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Resumo de Microbiologia - FUNGOS

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Mecanismos de agressão e 
defesa 3 
 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
 
2 
Giovana Arrighi Ferrari 
SUMÁRIO 
CARACTERÍSTICAS GERAIS E MORFOLOGIA DOS FUNGOS ........................................................................................... 3 
IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS NA ÁREA MÉDICA ............................................................................................................................ 3 
FUNGOS: VEGETAIS OU ANIMAIS? ............................................................................................................................................ 4 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS ..................................................................................................................................... 7 
MICROBIOTA FÚNGICA RESIDENTE - MECANISMOS DE VIRULÊNCIA DOS FUNGOS DE INTERESSE MÉDICO ...............16 
MICROBIOTA HUMANA ........................................................................................................................................................ 16 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS MICOSES ............................................................................................................25 
COLETA DA AMOSTRA.......................................................................................................................................................... 27 
ISOLAMENTO DO FUNGO ..................................................................................................................................................... 28 
PRINCIPAIS TÉCNICAS .......................................................................................................................................................... 28 
MEIO DE CULTURA ............................................................................................................................................................. 29 
MICOSES SUPERFICIAIS E CUTÂNEAS I .......................................................................................................................32 
PITIRÍASE VERSICOLOR ......................................................................................................................................................... 32 
PIEDRA BRANCA................................................................................................................................................................. 38 
TINEA NIGRA ..................................................................................................................................................................... 40 
MICOSES SUPERFICIAIS E CUTÂNEAS II ......................................................................................................................42 
DERMATÓFITOS ................................................................................................................................................................. 42 
DERMATOFITOSES OU TINEAS (TINHAS CORPORIS) .................................................................................................................... 42 
MICOSES SUBCUTÂNEAS ...........................................................................................................................................52 
ESPOROTRICOSE ................................................................................................................................................................. 52 
CROMOBLASTOMICOSE ....................................................................................................................................................... 56 
MICOSES SISTÊMICAS ................................................................................................................................................61 
COCCIDIOIDES IMMITIS (CDM) ............................................................................................................................................. 61 
PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS (PCM) ................................................................................................................................ 65 
 
 
 
3 
Giovana Arrighi Ferrari 
MED 114 – Mecanismos de agressão e defesa III 
Prof.ª Carla Quinhones - carla.quinhones@gmail.com 
Características Gerais e Morfologia dos Fungos 
Importância dos fungos na área médica 
*Durante muitos anos a micologia teve pouca expressão na área médica, possivelmente pela falta de diagnóstico adequado 
*Aumento do número de pacientes susceptíveis a variados tipos de infecções 
*Infecções fúngicas têm sido mais frequentes 
*Nas duas décadas passadas emergiram como causas principais de doenças no homem, especialmente entre indivíduos 
imunocomprometidos (Ex.: AIDS) ou hospitalizados, com sérias doenças subjacentes -> Oportunistas. 
É errado afirmar com certeza que todas as doenças fúngicas são oportunistas, algumas não são oportunistas. Como por exemplo, 
lesões por esporotricose não são oportunistas. Candidíase pode ser uma doença oportunista caso ocorra alguma disbiose no 
organismo. 
Doenças primárias – toda vez que entrar em contato com o microrganismo, ele vai causar a doença, a depender da carga 
viral. Não fazem parte da nossa microbiota. 
Doença secundária ou oportunista – o microrganismo tem que ter a oportunidade de entrar e causar a doença, se ele não 
entrar, ele não causa a doença. Podem estar presentes na nossa microbiota ou não. 
Alguns microrganismos que não estão na microbiota podem causar doença oportunista, como a aspergilose. Ao 
inalar esse fungo, se o indivíduo for imunocomprometido, pode desenvolver uma aspergilose. É um fungo 
oportunista, infecta pessoas com o sistema imune comprometido. Tem sido muito comum infecção por 
aspergilose em pacientes com covid-19. 
 
As doenças fúngicas mais frequentes na população: micoses de pele, micoses de unha e candidíase. 
A candidíase é considerada marcadora de outras doenças, especialmente a candidíase oral, uma vez que ela não é comum 
de aparecer em indivíduos imunocompetentes. Desse modo, se o paciente apresentar candidíase oral e tem que investigar 
se há algum grau de imunocomprometimento. 
A criptococose não necessariamente vai ser oportunista, pode ser doença primária também. Vai depender da cepa infectante. 
O aparecimento de doenças fúngicas muitas vezes funcionam como marcadores de imunocomprometimento. 
 
Os padrões de doenças micóticas diferem dos padrões das infecções bacterianas: 
*Poucos são os fungos transmitidos, diretamente, de pessoa a pessoa 
*A maioria das infecções micóticas ocorrem em pessoas com resistência diminuída ou com sistema imunológico comprometido. Mas 
não é uma regra. 
Um indivíduo saudável que desenvolva a doença, tem um aspecto clínico de menor gravidade do que pacientes 
imunocomprometidos. Por exemplo, o paciente saudável que for acometido com alguma doença fúngica pode ter apenas 
o pulmão comprometido, enquanto o paciente imunocomprometido com a mesma doença fúngica pode ter 
comprometimento pulmonar e em todo o organismos de forma sistêmica. 
*Os fungos microscópicos recebem especial atenção porque são causadores de doenças em humanos, em geral causam micoses, 
não causam intoxicação. Micose é quando o indivíduo tem o fungo invadindo ou habitando algum tecido do corpo. Os fungos 
macroscópicos causam doenças relacionadas a intoxicações decorrentes da ingestão, exemplo, shitaque, champignon, etc. Esses 
fungos estão relacionado a intoxicação alimentar. 
https://www.youtube.com/watch?v=wqrOUj4gaVI&t=122s 
O padrão das doenças micológicas é diferente do padrão das doenças bacterianas e virais. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=wqrOUj4gaVI&t=122s
4 
Giovana Arrighi Ferrari 
Fungos: vegetais ou animais? 
*Em 1969 passaram a ser classificados no Reino Fungi 
*Estima-se que existam mais de1,5 milhões de espécies de 
fungos. 
*Leveduras (microrganismos microscópicos unicelulares) – as 
leveduras por muito tempo eram confundidas com bactérias. 
*Cogumelos(macroscópicos ou microscópicos, pluricelulares). 
 
Distribuição dos fungos 
 
Habitat: solo, água, vegetal, homens e animais 
Propágulo fúngico: o propágulo fúngico é o termo geral utilizado para falar que determinada estrutura transmitiu a doença 
fúngica. 
O que determina o propágulo fúngico: forma, tamanho, quantidade e viabilidade. 
O propágulo fúngico é dependente do fungo, ou seja, se o fungo for unicelular, o propágulo fúngico é a levedura, 
uma vez que para contrair a doença o indivíduo tem que ter entrado em contato com a levedura. É a levedura 
que transmite a doença. 
A cândida é uma levedura. 
Nos fungos filamentosos, os propágulos fúngicos são os esporos desse fungo, uma vez que para contrair a doença 
o indivíduo tem que ter entrado em contato com os esporos. 
As estruturas que causam as doenças fúngicas são os propágulos fúngicos, uma vez que são estruturas que 
auxiliam na reprodução do fungo. 
 
Vias de contágio: Formiga e mosca são veículos de microrganismo, como fungos. O fungo também pode vir pelo ar. 
Fatores que influenciam o contágio: velocidade de dispersão, fatores climáticos, distância percorrida e barreiras 
geográficas. 
Substratos: os fungos precisam de substrato para crescerem, são eles: Nutrientes, fatores ambientais, suscetibilidade do hospedeiro. 
Os fungos queratinofílicos precisam da queratina como substrato e causam doenças em locais queratinizados, como 
micoses de unha. 
 
5 
Giovana Arrighi Ferrari 
Quais tipos de doenças fúngicas vamos estudar? 
*Membros da microbiota normal. 
Ex.: Candida albicans - Todo corpo (levedura unicelular). 
As estruturas menores saindo da cândida na imagem ao lado são brotamentos (forma de 
multiplicação desse fungo); 
*Agentes de infecções (micoses e micetomas) 
*Agentes de intoxicação (micetismo e micotoxicoses) 
*Responsáveis por reações de hipersensibilidade (alergia) 
Micose – para ser considerado micose tem que ter parasitismo de tecido humano – tem que ser agente de infecção; para causar 
intoxicação alimentar não tem que parasitar o tecido humano, desse modo, não é micose. 
A micobiota é diferente em diferentes partes do corpo. 
 
Agentes de infecções 
Micoses: parasitismo de tecidos humanos pelos fungos 
 
*Nem sempre pitiríase é causada por fungos, mas sempre que for uma doença fúngica é causada pela espécie malassezia sp. 
*Fungos que infectam a região cutânea da derme são chamados de dermatófitos e recebem a denominação de “tínea” seguido da 
região do corpo que está infectando, por exemplo na foto acima: tinea pedis (infetando o pé). 
*Esporotricose: fungo chamado Sporothrix – tem várias espécies desse gênero de fungo, não é só uma espécie que causa 
esporotricose. O mesmo fungo pode exibir morfologia diferente. A esporotricose, normalmente, não é transmitido de pessoa a 
pessoa. 
 
Cromoblastomicose – é difícil descobrir e diagnosticar essa doença, pois ela é causada por um grupo de fungos e é seguido de um 
trauma (ex.: corte), o grupo é inoculado na região de corte. Esse caso, pode ser considerado uma doença oportunista ou não. Vai 
depender do estado de imunocomprometimento do indivíduo. 
Se cortar o pé e fungo entrar no corte, independente do estado de imunocompromentimento do indivíduo, a doença 
progride. Mas, ela pode ser considerado uma doença primária ou secundária. Se for imunocomprometido, vai ser 
secundária. Se for imunocompetente, secundária. Nem sempre que entrar em contato com o fungo, vai desenvolver 
cromoblastomicose, para isso acontecer tem que ter rompimento da barreira física. 
 
6 
Giovana Arrighi Ferrari 
Micetomas 
‣ é um termo utilizado para designar uma síndrome clínica 
crônica caracterizada por aumento de volume da região 
acometida 
‣ Lesão localizada, intumescida, com grânulos, causada por 
fungos e actinomicetos 
- Actinomicetomas (bactérias) 
- Eumicetomas (fungos) 
‣ Pode levar o indivíduo a invalidez parcial ou total 
‣ Presença de fístulas, tumefação e grãos 
‣ Nome popular “tumor micótico” 
O aspecto do eumicetoma por bactéria e fungo são muito semelhantes, o diagnóstico é feito por meio de biópsia. 
 
