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O osso é uma forma especializada de tecido conjuntivo, formado por células e por material extracelular calcificado, a matriz óssea, composta por um componente orgânico não mineralizado conhecido como osteoide (35%) e por um componente mineral (65%). O osteoide é constituído predominantemente por colágeno tipo I com quantidades menores de glicosaminoglicanas e outras proteínas. A característica que distingue o tecido ósseo de outros tecidos conjuntivos é a mineralização de sua matr iz, que produz um tecido extremamente rígido, capaz de proporcionar suporte e proteção. Os íons mais abundantes encontrados no tecido ósseo, que compõe os cristais minerais são o cálcio e o fosfato que, juntos, formam um cristal denominado hidroxiapatita, cuja fórmula molecular é Ca10(PO4)6(OH)2. Dessa forma, a associação entre a hidroxiapatita e as fibras colágenas é a responsável pela dureza e resistência características do tecido ósseo Realiza muitas funções importantes no corpo, como suporte mecânico, proteção de órgãos internos, estocagem de minerais, hematopoiese., possibilita a execução de atividade motora, metabólica: equilíbrio de ca+, pi e endócrina: fgf23, osteocalcina • Possui vascularização, inervação Macroscopicamente, os ossos podem ser subdivididos em osso compacto (cortical) e osso esponjoso. • O osso compacto consiste em osso denso que constitui 80% do esqueleto e forma a camada externa dos ossos. • O osso esponjoso é encontrado no interior do canal medular nas extremidades dos ossos longos e demonstra uma alta proporção superfícievolume. As espículas de ligação do osso que constituem o osso esponjoso são denominadas trabéculas e os espaços entre as trabéculas frequentemente são preenchidos com medula óssea e vasos sanguíneos. A medula óssea está presente no interior do canal medular e consiste em medula vermelha (contendo elementos hematopoiéticos e localizada no esqueleto axial de adultos) e medula amarela (contendo gordura e localizada nos ossos dos membros). O periósteo é um tecido conjuntivo especializado que recobre todos os ossos do corpo e compõe-se de uma camada interna, frouxamente organizada e uma camada externa, fibrosa, que contém vasos sanguíneos. Por toda a vida, o osso é uma estrutura dinâmica que sofre remodelamento constante para manter o esqueleto. O osso pode ser dividido microscopicamente em osso lamelar e osso reticulado. O osso não mineralizado é denominado osteóide • O osso lamelar é produzido lentamente, é muito organizado e forma o esqueleto do adulto. O osso lamelar é definido por uma organização paralela de fibras de colágeno do tipo I, poucos osteócitos na matriz e osteócitos uniformes em lacunas paralelas ao eixo longo das fibras de colágeno. O osso reticulado é depositado mais rapidamente do que o osso lamelar, demonstra baixa resistência à tração e é organizado ao acaso. • O osso reticulado é encontrado primariamente no feto em desenvolvimento, em áreas que circundam tumor ou infecção e como parte de uma fratura em consolidação; por conseguinte, não é um achado normal em adultos. O osso reticulado caracterizase por organização irregular de fibras de colágeno do tipo I, muitos osteócitos e variação no tamanho e forma desses osteócitos. Células do tecido ósseo: - As células osteoprogenitoras são células derivadas das células-tronco mesenquimatosas, e têm o potencial de se diferenciar em muitos tipos celulares diferentes, incluindo fibroblastos, osteoblastos, adipócitos, condrócitos e células musculares - Os osteoblastos são células que secretam a matriz extracelular do osso, de divisão. secreta tanto colágeno do tipo I (que constitui 90% da proteína no osso) quanto proteínas da matriz óssea, que constituem a matriz não mineralizada do osso imaturo.. As proteínas da matriz óssea produzidas pelo osteoblasto incluem as proteínas de ligação do cálcio, tais como osteocalcina e osteonectina, glicoproteínas multiadesivas, trombospondinas e vários proteoglicanos. O osteoblasto também é responsável pela calcificação da matriz óssea. O processo de calcificação parece ser iniciado pelo osteoblasto por