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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA III - MICOLOGIA

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Júlia Souza
Microbiologia 2
→ Micologia
Características Gerais e Morfológicas dos Fungos
Mecanismos de Virulência dos Fungos
Diagnósticos Laboratoriais
Agentes Etiológicos
Micoses Superficiais e Cutâneas
Micoses Subcutâneas
Micoses Sistêmicas
Candidíase
Micoses Oportunistas
Parasitologia
Introdução à Parasitologia
Protozoários de Importância médica
Helmintos
Diagnóstico Parasitológico
Esquema das principais doenças parasitológicas
1
Júlia Souza
Características Gerais e Morfológicas dos Fungos
A importância dos fungos na medicina
❖ Os fungos são poucos transmitidos de pessoa a pessoa (pelo ar)
❖ A maioria das infecções ocorrem em pessoas com resistência diminuída ou imunocomprometidas
❖ Os fungos microscópicos (leveduras) recebem maior atenção por causarem mais doenças em
humanos.
● Leveduras são TODAS unicelulares e microscópicas
● São bastante confundidas com bactérias → para diferenciá-las é necessário fazer as lâminas..
● As leveduras possuem um tamanho muito maior que as bactérias, contudo, ambas possuem
uma forma semelhante de reprodução
❖ Os macroscópicos (cogumelo - são pluricelulares) geralmente causam intoxicações decorrentes
de ingestão
● Em caso de deficiência no suco gástrico, por exemplo, a toxina passa pelo suco gástrico
● Contudo, existem cogumelos microscópicos também
Exemplo de fungos que não são da nossa microbiota mas que podem infectar quando estamos
imunocomprometidos:
- Bolor do pão ou das frutas
- Aspergillus e Penicillium → esporos estão no ar, caso o indivíduo esteja com uma
imunidade baixa, às vezes em decorrência de uma quimioterapia, ele pode acabar
pegando uma infecção fúngica.
❖ As vias de dispersão dos propágulos fúngicos (estrutura que transmite a doença):
● Os propágulos podem ser esporos ou leveduras
❖ Os fungos podem ser membros da microbiota normal:
● Agentes de infecções (micoses e micetomas)
● Agentes de intoxicação (micetismo e micotoxicoses)
● Responsáveis por reações de hipersensibilidade (alergia).
2
Júlia Souza
● Membros da Microbiota normal
Micoses
❖ São parasitismo de tecidos humanos pelos fungos:
● Candidíase, pitiríase, dermatofitose, esporotricose, cromoblastomicose, histoplasmose,
dermatofitose, penicillium marneffei)
3
Júlia Souza
Micetomas
❖ Termo utilizado para designar uma síndrome clínica crônica caracterizada por aumento de
volume da região acometida.
❖ É um lesão localizada, intumescida, com grânulos que são causadas por fungos (eumicetomas) e
bactérias (actinomyces)
Micotoxicoses
❖ Intoxicação pela ingestão de alimentos contaminados com fungos microscópicos (bolores)
produtores de micotoxinas
❖ Ex:
1. Aflatoxinas (B1 e B2) - amendoim, castanhas e outros grãos (são hepato carcinogênicas)
2. Ocratoxina (A e B) - nozes, castanhas e grãos de cereais (arroz), danos hepáticos e renais
❖ Podem ocorrer de duas maneiras:
Micetismo
❖ Intoxicação ou envenenamento causado pela ingestão de fungos macroscópicos (cogumelos.
Ocorre por ingestão de toxinas termolábeis. Alguns são resistentes à ebulição.
❖ Podem ser responsáveis pelas reações de hipersensibilidades:
● As alergias manifestam-se principalmente como sintomas clínicos de asma brônquica e rinite.
4
Júlia Souza
Características Gerais dos Fungos
❖ Se diferenciam das plantas pois não sintetizam clorofila e não tem celulose (exceto alguns
aquáticos), não armazenam amido como substância de reserva
❖ Se assemelham com as células animais pela presença de quitina (na parede celular - que
também possui alfa-glucano) e por armazenar glicogênio.
❖ São ubíquos (esporos dispersos no ar); Umidade; Calor; Luminosidade
❖ Eucariotos (mais de uma célula)
❖ Heterotróficos
● Quimiorganotróficos (quando o fungo produz substâncias que digerem o órgão afetado,
podendo digerir até mesmo os ossos).
❖ São encontrados de duas formas:
1. Leveduras (unicelulares)
● Necessário entrar em contato direto para contrair a doença
2. Fungos filamentosos (multicelulares)
● Produzem esporos → estrutura reprodutiva que pode ser produzido de forma sexuada ou
assexuada
● Podem produzir estruturas específicas para a reprodução
● Em alguns casos podem ser dimórficos, ou seja, apresentam as duas morfologias
dependendo da temperatura.
● Podem ser também pleomórficos, dependendo das condições ambientais/nutricionais
(cândida)
❖ Haplóides (homo ou hetero cariótipos)
❖ Não possuem plastos (cloroplastos-clorofila/amiloplastos-amido) ou pigmentos fotossintéticos
Morfologia fungos
❖ Os fungos apresentam duas unidades
morfológicas básicas: leveduriforme ou hifas
❖ As Hifas são filamentos microscópicos dos fungos
pluricelulares.
● Um emaranhado de hifas formam um micélio.
● A coloração dos micélio é determinada por
diferentes colorações
❖ Leveduriformes correspondem à
macromorfologia dos fungos.
Características das células fúngicas
❖ Parede celular: diferentes
composições.
❖ Anticorpos: específicos para cada
espécie.
❖ Cápsula: Envoltório mais externo
composto de mucopolissacarídeo.
Estrutura antigênica, facilita a
aderência e dificulta a fagocitose.
5
Júlia Souza
Características Adaptativas
❖ pH favorável varia de 4.0 a 5.5 na maioria deles
❖ Luminosidade é importante para biossíntese de pigmentos e esporulação
❖ A temperatura ideal varía de 20 a 40 ºC (mesófilos)
❖ Apresentam o dimorfismo
● Hora se comportam como bolor (22-28ºC) e hora se comportam como levedura (35-37ºC).
❖ Na maioria dos casos, a forma infectante é a forma de bolor e a forma parasitária é a levedura.
Para causar a doença a pessoa deve entrar em contato com os esporos, que podem ser micro ou
macro conídeos
Se o fungo tem quitina e outras estruturas que não são encontradas no corpo humano, elas são
estruturas passíveis de ação de antifúngicos
Um bom antifúngico é aquele que consegue atingir o fungo sem prejudicar a célula humana
Características Estruturais das Hifas
❖ As hifas podem se apresentar de duas formas:
1. Hifas Septadas
2. Hifas Cenocíticas
❖ A coloração dos micélios (conjunto de hifas) é
determinadas por diferentes colorações
1. Hifas Demáceas (fungos que tem cor)
2. Hifas Hialinas (fungo transparente)
● Corado com azul de algodão
Tipos
Leveduriformes
❖ Reproduzem se forma semelhante às bactérias
❖ Em sua MacroMORFOLOGIA (olho nu) - vemos colônias → para
que seja possível diferenciar de uma bactéria é necessária uma análise
microscópica
❖ MicroMORFOLOGIA → no primeiro aumento do microscópio já
conseguimos ver as células, diferente das bactérias
6
Júlia Souza
Filamentosos
❖ Possuem um aspecto de algodão ou musgo
❖ Em sua MacroMORFOLOGIA → é possível perceber
que é um fungo do tipo filamentoso
❖ Sua MicroMORFOLOGIA → é usada para diferenciar
fungos filamentosos de espécies diferentes que
possuem a mesma morfologia
❖ Processo de Diferenciação dos esporos dos fungos filamentosos: dimórficos em leveduras
❖ Esporos Verdadeiros (originam estruturas reprodutivas)
❖ Esporos Falsos (não originam estruturas reprodutivas)
Mecanismos fúngicos para evasão de SI
❖ Penetração e multiplicação em células evitando mediadores extracelulares
❖ Variação de antígenos de superfície dificultando o reconhecimento
❖ Revestimento de PAMP que impede o reconhecimento
❖ Modulação de sinais inflamatórios
❖ Internalização de células não fagocíticas
❖ Modulação de TLR, persistência nos macrófagos
❖ Evasão do sistema complemento e da resposta inata humoral.
❖ Modulação da apoptose que promove a difusão do parasita no hospedeiro.
❖ Quando os microrganismos resistem aos efeitos dos macrófagos ativados, podem formar
granulomas.
7
Júlia Souza
IMPORTANTE.:
➔ A primeira exposição dos humanos a fungos, ocorre no nascimento quando entram em
contato com Candida albicans na passagem pelo canal vaginal, o fungo coloniza a cavidade
oral e partes do trato gastrointestinal do recém-nascido onde permanece ao longo da vida.
➔ Tamanho: Quando a porta de entrada no hospedeiro é via inalatória, as estruturas fúngicas
apresentam tamanhos reduzidos, de formaa ter acesso aos alvéolos.
➔ Dimorfismo: Capacidade de converteram a forma saprofítica filamentosa para a forma
patogênica quando dentro do hospedeiro. Protege contra a morte por neutrófilos e
macrófagos.
➔ Componentes da parede celular:
● Beta-glucanos são altamente imunogênicos.
● Quitina que são reconhecidos pelo sistema imune por meio de receptores PRR de células
dendríticas e macrófagos.
● Melanina: resistente à fagocitose por macrófagos.
- Sua presença na parece celular altera a carga da superfície do fungo que pode
interferir na fagocitose.
● Cápsula: promove repulsão dos fagócitos, evitando que neutrófilos cheguem perto do
fungo.
● Adesina: facilita a adesão e disseminação do fungo para outros tecidos. Tem expressão
diferencial na fase de levedura e na fase de hifa.
➔ Biofilme: Expressa genes de resistência induzida que protegem contra a resposta imune.
➔ Pseudo-hifas: Acontece na cândida
➔ Enzimas:
● Proteases: neutralizam as defesas do hospedeiro, facilitam a passagem pela camada
endotelial e facilita entrada pela pele e barreiras
● Queratinases: ajudam a digerir a queratina presente nos cabelos, unhas e pele
● Fosfolipases.
➔ Micotoxinas: Causam intoxicação (tricotecenos), resistentes ao calor.
➔ Receptores hormonais: alguns hormônios podem induzir o crescimento do fungo
Obs: alguns pacientes possuem predisposição para doenças fúngicas: pessoas que fizeram
transplante, tem tuberculose, queimados, AIDS, prematuros...
8
Júlia Souza
Mecanismos de Virulência dos Fungos
Microbiota humana
❖ Os microrganismos que habitam os diversos sítios anatômicos do corpo são classificados, em:
Microbiota residente (indígena, normal ou autóctone)
❖ É composta por microrganismos que estabelecem uma residência mais ou menos permanente
(colonização), e que não produzem doenças em condições normais (não patogênicos)
❖ São altamente dependentes das condições às quais um indivíduo é exposto.