Exposição humana às micotoxinas 
 
A toxina de fungo mais comum é a aflatoxina, mas também tem a acratoxina, patulina. 
 
 
 
Micetismo 
‣ Intoxicação ou envenenamento causado pela ingestão de fungos macroscópicos (“cogumelos”) 
7 
Giovana Arrighi Ferrari 
Não é micose 
‣ ingestão de toxinas termoestáveis 
‣alguns resistentes à ebulição 
‣outros tóxicos em combinação com bebidas alcoólicas 
‣ Psilocibina > “cha de cogumelo” 
Ex: Amanita muscaria e espécies Psilocybe produzem efeitos semelhantes ao LSD,que causa sérios danos ao sistema nervoso 
 
Micotoxicoses 
Intoxicação causada pela ingestão de alimentos contaminados com fungos microscópicos (bolores) produtores de micotoxinas 
Ex: Aflatoxinas (B1 e B2) – amendoim, castanhas e outros grãos (são hepatocarcinogênicas) 
Ocratoxina (A e B) – nozes, castanhas e grãos de cereais (arroz), danos hepáticos e renais 
 
A diferença da intoxicação por micetismo e micotoxicoses e que por micetismo a intoxicação é causada por fungos macroscópicos e 
por micotoxicoses a infecção é causada por fungos microscópicos. 
 
Reações de hipersensibilidade 
*~300 espécies de fungos já foram descritas como causadores de alergia 
*Manifesta- se, principalmente, com sintomas clínicos de asma brônquica e rinite. 
 
Características gerais dos fungos 
Os fungos são organismos eucariontes, unicelulares (leveduriformes) ou multicelulares (filamentosos), haploides (homo ou 
heterocarioticos), com parede celular contendo quitina e alfa-glucano. Não apresentam plastos ou pigmentos fotossintéticos. 
Fungos tem parede celular, membrana, camada lipídica. 
 
Característica gerais dos fungos 
Domínio Eucarya 
Diferenciação das plantas: 
- Não sintetizam clorofila 
- Não têm celulose (exceto alguns aquáticos) – fungos aquáticos que não causam doenças em seres humanos tem celulose. 
- Não armazenam amido (como substância de reserva) – eucariotos usam o amido como substância de reserva. 
8 
Giovana Arrighi Ferrari 
Semelhança com as células animais: 
- Presença de quitina 
- Armazenam glicogênio 
 
* Os fungos são ubíquos (encontrada nos mais diversos ambientes) 
* Reprodução sexuada ou assexuada 
* Eucariotos 
* Heterotróficos 
Fungos que crescem na vegetação, liberam exo-enzimas que degradam os constituintes do tecido que estão ao redor do fungo. 
 
Quimiorganotróficos 
*Formas encontradas: 
- Leveduras (unicelulares) 
- Filamentosos (multicelulares, pluricelulares) 
- Alguns dimórficos (forma filamentosa à temperatura ambiente (20º) e leveduras à temperatura corporal 35-37 °C) 
*Dimorfismo – na natureza alguns fungos podem ser encontrados na forma filamentosa, porém, o indivíduo ao inalar o esporo desse 
fungo e esse esporo cair no tecido alvo, como o pulmão, ele se transforma em levedura. Como ele altera sua morfologia, ele é 
considerado um fungo dimórfico. 
O dimorfismo pode ocorrer por causa dos nutrientes disponíveis também e não apenas pela diferença de temperatura. 
 
*Todos os fungos coram pela técnica de Gram e são gram positivos, mas existem outros corantes que são mais indicados. 
 
*Fungos macroscópicos: cogumelos 
*Fungos microscópicos: unicelulares (leveduras), multicelulares (bolores filamentosos) 
Dependendo das condições ambientais/nutricionais, podem exibir pleomorfismo (ex.: dimorfismo) 
Pleomorfismo se refere a capacidade de variar sua forma de acordo com o período do ciclo de vida/reprodutivo ou das condições 
ambientais. 
 
Morfologia 
Os fungos apresentam duas unidades morfológicas básicas: Leveduriforme e/ou Hifa (hifas são semelhantes a raízes/caule) 
❖ As hifas são filamentos microscópicos dos fungos pluricelulares; o emaranhado de hifa é o micélio. 
❖ Tubo microscópico, rico em quitina, no interior do qual se aloja a massa citoplasmática que contém os núcleos. 
9 
Giovana Arrighi FerrariCondições do meio /Temperatura/ Oxigênio/ CO2 >> são fatores que influenciam o DIMORFISMO 
 
 
*Micélio é o conjunto de hifas 
Fungos filamentosos produzem esporos e independente da sua reprodução (sexuada ou assexuada), ele dá origem a um novo fungo. 
Além disso, eles dispersam muito bem no ar, por meio dos esporos, dando origem ao fungo em outro local. Eles vão germinando. 
 
*Se o fungo for dimórfico, dependendo da temperatura em que se encontrar (acima de 35ºC), ele pode dar origem a uma levedura 
e não a uma hifa, que é o que ocorre na temperatura ambiente. O mesmo esporo, se ele for dimórfico, muda o controle da expressão 
gênica, todavia o genoma é o mesmo. 
 
*A coloração dos micélios é determinada por diferentes pigmentos diferentes colorações. 
Hifas demáceas 
Alguns fungos podem alterar a produção de melanina e pigmentação da pele. Mas também pode ocorrer da própria hifa ter 
pigmentação escura e, consequentemente, causar uma lesão escura no paciente. Quando a hifa tem essa pigmentação estura, é 
chamada de hifas demáceas. 
Nas doenças de unha, ocorre mudança da pigmentação local, pois altera a fisiologia da unha, normalmente, não é 
decorrente da morfologia e pigmentação das hifas dos fungos. 
 
Macro e micro morfologia 
Os fungos podem desenvolver-se em meios de cultivo especiais formando colônias de dois tipos: Leveduriforme e filamentosos. 
10 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
Micromorfologia – regiões com leveduras e regiões com hifas. 
Macromorfologia, ex.: é possível observar o bolor no pacote de pão, mas não dá para identificar a micromorfologia, ou seja, qual 
fungo que é. 
 
*Leveduras podem ter a morfologia leveduriformes, que são redondinhas e morfologia de pseudo-hifas (quando elas não se 
“descolam” durante o brotamento). Tanto as Hifa e quanto as pdeudo-hifa tem aspecto de filamento, mas como a origem é diferente, 
os nomes são diferentes. A pseudo-hifa é formada por meio de brotamento. 
Quando o fungo apresentam duas morfologias é chamado de dimorfismos e quando possui mais de duas morfologia é chamado de 
pleomorfismo. 
Ex.: algumas espécies da cândida pode apresentar mais de duas morfologias, desse modo, são definidas morfologicamente como 
pleomorfismo. Ou seja, tem hora que ficam na forma de hifa, pseudo-hifa ou levedura. 
Isso é importante para definir a espécie para utilizar o antifúngico adequado para os pacientes, uma vez que algumas espécies podem 
ser resistentes a determinados antifúngicos. 
 
 
Nos fungos filamentosos, deve-se observar se a hifa tem septo ou não tem septo. Se tive septo é considerada hifa septadas ou hifa 
não-cenocítica e se não tive septo é hifa cenocítica. Isso é importante para definir e identificar o tipo de fungo. É uma característica 
da morfologia. Microscopicamente, os septos normalmente não coram e as cenocíticas cora toda a hifa. 
11 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
Fungos filamentosos ao crescerem na placa de petri tem o aspecto seco, que é diferente do crescimento bacteriano e dos fungos 
leveduriformes. 
É possível observar na figura acima os esporos da forma filamentosas e que eles estão saindo das hifas (os esporos estão sendo 
formado na hifa, não é dentro da hifa) e, nesse fungo, tem micro ou macroconídeos. É importante lembrar que nem todo fungo tem 
dois tipos de esporos e que o macroconídeo é mais fácil de observar. 
A morfologia dos esporos podem ser diferentes. Os esporos macroconídeos acima não são circulares, são fusiformes. E os 
microconídeos não é possível definir a forma, são chamados apenas de esporos. 
Nesse fungo tem macroconídeos e microconídeos que são esporos, os dois podem causar doença, mas o macroconídeo causa doença 
mais facilmente, devido ao seu tamanho. Os esporos são os propágulos fúngicos. 
*É mais caracterizado o macroconídeo, devido ao seu maior tamanho. 
 
A diferença entre fungo e bactéria quando é fungo filamentoso é mais fácil diferenciar, mas quando é levedura é mais difícil. 
Esses microrganismos são ubíquos, isso significa que eles são encontrados em vários ambientes, em várias faixas de pH, amplo 
espectro nutricional. Desse modo, pode ser encontrado bactéria na placa. 
O ágar mais utilizado na micologia é o Ágar Sabouraud, pois ele é um ambiente ideal para o crescimento de fungos. 
 
 
Nesse fungo, na hifa não é possível perceber a produção de esporos. Eles produzem esporos nos conidióforos. Nesse caso, os esporos 
são circulares. 
*O artroconídeo, o esporo é formado dentro da hifa e à medida que for caindo os esporos vai dando origem a um novo 
fungo. 
12 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
 
Esporos verdadeiros x esporos “falsos” 
Esporo verdadeiro é formado em uma estrutura reprodutiva só para ele: aspergilos, rhizopus sporangio. 
Esporos que são formados nas hifas/ao longo das hifas são falsos: microsporum, microconídeo. 
Mas, independentemente da origem, todos são esporos. 
 
*Microsporum gypseum é um fungo filamentoso, dermatófito, responsável por tinhas da pele e do couro cabeludo, havendo casos 
descritos de onicomicoses. 
Ele demora um tempo para crescer em laboratório, como representado abaixo. 
 
Para minimizar essa demora, o profissional pode sugerir o fungo ele está suspeitando, para que o cultivo seja realizado em meio 
adequado. 
 