meio da secreção na matriz de pequenas vesículas da matriz limitadas por membrana. Quando a célula é circundada pela sua matriz secretada, é denominada osteócito. Nem todos os osteoblastos estão destinados a se diferenciar em osteócitos. Apenas 10 a 20% dos osteoblastos se diferenciam em osteócitos. Outros se tornam células inativas, constituindo células periosteais ou células de revestimento do osso endosteal. No entanto, a maioria dos osteoblastos sofre apoptose. -. Quando totalmente circundado por osteoide ou matriz óssea, o osteoblasto é denominado osteócito. O processo de maturação do osteoblasto em osteócito leva aproximadamente 3 dias. Durante esse período, o osteoblasto produz uma grande quantidade de matriz extracelular (quase três vezes o seu próprio volume celular), reduz o seu volume celular em aproximadamente 70% em comparação com o volume do osteoblasto original, diminui o tamanho e o número de organelas e desenvolve longos prolongamentos que se irradiam a partir do corpo celular. Os osteócitos são células metabolicamente ativas e multifuncionais e estão envolvidos no processo da mecanotransdução, pelo qual respondem a forças mecânicas aplicadas ao osso. A diminuição dos estímulos mecânicos (p. ex., imobilização, fraqueza muscular, ausência de gravidade no espaço) provoca perda óssea, enquanto o aumento dos estímulos mecânicos promove formação óssea. - Nos locais em que não ocorre remodelação, a superfície óssea é coberta por uma camada de células planas, com citoplasma atenuado e escassez de organelas além da região perinuclear.. Essas células são designadas simplesmente como células de revestimento ósseo. As células de revestimento ósseo nas superfícies ósseas externas são denominadas células periosteais, enquanto as que revestem as superfícies ósseas internas são frequentemente denominadas células endosteias. Originam-se dos osteoblastos que permanecem no tecido mesmo após a cessação da deposição óssea - Os osteoclastos são células de reabsorção óssea encontradas nas superfícies ósseas onde o osso está sendo removido ou remodelado (reorganizado) ou onde o osso foi danificado, pertencem ao sistema fagocitário mononuclear. Originam-se da fusão de células homocitopoéticas mononucleares, principalmente células progenitoras de granulócitos/macrófagos (GMP, CFUGM; do inglês, granulocyte/macrophage progenitor cells), que dão origem às linhagens celulares de granulócitos e monócitos Os osteoclastos reabsorvem o tecido ósseo por meio de liberação de prótons e hidrolases lisossômicas no microambiente constrito do espaço extracelular. A maioria das vesículas no osteoclasto consiste em lisossomos. Seu conteúdo é liberado no espaço extracelular nas fendas entre os prolongamentos citoplasmáticos da borda pregueada. Trata-se de um exemplo claro do funcionamento das enzimas lisossômicas fora da célula. Uma vez liberadas, essas enzimas hidrolíticas, que incluem a catepsina K (uma cisteína protease) e as metaloproteinases da matriz, degradam o colágeno e outras proteínas da matriz óssea. O osso atua como reservatório para o cálcio corporal. A manutenção dos níveis sanguíneos normais de cálcio é de importância crítica para a saúde e a vida. O cálcio pode ser liberado pela matriz óssea no sangue quando os níveis sanguíneos circulantes de cálcio caem abaixo de um ponto crítico (a concentração fisiológica de cálcio varia de 8,9 a 10,1 mg/dℓ). Por outro lado, o excesso de cálcio no sangue pode ser removido do sangue e armazenado no osso. Esses processos são regulados pelo paratormônio (PTH) – secretado pelas células principais das glândulas paratireoides – e pela calcitonina, a qual é secretada pelas células parafoliculares da glândulatireoide • O PTH atua sobre o osso para elevar os níveis sanguíneos baixos de cálcio para valores normais • A calcitonina atua sobre o osso para reduzir os níveis sanguíneos elevados. Inibe a reabsorção óssea – especificamente, os efeitos do PTH sobre os osteoclastos. A osteoporose (OP) é uma doença osteometabólica progressiva que diminui a densidade mineral óssea (massa óssea por unidade de volume), com deterioração da estrutura óssea. Esta