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Anne Karolyne Morato – P3 Tutoria Conhecer os marcos do desenvolvimento da criança: → O estudo do desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligados, quais sejam: sensorial, motor (geralmente subdividido em habilidades motoras grosseiras e habilidades motoras finas), da linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo. → A criança deve atravessar cada fase seguindo uma sequencia com certa regularidade e, se não for estimulada no momento apropriado, não conseguirá superar esse atraso no desenvolvimento. Por isso, a avaliação do desenvolvimento faz parte do conjunto de cuidados que visam promover uma infância saudável. → As consultas pediátricas devem avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança. → É importante ressaltar que os marcos do desenvolvimento podem variar ocasionalmente em cada criança, sendo necessário avaliá-las individualmente. 1º mês: → No primeiro mês de vida, o bebê ainda dorme a maior parte do tempo, seus músculos e seu sistema nervoso central ainda estão em processo de desenvolvimento, sendo assim, sua visão ainda está muito limitada e a criança não é capaz de enxergar perfeitamente, só sendo capaz de enxergar pessoas ou objetos que se encontrem a 30 cm de seu rosto. → Motor: a criança começa a estender levemente os membros inferiores, porém ainda mantém a postura tônico- cervical. Quando em posição prona, ela é capaz de tentar levantar o queixo em Mt1 – infecções pediátricas das vias aéreas Anne Karolyne Morato – P3 alguns momentos. Por outro lado, a musculatura cervical ainda não é muito tensa e não possui muito volume. → Adaptativo: já é capaz de acompanhar o objeto seguindo um ângulo de 90º, até chegar em sua linha média corporal. → Social: há o aparecimento do sorriso, porém não é um sorriso que denota socialidade, mas sim um sorriso como se fosse um reflexo. E, além disso, tende a preferir a face humana. 2º mês: → Motor: a criança já é capaz de levantar a cabeça quando em posição prona. → Adaptativa: já consegue seguir o objeto por um ângulo de 180º. → Social: apresenta o sorriso social. → Linguagem: começa a vocalizar sons completamente primitivos. 3º mês: → Motor: nessa idade, a criança sustenta a cabeça de maneira pendular. A postura tônico-cervical ainda permanece na maior parte dos momentos. Ela já consegue levantar o queixo, a cabeça e o tronco quando em posição prona, havendo ainda uma sustentação pendular da cabeça. → Ela já começa a enxergar um pouco mais distante com a evolução do seu sistema nervoso central e nervo óptico. → Linguagem: diz “aah, ngah”. → Social: a criança mantém o sorriso social, ri com mais frequência e é capaz, inclusive, de imitar alguns gestos realizados por seus responsáveis. Também ouve música. 4º mês: → Motor: nessa idade, a postura tônico- cervical desaparece, com isso, a cabeça do bebê tende a ir para o centro de seu corpo e ele é capaz de sustentá-la. Além disso, o tônus de seus membros diminui e o tônus axial sofre um aumento. Quando de pé, empurra o corpo com as pernas. Alcança objetos e traz à boca. → Adaptativa: vai estender a mão para pegar algum objeto, mas não alcança. → Social: a criança começa a rir alto para chamar a atenção dos seus pais ou responsáveis, podendo até gargalhar, também se excita ao ver comida (leite materno, por exemplo). 5º mês: → Quando o bebê atinge os 5 meses de vida, ele já consegue reconhecer as partes do seu próprio corpo. Sendo assim, muitas brincadeiras envolvem levar as mãos à boca e agarrar os seus pés. Sua força nos membros começa a aumentar com o passar do tempo. Quando em posição prona, já consegue apoiar as mãos e levantar a cabeça. Anne Karolyne Morato – P3 6-7º mês: → Motor: a criança já é capaz de rolar sobre os ombros, conseguindo sentar com apoio e realizar a rotação do quadril. Se rasteja, engatinha, dá saltinhos. → Adaptativa: ela consegue fazer a pega radial fechada, passando o objeto de uma mão para a outra, uma vez que