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1 - Passando mal 1 1 - Passando mal 1. Descrever os tipos de dor 2. Descrever as vias da dor, enfatizando os receptores, as vias sensitivas e as areas encefalicas 3. Identificar os neuroreceptores das vias da dor e suas acoes 4. Caracterizar os nocireceptores e definir o limiar da dor 5. Descrever os mecanismos nodulatorios e de sensibilização envolvidos desde a origem ate a percepção dos sintomas 6. Caracterizar a automedicação e as possíveis consequências do uso de AINES 7. Explicar os diferentes tipos de queimaduras e as diferentes condutas par cada uma delas 8. Reconhecer a escala analgésica da OMS 9. Caracterizar a dor neoplasica e seus aspectos fisiopatologicos e clínicos. 1. Descrever os tipos de dor Conforme a Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP), dor é “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão”. Dor é algo subjetivo, relacionado à lesão tecidual real ou potencial para tal. É uma experiência corporal e emocional. A dor psicológica também pode existir, independente de lesão tecidual neste caso. A dor é apresentada e reconhecida por experiências de vida e não é dependente exclusivamente de estimulação de neurônios sensitivos. Mecanismo de ação: NOCICEPTIVA: função protetora, alertando sobre o desenvolvimento de uma lesão, levando-o a proteção. 1 - Passando mal 2 Ela ocorre através da sensibilização de neurônios periféricos. NEUROPÁTICA: reação inadequada, que é consequência de uma lesão do sistema nervoso independente da estimulação nociceptiva. Afeta o sistema somatossensitivo. Quando a resolução: AGUDA: intensa e dura curto período, normalmente desaparece com cicatrização do local da lesão, e indica que o corpo está sendo ferido de alguma maneira. Até 3 ou 6 meses de duração, dependendo da literatura. Ex.: dor pós- cirurgia. CRÔNICA: persistente, sem função de alertar, longo tempo de duração, mínimo mais de 3 ou 6 meses, variando intensidade (leve ou forte/severa). Gera estresse físico, emocional, social e econômico, dificultando o diagnóstico e o tratamento. DISRUPTIVA: dor persistente mesmo ao fazer uso de medicação analgésica para a dor, ela rompe o alívio doloroso sentido pelos analgésicos, aparece rapidamente, dura até uma hora, sendo mais intensa que a dor crônica. Como exemplo, dor oncológica. Tratada com dose adicional de analgésico ou outro medicamento. RÁPIDA: 0,1 segundo após estímulo doloroso. LENTA: 1 segundo após estímulo. Associada aos tecidos, sensação de queimação e de dor crônica. 2. Descrever as vias da dor, enfatizando os receptores, as vias sensitivas e as areas encefalicas A transmissão da sensação de dor decorre do processo de excitação e sensibilização de receptores chamados terminações nervosas livres, responsáveis pela sensação dolorosa. São duas sensações de dor, a Rápida (e pontual, ou dor em agulhada, ou dor aguda e ou elétrica), e a dor Lenta (pulsátil, persistente, crônica, nauseante e ou queimação). 1 - Passando mal 3 A dor rápida, é sentida quando há queimadura, corte ou choque elétrico na pele, e não é sentida nos tecidos mais profundos. A dor lenta, relacionada a destruição tecidual, celular, ocorre ne região de pele, maioria dos órgãos e tecidos profundos. Os receptores (terminações nervosas livres) estão dispersos além da pele, no periósteo, parede de artérias, superfícies articulares e a foice, tentório da abóboda do crânio e tecidos profundos. Esses receptores não possuem adaptação rápida ou nem se adaptam, possuem aumento da sensibilidade (hiperalgesia). Estímulos a dor: Dor rápida: geralmente estimulações mecânica e térmica. Dor crônica: excitada por estímulo mecânico, térmico e químico. A dor química é geralmente uma dor lenta (crônica), na maioria das vezes por lesão tecidual que é como isquemia, dor estimulada por bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Essa dor é sensibilizada por prostaglandinas e substância P. Quanto à temperatura, a pele humana começa a ter lesão tecidual com temperaturas abaixo dos 5º C e acima dos 45ºC, e a dor sentida está relacionada ao dano que ocorreu e a intensidade, e tbm esta relacionada a processos posteriores como infecção que provocam a estimulação química. A dor química está diretamente relacionada aos produtos presentes nas células dos tecidos. Entre eles temos, a bradicinina que acredita-se ser a responsável pela indução da dor após o dano, já a intensidade relaciona-se à maior nível de íons potássio, enzimas proteolítica, que proporcionam excitação das terminações nervosas por tornarem as membranas desses receptores mais permeáveis a íons causadores de despolarização. Em relação ao processo isquêmico, aponta-se para o acúmulo de ácido láctico nos tecidos pelo processo anaeróbico, como responsável pela excitação dos receptores, além de, bradicinina e enzimas proteolíticas. 