Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANEMIAS PARTE 2 Anemia hemolítica - Panorama clínico inicial pode envolver aspectos como: • Síndrome anêmica • Esplenomegalia • Icterícia leve • Calculo biliar de bilirrubinato de cálcio - esse calculo aparece à radiografia e, é em função desse tipo de calculose biliar que, quando da esplenectomia, faz-se também a cistectomia. - Os exames laboratoriais mostram • Anemia normocromica com aumento do volume corpuscular médio (VCM) • Há reticulocitose • Aumento do LDH • Aumento da bilirrubina indireta - hemólise faz com que haja grande liberação de grupos heme, que se dissociam em ferro e protoporfirina, o que aumenta a bilirrubina indireta. • Na hemólise, há diminuição da haptoglobina, proteína que se liga de forma irreversível às globinas formadas. Como há muitas globinas formadas pela hemólise, as haptoglobinas acabam diminuindo, pois estão ligadas. - Para o diagnostico de anemia hemolitica, duas questões devem ser aventadas: ou essa hemacia é estranha, malformada, ou essa hemácia está marcada com anticorpos (autoanticorpos). • Exames iniciais: - Hematoscopia - verifica a estrutura das hemacias - Teste de aglutinação direta - coombs direto - verifica se existem autoanticorpos contra aquela hemácia e é isso que está causando a hemolise - Outros: eletroforese, fragilidade osmótica,… • A hemólise é intra ou extravascular? - Se for intravascular, teremos hemoglobinemia, hemoglobinúria, hemossiderinúria. Alterações encontradas na hematoscopia ACANTÓCITO ou hemácia em espora. Sua presença fala a favor de insuficiência hepática grave HEMÁCIA EM ALVO: A variante falcêmica que mais apresenta celulas em alvo é a hemoglobinopatia SC e essa doença se apresenta com retinopatia, e necrose da cabeça de fêmur - As anemias hemofílicas podem se manifestar com complicações chamadas crises anémicas agudas, quando há agudizacao extrema da anemia (Hemoglobina muuuuito baixa!). Sao quatro tipos de crises anêmicas agudas - Anemias hemolíticas não autoimunes hereditárias • Membrana - esferocitose • Enzima - deficiência de G6PD • Hemoglobinopatias - falciforme e talassemias - Anemias hemolíticas não autoimunes adquiridas • Hiperesplenismo • Síndrome hemolítico-urêmica • Hemoglobinúria paroxistica noturna CRISES ANÊMICAS AGUDAS Aplásica Paciente com hemólise cronica compensada que, após acometimento infeccioso pelo Parvovirus B19 apresenta descompensacao. O parvovirus B19 acomete os eritroblastos na medula, o que impede a formação de reticulócitos. Como era a reticulocitose que mantinha esse paciente com uma anemia hemolitica compensada, há desequilíbrio que cursa com anemia e reticulocitopenia. A causa é, portanto, a infecção pelo parvovirus B19, que tem tropismo pelos eritroblastos. O tratamento é a transfusão e expectante, no sentido de “deixar a infecção passar”, quando não há mais afecção dos eritroblastos a hemolise tende a compensar novamente. Megaloblastica Paciente com emolisse cronica compensada que tem redução de acido folico, apresenta diminuição na produção de reticulócitos (reticulocitopenia) e desequilíbrio, o que cursa com: anemia, reticulocitopenia e neutrofilos hipersegmentados (pois a carência de acido folico prejudica a divisão do material genetico). Causa é a carência de acido folico, tratamento é a suplementacao com ácido fólico, o diagnostico diferencial com a anemia aplásica é justamente a presença de neutrofilos hipersegmentados. Hemólise aguda grave Há intensa hemólise intravascular, causada por carência da enzima G6PD ou por picada da aranha marrom (Loxocelles). A intensidade da hemólise