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APG 2 – “infecção ou preocupação” - Revisar a anatomia e fisiologia do estômago. - Estudar a etiologia, epidemiologia, sinais e sintomas, diagnostico e tratamento da gastrite. - Entender a fisiopatologia da gastrite. - Diferenciar gastrite crônica da aguda. - Compreender a ação da H. pylori no estômago. - Correlacionar a infecção pelo H. pylori com neoplasias gástricas. Anatomia e fisiologia: Livro “princípios de anatomia e fisiologia” Tortora. 14° edição. O estômago é um alargamento do canal alimenta, onde possui formato de J, sendo localizado inferiormente ao diafragma no abdômen. Anatomicamente o estômago possui quatro regiões principais; a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica. - Cárdia; abertura do esôfago ao estômago. - Fundo gástrico; parte arredondada superior e à esquerda da cárdia. - Corpo gástrico; a grande parte do estômago, estando abaixo do fundo gástrico. - Parte pilórica; possui três divisões, onde se tem o antro pilórico que liga o corpo ao estômago, a segunda divisão canal pilórico que leva a terceira região o piloro que vai se conectar ao duodeno. Quando vazio o estômago possui as pregas gástricas que é quando a túnica mucosa forma grandes rugas. Fisiologicamente é importante entender a histologia do estômago, onde temos a superfície da túnica mucosa que é chamada de células mucosas da superfície; - Células mucosas da superfície e células mucosas do colo; secretam muco que formam uma barreira que protege e impede a digestão da parede do estômago. É por essas células que uma pequena quantia de água, íons, ácidos graxos de cadeia e fármacos entram na corrente sanguínea. - Células parietais; secretam fator entrínseco e ácido clorídrico, onde é necessário para absorção de vitamina B12 e o ácido acaba matando microrganismos nos alimentos, convertendo pepsinogênio em pepsina. - Células principais gástricas; vão secretar pepsinogênio e lipase gástrica. Onde a pepsina cliva as proteínas e a lipase quebra os triglicerídeos em ácidos graxos e monoglicerídeos. - Células secretoras de gastrina; secretam a gastrina estimulando então as células parietais a secretar HCL e as células principais a secretar pepsinogênio. ➢ Digestão mecânica e química; Com o alimento no estômago ondas de peristaltismo passam a cada 15 a 25s. Onde a maioria começa no corpo gástrico já que o fundo gástrico tem função principal de armazenamento. Propulsão: quando a onda peristáltica move o conteúdo gástrico do corpo gástrico para o antro pilórico. Retropulsão: a maior parte das partículas de alimento no estômago são inicialmente grandes para Iara Victoria, SOI IV. FESAR passar no óstio pilórico, então elas acabam sendo forçadas a voltar ao corpo gástrico, ocorrendo outra onda de propulsão. Caso as partículas de alimento ainda estejam grandes esses dois processos se repetem. Quimo: resultado do liquido desses movimentos onde o conteúdo gástrico é misturado com o suco gástrico sendo reduzido ao um líquido. Quando pronto esse quimo ele pode passar então pelo óstio pilórico, sendo esse fenômeno conhecido como esvaziamento gástrico. É um processo demorado ande apenas 3ml é esvaziado por vez. Os alimentos podem se manter por até 1 hora no fundo gástrico sem se misturar com o suco gástrico, durante esse tempo a digestão pela a amilase salivar das glândulas salivares continuam. O liquido ácido do estômago mata muitos microrganismos dos alimentos. E o HCL desnatura parcialmente as proteínas dos alimentos e estimula a secreção de hormônios que vão promover o fluxo da bile e do suco pancreático. No estômago temos a pepsina que é a única enzima que digere proteína, sendo secretada pelas células principais gástricas, ela acaba sendo mais efetiva em ambientes ácidos (ph 2). Ela é liberada na sua forma inativa chamada pepsinogênio, sendo incapaz de digerir proteínas, sendo ele convertido em pepsina apenas quando entra em contato com o ácido clorídrico. Lipase gástrica; outra enzima do estômago que cliva os triglicerídeos das moléculas de gordura em ácidos graxos e monoglicerídeos, porém no estomago adulto ela tem um papel limitado. Etiologia e epidemiologia; RESENDE, Dayane et al. Helicobacter Pylori e a Gastrite: um estudo retrospectivo. Revista da universidade vale do rio verde, v. 14, n. 2, p. 696- 706, 2016. OLIVEIRA, Gabriella Lumena Alves et al. Fatores associados à gastrite crônica na infecção por Helicobacter Pylori. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 25, p. 96-100, 2012 A gastrite é uma inflamação na mucosa gástrica, onde se tem o infiltrado de células inflamatórias. Essa inflamação pode ser aguda, crônica ou autoimune, porém o tipo mais comum de gastrite é a crônica bacteriana que está associada à infecção pela bactéria Halicobater pylori. O índice de prevalência da infecção apresenta variações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas com maior prevalência em países em desenvolvimento. Qualquer uma das regiões possuem uma certa prevalência, porém acaba que a prevalência é menor em populações suja as condições financeiras sejam melhores. Estimativas sugerem que cerca de 50% da população possui o estômago colonizado por essas bactérias, e em países sem saneamento básico a maioria das crianças são infectadas e a prevalência na população adulta chega a ser mais que 80%. Essa infecção pela H. pylori é considerada uma das mais prevalentes, afetando aproximadamente metade da população mundial em todos os continentes, sendo mais comum adquirida na infância. Estudos trás que no Brasil a prevalência é bastante alta, e trás um comparativo que na população amazônica a prevalência chega a 86 e 97%, enquanto estudos mostram que na cidade de SP a prevalência é de 65%. Essa diferença de prevalência da região amazônica para SP mostra o reflexo de melhoria de vida de uma população que vive em estado mais desenvolvido. Estudos mostram ainda que ocorre uma maior prevalência de H. pylori no sexo feminino, mas não chega a ser uma prevalência significativa. Ocorrendo também maior prevalência da bactéria em pacientes com idade entre 70 e 79 anos. Possui diversos fatores envolvidos no aparecimento da gastrite crônica; dieta inadequada, ingestão contínua de bebidas alcoólicas, tabagismo, medicações e ingestão de substancias corrosivas, estresses por traumas... A transmissão da H. pylori ocorre por meio do contato sendo contaminação fecal/oral e oral/oral e por água contaminada. Sinais e sintomas; DDINE, Lissa Chamse et al. Fatores associados com a gastrite crônica em pacientes com presença ou ausência do Helicobacter pylori. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 25, p. 96-100, 2012. Um artigo do arquivo brasileiro de cirurgia digestiva, trás um estudo com 94 pacientes com gastrite, onde 16% eram assintomáticos o que é comum nos casos de gastrite crônica. As principais manifestações clinicas foram; - Pirose (40% dos pacientes). - Náuseas (33% dos pacientes). - Vômitos (10% dos pacientes). - Episódios de diarreia causando perda de peso. - Desconforto na região superior ao abdômen (55% dos pacientes). - Aparecimento de sangue nas fezes. O aparecimento de sangue nas fezes ocorre principalmente quando à formação de úlceras gástricas. Existem literaturas que dividem as manifestações: - Gastrite atrófica metaplásica autoimune: pode ser assintomática, porém frequentemente o paciente relata dispepsia, possui deficiência de B12 (fadiga, glossite, declínio cognitivo e outros). Apresenta anemia ferropénica ocorrendo antes da deficiência de B12. - Gastrite por H. pylori (aguda e crônica): apresenta os mesmos sintomas, porém o paciente relata mais dor abdominal.Diagnostico de gastrite: ➢ Endoscopia digestiva alta: pode não ter alterações óbvias. - Eritema da mucosa, modularidade antral. - Aplanamento das pregas gástricas. - Erosão da mucosa, hemorragias. ➢ Biopsia: É recomentado a realização de várias biópsias, onde é necessário colher amostra de diversos locais de lesão. Gastrite por H. pylori (aguda): bacilos em espital na amostra e neutrófilos na mucosa. Gastrite por H. pylori (crônica): linfócitos e plasmócitos, eosinófilos e presença de folículos linfoides. ➢ Testes específicos para H. pylori: • Não invasivo: - Teste de antígeno fecal: exame de fezes onde consiste na pesquisa de uma substancia (antígeno) coletado que vai indicar a presença de H. pylori no estômago. - Teste respiratório da ureia: a pessoa vai ingerir ureia marcada com carbono 13 ou 14 e depois o paciente vai assoprar em um aparelho, onde vai se basear na produção de urease (degrada ureia) pela bactéria. PADRÃO OURO. - Sorologia: identificação de anticorpos na amostra. • Invasivos: - Teste da urease na biópsia: é coletado amostras da mucosa do estômago com uma pinça durante a endoscopia digestiva alta. - Hitopatologia: utiliza da coloração de Giemsa, possível observa os bacilos gram-negativos curvos e flagelados. - Cultura e sensibilidade da bactéria. Tratamento: Diretrizes mundiais da Organización Mundial de Gastroenterologia. Helicobacter pylori. Maio de 2021. - Principios gerais: Inibidores da bomba de prótons (IBPs). Tratamento de reposição de B12. Para os doentes sintomáticos: evitar qualquer agente precipitante/irritante gástrico. - Gastrite associada ao H. pylori: tratamento para erradiação do H. pylori. Terapia tripla; IBP + claritromicina + amoxicilina ou metronidazol. Terapia quádrupla contendo bismuto: IBP + bismuto + tetraciclina + metronidazol. Fisiopatologia da gastrite: Livro “Robbins patologia básica.” Décima edição. A gastrite é resultante de processos de lesão e inflamações na mucosa gástrica. Onde essas alterações podem ser provocadas por diferentes fatores. Quando tem presença de neutrófilos a lesão é denominada de gastrite aguda. Temos ainda o termo gastropatia é quando há lesão celular e regeneração, mas não possui células inflamatórias. Basicamente a gastropatia acaba evoluindo com o tempo para uma gastrite. Os agentes que causam a mesma incluem: AINES, álcool, bile e lesão induzida por estresse. O lúmen gástrico é bem ácido, com PH próximo de 1, ele ambiente bastante ácido contribui para a digestão, porém pode contribuir para danificar a mucosa. Temos a mucina que é secretada pelas células foveolares da superfície que formam uma camada de muco que vai impedir que partículas de alimento entre em contato direto com o epitélio. Essa camada de muco vai promover a formação de uma camada de líquido sobre o epitélio que protege a mucosa, apresentando PH neutro, devido a secreção de bicarbonato pelas células epiteliais superficiais. Então a gastrite ou gastropatia ocorre devido a interrupção de qualquer um desses mecanismos de proteção. ✓ AINES: inibem a síntese de prostaglandinas dependentes de COX que estimula quase todos os mecanismos de defesa da mucosa, incluindo a secreção de muco e bicarbonato, fluxo sanguíneo e restituição epitelial. Portanto o risco de desenvolver gastrite ou gastropatia é maior com inibidores não seletivos. ✓ Lesão gástrica: ocorre em pacientes urêmicos e em pacientes infectados pelo H. pylori secretor de urease, sendo resultado da inibição de transportadores de bicarbonato gástrico por íons de amônio. ✓ Ingestão de produtos químicos agressivos: particularmente aqueles produtos ácidos ou base, podem levar a lesões graves na mucosa gástrica em virtude do dano direto as células epiteliais e estromais. ✓ Uso de álcool: acaba induzindo o dano celular direto contribuindo para a gastrite. A patogenia da lesão da mucosa gástrica relacionada com o estresse está associada principalmente a isquemia local, podendo ocorrer hipotensão sistêmica ou fluxo sanguíneo reduzido devido a vasoconstrição esplâncnica induzida pelo estresse. Diferenciação de gastrite crônica e aguda: Pennelli, Gianmaria et al. "Gastritis: atualização sobre características etiológicas e abordagem prática histológica." Patologia vol. 112,3 (2020): 153-165. doi:10.32074/1591-951X-163. Um dos critérios mais utilizados são classicadores temporais onde a gastrite é dividida em aguda (auto-limitada) e crônica (não-limitada). A nível etiológico é preferível usar uma classificação a nível etiológico. Aguda: Drogas, Estresse induzido, Uremia, Isquemia, Choque, Agentes Corrosivos, Radiação, certos alimentos, Sepse, Trauma, certa infecção, alcoolismo agudo, AINES. Crônica: Helicobacter pylori (90%) e autoimune (10%). • Na aguda: macro e microscopicamente encontram-se desde hiperemia e edema até necrose com erosões e