1 - Passando mal 4 VIAS Ambas as vias terminam no corno dorsal da medula espinal, para então realizar o processamento da dor para o SNC. RÁPIDA: fibras Aδ tipo pequeno. Em dor súbita, essas fibras possuem função de avisar sobre o perigo, já que, as duas vias são acionadas. VIA NEOESPINOTALÂMICA, as fibras Aδ terminam na Lâmina I (marginal) no corno dorsal, e partir daí excitam a segunda ordem de neurônios que cruzam a comissura anterior para o LADO OPOSTO e prosseguem pelas colunas anterolaterais. A maioria das fibras seguem até o tálamo no complexo ventrobasal, algumas fibras finalizam-se no grupo nuclear posterior do tálamo, na qual enviam informações para o córtex somatossensorial, algumas fibras terminam na formação reticular. Quanto à capacidade de localização, quando somente receptores para dor são estimulados, fica difícil reconhecer com precisão o local do dano, isso só ocorre quando receptores táteis do trato coluna dorsal-lemnisco medial também são ativados. O GLUTAMATO pode ser o neurotransmissor responsável pela progressão da informação já que ele é amplamente utilizado pelo SNC para excitação e tem rápida atividade na fenda sináptica. LENTA: fibras tipo C, promovem a transmissão da dor geralmente pelo tipo químico. VIA PALEOESPINOTALÂMICA, as fibras desta dor terminam nas Lâminas II e III dos cornos dorsais, onde realizam sinapse com neurônios curtos que terminam na Lâmina V, onde realiza-se sinapse com axônios longos que cruzam a comissura anterior, e seguem pela via anterolateral da medula espinal em direção ao encéfalo. A maioria das fibras se encerram no tronco cerebral, poucas (1/10 a ¼) das fibras seguem até o tálamo. No tronco cerebral os axônios se encerram nos núcleos reticulares do bulbo (região que filtra informações relevantes de irrelevantes e as transmite ao córtex cerebral), na área tectal do mesencéfalo e na região 1 - Passando mal 5 cinzenta periaquedutal (modulação descendente da dor e comportamento defensivo). Dessas regiões alguns neurônios transmitem através dos núcleos intralaminar e ventrolateral do tálamo informação da dor para o hipotálamo e outras regiões encefálicas. A localização dessa dor é imprecisa por ter conectividade multi- sináptica difusa. Acredita-se que pela maior conectividade com o tronco encefálico pela formação reticular e com o tálamo, a consciência da dor esteja mais vinculada a estas regiões, enquanto que o córtex somatossensorial, esteja mais relacionado à qualidade da dor. Áreas reticulares e núcleos intralaminares promovem atividade neural encefálica, fazendo parte do sistema de alerta, por isso, é difícil um indivíduo dormir ao desenvolver dor crônica. Obs.: Cordotomia, cirurgia realizada para diminuir dor grave e intratável, na qual vias neurais são cortadas em alguns pontos. Região das lâminas do corno dorsal, da comissura anterior e via anterolateral: ARCO REFLEXO Na região da substância cinzenta do corno dorsal, há uma organização neuronal.1 - Passando mal 6 Neurônios Motores Anteriores, deixam a medula pelas raízes ventrais e inerva, diretamente as fibras musculares. 💡 Esse tipo de neurônio possui ainda uma subclassificação em, Neurônio Motor Alfa e Gama. Os Interneurônios, estão localizados por toda parte da substância cinzenta, nos cornos dorsais, cornos anteriores e entre esses duas regiões, esses pequenos neurônios são muito excitáveis, até 1.500 vezes por segundo. Esse tipo de neurônio possui muitas ligações com os neurônios anteriores motores, integrando a medula espinal com a musculatura, por isso interneurônios recebem a maioria dos sinais oriundos dos nervos espinais e encéfalo. Os estímulos promovidos pelos receptores cutâneos, estímulos sensoriais cutâneos, promovem a contração dos músculos flexores do referido membro, processo este chamado de reflexo flexor. Esse reflexo é provocado de forma mais forte por estimulo das terminações nervosas para dor, chamando esse processo também de, reflexo nociceptivo e reflexo à dor. Alfinetadas, calor e ferimentos causam esse reflexo, como exemplo. Em relação ao corpo, exceto membros, for estimulada de forma dolorosa, ocorre também afastamento do estímulo. Ao