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Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 CLÍNICA MÉDICA I SÍNDROME ICTÉRICA II – Doença Das Vias Biliares SÍNDROMES COLESTÁTICAS Colestase: obstrução do trato biliar (aumento de BD + elevação de FA / GGT). Sempre que for identificado um paciente com colestase, o 1° exame a ser pedido é USG ABDOME – o propósito é localizar grosseiramente a obstrução. Cálculos Biliares TIPO PARA GUARDAR Amarelo - Mais comum (80%). - Colesterol (radiotransparente – não é visivel no RX comum). - Risco: sexo feminino, obesidade, doença ieal (crohn, ressecção). Preto - Composição: bilirrubinato de cálcio (pode aparecer na radiografia). - Risco: hemólise, cirrose, doença ileal. Castanho - Origem: via biliar. - Risco: colonização bacteriana por obstrução (cisto, tumor) ou parasita (Clonorchis sinensis). DOENÇAS CALCULOSAS BILIARES COLELITÍASE - Presença de cálculos na vesícula biliar. Quadro Clínico - 80% dos pacientes são assintomáticas. - Dor localizada em HD, com duração < 6 hrs (geralmente desencadeada após libação alimentar gordurosa). Diagnóstico 1° exame: USG abdominal. No USG, o cálculo é visto como uma imagem hiperecogênica (branca) + sombra acústica posterior. Tratamento Sintomáticos: colecistectomia laparoscópica. Quando Operar Paciente Assintomático? 1 – Vesícula em porcelana: risco de CA. 2 – Associação com pólipo: risco de CA. 3 – Cálculo > 2,5 – 3 cm: risco de CA ao longo prazo. 4 – Anemia hemolítica: risco constante e permanente de formação de cálculos. É uma prevenção da formação calculosa de forma mais grave. COLECISTITE AGUDA - Inflamação por obstrução duradoura da vesícula. Quadro Clínico - Dor em HD, com duração > 6hrs. - Sinal de Murphy: interrupção súbita da inspiração na palpação profunda do HD. - Não tem icterícia. - Febre + Leucocitose + Aumento de PCR. Diagnóstico - USG abdome (primeiro a ser realizado). - Outros exames: cintilografia biliar, colangioRM, TC. Tratamento 1 – Antibioticoterapia (E. coli, Klebsiella, Enterobacter, Enterococo). 2 – Colecistectomia laparoscópica precoce (até 72h). 3 – Caso grave (paciente sem condições cirúrgicas): colecistostomia percutânea – diminui a pressão dentro da vesícula, melhorando o quadro do paciente enquanto aguarda condições clínicas de cirurgia. Complicações - Empiema: presença de conteúdo purulento na vesícula biliar. - Gangrena, podendo evoluir para perfuração (livre, fístula). - Íleo biliar: presença de um cálculo impactado na porção final do íleo por meio de uma fístula. Com essa complicação, pode ocorrer obstrução intestinal. - Colecistite enfisematosa (homem diabético): presença de Clostridium na vesícula biliar – evolui com ar no interior e na parede (patognomônico) da vesícula. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 COLEDOCOLITÍASE Presença de cálculo no colédoco. Pode ser primária (formado no próprio colédoco) ou secundária (o cálculo foi formado na vesícula e migrou para o colédoco – forma mais comum). Quadro Clínico 1 – Icterícia colestática flutuante. 2 – Vesícula não é palpável. Diagnóstico Inicio da investigação: USG abdome. Melhores: Colangioressonância, USG endoscópico e CPRE (pode ser tratamento). CPRE pode complicar com sangramento, pancreatite. Probabilidade de Coledocolitíase Método Diagnóstico ALTA - USG com cálculo no colédoco. - Colangite aguda (icterícia + febre). - Bilirrubina total > 4 + colédoco dilatado. CPRE. MODERADA - Idade > 55 anos. - Colédoco dilatado. - Bioquímica hepática alterada. Colangio RM ou USG endosc. BAIXA - Nenhum preditor. Não investiga via biliar. SOS: a pesquisa de coledocolitíase deve ser feita no pré-op de colelitíase sintomática. Tratamento Idealmente: CPRE. COLANGITE AGUDA Conceito: obstrução duradoura da via biliar + infecção. Quadro Clínico Não-grave: TRÍADE DE CHARCOT → febre + icterícia + dor abdominal. Grave: PÊNTADE DE REYNOLDS → tríade + hipotensão + redução do sensório. Diagnóstico - USG, colangioRM, CPRE: detecta etiologia ou apenas a dilatação biliar. Tratamento Antibiótico + drenagem biliar. Obstrução baixa: CPRE. Obstrução alta: drenagem transhepática percutânea. TUMOR PERIAMPULAR 1 – CA cabeça de pâncreas. 