❖ Geralmente encontrados em superfícies externas e internas
❖ Fatores que afetam a distribuição e composição da microbiota residente:
● Nutrientes
● Fatores físicos e químicos
● Defesas do organismo hospedeiro
● Fatores mecânicos
● Idade, estado nutricional, estado de saúde, existência de deficiências
● Estado emocional, clima, localização geográfica, higiene pessoal, condições socioeconômicas
9
Júlia Souza
❖ Caráter anfibiôntico
“Quando os microrganismos se comportam como patógenos
oportunistas diante de situações de desequilíbrio da
microbiota ou ao serem introduzidos em sítios não
específicos”
Exemplo.: Vaginite
Microbiota transitória (transidente ou alóctone)
❖ Microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos
❖ Encontrados em superfícies externas e internas
❖ Geralmente adquiridos pelo contato direto com o ambiente
❖ Em casos de equilíbrio da microbiota residente → possuem pouca importância
● Contudo, podem proliferar e produzir doenças em caso de alteração desse equilíbrio
Relações entre a microbiota e o hospedeiro
❖ Simbiose → relação entre dois organismos na qual pelo menos um é dependente do outro
● Comensalismo: Um organismo se beneficia e o outro não é afetado
● Mutualismo: Ambos os organismos se beneficiam
● Parasitismo: Um organismo se beneficia prejudicando o outro organismo
Microbiota fúngica residente - Micobioma
❖ Os fungos são responsáveis por 0,1% da microbiota total (Qinetal.2010)
❖ Funções atribuídas:
● Manutenção da estrutura microbiana da comunidade
● Função metabólica e imunológica → Interação cooperativa ou não com outro representante
Obs 1.: As infecções fúngicas têm aumentado significativamente com o crescimento do número de pacientes
imunossuprimidos infectados pelo vírus HIV, transplantados ou em quimioterapia
* Doenças antes não associadas aos fungos passaram a levantar suspeitas de relação (hepatite, fibrose
cística e doenças intestinais inflamatórias)
Obs 2.: A caracterização do micobioma é importante para o entendimento da patogênese das doenças:
* Distúrbios causados por Candida albicans no micobioma intestinal pode resultar em doença alérgica
pulmonar induzida por Aspergillus fumigatus no micobioma pulmonar
* Importância da utilização da terapia probiótica na regulação do microbioma intestinal
O papel dos fungos dentro da microbiota intestinal
Usando drogas antifúngicas orais para interromper a microbiota fúngica intestinal em camundongos,
Wheeler et al. (2016) descobrem que a disbiose da comunidade fúngica pode piorar o desfecho da
colite e de doença alérgicas de vias aéreas
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Júlia Souza
Mecanismos de virulência dos fungos de interesse médico
Patogenicidade
❖ Capacidade do microrganismo para causar uma doença
❖ O processo inclui:
● Encontrar um reservatório (humano, animal ou ambiente) e ser transportado até lá
● Aderir, colonizar e/ou invadir o hospedeiro
● Escapar dos mecanismos de defesa do hospedeiro e causar o dano
❖ Virulência → grau de patogenicidade
Mecanismos de evasão dos agentes infecciosos
❖ Linhas de defesa:
● Primeira: barreiras epiteliais
● Segunda: mecanismos da imunidade inata (agentes infecciosos extra e intracelulares)
● Terceira: mecanismos de imunidade adaptativa (agentes infecciosos extra e intracelulares)
Patógeno Fúngico Primário
Coccidioides immitis
❖ Resistência dos Conídios à Destruição Fagocítica;
● Estímulo de uma Resposta Imune TH2 Ineficiente por Coccidioides immitis;
● Produção de Urease; Proteinases Extracelulares;
● Mimetismo Molecular
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Júlia Souza
Internalização de células não-fagocíticas: escapar de mecanismos de defesa extracelulares;
Modulação de TLR para infectar células e garantir sua multiplicação
Histoplasma capsulatum
❖ Reside nos Macrófagos do Hospedeiro; Alteração da Composição da Parede Celular da Levedura
❖ Modulação do pH do Fagolisossoma e captação de Ferro e Cálcio;
Ativação macrófago: GRANULOMAS
❖ Quando ocorre:
● Quando os microrganismos resistem aos
efeitos dos macrófagos ativados
+ Resistência aos fagolisossomas
+ Escape das vesículas celulares
+ Estimulação antigênica crônica
❖ Inflamação granulomatosa:
● Interfere no funcionamento do tecido
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Júlia Souza
Patógeno Fúngico Oportunista
Aspergilose
❖ Evasão do Sistema Complemento: através da ligação com os inibidores do complemento;
❖ Evasão da resposta inata humoral: pela produção de moléculas de superfície, inibindo a
formação da C3 convertase;
❖ Modulação da apoptose: para promover a difusão do parasita no hospedeiro;
❖ Penetração e multiplicação em células: evitando mediadores extracelulares;
❖ Persistência nos macrófagos: A fagocitose não é necessariamente a morte do microrganismo;
Diminuição das defesas imunológicas
Imunossupressão
Infecção
Entrada do microrganismo, invasão e colonização dos tecidos do hospedeiro e lesão tecidual ou prejuízo
funciona
Subclínica
Não apresenta sintomas
clínicos visíveis
Clínica
Doença visível, devido a danos celulares (
competição de metabolismos; metabólitos tóxicos;
replicação do fungo; consequência da respostas
imune)
Vias de entradas
❖ Pele, trato respiratório, gastrointestinal, canal vaginal, ...
❖ A grande maioria dos fungos: lesão traumática ou inalação
❖ A primeira exposição dos humanos a fungos, ocorre no nascimento quando entram em contato
com Candida albicans na passagem pelo canal vaginal (parto normal) durante este processo, o
fungo coloniza a cavidade oral e partes do trato gastrointestinal do recém-nascido.
● Ex:
- Malassezia furfur coloniza zonas da pele ricas em glândulas sebáceas e, tal como a C.
albicans, apenas em algumas circunstâncias causam doenças
- Outros: provém de fontes exógenas (vegetação em decomposição, ar e outras microbiotas)
Fatores de virulência fúngica
❖ Características do fungo que facilitam a sua adaptação e propagação no hospedeiro
❖ Mecanismos que facilitam a sua multiplicação no hospedeiro → Tamanho
Tamanho
❖ Na via inalatória, as estruturas fúngicas apresentam tamanhos reduzidos, de forma a ter acesso
aos alvéolos.
❖ Histoplasmose é um exemplo de infecçãocausada pela inalação de esporos de um fungo
encontrado frequentemente em fezes de pássaros e morcegos
13
Júlia Souza
Termotolerância
Dimorfismo
❖ Capacidade de converterem a forma saprofítica filamentosa (hifa e conídios), encontrada no
meio ambiente, para a forma patogênica de levedura quando dentro do hospedeiro a 37°C.
❖ A Conversão oferece proteção contra a morte por neutrófilos e macrófagos.
❖ Os neutrófilos são mais eficientes em matar conídios do que leveduras.
Melanina
❖ São polímeros carregados e hidrofóbicos, e sua presença na parede celular altera a carga da
superfície do fungo e esse fato promove resistência à fagocitose por macrófagos
❖ Proteção também contra os peptídeos microbicidas liberados pelos fagócitos, pois o pigmento é
capaz de absorver essas moléculas, impedindo que atinjam o alvo.
Cápsula - Cryptococcus neoformans
❖ Repulsão eletrostática dos fagócitos: evita que os neutrófilos cheguem perto do fungo
Adesinas
❖ A aderência é o primeiro passo nos processos infecciosos - e as células expressam diferentes
moléculas na superfície que serão responsáveis por esse processo.
❖ Expressão diferencial na fase levedura e na fase hifa. (Gp43 - P. brasiliensis)
❖ Facilita a adesão e disseminação do fungo para outros tecidos
Biofilme
❖ Penetração restrita através da matriz
❖ Expressão de genes de resistência induzida por contato com a superfície (bombas de efluxo
multidroga resistente)
❖ Proteção contra a resposta imune
14
Júlia Souza
Enzimas
❖ Proteases: Ex.: Candida albicans e Trichophyton
● Neutralizar parcialmente as defesas do hospedeiro;
● Facilitar a passagem pela camada endotelial e posterior disseminação
● Facilitar a entrada pela pele e pelas barreiras (mucosas)
❖ Queratinases: Ex.: Dermatófitos
● Ajudam a digerir a queratina presente nos cabelos,
unhas e pele.
❖ Fosfolipases e lipases
Micotoxinas
❖ Exógenas (micotoxicose): toxina produzida e liberada no meio externo, pode ser ingerida.
❖ Endógenas (micetismo): toxina produzida e liberada no meio interno
● Fungo é ingerido, causando a patogenia.
❖ Produzidos no final do fase Log do crescimento de fungos filamentosos
❖ Nem todos os fungos produzem, mas um mesmo fungo pode produzir mais de um tipo
❖ Uma micotoxina pode ser produzida por mais de uma espécie fúngica
❖ Altamente resistentes ao calor e sua produção é favorecida em temperaturas entre 25-30°C
● Ex: Fungo Trichotheciumroseum; Penicillium sp.; Fusarim sp.; Aspergillus sp.
❖ Tricotecenos: maior grupo de micotoxinas conhecidos atualmente, encontrados em grãos de
trigo, cevada, aveia e milho. São produzidas pelos fungos dos gêneros Fusarium, Stachybotrys,
Trichoderma e Trichothecium. Os efeitos envolvem náusea, febre, dores de cabeça e vômitos.
Receptores hormonais
❖ Alguns fungos apresentam receptores para 17 β-estradiol
❖ Testosterona e progesterona podem induzir o crescimento do fungo.
Paracoccidioides brasiliensis
❖ Ambos os sexos apresentam o mesmo contato com, porém a frequência em homens é maior.
❖ Somente até a puberdade a incidência da doença é a mesma entre os dois sexos.
❖ Influências Hormonais na Infecção
❖ O Papel das Glucanas da Parede Celular na Patogênese de Paracoccidioides brasiliensis
❖ Resposta ao Antígeno Imunodominante, gp43
Estratégias de defesa do hospedeiro e fatores
❖ Predisposição a doenças fúngicas
● Doenças: leucemia, linfomas, pneumonias...
● Medicamentos: substância anti-neoplásicas, esteroides, drogas imunossupressoras,
antibióticos;
❖ Procedimentos terapêuticos
● Transplante de órgãos
● Implante de válvulas artificiais
● Radioterapia
15
Júlia Souza
❖ Outros fatores:
● Queimadura graves;
● Diabetes;
● Tuberculose;
● AIDS.
● Recém-nascido prematuro
Micoses: classificação clínica
❖ Micoses superficiais e cutâneas
❖ Micoses subcutâneas
❖ Micoses sistêmicas
❖ Micoses oportunistas
16
Júlia Souza
Diagnóstico Micológico
❖ O diagnóstico laboratorial das micoses é realizado pela demonstração da presença do fungo
causador da doença no material clínico através de exames micológicos.
Pré-requisitos
❖ Antes da coleta o paciente não pode estar fazendo uso de antifúngicos tópicos ou sistêmicos.