ela é capaz de sentir melhor os objetos com que está brincando. → Social: ela prefere a mãe, gosta de espelho. → Linguagem: ela já dobra as sílabas, pronunciando sons semelhantes a “mama, baba”, os quais chamamos de polissílabos vogais ou lalação 8º mês: → Com essa idade, o se bebê está muito curioso e segue testando e conhecendo melhor o seu corpo. Quando colocado em posição prona, ele já é capaz de rolar e senta sem ajuda, balançando o corpo quando sentado sobre os seus joelhos. → Quanto ao desenvolvimento do seu sistema nervoso central, seu nervo óptico já se encontra melhor desenvolvido, e ele consegue enxergar de forma mais nítida os objetos à sua frente e melhor distinguir as cores. 9-10º mês: → Motor: com 9 meses a criança já consegue sentar sozinha e sem apoio. O bebê se torna móvel, sendo esperado que a maioria das crianças nessa faixa etária seja capaz de se arrastar ou até mesmo engatinhar. → É importante lembrar que nem todas as crianças irão engatinhar e que esse processo é o único que, quando não aparece, pode ser considerado um marco do desenvolvimento normal. → Quando em pé, ela já é capaz de dar alguns passos laterais se escorando em algum apoio, e senta sozinha. → Adaptativo: ela tem a capacidade de fazer o movimento de pinça entre o dedo polegar e o indicador. → Um detalhe é que a criança não pega o objeto no movimento de pinça, mas sim o pega com a região cubital, passa para a região radial e aí sim faz o movimento de pinça. Quando o objeto é deixado em sua mão por alguns instantes, ela solta-o com força, como se estivesse com raiva. → É a idade da estranheza, a criança tem o hábito de querer somente o colo da mãe, o que torna essa faixa etária um momento importante, pois ela passa a ter medo das consultas com o pediatra, tornando o atendimento um pouco mais difícil na maioria das vezes. → Social: Ela já é capaz de bater palmas, brincar de “cadê” e dar tchau. Também já responde ao som do nome. → Linguagem: ela já fala polissílabos de forma mais precisa (“mama, dada”). Anne Karolyne Morato – P3 1 1º mês: → O bebê de 11 meses já responde aos chamados, reconhecendo o seu próprio nome. Além disso, é esperado que ele consiga bater palmas e dar tchau. Um marco importante é que nessa fase o bebê já conseguirá se alimentar sozinho. → Apesar de movimentos ainda não tão refinados, ele é já capaz de levar a colher à boca na hora das refeições. Já poderá ser capaz de dar alguns passos, ainda que com apoio dos pais. 12º mês: → Motor: nesse momento, esperamos que a criança já levante e ande sozinha com apoio. → Adaptativa: ela pega os objetos já com o movimento de pinça e, se por acaso você pedir esse objeto de volta, ela te devolve. → Social: Ela ajuda na hora de vestir-se, levantando os braços. → Linguagem: é esperado que ela já fale pelo menos uma palavra. 2 anos: → Aos dois anos, a primeira dentição (ou dentes de leite) do seu bebê já se encontram completos. Ele já consegue dar nome aos objetos e sabe o seu próprio nome, começando, inclusive, a formar algumas frases. → É nessa idade também que começa o controle esfincteriano do bebê, sendo iniciado, aos poucos, o desfralde da criança. → Esse período a criança começa a correr, devendo a nossa atenção ser redobrada para eventuais quedas. Por volta dos 15 meses, ela já brinca e é capaz de empilhar 3 cubos, fazendo uma torre. 4-6 anos: → Entre os 3 e os 4 anos: veste-se com auxílio. → Entre os 4 e os 5 anos: conta ou inventa pequenas histórias. O comportamento é predominantemente egocêntrico. → A partir dos 6 anos: começa a pensar com lógica, embora seja predominantemente concreta.Desenvolve a memória e a linguagem e uma imagem de si própria o que afeta a sua autoestima. → Os amigos assumem uma importância fundamental. Começa a compreender a constância de género. A segregação entre géneros é muito frequente nesta idade (meninos “não se misturam” com meninas e vice-versa). 