não é parte na Convenção) se 
não há canal de cooperação judiciária? Inviabilizou pedidos de adoção 
internacional fora do âmbito da Convenção. Ninguém mais consegue 
adotar crianças brasileiras. 
Tutela e curatela 
Tutela e curatela: dizem respeito à incapacidade. Daí porque se aplica a lei 
do domicílio do incapaz. 
Tutela e curatela segundo a lei local do domicílio do incapaz. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [32] 
Convenção: Brasil não é parte. Proteção internacional de adultos de 2000. 
Tem papel importante e não demorará muito para ratificarmos, pois a 
população está envelhecendo. 
[Fim da aula] 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [33] 
20/05 – Seminário. 
Sem anotações. 
 
 
27/05 – Condição jurídica do estrangeiro. 
Anotações: Juliana. 
CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO 
Escola alemã: conflito de leis. 
Escola anglo-saxônica: conflito de jurisdições. 
Escola francesa: condição jurídica do estrangeiro. 
Ministro do STF: natos. Congresso: pode ser naturalizado se não for o 
presidente. 
Havia uma EC para permitir brasileiro naturalizado. 
Além dessas hipóteses de diferenciação, há uma série de outras hipóteses 
em que o constituinte fez distinção entre brasileiro e estrangeiro, impedido 
este de exercer alguns direitos e limitando o exercício de alguns direitos 
que poderiam ser exercidos temporariamente ou com certos limites. 
Veda controle acionário de empresa de telecomunicações por estrangeiro. 
Solução: demais herdeiros ficam com ações e herdeiro estrangeiro fica 
com outros bens. Se o estrangeiro for o único herdeiro: venda das ações 
até que fique aquém do mínimo para ter controle acionário. 
Hipóteses de diferenciação são constitucionalmente estabelecidas. Não 
pode o legislador ordinário diferenciar ou deixar de diferenciar o que está 
na CF. Assim, materialmente falando, as limitações são constitucionais. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [34] 
Papel do Estatuto do Estrangeiro: estabelece uma série de regras. Mas não 
há qualquer norma material a respeito da possibilidade ou não de exercício 
de direitos. É matéria procedimental. 
Doutrina divide a temática em três capítulos: entrada, permanência e saída 
do estrangeiro. 
- entrada: a regra é exigir autorização do Poder Público. Autorização da 
autoridade consular. Solicitação de visto, de autorização de entrada. Esta 
autorização é dispensada mediante reciprocidade (só exigiremos vistos de 
estrangeiros quando o Estado estrangeiro exigir de brasileiros o mesmo 
tipo de visto e para as mesmas circunstâncias). 
Três hipóteses de visto: visto turístico (lazer sem conotação econômica, 
educacional ou outra que demande período de permanência mínima); 
temporário (há a intenção de permanência para o desempenho de uma 
atividade que pode ter diversas finalidades e essa atividade que se 
pretende desempenhar é temporária. Exemplos: palestras, aulas, etc. – não 
tem caráter permanente ou de indefinição quanto ao termo final. A pessoa 
vem sabendo o dia que chega e que vai embora) e definitivo ou 
permanente (sem fixação do termo final da atividade; não se sabe o termo 
final da permanência. Em geral são concedidos por um ano e dependem de 
renovação – controle da permanência do estrangeiro). 
Há hipóteses em que o visto definitivo é concedido sem prazo de validade: 
hipóteses que preveem situações em que há presunção de interesse da 
pessoa por permanecer indefinidamente em território nacional (casamento 
no Brasil; filho brasileiro). Apresenta um vínculo de tal envergadura que o 
legislador previu presumivelmente interesse de permanecer para sempre. 
Visto de permanência definitiva. 
Estatuto: qualquer estrangeiro admitido para permanecer por mais de seis 
meses, é obrigado a comparecer perante a Polícia Federal e requisitar RNE 
(registro nacional de estrangeiro). Documento de identidade. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [35] 
Estrangeiro chega com passaporte (meio de prova da identidade). 
Passaporte tem validade. 
RNE: decorre de uma segurança do Estado, por um lado, e, também, 
segurança à própria pessoa. Quem perde passaporte tem dificuldade em 
obter segunda via. Burocracia gigantesca. Assim, o Brasil oferece, por 
cortesia, a possibilidade de obter RNE para fazer prova da identidade. 
Bilhete de identidade (Portugal): renovável a cada cinco anos. 
RNE: tem prazo de validade. Problema: demora para ser entregue. 
Naturalização: tacitamente, é renúncia à nacionalidade originária. 
Exceção: condição para exercer alguns direitos. 
Dupla nacionalidade: nacionalidades originárias. Transmissão sanguínea 
da nacionalidade. O que demora é a prova. 
Passaporte: documento reconhecido mundialmente. RNE: cortesia. 
Governo: autorizado a implementar programas de liberação dirigida 
(dirigida a uma categoria profissional). Exemplo: facilitação de vistos para 
médicos. 
O que é comum é limitar a área geográfica de acolhida do imigrante. 
A entrada depende, muitas vezes, de reciprocidade. 
Visto não é direito adquirido. Gera mera expectativa de direito de entrar 
no território. 
- permanência: na CF. 
- saída: três formas de saída compulsória: deportação; expulsão e 
extradição. 
Deportação: ato meramente administrativo. Cabe em muitas hipóteses. 
Caso mais comum: sem visto ou visto vencido. Pode voltar ao país. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [36] 
Expulsão (objeto de direito penal internacional): estrangeiro comete um 
delito em território nacional e o Estado local, não querendo a sua 
permanência entre nós, expulsa com a devolução da pessoa ao Estado de 
onde veio. Mas nem sempre volta para lá (exemplo: devolução a países 
onde pode ocorrer coisas sérias com a personagem – guerra civil, por 
exemplo). Ato do Executivo. Deveria ser da Presidência, mas foi delegado 
a vários agentes. Depende de processo administrativo que leve à 
conclusão de que a pessoa não deve permanecer. Não pode voltar ao país 
por um tempo. 
Extradição (objeto de direito penal internacional): só ocorre mediante 
requerimento, depende de tratado bilateral entre o Brasil e o Estado 
requerente, é preciso que o requerente se comprometa a não condenar ou 
não aplicar a pena inaceitável no Brasil (exemplo: pena perpétua). 
Princípio de que, se não vai extraditar, julga. O requerido pode não 
extraditar quem quer que seja que tenha cometido ato ilícito, não tenha 
sido expulso, mas, a hora de cumprir a pena, o requerente quer que puna 
lá. 
Costume regional que vigora nas Américas, que é o do asilo diplomático. 
Reminiscência dos asilos medievais.A extradição é a possibilidade de evolução para o local da nacionalidade 
ou do delito para que lá cumpra a pena ou responda a julgamento. 
Princípio: faz cumprir a pena ou leva a julgamento. 
[Fim da aula] 
 