Citologia dos Fungos 
Célula eucariótica 
‣ Parede celular – não é encontrado em todos os eucariotos. 
‣ Membrana Citoplasmática 
‣ Citoplasma organizado e cheio de organelas 
‣ Organelas 
‣ Núcleo (sempre DNA) 
‣ Estruturas facultativas – a depender do fungo 
 
Parede celular e membrana citoplasmática 
‣ Dá forma à célula fúngica 
13 
Giovana Arrighi Ferrari 
‣ Proteção contra a pressão osmótica 
‣ Sede de antígenos – as proteínas presentes nos fungos são os antígenos para o sistema imune, ou seja, são as proteínas que são 
reconhecidas pelo nosso sistema imune. 
‣ Mananas, glucanas (açúcares), galactanas e quitina 
(L) 
‣ Quitina (B) (diferente de plantas e bactérias) 
Complexos glicoproteicos 
 
Quando o fungo exige algum dimorfismo, a 
proporção de proteínas, quitina, mananas, glucanas, 
galactenas podem ser alteradas. 
ORDEM: membrana plasmática (bicamada lipídica, proteínas de membrana), quitinas, glucanas e manoproteínas. 
 
Diferença de parede celular fúngica: 
 
Nem Todo fungo tem quitina na parede celular, um exemplo é o Pneumocystis, todavia, ele é uma exceção. 
A quitina é um constituinte que se encontra na célula fúngica. 
O glucano presente nas células fúngicas nem sempre são os mesmos, ele pode ser diferentes conformações e ligações químicas, 
tanto que podemos observar na imagem que temos o beta e o alfa glucano. Mas todos os fungos patogênicos têm glucanos. 
14 
Giovana Arrighi Ferrari 
*A capsula é uma estrutura que tem como composição carboidratos – a função da capsula nos fungos é conferir maior resistência a 
fagocitose e desidratação. 
*Alguns fungos contém melanina. Desse modo, se a lesão por fungo estiver escurecida, pode ter 3 motivos: 
1. o fungo pode estar alterando a produção de melanina da pele do hospedeiro, ocasionando lesões hipocrômicas e 
hipercrômica; 
2. Fungo pode conter melanina e deixar a lesão escura; 
3. Fungo ter um pigmento escuro, diferente da melanina. 
 
Estruturas facultativas dos fungos 
Cápsula 
• Envoltório mais externo, de composição mucopolissacarídica 
• Antigênica, facilita a aderência e dificulta a fagocitose 
• Fator de virulência e de resistência à fagocitose Ex.: Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii 
 
Fungos capsulados podem ser corados por tinta nanquim ou tinta da china – ela não cora a capsula. 
 
Fisiologia dos Fungos 
‣Metabolismo próprio 
‣pH – de 4.0 a 5.5 (maioria) – [comparação: maioria das bactérias: pH de 6 a 8 (pH neutro)]; os fungos têm o pH mais ácido. 
‣Umidade – fungos crescem melhor em ambientes mais úmidos. 
‣Luminosidade : biossíntese de pigmentos e esporulação – se mudar a luminosidade, alguns fungos podem mudar de cor. 
‣Temperatura:20 a 40 ºC 
*Aquecimento global: devido ao aquecimento global os fungos podem sofrer alterações/mutações e aqueles que não 
causavam doença em seres humanos, podem vir a causar, por causa da sobrevida deles em ambientes mais quentes. 
 
Dimorfismo 
‣Capacidade de determinados fungos se comportarem ora como bolor ora como levedura, 
determinado principalmente por condições ambientais 
‣O principal fator determinante do dimorfismo é a temperatura 
A temperatura é um fator importante que determina o dismorfismo, mas não é o único 
determinante. 
Em micoses sistêmicas, a temperatura é muito importante 
‣ Na temperatura ambiente (22 e 28°C) apresenta forma filamentosa (bolor) e a 35-37°C apresenta a 
forma de levedura. 
‣ Na maioria dos casos de dimorfismo, a forma infectante é a forma de bolor e a forma parasitária é a 
de levedura. 
 
Forma infectante x Forma parasitaria 
A forma infectante – forma filamentosa no ambiente produzindo esporos. Saprofíticos → bolor e hifas 
(Temperatura ambiente) – essa fase que não exibe parasitismo. 
15 
Giovana Arrighi Ferrari 
A forma parasitária – ao inalar o fungo, ele se apresenta no pulmão na forma leveduriforme. Temperatura ideal: 
35 – 37ºC 
 
 
 
16 
Giovana Arrighi Ferrari 
Microbiota fúngica residente - Mecanismos de virulência dos fungos de interesse médico 
"Onde quer que haja bactérias, também há fungo" – todo local do corpo que tem microbiota tem bactéria e fungo. Temos bactérias 
que sempre vão ser benéficas e tem as oportunistas. Para os fungos, tem os fungos que são sempre benéficos e tem os oportunistas 
(se tive uma disbiose pode causar doença, como a cândida). 
“Claramente, o micobiome humano tem uma influência na saúde e na doença. A comunidade científica deve adotar uma 
caracterização completa do microbioma humano daqui para frente; os estudos que se concentram apenas nas bactérias são 
míopes e fadados ao fracasso, e desperdiçam preciosos fundos de pesquisa ”. 
Mahmoud Ghannoum, microbiologista da Case Western Reserve University. 
“Não há como ignorar o fato de que as bactérias são apenas uma visão parcial. Quantas mais respostas podemos obter ao 
sequenciar nosso micobioma? 
Ying Taur, especialista em doenças infecciosas, Memorial Sloan Kettering Cancer Center 
 
Microbiota humana 
Os microrganismos que habitam os diversos sítios anatômicos do corpo humano são classificados em dois grupos: microbiota (ou 
micobiota) residentes e transitória. 
 
Microbiota residente (indígena, normal ou autóctone) 
•Microrganismos que estabelecem uma residência mais ou menos permanente (colonizam), mas que não produzem doença em 
condições normais. 
•Altamente dependente das condições às quais um indivíduo é exposto. 
•Altamente diversa entre indivíduos. 
 
Papel importante na manutenção da integridade do hospedeiro, quando em equilíbrio em um sítio específico 
↓ 
- Oferecem barreiras contra colonização por patógenos; 
- Produzem substâncias utilizáveis pelo hospedeiro; 
- Degradam produtos tóxicos; 
- Participam da modulação do sistema imune dos hospedeiros 
 
Fatores que afetam a distribuição e composição da microbiota residente: 
‣Nutrientes 
‣Fatores físicos e químicos 
‣ Defesas do organismo hospedeiro 
‣ Fatores mecânico 
Idade, estado nutricional, dieta, estado de saúde, existência de deficiências, hospitalização, estado emocional, estresse, clima, 
localização geográfica, condições higiene pessoal, condições socioeconômicas, ocupação e estilo de vida 
 
Caráter anfibiôntico 
Microrganismos podem se comportar como patógenos oportunistas em situações de desequilíbrio ou ao serem introduzidos em 
sítios não específicos. 
17 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
 
Microbiota transitória (transiente ou alóctone) 
๏ Microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos, encontrados em superfícies externas e internas, durante algumas 
horas, dias ou mesmo semanas. 
๏ Geralmente adquiridos pelo contato direto com o ambiente 
๏ Pouca importância se a microbiota residente estiver em equilíbrio. Caso ocorra alteração neste equilíbrio, os microrganismos 
transitórios podem proliferar-se e produzir doença. 
 
Relações entre a microbiota e o hospedeiro 
Simbiose – relação entre dois organismos na qual pelo menos um é dependente do outro 
 
Muitos microrganismos que fazem parte da microbiota residente 
Bactérias do intestino grosso que sintetizam vitamina K – absorvidas pelos vasos sanguíneo IG fornece nutrientes 
Muitas fungos causadoras de doenças são parasitas 
 
Microbiota fúngica residente → Micobioma 
2010 → termo micobioma foi utilizado pela 1a vez para se referir ao microbioma fúngico 
Fungos→ 0,1% da microbiota total (Qinetal.2010) 
‣ Funções atribuídas: 
• Manutenção da estrutura microbiana da comunidade, 
• Função metabólica e imunológica; 
• Interação cooperativa ou não- cooperativa com outros representantes 
18 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
Razões que comprovam a participação dos fungos na constituição da microbiota das diferentes partes do corpo são: 
(I) a incidência de infecções fúngicas tem aumentado significativamente nas duas últimas décadas, principalmente as 
oportunistas, com o crescimento do número de pacientes imunossuprimidos, infectados pelo vírus HIV, transplantados ou 
em quimioterapia para câncer; 
(II) doenças que eram consideradas como não associadas a fungos, hepatite, fibrose cística e doenças intestinais 
inflamatórias, hoje parecem estar relacionadas ao micobioma de determinados locais 
(III) a interação entre os diferentes biomas e entre o hospedeiro e o micobioma são críticas na progressão das doenças 
 
*MUITO IMPORTANTE → A caracterização do micobioma é importante para o entendimento da patogênese das doenças, bem como 
para o desenvolvimento de novas terapias 
 
“Distúrbio causado pela Candida albicans no micobioma intestinal pode resultar em doença alérgica pulmonar induzida por 
Aspergillus fumigatus no micobioma pulmonar.” 
“Importância da utilização de terapia prebiótica e probiótica na regulação do microbioma intestinal 
“No trato gastrointestinal humano, a levedura Candida albicans, o fungo mais descrito na literatura como membro da microbiota 
intestinal, pode provocar, por translocação, infecções 
sistêmicas.” 
 
Como saber se estou tendo uma disbiose fúngica? 
É através de parâmetro e comparação. 
Usando drogas antifúngicas orais para interromper a microbiota 
fúngica intestinal em camundongos, Wheeler et al. (2016) 
descobrem que a disbiose da comunidade fúngica pode piorar o 
desfecho da colite e de doença alérgicas de vias aéreas. 
 
