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Elisa Figueiredo APG S1P2 - Gastrite Mecanismos de proteção da mucosa gástrica - O revestimento do estômago é impermeável ao ácido que ele secreta -> organização das células de forma justaposta, formando uma barreira - Mucosa é constituida de células mucosas da superficie e do colo, que secretam muco e bicarbonato: * Barreira física entre o lúmen e o epitélio -> camada irremovível que retém bicarbonato e forma uma interface alcalina e lubrificação do conteúdo gástrico * Tamponar o ácido gástrico para evitar dano ao epitélio - As células do epitélio gástrico estão conectadas por junções estreitas-> impedem a penetração do ácido e estão cobertas por uma camada lipídica hidrofóbica impermeável - Prostaglandinas: aumento da i r r igação sanguínea da mucosa, redução da secreção ácida, aumento da secreção de íons bicarbonato e ampliação da produção de muco Etiofisiopatologia da gastrite = Inflamação da mucosa gástrica desencadeada por anormalidades da motilidade gastrointestinal, por aumento da sensibilidade a estímulos provenientes do lúmen do tudo digestório e anormalidades psicológicas e emocionais Gastrite aguda - Processo inflamatório agudo da mucosa, geralmente de natureza transitória - Associado aos compostos irritativos locais: AAS, álcool, toxinas bacterianas (H. Pylori), uremia, tratamento com quimioterápicos para câncer e radioterapia do estômago - É representada por infiltração neutrofílica Gastrite crônica - Caracteriza-se pela inexistência de erosões visíveis macroscopicamente e pela existência de alterações inflamatórias crônicas-> acarretam atrofia do epitélio glandular do estômago - Existem três tipos de gastrite crônica: infecção por H. pylori, gastrite atrófica multifocal crônica, gastrite autoimune crônica e gastropatia química - É caracterizada por uma mistura de células mononucleares, principalmente linfócitos T e B, plasmócitos e macrófagos A. O antro tinha infiltrados abundantes de linfócitos e plasmócitos, que tendiam a ser mais profusos nas partes superficiais da lâmina própria. B. Na coloração com prata, os microrganismos apareceram como bastonetes curvos diminutos na superfície da mucosa gástrica. Manifestações clínicas - Os pacientes com H. pylori agudo são assintomáticos ou desenvolvem sintomas dispépticos leves e autolimitados - A inflamação pode causar vômitos, dor e hemorragia, assim como ulceração nos casos graves - Pirose e acidez gástrica - Hematêmese - Dispepsia funcional: sensação de desconforto e dor esporádico ou persistente na parte superior do abdome sem doença orgânica associada=> critérios de Roma IV: * sensação incomoda de plenitude pós-prandial, saciedade precoce, dor epigástrico e queimação epigástrico => devem ser preenchidos por 3 meses - Dispepsia orgânica: associada ao Helicobacter pylori, ou outras doenças como úlcera péptica, pancreatite, neoplasia,…) - Perda de peso - Disfagia Elisa Figueiredo Complicações - Atrofia gástrica - Metaplasia intestinal - Câncer gástrico - Linfoma de tecido linfóide associado à mucosa (MALT) - Anemia por deficiência de ferro - Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI)=> mimetismo molecular com anticorpos de reação cruzada - Deficiência de vitamina B12 Diagnóstico - Baseia da história do paciente, exame físico e exames complementares - Geralmente é estabelecido em amostras de biópsia de pacientes submetidos à EDA para avaliação de sintomas abdominais superiores - Os métodos usados para confirmar a existência de infecção por H. pylori são teste respiratório da ureia marcada com carbono (C) radioativo (padrão outro nos métodos não invasivos), que utiliza um isótopo radioativo do carbono (13C ou 14C ureia) - Testes sorológicos; teste do antígeno fecal (não muito usado no Brasil); e biopsia endoscópica para determinar se há urease - As características endoscópicas da gastrite