❖ Caso esteja, é necessária a interrupção do tratamento por pelo menos 15 dias antes da coleta.
❖ No caso das mulheres, as unhas devem estar sem esmalte pelo menos uma semana antes da
coleta, em casos de suspeita clínica de micose de unha.
❖ É importante também que o paciente esteja com o local da lesão suspeita limpo
Coleta da amostra
❖ Unhas; pelos, cabelos, barbas e bigode, pele e mucosas
❖ Órgãos e/ou Líquidos corpóreos ou lavado
Materiais Necessários
❖ Bisturi pequeno ou lâmina de bisturi
❖ Pinça - Estiletes - Tesouras
❖ Lâminas de microscopia - Placas de Petri
❖ Frascos estéreis - Tubos de ensaio com salina esterilizada
❖ Swabs - Fita adesiva – tipo “durex”
Isolamento do Fungo
17
Júlia Souza
Meios de Cultura
❖ Agar Sabouraud com cloranfenicol:
● Meio com nutrientes que favorece o crescimento de diversos fungos leveduriformes e
filamentosos
● Como o meio não é seletivo, pode ocorrer contaminação por bactérias
❖ Agar Mycobiotic = Mycosel
● Seletivo para fungos patogênicos
● Uso restrito = inibe vários fungos sensíveis à cicloheximida, inclusive leveduras
❖ Agar BHI (Brain Heart Infusion)
● Um meio de utilização geral, adequado para a cultura de uma grande variedade de tipos de
organismos, incluindo bactérias, leveduras e fungos filamentosos provenientes de amostras
clínicas.
❖ Agar Niger
● Um meio seletivo e diferencial utilizado para isolamento de Cryptococcus neoformans
❖ Chromagar
● O meio cromogênico garante a identificação presuntiva do microrganismos de acordo com a
coloração que este apresenta no meio semeado
● As colônias são facilmente identificadas através da coloração diferenciada
18
Júlia Souza
Micoses Superficiais e Cutâneas
❖ São infecções fúngicas que comprometem a região da pele, pêlos e unhas.
❖ Limitam-se a parasitar a superfície da pele, ou seja, esses organismos invadem e colonizam
camadas mortas e queratinizadas, o que na maioria das vezes não causa repercussão histológica.
Doenças Ceratofíticas - Superficiais
Pitiríase Versicolor
❖ Micose Superficial Oportunista
❖ É uma infecção crônica da camada córnea causada por leveduras do gênero Malassezia
❖ 97% dos indivíduos clinicamente normais são portadores do fungo do gênero Malassezia
● O fungo se torna oportunista causando a Pitiríase em casos de disbiose
❖ Assintomática na maioria das vezes
❖ Lipodependente - secreta lipases e utiliza lipídios como nutrientes
● Atinge mais as regiões oleosas do corpo - couro cabeludo e pele, por exemplo.
Membro da biota normal da pele, que passa a determinar manifestações clínicas sob certas condições que
permitem a pseudo filamentação da levedura
Características do gênero Malassezia
❖ Reprodução assexuada - brotamento
❖ Parede celular mais espessa em comparação com outras leveduras, por apresentar a camada
lamelar (diferentes fontes de lipídios - com papel de adesão do organismo na pele humana e no
interior de cateteres) acima da parede celular
❖ Apresenta-se nas formas, levedura e pseudo-hifa, sendo considerado pleomórfico
A - Presença de pseudohifas
B - Sem pseudohifas (não deu tempo de crescer)
C - Deixou crescer em laboratório sem indução
19
Júlia Souza
Fatores que podem alterar o equilíbrio da Malassezia-hospedeiro
❖ Idade, sexo, raça e Predisposição genética
❖ Fatores geoclimáticos que favorecem a hiperoleosidade e a hiperidratação
❖ Desnutrição, Avitaminoses, Diabetes
❖ Síndrome de Cushing (Iatrogênica ou não-iatrogênica)
❖ Imunossupressão ou corticoterapia prolongada (=S. C. Iatrogênica)
❖ Gravidez , Contraceptivo oral
Manifestação clínica e patogênese
❖ Lesões descamativas, geralmente assintomáticas, sem coceira nem dor.
● Hipocrômicas, coloração do marfim ao castanho- escuro, predominantemente no tórax, face
e antebraços. Contudo, outras regiões do corpo, também, podem ser afetadas
❖ Geralmente,tende a ser crônica e recorrente
❖ Máculas descamativas bem delimitadas,
de formato e cor variáveis isoladas ou
coalescentes
● Hipocrômicas (pele clara)
● Hipercrômicas - pele escura
● Eritematosas
● Lesões gotadas - folicular e
perifolicular
O que causa a despigmentação da pele
❖ Ácido azeláico - inibe a enzima responsável pela biossíntese de melanina
● Esse ácido é usado como composto de produtos para tirar manchas da pele
Anti-tirosinase, interfere na melanogênese, cansando hipocromia com a exposição ao sol, estimula
produção de melanina em volta da região afeta, ficando mais evidente ainda a micose
Tratamento
❖ Paciente → ser orientado a evitar hábitos que possam transformar o fungo saprófito em
parasita
❖ Por ser presente na microbiota normal da pele - não podemos eliminar o fungo e sim controlar
❖ Tratamento tópico - pacientes que apresentem poucas lesões e deve também ser utilizado na
profilaxia das recidivas:
● Agentes ceratolíticos → loções, xampus ou sabonetes → Hipossulfito de sódio, sulfeto de
selênio e ácido salicílico.
20
Júlia Souza
● Tópico → Derivados imidazólicos (cetoconazol, clotrimazol, econazol) ciclopirox olamina,
derivados morfolínicos e terbinafina a 1%
❖ Tratamento sistêmico - indicado nas formas clínicas extensas, nas infecções recorrentes ou na
falha da terapêutica tópica
● Cetoconazol 200mg/dia por 10 ou mais dias ou derivados triazólicos
● Itraconazol 200mg/dia, durante cinco dias
● Fluconazol 300mg, dose única
Diagnóstico Diferencial
❖ Hipopigmentação pós-inflamatória
❖ Vitiligo
❖ Pitiríase Rósea
❖ Sífilis secundária
❖ Micose fungóide
Diagnóstico
❖ As lesões maculares múltiplas, inicialmente perifoliculares, com descamação fina.
❖ Sinal de Zileri → Estiramento da pele afetada que pode facilitar a visualização da descamação
❖ Sinal da unhada ou Besnier → consiste em passar a unha sobre a lesão, com a finalidade de
observar a descamação.
❖ Lâmpada de Wood → revela fluorescência com característica prateada, que permite avaliar a
extensão do acometimento cutâneo e também útil para detectar lesões subclínicas
❖ Técnica do Porto → Análise microscópica do material colhido por raspagem ou com fita durex
● Observa-se células leveduriformes agrupadas, semelhantes a “cachos de uva” e fragmentos
de pseudo-hifas curtos e longos.
Outras condições relacionadas à Malassezia
❖ Onicomicose
● Malassezia furfur, pode colonizar as unhas de indivíduos com fator predisponente
● Lâmina ungueal de coloração branco-amarelada e hiperceratose subungueal com onicólise,
não ocorrendo paroníquia
● Diabetes, psoríase ungueal, dermatite seborréica, trauma ungueal ou que estejam fazendo
uso de drogas imunossupressoras
❖ Foliculite Pitirospórica
● Colonização do folículo pilossebáceo
● Pápulas eritematosas ou pústulas perifoliculares
● Tronco e em menor frequência nas extremidades
● Prurido mais comum que na pitiríase versicolor
● Diabetes mellitus, antibioticoterapia e glicocorticóide
prévios
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Júlia Souza
❖ Pustulose neonatal por Malassezia furfur
● Eritema e pápulo-pústulas na face, pescoço e couro cabeludo de recém nascidos
● Provável pelo aumento da secreção das glândulas sebáceas durante o primeiro mês de vida
❖ Papilomatose confluente e reticulada de Gougerot e Carteaud (PCGC)
● Pápulas eritoma-acastanhadas que evoluem para placas hiperqueratóticas e reticuladas,
distribuídas em áreas seborreicas e mais frequentes no sexo femino
❖ Dermatite Seborréica
● Afecção crônica, de caráter recidivante, é caracterizada por inflamação e descamação em
áreas cutâneas ricas em glândulas sebáceas como face, couro cabeludo e tronco
❖ Malasseziose - doença sistêmica
● Infecções oportunistas causadas pela Malassezia
● Maioria dos prematuros necessitam de administração parenteral com catéter intravenoso
Piedra Branca
❖ Infecções fúngicas crônicas e assintomáticas
da cutícula do pêlo
❖ Presença de nódulos firmes e irregulares,
esbranquiçados ou acastanhados
❖ Causada pelo gênero Trichosporon.
❖ Trichosporon ovóides e Trichosporon inkin
Epidemiologia
❖ Trichosporon sp → habita solo, água e
vegetais, a animais como macacos e cavalos
❖ Distribuição universal → predileção por
regiões temperadas e tropicais
❖ Brasil → alta frequência na Região Norte
❖ Afeta indivíduos de ambos os sexos e qualquer faixa etária
❖ Transmissão → permanece desconhecido
❖ Afeta os pelos da virilha e das axilas, relacionada a falta de higiene;
❖ Transmissão sexual → considerados por alguns autores.
❖ Pode fazer parte da microbiota de algumas pessoas → a importância da interação entre o
estado de portador e fatores predisponentes ao estabelecimento da doença.
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Júlia Souza
Aspectos Clínicos
❖ Assintomática - caracterizada por nódulos de coloração branca, cinza pálida ou amarelada.
❖ Os folículos não são invadidos, mas os pêlos podem se tornar quebradiços, dependendo do
tempo de permanência do fungo.
❖ Cabelos, pêlos axilares ou da região crural, barba, bigode, sobrancelhas e cílios
Diagnóstico
❖ Laboratorial
● É feito por meio da análise dos pêlos afetados ao microscópio óptico, utilizando-se hidróxido
de potássio a 20%
● São observados nódulos formados por elementos micelianos (artroconídios e blastoconídios,
binômio que caracteriza o gênero Trichosporon) dispostos perpendicularmente à superfície
dos pêlos.
● Identificação → cultura ágar Sabouraud
● Tricomicose axilar (nódulos menores e podem ser fluorescentes à luz de Wood)
Tratamento
❖ Cortar o pêlo da área afetada,
❖ Antifúngicos tópicos, como imidazólicos, ciclopiroxolamina, piritionato de zinco.
❖ Recidiva é alta (associar à tratamento oral)
Outras Condições relacionadas à Trichosporon
❖ Tricosporonose – doença sistêmica
❖ Infecção fúngica ocasionalmente fatal, encontrada em imunocomprometidos como paciente
neutropênicos, em quimioterapia, portadores de doenças hematológicas e AIDS.
❖ Várias espécies de Trichosporon associadas – T. asahii (+ comum) - pneumonias, endocardites,
ceratites, hepatites, peritonites e infecções hospitalares.
❖ Muitos trabalhos no Brasil relataram casos – alta morbidade e mortalidade, difícil tratamento.