com geração de altas quantidades de hemoglobina, gera dano renal com hemoglobinúria. Excesso de pigmento filtrado nos rins gera Insuficiência Renal Aguda com oligúria e hemoglobinuria. O quadro é de anemia acentuada (hemoglobina muito baixa), associada a lesão renal. Sequestro esplênico É uma crise anêmica característica da Anemia Falciforme. SEQUÊNCIA Havendo questão de prova com anemia hemolítica, procure o COOMBS DIRETO, para saber se é uma anemia hemolítica autoimune. Coombs negativo, não é autoimune, entao podemos pensar em anemias hemofílicas não-autoimunes hereditárias ou hemolíticas. Anemia hemolítica AUTOIMUNE - Aos exames, se encontra COOMBS DIRETO positivo e MICROESFERÓCITOS - As hemácias são “marcadas” por autoanticorpos, que podem ser quentes ou frios, o que faz com que elas sejam reconhecidas e destruídas quando de sua passagem pelo baco. ESFEROCITOSE - Anemia hemolítica não autoimune hereditária - O esferocito é uma hemacia que não tem a forma caracteristica, porque perdeu ou lesionou sua membrana. Os esferocitos tem alta fragilidade, por uma serie de fatores, a tensão nas paredes é alta, deformabilidade é baixa, a concentração de hemoglobina é alta (as hemoglobinas se repelem entre si), os esferocitos tem fragilidade osmotica elevada. - A clínica característica de esferocitose é em crianças com esplenomegalia, que tem anemia hemolítica hipercromica (aumento da concentração de hemoglobina - CHCM) e presença de esferocitos. - O teste de fragilidade osmotica é o exame para diagnostico. - Esplenectomia é o tratamento clássico, mas deve ser realizado após os 5 anos de idade e se houver anemia grave (Hb < 8 e reticulocitos > 10%) ou repercussões clinicas. Deficiência de G6PD - Anemia hemolítica não autoimune hereditária - As hemácias estão sofrendo oxidação constantemente durante sua atividade. Há, na extração e fornecimento de oxigenio, formação de radicais livres dentro da hemacia. A enzima G6PD é responsável por estimular a atividade do glutation, que remove os radicais livres de dentro da celula. Na imensa maioria das vezes, no entanto, a deficiência de G6PD não causa repercussões clinicas, pois ainda existe atividade de retirada dos radicais livres, mesmo que mais lenta. As situações que provocam superoxidacao é que fazem com que a deficiência de G6PD haja morte precoce das hemacias pelo acumulo de radicais livres e, portanto, sintomatologia. Anticorpos quentes IgG Anticorpos frios IgM 75% dos casos 25% dos casos Causa idiopática, na maioria das vezes. Pode ser secundária a algumas patologias, como Lupus, viroses ou leucemia. Pode ser secundária a drogas, como penicilina ou metildopa. Micoplasma, mieloma, macroglobulinemia Trata-se a causa ou utiliza-se rituximab Tratamento é feito com corticoterapia ou imunossupressao (rituximab, anti-CD20) Em último caso, esplenectomia A esplenectomia não é indicada, pois, na anemia hemolítica autoimune por IgM, a hemólise é no fígado, pelas células de kupferr - As principais causas de superoxidacao e sintomatologia da anemia da deficiência de G6PD sao: • Infeccao, que é a mais comum • Drogas, são menos comuns, mas caem em prova: Sulfas, Primaquina, Dapsona, Naftalina, Nitrofurantoina. - Como o G6PD tem atividade diminuida, o glutation não funciona direito, formam-se Corpúsculos de Heinz dentro das hemácias (precipitados de hemoglobina, que não foram retirados). - O diagnostico é feito com a visualizacao destes corpúsculos de Heinz, bem como com a medida da atividade da G6PD. - Prevenir as “crises" é o melhor tratamento possível. Havendo infeccao, o portador da deficiência deve procurar