2 – CA ampola de Vater. 3 – Colangiocarcinoma. 4 – Duodeno. - Esses CAs têm como característica ter uma icterícia colestática + vesícula palpável indolor. CA Cabeça de Pâncreas - Marcador tumoral: CA 19.9. - Principal tipo histológico: AdenoCA ductal. CA Ampola de Vater - Pode ter Necrose esporádica: alívio da icterícia + melena. Quadro Clínico Icterícia colestática progressiva + vesícula de courvoisier (vesícula palpável e indolor) + emagrecimento. Diagnóstico 1° exame: USG abdome. Padrão-ouro: TC abdome. Tratamento Curativo (raro – diagnóstico tardio): cirurgia de Whipple (duodenopancreatectomia). TUMOR DE KLATSKIN – COLANGIOCARCINOMA PERIHILAR - Colangiocarcinoma mais comum. Quadro Clínico Icterícia colestática progressiva + emagrecimento. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 A vesícula e as vias biliares ficam secas, não tendo aumento de volume pois o tumor fica geralmente no ponto de formação do ducto hepático comum. A clínica é parecida com os tumores periampulares, mas como a bili não desce para a vesícula, ela não fica palpável. USG: vesícula murcha + dilatação de via biliar intra- hepática. Confirmação diagnóstica: ColangioRM e/ou TC. Classificação de Bismuth Tipo I - Hepático Comum Tipo II - Junção dos hepáticos. Tipo III IIIa: hepático direito. IIIb: hepático esquerdo. Tipo IV - Ambos os hepáticos. DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA 1 – Esteatose alcoólica: pode ocorrer em apenas uma libação alcoólica. 2 – Hepatite alcoólica: libação no bebedor crônico. 3 – Cirrose hepática: uso crônico de bebida. HEPATITE ALCOÓLICA Bebedor crônico faz libação → Acetaldeido → Agressão hepática. Quadro Clínico Hepatite: Febre, icterícia, dor, TGO > TGP, transaminases até 400 U/L. Leucocitose: reação leucemoide (leucocitose intensa). Tratamento Quadro grave (Maddrey > 32): corticoide por 28 dias. Nos hepatopatas deve ser prescrito Prednisolona. Alternativa: Pentoxifilina. SÍNDROME DE MIRIZZI Presença de cálculo impactado no ducto cístico, obstruindo a vesícula e realizando efeito de massa sobre o ducto hepático. Importância de Prova Complicação da colecistite: colestase – não é mais uma colecistite pura e simples. Tratamento: colecistectomia (aberta?). Classificação de Csendes Tipo I: apenas obstrução. Tipo II, III e IV: obstrução e fístula (< 1/3, 1/3 a 2/3, completa). DOENÇA AUTOIMUNE DA VIA BILIAR Icterícia colestática + prurido / Cirrose (sal biliar) Colangite Biliar Primária (CBP) Colangite Esclerosante Primária (CEP) - Lesão dos ductos do espaço porta. - Lesão das grandes vias biliares. - Mulher. - Homem. - Associações Possíveis: AR, Sjögren, Hashimoto - Associação principal: Retocolite Ulcerativa. - Antimitocôndria. - p-ANCA. Tratamento Retardar evolução: ác. Ursodesoxicólico (CBP x CEP). Caso avançado: transplante hepático. Anotações: Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 GINECOLOGIA I SÍNDROMES DE TRANSMISSÃO SEXUAL CORRIMENTO VAGINAL BAIXO ALTO - Vulvovaginite OU - Cervicite. Junto com alterações sistêmicas = DIP. Vulvovaginite: colo está normal. VULVOVAGINITE Vaginose Bacteriana Agente: Gardnerella vaginalis. Diagnóstico: 3 de 4 critérios de Amsel. Critérios de Amsel 1 – Corrimento branco-acinzentado, fino e homogêneo e fétido. 2 – pH vaginal > 4,5. 3 – Teste das aminas (whiff) positivo: piora o cheiro. 