 
Mecanismos de virulência dos fungos de interesse médico 
Patogenicidade: capacidade do microrganismo para causar 
doença 
Virulência: grau ou extensão da patogenicidade 
 
O processo de patogenicidade inclui: 
‣ encontrar um reservatório (humano, animal ou ambiente) 
‣ ser transportado até o hospedeiro 
‣ aderir, colonizar e/ou invadir o hospedeiro 
‣ escapar dos mecanismo de defesa do hospedeiro 
‣ causar danos no hospedeiro 
 
19 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
 
Mecanismos fúngicos para evasão do SI 
A resposta Imune frente aos fungos e protozoários pode variar dependendo da morfologia que eles se encontram. Defesas imunes 
inatas, incluindo receptores de B1,3-glucano, receptores de manose, dectina-1 e receptores toll-like (TLRs), evoluíram para 
reconhecer e responder aos componentes da parede celular dos fungos. 
A cascata de sinalização levando a expressão de moléculas microbicidas e citocinas 
Sucesso do estabelecimento e sobrevivência dos fungos depende, principalmente, dos mecanismos desenvolvidos por eles para se 
esquivarem do sistema imunológico 
 
Mecanismos: 
✓penetração e multiplicação em células, evitando mediadores extracelulares; 
✓variação de antígenos de superfície, o que dificulta o reconhecimento e ativação de receptores da imunidade; 
✓ revestimento de PAMP, que impede o reconhecimento pelo receptores PRR (TRLs);✓ modulação de sinais inflamatórios; 
✓ internalização de células não-fagocíticas, e com isso escapar de mecanismos de defesa extracelulares; 
✓ modulação de TLR para infectar células e garantir sua multiplicação; 
✓ persistência nos macrófagos, indicando que a fagocitose não é necessariamente a morte do microrganismo; 
✓ evasão do Sistema Complemento, através da ligação com os inibidores do complemento; 
✓ evasão da resposta inata humoral, através da produção de moléculas de superfície anticomplemento, inibido a formação da C3 
convertase; 
✓modulação da apoptose, já que está inibição mostrou prolongar a vida da célula e, assim, promover a difusão do parasita no 
hospedeiro; 
 
Exemplos: 
✓penetração e multiplicação em células, evitando mediadores extracelulares; 
✓persistência nos macrófagos, indicando que a fagocitose não é necessariamente a morte do microrganismo; 
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Giovana Arrighi Ferrari 
 
*Histoplasma capsulatum (parasita intracelular de macrófago) 
• Histoplasma capsulatum Reside nos Macrófagos do Hospedeiro; 
• Modulação do pH do Fagolisossoma; 
• Captação de Ferro e Cálcio; 
• Alteração da Composição da Parede Celular da Levedura 
 
✓variação de antígenos de superfície, o que dificulta o reconhecimento e ativação de receptores da imunidade; 
CAPSULA: Cryptococcus neoformans 
 
✓revestimento de PAMP, que impede o reconhecimento pelo receptores PRR (TRLs); 
A produção de moléculas por um micro-organismo patogênico que são estruturalmente antigênicas e funcionalmente 
semelhantes a moléculas do hospedeiro é denominada mimetismo molecular. Em alguns casos, a infecção pode resultar na 
geração de anticorpos que apresentam reação cruzada com tecidos do hospedeiro e produzem uma patologia do tipo 
autoimune. 
Coccidioides immitis 
• Resistência dos Conídios à Destruição Fagocítica; 
• Estímulo de uma Resposta Imune TH2 Ineficiente por Coccidioides immitis; 
• Produção de Urease; 
• Proteinases Extracelulares; 
• Mimetismo Molecular – FUGIR DO SITEMA IMUNOLÓGICO 
 
✓modulação de sinais inflamatórios; 
21 
Giovana Arrighi Ferrari 
Aspergilose 
Os fungos produzem enzimas para destruir as células do hospedeiro e penetrar nele, como: proteases, elastases, 
fosfolipases. 
 
Ativação de macrófago: Granuloma 
 
Importante 
✓As infecções pulmonares fúngicas são causadas principalmente pelo Histoplasma capsulatum, que causa a histoplasmose, pelo 
Coccidioides immitis, que causa a coccidioidomicose, pelo Paracoccidioides brasilienses, que causa a paracoccideoidomicose, e pelo 
Aspergillus fumigatus, que causa a aspergilose. 
✓A pneumonia crônica causada por fungos é geralmente localizada, em indivíduos imunocompetentes, podendo envolver linfonodos 
regionais. A reação inflamatória é tipicamente granulomatosa. Importante ressaltar que essas doenças apresentam distribuições 
geográficas características, sendo causas de endemias. 
Se for um fungo patogênico primário, o paciente vai ter pneumonia fúngica independente do estado de imunossupressão. 
Se for um fungo patogênico oportunista, o paciente precisa estar imunossuprimido para ter a doença. 
✓As infecções pulmonares fúngicas são causadas por fungos patogênicos primários que apresentam dimorfismo térmico, ou seja, na 
natureza se apresentam na forma de hifas, mas quando invadem o organismo humano (sob influência da temperatura – 37C) 
adquirem a forma de levedura. Na maioria das vezes, são doenças pulmonares, com porta de entrada pelas vias aéreas, porém 
qualquer órgão/tecido pode ser afetado. 
 
Diminuição destas defesas → Imunossupressão: 
Infecção: Entrada do microrganismo, invasão e colonização dos tecidos do hospedeiro e lesão tecidual ou prejuízo funcional 
Clínica: doença visível, devido a danos celulares ( competição de metabolismos; metabólitos tóxicos; replicação do fungo; 
consequência da respostas imune) 
Subclínica: não apresenta sintomas clínicos visíveis 
 
Vias de entrada para doenças fúngicas 
‣Vias de entrada: pele, trato respiratório, gastrointestinal, canal vaginal, ... 
‣Porta de entrara para a grande maioria dos fungos: lesão traumática ou inalação 
‣ A primeira exposição dos humanos a fungos, ocorre no nascimento quando entram em contato com Candida albicans na passagem 
pelo canal vaginal 
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Giovana Arrighi Ferrari 
‣ Durante este processo, o fungo coloniza a cavidade oral e partes do trato gastrointestinal do recém-nascido onde permanece ao 
longo da vida 
 
Malassezia furfur coloniza zonas da pele ricas em glândulas sebáceas e, tal como a C. albicans, apenas em algumas circunstâncias 
causam doença; 
 
Outros fungos – provem de fontes exógenas (vegetação em decomposição, ar e microbiota de animais, filtros de ar-condicionado) 
 
Mecanismos de virulência dos fungos de interesse médico 
‣Fatores de virulência fúngica – características do fungo que facilitam a sua adaptação e propagação no hospedeiro 
‣ Estratégias de defesa do hospedeiro – capacidade de controle e eliminação do fungo 
 
Fatores de virulência fúngica 
Características do fungo que facilitam a sua adaptação e propagação no hospedeiro 
✓mecanismos que facilitam a sua multiplicação no hospedeiro: 
Tamanho 
Quando a porta de entrada no hospedeiro é via inalatória, as estruturas fúngicas apresentam tamanhos reduzidos, de forma 
a ter acesso aos alvéolos. 
Termotolerância 
Temperaturas em que o fungo pode se desenvolver 
Dimorfismo 
Capacidade de converterem a forma saprofítica filamentosa (hifa e conídios), encontrada no meio ambiente, para a forma 
patogênica de levedura quando dentro do hospedeiro a 37 ºC. 
Conversão oferece proteção contra a morte por neutrófilos e macrófagos. Os neutrófilos são mais eficientes em matar 
conídios do que leveduras. 
Componentes da parede celular 
✓Beta-glucanos - são altamente imunogênicos 
✓Quitina - pequenos e médios fragmentos dessa substância são reconhecidos pelo sistema imune por meio receptores PRR 
de células dendríticas e macrófagos 
Melanina 
✓ Resistentes a fagocitose por macrófagos 
✓melaninas são polímeros carregados e hidrofóbicos, e sua presença na parede celular altera a carga da superfície do fungo 
e esse fato pode interferir com a fagocitose. 
✓ Proteção também contra os peptídeos microbicidas liberados pelos fagócitos, pois o pigmento é capaz de absorver essas 
moléculas, impedindo que atinjam o alvo. 
Cápsula - Cryptococcus neoformans 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Repulsão eletrostática: promovem a repulsão dos fagócitos, evitando que neutrófilos cheguem perto do fungo. 
• Escapa via de complemento 
Adesinas 
A aderência é o primeiro passo nos processos infecciosos - expressão diferentes moléculas na superfície que serão 
responsáveis por esse processo. 
Expressão diferencial na fase levedura e na fase hifa. 
Ex: Gp43 - P. brasiliensis 
• Facilita a adesão e disseminação do fungo para outros tecidos 
Biofilme 
‣ Penetração restrita através da matriz 
‣ Expressão de genes de resistência induzida pelo contato com a superfície (expressão da bombas de efluxo multidroga 
resistente) 
‣ Proteção contra a resposta imune 
Pseudo-hifas : Cândida 
É uma forma melhor de invasão do tecido 
Micotoxinas 
• Exógenas - causam micotoxicose: toxina produzida e liberada no meio externo, que pode ser ingerida. 
• Endógenas - causam micetismo: toxina produzida e liberada no meio interno, o fungo é ingerido, causando então 
patogenia. 
Tricotecenos: são o maior grupo de micotoxinas conhecidos atualmente, consistindo em mais de 150 compostos, 
encontrados em grãos como trigo, cevada, aveia e milho. Sao produzidas pelos fungos dos gêneros Fusarium, Stachybotrys, 
Trichoderma e Trichothecium. Os efeitos envolvem náusea, febre, dores de cabeça e vômitos. 
Enzimas 
๏ Proteases : 
Candida albicans e Trichophyton 
• Neutralizar parcialmente as defesas do hospedeiro. 
• Facilitar a passagem pela camada endotelial e posterior disseminação 
• Facilitar a entrada pela pele e pelas barreiras (mucosas)๏ Queratinases : 
Dermatófitos 
Ajudam a digerir a queratina presente – cabelos, unhas e pele. 
๏ Fosfolipases; lipases 
Micotoxinas 
• Exógenas - causam micotoxicose: toxina produzida e liberada no meio externo, que pode ser ingerida. 
• Endógenas - causam micetismo: toxina produzida e liberada no meio interno, o fungo é ingerido, causando então 
patogenia. 
Tricotecenos - São o maior grupo de micotoxinas conhecidos atualmente, consistindo em mais de 150 compostos, 
encontrados em grãos como trigo, cevada, aveia e milho. Sao produzidas pelos fungos dos gêneros Fusarium, Stachybotrys, 
Trichoderma e Trichothecium. Os efeitos envolvem náusea, febre, dores de cabeça e vômitos. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Micetismo 
‣Intoxicação ou envenenamento causado pela ingestão de fungos macroscópicos (“cogumelos”) 
Micotoxicoses 
Intoxicação causada pela ingestão de alimentos contaminados com fungos microscópicos 
✓altamente resistentes ao calor 
✓produzidos no final do fase Log do cresciemento de fungos filamentosos 
✓nem todos os fungos produzem micotoxinas 
✓ um mesmo fungo pode produzir mais de um tipo de micotoxina 
✓ uma mixotoxina pode ser produzida por mais de uma espécie fúngica 
✓produção é favorecida em temperaturas entre 25-30oC 
Receptores hormonais 
Alguns fungos apresentam receptores para 17 β-estradiol 
Testosterona e progesterona pode induzir o crescimento do fungo. 
• Ambos os sexos apresentam o mesmo contato com Paracoccidioides brasiliensis, porém frequência da 
paracoccidioidomicose em homens é muito maior. 
• Somente até a puberdade a incidência da doença é a mesma entre os dois sexos 
Estratégias de defesa do hospedeiro 
‣ Predisposição a doenças fúngicas 
-Doenças: leucemia, linfomas, pneumonias... 
-Medicamentos: substância anti-neoplásicas, esteroides, drogas imunossupressoras, antibióticos; 
‣ Procedimentos terapêuticos 
-Transplante de órgãos 
-Implante de válvulas artificiais 
-Radioterapia antibióticos 
Outros fatores: 
• Queimadura graves; 
• Diabetes; 
• Tuberculose; 
• AIDS. 
• Recém-nascido prematuro; 
 
25 
Giovana Arrighi Ferrari 
Diagnóstico laboratorial das micoses 
Os avanços da medicina que permitem a sobrevida de pacientes críticos e imunocomprometidos, uso de antimicrobianos de amplo 
espectro, implementação das técnicas de transplantes de órgãos sólidos e de medula óssea são alguns dos fatores que têm 
transformado a rotina diagnóstica dos laboratórios de microbiologia e micologia. 
 