Tinea Nigra
❖ Micose superficial benigna, predominante em climas tropicais, solo e ambientes úmidos
❖ Afeta em geral a pele das regiões palmares, ocasionalmente plantares, manifestando-se por
máculas não escamativas, de coloração que varia do castanho ao negro
❖ Trata-se de infecção fúngica superficial, assintomática, da camada córnea. Dermatose rara,
Tratamento
❖ Azóitos tópicos (cetoconazol, miconazol, isoconazol)
❖ Terbinafrina creme
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Júlia Souza
Doenças Dermatofíticas - Cutâneas
❖ São os fungos filamentosos queratinofílicos que invadem e se propagam na pele queratinizada
de mamíferos, incluindo os seres humanos causando, muitas vezes, infecções contagiosas
❖ Queratinofílicos (filia pelos tecidos queratinizados) e queratinolíticos (produzem queratinases -
enzimas que degradam a queratina)
❖ Transmitidos
● Diretamente - Homem → Homem, Animal → Homem e Terra → Homem
● Indiretamente - por meio de materiais contaminados com escamas de pele parasitadas
❖ Apresentam lesões cutâneas de contornos arredondados, com bordas vesiculosas e pruriginosas
em qualquer parte do tegumento cutâneo
❖ Relacionadas com o aumento das infecções fúngicas
❖ Pertencem a 3 gêneros:
Obs.: razões para mudança de perfil da presença de determinados dermatófitos e dermatofitoses em
diferentes regiões:
* Aumento da expectativa de vida da população, já que essas afetam comumente idosos acima dos 65 anos.
* Aumento gradativo dos processos de migração e miscigenação
* Maior contato das pessoas com animais domésticos, que podem ser a fonte principal de disseminação
* Impacto dos antifúngicos ambientais, tais produtos exercem efeito na ocorrência ou no desaparecimento
de alguns fungos por região. Espera-se, dessa forma, esse mesmo comportamento de pressão seletiva sobre
as espécies dermatofíticas, o que corrobora a epidemiologia variada desse tipo de fungo.
Habitat❖ Classificação de acordo com a distribuição ecológica:
● Dermatófitos geofílicos: encontrados no solo. Patógenos de animais e humanos.
Transmissão via: solo → ser humano. Ex: Microsporum gypseum.
● Dermatófitos zoofílicos: encontrados nos animais. Patógenos de animais e humanos.
Transmissão via: animais → ser humano. Ex: Microsporum canis.
● Dermatófitos antropofílicos: encontrados exclusivamente no ser humano. Transmissão é via:
ser humano → ser humano. Ex: Epidermophyton floccosum e Trichophyton rubrum
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Júlia Souza
Transmissão
❖ Contato com escamas de pele infectada; pelos de parasitados; areia ou terra com fungos
Fatores Inerentes ao dermatófito
❖ Afinidade seletiva às diferentes classes de queratina (pele, pelo, unha)
❖ Virulência
● Produção de artroconídios
● Aderência aos tecidos vivos (germinação dos artroconídios)
● Variabilidade fenotípica
● Produção de toxinas e enzimas extracelulares
❖ Adaptação -- Tecidos queratinizados → ambiente favorável ao desenvolvimento:
● Células do estrato córneo estão mortas e distantes do S.I
● É bem hidratado (estrato) por glândulas sudoríparas e pela perda transepidermal de água
● Temperatura da pele é mais baixa do que a temperatura corporal
● pH da pele está em torno de 5.5 a 6.7
● Exposto ao ar atmosférico
❖ Hospedeiro
● Integridade da epiderme
● Umidade local
● Variações individuais (status imunológico)
● Hábitos (higiene, calçado, populações fechadas)
● Portadores de doenças como diabetes, imunodepressão e AIDS
● Usuários de medicamentos empregados em algumas terapias:
- Antibióticos, imunossupressores para tratamento de infecções bacterianas e câncer.
● Pessoas submetidas a estresse contínuo
Os mais comuns são:
❖ Dobras dos pés (vulgarmente chamada de pé de atleta)
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Júlia Souza
❖ Tipos de Tineas:
● Dermatofitose do corpo (Tinea corporis)
● Dermatofitose dos pés (Tinea pedis)
● Dermatofitose ungueal ou onicomicose
● Dermatofitose do couro cabeludo (Tinea capitis)
● Dermatofitose das dobras da virilha (Tinea cruris)
Tinea Corporis → Herpes Circinada
❖ Lesão superficial, inflamatória, evolução centrífuga, única ou múltipla
❖ Tendência a coalescer.
❖ Aparece principalmente nas pregas corpóreas – inguinal e interdigital
❖ É uma lesão descamativa de coloração rósea, crescimento excêntrico, tende a formar vesículas.
❖ Estão localizadas nas áreas descobertas do corpo.
1. Favorecido por uma lesão cutânea ou escoriação preexistente, mesmo que mínima
2. Filamento fúngico, penetrando na camada córnea da epiderme resultando em lesão
macroscópica com aspecto circular
3. Descamação associada ou não a resposta inflamatória
Tinea Capitis → Tinha de couro cabeludo
❖ Mais comum na infância 4 a 14 anos mas os adultos podem ser portadores assintomáticos
❖ Está associada à pobreza e aos hábitos de higiene precários
❖ Transmissão por meio do:
● Contato: indivíduos infectados, animais doentes/portadores (cães e gatos) ou com terra
● Outros reservatórios: escovas,travesseiros,brinquedos e telefones
❖ A etiologia muda conforme a região do Brasil:
● Sul e Sudeste → Microsporum canis
● Norte e Nordeste → Trichophyton tonsurans
❖ Após a transferência de células fúngicas entre hospedeiros, ocorre a invasão da epiderme ou do
pêlo do cabelo. Sua primeira fase é a adesão entre as células fúngicas e os queratinócitos.
Obs.: Em alguns pacientes, há uma reação inflamatória pronunciada, uma característica frequentemente
vista em infecções zoofílicas ou naquelas transmitidas de animais para humanos; em contraste, em outros,
particularmente naqueles com dermatofitose antropofílica disseminada de humano para humano, as lesões
geralmente não são inflamatórias e persistentes. Ainda não está claro se isso reflete o nível de
responsividade imunológica a essas infecções e que a grande maioria dos afetados não têm doença.
❖ Exemplos: T. tonsurans, Trichophyton schoenleinii e T. violaceum
❖ Epidermophyton floccosum e Trichophyton concentricum não causam tinea capitis.
❖ Existem 3 tipos principais de invasão da haste capilar:
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Júlia Souza
Tinha Tonsurante
❖ Descamação
❖ Única (microsporum) ou múltiplas (Trichophyton rubrum)
❖ Evolução crônica
Tinha Favosa
❖ Provocada pelo T. schoenleinii
❖ Menos frequente
❖ Causa alopecia definitiva
❖ Godet ou Escútula fávica - lesões crateriformes no óstio folicular
❖ Acarreta lesões cicatriciais
Quérion de Celso
❖ Forma aguda acarretada por microsporum
❖ Intensa reação inflamatória
❖ Placa elevada, única, dolorosa, com pústulas e microabcessos
❖ Linfoadenopatia e infecção bacteriana associada
Tinea Capitis - diagnóstico diferencial
❖ Capaz de causar calvície irregular com alterações inflamatórias
❖ Alopecia areata pode mostrar eritema mesmo ser ser escamosa
❖ Lúpus eritematoso discóide
❖ Líquen plano
Tinea Corporis - Tinha de Corpo
❖ Margem geralmente é bem delimitada e os folículos pilosos são predominantes
❖ Lesões circulares, irregulares, inflamatórias com coceiras intensas
Tinea Cruris ou Tinha Inguinal
❖ Descamação na virilha, que se expandem para as coxas e nádegas
❖ Áreas avermelhadas com bordas bem limitadas
❖ Trichophyton rubrum e Epidermophyton floccosum
❖ Transmissões às parcerias sexuais; toalhas, lençóis ou roupas contaminadas
Tinha da unha ou Tinea unguiem (Onicomicose)
❖ Infecção da lâmina ungueal - Trichophyton rubrum e Epidermophyton floccosum
❖ Unhas grossas, opacas, amarelas, com sulcos e irregularidades, quebradiças
❖ Mais comum afetar as unhas dos pés - ambiente úmido e aquecido
❖ Fontes de infecção: Solo, animais, outras pessoas, alicates e tesouras contaminadas
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Júlia Souza
Dermatofitoses nos pés
Tinha da barba ou Tinea Barbae
❖ Semelhante a foliculite bacteriana (FB)
❖ Forma superficial e parece com a tinea corporis
❖ Foliculite pustulosa (associada aos dermatófitos zoofílicos + comuns em áreas rurais, em
trabalhadores que lidam com gado)
❖ Podem causar alopecia e cicatriz permanentes quando não tratadas
Tinha imbricata
❖ Forma clínica - Trichoplryton concentricum
❖ Brasil: encontrada no pantanal mato-grossense e na Amazônia
❖ Suas lesões são circulares e concêntricas de descamação e atingem grandes áreas do corpo
Diagnóstico
❖ Exame Micológico Direto é fundamental
● Pele e unhas
- Coletar escamas na borda da lesão
- Presença de Hifas
● Pêlos
- Coletar no centro e na periferia da placa
- Presença de hifas e esporos dentro da bainha (endotrix) ou fora dela (ectotrix)
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Júlia Souza
❖ Exame direto: dermatofitose - Hifa septada hialina
● Cultivo em placa de petri: colônias com crescimento lento (7 a 28 dias)
● Avaliam-se as características da cultura (macroscópicas e microscópicas)
❖ Exame com a Luz Wood
● Fluorescência esverdeada – Tinha tonsurante;
● Fluorescência verde palha – Tinha favosa;
● Diagnóstico diferencial com outros tipos de lesões;
Tratamento
❖ Tópico: A duração do tratamento depende do local da micose e do agente causal
● Dermatofitoses antropofílicas, causadas por fungos mais bem adaptados ao homem, são
bastante resistentes às medicações. Em geral, exigem tratamento oral, associado ou não a
um dos tópicos.
Profilaxia
❖ Manter, a pele e os pés limpos e secos. Uso de shampoos e controladores de oleosidade.
❖ Não compartilhar roupas, toalhas, barbeadores, escovas de cabelo e outros ítens pessoais
❖ Não andar descalço em academias, saunas, piscinas,
❖ Lavar bem as mãos após contato com animais. Evitar carícias em animais com lesões de pele.
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Júlia Souza
Micoses Subcutâneas
❖ São causadas por uma diversidade de fungos
❖ Acarretam maior morbidade
❖ Invadem tecidos, adaptando-se às
temperaturas mais altas.
❖ Inoculação Traumática: Penetram no
hospedeiro por traumas ou microtraumas
❖ Localizados em abscessos e úlceras que não
cicatrizam
❖ Raramente são sistêmicas
❖ Envolvem as camadas mais profundas da
pele, incluindo a córnea, os músculos e o
tecido conjuntivo
Esporotricose
Sporothrix schenckii
❖ Fungo dimórfico - homem e animais
❖ Distribuição cosmopolita
❖ Encontradoem: folha, cascas de árvores, madeiras, roseiras, espinhos de plantas, algas, bambus,
terra, insetos, poeira, em animais marinhos e até na atmosfera.
