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Atendimento para a Realização de uma Citologia Para que um exame citológico seja realizado e auxilie no diagnóstico do paciente, é necessária a realização de “etapas”, que incluem: Atendimento Anamnese sucinta Contenção física do paciente Descrição da lesão Colheita Verificação de existência de material Análise das amostras Corar as amostras Análise e descrição Diagnóstico Atendimento Anamnese sucinta Neste primeiro passo, vale ressaltar a importância do médico veterinário saber lidar com os diferentes tutores. Nem todos os tutores mentem, nem todos sabem todas informações e nem todos são realmente tutores do paciente. Esse tema foi melhor discutido no resumo de semiologia. Se apresente, brinque com o animal e comece a realização da anamnese sucinta. Quais perguntas são relevantes? Lembrando que as perguntas variam com o caso recebido. Por exemplo, um caso suspeito de Leishmaniose não apresentará perguntas semelhantes a um caso suspeito de hemangioma. Nódulos/aumento de volume - Há quanto tempo foi (foram) observado(s) o(s) nódulo(s)? - Houve um crescimento? Qual velocidade (rápido/lento)? - Tumores geralmente apresentam evolução em tempo maior, já lesões inflamatórias ocorrem em um período mais curto (menos de um mês, por exemplo). Autoria: Tatiana Onuma - O animal possui histórico de outros nódulos? Quando ocorreu? - É interessante no caso de resposta positiva, perguntar qual o diagnóstico dado, devido à possibilidade de recidivas. - Em caso de múltiplos nódulos: os nódulos surgiram no mesmo período? Quando cada um foi notado? - Existência de contactantes? Estão saudáveis? - Fêmeas: - Animal castrado? - Resposta positiva: quando? - Resposta negativa: último cio? já teve cria? Se sim, os filhotes nasceram saudáveis? Houve distocia no parto? - Apresentou gravidez psicológica (pseudociese)? - Pode-se dar exemplos, como “fazer brinquedos de filhotes”, “fazer ninho”, “apresentar as tetas inchadas e com leite”. - Neste caso, é possível perguntar para animais castrados de forma tardia (5 anos), para obter um histórico do período em que o animal era inteiro. - Já fez uso de “anticoncepcionais”/”vacina anti-cio”? - O animal possui o hábito de se expor ao sol de forma excessiva? - Importante em casos de hemangiomas/hemangiossarcomas e melanomas. - O animal possui o hábito de lamber ou coçar o(s) nódulo(s)/lesão(ões)? - Já notou o(s) nódulo(s)/lesão(ões) quente(s)? - Faz uso de alguma medicação? Qual? Há quanto tempo? - Estado geral do animal? Fezes? Urina? Apetite? Leishmaniose - Quando foram notadas as lesões? Houve aumento? - Viaja com frequência? Vai para locais endêmicos (por exemplo, região de Bauru)? - Existem contactantes? Estão saudáveis? - Realização de tratamento? Quais medicamentos? Há quanto tempo? - Notou aumento de volume em locais de linfonodos? - Importante falar as regiões, sem necessariamente citar que são linfonodos. Após a anamnese, explique o exame para o tutor, ressaltando o prazo médio para o resultado e as formas de contato. Exemplo: “O senhor/ a senhora conhece o exame de citologia? Bom… Vamos inserir uma agulha no nódulo dele(a) para colher material. É um processo rápido e que não gera muita dor no animal. Geralmente, eles se incomodam mais com a contenção. Após isso, vou corar uma das lâminas para observar se existe material. Caso exista, vocês serão dispensados. Se não houver, repetirei um/duas vezes, pois alguns nódulos não permitem a coleta de material e não importa quantas vezes nós repetirmos, não virá. Além disso, é bom evitar muito incômodo a ele(a), ok? O prazo para sair o resultado é de 7 dias úteis (por exemplo) e o(a) senhor(a) poderá conversar sobre o resultado com o clínico responsável pelo caso.” Em casos de nódulos mamários, pode-se orientar o tutor a realizar compressas geladas, já que a região é mais sensível e pode ocorrer quadros inflamatórios. Autoria: Tatiana Onuma Contenção física do paciente O animal pode ser o mais dócil possível, no entanto, sempre utilize focinheira/mordaça. O paciente não conhece você, você não sabe o real temperamento do animal, além do fato de você causar uma perfuração no animal, que pode incomodar ou causar dor (caso seja uma área inflamada). A contenção física é a forma mais eficiente de preservar você, o tutor e o animal (tema também discutido no resumo de semiologia). É importante explicar o uso da focinheira/mordaça para o tutor, citando as informações acima e garantindo que são métodos que não machucam o animal. Tutorial