Aspectos importantes 
๏Somente contaminantes ambientais? Aspergillus, Candida, Cryptococcus e zigomicetos (endocardites, infecções pulmonares, 
ceratites, entre outras, em pacientes imunodeprimidos quadros infecciosos). 
๏Sepse? Dentre as centenas de espécies descritas, leveduras do gênero Cândida são os importantes agentes de infecção relacionada 
à assistência à saúde e representam um desafio para a sobrevida de pacientes com doenças graves e aqueles em período pós-
operatório 
O gênero Cândida ainda é um fungo leveduriforme muito prevalente, especialmente em ambientes hospitalares. 
๏O gênero Cândida é, sem dúvida, o mais importante, mas existem outras leveduras no ambiente hospitalar, tanto em vegetais, ar 
atmosférico e água quanto na pele e no trato gastrointestinal dos pacientes e funcionários, que podem causar quadros infecciosos. 
Os principais gêneros são Pichia spp. (Hansenula spp.), Rhodotorula spp. e Trichosporon spp. 
 
Diagnóstico laboratorial das micoses 
✓O diagnóstico laboratorial das micoses é realizado pela demonstração da presença do fungo causador da doença no material clínico 
através de exames micológicos. 
✓Para aumentar a possibilidade de achado do fungo no material clínico é necessária a correta coleta e transporte (quando necessário) 
deste material. 
✓A coleta inadequada ou insuficiente poderá inutilizar todo o procedimento laboratorial posterior, podendo redundar em resultados 
falsos. 
✓A positividade e segurança de um exame dependem da obtenção de uma amostra apropriada. 
✓Antes da coleta é necessário que o paciente não esteja em uso de antifúngicos tópicos ou sistêmicos. 
✓Caso esteja, é necessária a interrupção do tratamento por pelo menos 15 dias antes da coleta. 
✓No caso das mulheres, as unhas também deverão estar sem esmalte pelo menos uma semana antes da coleta, 
no caso de haver suspeita clínica de micose de unha. 
✓É importante também que o paciente esteja com o local da lesão suspeita limpo 
 
26 
Giovana Arrighi Ferrari 
 
Coleta da amostra 
‣Unhas 
‣Pelos, Cabelos, barbas e bigode 
‣Pele e mucosas 
‣órgãos 
‣Líquidos corpóreos ou lavados 
 
Onicomicoses são micoses de unha, que pode ocorrer por fungos leveduriformes ou filamentosos. Critério para distinguir, na cândida 
tem uma inflamação intensa ao redor da unha, enquanto os outros fungos não tem essa inflamação. 
Dermatófitos: doenças fúngicas filamentosas mais frequentes. 
Todos essas doença abaixo são causadas por um desses três fungos abaixo. 
 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Tipos de candidíase: pseudomembranosa, esofagite, eritematosa 
 
Esporotricose: Sporothrix schenckii 
 
Cromoblastomicose: 
 
Casa lesão tem uma característica, mas todas são causadas pelo mesmo fungo. 
 
Coleta da amostra 
Pele 
Assepsia 
Lâmina dermatológica 
Bisturi sem fio de corte 
• Raspar com lâmina de bisturi ou lâmina de microscopia as escamas cutâneas ou crostas da borda das lesões. 
• Raspar em vários pontos da lesão, procurando as bordas das lesões mais recentes. 
• Não é necessário fazer raspagem profunda porque o fungo se encontra na camada mais superficial da pele 
A tinea corporis cresce de forma centrípeta e as bordas são mais delimitadas. O melhor lugar para coletar a 
amostra do paciente é na borda. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
 
Pelos e cabelos 
Região de alopecia 
Auxílio pinça flambada 
Lâmpada de Wood –fungos de micose cutânea tem fluorescência e tem tonalidades diferentes. 
As amostras de lesões no couro cabeludo devem ser obtidas através da raspagem do local com bisturi 
cego ou lâmina de microscopia 
 
Onicomicose 
Tesouras, limas, alicates de unhas e curetas dermatológicas 
Região de progressão e confluência 
Região mais adentro da matriz ungueal 
Swabs ou pipeta Pasteur 
 
Mucosas, orifícios e secreções diversas 
1. Swab 
2. Exame direto e cultura – tirar a amostra do paciente e já 
olhar direto no microscópio, faz apenas um tratamento, como 
jogar KOH 
3. Solução salina 
4. Refrigerar 
 
Isolamento do Fungo 
 
Multicultivo é muito utilizado para fungos filamentosos. 
Principais Técnicas 
Principais materiais utilizados 
•bisturi pequeno ou lâmina de bisturi; • pinça; • estiletes; • tesouras; • lâminas de microscopia; • placas de Petri; • frascos estéreis; 
• tubos de ensaio com salina esterilizada; • swabs; • fita adesiva – tipo “durex” 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Exame Direto 
KOH ou NaOH 
Coletar o material, fazer uma intervenção (colocar uma gota de KOH ou NaOH – essas soluções variam de 10 a 40% de concentração) 
‣clarificação da amostra – os ácidos clarificam a amostra. 
‣digestão da amostra 
Pelos, pele, unha, escarro, exsudatos espessos e outros materiais densos 
Conseguiu identificar o tipo de fungo por meio dessa técnica. 
*Se a amostra não está vindo de amostra biológica e é um fungo demácio, é necessário 
clarear 
 
Lactofenol de azul de algodão 
Essa técnica direta também utiliza corantes (nem sempre precisa de colocar o ácido, as vezes coloca diretamente o corante) 
‣confere coloração da amostra 
 
*Fungos hialinos não tem pigmentação, desse modo, 
 
Tinta nanquim – coloração da amostra 
A tinta nanquim não entra na levedura, pois a capsula não deixa a tinta nanquim entrar em grande quantidade. 
➡ Líquor, urina, secreções ou exsudatos 
➡ Fungos capsulados 
➡ Erro frequente: confundir linfócitos com células de leveduras 
 
Coloração de Gram - coloração a amostra 
Todos os fungos são gram-positivos,então é possível fazer a coloração de Gram 
Discrimina elementos fúngicos de artefatos existentes em urina, secreções e fezes. 
Ex.: urina – a maioria das bactérias que causam infecção de urina são Gram-negativos, então no caso da urina, essa coloração auxilia 
na identificação do patógeno. 
 
Meio de Cultura 
Semeadura da amostra 
•Para a cultura e isolamento primário de fungos, é necessário a utilização de dois meios de cultura 
Tem meio seletivo e não seletivo – vai depender da experiencia clínica de quem faz a análise e da indicação do profissional, ou seja, 
falar a suspeita baseado nas manifestações clínicas. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
•A seleção do tipo de meio é feita de acordo com a experiência clínica do analista + dados clínicos repassados pela equipe médica 
 
Principais Meios de cultura 
Agar Sabouraud com cloranfenicol (leveduras e fungos filamentosos); 
‣ meio com nutrientes que favorece o crescimento de 
diversos fungos leveduriformes e filamentosos 
‣ como o meio não é seletivo, pode ocorrer 
contaminação por bactérias 
Cloranfenicol é um composto que inibe o 
crescimento bacteriano – deixa o ágar seletivo. 
Cresce vários tipos de fungos, mas fungos 
patogênicos em geral não cresce nesse meio. 
 
Agar Mycobiotic=Mycosel 
‣ ágar seletivo para fungos patogênicos 
‣ uso restrito=inibe vários fungos sensíveis à cicloheximida, inclusive leveduras 
 
Agar BHI (Brain Heart Infusion) 
‣ um meio de utilização geral, adequado para a cultura de uma grande variedade de tipos de organismos, incluindo bactérias, 
leveduras e fungos filamentosos provenientes de amostras clínicas. 
Algumas bactérias também crescem muito bem nesse meio. 
 
Incubar as placas durante 24 a 48 h para as bactérias e para a Candida e um máximo de 5 dias para a Trichophyton. As bactérias e a 
Candida devem ser incubadas entre 35 e 37°C e a Trichophyton entre 25 e 30°C. 
trichophyton 
 
Ágar nigri 
O ágar semente de niger é um meio seletivo e diferencial utilizado para isolamento de 
Cryptococcus neoformans. 
 
 
31 
Giovana Arrighi Ferrari 
Chromagar 
O meio cromogênico revolucionou os testes microbiológicos por garantir a 
identificação presuntiva do microrganismo de acordo com a coloração que este 
apresenta no meio semeado. 
As colônias são facilmente identificadas através da coloração diferenciada. Isso 
aumenta a eficiência dos testes e poupa tempo e custos comparados aos 
procedimentos tradicionais. 
O fungo/a colônia cresce com pigmentos específicos – pigmentação 
característica que é espécie dependente. 
*O problema desse Chromoagar é que pode identificar de forma errada apenas na 
observação da cor. Ex. não funciona pra identificara cândida auris. 
 
As vezes só a microbiologia não vai ser suficiente para identificar a espécie e vai ter que fazer uma análise bioquímica. 
 