desenvolver estímulo, os sinais passam primeiramente para os interneurônios e posteriormente a informação é repassada para os Neurônios Motores Anteriores, sendo que o circuito mais curto envolve três ou quatro neurônios, mas, os reflexos envolvem geralmente muitos neurônios. Envolve alguns circuitos básicos, circuitos divergentes para propagar o reflexo aos músculos necessários para a retirada do membro, circuitos para inibição dos músculos antagonistas (circuitos de inibição recíproca), circuitos que promovem a pós-carga (que se desenvolve após o estímulo). Milésimos de segundos após o estímulo da dor pelas terminações livres, ocorre o reflexo à dor, posteriormente, em poucos segundos, o reflexo entra em fadiga, e a partir do término do estímulo ocorre a pós-descarga que retarda a contração basal do músculo excitado. 1 - Passando mal 7 Essa pós-descarga ocorre de 6 a 8 milissegundos ocorre pelo disparo repetido dos interneurônios, isso provoca afastamento do estímulo por 0,1 a 3 segundos. Durante esse processo, outros mecanismos do SNC promovem afastamento do corpo também. Ex. Durante um estímulo na face interna do braço, o estímulo doloroso por meio dos interneurônios e neurônios motores anteriores provoca contração de músculos flexores e extensores. Cerca de 0,2 a 0,5 segundos após arco reflexo acontecer, membros opostos se estendem, chamado de Reflexo Extensor Cruzado, auxiliando no afastamento do corpo. A pós-descarga do reflexo extensor cruzado é maior, fortalecendo o processo de afastar-se do estímulo doloroso. 💡 Durante estímulo doloroso, há inibição recíproca dos músculos do lado oposto. Inibição finalizada ao fim do reflexo à dor, na qual inicia o reflexo extensor cruzado. 3. Identificar os neurorreceptores das vias da dor e suas ações A percepção da dor se inicia na periferia, através da ativação de nociceptores (receptor sensorial da dor). Esses estão presentes por todo o organismo e são 1 - Passando mal 8 classificados em três subtipos: Receptores mecânicos de alto-limiar: detectam pressão; Receptores mecanotermais de baixo-limiar: detectam pressão e calor; Receptores polimodais: detectam pressão, calor e fatores químicos. Os receptores mecânicos de alto-limiar e os receptores mecanotermais de baixo-limiar são inervados pelas fibras nervosas mielinizadas Aδ e Aβ, enquanto os receptores polimodais são inervados pela fibra nervosa não- mielinizada C. As substâncias químicas que ativam os receptores polimodais são várias, dentre elas estão os mediadores inflamatórios como: prostaglandinas, leucotrienos, bradicininas, serotonina, substância P e histamina. Além de ativar os nociceptores, o estímulo doloroso é conduzido para a medula espinhal através das fibras Aδ, Aβ e C. Esses são considerados os primeiros moduladores da via da condução de dor, pois fazem sinapses com neurônios secundários da medula espinhal, que por sua vez, fazem sinapse com um terceiro neurônio no cérebro que completa a condução nociceptiva. Devido à mielina presente nas fibras Aδ e Aβ, acabam por transmitirem impulsos nervosos 10 vezes mais rápidos que as fibras C. 💡 Então, a ativação periférica de mecanorreceptores de alto-limiar ao longo das fibras Aδ e Aβ conduz para a medula espinhal rapidamente dor aguçada. Lesões no tecido > libera mediadores da inflamação > ativam receptores polimodais > transmitem o impulso pela da fibra C para a medula espinhal = sensação dolorosa latejante e ardente. Deste modo, em sua maior parte, as dores são bimodais por natureza resultando em sensação aguda. Existe uma exceção que é a dor visceral, transmitida unicamente pelas fibras C. 4. Caracterizar os nocireceptores e definir o limiar da dor https://www.infoescola.com/histologia/fibras-nervosas/ https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/prostaglandinas/ 1 - Passando mal 9 Os nociceptores são neurônios sensoriais encontrados por todo o corpo humano capazes de enviar sinais que causam a percepção da dor por meio de axônios, que se estendem na direção do sistema nervoso periférico em resposta a um estímulo potencial ou real de dano tecidual. A experiência dolorosa mais comum é desenvolvida pela ativação de receptores e do sistema somatossensorial. Fundamentalmente, é um fenômeno de transdução de estímulos possivelmente nocivos, através de energia mecânica, química ou térmica, por energia eletroquímica nas fibras finas Aδ e C. Essa dor é ocasionada por infecções, processos isquêmicos, infiltrativos ou traumatismos. Essa dor pode ocorrer por inervação visceral ou somática. VISCERAL envolve diferentes órgãos e sistemas do organismo, sensíveis a inflamação, isquemia, e insensíveis ao corte e queimação, é uma dor mal localizada por apresentar poucos receptores e divergência das aferências sensoriais, que são compostas por fibras amielínicas que conduzem a informação mais lentamente. 