condição promove aumento da fragilidade óssea e suscetibilidade à fratura (evidência tardia) Fratura osteoporótica é um fator de risco importante para novos eventos. A osteoporose é considerada um problema de saúde pública associada ao envelhecimento e dor crônica. Por se tratar de uma doença crônica e multifatorial, pode progredir silenciosamente por décadas até que seja diagnosticada, resultando em situações que podem afetar a qualidade de vida das pessoas Independentemente da causa, a osteoporose reflete aumento da reabsorção óssea em relação à formação. Durante toda a vida, o osso é constantemente remodelado por meio de um ciclo de reabsorção osteoclástica e síntese óssea osteoblástica. Com o envelhecimento, quantidade menor de osso é reposta sucedendo reabsorção, provocando um resultante déficit com o passar do tempo. A osteoporose pode ser descrita como primária (idiopática) ou secundária (devido a distúrbios subjacentes identificados). • Diminuição da massa óssea --> partir dos 50 anos Mais marcantes nos corpos vertebrais, no colo do fêmur, metacarpos, rádio distal, tíbia e úmero proximais e pelve. As alterações são mais evidentes na coluna espinhal, na qual a perda de osso esponjoso provoca a deformação das vértebras e fraturas por compressão. Sucedendo cada fratura por compressão, a coluna tornase mais curta e o paciente desenvolve cifose (corcunda de viúva). À microscopia, a osteoporose revela diminuição da espessura do córtex e redução do número e tamanho de trabéculas de osso esponjoso. A osteoporose senil compreende redução da espessura trabecular, enquanto a osteoporose da pós-menopausa apresenta rompimento das ligações entre as trabéculas. • Enrijecimento articular, Dores articulares, Lombalgias, Imobilidade e Maior risco de quedas e incapacidade – MORTALIDADE Estratégia da Anamnese e Exame Físico: •Identificar fatores de risco para baixa massa óssea e fratura Identificação de fatores de risco: Idade, Peso, Historia de Fratura (pessoal/familiar), Doença Intercorrente, Tabagismo, Etilismo, Drogas (p. ex., glicocorticóide, anticonvulsivantes) A prevenção da osteoporose pode ser alcançada com terapia estrogênica após a menopausa, embora esse processo imponha um aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama e do endométrio. Os bifosfonatos também passaram a ser empregados recentemente para evitar a osteoporose. Osteoporose Primária A osteoporose primária é a forma mais comum de osteoporose e ocorre em mulheres na pós-menopausa (tipo 1) e idosos de ambos os sexos (tipo 2) A osteoporose primária tipo 1 deve-se a um aumento absoluto da atividade osteoclástica, afeta principalmente mulheres na pós-menopausa e é uma conseqüência direta da supressão de estrogênio. Postulou-se que o estrogênio medeie a atividade osteoclástica através das ações de citocinas produzidas pelo estroma da medula óssea. Tipicamente, a osteoporose da pós-menopausa torna-se diagnosticável em 10 anos após a menopausa. A osteoporose primária tipo 2 (osteoporose senil) ocorre em pacientes com mais de 70 anos de idade, afeta os dois sexos e é causada por atenuação da função osteoblástica. As causas da osteoporose primária tipo 2 são: • Fatores genéticos: relacionados com a formação de pico de massa óssea • Ingestão de cálcio: controversa; a ingestão diária recomendada é de 800 mg/dia • Absorção de cálcio e vitamina D: a forma ativa da vitamina D, 1,25(OH) 2D, promove a absorção de cálcio no intestino; níveis reduzidos de vitamina D ativa são provocados pela diminuição da atividade da 1αhidroxilase no rim devido a redução da ação do PTH • Exercícios físicos: a atividade física mantém a massa óssea • Fatores ambientais: o tabagismo em mulheres aumenta a osteoporose Osteoporose Secundária A osteoporose secundária ocorre associada a diversos fatores etiológicos, como: • Distúrbios endócrinos: excesso de corticosteróides (inibem a atividade osteoblástica), deficiência de estrógenos • Hiperparatireoidismo: aumento da atividade osteoclástica • Hipertireoidismo: renovação óssea acelerada e aumento da atividade osteoclástica • Hipogonadismo: deficiência de estrogênio ou de androgênios