32 
Giovana Arrighi Ferrari 
Micoses superficiais e cutâneas I 
São infecções fúngicas frequentes e que se caracterizam por comprometerem pele, pelos e unhas. 
• Como o próprio nome sugere → limitam-se a parasitar a superfície da pele, ou seja, esses organismos invadem e colonizam camadas 
mortas e queratinizadas, o que na maioria das vezes não causa repercussão histológica. 
• No entanto, a presença do fungo e/ou seus metabólitos pode provocar uma reação inflamatória variável no hospedeiro. 
 
• Induzem alterações estéticas 
• Prevalente em zonas de climas tropical e subtropical 
• Frequente em adolescentes e adulto 
 
*Dermatofitoses são micoses cutâneas. 
Doença causada por fungos dermatófitos. Estes fungos alimentam-se de queratina e se localizam na pele, no pelo e nas 
unhas. Conhecidos também como: tinea ou tinha. 
Agrupam-se sob essa denominação fungos dos gêneros: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. 
*Queratinolítico (lisam a queratina e tem queratinase) e queratinofílicos (tem filia por queratina) – são dermatofitoses. 
*Ceratofitoses causam alterações estéticas, muitas vezes não tem alteração de sensibilidade, pois são superficiais. São micoses 
essencialmente superficiais, acometem a queratina da epiderme e os pelos. Normalmente, provocam fenômenos de 
hipersensibilidade. 
OBS.: Nem toda micose cutânea é causada por dermatófito, mas toda dermatofitose é uma micose cutânea. 
 
Pitiríase versicolor 
É uma infecção crônica da camada córnea causada por leveduras do gênero Malassezia, assintomática na maioria das vezes. 
A malassezia é Lipodependente (secreta lipases e utiliza lipídios como nutriente), assim, colonizam regiões mais oleosas do corpo – 
ou que se utiliza muito óleos. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
97% dos indivíduos clinicamente normais são portadores do fungo (couro cabeludo e tronco – 92%) 
 Células leveduriformes e pseudo-hifas 
Membro da biota normal da pele, que passa a determinar manifestações clínicas sob certas condições que permitem a 
pseudófilamentação da levedura. 
 
Características do gênero Malassezia 
• Reprodução assexuada → brotamento 
•Parede celular mais espessa em comparação com outras leveduras → acima da parede celular - camada lamelar (diferentes fontes 
de lipídios) 
•Camada lamelar → papel na adesão do organismo na pele de humanos e no interior de cateteres – essa camada lamelar, que é mais 
rica em lipídeos (por ser a região mais externa da pele) facilita a aderência da levedura na região de plástico do cateter. 
 
Gênero Malassezia sp. 
Capaz de existir nas formas, levedura e pseudo-hifa, sendo considerado, então, um organismo pleomórfico. 
Se ao retirar uma amostra, houver a presença de hifas e pseudo-hifas em crescimento, significa que a malassezia está na forma 
patogênica. O que não é possível de ser observada se o fungo estiver em equilíbrio. 
 
 
Dependo da região do corpo, tem espécies que podem ser mais comuns, mas todos os seres humanos têm malassezia no corpo. 
 
Fatores que podem alterar o Equilíbrio Malassezia-hospedeiro (pitiríase versicolor): 
• Idade, sexo, raça 
• Predisposição genética 
• Fatores geoclimáticos que favorecem a hiperoleosidade e a hiperidratação 
• Desnutrição 
• Avitaminoses 
• Diabetes 
• Síndrome de Cushing (Iatrogênica ou nao-iatrogênica) 
• Imunossupressão ou corticoterapia prolongada (=S. C. Iatrogênica) 
• Gravidez 
• Contraceptivo oral 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Manifestação clínica e patogênese 
‣ Lesões descamativas, geralmente assintomáticas, sem coceira nem dor. 
‣ Hipocrômicas, coloração do marfim ao castanho- escuro 
‣ Lesões predominam no tórax, face e antebraços 
‣ Outras regiões do corpo, também, podem ser afetadas 
‣ Geralmente, doença tende a ser crônica e recorrente 
 
A lesão por malassezia é a única doença fúngica que pode ser diagnosticada apenas clinicamente, muitas vezes não precisa ter o 
diagnóstico laboratorial. Pois, conseguimos visualizar as lesões descamativas e tratar os pacientes baseado nisso. 
 
A lesão pode ser hipercrômica (mais frequentes em pacientes com pele escura), hipocrômicas (mais frequentes em pacientes com 
pele clara) ou eritematosa (a eritematosa não é mais comum). As lesões hiper e hipopigmentadas são as mais comuns. 
Essa lesão pode ser espalhada ou isolada. 
A lesão recebe o apelido de “micose de praia” – o local que tem a lesão, não fica pigmentado (hipocrômica), enquanto o restante da 
pele fica bronzeado. 
Esse fungo é superficial, não chega as camadas profundas da pele. Quando o paciente apresenta coceira, pode ser decorrente de 
reações de hipersensibilidade. 
 
*Máculas descamativas bem delimitadas, de formato e cor variáveis isoladas ou coalescentes 
• Acastanhadas, café-com-leite ou hipocrômicas (pele clara) 
• Hipercrômicas (pele escura) 
• Eritematosas 
• Lesões gotadas: folicular e perifolicular 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
O que causa a despigmentação da pele? 
 
O fungo contém o ácido azeláico. 
Tem um efeito de anti-tirosinase, que interfere na melanogênese (síntese de melatonina), causando Hipocromia. Com a exposição 
ao sol,estimula produção de melanina em volta da região afetada, ficando mais evidente ainda a micose. 
A hiperpigmentação não é bem esclarecida, apenas a hipopigmentação. 
 
Tratamento 
Malassezia spp. 
- micobiota normal da pele 
- paciente com pitiríase versicolor deve ser orientado para tentar evitar hábitos que possam transformar o fungo saprófito em 
parasita. 
• Tratamento com antifúngico adequado → recorrência em 60% dos casos 
 
Tratamento tópico – pacientes que apresentem poucas lesões e deve também ser utilizado na profilaxia das recidivas: 
• Agentes ceratolíticos → loções, xampus ou sabonetes → Hipossulfito de sódio, sulfeto de selênio e ácido salicílico. 
• Tópico → Derivados imidazólicos (cetoconazol, clotrimazol, econazol) ciclopirox olamina, derivados morfolínicos e terbinafina a 1% 
Tratamento sistêmico – indicado nas formas clínicas extensas, nas infecções recorrentes ou na falha da terapêutica tópica 
Cetoconazol 200mg/dia por 10 ou mais dias ou derivados triazólicos 
Itraconazol 200mg/dia, durante cinco dias 
Fluconazol 300mg, dose única. 
Diagnóstico Diferencial 
*Hipopigmentação pós-inflamatória 
 
*Vitiligo 
*Pitiríase Rosa – não é infecciosa 
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Giovana Arrighi Ferrari 
 
*Pitiríase Alba – não é infecciosa 
 
 
*Sífilis secundária 
*A micose fungóide (MF) e a síndrome de Sézary (SS) são os subtipos mais comuns de linfoma cutâneo de células T (LCCT). 
 
Diagnóstico 
Aspecto Clínico 
As lesões caracterizam-se por serem maculares múltiplas, inicialmente perifoliculares, com descamação fina. 
- O estiramento da pele afetada pode facilitar a visualização da descamação. Essa manobra é conhecida por sinal de Zireli. 
Ao esticar a pele, se for pitiríase versicolor, há mudança na coloração 
 
- O sinal da unhada ou Besnier consiste em passar a unha sobre a lesão, com a mesma finalidade: observar a descamação. Ao passar 
a mão, dá uma unhada no paciente como se estivesse arranhando, ai a pele descama. 
 
 
*O exame direto pela técnica do Porto, realizado a partir de material colhido através da raspagem da lesão ou com fita durex (sinal 
de Porto) → observação de células leveduriformes agrupadas, semelhantes a “cachos de uva”, e fragmentos de pseudo-hifas curtos 
e longos. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
 
 
*Lâmpada de Wood – revela fluorescência característica prateada, que permite avaliar a extensão do 
acometimento cutâneo e também útil para detectar lesões subclínicas. 
 
Outras condições relacionadas à Malassezia 
Onicomicose 
Micose na região da unha – onicomicoses por Malassezia é um indicativo que o paciente está imunossuprimido. 
•Principalmente Malassezia furfur, podem colonizar as unhas de indivíduos que tenham algum 
fator predisponente. 
•Lâmina ungueal de coloração branco-amarelada e hiperceratose subungueal com onicólise, 
não ocorrendo paroníquia 
Diabetes, psoríase ungueal, dermatite seborréica, dermatite contato, trauma ungueal ou que 
estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras. 
*Não é comum onicomicose por Malassezia. A malassezia tem várias espécies, mas a furfur é a mais comum. 
 
Foliculite pitirospórica 
• Colonização do folículo pilossebáceo 
• Pápulas eritematosas ou pústulas perifoliculares de 2-3 mm 
• Tronco e em menor frequência nas extremidades 
• Prurido mais comum que na pitiríase versicolor 
• Diabetes mellitus, antibiótico terapia e glicocorticóide prévios 
Foliculite é uma infecção de pele que se inicia nos folículos pilosos. 
Geralmente, é motivada por uma infecção bacteriana ou fúngica, 
mas também pode ser causada por vírus e, até mesmo, por uma 
inflamação de pelos encravados. 
É muito comum de confundir com acne. 
A paciente da foto não tinha nenhuma condição prévia. Apresentamos um caso de adolescente sadia , não-diabetica, 
imunocompetente, de 17 anos. A queixa principal era de " acne " e já havia recebido medicação tópica anti-acneica, sem no entanto 
apresentar melhora. Com Itraconazol 200 mg / dia apresentou rápida resolução das lesões. 
Micropústulas foliculares na face simulando acne. A formação das pústulas ocorre pela obstrução do folículo piloso por massas de 
leveduras, e o processo inflamatório se dá devido à quebra dos ácidos graxos livres e triglicerídeos . Paciente já veio a consulta sob 
tratamento tópico com gel anti-acne, porém sem resultado. 
Dorso da mesma paciente, com disseminação de lesões de foliculite. O raspado das lesões (seta) denunciou descamação furfurácea, 
que na microscopia direta (KOH) mostrou presença de um grande número de leveduras na área das lesões. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Pustulose neonatal por Malassezia furfur 
Eritema e pápulo-pústulas em face, pescoço e couro cabeludo de recém-nascidos. 
•O aumento da secreção das glândulas sebáceas durante o primeiro mês de vida provavelmente favorece 
a colonização pela levedura. 
 