ulceras múltiplas, as vezes atingindo grande parte da mucosa. Ocasiona sangramento de intensidade variada. • Na crônica: a agressão é repetida e persiste, e muitas vezes assintomática. É superficial e predomina no antro, embora possa comprometer o corpo e fundo também, constituindo pangastrite. Pode evoluir para atrofia da mucosa, metaplasia intestinal e displasia, sendo fator de risco para câncer. Ação da H. pylori no estômago: Livro Bogliolo patologia. Livro Robbins patologia básica. O H. pylori é um bactéria gram-negativa espiralada, flagelada, que se instala no muco junto com à superfície das células epiteliais. Ela pode invadir a mucosa. Essa bactéria produz uma enzima chamada urease, que degrada a ureia em amônia, neutralizando o meio ácido permitindo sua sobrevivência no estômago. Possuem quatro tipos de características que estão ligadas a virulência da bactéria: - Flagelos: vai garantir a mobilidade da bactéria no muco viscoso. - Urease: vai degradar a ureia em amônia, elevando o PH gástrico local em torno dos microrganismos e protegendo-os do PH ácido do estômago. - Adesinas: vão aumentar a aderência da bactéria à superfície das células foveolares. - Toxinas: as codificadas pelo gene A associados à citotoxina, podendo estar envolvidas no desenvolvimento de úlceras ou câncer. Todos esses fatores vão auxiliar para que ocorra um desequilíbrio entre as defesas da mucosa gastroduodenal. Essa bactéria vai interagir com as células epiteliais da mucosa e atuar por meio de fatores de virulência, sendo o principal a citotoxina associada ao gene A, sendo esse altamente imunogênico. Esses fatores de virulência ativam a migração de células inflamatórias para a mucosa por meio do mecanismo inato e adaptativo. Quando começa a migração das células de defesa ocorre a liberação de diversas citocinas como IL-8, IL-1 e a IL-6 que vão atrair neutrófilos e células mononucleares para a mucosa. Quando ocorre a gastrite em si se tem um infiltrado de linfócitos, plasmócitos e neutrófilos na lâmina própria da mucosa. O número de linfócitos indica o grau de atividade da inflamação. Ocorre também a formação de folículos linfoides com centro germinativos proeminentes, a formação desses folículos na mucosa é sinal de resposta imunitária frente a agressão pelo H. pylori. A inflamação prolongada vai resultar em destruição de glândulas da mucosa, redução de células parietais, atrofia da mucosa e metaplasia intestinal, ou seja, substituição do epitélio gástrico por epitélio intestinal. Relação do H. pylori com câncer gástrico: BARBOSA, Joel Antonio; SCHINONNI, Maria Isabel. Helicobacter pylori: Associação com o câncer gástrico e novas descobertas sobre os fatores de virulência. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 10, n. 3, p. 254-262, 2011.Cristiane Melissa. Infecção por helicobacter pylori e câncer gástrico: frequencia de cepas patogênicas cagA e vacA em pacientes com câncer gástrico. Jornal brasileiro de patologia medica laboratorial, v.42, n.1, p. 25-30, 2006. O câncer gástrico constitui a neoplasia gástrica epitelial mais comum, representando 95% dos tumores malignos. O H. pylori constitui o maior fator etiológico para a câncer gástrico. A infecção por H. pylori acaba desenvolvendo uma cascata de acontecimentos; gastrite crônica – atrofia da mucosa - metaplasia intestinal – displasia – câncer gástrico. Estudos mostram que diferentes cepas da bactéria com padrões de virulência distintos devem atuar no hospedeiro ocasionando diferentes graus de inflamação na mucosa gástrica. Estudos mostraram que pacientes com infecção por helicobacter pulori apresentam danos no DNA das células epiteliais da mucosa gástrica, se relacionando com a intensidade da resposta inflamatória na mucosa e com os genótipos cagA e vacA da bactéria. A toxina vacA é considerada importante fator de virulência visto que contribui para a produção de alcolóides que acabam induzindo danos no DNA das células epiteliais. A colonização da mucosa gástrica por cerpas cagA/vacA associou-se a resposta inflamatória mais intensa e maiores níveis de dano no DNA das células epiteliais.
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