Fatores de Virulência
❖ Dimorfismo
❖ Termotolerância
❖ Melanina
● Resistência à fagocitose
● Resistência à anfotericina B
● Maior invasibilidade
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Júlia Souza
Obs.:
* Os diferentes tipos de melanina (DHN, eumelanina e piomelanina) podem proteger Sporothrix
schenckii e outras espécies relacionadas, como Sporothrix brasiliensis, de agressões na natureza
como luz UV e de toxinas produzidas por bactérias vivendo no mesmo ambiente que o fungo.
* Em parasitismo, a piomelanina é capaz de proteger o fungo de radicais livres de oxigênio e
principalmente nitrogênio, além de conferir maior resistência à ação fungicida de fármacos
antifúngicos como a anfotericina B, característica compartilhada, em menor proporção, pela
melanina derivada de L-DOPA.
Distribuição Epidemiológica
❖ Tem distribuição principalmente, no meio urbano suplantando a ocorrência rural
❖ Mais ocorrente em condições climáticas tropical e subtropical
❖ A epidemiologia da esporotricose é influenciada por:
● Virulência do fungo e a resistência do hospedeiro;
● Fatores ecológicos do ambiente; e socioeconômicos: meio social, condições sanitárias,
profissão, hábitos profiláticos e migrações populacionais.
Micose Ocupacional
❖ Fazendeiros, jardineiros, floristas, horticultores, mineradores, bem como, tratadores de animais,
profissionais veterinários são vítimas ocasionais de arranhaduras e mordeduras
Papel dos felinos na cadeia epidemiológica
❖ Fatores inerentes aos felinos:
● Hábitos (urbanos;rurais;afiar unhas)
● Grande quantidade do fungo nas lesões
● Pode ser encontrado em unhas de gatos saudáveis
“Nos gatos, as manifestações clínicas da esporotricose são variadas.
Os sinais mais observados são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, geralmente
com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente”
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Júlia Souza
Patogenia
Aspectos Clínicos
Síndrome Cutânea
❖ Forma mais comum em felinos;
❖ Lesões nodulares, centro necrótico-ulcerado (câncro
esporotricótico), crostas e exsudação purulenta;
❖ Pápula ou placa infiltrada, verrucosa, ulcerosa, macular, erupção
descamativa.
Síndrome Linfocutânea
❖ Forma é mais comumente observada em humanos e cães.
❖ Difusão do microrganismo para o sistema linfático, produzindo
cadeia de nódulos subcutâneos firmes (rosário esporotricótico), às
vezes ulceram.
Síndrome Cutânea Disseminada
❖ Aspecto variável distribuem-se pela pele;
❖ Geralmente comprometimento do estado geral do paciente;
Síndrome Extracutânea
❖ Comprometimento de um ou mais órgãos: fígado, pulmão, TGI, SNC...
❖ Letargia, anorexia, prostração, hipertermia
❖ Humanos: terapia imunossupressora, transplantes ou decorrentes de
doenças debilitantes
“Acometimento do olho é raro, e manifesta-se por conjuntivite, ulcerações
corneais, uveíte, panoftalmites, podendo levar à cegueira total”
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Júlia Souza
Diagnóstico Diferencial
❖ Lesões úlcero-granulomatosas - LECMNT
● L = Leishmaniose
● E = Esporotricose
● C = Criptococose
● M = Micobacteriose
● N = Neoplasias (granuloma)
● T = Tuberculose cutânea
* As doenças infecciosas mais confundidas com
esporotricose cutânea ou cutâneo-linfática são:
leishmaniose tegumentar, nocardiose,
micobacterioses (inclusive tuberculose cutânea).
* Também são descritas estafilococcias,
estreptococcias, infecções por Francisella
tularensis, outros fungos como Fusarium sp, Blastomycosis sp, Paracoccidioidomycosis sp,
Chromoblastomycosis sp, Lobomycosis sp.
* Doenças não-infecciosas relevantes para o diagnóstico diferencial: carcinomas basocelular e
espinocelular; micose fungóide, psoríase, lupus vulgaris, pioderma gangrenoso.
Diagnóstico
❖ Os materiais biológicos examinados são o pus, a escarificação, a biópsia e escarro ou líquor, em
caso de formas mais graves sistêmica ou extracutânea
❖ No caso de lesões fechadas deve-se evitar a punção para evitar uma possível fungemia
❖ Em geral, está escassamente presente no material biológico pus, aspirado ou exsudatos e
biópsia, podendo levar a uma inconclusão do diagnóstico apenas com exame direto.
❖ Montagens com KOH podem revelar leveduras gemulantes globosas ou em forma de charuto,
alongados e fusiformes.
❖ Exames:
1. Exame Direto: Esfregaço > lâminas > microscópio raramente leveduras são vistas
2. Exame para confirmação: Sabouraud dextrose + Cloranfenicol (50mg/L) > 25oC e 37oC
Identificação do agente etiológico
3. PCR
4. Sorológico
5. Histológico
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Júlia Souza
Tratamento
❖ A escolha do tratamento baseia-se:
● Reconhecimento da extensão da infecção e na condição clínica do indivíduo
● Avaliação das interações medicamentosas
● Efeitos adversos e no envolvimento sistêmico.
❖ Iodeto de Potássio: primeira escolha para o tratamento das formas cutâneo-linfática, cutânea
localizada e cutânea disseminada
❖ Itraconazol: fármaco de primeira escolha para o tratamento das formas cutâneas e linfocutâneas
● A escolha do agente antifúngico em pacientes com esporotricose é limitada.
● Estudos de suscetibilidade in vitro e experiência clínica apoiam o itraconazol como
tratamento de escolha para pacientes com a maioria das formas de esporotricose localizada
e a anfotericina B como tratamento preferencial para pacientes gravemente doentes.
❖ Fluconazol e cetoconazol são más escolhas de segunda linha.
Cromoblastomicose
❖ Micose crônica, granulomatosa, supurativa da pele e tecido subcutâneo
❖ Implantação traumática de uma variedade de fungos demáceos que formam corpos escleróticos
Agentes Etiológicos:
❖ Phialophora verrucosa
❖ Fonsecaea compacta
❖ Fonsecaea pedrosoi → Comum no Brasil
❖ Cladosporium carrionii
❖ Rhinocladiella aquaspersa
Características:
❖ Infecção por inoculação de fungos para os tecidos cutâneos via traumática
❖ A infecção não é transmitida a partir de animais ou entre os seres humanos
❖ Mais comum em agricultores, sexo masculino
❖ Raramente leva à mortalidade
Distribuição:
❖ Os agentes são ubíquos na natureza
❖ Algumas espécies são restritas a certos micro-nichos ecológicos ou a uma região geográfica.
❖ Vivem em forma saprofítica, encontrados no solo, em plantas, troncos e pedaços de madeira
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Júlia Souza
Aspectos Clínicos:
❖ Lesão pápulo-descamativa, de evolução lenta e progressiva para lesões cutâneas variadas, com
sintomatologia discreta e a presença de células escleróticas ou muriformes no microscópico
❖ Pápula cresce lentamente e evolui para formar as lesões das duas variantes clínicas mais
frequentes: nódulos verrucosa e em placas
❖ Sem tratamento:
● A infecção lentamente progride para áreas mais extensas
● Nodular, verrugosa, tumoral, placa
Nodular
❖ Forma inicial, mole, rosa ou púrpura, pouco elevada; a superfície é
suave, papilar ou escamosa
Verrucosa
❖ Lesões hiperqueratósicas fazem lembrar a verruga comum (sobretudo
nos pés)
Tumoral
❖ Massa protuberante papilomatosa e ocasionalmente lobulada, coberta
por restos epidérmicos cinzentos, escamadas e por queratose.
❖ Pode ser enorme e com aspecto de couve flor
Cicatricial
❖ São lesões anulares com crescimento centrífugo, cura cicatricial no
centro e curso inflamatório na periferia
Placa
❖ Forma mais rara
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Júlia Souza
Legenda:
* A e B - Lesões nodulares no pé do paciente
* C - Estruturas (células escleróticas ou muriformes) encontradas no exame micológico direto as
quais caracterizam a cromoblastomicose
“Estes são elementos fúngicos poliédricos, de cor acastanhada, com septação em dois planos
distintos que resultam da transformação dimórfica dos agentes de CBM, com o objetivo de
adaptação às condições hostis do organismo do hospedeiro”
“As manifestações clínicas dependem de fatores como virulência fúngica, localização anatômica da
infecção e resposta do hospedeiro. Apresentações nodulares, verrucosas e tumorais são mais
comumente relatadas. Pacientes com doença avançada podem ter mais de uma morfologia
simultaneamente.complicações potenciais: fibrose tecidual incapacitante, infecção secundária,
carcinoma de células escamosas e, raramente, envolvimento de órgãos interno”
Diagnósticos:
❖ Microscopia direta ou histopatologia
Corpos Escleróticos
❖ Corpos Medulares ou células muriformes ou fumagóides)
❖ São células únicas ou agrupadas (arquitetura muriforme), de cor castanha, forma globosa e de
parede espessa visíveis em cortes histológicos;
❖ Características podem apoiar a capacidade dos fungos etiológicos permanecerem dormentes no
tecido por longos períodos e resistir ao tratamento
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Júlia Souza
Diagnóstico
❖ Cultura: Amostras clínicas devem ser inoculadas em meios de isolamento primário
● Ágar Sabouraud dextrose - aproximadamente 4 semanas
● Características macromorfológicas semelhantes
● Identificação do fungo baseada em aspectos micromorfológicos
Classificação quanto à severidade
❖ Ligeira - nódulos isolados < 5cm de diâmetro
❖ Moderada - Lesões (nódulos, verrugas ou placas) isoladas ou múltiplas cobrindo áreas <15cm
❖ Grave - Lesões isoladas ou múltiplos cobrindo grandes áreas adjacentes ou separadas
Cultura
❖ Microcultivo
● Permite a diferenciação entre os gêneros
● Três tipos da esporulação, com predomínio de um deles para cada gênero e/ou espécie.
Tratamento
❖ Excisão cirúrgica: das crostas grandes.
❖ Termoterapia tópica: tratamento coadjuvante para eliminar o restante dos fungos após o
procedimento cirúrgico. → Tratamento é longo e podem ocorrer recidivas.
❖ Itraconazol: formas leves e moderadas- 200 mg/dia de 8 a 12 meses (90% de cura clínica e
micológica); formas graves- 400mg/dia (40% de cura clínica e micológica)
❖ Não é contagiosa – uso de calçados e proteção nas pernas evitam a infecção.
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Júlia Souza
Micoses Sistêmicas
❖ São infecções causadas por fungos capazes de comprometer não somente a unidade
dermo-epidérmica, mas também o tecido celular subcutâneo e outros órgãos extra cutâneos.
