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Seitas de Pseudopsicoterapia

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Aluna: Marisol Sandim Gadioli Araujo 
MÁ PRÁXIS PSICOLÓGICAS NAS CHAMADAS SEITAS DE PSICOTERAPIA.
Um conceito de ser seita gera muito debate quando surge o assunto, mas pode-se identificar uma seita com duas características, a primeira é a mesma possui um líder carismático e poderoso, que algumas vezes tem um claro perfil narcisista, e em segundo a mesma possui uma doutrina que afirma que quem não faz parte da seita está condenado, ou como bem afirma Orsi (2013): “Da forma como é comumente usada, ela denota um conceito muito próximo ao do inglês cult, termo que classifica movimentos religiosos marcados por duas características fundamentais, apego a um líder carismático e ‘negação do mundo’: quem está fora da seita está condenado, perdido”.
Há o fato de várias seitas serem baseadas em diferentes formas de pensamento, ideologia, prática, com conhecimento hinduísta, espiritismo, político, ecológico e entre muitos outros.
Nas seitas psicoterápicas, que é do que se trata o trabalho, vislumbra-se que a maneira mais escorreita de se referir às mesmas é como seitas pseudopsicoterápicas, em vista de que estão bem distante de constituir verdadeiras terapias, e, ao contrário, não visam nenhum tratamento e evolução do paciente, mas sim ocorre a manipulação do mesmo, com uso de técnicas de persuasão psicológicas, para fazê-lo ingressar no grupo sectário, mantê-lo, e usá-lo da melhor forma no interesse do líder desse grupo, sempre no intuito de angariar controle, poder e dinheiro, causando diversos problemas de cunho pessoal, financeiro e psicológico para esse paciente, e um dano social incalculável (como destruição de relacionamentos familiares, carreiras profissionais e relações sociais no geral). 
Sendo comum que os terapeutas dessas seitas façam uso de técnicas de persuasão coercitiva, manipulação do emocional e também pressão, sendo essas técnicas praticadas em todos os tipos de seitas.
Falemos de forma breve acerca de tais técnicas usadas pelas seitas em geral, e, claramente, também usadas pelas seitas de psicoterapias.
A primeira técnica utilizada é a manipulação ambiental, sendo o isolamento absoluto da vítima, meio social, familiar. A segunda é manipulação cognitiva é constituída pela denegação do pensamento cognitivo, utilizando de mentiras e enganos, por último a manipulação da consciência.
No que visa sobre a manipulação emocional, cuja algumas características já foram desenhadas acima, o terapeuta (líder da seita) induz a vítima (novo sectário) a desenvolver sentimentos de medo, culpa e insegurança com o fim de modificar de forma inconsciente o comportamento do indivíduo, e levá-lo a fazer parte da seita.
Tendo pressão e a necessidade social das pessoas que se associam as seitas, seguirem os modelos dos grupos de já existem, o membro faz de tudo para se comportar, vestir e pensar da mesma forma igual aos demais membros.
Nesse sentido, afirma Axt (2011) acerca das manipulações praticadas pelas seitas:
“Pessoas que se dizem manipuladas por igrejas e cultos religiosos descrevem um programa intenso de atividades, palestras, celebrações e tarefas como distribuir panfletos, limpar o chão, fazer comida. Imersa nessa rotina, que geralmente prevê poucas horas de sono, a vítima fica tão cansada que literalmente não tem tempo para pensar sobre o que está acontecendo.
É a mesma técnica, por exemplo, daquele vendedor que o deixa confuso e faz com que você compre uma coisa de que não precisa, só para se livrar do incômodo. Em alguns casos, antes de iniciar o processo a pessoa já está fragilizada por alguma outra situação.
Nas seitas de psicoterapia se valem desse campo do saber como um meio privilegiado para influenciar as pessoas, nesse caso as pessoas com problemas clínicos (ou pessoais) acabam procurando uma “ajuda especializada” junto a esse “especialista”, o que acaba facilitando que essa pessoa seja alvo de manipulação, tendo em vista a situação pessoal que a mesma está passando (muitas vezes com quadro de grave sofrimento psíquico), o que a torna vulnerável, e deixa mais fácil o trabalho desse terapeuta abusivo de manipular e recrutar essas pessoas, sempre com vistas a obter poder e dinheiro.