atendimento médico. Hemoglobinuria Paroxistica Noturna - Anemia hemolítica genética adquirida extrautero. - Há uma mutação que deixa a hemacia mais propensa à adesão de complemento. As hemácias revestidas por complemento são destruídas pelo sistema imune. - A doença é genetica, mas se manifesta comumente aos 30-40 anos com a tríade: • Hemólise • Pancitopenia • Tromboses abdominais - Sindrome de Budd-Chiari: trombose das veias hepáticas, comprometendo o sistema de drenagem hepatica. Cursa com hepatomegalia, ascite, e varizes esofagicas. - Diagnostica-se esta condição pela determinação de queda no complemento (reducao no CD55 e CD 59), por consumo na opsonizacao de hemácias. - Para tratar, utilizo medicamentoanti-complemento: eculizumab Anemia FALCIFORME - A hemoglobina S tem uma característica importante, que é a tendência à polimerizacao. Quando há desoxigenação ou desidratação, as hemoglobinas S sofrem polimerizacao, alterando sua formação dentro da hemácia, o que altera a conformação da hemácia. A hemácia adquire formato afoiçado, passando a ser chamadas de drepanocitos. Quando da oxigenação, a hemoglobina S despolimeriza, perdendo a conformação “enfileirada" e a hemácia volta ao formato normal. O que ocorre é que essa alteração constante no formato pela polimeracao/ despolimeracao, para de acontecer apos alguns dias. - Fenômenos vaso-oclusivos são devidos a uma maior expressão de moléculas de adesão na membrana dos drepanocitos e também à lesão endotelial gerada pelo fluxo turbulento das hemácias afoiçadas - fluxo laminar prejudicado. - As manifestações clínicas ocorrem normalmente após os 6 meses de vida, afinal, até essa idade, predomina a hemoglobina fetal. Após os 6 meses, a hemoglobina S é que “assume o comando”. TIPOS DE CRISES VASO-OCLUSIVAS Síndrome mão-pé Também chamada dactilite, é, usualmente, a primeira menifestacao da anemia falciforme. Existem três lugares muito esmolares no corpo: baço, medula óssea, medula renal. Nestes locais, a hemoglobina desidrata e, com isso, há polimerizacao da hemoglobina S. A síndrome mao-pé acontece até os 2-3 anos, acomete as extremidades (aumento da taxa de extração de oxigênio, ossos com medulas hiperosmolares). Os ossos, nessas criancas, são muito porosos, pouco calcificados, possibilitando que a reação inflamatória acometa regiões exteriores à medula óssea, inflamando dedos. Há dor e edema. Radiografia é normal, pois a isquemia óssea não é visível. Crise óssea É a principal crise álgica osteoarticular da anemia falciforme, a mais comum. Acomete pessoas com mais de 3 anos de idade, com ossos mais calcificados, que não permitem o extravasamento do processo inflamatório. A dor da isquemia se manifesta em ossos longos, porém, sem dactilite. Radiografia é normal, pois a isquemia óssea não é visível. Sequestro esplênico Cursa com anemia grave e esplenomegalia em criança menor de 5 anos. Três ambientes hiperosmolares, que propiciam a polimerizacao das hemoglobinas S - medula ossea, medula renal e baço. Havendo intensa polimerizacao no sistema venoso esplênico, o fluxo sangüíneo de drenagem do baco fica prejudicado, ocasionando congestão sangüínea neste órgão. O fluxo esplênico lentificado, proporciona maior atividade de retirada das hemácias pelas células do sistema reticuloendotelial, o que gera anemia. O prejuízo ao fluxo sangüíneo no baço cursa com formação de "plugues eritrocitários” na microcirculacao esplênica, interrupção da oxigenação em porções do órgão, isquemia e necrose, num processo continuo que, até os 5 anos de vida, destrói todo o parenquima esplênico. O processo é chamado