💡 Esse tipo de dor pode provocar sudorese, enjoo e vômitos, variação da PA e FC, mal estar, além de, postura antálgica de flexão de tronco e abdome por ser uma dor de localização média em relação ao organismo. Essa dor quando atinge a superfície a inervação coincide com a dor somática (dor viscero-somática), sendo essa mais aguda e localizada. Irradiação das dores viscerais: Isquemia Coronariana = membro superior esquerdo e mandíbula; Pâncreas = região dorsal. Apendicite = fossa ilíaca direita. Lesão subdiafragmática = fossa supraclavicular. Essas dores podem provocar hiperalgesia (resposta aumentada a dor). SOMÁTICA, bem localizada, apresenta piora quando há movimentação e estímulos mecânicos. 1 - Passando mal 10 💡 Pacientes relatam a dor como um aperto, peso ou pressão. Ex. Dores ortopédicas ou lesões dermatológicas. 💡 Para que ocorra a dor, é necessário que o contato ultrapasse um limiar, uma intensidade, para que o cérebro passe a perceber aquele estímulo como dor. A sensibilização é normal do Sistema Nervoso. Ex. o contato com a água, é percebido que trata-se de um líquido, como parte da propriocepção, mas, quando essa água ultrapassa extremos como 5ºC ou 45ºC, nociceptores térmicos são estimulados. Esses estímulos aferem pelas terminações nervosas rápidas mielinizadas (A) e não-mielinizadas A Prostaciclina PGI2, por exemplo, quando presente diminui o limiar da dor pelas terminações nervosas, ocasionando potencialização do sintoma, evento esse diminuído com uso de anti-inflamatórios não esteroidais 1 - Passando mal 11 5. Descrever os mecanismos nodulatorios e de sensibilização envolvidos desde a origem ate a percepção dos sintomas MODULADORES Três regiões = Áreas Periventricular da substância cinzenta; Periaquedutal do mesencéfalo e região superior da Ponte próximos ao aqueduto de Sylvius e regiões do terceiroe quarto ventrículo possuem neurônios que enviam sinais ao Núcleo Magno da Rafe, inferior a Ponte e superior ao Bulbo, ao Núcleo Reticular Paragigantocelular lateral ao Bulbo. Desses núcleos neurônios transmitem sinais pelas colunas dorsais laterais da medula espinal para o Complexo Inibitório da Dor, nos Cornos Dorsais. Nessa região dos cornos dorsais pode haver inibição do sinal de dor para o encéfalo. A excitação da área cinzenta periaquedutal, núcleo magno da rafe, e de áreas encefálicas que excitam substancia cinzenta periaquedutal, como os núcleos periventriculares do hipotálamo (próximo ao 3º ventrículo) e fascículo prosencefálico medial (hipotálamo), podem suprimir dores fortes. Encefalina =secretada por fibras dos núcleos periaventriculares, da substância cinzenta periaquedutal e por fibras no núcleo magno da rafe. 1 - Passando mal 12 Dessa área enviam sinais para os cornos dorsais, na qual secretam serotonina, que promove secreção de encefalina no corno dorsal, sendo a encefalina a provável inibição da dor nas sinapses das fibras Aδ e C. Encefalinas no tronco cerebral: leuencefalina e metencefalina. Outras substâncias opioides: beta-endorfina (hipotálamo e hipófise), dinorfina(mesmas regiões que encefalina, porém, em menor quantidade). Conjunto de mecanismos que inibem ou amplificam os potenciais nociceptivos, em nível central ou periférico. Dentre esses, o corno posterior da medula espinhal é a região mais importante e relevante para que ocorra estes mecanismos. Os sistemas inibitórios descendentes se localizam em quatro regiões do Sistema Nervoso Central: Sistema Cortical e Diencefálico, Sistema Mesencefálico (Substância Cinzenta Pariaquedutal e Periventricular), Núcleos Adjacentes e da Rafe Mediana e Corno Posterior da Medula Espinhal. Todas estas regiões comunicam-se. O Núcleo da Rafe Mediana recebe impulsos excitatórios da substância cinzenta periaquedutal e envia fibras adrenérgicas e serotonérgicas para o corno posterior. 1 - Passando mal 13 1 - Passando mal 14 A PAG, ativa um sistema inibidor de dor endógena, mediada por opióides nas entradas nociceptivas. Essa região recebe entradas de neurônios ascendentes do corno espinhal. A mediação da dor ocorre principalmente por conexões recíprocas com a medula rostroventromedial (RMV). 