7-9 anos: → A partir dos 7 anos: começa a desenvolver a noção de auto valor, integrando a sua auto percepção, “fechando” algumas ideias sobre quem ela é e como deve ser. Anne Karolyne Morato – P3 10 anos: → A partir dos 10 anos ocorrem mudanças relacionadas com a puberdade e há um “estirão” no crescimento (nas meninas, por volta dos 11 anos, nos meninos, por volta dos 13). Compreender as infecções das vias aéreas mais comuns na infância: → As infecções respiratórias e gastrointestinais são as principais causas de morbidade na infância. Infecções respiratórias de repetição na infância, em geral, não estão associadas a falhas na resposta imunológica, mas refletem imaturidade imunológica e maior exposição a microrganismos infecciosos durante os primeiros anos de vida. → Fatores de risco como ambiente de creche, número de irmãos, poluição ambiental e tabagismo passivo Anne Karolyne Morato – P3 contribuem para o aumento da frequência de infecções respiratórias. Crianças que frequentam creches e pré- escolas apresentam risco 2 a 3 vezes maior de adquirir infecções, com impacto na saúde individual e risco de disseminação da infecção na comunidade. → Este é um fator de risco importante para infecções do trato respiratório de repetição especialmente para o lactente, pela exposição precoce a vários agentes infecciosos, em um período de imaturidade fisiológica do sistema imunológico. → Na faixa etária de seis meses aos três anos, as crianças têm de seis a nove infecções respiratórias agudas por ano, sendo que cerca de 10% delas apresentam mais de dez quadros ao ano. Entre os três e cinco anos, o número de infecções respiratórias cai para três a quatro por ano, e crianças acima dos cinco anos apresentam um a dois quadros por ano, como ocorre nos adultos. Esse é um comportamento fisiológico decorrente do desenvolvimento do sistema imunológico. Infecções respiratórias que atingem as vias aéreas superiores : → Rinofaringite aguda (resfriado): É a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum da infância Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano É causado geralmente por um rinovírus. Tem como sinais - coceira no nariz, irritações na garganta, espirros e secreções nasais. Pode causar febre baixa nas crianças. A orofaringe, a mucosa nasal e a membrana timpânica encontram-se hiperemiadas e inflamadas. Transmissão é feita através de gotículas produzidas pela tosse e espirros (como um aerossol), ou pelo contato de mãos contaminadas com a via aérea de indivíduos sadios. O contágio é significativo em comunidades fechadas e semifechadas, como domicílio, creches (importante na morbidade de lactentes), escolas e outras coletividades. A rinofaringite pode evoluir com complicações decorrentes da extensão do processo inflamatório infeccioso às estruturas adjacentes, ou por diminuição do clearence das secreções e consequente crescimento bacteriano. As principais complicações observadas são a otite média aguda e as sinusites. Anne Karolyne Morato – P3 → Amigdalite: Doença inflamatória causada por vírus ou bactéria que atinge as regiões das amígdalas e garganta. Os sinais são inchaço, dor e vermelhidão dos gânglios do pescoço, febre e mau hálito. No caso das amigdalites purulentas, o agente etiológico mais comum é o estreptococo beta hemolítico do grupo A, sendo necessária a utilização de antibiótico para o tratamento. Nas amigdalites purulentas, o quadro clínico típico tem início com dor de garganta intensa acompanhada de febre alta, de início súbito, e, frequentemente, cefaleia e vômito. Ao exame as amígdalas encontram- se hiperemiadas e hipertrofiadas com presença de secreção purulenta e petéquias no palato mole. Os gânglios da região cervical anterior encontram-se aumentados. → Otite média: É uma inflamação da orelha média resultante de Ivas com sinais e sintomas característicos. Aproximadamente de 5% a 30% dos resfriados são agravados com otite média aguda (OMA), que é definida pela presença de dor ou irritabilidade e secreção na orelha média. Irritabilidade, dificuldade para se alimentar e para dormir são