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03/06 – Lei aplicável à sucessão legítima. O problema da 
competência internacional em matéria de partilha de bens. Lei 
aplicável à sucessão testamentária. 
Anotações: Jorge. 
SUCESSÕES COM ELEMENTOS ESTRANGEIROS 
Abordaremos também a parte patrimonial, embora não seja desta 
disciplina. 
Vamos, por enquanto, abstrair dos elementos estrangeiros. Numa situação 
eminentemente interna, com de cujus, herdeiros, testamento, legatários, 
bens, todos brasileiros e em território nacional. 
Primeira preocupação: a pessoa deixou testamento? Se deixou, saberemos 
que pelo menos parte da sucessão será regida por seu último desejo. Não 
havendo testamento, a sucessão será a legítima, sucessão definida por lei. 
No Brasil, testamento é raro. Civilistas apontam duas causas principais. 
Uma, cultural: brasileiro odeia falar de morte. A outra, de ordem jurídica, 
é que as regras da sucessão legítima são muito boas, satisfazendo o 
brasileiro médio. Dificilmente alguém dispõe de forma diversa do que a 
lei dispõe. 
Outra pergunta: existem ou não herdeiros necessários? Cônjuge, 
descendentes e ascendentes. Se houve quaisquer dessas classes de 
herdeiros, deveremos interpretar a cédula testamentária à luz da legítima, 
o legislador não permite que o testador disponha de mais da metade de seu 
patrimônio nesta situação. 
O testamento se protrai no tempo. Faço testamento hoje, e espero que não 
morra amanhã. Entre confecção e a produção de efeitos, duas coisas 
acontecem: deslocação temporal e, eventualmente, uma deslocação 
espacial. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [38] 
Pode acontecer que, no momento da confecção do testamento, eu tenha 
herdeiros necessários e, por alguma desgraça, os herdeiros não 
sobreviverem a mim. Cláusula como “deixo 50% de meu patrimônio para 
tal pessoa” considerando que a outra metade ficaria aos meus herdeiros 
necessários, precisa ser reinterpretado no caso de não haver mais herdeiros 
necessários. O patrimônio disponível passa a ser 100%, então isso deve ir, 
integralmente, para essa pessoa. 
Professor discorre sobre outras situações fáticas, que podem levar à 
redução das disposições orçamentárias. Três bens que reproduziriam 50% 
do total do patrimônio, no momento da morte, passam a representar 100% 
do patrimônio. Se houver herdeiros necessários, essa partilha terá que ser 
repensada. 
Testamento elaborado no estrangeiro que tenha efeitos no Brasil. 
Brasileiro que temeu por sua vida, achando que ia morrer, e elabora 
testamento quando estava em viagem no exterior. Mas não morre logo, 
volta ao Brasil, morre 15 anos depois. Que lei aplico para saber se o 
testamento é válido? Validade tem viés formal e viés material. 
Testamento é um ato que tende a produzir efeitos após a morte de que o 
fez. Único efeito que um testamento produz desde logo é que um novo 
testamento revoga o anterior. 
Que lei aplicar para analisar se um testamento feito na França é 
formalmente válido? Locus regit actum: o local rege o ato. A lei francesa é 
quem vai determinar capacidade para testar, além da forma e quantidade 
de testemunhas exigidas. 
Digamos que a lei de um determinado país não reconheça testamento 
particular, somente público. Um testamento particular ali realizado é nulo 
e não será aceito. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [39] 
Formalidade de celebração é no tempo e no local em que é realizado. Não 
basta buscar a lei do local, mas a lei vigente ao tempo da celebração. 
E a lei aplicável para averiguar a capacidade para testar? No Brasil, a 
regra de DIPri é a lei do domicílio do testador. Na França, é a 
nacionalidade. 
Se o testador é argentino, domiciliado no Brasil, tinha 14 anos no 
momento do testamento e o elabora na França; aplica-se o DIPri brasileiro 
ou o DIPri do momento e do local em que celebrado o testamento? 
A capacidade para testar, pela lei brasileira (domicílio) só se atinge aos 16 
anos. Na Argentina, 14 anos. Pelo DIPri francês, deve-se aplicar a lei da 