❖ Apresentam diversas características em comum, entre elas:
● Distribuição geográfica limitada - (patógenos endêmicos);
● Os agentes etiológicos estão presentes no solo, em dejetos animais;
● A principal porta de entrada são as vias aéreas superiores;
❖ Tipos de Micoses Sistêmicas
Histoplasmose Coccidioidomicose
Blastomicose Paracoccidioidomicose
Histoplasmose
❖ Agente etiológico: Histoplasma capsulatum
❖ Doença granulomatosa
❖ Afinidade pelo sistema retículo endotelial
❖ Inalação de esporos do fungo
❖ Conhecida como doença de Darling ou
doença das cavernas
❖ Até 1945 → doença rara, de transmissão
desconhecida e quase sempre fatal → muitos
indivíduos com calcificações pulmonares eram
tuberculino-negativos e histoplasmina-positivos
❖ Micose sistêmica, com características de
doença granulomatosa com predileção pelo
pulmão e órgãos do sistema imunológico
❖ Benigna, cosmopolita e contraída
principalmente pela via respiratória
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Júlia Souza
Epidemiologia
❖ Pesquisa de anticorpos → podem ser detectados utilizando a histoplasmina.
Habitat
❖ Solo rico em dejetos de pássaros e morcegos.
❖ Fatores ambientais favorecem e influenciam o crescimento:
● Solos com pH ácido; Umidade elevada; Baixa luminosidade; Temperatura entre 20 e 30 ̊C.
❖ Mamíferos como cães, roedores, gatos, cavalos, marsupiais e quirópteros são suscetíveis
❖ Clima temperado e tropical
Fatores de Risco
❖ Solo enriquecido com excretas de aves como: cavernas, minas, parques públicos, ocos de
árvores, galinheiros, forros de casas e edificações antigas.
❖ Paisagismo, limpeza de sótãos ou celeiros, demolição de prédios antigos e revolvimento de solos
estão associadas à histoplasmose e contribuem para a disseminação das partículas infectantes.
❖ O vetor principal de disseminação em ambientes abertos é o vento.
Histoplasma capsulatum
❖ Fungo dimórfico e não contagioso → Período de incubação: 1-3 semanas;
❖ A Histoplasmose também é causada por um fungo dimórfico térmico possuindo forma micelial
(25°C) e a forma de levedura (37°C)
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Júlia Souza
Fatores de Virulência
❖ Parasito intracelular facultativo – disseminação em macrófagos
● Dimorfismo; Termotolerância; Moléculas de adesão
● Parede celular com estrutura polissacarídica complexa, variação de:
- α- 1,3- glucano (leveduriforme)
- β- 1,3- glucano
● Melanina (resistência): extremos de temperatura, mecanismos de defesa do sistema imune
do hospedeiro e terapias antimicrobianas
Transmissão
Aspectos Imunológicos
❖ As células dendríticas ingerem/matam a levedura e são capazes de apresentar antígeno contra o
histoplasma para os linfócitos T helper
❖ 2 a 3 semanas, uma resposta imune mediada por células T é gerada, impedindo a disseminação
e é responsável para travar a disseminação por destruição dos macrófagos contaminados.
❖ Formas disseminadas da micose: resposta imune do tipo Th2, que produzem citocinas do tipo
IL4, IL5 e IL10 que são inibidoras da resposta protetora Th1
● Os granulomas são mal formados (ou não se formam)
● Há grande proliferação de macrófagos nos tecidos
● Os títulos de anticorpos são elevados
● O curso da doença é agudo e grave
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Júlia Souza
Patogênese
❖ O fungo pode disseminar-se por via hematogênica para qualquer órgão ou sistema.
● Infecção primária, em indivíduos imunocompetentes, usualmente regride espontaneamente.
● Em imunodeprimidos, a infecção primária e as reinfecções podem assumir um caráter
progressivo de gravidade variável.
Aspectos Clínicos
❖ Assintomática
❖ Pulmonar
❖ Disseminada → 1 para cada 50.000 casos: AIDS, alta mortalidade
❖ A gravidade está na dependência da intensidade da exposição, da quantidade de esporos
inalados e da imunidade do hospedeiro
❖ Forma aguda, é uma doença de regressão espontânea
Tipos
Infecção da Histoplasmose
❖ Assintomática
❖ Acomete hospedeiros normais em áreas endêmicas (95-99% das infecções não reconhecidas)
❖ Contato com o agente etiológico é evidenciado apenas com a realização de inquéritos
epidemiológicos havendo conversão da reatividade de negativa para positiva em teste cutâneo,
frente a histoplasmina ou aparecimento de calcificações pulmonares.
Histoplasmose Disseminada
❖ Infecção extrapulmonar progressiva
❖ Ocorre em, aproximadamente, 1 de cada 2000 doentes com infecção aguda
❖ A maioria são imunossuprimidos ou estão nos extremos de idade
❖ Mortalidade sem tratamento: em torno de 50%
Histoplasmose Pulmonar Aguda
❖ Usualmente autolimitada
❖ Mais comum em crianças e em adolescentes
❖ Sintomas: febre, calafrios, cefaléia, mialgias, hiporexia, tosse, dispnéia e dor torácica
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Júlia Souza
❖ A radiografia convencional do tórax revela a presença de infiltrados reticulonodulares
Histoplasmose pulmonar aguda;
múltiplos nódulos pulmonares
em paciente masculino que
inalou grande quantidade de
conídios em galinheiro
abandonado
Histoplasmose Pulmonar Crônica
❖ Tabagistas, mais de 50 anos, portadores de doença pulmonar crônica obstrutiva (DPOC)
❖ Pode progredir lentamente para uma forma fibrocavitária crônica que acomete principalmente
os lobos superiores dos pulmões;
❖ Clinicamente observa-se a presença de febre baixa vespertina, perda de peso, sudorese noturna,
dor torácica e tosse com expectoração hemoptóica, quadro este indistinguível daquele
observado na tuberculose pulmonar
❖ Pode se apresentar ao clínico sob a forma de um nódulo pulmonar solitário (Histoplasmoma)
❖ Diagnóstico diferencial principal é o câncer de pulmão.
Diagnóstico
❖ Exame direto: empregando-se colorações especiais.
❖ Cultura de Escarro/Broncoscopia: Podem demonstrar crescimento do fungo em até 2 semanas.
● A forma patogênica de um único brotamento, da levedura é isolado a partir de amostras de
tecidos infectados e ocorre quando o micro-organismo é cultivado a 37oC em laboratório
❖ Cortes histológicos
● O estudo histopatológico de várias espécies de tecidos (pulmão, gânglios, fígado, medula
óssea) mostra a presença de granulomas,com ou sem necrose de caseificação, em
indivíduos imunologicamente competentes
● Nos imunodeprimidos, é frequente a presença de granuloma frouxo, agregados
linfo-histiocitários ou apenas infiltrado mononuclear difuso.
Tratamento
❖ Depende a da extensão e gravidade da doença, como da competência imunológica do doente
❖ Maioria dos doentes não necessita de tratamento na forma aguda da histoplasmose
❖ Anfotericina B para as formas graves, pulmonares ou disseminadas.
❖ Itraconazol ou cetoconazol: tratamento utilizado nas formas leves e moderadas, e na
manutenção pós tratamento com anfotericina B. Pacientes intolerantes ao itraconazol, fazem
uso de voriconazol e posaconazol
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Júlia Souza
Blastomicose
❖ Blastomyces dermatitidis
❖ Infecção crônica granulomatosa pulmonar
❖ Possível disseminação hematógena e focos cutâneos
❖ Difere da PCM:
● Não é restrita ao continente americano – casos na África;
● Apresenta surtos epidêmicos no Brasil;
● Relativamente incomum;
● Comum em cães;
Pyogranulomatous Inflammation benigna, nódulo solitário (tecido com granuloma), podendo ser encontrado
em qualquer local do corpo, geralmente no sítio de trauma como resposta do tecido ou infecção não específica
Epidemiologia
❖ Semelhante a histoplasmose → EUA – vales dos rios Mississipi e Ohio; Canadá; Novo México..
❖ Delimitação geográfica – baseia-se em casos relatados →
Habitat
❖ Não se conhece o reservatório natural do agente. Isolada com dificuldade de solos, vegetais, e
de vegetais em decomposição. Afeta principalmente os agricultores que trabalham a terra que
contém os seus esporos (produzidos pela forma sexual livre).
❖ América do Norte; Solos com pH ácido; Dejetos animais; Fontes de água
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Júlia Souza
Blastomyces dermatitidis
❖ Dimórfico
● 37ºC leveduras – colônias de coloração creme
● 25ºC filamentoso - colônia branca a creme: algodonosa (até 50 dias)
Transmissão
❖ Contágio, inalação de conídios a partir de fontes ambientais
❖ A doença também afeta cães e gatos, sendo muito mais comum nesses animais
Patogênese
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Júlia Souza
Aspectos Clínicos
❖ Forma pulmonar aguda e crônica
❖ Forma cutânea crônica
❖ Forma cutânea de inoculação primária
❖ Forma disseminada
Blastomicose Pulmonar
❖ Ocorrem no mínimo em 70% dos casos clínicos;
❖ Sintomas: Febre (100%), tosse produtiva (83%) e dor torácica – imitando quadro pneumônico
bacteriano com achados radiológicos de infiltrado micronodular disseminado.
❖ Apesar da infecção pulmonar piorar lentamente, por vezes melhora sem tratamento.
❖ Óbitos: Idade avançada, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer com comorbidades.
Blastomicose Cutânea
❖ Manifestação frequente em 57% dos casos
❖ Micose sistêmica com maior comprometimento cutâneo em paciente imunocomprometido
❖ A localização cutânea se deve pela disseminação hematogênica do fungo ou da inoculação
cutânea primária (raro).
❖ Lesões são de evolução lenta, ulceradas e formação de abcessos – face e extremidade
Diagnóstico
❖ Amostras clínicas: raspado de lesão, material purulento ou secreção brônquica
● Cultivo // Exame direto // Exame histopatológico
❖ Aspectos Microscópicos: pelo método de retalhamento das colônias em temp ambiente:
● Conídios solitários, redondos, parede lisa..
● Levedura a 37 graus - parede espessa, brotamento solitários com istmo largo
Diagnóstico Diferencial
❖ Forma pulmonar: pneumonia bacteriana e viral - Tuberculose; - Histoplasmose; - Neoplasias;
❖ Forma cutânea: Cromoblastomicose; - Esporotricose;
❖ Blastomicose pulmonar aguda: pode ser inicialmente diagnosticada como pneumonia
bacteriana ou viral adquirida na comunidade.
❖ Blastomicose pulmonar crônica: é geralmente considerada inicialmente como malignidade ou
tuberculose.
Tratamento
❖ Depende do acometimento - pulmonar, cutâneo ou disseminado
● Anfotericina B
● Itraconazol
● Fluconazol - alternativa àqueles pacientes incapazes de tolerar o itraconazol
Coccidioidomicose
❖ Coccidioides immitis ou Coccidioides posadasii
❖ Conhecida: micose do novo mundo – descrita pela primeira vez na Argentina
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Júlia Souza
❖ Micose sistêmica, predominantemente pulmonar, podendo, também, comprometer pele,
laringe, ossos, articulações, meninges, entre outros.