anabólicos; síndrome de Klinefelter,síndrome de Turner • Processos malignos hematológicos: o mieloma múltiplo pode secretar fator ativador de osteoclastos • Má absorção: doença gastrointestinal e hepática; perda de cálcio, fosfato e vitamina D do trato gastrointestinal • Alcoolismo: inibidor direto de osteoblastos; pode inibir a absorção de cálcio Hiperparatireoidismo Primário O hiperparatireoidismo primário resulta em reabsorção óssea generalizada devido à secreção inadequada de PTH, o que é relativamente incomum atualmente. Noventa por cento dos casos de hiperparatireoidismo primário são causados por adenomas da paratireóide, e os 10% remanescentes são causados por hiperplasia da paratireóide. A elevação do PTH tem múltiplos efeitos, como: • Reabsorção óssea osteoclástica • Reabsorção de cálcio e excreção de fosfato, pelos rins • Aumento da absorção intestinal de cálcio devido ao aumento da síntese de vitamina D ativa O cálcio desempenha um papel fundamental em muitos processos fisiológicos, incluindo: • Excitabilidade das membranas • Acoplamento excitação/contração • Transmissão sináptica • Coagulação sanguínea → A transformação de protrombina em trombina depende de Ca. • Proteção dos órgãos internos • Sustentação/resistência à forças de tração • Contração muscular • Secreção hormonal • Absorção de Vitamina B12 • Divisão celular • Sinalização celular, O organismo do homem adulto contém aproximadamente 1.000g de Ca, dos quais 99% estão localizados no osso, formando cristais de hidroxiapatita [CA10(PO4)6(OH)2]. Os cristais têm um papel crucial nas propriedades mecânicas do suporte de peso do esqueleto. O 1% restante está no plasma, no liquido extracelular e nos próprios tecidos, predominante em vesículas de armazenamento dentro das células. Como há maior concentração de Ca fora da célula., o gradiente químico e elétrico através da membrana é a favor da entrada de Ca no interior da célula. O Ca no sangue é normalmente transportado por proteínas (45%), principalmente a albumina, outra parte encontra-se unida a pequenos ânions (10%), como fosfato e citrato, e uns 45% livre ou em estado ionizado • O Ca só é absorvido se estiver na forma iônica Absorção Intestinal e Excreção Fecal de Cálcio e Fosfato. • Ef iciência de absorção: 10 – 60% • Absorção depende = Nível de Ca na dieta, Vitamina D, paratormônio, calcitonina e níveis de Ca no sangue • Ca lcitriol - Aumentar a captura de Ca na borda in testinal, estimular a formação do complexo Proteína-Ca ou calbindins (armazenam os íons de Ca temporariamente após uma refeição e transportam para a membrana para a etapa final de absorção). Os valores usuais da ingestão são em torno de 1.000 mg/dia de cálcio e fósforo, separadamente, o que corresponde às quantidades presentes em 1 litro de leite. Normalmente, os cátions divalentes, como os íons cálcio, são mal absorvidos pelos intestinos. Entretanto, como discutido adiante, a vitamina D promove a absorção de cálcio pelos intestinos, e cerca de 35% (350 mg/dia) do cálcio ingerido costuma ser absorvido; o cálcio, remanescente no intestino, é excretado nas fezes. Quantidadeadicional de 250 mg/dia de cálcio chega aos intestinos por meio dos sucos gastrointestinais secretados e pelas células descamadas da mucosa. Dessa forma, aproximadamente 90% (900 mg/dia) da ingestão diária de cálcio é excretada nas fezes .Baixa absorção: • Ácidos fítico e oxálico O ácido oxálico (espinafre, acelga e folhas de beterraba) forma oxalato de Ca insolúvel no TD. O ácido fítico (casca de cereais) se combina com o Ca formando fitato de Ca (insolúvel) • Fatores que afetam a regulação de Ca no sangue: • pH • Dieta rica proteína → aumenta absorção Ca • Ingestão de Ca • Menopausa (reabsorção óssea) → Osteoporose • Envelhecimento → Diminuição da eficiência de absorção de Ca → Acloridria e a resposta adaptativa da vitamina D. FUNÇÃO CELULAR E METABÓLICA DO FÓSFORO: • Proteção dos órgãos internos • Sustentação/resistência à forças de tração • Metabolismo energético • Estrutura/função das membranas • Sinalização intracelular • Regulação metabólica (fosforilação/desfosforilação- ativação/inibição de enzimas) • Armazenamento