4 – Clue cells (célula alvo ou célula guia). No MS o padrão-ouropara o diagnóstico de vaginose é Critério de Nugest (gram). Tratamento: 1 – Metronidazol 250mg – 2cp VO 12/12h por 7 dias. - Na vaginose pode fazer o tratamento tópico, como alternativa. - Explicar sobre efeito antabuse like. - Pode fazer na gestante. - Não precisa tratar parceiro sexual. - Somente na presença de Gardnerella no PCCU não deve tratar. Somente se paciente tiver clínica. Candidíase Agente: Candida Albicans. Diagnóstico: corrimento branco aderido, em nata de leite, pH < 4,5 e pseudo-hifas. Tem como principal característica o prurido, ardor, hiperemia vulvar. - Candida gosta de pH ácido. Tratamento: 1 – Miconazol creme 7 noites. 2 – Nistatina 14 noites. 3 – Fluconazol 150mg VO dose única (usado na candidíase recorrente). Candidíase recorrente: 4 ou mais episódios no ano. Esquema de tratamento: Fluconazol 150mg VO 1cp dias 1, 4 e 7 e após 1cp por semana por 6 meses. Tricomoníase Agente: Trichomonas vaginalis. - O achado desse agente na vagina de uma criança é achado de abuso sexual, pois se trata de uma IST. Diagnóstico: corrimento amarelo esverdeado, bolhoso, pH >5, colo em framboesa, protozoário móvel. Tratamento: 1 – Metronidazol 250mg – 2cp VO 12/12h por 7 dias. 2 – Convocar e tratar o parceiro: 2g VO dose única. - O tratamento da tricomoníase não pode ser tópico, precisa ser sistêmico. VÍNCULO CEREBRAL Vulvovaginite Corrimento Exame Vaginose Acinzentado e homogêneo. Clue Cells. Candidíase Branco, nata e aderido. Pseudo-hifas e esporos. Tricomoníase Amarelo esverdeado e bolhoso. Protozoário móvel. Diagnóstico Diferencial Vaginose Citolítica Diagnóstico: leucorreia, prurido, pH < 4,5 – sem patógenos à microscopia e aumento de lactobacilos e citólise. Tratamento: Alcalinizar com bicarbonato (banho de assento). - Simula candidíase. Vaginite Atrófica Diagnóstico: amarelado, prurido, pH >5, sem patógenos à microscopia, aumento de polimorfonucleares e de células basais e parabasais. Tratamento: Estrogênio tópico. - É comum em pacientes pós-menopausa. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 CERVICITE Agente: Gonococo e Clamídia (principais agentes). Fatores de risco: transmissão sexual. Diagnóstico: corrimento cervical purulento, colo hiperemiado, friável, sinusorragia (sangramento pós coito) e dispareunia. Tratamento: Ceftriaxone 500mg IM + Azitromicina 1g VO em dose única. BARTOLINITE Agente: Gonococo e Clamídia e outros. Tratamento: drenagem (aumenta a recorrência), marsupialização e barlinectomia. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA Agente: Gonococo e Clamídia. Diagnóstico 3 Critérios Maiores DOR: hipogástrica + anexial + mobilização colo. + 1 Critério Menor Febre, leucocitose, VHS/PCR aumentado, cervicite. OU 1 Critério Elaborado 1 – Endometrite (na biópsia). 2 – Abscesso tubo-ovariano ou no fundo de saco. 3 – DIP na laparoscopia. Tratamento Classificação de Monif: 1 – Estágio 1: DIP não complicada. 2 – Estágio 2: DIP com peritonite. 3 – Estágio 3: Oclusão trompa/abscesso. 4 – Estágio 4: Abscesso > 10cm ou roto. O primeiro estágio do tratamento é diferenciar se o tratamento será hospitalar ou ambulatorial. O único que é ambulatorial é o estágio 1, a partir do estágio 2 é hospitalar. Ambulatorial Hospitalar - Monif 1. - Monif > 1. - Gestantes. - Sem melhora após 72h. Ao iniciar um tratamento ambulatorial, o retorno da paciente deve ser em 48 – 72h para ver se tem melhora do quadro – sem melhora, interna a paciente. Esquema Ambulatorial Ceftriaxone 500mg IM dose única + Metronidazol 500mg VO 12/12h 14 dias + Doxiciclina 100mg VO 12/12h 14 dias. Esquema Hospitalar Ceftriaxone 1g EV + Metronidazol 400mg 12/12h EV + Doxiciclina 100mg 12/12h VO 14 dias. Opção: Clinda + Genta IV. Complicações 1 – Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: aderência peri- hepática (em cordas de violino). DIP em Usuárias de DIU 1 – Não precisa remover (trata e observa). 