algumas das manifestações atípicas encontradas em lactentes. Pode causar febre, dor intensa, sinais de desequilíbrio, náuseas e vômitos e diminuição da audição. A confirmação é feita pela otoscopia. → Sinusite: É uma complicação viral ou bacteriana. Os seios mais frequentemente comprometidos são o maxilar e etmoidal. A etmoidite costuma aparecer após os seis meses de idade. A infecção maxilar produz manifestações clínicas após o primeiro ano de vida. A sinusite frontal é rara antes dos 10 anos de idade. O início pode ser lento ou súbito. Tem como sintomas secreção nasal, tosse, obstrução nasal, dor de cabeça e febre. Nas formas leves de sinusite, as manifestações iniciais de IVAS passam a se prolongar por mais de 10 dias ou, após período de melhora clínica, há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal purulenta). Esse quadro pode ser acompanhado de halitose. e. Costuma haver tosse diurna, com piora à noite. Em alguns casos, pode ocorrer febre. Nas formas moderadas a graves, ou em crianças maiores, as manifestações citadas podem ser mais intensas, acompanhando-se, eventualmente, de edema palpebral, cefaléia, Anne Karolyne Morato – P3 prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afetado(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal de etmoidite. → Laringite: É uma infecção viral que tem como principal sintoma a tosse seca. Também denominada de crupe viral, laringite é uma inflamação da porção subglótica da laringe, que ocorre durante uma infecção por vírus respiratórios. A congestão e edema dessa região acarretam um grau variável de obstrução da via aérea. Acomete com maior frequência lactentes e pré-escolares, com um pico de incidência aos dois anos de idade. A evolução pode ser um pouco lenta, com início do quadro com coriza, febrícula e tosse. Em 24-48 horas acentua-se o comprometimento da região infraglótica, com obstrução de grau leve a grave e proporcional dificuldade respiratória. A evolução natural, na maioria dos casos, é a persistência do quadro obstrutivo da via aérea por 2-3 dias e regressão no final de cinco dias. O quadro clínico da laringotraqueobronquite compõe-se de sintomas iniciais de infecção das vias aéreas superiores, especialmente em crianças pequenas, que evoluem com a característica “tosse de cachorro”, rouquidão e estridor laríngeo. O estridor, nos casos leves, só é percebido quando a criança se agita, porém pode ser audível mesmo em repouso, acompanhado de falta de ar, retrações e cianose nos casos mais graves. A febre é geralmente baixa ou ausente. Na epiglotite os pacientes apresentam um quadro súbito de febre, dispneia, disfagia e salivação abundante, voz abafada, retração inspiratória, cianose e estridor suave. Esse quadro é grave e pode evoluir para parada respiratória. O tratamento do Crupe viral depende da gravidade do quadro. Nos casos leves, que não apresentam estridor em repouso, são requeridos somente hidratação oral e mínimo manuseio. → Faringite: A faringite com exsudato e a adenite cervical são pouco frequentes nas criançasmenores de três anos, nas quais se observa um quadro clínico mais insidioso, com febre baixa, coriza concomitante e palidez. Nessa faixa etária, a etiologia viral é predominante. A importância desta doença está no fato de que, além das complicações supurativas provocadas diretamente pela infecção, ela pode desencadear reações não supurativas tardias, como febre reumática (FR) e glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), conforme o tipo de cepa. Anne Karolyne Morato – P3 Infecções respiratórias que atingem as vias aéreas inferiores: → Bronquiolite: Infecção dos bronquíolos frequente em crianças menores de dois anos. É causada por diversos tipos de vírus. O mais comum é o vírus sincicial respiratório (VSR). Surge na evolução de uma rinofaringite e se inicia com tosse seca que evolui para produtiva, com presença de roncos expiratórios difusos à ausculta do tórax O raio X do tórax é normal ou pode apresentar