1 - Passando mal 15 O RMV inclui o núcleo serotoninérgicos rafe magnu (NRM), núcleo reticular gigantocelular – para e alfa e núcleo paragigantocelular lateral, ele recebe insumos do tálamo, região parabraquial e locus coeruleus noradrenérgico, projeta-se ao corno dorsal espinal. Os opióides inibem células on-off e excitam on-cell, que produz analgesia. RMV libera serotonina nos cornos dorsais da coluna, nos terminais das projeções diretas ou interneurônios espinhais. A 5- hidroxitriptamina espinal (5-HT) pode ser pronociceptiva ou antinociceptiva, dependendo do receptor. Sendo antinociceptivo 5-HT1A, 5-H1B, 5-HT1D e 5-HT7. 💡 São moduladores da dor, peptídeos opioides, monoaminas, neurotensina e aminoácidos excitatórios. PEPTÍDEOS OPIOIDES: dinorfina, β-endorfina e encefalina. Localizados na substância cinzenta periaquedutal. Opioides e estimulação elétrica nesse local, provoca analgesia. Ainda, encefalinas estão localizadas no núcleo da rafe e núcleos adjacentes. Neurônios Encefalinérgicos, Dinofinérgicos e receptores opioides estão localizados corno posterior. SEROTONINA: inibitoria. Corpos celulares serotonérgicos localizados nos núcleos da rafe e bulbopontinos, enviando axônios para regiões corticais, diencefálicas e medular, principalmente nas lâminas I, II, V, VI, VII. NORADRENALINA: corpos celulares noradrenérgicos são localizados nos núcleos pontobulbares, locus cerúleo e núcleos subcerúleos, alcançando medula espinhal em lâminas I, II, IV, VI e X. Atividades espinhais gerenciadas por receptores alfa-2 e supra- espinhais por receptores alfa-1 e alfa-2. Projeções descendentes para os cornos dorsais surgem de A5 do locus coeruleus (A6) e do núcleo noradrenergico pontinho de Kölliker-Füse (A7), que se comunicam com o RMV e o PAG, e liberam noradrenalina no 1 - Passando mal 16 líquido cefalorraquidiano da coluna, produzindo antinocicepção por ativar receptores alfa e p-adrenérgicos. AMINOÁCIDOS EXCITATÓRIOS: alguns neurônios excitatórios da substância cinzenta periaquedutal projetam-se no bulbo rostral ventromedial, mas promovem resposta antinocicepção. NEUROTENSINA: localizada nos neurônios que projetam-se da substância cinzenta periaquedutal até o bulbo rostral ventromedial, com atividade antinociceptiva. ÁCIDO γ-AMINOBUTÍRICO (GABA): terminações do GABA estão localizadas no bulo rostral ventromedial, diminuindo atividade na substância cinzenta periaquedutal mesencefálica, núcleo magno da rafe e núcleo reticular gigantocelular. 1 - Passando mal 17 Quando ativado a substancia cinzenta periaquedutal (PAG) e também de áreas bulbares por aminoácidos excitatórios (Peptídeos opioides) promove a ativação de um fluxo inibidor descendente bulboespinhal que possui como mediadores serotonina e noradrenalina, liberadas por terminações nervosas espinhais. A PAG é região cerebral antinocicepção, região está abundante em endorfinas, encefalinas e receptores opioides. 💡 Opioides endógenos, promovem desinibição na PAG, bloqueiam a inibição provocada pelo GABA. SENSIBILIZAÇÃO Sensibilização Periférica: atividade neural nos nociceptores. Ocorre pela liberação de substâncias por lesão local e pela atividade do sistema imune nessa região, que gera inflamação (bradicinina, ácido araquidônico, histamina, serotonina, prostaglandinas, etc.). Essas moléculas, agem nos receptores, ativando, inibindo ou facilitando a despolarização de terminações nervosas nociceptivas, promovendo um sinal elétrico nociceptivo. Prótons H+ resultantes da lesão tecidual, a adenosina trifosfato (ATP) e a adenosina, ligam-se aos receptores nas membranas dos nociceptores, despolarizando-os, gerando um sinal nociceptivo. Canais iônicos P2X2 do ATP > canais iônicos sensíveis a acidez – ASIC para próton H+ geram essa despolarização. Já, serotonina, histamina, bradicinina e prostaglandinas diminuem sensibilidade, diminuem o limiar do nociceptor, aumentando a resposta a dor. Esses receptores não possuem em sua estruturas canais iônicos, são ligados a proteína G, que promove segundos mensageiros, Fosfolipase C, Proteína Cinase C (PKC) ou adenociclase, Proteína Ciclase A (PKA), que sensibilizam os nociceptores e fosforilam seus canais iônicos depdnentes de voltagem. 