2 – Mas se remover, usa ATB antes da remoção. CORRIMENTO URETRAL Uretrite = Cervicite Principais agentes: Gonococo e Clamídia. GRAM Disponível? Diplococo Gram negativo intracelular Positivo: trata gonococo e clamídia. Negativo: trata clamídia. ÚLCERAS GENITAIS Investigação das úlceras genitais: 1 – Lesões múltiplas? 2 – Lesões dolorosas? 3 – Tem fistulização de linfonodos? Múltiplas SIM: Herpes / Cancro / Donovanose Dolorosas SIM: Herpes (base limpa) / Cancro Mole (base sujo e purulento e fétido) Fistulização Linfonodos SIM: Cancro (buraco único) e Linfogranuloma (múltiplos buracos). CANCRO MOLE Agente: Haemophilus ducreyi. Diagnóstico: múltiplas úlceras dolorosas, com fundo sujo e adenopatia que fistuliza por 1 único orifício. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 Tratamento: 1 – Azitromicina 1g dose única VO OU 2 – Ceftriaxone 500mg IM. HESPES GENITAL Agente: Herpes simplex. Diagnóstico: vesículas e úlceras dolorosas e limpas. Adenopatia dolorosa que não fistuliza. Tratamento: 1 – Aciclovir 400mg 3x/dia por 7 dias (na 1° infecção) ou por 5 dias (casos de recorrência). - Nos casos de muita recorrência (> 6x/ano) deve fazer tratamento supressivo por 6 meses. Gestante - Mesmo tratamento, mas para evitar recidivas avaliar aciclovir > 36 semanas. - Lesão ativa no parto = cesárea. SÍFILIS Agente: Treponema pallidum. Formas Clínicas Primária Cancro duro: úlcera única, indolor que some. Secundária Condiloma plano e cutaneomucosa não ulcerada. Terciária Gomas, tabes dorsalis e aneurisma aórtico. Diagnóstico Laboratorial 1 – Teste treponêmico (teste rápido): positiva primeiro. 2 – Teste não treponêmico (VDRL): demora 1 – 3 sem para positivar. RECOMENDAÇÃO MS: Solicitar os 2 testes para o diagnóstico. - Ideal iniciar com teste rápido. - Pedir 3° teste se discordarem. E esse teste deve ser treponêmico (FTA-Abs). Gestante com 1 teste positivo deve iniciar o tratamento e faz sorologia confirmatória, diferente da 1°. Ex: se 1° foi VDRL o 2° deve ser treponêmico. O padrão-ouro de diagnóstico de sífilis 1° é a pesquisa em campo escuro. Tratamento Penicilina benzatina é a melhor droga. Primária / Secundária / Latente Recente 1 dose de 2,4 milhões UI, IM. Terciária / Latente Tardia / Indeterminada 3 doses de 2,4 milhões UI, IM – cada dose é feita em 1 semana. Controle de Cura - VDRL mensal (gestante) e trimestral (gineco). Tratamento Inadequado Na Gestação 1 – Tratamento incompleto ou com outra medicação que não foi penicilina. - A única droga que confere prevenção de transmissão vertical de sífilis é a penicilina. 2 – Tratamento iniciado há < 30 dias do parto. LINFOGRANULOMA Agente: Chlamydia trachomatis L1, L2 e L3. Diagnóstico: pápula/úlcera indolor, adenopatia dolorosa que fistuliza em “bico de regador” – vaza pus por vários orifícios. Tratamento: 1 – Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 – 21 dias. C Ervicite L Infogranuloma A Denite fistuliza M Últiplos orifícios I Munofluorescência Di Oxiciclina A Zitromicina DONOVANOSE Agente: Klebsiella granulomatis. Diagnóstico: úlcera profunda, indolor e crônica. Na biópsia tem achado de corpúsculos de Donovan. Tratamento: 1 – Azitromicina 1g VO 1x/semana 21 dias OU 2 – Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 21 dias. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 2 RESUMO MINISTÉRIO DA SAÚDE – ÚLCERA SEM LABORATÓRIO ÚLCERA > 4 SEMANAS SIM NÃO Tratar: sífilis, cancro mole, linfogranuloma e donovanose. TEM VESÍCULAS? SIM: Tratar herpes. NÃO: Tratar sífilis e cancro mole. VIOLÊNCIA SEXUAL Contracepção 1 – Levonorgestrel 1,5 mg VO dose única. Profilaxia ISTs Virais HIV: Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir. Pode ser feita até 72h. HBV: Vacina + Imunoglobulina. NãoVirais - Azitromicina 1g VO dose única - Penicilina Benzatina 2,4M UI IM - Ceftriaxone 500mg IM - Metronidazol 2g VO. O profissional deve comunicar a polícia. Anotações:
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