acentuação da trama vasobrônquica. Os sinais são parecidos com os de resfriado, tais como nariz escorrendo, tosse leve e febre. O tratamento é essencialmente sintomático. Expectorantes e sedativos da tosse são raramente indicados. → Bronquiolite: Considerado como o primeiro desconforto respiratório de crianças menores de dois anos. Caracteriza-se por um quadro de 1 a 2 dias de febre, acompanhado de rinorreia e tosse que evolui com taquipneia e desconforto respiratório progressivos, com pico no 4º dia de evolução. Batimento de asa do nariz, retrações e estertores e sibilos podem ser observados, dependendo da gravidade do caso, e ocasionalmente crianças pequenas podem apresentar apneia. A bronquiolite, devido ao vírus sincicial respiratório, contribui substancialmente para morbidade e mortalidade de crianças com doenças de base, como as portadoras de doença pulmonar crônica da prematuridade, cardiopatias congênitas e fibrose cística. A maioria dos pacientes é tratada ambulatorialmente com sintomáticos. Crianças com sinais de hipoxemia em ar ambiente, taquipneia moderada, história de apneia, desconforto respiratório moderado ou doença de base devem ser tratadas em ambiente hospitalar. → Pneumonia: Infecção dos pulmões (inflamação do parênquima pulmonar) que pode ser causa por vírus e bactérias. As pneumonias adquiridas na comunidade (PACs) podem ser definidas clinicamente como a presença de sinais e sintomas de pneumonia na criança previamente sadia decorrente de infecção que Anne Karolyne Morato – P3 tenha sido adquirida fora do ambiente hospitalar. Os sintomas mais comuns nas crianças são tosse persistente, febre (até 38,5ºC) e perda de apetite. Para se considerar como sinal de pneumonia, a tiragem deve ser subcostal e acentuada, e a frequência respiratória, maior que 60 respirações por minuto. Nas crianças de dois meses a cinco anos, o principal sinal clínico que caracteriza pneumonia é a tiragem intercostal ou subcostal. Nas crianças de 2 a 12 meses, considera-se taquipneia quando a frequência respiratória for maior que 50 respirações por minuto, e acima de 40 nas crianças de um a quatro anos. A taquipneia e a tiragem subcostal estão sempre presentes nas pneumonias graves. Cianose central, dificuldade para ingerir líquidos e movimentos involuntários da cabeça estão associados a pneumonias muito graves. Taquipneia isolada e estertores crepitantes não se associam a maior gravidade. Os lactentes menores de dois meses têm características especiais que devem ser levadas em conta na avaliação. Eles apresentam maior risco de morrer de infecções bacterianas graves, devendo ser tratados em regime de internação hospitalar. Nas crianças maiores de cinco anos, o quadro clínico se assemelha ao dos adultos e caracteriza-se por tosse produtiva com expectoração, eventualmente escarro hemoptoico, febre, dor no tórax ventilatório dependente e toxemia. → Influenza: Como qualquer infecção por influenza, o quadro clínico inicial da doença em questão é caracterizado como uma síndrome gripal (SG), que por sua vez, é definida como “doença aguda (com duração máxima de cinco dias), apresentando febre (ainda que referida) acompanhada de tosse ou dor de garganta, na ausência de outros diagnósticos”. A influenza ocorre durante todo o ano, porém é mais frequente nos meses de outono e inverno, quando as temperaturas caem, principalmente no sul e sudeste do país. Para o correto manejo clínico da influenza, é preciso considerar e diferenciar os casos de: síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG). → Asma: É uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela hiper- responsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível, espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios Anne Karolyne Morato – P3 recorrentes de sibilância, dispneia, sensação de aperto no peito e tosse, particularmente à noite e de manhã ao despertar. Ao exame físico, no período de crises, o principal sinal é a ausculta de sibilos bilaterais e, em