1 - Passando mal 18 A presença de Fatores de Crescimento (NGF e GDNF) na inflamação, faz com eles se liguem a receptores nociceptivos (TrkA e GNDFRa1) ocasionando uma transdução lenta que internaliza complexo neurotrofina receptor. É uma transdução que altera canais iônicos; o complexo NGF-TrkA é transportado até o núcleo do nociceptor, que promove a transcrição de mais receptores para as terminações nociceptivas. Receptores TRP estão envolvidos na despolarização da membrana, um subtipo TRPV1 pode estar relacionado a transdução de estímulos tóxicos químicos como a acidez e térmicos provocando hiperalgesia térmica; 💡 TRPV3 e 4 relacionados a sinalização de temperaturas mornas, TRPM8 sinaliza o frio e TRPA1 mecanossensitivo. Sensibilização Central: ocorre em região de tálamo, córtex sensitivo primário e principalmente medula espinal, provocada pela atividade de nociceptores, que geram uma hiperexcitabilidade na região da coluna espinhal. Um efeito importante na sensibilização da dor, é o Wind-up, que promove aumento progressivo de disparos dos neurônios do corno posterior pela ativação de baixa frequência das terminações nervosas nociceptivas, resultando em efeito somativo. Esses mecanismo ocorre pela ativação de receptores de cálcio tipo L dependentes de voltagem e remoção de Mg2+ dos receptores N-metil-aspartato (NMDA) (subtipo de receptor de glutamato), que induzexpressão de genes rápidos que promovem maior sensibilização. A potenciação a longo termo da dor (LTP), aumento duradouro da potência sináptica em fibras aferentes primarias C e A de neurônios espinhais da lâmina 1, esses neurônios participam da hiperalgesia após inflamação ou dor neuropática. Conforme cicatrização, diminui a sensibilização. O SNC apresenta mudanças estruturais e funcionais, chamadas de plasticidade. 1 - Passando mal 19 Fibras amielínicas C terminam nas camadas superficiais do corno posterior e elas transmitem a sensibilização ao SNC, aumentando responsividade a impulsos aferentes, diminui limiar, descargas longas com estímulos repetidos e aumenta campos receptivos periféricos dos neurônios do corno dorsal. Isso leva a sentimentos de dor por mecanorreceptores debaixo limiar, por fibras Aβ. Glutamato e Aspartato, neurotransmissores liberados nos terminais aferentes primários, muito encontrados no gânglio dorsal, que atuam em receptores de aminoácidos e taquicininas. Esses neurotransmissores excitatórios, ativam receptores AMPA, que são envolvidos na localização e quantificação da dor. Receptores NMDA, ativados por aspartato e modulados por substância P, atuam rapidamente. Receptores neurocininas (NK1, NK2 e NK3) ativados pelas taquicininas no corno dorsal, acoplados a proteína G. Substância via NK1 e neurocinina via NK2. NMDA e Neurocininas sensibilizam neurônios do corno posterior. Glutamato pelos aferentes primários, ativa receptores AMPA. Estimulação frequente e intensa ativa também NMDA. Isso, desloca o magnésio que bloqueia esses receptores, permitindo entrada de cálcio, prolongando a despolarização levando ao Wind-up. Esse aumento do cálcio, transduz cascata intracelular e leva a alterações de propriedades funcionais nos neurônios nociceptivas, ativa ainda, óxido nítrico sintetase (NOS) que promove liberação de glutamato e altera genes do corno posterior da medula = proto-oncogenese. Proto-oncogeneses c-fos e c-jun, encontrados nas lâminas I, II e V na medula espinhal, acredita-se que eles interajam com opioides, sobre expressão dos genes de pré proencefalina e prodinorfina, sintetizando dinorfinas, gerando atividade antinociceptiva. Receptores NMDA fosforilam tirosina que age como mantenedor da hipersensibilidade por inflamação. NDMA principal sensibilizador do corno posterior, diminui limiar, aumenta impulsos aferentes, etc. 1 - Passando mal 20 6. Caracterizar a automedicação e as possíveis consequências do uso de AINES A automedicação pode ser caracterizada como o uso de medicamentos sem prescrição médica, quando o próprio paciente decide qual medicamento utilizar. Inclui-se nesta designação genérica a prescrição de medicamentos por pessoas não habilitadas, como amigos, familiares ou balconistas de farmácia. A automedicação é praticada por mais de 75% da população, sendo que 32% das pessoas informam que aumentam as doses prescritas pelos médicos. Sendo que, isso ocorre na maioria das vezes por pessoas entre 25 e 40 anos e com maior escolaridade e renda. Hospitais gastam de 15% a 20% de seu orçamento com tratamento para pessoas que fizeram uso de automedicação e tiveram complicações, caracterizando um problema de saúde pública. A maior parte dos medicamentos utilizados são, ansiolíticos, analgésicos, antidepressivos, anti-inflamatórios e anti-gripais. O principal risco desses eventos, é a intoxicação, além de promover aumento da resistência de bactérias e