incluem eritema, erosões da mucosa, ausência de pregas rugosas e presença de vasos visíveis => baixa sensibilidade - Os achados histológicos da gastrite: hiperplasia epitelial com inflamação mínima até danos extensos às células epiteliais com infiltração de células inflamatórias Tratamento - Mudanças de hábitos de vida: diminuição do café, tabagismo, alimentações inadequadas, suspender uso de AINES, mastigação devagar, evitar líquidos - A gastrite aguda é um distúrbio autolimitado, com recuperação e cicatrização completas dentro de alguns dias depois da eliminação da condição ou do agente desencadeante - O t ra tamen to cons i s te em esquemas comb inados que i nc luem an t i b i ó t i cos (amoxicilina, tetraciclina, aminoglicosídio ou sais de bismuto) e inibidores da bomba de prótons (lansoprazol e omeprazol). - Os inibidores da bomba de prótons têm propriedades antimicrobianas diretas contra o H. pylori e, porque aumentam o pH intragástrico, estes fármacos suprimem a proliferação da bactéria e acentuam a eficácia do antibiótico. O bismuto tem efeito antibacteriano direto contra o H. pylori Fatores de risco - Dieta inapropriada - Tabagismo - Alcoolismo - Estresse - Procedimentos cirúrgicos - Insuficiencia hepática - Irradiação do estômago - Condições de vida inadequadas => infecção por H. pylori Infecção por H. pylori e tratamento - Infecção por Helicobacter pylori é a causa mais comum de gastrite crônica - É uma doença inflamatória crônica do antro e do corpo do estômago - A infecção crônica por esse microrganismo pode causar atrofia e úlcera péptica do estômago e e s t á a s s o c i a d a a o r i s c o e l e v a d o d e adenocarcinoma gástrico e proliferação de tecidos linfoides associados à mucosa que, em alguns casos, transforma-se em linfoma - O Helicobacter pylori é uma espiroqueta gram- negativo diminuto, espiralado, com flagelos que pode colonizar e movimentar pelas células epiteliais secretoras de muco do estômago na região antral - A bactéria é transmitida pela via oral-oral ou oral- fecal - Estágio inicial (antral não atrófica): liberação exagerada de gastrina e redução da liberação de somatostatina => aumento na secreção de HCl => metaplasia (substituição) gástrica duodenal - Com a continuação da inflamação (antro + corpo= atrófica): as células produtoras de gastrina (G) e as células parietais produtoras de ácido são perdidas=> queda na secreção ácida - Aumenta bactérias na região estomaca-> úlcera - Secreta urease, que contribui para que produza amônia suficiente para tamponar a acidez do seu ambiente imediato - O Helicobacter pylori produz enzimas e toxinas que têm a capacidade de interferir com a proteção local da mucosa gástrica contra a ação Elisa Figueiredo do ácido, causar inf lamação intensa e desencadear uma reação imune => aumento da secreção de de citocinas próinflamatórias (IL6, IL8) => reativa neutrófios - Diretamente relacionado ao linfoma MALT no estômago - A 1a linha de tratamento é a terapia tripla com inibidor de bomba de prótons (omeprazol 20mg 2x por dia), amoxicilina 1g 2x ao dia e claritromicina 500mg 2x ao dia, por 7 a 14 dias Referências: FELDMAN, M. Gastrite: Etiologia e diagnóstico. UpToDate , 2022. Disponível em: https:/ / www.uptodate.com/contents/gastritis-etiology-and- d i a g n o s i s ? search=gastrite&source=search_result&selectedTitl e=1~150&usage_type=default&display_rank=1. Acesso em: 7 ago. 2022. JENSEN. P. J.; FELDMAN, M. Gastrite aguda e crônica por Helicobacter pylori. UpToDate, 2022. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/ acute-and-chronic-gastritis-due-to-helicobacter- p y l o r i ? search=gastrite&source=search_result&selectedTitl e=3~150&usage_type=default&display_rank=3. Acesso em: 7 ago. 2022. PORTH, C. M.; GROSSMAN, S. Fisiopatologia. 9a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
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