Epidemiologia
❖ Regiões áridas e semi-áridas do continente americano, sendo o sudoeste dos Estados Unidos e o
norte do México as áreas de maior prevalência
❖ Ocorre também em áreas endêmicas da América do Sul – Brasil → exclusivamente no Nordeste
Fatores de Risco
❖ Habitat - terrestre
❖ Associado a escavações em sítios arqueológicos, treinamentos militares em áreas endêmicas –
além de distúrbios naturais como terremotos e alterações climáticas
❖ Afeta qualquer idade, raça ou gênero (ocorrendo mais em homens)
❖ Brasil – relacionado a caça de tatus, encontrado no Piauí, Ceará, Maranhão e Bahia
Como detectar
❖ Antígeno: Coccidioidina ou esferulina – detecção de casos e análises ambientais durante surtos
❖ O pequeno conhecimento da coccidioidomicose no Brasil leva a muitos casos de diagnósticos
errôneos, nos quais a doença é definida como pneumonias, tuberculose e mesmo silicose.
Coccidioides immitis
❖ Fungo geofílico dimórfico que acomete o homem e uma ampla variedade de animais.
❖ 25 oC - assume forma de micélio vegetativo hialino, formando colônias esbranquiçadas (algodão)
❖ 37 oC - Levedura, assume formas atípicas esféricas ou ovais de 5 a 60 μm de diâmetro com
dezenas de endósporos
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Júlia Souza
Transmissão
❖ Artroconídeos infectantes presentes no solo, onde o fungo cresce sob a forma filamentosa.
Aspectos clínicos
❖ Coccidioides immitis tem as vias aéreas superiores como porta de entrada no organismo
❖ Principais formas clínicas:
● Pulmonar primária
● Pulmonar progressiva
● Forma Sistêmica
❖ Cutânea primária – rara – ocorrendo pela inoculação de artrósporo presentes nos cactos ou por
acidente laboratorial – observa-se pápula, nódulos verrucosos que podem evoluir para úlceras e
abcessos.
Tipos
Pulmonar Primária
❖ Forma mais frequente
❖ A maioria dos indivíduos infectados (cerca de 60%) não apresenta manifestações e chegam à
cura espontânea sem nenhuma intervenção médica.
❖ Sintomas de doença respiratória aguda semelhante à gripe, dentre os quais febre, sudorese
noturna, tosse e dor torácica.
❖ A intensidade dos sintomas depende da carga infectante, podendo apresentar quadro de
infecção respiratória grave inespecífica e manifestações alérgicas, principalmente o eritema
nodoso
Pulmonar Progressiva ou Secundária
❖ Pode ocorrer também o acometimento difuso dos pulmões quando há inalação de grandes
quantidades de artroconídios infectantes ou após disseminação hematogênica (forma tardia e
secundária).
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Júlia Souza
❖ Neste caso ocorrem múltiplos infiltrados difusos, com cavidades e manifestações respiratórias
graves com alta letalidade
Disseminada
❖ Rara - 0,2% dos pacientes
❖ Disseminação das lesões para a pele, sistema nervoso central, ossos, articulações → lesões
cutâneas são as mais comuns e se localizam principalmente na face, podendo ser papulosas,
verrucosas, em forma de placa, abcessos superficiais, pústula ou ainda lesões granulomatosas
Diagnóstico Diferencial
❖ Deve ser realizado com cautela
❖ Manifestações com sintomatologia semelhante:
● Tuberculose
● Pneumonia
● Câncer de pulmão
❖ Manifestação pulmonar: assemelha à:
● Paracoccidicidomicose,
● Histoplasmose,
● Criptococose
● Tuberculose
❖ Forma nodular isolada: comumente confundida com neoplasia pulmonar
❖ Não é de notificação compulsória
Diagnóstico Laboratorial
❖ Exame Histopatológico:
● Avaliar a presença de C.immitis no tecido inflamatório.
● Observa-se também granulomas.
❖ Exame Microscópico
❖ Exame a fresco do escarro ou da secreção retirada das ulcerações:
● Punção dos nódulos ou abscesso observa-se a presença do microrganismo com sua
morfologia característica (esférulas).
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Júlia Souza
❖ Cultura:
● Semear o material suspeito.
● Deixar alguns tubos em temperatura ambiente e outros em estufa a 37oC.
● Observar os artroconídios característicos.
❖ Exame radiológico:
● O resultado deste exame revela um quadro semelhante ao da tuberculose.
● Observa- se lesões pneumônicas de infiltração, lesões nodulares, processo pleural.
Tratamento
❖ Como a doença se apresenta de muitas formas, é difícil elaborar um esquema geral de
tratamento, devendo cada caso ser avaliado individualmente.
❖ Drogas mais comumente usadas:
● Fluconazol: (400 mg/dia), bons resultados, mas apresenta recidivas;
● Itraconazol: (400-600 mg/dia), resultado superior quando não há envolvimento do sistema
nervoso central, e menos recidivas;
● Anfotericina B: (dose varia muito, de caso para caso), usada nas formas mais graves da
doença.
Paracoccidioidomicose
❖ Paracoccidioides brasiliensis
❖ Infecção granulomatosa de evolução crônica
❖ Grande polimorfismo clínico:
● As formas pulmonares e cutâneo-mucosas predominam
em órgãos, como gânglios linfáticos, supra-renal, baço,
fígado, intestinos, ossos
❖ Causada por um fungo dimórfico
❖ Caracterizada pela formação de aglomerados de células epiteliais com áreas centrais de necrose
e agregados de leucócitos polimorfonucleares.
❖ Doença de instalação insidiosa e evolução crônica → depende principalmente do estado
imunitário do hospedeiro, podendo apresentar flutuações em sua apresentação.
❖ PCM → doenças infecciosas negligenciadas → não recebe atenção das instituições envolvidas
em políticas de saúde pública e da indústria farmacêutica que não investe no desenvolvimento
de novos antifúngicos
Epidemiologia
❖ Micose sistêmica de maior prevalência na América Latina;
❖ 10 milhões de pessoas infectadas - 2% risco de desenvolver a doença (WHO,2006)
❖ Endêmica no Brasil, Venezuela, Colômbia e Argentina;
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Júlia Souza
❖ Brasil tem o maior número de casos da doença - ocorrem aproximadamente 150- 200 mortes/
ano - estados mais afetados: São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia
❖ Aumento crescente de registros de casos nos estados da região Centro- Oeste e Norte
associados ao avanço da fronteira agrícola nos limites da floresta amazônica
Como detectar
❖ Intradermorreação → paracoccidioidina
● Auxiliam no mapeamento das regiões endêmicas.
❖ Prevalência em áreas endêmicas de 11,0 a 43,8% de contato com o fungo, sendo semelhante
entre os sexos.
❖ Entre adultos, há proporção de acometimento de 5,4 a 10 homens para uma mulher.
Fatores de Risco
❖ Atividades relacionadas ao manejo do solo:
● Atividades agrícolas; Terraplenagem; Preparo do solo
❖ Sexo masculino: produção de hormônios diferenciados
❖ Tabagismo e Etilismo
Habitat
❖ Saprófita de solos e vegetais → Florestas úmidas (tropicais e subtropicais)
● Solos de locais - Brasil, Venezuela e Argentina
❖ Mamíferos Selvagens → Porco-da-índia; porco-espinho; guaxinim e tatus
Paracoccidioides brasiliensis
❖ Dimorfismo termo-dependentes: causada por um fungo dimórfico térmico possuindo forma
micelial (25 graus) e a forma de levedura (37 graus)
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Júlia Souza
A infecção por inalação dos esporos (células) do fungo (na forma filamentosa) existentes no solo. No
interior dos pulmões, os esporos se modificam para a forma de levedura, a causadora da PCM
Transmissão
❖ Alveolite com migração de neutrófilos → substituídos por linfócitos e macrófagos
❖ Alterações → similares ao da tuberculose. Há formação de granuloma (forma mais típica de
reação inflamatória tecidual)
Granuloma
Relacionado à resposta imune do hospedeiro
e deve representar uma resposta
tecido-específica ao fungo na tentativa de
destruí-lo e prevenir a sua multiplicação
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Júlia Souza
Patogênese
❖ Os granulomas podem apresentar formas variadas, desde compactos e com poucos fungos (polo
hiperérgico) até frouxos e supurativos, com necrose extensa e muitos fungos (polo anérgico),
que se associam, respectivamente, à defesa imunológica eficaz ou comprometida
Aspectos Imunológicos
❖ P. brasiliensis pode viver no meio intracelular ou extracelular (na área central do granuloma).
❖ Imunidade mediada por células: principal defesa
❖ Associada à padrão Th1: síntese de citocinas que ativam macrófagos e linfócitos T CD4 e CD8,
resultando na formação de granulomas compactos;
❖ Uma resposta eficiente,permite o controle da replicação do fungo;
❖ Na PCM-infecção podem persistir fungos viáveis no interior do granuloma
Aspectos Clínicos
❖ PCM – infecção
❖ PCM – doença
● Forma Aguda
● Forma Crônica
● Unifocal
● Multifocal
❖ PCM associado à imunossupressão
❖ Forma sequelar - residual
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Júlia Souza
Formas
Forma Aguda ou Juvenil
❖ Responsável por 3 a 5% dos casos – predomina em crianças e adolescentes
❖ Evolução rápida: manifestação em 4 a 12 semanas
❖ Envolvimento disseminado de órgãos dos sistema linfóide;
❖ Letalidade -11%
❖ Lesões Mucosas e Pulmonares são raras
Forma Crônica ou Adulta
❖ 90% dos casos – adultos entre 30 e 60 anos, predominantemente do sexo masculino
❖ Evolução lenta
❖ Pulmões, mucosas e pele
❖ Acometimento pulmonar em 90% dos casos
❖ Critérios de gravidade: leve, moderado e grave
Forma Disseminada
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Júlia Souza
Forma Sequelares
❖ São frequentes:
● Pulmonares → alterações do tipo obstrutivo – doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
ou predomínio de fibrose e enfisema – incapacitação para o trabalho
● Lesões neurológicas
● Lesões cutâneas desfigurantes – perioral e intraoral (interferindo na deglutição, fonação e
prejuízo estético)
● Insuficiência renal e da suprarenal.
Diagnóstico Diferencial
❖ Principalmente com Tuberculose pulmonar: semelhanças em relação às alterações radiográficas
e às manifestações clínicas.
● Associação TB e PCM em 5,5 a 25% dos casos (Paniago et al., 2003)
● Principais diagnósticos diferenciais para PCM (Wanke e Aidê, 2009).