Papilomatose confluente e reticulada de Gougerot e Carteaud (PCGC) 
Pápulas eritemato-acastanhadas que evoluem para placas hiperqueratósicas e reticuladas, distribuídas em áreas seborreicas. 
• Mais frequente no sexo feminino. 
• Alguns autores acreditam que o papel da 
Malassezia nesta doença seja questionável ?? Outros acreditam ser uma resposta do hospedeiro à colonização da Malassezia, levando 
à ceratinização anormal. 
 
Dermatite seborréica 
Afecção crônica, de caráter recidivante, é caracterizada por inflamação e descamação em áreas 
cutâneas ricas em glândulas sebáceas como face, couro cabeludo e tronco. 
•Frequente → universal → prevalência: 2 a 5% da pop. geral → preferencialmente o sexo masculino 
• Doença multifatorial → Malassezia – papel na etiologia da dermatose é controverso?? 
 
Malasseziose - doença sistêmica 
Apesar da baixa virulência… 
→ infecções oportunistas causadas por Malassezia 
→ maioria em prematuros que necessitam de administração parenteral com cateter intravenoso. 
• Fungemia e septicemia → levedura se dissemina através dos cateteres de alimentação parenteral lipídica. 
• Acredita-se que a suplementação lipídica facilite a colonização pela levedura do cateter utilizado para 
infundir os nutrientes. O cateter para alimentação parenteral é uma alimentação mais rica em gordura, o que 
pode causar uma contaminação por malassezia, como pode acontecer nos bebês pré-termo. 
A malassezia é lipo dependente e se adapta muito bem as regiões mais oleosas do corpo. 
 
Piedra Branca 
Infecções fúngicas crônicas e assintomática da cutícula do pelo, caracterizada pela 
presença de nódulos firmes e irregulares, de coloração esbranquiçada ou acastanhada, 
causada pelo gênero Trichosporon. 
Pode ser confundida com lêndea de piolho, pois é um aspecto mais fibroso e com 
aspecto de pedrinha 
Trichosporon ovoides e Trichosporon inkin – principais, mas existem outras espécies. 
Pode estar relacionado a casos: 
• dermatites 
• onicomicoses 
• tricosporonose disseminada 
Epidemiologia 
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Giovana Arrighi Ferrari 
✓ Trichosporon sp → habita solo, água e vegetais, como também já foi encontrado em 
macacos e cavalos 
✓ Distribuição universal → predileção por regiões temperadas e tropicais 
✓ Brasil → alta frequência na Região Norte 
✓ Afeta indivíduos de ambos os sexos e pode comprometer qualquer faixa etária 
 
✓ Transmissão → permanece desconhecido 
✓ Afeta os pelos da virilha e das axilas, relacionada a falta de higiene, o que pré-dispõe a essa infecção. 
✓ Transmissão sexual → considerados por alguns autores. 
✓ Pode fazer parte da microbiota de algumas pessoas → a importância da interação entre o estado de portador e fatores 
predisponentes ao estabelecimento da doença. 
Onicomicose por Piedra Branca 
 
 
Características do gênero Thichosporon spp. 
✓Caracterizado pela formação de artroconídios (Esporos se formando devido a fragmentação da hifa), blastoconídios, hifas e pseudo-
hifas. 
 
Aspectos clínicos 
✓Assintomática - caracterizada por nódulos de coloração branca, cinza pálida ou amarelada, compostos por elementosfúngicos 
compactados facilmente destacados do pelo. 
✓ Os folículos não são invadidos, mas os pelos podem se tornar quebradiços, dependendo do tempo de permanência do fungo. 
✓ Cabelos, pelos axilares ou da região crural, barba, bigode, sobrancelhas e cílios 
Ectotrix e Endotrix – dois termos para definir se o pelo está invadindo o folículo capilar ou está mais superficial. 
O tricosporum é de característica ectotrix – ele fica apenas as superfície, não envolve a fibra e folículo capilar. Não tem invasão do 
tecido e folículo 
 
Diagnóstico Laboratorial 
✓ O diagnóstico laboratorial é feito por meio da análise dos pelos afetados ao microscópio óptico, utilizando-se hidróxido de potássio 
a 20% → observados nódulos formados por elementos micelianos (artroconídeos e blastoconídeos, binômio que caracteriza o gênero 
Trichosporon) dispostos perpendicularmente à superfície dos pelos. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
✓ Identificação → cultura ágar Sabouraud 
Tricomicose axilar (nódulos menores e podem ser fluorescentes à luz de Wood) 
Tratamento 
✓A terapêutica de escolha da piedra branca é cortar o pêlo da área afetada, e, devido à recorrência frequente. 
✓ São indicados antifúngicos tópicos, como imidazólicos, ciclopirox olamina, piritionato de zinco. 
✓Recidiva é alta (associar à tratamento oral) 
 
Outras condições relacionadas à Trichosporon 
✓Tricosporonose – doença sistêmica 
✓ Infecção fúngica ocasionalmente fatal, encontrada em imunocomprometidos como paciente neutropênicos, em quimioterapia, 
portadores de doenças hematológicas e AIDS. 
✓ Várias espécies de Trichosporon associadas – T. asahii (+ comum) - pneumonias, endocardites, ceratites, hepatites, peritonites e 
infecções hospitalares. 
✓ Muitos trabalhos no Brasil relataram casos – alta morbidade e mortalidade, difícil tratamento. 
 
Tinea nigra 
Todos os dermatófitos tem nome de tínea (que causam micose cutânea), mas a tínea nigra não é dermatófito, é uma micose 
superficial. O nome mais adequado seria pitiríase negra. 
tinha negra, keratomicosis nigricans palmaris, pitiríase negra, ceratofitose negra, microsporosis nigra, keratophytia nigra, 
cladosporiose epidérmica e keratomycosis nigricans 
✓ Micose superficial benigna – não é micose cutânea, é uma micose superficial 
✓ Hortae werneckii 
✓ Climas tropicais 
✓ Adulto jovem 
✓ Solo, ambientes úmidos 
✓ Clínica: Placas hipercrômicas com descamação discreta nas palmas ou plantas dos pés. 
✓ Assintomática 
✓ Afeta em geral a pele das regiões palmares, ocasionalmente plantares, manifestando-se por máculas não escamativas, de coloração 
que varia do castanho ao negro. Locais mais comuns: palma das mãos e planta dos pés. 
É uma doença a região da mão e pés de evolução lenta e é crônica. 
 
Trata-se de infecção fúngica superficial, assintomática, da camada córnea. Afeta em geral a pele das regiões palmares, 
ocasionalmente plantares, manifestando-se por máculas escamativas (discreta) ou nao-escamativas, de coloração que varia do 
castanho ao negro. É considerada dermatose rara, sendo mais comum em regiões tropicais e subtropicais (raro). 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
*Caso 1 – L.M.R., branca, do sexo feminino, 4 anos, natural e procedente de Santos. Há aproximadamente quatro meses, apresenta 
mácula cônica hiperpigmentada, não escamativa, medindo cerca de 2,5cm em seu maior eixo, assintomática, na palma da mão 
direita. (Figura 1). Freqüenta praias. Não manipula plantas. 
 
*Caso 2 – B.C., branca, do sexo feminino, 12 anos, estudante, natural e procedente de Santos. Há 
quatro anos apresenta mácula hiperpigmentada, de contornos irregulares, não escamativa, 
assintomática, tomando cerca de dois terços da região palmar direita. (Figura 2). Freqüenta a praia 
regularmente. Nega contato com plantas. É destra. 
Tinea nigra ou tinha negra. Hortaea wernecki i . Exame micológico di reto clarificado com KOH 20% 
com hifas septadas castanhas (400x). Hortaea werneckii. Colônia leveduriforme lisa ou cerebriforme 
preta e reverso preto, em ágar Sabouraud com 10 dias de crescimento em temperatura ambiente. 
*Diagnostico diferencial 
*Melanoma – o que está em vermelho na foto é o melanoma acral (lesão assimétrica e bordas 
irregulares com manchas que não são homogêneas – a evolução do melanoma é muito rápida, 
enquanto da tínea nigra é muito mais lento); o de verdinho é a tínea nigra. 
Tratamento 
• Azólicos tópicos (cetoconazol, miconazol, isoconazol) 
• Terbinafina creme 
Antifúngico confere toxicidade ao indivíduo, o ideal é ter uma prova da função hepática e fazer o diagnóstico laboratorial. 
É importante solicitar provas de função hepática antes de iniciar os tratamentos com os imidazolicos. 
Metabolismo hepático; lista enorme de interação medicamentosa; inclusive interagem com anticoncepcion 
 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Micoses superficiais e cutâneas II 
Dermatófitos 
✤São os fungos filamentosos queratinofílicos que invadem e se propagam na pele queratinizada de mamíferos, incluindo os seres 
humanos, causando muitas vezes infecções contagiosas 
✤Queratinofílicos e queratinolíticos 
✤Comum em todo o mundo e tem relevância para a saúde veterinária e pública 
✤Transmitidos: 
Diretamente (de homem para homem, de animal para homens e da 
terra para o homem). Indiretamente, por meio de materiais 
contaminados com escamas de pele parasitadas; 
✤Diversos quadros clínicos bem individualizados podem ser descritos. 
✤Os mais comuns são: 
Dermatofitose do corpo (Tinea corporis ou Tinhas corporis) 
Dermatofitose dos pés (Tinea pedis) 
Dermatofitose ungueal ou onicomicose 
Dermatofitose do couro cabeludo (Tinea capitis) 
Dermatofitose das dobras da virilha (Tinea cruris) 
Dobras dos pés (vulgarmente chamada de pé de atleta) 
 
Dermatofitoses ou tineas (Tinhas corporis) 
✤Apresentam lesões cutâneas de contornos arredondados, com bordas vesiculosas e pruriginosas em qualquer parte do tegumento 
cutâneo. 
✤Relacionadas com o aumento das infecções fúngicas 
✤Prevalência estimada: 10-15% da população humana pode ser infectada no decorrer da vida por dermatófitos 
•Melhor diagnostico laboratorial e clínico 
•Aumento da sobrevida do paciente com doenças imunossupressoras 
•Uso de medicações contínuas que favorecem a instalação de microrganismos convencionalmente saprófitos. 
✤Pertencem a três gêneros: Microsporum spp., Trichophyton spp. E Epidermophyton sp – esses 3 gêneros são os mais frequentes 
✤Fungos produtores de QUERATINASE (enzima que degrada a queratina) → adaptados à colonização de tecidos queratinizados 
como: unhas, pelos, cabelos e estrato córneo. 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
 