alguns casos, de roncos. O tórax silencioso é indicativo de mau prognóstico. No período entre crises, o paciente segue assintomático. Os exames complementares para o diagnóstico da doença são a espirometria e o pico de fluxo expiratório. Crianças abaixo de 5 anos têm dificuldade para a execução desses exames. Em crianças menores de 5 anos, as principais manifestações sugestivas de asma são: mais de um episódio de sibilância por mês, tosse ou sibilos (ocorrem à noite ou ao acordar de manhã, provocados por emoções ou atividades físicas), tosse sem relação com viroses, presença de rinite alérgica ou dermatite atópica e boa resposta a β2-agonistas inalatórios. É multifatorial: fatores genéticos, exposição a alérgenos e irritantes, além de fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas. É a doença crônica mais prevalente na infância e a terceira causa de hospitalização no país. Atualmente os esquemas terapêuticos são específicos, seguros e garantem controle da doença quando associados ao controle adequado de fatores ambientais desencadeantes das crises. Principais diferenças fisiopatológicas brônquio-pulmonares para a criança saudável, com asma e com crise de asma: Saudável: na criança sem asma as vias aéreas estão normais e a musculatura lisa permanece relaxada. Asma: observe na imagem da criança com asma que as vias aéreas estão estreitadas (inflamação), porém com a musculatura lisa ainda permanece relaxada. Crise de asma: quando na crise de asma observa-se considerável estreitamento da via aérea (inflamação), associada à contração da musculatura lisa e aprisionamento do ar nos alvéolos. Diagnóstico simplificado: presença de tosse ou crise de asma; uso de broncodilatador; restrição de atividade física e absenteísmo escolar; asma noturna. Para o diagnóstico da asma no lactente utilizam-se os critérios maiores e Anne Karolyne Morato – P3 menores. A presença de um critério maior ou um critério maior mais dois critérios menores sugere o diagnóstico de asma. → Epiglotite: Infecção bacteriana ou viral que causa inchaço na epiglote (cartilagem que orienta o fluxo de ar e de alimentos na garganta), o que pode ocasionar problemas respiratórios, até a obstrução das vias aéreas. Os sinais são dor de garganta, febre, coloração azulada e um som característico quando a criança respira. Associar os parâmetros de sinais vitais e ausculta pulmonar às IVAs mais comuns na infância, com enfoque no caso do problema: Problema: → FR = 50 incursões por minuto → Saturação de O2: 91% →Taquidispneia → Estertores finos (principalmente em base do hemitórax direito) → Sibilância respiratória Ausculta pulmonar: → Os sibilos são causados por um estreitamento ou bloqueio (obstrução) das vias respiratórias. O estreitamento pode ser causado por: Inchaço dos tecidos nas vias respiratórias; Espasmos dos músculos minúsculos nas paredes das vias respiratórias (broncoespasmo); Acumulo de muco nas vias respiratórias. → Episódios recorrentes de sibilos são comuns nos primeiros anos de vida. Ate recentemente, os médicos diagnosticavam estes episódios como sendo asma porque, assim como a asma, os episódios podiam ser aliviados ao inalar medicamentos que abrem as vias respiratórias (broncodilatadores) e porque o desenvolvimento desses sintomas teve início na infância para a maioria dos adultos que tem asma. No entanto, os médicos atualmente sabem que apenas alguns bebes e crianças pequenas que apresentam os referidos episódios de sibilo de fato vem a ter asma mais tarde na infância ou na adolescência. Contudo, na maioria das crianças, os episódios de sibilos param entre os 6-10 anos de idade, e os médicos não diagnosticam essas crianças como tendo asma. Essas crianças tem outros fatores que causam seus episódios recorrentes de sibilo. Anne Karolyne Morato – P3 → Causas menos comuns de sibilos recorrentes incluem: Dificuldade de deglutição crônica que causa a inalação recorrente de alimentos e liquido para dentro dos pulmões; Refluxo gastresofágico; Um