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Introdução a Antropologia Resenha do Filme A Missão

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG
Centro de Humanidades - CH
Unidade Acadêmica de Ciências Sociais - UACS
Disciplina: Introdução a Antropologia
Professor(a): Mércia Rejane Rangel Batista.
Aluno(a): Savana Augusto Lima
 Matrícula: 12113701
Atividade – Resenha Critica
A Missão (The Mission – Reino Unido, 1986). Diretor: Roland Joffé Roteiro: Robert Bolt. Elenco: Robert De Niro, Jeremy Irons, Ray McAnally, Aidan, Quinn, Cherie Lunghi, Ronald Pickup, Chuck Low, Liam Neeson. Duração: 126 minutos. O filme foi rodado nas selvas da Colômbia e na Argentina, na região próxima às cataratas do Iguaçu.
A citação que abre o filme é "Os acontecimentos desta história são verdadeiros e ocorreram nas fronteiras da Argentina, Paraguai e Brasil no ano de 1750″. Este é o tom direto que o filme aborda um fato pertinente a nossa história. O contexto histórico aqui é a conquista da América do Sul pelos espanhóis e portugueses no século 18, aparecendo as missões jesuítas da Igreja Católica sucedidas nesse período. Em uma das primeiras cenas, assistimos a um grupo de índios arremessando em um rio um corpo de um padre atado a cordas numa cruz. Isso já representa o tema principal: A civilização dos índios da América do Sul por meio do cristianismo. Percebemos que se por um prisma isso foi um meio de um grupo (os missionários jesuítas da Igreja Católica), arriscar proteger esse povo da colonização, por outro pode se ponderar o mal que isso poderia ter sido na cultura dos índios, que na prática foram acuados para abandonarem seus ritos e tradições em troca de uma “civilidade”, que era o que o cristianismo expressava neste período. Civilidade esta, que era estabelecida pelos colonizadores tanto espanhóis como portugueses, exatamente quem arrasava as terras indígenas e escravizavam os índios. A Missão relata através da história da Missão de São Carlos dirigida pelo Padre Gabriel (Jeremy Irons) todas as complicações da colonização desenfreada da América do Sul. Em seguida a essa cena do padre sendo jogado no rio, somos apresentados ao personagem de Jeremy Irons, padre Gabriel. Um missionário jesuíta que vai tentar um contatar com uma tribo de índios guaranis. Principiamos vendo os obstáculos que ele enfrenta para aproximar-se do ponto aonde está a tribo, quando tem que cruzar um rio, galgar uma cachoeira e depois embrenhar-se a floresta. E é quando o padre Gabriel se depara os índios que temos uma cena onde já se destaca uma das informações chaves do filme: A Música. Havendo o impasse para a comunicação com eles, pela falta de conhecimento de seu dialeto, padre Gabriel recorre para uma flauta. Ele toca uma música que aguça a curiosidade dos índios, que mesmo após a fúria de um deles (um dos índios mais velho da tribo parte a flauta) terminam por acolher a chegada dele. O problema de conversação que poderia acontecer, não existe mais; e essa é a primeira ligação que se forma entre o padre e os índios. O Padre emprega a música para se revelar-se aos índios quão são “iguais” e assim eles passam a acreditar em alguém de fora graças a essa música. E em outras cenas, o oposto é feito. Gabriel frequentemente para tentar mostrar ao “povo civilizado” (tanto os colonizadores, como o representante da Igreja) que os índios não são “animais” como eram classificados, ele outra vez usa a música. Numa dessas cenas, ele coloca em frente de uma plateia um pequeno índio cantando, e logo se vê como determinadas pessoas ficam maravilhadas ao ouvir um índio cantando de tal forma. São cenas como essa que o filme mostra a música como sendo uma linguagem universal que extrapola impedimentos culturais, de língua, de idiomas e dialetos.