nacionalidade, então ele teria capacidade. Mas, se aplicarmos o DIPri 
brasileiro, então ele não tinha capacidade para testar. 
Digamos que o juiz competente para julgar é o do Brasil, e imaginemos 
que todos os bens do patrimônio da pessoa que faleceu são imóveis e 
situados aqui. Qual é a regra de DIPRi a ser observada pelo juiz nessa 
sucessão aberta no Brasil? 
Devemos aplicar a nossa regra de DIPRi, que diz que a lei aplicável é a do 
domicílio. Mas qual domicílio? A do momento em que a pessoa faleceu ou 
a do momento em que a pessoa fez o testamento? 
Digamos que eu faça um testamento hoje, em pleno gozo de minhas 
faculdades mentais. Depois de 10 anos, fico doente, sofro de uma 
demência precoce e, logo em seguida, faleço. O juiz deve verificar se eu 
tinha plenas capacidade mentais para fazer o testamento no momento em 
que morro ou no momento em que o faço? 
Se for a lei do momento em que faz o testamento, então, se faço um 
testamento sob o Código Civil de 1916, é ele quem me dirá se tenho 
capacidade. Se faço em 2013, é o Código de 2002 que vai determinar se 
tenho ou não capacidade. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [40] 
Para saber qual a lei aplicável para capacidade quando há deslocamento 
espacial, utilize o raciocínio aplicável ao deslocamento no tempo. A regra 
é parecida com a do direito intertemporal. A resposta, invariavelmente, vai 
ser a mesma. 
Devo averiguar a capacidade de acordo com a circunstância vivida “lá 
atrás”. Ou seja, se mudei de domicílio entre a data em que fiz o testamento 
e depois, a legislação vai ser alterada, mas devo buscar o domicílio do 
momento em que fiz o testamento. 
O problema que propus é um pouco diferente. Estou mudando de 
elemento de conexão. Ao invés de mandar aplicar nacionalidade, o 
elemento de conexão francês, estou dizendo que devemos aplicar 
domicílio. 
No momento em que se altera o elemento de conexão, não posso submeter 
o nosso ordenamento a uma regra vigente no ordenamento estrangeiro. 
“EU” vou averiguar se a pessoa tinha capacidade ou não de acordo com o 
que determina o “MEU” DIPri. 
Se, quinze anos depois, tenho que decidir pela lei do domicílio, posso 
perguntar qual é era o domicílio do falecido, quinze anos atrás. Mas não 
posso dizer que o testamento é válido porque foi observada, naquele ato, a 
lei da nacionalidade do testador. A nacionalidade não é o elemento de 
conexão do DIPri brasileiro. 
Se o “MEU” elemento de conexão está envolvido num conflito móvel, ou 
seja, ao longo do tempo a pessoa mudou de domicílio, óbvio, vou procurar 
saber qual era o domicílio do momento em que fez o testamento; o que 
não vou admitir é que a pessoa tenha feito o testamento com uma 
perspectiva e importar essa perspectiva contrariamente a àquilo que a 
minha norma de DIPri determina, porque essa é uma norma de direito 
público. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [41] 
Não há a possibilidade de eu dizer: quando ele fez o testamento, era 
válido. 
Exemplo. Na Alemanha e na Suíça, existe o testamento conjuntivo. Uma 
só cédula testamentária para dispor reciprocamente sobre o patrimônio um 
do outro. A vontade se cristaliza no momento do testamento. 
No Brasil, é proibido este tipo de testamento, que é considerado um pacto 
sucessório2. Sob o CC1916, era possível atingir o mesmo objetivo através 
do seguinte expediente: dois testamentos, simultâneos.Um torna o outro 
sucessor universal, com fideicomisso. 
CC02, art. 1.862. São testamentos ordinários: 
I - o público; 
II - o cerrado; 
III - o particular. 
CC02, art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja 
simultâneo, recíproco ou correspectivo. 
Validade material. 
Qual a lei aplicável para definir se é materialmente válido? Art. 10 da 
LINDB. Sucessão é regida pelo domicílio, em vida, do defunto. 
LINDB, art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei 
do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer 
que seja a natureza e a situação dos bens. 
 