É bom que fique claro que nesse tipo de grupo sectário existem os adeptos ou simpatizantes, que comumente são as vítimas do terapeuta/ líder do grupo sectário, existem os terapeutas ingênuos que também foram manipulados e podem ser de fato terapeutas ou até pessoas sem conhecimento técnico científico cujo status fora elevado pelo líder (ou líderes) do grupo, e o líder do grupo que manipula e usa esse grupo para atingir seus objetivos pessoais.
Com a finalidade de atingir seus objetivos, os líderes desse tipo de seitas costumam usar terapias convencionais, mas com claras violações de normas éticas, bem como podem usar técnicas alternativas, sendo que jamais o objetivo dessa terapia será, de fato, a evolução clínica do paciente, mas angariar meios para atingir os objetivos escusos desses líderes.
As técnicas usadas por esses líderes para atingir seus fins de obter poder, controle e dinheiro são as mais variáveis possíveis como rebuthing, análise transacional, PNL, sofrologia, bem como técnicas mais convencionais do ramo da psicologia como terapia familiar, terapia de grupo, psicanálise, dentre outras.
Uma vez escolhida a técnica que será usada, o terapeuta líder da seita passa a expor sua doutrina, atraindo potenciais clientes, sob a falsa promessa de melhora clínica.
Nestes tipos de seita, o objetivo da terapia não é a evolução e melhora do paciente, o seu quadro clínico é apenas considerado pelo fato do problema, o paciente tornar-se vulnerável na frente de seu terapeuta, que com isso ele abusa dos conhecimentos técnicos que possui, com finalidade de manipular, ludibriar ou enganar a vítima.
A título de exemplo, uma das técnicas psicológicas mais usadas por esse tipo de seita é a transferência, que é uma técnica psicoterápica baseada no autoconhecimento, onde paciente e terapeuta, juntos, examinam as atitudes de transferências realizadas pelo paciente, bem como as experiências de transferências vividas pelo mesmo e que este mantém com figuras de autoridade.
Diante disso, fica evidente que o terapeuta além de violar a ética profissional vai além e faz uso de suas técnicas de influência indireta, enganosa e coercitiva, para que os pacientes se mantenham submissos aos seus interesses, deixando de lado qualquer ideia de auxílio ao paciente.
Com essa degradação dos limites éticos por parte do terapeuta este transforma seus pacientes em crentes ferrenhos daquele grupo, com pensamentos dogmáticos (ou fechados). São estimulados por parte do terapeuta, os sentimentos de dependência e paranoia, com a visão de manter o controle sobre aquela pessoa.
Os pacientes que passam de um certo estágio daquela situação, passam a ser irmãos dos demais membros da seita, deixando o título de paciente e a finalidade que o fez procurar a terapia, ajudando o terapeuta a atingir seus objetivos.
Esse estreitamento de relação entre terapeuta e paciente, baseada na manipulação do primeiro frente ao segundo, acaba criando uma verdadeira simbiose patológica entre o paciente e o terapeuta/grupo sectário, criando uma dependência meticulosamente planejada pelo terapeuta já com o intuito de dificultar que o paciente venha a abandonar o grupo.
É comum que vítimas desse tipo de grupo enquanto fizerem parte desse tipo de seita acabem sofrendo uma considerável experiência de deterioração pessoal, e ao sair de tais grupos o paciente acaba desenvolvendo um sentimento generalizado de desapontamento em relação a todos os terapeutas.
Esse sentimento de desapontamento acaba sendo extremamente prejudicial, tendo em vista que após sair da seita se faz necessário um acompanhamento psicoterápico, dessa vez por meio de um profissional sério e que exerça suas funções com base na ética e nas normas legais, com vistas a superar os problemas decorrentes dessa relação doentia estimulada durante o período do paciente junto à seita.