A forma dos macro são mais fáceis de definir e eles que são usados para diferencias. Os microconídeos não são possíveis de 
diferenciar. 
Distribuição geográfica 
Esses fungos apresentam perfis epidemiológicos variados com relação a fatores regionais, estacionais, de faixa etária, frequência de 
contato com animais, condições higiênico-sanitárias e exposição a locais públicos. 
•Cosmopolitas 
•Ocorrem variações regionais marcantes quanto as espécies mais prevalentes e tipos de lesões que estas causam. 
Exemplo: Tinha tricofítica do couro cabeludo - Rio de Janeiro isola-se, habitualmente, o T. tonsurans; em São Paulo, o T. violaceum 
 
Quais são as razoes para mudança de perfil da presença de determinados dermatófitos ou dermatofitoses em diferentes regiões? 
(a) Aumento da expectativa de vida da população, que eleva o índice de prevalência de dermatofitoses, já que essas são comumente 
relatadas em idosos acima dos 65 anos. Nessa população, é importante avaliar os fatores que afetam a resposta terapêutica, como 
anomalias de unha, comorbidades (doença vascular periférica, diabetes, imunossupressão e traumas físicos), impacto farmacológico, 
patógeno causador e risco de interações medicamentosas; 
(b) Aumento gradativo dos processos de migração e miscigenação, que afetam a distribuição das espéciesdermatofíticas; 
(c) Maior contato das pessoas com animais domésticos, que podem ser a fonte principal de disseminação de alguns dermatófitos; 
(d) Impacto dos antifúngicos ambientais (utilizados na área agronômica), evidenciando que, para os fungos, há uma seleção de 
determinadas espécies em meios nos quais faz-se a utilização de pesticidas ou agrotóxicos. Tais produtos exercem efeito na 
ocorrência ou no desaparecimento de alguns fungos por região. 
Espera-se, dessa forma, esse mesmo comportamento de pressão seletiva sobre as espécies dermatofíticas, o que corrobora a 
epidemiologia variada desse tipo de fungo. 
 
Habitat 
Classificação de acordo com a distribuição ecológica: 
Dermatófitos geofílicos: encontrados no solo. Patógenos de animais e humanos. Transmissão via: solo → 
ser humano. 
Ex: Microsporum gypseum. 
Dermatófitos zoofílicos: encontrados nos animais. Patógenos de animais e humanos. Transmissão via: 
animais → ser humano. 
Ex: Microsporum canis. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Dermatófitos antropofílicos: encontrados exclusivamente no ser humano. Transmissão é via: ser humano → ser humano. 
Ex: Epidermophyton floccosum e Trichophyton rubrum. 
 
Transmissão 
✤ Contato com escamas de pele infectada 
✤ Com pelos parasitados 
✤ com areia ou terra contendo elementos fúngicos viáveis 
 
Fatores Determinantes da Infecção 
Fatores Inerentes ao Dermatófito 
Afinidade seletiva às diferentes classes de queratina (pele, pelo e unha) 
Virulência 
Adaptação 
Hospedeiro 
Integridade da epiderme 
Umidade local 
Variações individuais (status imunológico) 
Hábitos (higiene, calçado, populações fechadas) 
 
Fatores relacionados ao dermatófito 
VIRULÊNCIA 
• Produção de artroconídios 
• Aderência aos tecidos vivos (germinação dos artroconídios) 
• Variabilidade fenotípica 
• Produção de toxinas e enzimas extracelulares 
ADAPTAÇÃO 
→ Tecidos queratinizados → ambiente favorável ao desenvolvimento: 
• Células do estrato córneo estão mortas e distantes do S.I 
• Estrato córneo é bem hidratado pelas glândulas sudoríparas e pela perda transepidermal de água 
• Temperatura da pele é mais baixa do que a temperatura corporal 
• pH da pele está em torno de 5.5 a 6.7 
• Exposto ao ar atmosférico 
 
Fatores relacionados ao Hospedeiro 
• Portadores de doenças como diabetes, imunodepressão e AIDS 
• Usuários de medicamentos empregados em algumas terapias – antibióticos e imunossupressores utilizados no tratamento de 
infecções bacterianas e câncer, respectivamente. 
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Giovana Arrighi Ferrari 
• Pessoas submetidas a estresse continuado. 
 
Aspectos clínicos 
As dermatofitoses apresentam variantes clínicas denominadas conforme a topografia do acometimento: tinha do couro cabeludo, 
tinha da barba, tinha do pé, etc... 
 
Em linhas gerais: 
Fungos Antropofílicos causam infecções crônicas, não inflamatórias. 
Fungos Geofílicos e Zoofílicos causam infecções mais agressivas, com presença de lesões inflamatórias 
 
Tipos de Tínea 
Herpes circinada (tinea corporis) 
✴ Lesão superficial, inflamatória, mais ou menos intensa, de evolução centrífuga, única ou múltipla, com tendência a coalescer. 
Aparece principalmente nas pregas corpóreas – inguinal e interdigital 
✴ é uma lesão descamativa de coloração rósea, crescimento excêntrico, tendendo a formar na periferia pequenas vesículas. Estão 
localizadas nas áreas descobertas do corpo. 
 
1- Favorecido por uma lesão cutânea ou escoriação preexistente, mesmo que seja mínima 
2- O filamento fúngico, penetrando na camada córnea da epiderme resultando em alguns dias em uma lesão macroscópica de aspecto 
circular 
3- descamação associada ou não a resposta inflamatória mais ou menos evidente 
 
Tinha do couro cabeludo ou Tinea capitis 
✓ Mais comum na infância 4 a 14 anos 
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Giovana Arrighi Ferrari 
✓ Adultos podem ser portadores assintomáticos 
✓ Associada à pobreza e a hábitos de higiene precários 
✓ Contato: indivíduos infectados, animais doentes/portadores (cães e gatos) ou com terra 
✓ Outros reservatórios: escovas, travesseiros, brinquedos e telefones 
A etiologia muda conforme a região do Brasil: 
• Sul e Sudeste → Microsporum canis 
• Norte e Nordeste → Trichophyton tonsuran 
 
‣Tinea capitis é uma infecção comum dos pelos do couro cabeludo causada por fungos dermatófitos e ocorre predominantemente 
em crianças 
‣Em alguns pacientes, há uma reação inflamatória pronunciada, uma característica frequentemente vista em infecções zoofilias ou 
naquelas transmitidas de animais para humanos; em contraste, em outros, particularmente naqueles com dermatofitose 
antropofílica disseminada de humano para humano, as lesões geralmente não são inflamatórias e persistentes. Ainda não está 
claro se isso reflete o nível de responsividade imunológica a essas infecções e que a grande maioria dos afetados não tem doença 
subjacente predisponente. 
‣Após a transferência de células fúngicas de um hospedeiro para outro, a primeira fase da invasão da epiderme ou do pelo do cabelo 
na tinea capitis consiste na adesão entre as células fúngicas e os queratinócitos. 
 
Verificar se o pelo está sendo invadido ou não internamente. 
‣ Muitas espécies de dermatófitos são capazes de invadir fios de cabelo 
‣ exemplos: T. tonsurans, Trichophyton schoenleinii e T. violaceum 
‣ Epidermophyton floccosum e Trichophyton concentricum não causam tinea capitis. 
‣ Todos os dermatófitos que causam micose do couro cabeludo podem invadir a pele e alguns podem penetrar também nas unhas. 
‣ Existem três tipos principais de invasão da haste capilar: 
 
 
 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Tinea Tonsurante 
‣Descamação; 
‣Única (Microsporum) ou múltiplas (Trichophyton rubrum); 
‣Evolução crônica. 
Tínea Favosa 
‣Provocada pelo T. schoenleinii 
‣ Menos frequente 
‣ Causa alopécia definitiva 
‣ Godet ou Escútula fávica – lesões crateriformes em torno do óstio folicular 
‣ Acarreta lesões cicatriciais; 
 
Quérion de Celso 
‣Forma aguda acarretada por Microsporum 
‣ Intensa reação inflamatória 
‣ Placa elevada, única, dolorosa, com pústulas e microabcessos 
‣ Linfoadenopatia e infecção bacteriana associada 
 
Tinea capitis - diagnostico diferencial 
‣ condições capazes de causar calvície irregular com alterações 
inflamatórias do couro cabeludo 
‣ alopecia areata pode mostrar eritema e, embora por si só, não é uma 
condição escamosa 
‣ dermatite seborreica é geralmente mais difusa que a tinea capitis 
‣ lúpus eritematoso discoide 
‣ líquen plano 
 
Tinha do corpo ou tinea corporis 
✓ Acomete qualquer região do corpo. As lesões são circulares e irregulares 
✓ margem geralmente é bem delimitada e os folículos pilosos são proeminentes. 
✓ Infecções causadas por dermatófitos zoofílicos 
✓ lesões são inflamatórias e coçam intensamente (M. canis e T. mentagrophytes). 
✓ A espécie geofílica vista ocasionalmente é M. gypseum 
 
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Giovana Arrighi Ferrari 
Tinha Inguinal ou Tinea cruris (Prurido de jóquei) 
‣ descamações na virilha, forma áreas avermelhadas e descamativas com bordas bem 
limitadas, que se expandem para as coxas e nádegas, acompanhadas de muita coceira 
‣ Trichophyton rubrum e Epidermophyton flocossum 
‣ Transmissões às parceiras sexuais 
‣ toalhas, lençóis ou roupas contaminadas 
 
 
Tinha da unha ou Tinea unguium (Onicomicose) 
‣ Infecção da lâmina ungueal 
‣ Trichophyton rubrum e Epidermophyton flocossum 
‣Unhas grossas, opacas, amarelo esverdeadas, presença de sulcos e irregularidades e quebradiças 
‣ mais comum afetar as unhas dos pés (ambiente úmido e aquecido dentro dos calçados, favorece o 
seu crescimento) 
Fontes de infecção: solo, animais, outras pessoas alicates e tesouras contaminadas 
 
Tinha da barba ou Tinea barbae 
‣Semelhante a foliculite bacteriana (FB). 
‣Forma superficial parece com tinea corporis 
‣Foliculite pustulosa (associada aos dermatófitos zoofílicos + comuns em áreas rurais, em trabalhadores que lidam com gado).

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