e decodificação do código genético A fisiologia do metabolismo de cálcio e fosfato, a formação dos ossos e dos dentes, bem como a regulação da vitamina D, do paratormônio (PTH) e da calcitonina estão intimamente interligadas. A absorção intestinal (duodeno) de fosfato ocorre com facilidade. Exceto pela porção de fosfato excretada nas fezes, em combinação ao cálcio não absorvido, quase todo o fosfato da dieta é absorvido para o sangue do intestino e depois excretado na urina • Excesso de magnésio, alumínio e ferro reduzem a absorção de Pi Normalmente, os túbulos renais reabsorvem 99% do cálcio filtrado e em torno de 100 mg/dia são excretados na urina. Aproximadamente 90% do cálcio no filtrado glomerular são reabsorvidos nos túbulos proximais, nas alças de Henle e nos túbulos distais iniciais O PTH pode aumentar intensamente a excreção do fosfato pelos rins, desempenhando papel importante no controle da concentração plasmática não só desse elemento, mas também do cálcio. A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel com ações em múltiplos órgãos e tecidos, como no: cérebro, coração, pele, intestino, gônadas, próstata, mamas e células imunológicas, além de ossos, rins e glândulas paratireoides e adrenal. Entre os seus efeitos destacam-se o aumento da absorção de cálcio e fósforo no trato intestinal e diminui a excreção desses minerais pelos rins aumentando a mineralização óssea, inibição da proliferação celular, desenvolvimento neuronal, indução de diferenciação celular, inibição da angiogénese, estimulação da produção de insulina, inibição da produção de renina e imunomodulação. A deficiência dos níveis séricos de vitamina D tem sido associada a: • DEPRESSÃO • ESQUIZOFRENIA • AUTISMO PSICOSE • AVC • DOENÇA DE ALZHEIMER • DOENÇA DE PARKINSON • ESCLEROSE MÚLTIPLA • DEMÊNCIA Vitamina D é um termo genérico para diferentes compostos, sendo os principais a vitamina D2 ou ergocalciferol e a vitamina D3 ou colecalciferol. Ambas as formas são encontradas em seres humanos, embora a quantidade de cada uma dependa da dieta e da quantidade de exposição aos raios ultravioleta. A vitamina D2 possui origem vegetal e é ingerida por seres humanos principalmente por meio de alimentos fortificados com essa vitamina, em especial fungos. A vitamina D3 é derivada de seu precursor presente na pele, embora também possa ser proveniente da dieta, pois alguns alimentos são enriquecidos com vitamina D3. Como fontes naturais mais ricas em vitamina D3 destacam- se os óleos de fígado de peixe sendo o de bacalhau e de atum aqueles que possuem um maior conteúdo neste composto. Para além destes alimentos, podem ser também encontradas quantidades satisfatórias de vitamina D3 em partes comestíveis de peixes que apresentam valores elevados de gordura (sardinha, cavala, atum), fígado de mamíferos, ovos e produtos lácteos. No caso dos produtos lácteos, e em particular do leite, este apresenta uma variação sazonal em vitamina D. Esta situação pode estar relacionada com a quantidade de luz solar que atinge a pele do animal, e que, permite que seja realizada a conversão da 7-dehidrocolesterol da pele do animal em colecalciferol. Para que a vitamina D3 se torne ativa, é necessário que ela seja metabolizada no fígado e nos rins, de modo que esses órgãos precisam estar em pleno funcionamento para que a vitamina D possa exercer adequadamente suas funções. Quando não utilizada, ela fica armazenada no tecido adiposo. No sangue, a vitamina D circula ligada principalmente a uma proteína ligadora de vitamina D, embora uma pequena fração esteja ligada à albumina. No f ígado, sofre hidroxilação, mediada por uma enzima citocromo P450-like, denominada 25-hidroxilase, transformando-se em 25-hidroxilase D, que é o principal metabólito utilizado para determinar a concentração de vitamina D no organismo do paciente em exames laboratoriais. A produção de 25- hidroxilase D é regulada pelo cálcio, pelos níveis de fósforo, pelo hormônio das paratireoides no plasma , calcitocina e pelo fator de crescimento de fibroblastos 23. A etapa inicial no processo de síntese endógena das moléculas do grupo vitamina D se inicia nas