Em acordes com tudo o que expusemos Amaral(2019) afirma acerca das seitas psicoterapêuticas:
“Relações entre terapeuta e paciente são comumente exploradas por indivíduos mal-intencionados, com fins de manipulação e dominação. A situação de fragilidade e dependência hierárquica do paciente o coloca em posição especialmente vulnerável para esse tipo de contexto.
As credenciais do terapeuta são o primeiro alerta, uma vez que muitos exploradores procuram criar suas próprias terapias, fora da fiscalização dos órgãos de classe. Assim gozam da posição de respeito e prestígio de suas futuras vítimas, sem maior controle externo.
Entre as violações mais evidentes desses pseudoterapeutas estão as violações de confidencialidade, onde os casos trazidos por pacientes são discutidos em seções em grupo da seita, ou até usados como forma de coerção e chantagem em face dos pacientes, sempre violando a privacidade individual do paciente.
Os líderes desse tipo de seita, por vezes, acabam destruindo o senso de individualidade do paciente com vistas a aumentar a necessidade deste em permanecer naquele grupo, deixando sempre a vítima vulnerável à manipulação, e fazendo com que o mesmo se torne um dependente do tratamento ofertado pela seita.
Assim, podemos perceber como os terapeutas que criam seitas psicoterápicas trazem diversos problemas de cunho pessoal e psicológicos frente aos pacientes que acabam sendo manipulados e recrutados para esse tipo de grupos sectários, onde estes “profissionais” utilizam do conhecimento técnico científico que os mesmos possuem e, se aproveitando da vulnerabilidade decorrente do quadro clínico dos pacientes que os procuram, tentam satisfazer interesses pessoais escusos (poder, controle e dinheiro), trazendo diversos problemas de cunho pessoal (para os pacientes), social (posto que os membros da sociedade são atingidos pelas ações desse tipo de grupo, como, por exemplo, os familiares das vítimas desse tipo de grupos que ficam privadas da companhia de seus entes queridos) e profissionais tendo em vista que todos os profissionais do ramo de psicoterapia acabam sendo “manchados” pela má conduta dos terapeutas que criam esse tipo de seita para se beneficiar pessoal e ilegalmente.
O combate a esse tipo de seita deve se dar com um fortalecimento dos grupos de classes profissionais para fiscalizar e, se necessário, punir os terapeutas que praticam os abusos ora tratados, bem como, se for preciso, sejam acionados órgãos estatais para coibir ações criminais por parte desses terapeutas (no Brasil uma intervenção das policias civis ou do Ministério Público cujas funções são investigar as infrações penais e promover as ações penais, respectivamente, seria de bom alvitre) com vistas a fazer os mesmos responderem por abusos de natureza criminais que os mesmos venham a cometer (como abuso sexual, redução à condição análoga a de escravo ou estelionato).
Outra forte arma contra esse tipo de abuso é a informação, onde a realização de palestras e campanhas publicitárias dedicadas a informar as pessoas acerca das condutas éticas que os terapeutas devem tomar, e conscientizando as mesmas acerca de condutas inapropriadas desse tipo de profissionais ajudaria muito as potenciais vítimas desse tipo de seita a identificar características de risco, para que estes denunciem os abusos que porventura tenham sofrido e a procurarem a ajuda de um profissional que, de fato, venha a ajudar essas pessoas.
BIBLIOGRAFIA:
Amaral, F. (2019). Seitas e grupos manipuladores [livro eletrônico]. Florianópolis. [acesso em 2020 Mar 14]. Disponível: https://www.amazon.com.br/Seitas-Grupos-Manipuladores-Aprenda-identific%C3%A1-los-ebook/dp/B01ATYM62G/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=seitas+e+grupos+manipuladores&qid=1584210666&s=books&sr=1-1.
Orsi, C. Seitas lavagem cerebral e psicologia totalitária. 2013 Dez 11 [acesso em 2020 Mar 12]. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2013/12/seitas-lavagem-cerebralepsicologia-totalitaria.html.
Axt, B. Como funciona a lavagem cerebral. 2011 Jan 24 [acesso em 2020 Mar 13]. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/lavagem-cerebral/.
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