corpo estranho nos pulmões; Insuficiência cardíaca. → Tosse e sibilância são sintomas respiratórios muito comuns em crianças e podem ser a expressão clinica de uma grande variedade de problemas localizados nas vias respiratórias. → Crianças menores de 2 anos de vida e que manifestam pelo menos 3 episódios de sibilancia, em espaço de 6 meses, são denominados “lactentes sibilantes”. Varias podem ser as causas de sibilância nessa faixa etária e, embora a asma seja a mais comum, deve ser sempre diagnostico de exclusão (investigar mais a fundo). → A depender da causa, outros sintomas podem incluir tosse, febre e coriza. O diagnóstico da causa se baseia em radiografias do tórax e, algumas vezes, outros exames; o tratamento pode incluir broncodilatadores e corticosteroides. → A fisiopatologia da sibilância recorrente ainda não está claramente definida. Acredita-se que na criança predisposta o contato com vírus respiratórios, o uso indiscriminado de antibióticos e alta densidade populacional desencadeiam desequilíbrio no balanço da resposta dos linfócitos Th1 e Th2, levando ao processo inflamatório nas vias aéreas, onde e observam-se edema da parede brônquica, secreção de muco e contração da musculatura peribrônquica. Esses três fatores levam à obstrução ao fluxo aéreo, de grau variável, responsável pela tosse, sibilos e esforço respiratório, notadamente expiratório. Cabe ressaltar ainda que as características anatômicas e funcionais das vias aéreas dos lactentes favorecem o aparecimento de sinais de esforço respiratório como consequência da obstrução ao fluxo aéreo, considerando que apresentam: Maior resistência nasal; Vias aéreas de menor calibre; Caixa torácica mais complacente; Maior resistência nas vias aéreas periféricas; Menor número de poros de Khon e canais de Lambert. → Os lactentes sibilantes apresentam quadro clínico que sugere obstrução das vias aéreas inferiores, a saber, tosse, que pode ser seca ou secretora, sibilância e esforço respiratório. Tais manifestações são inespecíficas e têm intensidade e frequência variáveis na dependência do grau de obstrução ao fluxo aéreo. Tempo expiratório prolongado, tiragens intercostais ou subdiafragmáticas também podem ser registradas nas exacerbações ou de forma persistente nos pacientes mais graves. A ausculta Anne Karolyne Morato – P3 pulmonar pode ser normal ou exibir sibilos expiratórios ou crepitações → Os estertores são ruídos respiratórios adventícios descontínuos. Os estertores finos constituem sons breves e de alta tonalidade e os grossos, sons de duração longa e baixa tonalidade. → Ocorrem mais comumente em atelectasia, processos de preenchimento alveolar (ex: edema pulmonar) e pneumopatia intersticial (ex: fibrose pulmonar) – indicam a abertura das vias respiratórias ou alvéolos colapsados. Fenótipos de sibilancia: → A classificação dos lactentes sibilantes em fenótipos pode ser baseada de acordo com a época de aparecimento e duração da sibilância ou pelos desencadeantes. → Sibilância transitória (sibilos durante os dois e três primeiros anos de vida e não mais após essa idade) → Sibilância não-atópica (sibilância desencadeada principalmente por vírus que tende a desaparecer com o avançar da idade) → Asma persistente, caracterizada por sibilância associada a um dos seguintes itens: Manifestações clínicas de atopia: eczema; rinite e conjuntivite; alergia alimentar; eosinofilia e/ou níveis séricos elevados de imunoglobulina E (IgE) total; Sensibilização comprovada pela presença de IgE específica a alimentos na infância precoce e a seguir IgE específica a aeroalérgenos; Sensibilização a aeroalérgenos antes dos três anos de idade especialmente se exposto a níveis elevados de alérgenos perenes no domicílio; Ter pai e/ou mãe com asma. → Sibilância intermitente grave (episódios pouco freqüentes de sibilância aguda associados a poucos sintomas fora dos quadros agudos e com a presença de características de atopia: eczema; sensibilização alérgica; e eosinofilia em sangue