camadas profundas da epiderme onde está armazenada a substância precursora, o 7- deidrocolesterol (7-DHC), localizado na camada bilipídica das membranas celulares. Para que esse processo de ativação da vitamina D se inicie, é preciso que o indivíduo receba a luz solar direta, especificamente a radiação ultravioleta B (UVB). Uma outra variável que está envolvida nessa etapa inicial de ativação da vitamina D é a quantidade de melanina na pele do indivíduo. Os estudos mostram menores reservas da 25(IH)D em indivíduos negros quando comparados aos caucasianos (20), mas que as duas etnias têm a mesma capacidade de síntese de 25(OH)D (21), só que indivíduos com pele mais escura precisam de mais tempo de exposição ao sol para sintetizarem a vitamina D3 A absorção do fóton UVB pelo 7-DHC promove a quebra fotolítica da ligação entre os carbonos 9 e 10 do anel B do ciclo pentanoperidrofenantreno, formando uma molécula secosteroide, que é caracterizada por apresentar um dos anéis rompidos. Essa nova substância, a pré-vitamina D3, é termoinstável e sofre uma reação de isomerização induzida pelo calor, assumindo uma configuração espacial mais estável, a vitamina D3. A energia estérica dessa nova conformação tridimensional da molécula a faz ser secretada para o espaço extracelular e ganhar a circulação sanguínea. O colecalciferol e o ergosterol são transportados no sangue por uma glicoproteína, a proteína ligadora da vitamina D (DBP, vitamin D binding protein). Ao alcançarem o fígado, as vitaminas D2 e D3 sofrem hidroxilação no carbono 25, mediada por uma enzima microssomal da superfamília do citocromo P450 (CYP450) denominada 25-hidroxilase D (CYP2R1), dando origem a 25- hidroxivitamina D ou 25-hidroxicolecalciferol (25(OH)D3 e 25(OH)D2 ). A CYP2R1 é uma enzima microssomal expressa preferencialmente no fígado, mas também presente nas células testiculares. A 25(OH)D, acoplada à DBP, é transportada a vários tecidos cujas células contêm a enzima 1-α-hidroxilase (CYP27B1), uma proteína mitocondrial da família do CYP450 que promove hidroxilação no carbono 1 da 25(OH)D, formando a 1-α,25- dihidroxicolecalciferol [1,25(OH)2 D ou calcitriol], nos túbulos proximais dos rins. que é a molécula metabolicamente ativa da vitamina D. A CYP27B1 é expressa nas células dos túbulos renais proximais, onde a grande parte do calcitriol necessário ao metabolismo sistêmico é sintetizado. A DBP, junto com seus ligantes, apresenta uma a lta taxa de recaptação pelas células dos túbulos proximais, o que evita perda urinária dos metabólitos do grupo da vitamina D e concentra a 25(OH)D nos túbulosrenais, onde será necessário para a conversão em 1,25(OH)2 D. Os efeitos biológicos da 1,25(OH)2 D são mediados pelo seu receptor (VDR, vitamin D receptor), um fator de transcrição que pertence à família de receptores hormonais nucleares 1. O VDR é expresso em quase todas as células humanas e parece participar, de maneira direta ou indireta, de regulação de cerca de 3% do genoma humano. Nos rins, o calcitriol (1,25(OH)2 D) atua nos túbulos distais promovendo a reabsorção do cálcio filtrado através da regulação da expressão de proteínas transportadoras de cálcio, TRPV5 e CaBP-9k. Ela regula ainda a expressão e síntese de FGF-23 nos osteoblastos e osteócitos, o qual inibe a atividade da proteína cotransportadora de sódio e fosfato tipo 2a (NaPi2a) nos túbulos proximais, regulando a fosfatemia e a fosfatúria de modo a promover níveis de cálcio e fósforo adequados para a mineralização óssea. O calcitriol estimula a absorção intestinal de cálcio e fosfatos nas células endoteliais do intestino. O cálcio é absorvido pelo trato digestório por meio de transporte ativo, que ocorre predominantemente no duodeno e jejuno proximal, e difusão passiva, localizada principalmente no jejuno distal e no íleo. O componente ativo é saturável, estimulado pela 1,25(OH) D3 (calcitriol), regulado pela ingestão dietética e pelas necessidades do organismo. O calcitriol influencia o transporte ativo, aumentando a permeabilidade da membrana, regulando a migração de cálcio através das células intestinais e aumentando o nível de calbindina (proteína