❖ Tuberculose pulmonar e micobacterioses atípicas
❖ Sarcoidose
❖ Histoplasmose
❖ Pneumonia intersticial difusa idiopática
❖ Silicose crônica
❖ Coccidioidomicose
❖ Cromoblastomicose
❖ Leishmaniose cutânea e visceral
❖ Hanseníase
❖ Neoplasias cutâneas e da laringe
Diagnóstico Laboratorial
❖ Padrão ouro para o diagnóstico de PCM → encontro de elementos fúngicos nas amostras Coleta
de amostras:
● Raspado de lesões;
● Biópsias;
● Escarro;
● Secreções ;
● Aspirado ganglionar –
material obtido por
broncoscopia
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Júlia Souza
❖ Exames por imagens
Tratamento
❖ P. brasiliensis é sensível à maioria das drogas antifúngicas
● Formas leves e moderadas: Itraconazol ou combinação de sulfametoxazol- trimetoprim VO
● Formas graves: Anfotericina B (ambiente hospitalar) ou associação sulfametoxazol
trimetoprim por via intravenosa
❖ Critérios de Cura:
● Melhora clínica, radiológica e micológica
● Estabilização da ID em 1:2 ou negativação em duas amostras com intervalo de 6 meses após
o tratamento
● Solicitação de sorologia a cada 6 meses, ou em período menor se não houver resposta clínica
satisfatória
● Redução dos títulos de Acs deverá ocorrer 6 a 10 meses após o tratamento
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Júlia Souza
Candidíase ou Candidose
❖ Consiste numa extensa variedade de síndromes clínicas:
● Infecções agudas ou crônicas, localizadas ou sistêmicas
● Leveduras comensais, fazendo parte da microbiota normal dos indivíduos saudáveis:
- Colonização assintomática de trato gastrointestinal,
- Trato reprodutivo,
- Cavidade oral
- Pele
❖ A Candida albicans é a espécie que mais comumente causa a infecção no ser humano
❖ Como colonizadores, essas espécies não causam infecção a não ser que haja uma ruptura no
balanço normal da microbiota ou do sistema imune do hospedeiro.
❖ As espécies do gênero Candida sp. tendem a manifestações agressivas, tornando-se patogênicas
● Doença oportunista:
1. Alterações na microbiota (antimicrobianos)
2. Mudança na resposta imunológica (infecção, terapia imunossupressora)
3. Variação local (pH ou nutrientes)
Gênero Candida
❖ Encontrada nas 3 formas:
● Leveduriforme
● Pseudohifas
● Hifas
Qual a Importância?
Encontrar Leveduras + Filamentos = candidíase
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Júlia Souza
Formas
❖ Os blastoconídios ou gêmulas, sãocomuns nas leveduras e se derivam por brotamento da célula
mãe
❖ Leveduras pleomórficas: adaptar a diferentes nichos biológicos
❖ Blastoconídios: formas leveduriformes no estado saprofítico = colonização assintomática;
permanecem ligados à célula-mãe, formando cadeias, as pseudo-hifas = pseudomicélio
❖ Pseudo-hifas: associadas à processos patogênicos
Além disso, sob condições de crescimento subótimas, nesse fungo pode ocorrer a formação de
clamidósporos (esporos arredondados que possuem uma espessa parede celular).
Fatores relacionados à predisposição
❖ Acomete preferencialmente as crianças e as
pessoas idosas
❖ 5% dos recém-nascidos
❖ 5% de pessoas com doenças neoplásicas
❖ 10% dos pacientes idosos com saúde
precária
❖ Menor frequência como a C. glabrata, C.
parapsilosis, C. tropicalis, C. krusei, C. lusitaniae e C. guilliermondii.
❖ As espécies C. glabrata e a C. krusei apresentam resistência ao antifúngico Fluconazol, por isso
têm sua ocorrência associada ao maior uso desse fármaco em hospitais
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Júlia Souza
Características
❖ A candidíase é a infecção fúngica oportunista mais comum, principalmente devido à
onipresença deste fungo e também porque aumenta cada vez mais o número de pacientes com
fatores de risco para infecção por essa levedura
❖ Indivíduos com risco de infecção grave por Candida:
● Neoplasia hematológica
● Neutropenia
● Usuários prévios de agentes citotóxicos e corticosteróides
● Pacientes internados na UTI: o uso de antimicrobianos de amplo espectro, cateteres
intravenosos e ureterais, procedimentos cirúrgicos prévios, insuficiência renal e nutrição
parenteral
❖ A epidemia da síndrome da imunodeficiência adquirida humana (AIDS) levou a um aumento
significativo das infecções por Candida, sendo que a manifestação primária da infecção nesses
pacientes é a mucocutânea, principalmente a candidíase orofaríngea.
Fatores de Virulência
❖ Conferem a capacidade de produzir doença
❖ Para iniciar o processo de infecção ao hospedeiro, a C. albicans expressa fatores de virulência
tais como:
● Aderência (Agglutinin-Like Sequence (genes ALS) ADESINAS E INVASINAS
● Alterações fenotípicas
● Alteração morfológica- POLIMORFISMO
● Proteção contra lise osmótica (parede celular)
● Liberação de proteases que facilitam que C. albicans atravessar o epitélio do hospedeiro
● Formação de pseudohifas para aumentar a capacidade nutricional e fixação ao tecido
● BIOFILME
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Júlia Souza
Mecanismos de Agressão e Defesa
❖ A forma habitual de infecção por Candida é o deslocamento de seu nicho normal
❖ A primeira tentativa de defesa do hospedeiro é a fagocitose e a destruição por neutrófilos,
monócitos e macrófagos.
❖ A imunidade celular também participa na defesa contra a infecção por Candida, sendo que as
células T são responsáveis pela imunidade contra Candida em superfícies mucosas.
❖ Fenômeno de switching
Fisiopatologia
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Júlia Souza
Manifestações Clínicas
❖ Varia de infecção localizada de mucosas até uma doença disseminada potencialmente fatal
● Resposta imunológica = principal fator que determina o tipo e extensão de infecção
❖ As formas de manifestação da candidíase são basicamente de três tipos:
● Mucocutânea: cavidade oral e o canal vaginal
● Cutânea: áreas úmidas do corpo
● Sistêmica
❖ Em neonatos, o uso de fraldas pode causar erupções, que é uma manifestação comum de
Candida cutânea.
❖ A forma disseminada ocorre em pacientes terminais com doenças debilitantes, neoplásicas,
doenças imunossupressoras e após transplantes de órgãos.
● Nesses casos, pode acometer diferentes órgãos e tecidos como: pulmões, meninges, rins,
bexiga, articulações, fígado, coração e olhos.
Infecções
Infecções Mucosas
Candidíase Orofaríngea
❖ Presente na flora normal da região orofaríngea
❖ Diabético, em gestantes e em pessoas obesas
❖ Antibióticos sistêmicos, corticóides orais e inalatórios e agentes contraceptivos orais podem
contribuir para o desencadeamento das lesões
❖ Tipos:
● AGUDA: pseudomembranosa e eritematosa
● CRÔNICA: atrófica
Candidíase Pseudomembranosa ou “sapinho”
❖ Placas ou nódulos branco-amarelados, de consistência mole à gelatinosa, na mucosa bucal, no
palato, na orofaringe ou na língua, que são facilmente removidas, revelando uma mucosa
eritematosa e não ulcerada sob as placas
❖ Casos mais graves onde os pacientes queixam-se de sensibilidade, ardência e disfagia
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Júlia Souza
Candidíase Eritematosa
❖ Independente ou simultaneamente à forma pseudomembranosa
❖ Lesão sintomática
❖ Sensibilidade é intensa (erosões dispersas pela mucosa e à inflamação)
❖ Com localização preferencial ao longo do dorso da língua
❖ Pacientes infectados com HIV
Candidíase Atrófica Crônica
❖ Conhecida como “estomatite por dentadura”
❖ Frequentemente em pessoas que usam próteses superiores completas
❖ Clinicamente, apresenta-se com uma superfície vermelha viva, de aveludada a pedregosa, de
forma circunscrita ou difusa e ulcerada ou não
❖ Palato encontra-se hiperemiado e doloroso
❖ Os sintomas clínicos são: dor, irritação e distúrbios da salivação, entretanto, muitos pacientes
são assintomáticos.
Esofagite
❖ Quase sempre relacionado com disfunção imune e não somente com fatores locais
❖ Supressão farmacológica da produção de ácido gástrico, uso de antibióticos, vagotomia anterior,
alterações esofágicas funcionais ou mecânicas, e as doenças endócrinas, como diabetes
mellitus, hipotireoidismo e hipoparatireoidismo
❖ Desnutrição, alcoolismo, idade avançada, e terapia com corticosteróides - sistêmica ou inalada -
também tem sido implicado.
Candidíase Vulvovaginal
❖ Infecção da vulva e da vagina
❖ Segunda infecção genital mais frequente no Brasil, precedida pela vaginose bacteriana
❖ 20 a 25% das mulheres adultas apresentam colonização assintomática
❖ Prurido, dispareunia e pela eliminação de um corrimento vaginal em grumos, semelhante à nata
de leite
❖ Algumas vezes acompanhadas de ardor ao urinar e sensação de queimação
❖ Lesões podem se estender pelo períneo, região perianal e inguinal
Balanite
❖ Inflamação aguda ou crônica da glande do pênis
❖ Assintomática, com apenas um leve prurido
❖ Sintomática, iniciando-se com vesículas no pênis que evoluem nos casos intensos, gerando
placas pseudomembranosas, eritema generalizado, prurido intenso, dor, fissuras
Infecções Cutâneas
Candidíase Cutânea
❖ Condições de umidade e temperatura:
● Dobras da pele
● Embaixo das fraldas de recém-nascidos
● Climas tropicais ou durante meses de verão
❖ Diabetes mellitus e HIV também estão associados
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Júlia Souza
❖ Lesões são eritematosas, pruriginosas, muitas vezes pustulares, com bordas bem delimitadas e
quase sempre associadas a lesões satélites menores
❖ Lesões satélites → distingue a candidíase da tinea cruris ou corporis
Obs.: Candidíase da área das fraldas – iniciada por dermatite por irritação (contato da pele com
urina e fezes).
● Pico de incidência ocorre entre 3o e 4o mês de vida
● Eritema, macerado esbranquiçado, pústulas e lesões papulosas
Obs 2.: Onicomicoses
Intenso processo inflamatório que circunda a unha
Lesões Satélites
Candidíase Mucocutânea Crônica
❖ Deficiência de células T helper,
❖ Infecções de membranas mucosas, couro cabeludo, pele e unhas, com uma variedade de
manifestações
❖ Avermelhadas, sobressaltadas, e com hiperqueratinização, e usualmente indolores
❖ Microabscessos na epiderme são comuns na candidíase cutânea aguda, porém raros na
candidíase mucocutânea crônica
❖ Engrossamento, distorção e fragmentação da unha, com inchaço crônico da falange distal.
Alguns pacientes apresentam endocrinopatias associadas, como hipoparatireoidismo,
hipotireoidismo e hipoadrenismo
Candidíase Congênita
❖ Apresentação nas primeiras 24 horas de vida;
❖ Exposição massiva à Candida no canal do parto
❖ Prematuro
● Baixos níveis de IgG materno, opsonização e
função do complemento diminuídos;
● Quebra de barreiras anatômicas (cateter
venoso central e ventilação mecânica)
62
Júlia Souza
❖ As lesões estão presentes

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