rápido - mordaça Fonte: https://i.pinimg.com/736x/fb/a5/d9/fba5d9035f002a23f4ab1a1ffa63daa4.jpg Lembrando que o nó realizado em A deve ser justo, porém não a ponte de apertar e dificultar a respiração do animal. O nó realizado em E deve ser bem feito, podendo ser um laço. É bem provável que seja necessária ajuda do tutor para contar o animal. Se o animal for de porte médio a gigante, a ajuda de mais pessoas se faz necessária. Autoria: Tatiana Onuma https://i.pinimg.com/736x/fb/a5/d9/fba5d9035f002a23f4ab1a1ffa63daa4.jpg Descrição da lesão Descrição macroscópica - Tipo de lesão: Nódulo? Massa? Linfonodo? Aumento de volume (geralmente relacionada a processos inflamatórios)? - Localização: Cutâneo? Subcutâneo? - Região: - Mama: - Lado: Esquerdo? Direito? Entre as duas cadeias? - Proximidade do teto: M1, M2, M3, M4, M5 - Lembre-se de contar do teto mais caudal para o mais cranial. Sendo o caudal o M5. - Alguns animais podem não apresentar todos os tetos. - Linfonodo: - Poplíteo? Inguinal? Submandibular? Pré-escapular? - Lado: Esquerdo? Direito? - Demais locais: descrever o lado encontrado, em membro (qual?), lateral, dorso, proximidade de qual estrutura (ex: escápula, última costela, olho direito/esquerdo, etc)? - Consistência: Macia (gordura), firme (músculo contraído), fibroelástica (linfonodo), dura (osso), flutuante/cística (cisto)? Os exemplos dados entre parênteses são formas de associação mais próxima. - Mobilidade: aderido ou não aderido? - Aspecto: Pedunculado? Lobulado/multilobulado? Vegerativo (“aspecto de couve-flor”)? - Pele: Íntegra? Com ulceração (única/múltiplas)? - Cor: Enegrecido? Avermelhado? - Temperatura: aumentada? - Cobertura: recoberto por pelos? Rarefação pilosa? Sem pelo? - Medida: Comprimento x Largura x Profundidade (cm). Importante! Tire foto da lesão com a identificação do paciente. Colheita Existem várias técnicas que podem ser utilizadas dependendo do tipo de lesão e quantidade de material anteriormente coletado. - Coleta com agulha desacoplada a seringa: usada em tecidos mais firmes, com pouca vascularização. Ex: mastocitomas. Autoria: Tatiana Onuma - Entre com a agulha num ângulo de 90º no nódulo e realize movimentos de “vai-e-vem” e em leque, sem sair. O movimento em leque possibilita uma melhor coleta de material. - Retire a agulha e acople na seringa com o êmbolo já puxado. Empurre o êmbolo depositando o material na lâmina. - Pressão positiva: usada em tecidos com alta vascularização. Ex: hemangiomas. - Insere a agulha acoplada na seringa com o êmbolo já puxado. Realiza-se o mesmo movimento citado anteriormente. Ao depositar o material na lâmina, basta empurrar o êmbolo. - Pressão negativa: auxilia na coleta de lesões/nódulos que não esfoliam/ não apresentam muito material. - Neste caso, insere-se a agulha já acoplada na seringa, porém o êmbolo é puxado quando a agulha está no interior do nódulo. Após depositar o material colhido por alguma das técnicas citadas, realize o “squash”. É interessante obter uma quantidade razoável de lâminas, sendo 3 ou 4 uma quantidade ideal. Autoria: Tatiana Onuma Verificação de existência de material Para verificar se há material suficiente na lâmina utilizando o microscópio, core-a usando o panótico rápido. - 30 segundos: fixador - solução de triarilmetano a 0,1% (azul claro) - 30 segundos: corante ácido - solução de xantenos a 0,1% (vermelho-rosado) - 30 segundos: corante básico - solução de tiazinas a 0,1% (azul escuro-roxo). - Água corrente (de preferência fio deágua). Após verificar o material: - Presença de material: tutor e animal estão dispensados. - Ausência de material: colher novamente. - São duas tentativas após a primeira. Análise das amostras Corar as amostras Fixação do material nas lâminas - Lâminas mergulhadas em metanol - 6 minutos Referências https://www.santelaboratorio.com.br/wp-content/uploads/2014/03/Sangue-no-canhao-da-seri nga-nao-significa-boa-colheita.png https://mk1.com.br/sites/fotos_big/fb_1141/images/Squash.png https://www.tiraojaleco.com.br/2018/12/coloracao-por-panotico-rapido.html Autoria: Tatiana Onuma https://www.santelaboratorio.com.br/wp-content/uploads/2014/03/Sangue-no-canhao-da-seringa-nao-significa-boa-colheita.png https://www.santelaboratorio.com.br/wp-content/uploads/2014/03/Sangue-no-canhao-da-seringa-nao-significa-boa-colheita.png https://mk1.com.br/sites/fotos_big/fb_1141/images/Squash.png https://www.tiraojaleco.com.br/2018/12/coloracao-por-panotico-rapido.html Autoria: Tatiana Onuma
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