transportadora de cálcio – CaBP). A fração de cálcio absorvida aumenta conforme sua ingestão diminui. Trata-se de uma adaptação parcial à restrição de cálcio, resultando no aumento do transporte ativo mediado pelo calcitriol. Portanto, o transporte ativo é caracterizado como principal mecanismo de absorção de cálcio quando a ingestão desse componente é baixa Conforme a ingestão de cálcio aumenta (> 500 mg/dia), a difusão passiva apresenta maior participação na absorção do cálcio. Em vista disso, o processo passivo pode tornar-se o mecanismo predominante de absorção de grandes doses de cálcio, uma vez que o transporte ativo já está saturado. Componentes da dieta, como as proteínas do leite e a lactose, que aumentam a solubilidade e a osmolaridade do cálcio no íleo, tendem a estimular a difusão passiva A deficiência continua de vitamina D juntamente com a de cálcio tem diversas consequências dentre elas o câncer, doenças infecciosas, inflamatórias, autoimunes, cardiovasculares e metabólicas, como a doenças ósseas: osteopenia e osteoporose. Nos idosos, a presença de osteoporose é frequente e decorrente, dentre outros fatores, da falta de alimentos fontes de cálcio e vitamina D. A principal consequência dessa doença óssea é o aumento da fragilidade óssea e risco de fraturas, prejudicando a qualidade de vida na senescência Fatores de risco para hipovitaminose D: • DIMINUIÇÃO SÉRICA DE 25(OH)D • LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA • COR DA PELE • IDADE • EXPOSIÇÃO SOLAR • INADEQUADA BAIXA INGESTÃO DE VITAMINA D HIPOCALCEMIA: Os níveis de cálcio ionizado são finamente regulados pelo paratormônio (PTH) e pela vitamina D. O PTH é produzido pelas glândulas paratireóides em resposta à hipocalcemia e à hiperfosfatemia e promove o aumento do cálcio sérico através de três ações: aumento da reabsorção óssea através da estimulação dos osteoclastos, aumento da reabsorção tubular distal de cálcio e aumento da produção renal de ca lcitriol (forma ativa da vitamina D), a qual promove aumento da absorção intestinal de cálcio, principalmente no duodeno HIPERCALCEMIA: O aumento da calcemia e a elevação dos níveis de calcitriol promovem a d iminuição do PTH por feedback negativo e, consequentemente, a redução dos níveis de cálcio ionizado. Em oposição ao PTH e em resposta à hipercalcemia, a tireóide produz o hormônio calcitonina que reduz a calcemia através da inibição dos osteoclastos e da d iminuição da absorção intestinal e renal de cálcio. A calcitonina perde relevância quando comparada ao PTH. HIPOFOSFATEMIA: Em condições de restrição de fósforo dietético uma diminuição na concentração sérica de fósforo faz com que ocorra uma depressão na expressão e liberação do FGF23 dos ossos. A d iminuição nas concentrações de FGF23 permite um aumento na expressão e regulação das proteínas transportadoras de fósforo (NaPi2a e NaPi2c) aumentando a reabsorção de fósforo, diminuindo a excreção ur inária de fósforo. A supressão da concentração do FGF23 também ocasiona um aumento na atividade da enzima 25(OH)D3-1α-hidroxilase e faz com que a ocorra a liberação da forma ativa da vitamina D (1,25(OH)2D3). A 1,25(OH)2D3 atua diretamente no in testino delgado estimulando a absorção de cálcio e fósforo e também nos ossos estimulando a desmineralização destes minerais, a fim de manter a concentração de fósforo normal. A insulina também atua estimulando a reabsorção renal e os glicocorticoides e o glucagon atuam na diminuição da reabsorção renal do fosfato HIPERFOSFATEMIA: O excesso de fósforo no organismo pode provocar calcificação cardiovascular, calcificação dos tecidos moles, osteopenia (diminuição da massa óssea), anemia, hipertensão, coceira (pode levar a lesões cutâneas graves) e disfunção sexual, além de confusão mental e sensação de peso nas pernas. A hiperfosfatemia é tratada por meio da diminuição do consumo de fósforo na dieta e da redução da absorção de fosfato no trato digestivo (esse último, por meio de medicações). Pequenas elevações séricas de fosfato levam a uma diminuição na reabsorção tubular proximal de fosfato no rim.
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