dificuldade no rastreio de doenças como colesterol, HAS e diabetes. Podem ocorrer ainda, alergias, dependência e morte. Por exemplo, um indivíduo pode estar com febre e mialgia, se automedicar com algum medicamento derivado do ácido acetilsalicílico AAS, e estar com Dengue, tanto o medicamento como a fisiopatologia da doença provocam alterações no efeito coagulante, aumentando riscos de hemorragias. Uso indiscriminado de anti-inflamatório não esteroidal pode potencializar uma úlcera gástrica, por exemplo, pelo efeito antiprotetivo na mucosa gástrica provocada pela inibição da COX-1. AINEs ainda podem diminuir prostaglandinas renais que promovem vasodilatação das arteríolas aferentes, assim diminui filtração glomerular, ativa sistema renina angiotensina aldosterona que provocará aumento de PA. Uso inadequado de paracetamol, pode provocar efeito hepatotóxico, levando até mesmo a morte dependendo da intoxicação. 1 - Passando mal 21 7. Explicar os diferentes tipos de queimaduras e as diferentes condutas par cada uma delas Queimadura, lesão tecidual em decorrência de contato direto com fonte de calor ou frio, produtos químicos, radiação, corrente elétrica, animais como água-viva, etc. Risco de queimadura, em crianças quando atinge 10% corpóreo e adulto 15%. TÉRMICA: provocadas por fogo, líquidos ferventes, vapores, exposição ao sol em excesso. QUÍMICAS: substância química através de contato com a roupa, ou diretamente na pele. ELÉTRICA: desenvolvidas por descarga elétrica. Classificação quando a intensidade da lesão: 1º GRAU: camadas superficiais da pele, provocam vermelhidão, dor local e inchaço e não formam bolhas; 3º GRAU: atingem todas as camadas da pele, pode lesionar até mesmo ossos, por destruição de terminações nervosas livres, ocorre pouca ou nenhuma dor, e a pele apresenta tom branco ou carbonizada. 2º GRAU: provocam lesão tecidual mais profunda, desenvolve bolha, pele com rubor, manchada ou coloração diversa, dor, inchaço, edema e descamação de pele. Pode atingir regiões mais profundas e destruir terminações nervosas, podendo ocasionar menos dor que as queimaduras superficiais. Processo de cicatrização é superior a 3 semanas. TRATAMENTOS Primeiros socorros: colocar parte queimada debaixo de agua corrente fria, por no mínimo 10 minutos; Se a queimadura for simples, pequena e superficial, após resfriamento e limpeza, pode aplicar hidratante a base de aloe vera, como babosa ou vaselina. Jamais colocar produtos (café, pasta de dente, gelo, etc.) sobre a lesão; 1 - Passando mal 22 Quando apresentar maior extensão, e ser ocasionada por produtos químicos ou eletricidade, necessita-se de cuidados médicos urgentes, não tocar local da queimadura, não mover tecidos presentes no local da lesão, não retirar corpos estranhos presente no local da ferida. Ao utilizar panos, preferir compressas ou gazes úmidas e estéreis. Não abrir ou retirar bolhas e peles. Medicamentos: para queimaduras de 1º e 2º grau utiliza-se analgésico como paracetamol ou dipirona, se abranger extensa área, pode ser indicado analgésico opióide como tramadol. Aplicar vacina de tétano no caso de queimaduras mais profundas (2º e 3º grau). Fazer uso de bloqueador de receptor H2, profilaxia de ulcera de estresse. Heparina subcutânea para evitar o tromboembolismo. Sulfadiazina de Prata a 1% antimicrobiano tópico. Antibiótico apenas no local da lesão sem aparência de infecção. Curativo: 4 camadas, atadura de morim ou tecido sintético (rayon) contendo sulfadiazina de prata a 1%, gaze absorvente, algodão hidrofílico e atadura de crepe. Se necessário escarotomia, no tórax para melhorar expansibilidade, incisão na linha axilar anterior unida a linha abaixo dos últimos arcos costais. Em membros superiores e inferiores, incisões mediais e laterais. Não há necessidade de anestesia. 8. Reconhecer a escala analgésica da OMS DEGRAU 1: paciente sem tratamento analgésico, referindo dor leve a moderada. Fazer uso de analgésico e anti-inflamatório. DEGRAU 2: paciente refere dor moderada ao uso de AINE, adicionar opióides fracos (tramadol ou codeína). DEGRAU 3: pacientes que não obtiverem analgesia sob uso de opióides fracos e AINE. Opióides fracos são retirados do tratamento e incluídos opióides fortes (morfina, metadona, oxicodona ou fentanil). Dose máxima considerada, é obtida na relação analgesia e efeitos colaterais. 