2
 Silvio Rodrigues, citando Beviláqua, diz que “o Código quis proibir esses testamento 
por serem modalidades de pactos sucessórios e por contravirem um dos caracteres 
elementares do ato de última vontade, que é a sua revogabilidade”. RODRIGUES, 
Silvio. Direito Civil, v. 7. direito das sucessões, 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 157. 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [42] 
Mas, §1º diz que, quando houver filhos ou cônjuges brasileiros, o juiz 
pode aplicar a lei brasileira se for a mais benéfica. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será 
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos 
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, 
de 1995) 
E se não houver testamento? Pode ser que a lei brasileira eleja uma classe 
de herdeiros mas a lei do último domicílio eleja outra classe. 
A LINDB foi criada sob o CC16, em que não havia concorrência entre 
filhos e cônjuges (por isso LINDB usa cônjuge OU filhos). Mas hoje eles 
são concorrentes, pelo CC02. E tal disposição também está na CF, como 
cláusula pétrea. Não dá para interpretar. Norma confusa. 
... 
A sucessão é um capítulo extremamente complicado no DIPri. 
 
[Fim da aula] 
 
Para a prova: matéria cumulativa, cinco perguntas, escolher quatro para 
responder. 
 
DIN0520-54 DIPri: Aspectos Pessoais – Prof. Gustavo Monaco (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [43] 
Prova P2 da manhã 
1. O que seria subsidiariedade na adoção internacional de crianças? 
2. Quais as vantagens de propor ação de alimentos no domicílio do de 
devedor? 
3. Algo relacionado a casamento LICC art.7º. 
4. Qual lei é aplicável à curatela? 
5. Algo sobre pluralidade sucessória. 
 
 
 
 
	04/03 – Apresentação do curso.
	11/03 – Lei aplicável à personalidade, à capacidade e ao nome.
	18/03 – Lei aplicável às relações familiares: a possibilidade de múltiplas nacionalidades e/ou múltiplos domicílios.
	25/03 – Não houve aula
	01/04 – Lei aplicável à forma da celebração do matrimônio. Lei aplicável às relações pessoais entre cônjuges e companheiros.
	08/04 – Divórcio e separação: problemas pessoais no direito internacional privado.
	15/04 – Prova P1
	22/04 – Lei aplicável às relações de parentesco e filiação. O problema da investigação da paternidade. Lei aplicável aos alimentos entre cônjuges e parentes.
	29/04 – Seminários.
	06/05 – Lei aplicável à guarda internacional de crianças
	13/05 – Adoção Internacional e Lei aplicável à tutela e curatela.
	20/05 – Seminário.
	27/05 – Condição jurídica do estrangeiro.
	03/06 – Lei aplicável à sucessão legítima. O problema da competência internacional em matéria de partilha de bens. Lei aplicável à sucessão testamentária.
	Prova P2 da manhã

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