Outro elemento fundamental é o personagem do Capitão Rodrigo Mendonza, interpretado pelo ator Robert De Niro que representa um mercenário, um mercador de índios. Ele os captura na floresta e os comercializa como escravos para colonizadores. Aqui o observamos como um homem que faz seu trabalho com muito sangue-frio, sem evidenciar nenhum sentimento. Ele simplesmente cumpre a função, sem se atentar com as implicações ou com a uma hipotética moralidade no que faz, mas que, ao mesmo tempo, se mostra muito ligado emocionalmente a sua família, no caso, sua mulher Carlotta (Cherie Lungh – a única personagem feminina do filme que se expressa) e seu irmão mais novo Felipe (Aidan Quinn). As circunstâncias dele começam a se desenvolver quando sua mulher admite que se apaixonou pelo seu irmão. Rodrigo não procura reparação ou qualquer coisa que o valha. Ele unicamente tenta a todo custo não se permitir ruir por qualquer sentimento negativo, pelo amor que sente do irmão. Ou seja, aquele homem que demonstrava frieza – pelo menos perante os índios que capturava – aqui mostra sua humanidade. E mesmo logo após presenciar a mulher e o seu irmão juntos na cama, Rodrigo, não os confronta, tenta ir embora, mas acaba tendo um duelo de vida e morte, o que leva a efeito a morte de Felipe. Isso tudo está bem trabalhado no enredo, e não soa como um folhetim dramático. Através do direcionamento correto do diretor Roland Joffé e da interpretação do Ator Robert De Niro tudo fica num patamar bem superior. Rodrigo passa a se martirizar. Não consegue viver com a dor, e é aí que o Padre Gabriel o encontra novamente. Ele o convence a ir para a Missão de São Carlos ajudar os índios, e fazer algo por alguém, principalmente para aquele povo, em que ele, Rodrigo, sempre desaprovou no passado. Contemplamos então a cena da remissão dele, que é excelente e com um belo término. Por todo o percurso que leva à tribo de guaranis, ele leva em sua posse um peso enlaçado ao corpo. Essa carga simbolizando o peso do que aconteceu na sua vida, da culpa que ele leva consigo pela vida que vivia e também pela morte do irmão. Mesmo com todos os percalços para chegar à tribo, com rio, cachoeira e uma floresta densa pelo caminho, ele permanece carregando o tal peso, mesmo com reprovação por parte dos outros Padres jesuítas que o acompanham. Um deles, interpretado pelo ator Liam Neeson, até tenta o libertar desse peso, mas Rodrigo se recusa a deixá-lo para trás. E ao chegar ao alto da cachoeira, acontece o fim do seu agonia quando ele se encontra com os índios. Vemos juntos as atuações de Robert De Niro com a trilha sonora de Ennio Morricone. A forma que Rodrigo chora e ri ao mesmo tempo quando se liberta do peso pelas mãos dos índios é emocionante, e com a música ao fundo, forma-se o melhor instante de todo o filme. Em seguida a essa redenção de Rodrigo, e com ele se transformando em um dos padres jesuítas da Missão de São Carlos, o que acontece no filme é a confrontação que tomou conta da região. Colonizadores portugueses e espanhóis, tentando acabar com as missões Jesuítas, afinal, as missões defendiam a terra e as populações indígenas, fato que a colonização desenfreada que acontecia não poderia aceitar. A Igreja Católica se faz presente no meio dessa disputa, por meio de um emissário proveniente da Europa. Um cardeal da Igreja que vem encarregado de oferecer uma saída para os iminentes confrontos. O personagem manifesta dois princípios. Ele vê a importância das Missões para o povo indígena, mas também vê que devido aos múltiplos interesses em jogo não conseguiria evitar a discórdia, e termina adotando o ato de Poncio Pilatos – lava as mãos. De tal modo que o massacre dos índios tem início. Anteriormente as cenas de batalhas, assistimos a um admirável conversa dentre Rodrigo e Gabriel. Rodrigo quer abdicar da batina para poder encarar a batalha armada junto com os índios, e Gabriel desaprova a sua entrada na guerra e se recusa a dar permissão para que Rodrigo faça isso. A partir deste momento ocorre uma separação entre os jesuítas, já que enquanto Gabriel vai simplesmente realiza mais uma missa tendo como espectadores mulheres, crianças e idosos da tribo, Rodrigo e todos os outros jesuítas integram com os homens da aldeia um exército na tentativa de enfrentar os soldados colonizadores. O cenário da batalha mostra claramente a covardiado que acontecia nessas confrontações. Os índios dispondo de poucos recursos, enquanto os soldados colonizadores possuíam uma forte estrutura e, principalmente, as armas de fogo. Tomando por base os filmes atuais, essa batalha não mostra cenas tão violentas, mas ainda assim se mostra muito cruel. A Missão assume uma posição de “filme denúncia”, admitindo alguns posicionamentos extremos, como tratar os jesuítas sendo os heróis – não observamos nenhuma pessoa ruim no lado deles – e os colonizadores sendo os desprezíveis – não vimos ninguém bom no lado deles. E até a Igreja Católica, que não adotou uma posição conciliatória ao “lavar as mãos” em relação ao conflito, também é poupada. Mas como o enfoque seria a circunstância dos índios, sobretudo, a mortandade que aconteceu com eles, o cineasta optou por não adotar um olhar isento, mas para se situar desta forma e apresentou aqui uma habilidosa estratégia para que a narração seja toda contada por um dos personagens – Altamirano - o Cardeal.

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