periférico). Conhecer quais medidas preventivas são util izadas para IVAs: → Os problemas respiratórios na primeira infância, normalmente são decorrentes de infecções que, na maioria das vezes, começam com infecções virais e se complicam com situações de complicação bacteriana. Principalmente com a volta as aulas e a chegada do outono e inverno. → No período de março a junho de todos os anos há considerável aumento da incidência de infecções respiratórias agudas em função das mudanças climáticas e alterações dos hábitos das pessoas que tendem a se aglomerar em Anne Karolyne Morato – P3 ambientes fechados. Como consequência, a população com um todo, mas principalmente as crianças e idosos, costumam adoecer. → As crianças ate 5 anos de idade costumam apresentar de 4 a 8 infecções respiratórias ao ano, sendo a incidência maior nesta época do ano. Essas infecções são, em sua maioria, de etiologia virótica. O que podemos fazer para evitar? → Lavar sempre as mãos; → Beber muito líquido; → Evitar que o seu filho adquira o habito de levar a mão a boca ou ao nariz; → Evitar lugares pouco ventilados; → Evitar lugares fechados e aglomerados; → Manter o calendário vacinal atualizado; → Manter uma alimentação saudável, já que dessa forma a criança se manterá nutrida; → Evitar trocas de utensílios com outras crianças; → Manter os níveis de vitamina D adequados: Crianças com baixos níveis de vitamina D que passam a tomar suplementos nutricionais podem chegar a reduzir pela metade o risco de apresentar alguma infecção respiratória (essa é a conclusão de um estudo feito no Hospital Geral de Massachusetts, da Universidade de Harvard, EUA, na revista Pediatrics, 2012); → Lavar o nariz com soro fisiológico; → Praticar e incentivar a pratica de exercício físico regular; → Descansar e fazer o seu filho descansar o suficiente; → Não fumar perto das crianças: A inalação passiva de fumo de cigarro aumenta a frequência e a seriedade das constipações, tosse, infecções de ouvido, infecções dos seios nasais, laringites e asma; → Evitar contato próximo com pessoasdoentes; → Quando estiver doente, manter distancia das outras pessoas para evitar a transmissão dos germes; → Mesmo quando aparentemente saudável, ter cuidado com os “beijinhos e abraços”; → Se tiver contato com bebes muito pequenos, lave as mãos antes de pegar neles e evite o contato muito próximo, principalmente de outras crianças; → Lavar/desinfectar com regularidade os brinquedos; → Não partilhar copos nem talheres. Curiosidade: → O aleitamento reduz os índices de infecções respiratórias e gastrointestinais, sendo aconselhável o estimulo ao aleitamento exclusivo por, no mínimo, 4 meses, mas preferencialmente por 6 meses; dessa forma, salienta-se o efeito protetor contra otite media, pneumonia e diarreia, as principais causas de Anne Karolyne Morato – P3 mortalidade infantil de causa infecciosa em países em desenvolvimento, como o Brasil. → O leite materno exerce efeito protetor pela presença do fator de crescimento epidérmico que induz a maturação do epitélio intestinal, imunoglobulina A e o oligossacarídeos que previnem a ades]ao de patógenos, além da presença de lactoferrina cuja propriedade antimicrobiana induz a ruptura da membrana bacteriana Uso de Probióticos: → Em crianças com infecções recorrentes do trato respiratório ainda necessita de estudos para definir os efeitos de diferentes cepas de probióticos, bem como dose e momento da suplementação, além do tempo de uso, com potencial de modificar a frequência e a gravidade de infecções respiratórias. O uso de probióticos resultou em redução do número e da duração de infecções do trato respiratório superior, do uso de antibióticos e de falta escolar, embora a qualidade da evidencia tenha sido baixa. → Em crianças com infecções de repetição, independentemente da causa, é importante adequar o esquema de imunização, conforme idade e recomendações específicas para cada diagnóstico
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