1 - Passando mal 23 Em alguns casos, principalmente em relação à dor oncológica, há indicaçõesde desenvolver um GRAU 4, na qual é incluso o tratamento do degrau 3 mais procedimento intervencionista. Para o uso da escada pressupõe-se a avaliação da dor, o que é preconizado pelo uso de uma escala visual numérica (EVA), conforme ilustra a figura a seguir: Sem dor: 0. • Leve: de 1 a 3. • Moderada: 4 a 6. • Severa: maior que 7. 31 • Insuportável: 10. Determinada a classificação da dose, segue-se o tratamento farmacológico conforme os degraus da escada considerando os demais princípios que 1 - Passando mal 24 compõem as diretrizes da OMS. 9. Caracterizar a dor neoplasica e seus aspectos fisiopatologicos e clínicos. A dor oncológica pode estar relacionada ao tumor primário ou a metástase, ao tratamento ou aos métodos de investigação. A dor pode abranger várias regiões do corpo. Pode ser bem controlada em cerca de 80% dos casos utilizando a escada analgésica. Neoplasias de pulmão, mama, próstata e mieloma, podem invadir estrutura óssea, provocando uma dor nociceptiva somática. Estruturas nervosas a dor passa a ser neuropática. Nos ossos o tumor provoca excitação da dor por isquemia, pressão, secreção de substâncias álgicas como prostaglandinas e ativação de osteoclastos. Nas vísceras pode ocorrer ainda, estiramento da cápsula tumoral, obstrução de órgãos ocos, carcinomatose (quando células neoplásicas se alastram e se desenvolvem em várias regiões do organismo) peritoneal e neoplasia no pâncreas. 1 - Passando mal 25 A dor neuropática é mais comum no tumor de Pancoast (ápice pulmonar e estruturas adjacentes). No tratamento pós-operatório ocorrem dores principalmente nas regiões abdominais, torácica, mastectomias com esvaziamento axilar. O tratamento farmacológico pode provocar dor neuropática, como plexopatia, radiculopatia e neuropatias periféricas. No tratamento, a obtenção do sucesso da analgesia depende principalmente do conhecimento sobre o mecanismo que está provocando a dor (inflamatório, isquêmico, compressivo e neuropático). Drogas adicionadas a escada analgésica para casos de síndrome dolorosa, como dor óssea e neuropática. Neuropática = antidepressivos triciclos (amitriptilina, imipramina), anticonvulsivantes (gabapentina) e inibidores seletivos de receptação de serotonina e noradrelaina (duloxetina). No brasil são permitidos alguns opioides de longa duração, tramadol, oxicodona, morfina, fentanil e buprenorfina (buprenorfina está aprovada no país para o tratamento de dor moderada a intensa). Antidepressivos, afetam neurotransmissores e bloqueiam a receptação de serotonina e noradrenalina. Medicamentos como amitriptilina e imipramina pode ocasionar efeitos colaterais como boca seca, constipação e visão embaçada, por isso inicia-se com baixas doses. Anticonvulsionantes diminuem circuitos hiperativos da medula e do córtex cerebral e estabiliza sinapses das vias neurais aferentes primárias. Corticoesteroides podem diminuir edema, e diminuir dor, principalmente de compressão em regiões sensíveis como em neoplasia cerebral, ajudam na analgesia de dor neuropática, melhora cefaleia, provoca analgesia de dor óssea por metástase. Em caso de dor crônica refratária, cerca de 10% do total, pode ocorrer técnicas invasivas como os bloqueios nervosos e a analgesia intratecal ou epidural. Além do tratamento farmacológico, deve-se fazer uso de equipe multidisciplinar. 1 - Passando mal 26 Além de avaliar a intensidade da dor, é necessário determinar o mecanismo fisiopatológico subjacente (p. ex.: nociceptivo ou neuropático) para que sejam definidas as opções de tratamento mais adequadas. 💡 A dor intensa não controlada torna-se uma emergência médica e requer intervenção rápida. Emergências oncológicas, como fratura óssea ou iminência de fratura óssea em ossos que suportam peso, metástases neuroaxiais com ameaça de lesão neural, infecção e obstrução ou perfuração de vísceras causando do abdominal aguda requerem atenção imediata. Decisões clinicas apropriadas requerem avaliação abrangente do quadro doloroso: localização, intensidade, frequência, características distintivas, fatores de piora e de alívio, experiências vividas como consequência da dor, tratamento atualmente utilizado e resposta a tratamentos anteriores. É importante avaliar a dor além da intensidade e entendê-la dentro de um determinado contexto. A utilização de ferramentas estruturadas de avaliação (p. ex.: Breve Inventário de Dor, Questionário DN4) ajudam a compreender o impacto e o sofrimento desencadeados pela dor e, consequentemente, a elaboração do plano terapêutico.
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