autoesplenectomia e é em virtude disso que é muito rara a ocorrência de esplenomegalia em crianças maiores de 5 anos*** Após a primeira crise de sequestro esplênico, é realizada a esplenectomia cirurgica, pois a mortalidade aumenta muito em crises posteriores. *** A esplenomegalia em crianças com anemia falciforme maiores de 5 anos apenas ocorre se a criança produzir hemoglobina fetal. Síndrome torácica aguda É mais comum em hospitalizações e se mostra como infiltrado pulmonar novo associado a um dos sintomas: febre, tosse, dor toracica, expectoração purulenta, dispneia e/ou hipoxemia. O paciente com síndrome torácica aguda evolui em 36-48 horas para desconforto respiratório agudo. Essa síndrome é a principal causa de mortalidade em portadores de anemia falciforme e o principal gatilho para deflagrar síndrome torácica aguda é a pneumonia. Logo, se um paciente com anemia falciforme é atendido com suspeita de pneumonia, devera ser admitido para monitorização e tratamento. Acidente vascular encefálico Em criancas, se manifesta como AVE isquemico, após vaso-oclusao. Nos adultos, o mais comum é haver AVE hemorrágico, provocado pela fragilização cronica provocada pelo fluxo turbulento das hemácias de formato alterado (drepanocitos), que cursa com lesão endotelial. - Tratamento da anemia falciforme é dividido em tratamento crônico, tratamento das crises e terapia transfusional: DISFUNÇÕES CRÔNICAS Lesão renal O ambiente da medula renal é hiperosmolar, o que propicia a polimerizacao da hemoglobina S. Assim, a lesão renal é causada pela isquemia e necrose das papilas renais (área pouco vascularizada, que sofre com a falta de oxigenação). A lesão glomerular decorrente da anemia falciforme é a Glomeruloesclerose Focal e Segmentar (GEFS) Lesão ossea A medula óssea, devido à sua hiperosmolaridade, causa intensa polimerizacao da hemoglobina S, o que prejudica a devida oxigenação do tecido ósseo. Desenvolve-se, assim, osteopenia, isquemia e necrose de cabeça do fémur e osteomielite por Salmonela e Staphilococcus aureus TRATAMENTO CRONICO Prevencao • Suplementacao com ácido fólico • Vacinação e Penicilina (VO dos 2-3 meses até, pelo menos, os 5 anos), pois a maior causa de mortalidade nesse grupo é a infecção por germes encapsulados • Atenção à febre, qualquer caso de febre requer internação! Estímulo à produção de HbF HIDROXIUREIA Pacientes que produzem hemoglobina fetal possuem maior e melhor sobrevida, logo, o estimulo à produção desse tipo de hemoglobina é indicado em um grupo de pacientes: • Tenham muitas crises álgicas ( mais do que 2-3 crises por ano) • Prevenção secundaria de síndrome torácica aguda ou AVE • Anemia grave sintomática Transplante de medula É indicado em Menores de 16 anos A compatibilidade é muito menor que na população em geral e o risco de complicações é maior CRISES VASO-OCLUSIVAS Hidratacao Não é indicada hiper hidratacao! O2 Suplementar O2 se a Saturação for menor que 92% Analgesia Incluir opioides Antibioticoterapia Utilizar beta-lactamicos se: • Febre > 38,5 • Hipotensão • Hb < 5 • Leucócitos > 30.000 TRATAMENTO TRANSFUSIONAL Transfusão simples A transfusão simples é indicada quando há anemia grave sintomática: • Hb < 5,5 em crianças • Hb < 6 no adulto Exsanguíneo- transfusao Quadros agudos graves • AVE • Síndrome torácica aguda • Priapismo Regularmente, a fim de manter hemoglobina entre 9-10 e HbS inferior a 30%, quando não houve resposta à hidroxiureia ou como prevenção secundaria de síndrome torácica aguda ou AVE Beta-Talassemia - Na pessoa normal, 97% das hemoglobinas são HbA. - Na talassemia, há duas informações mutadas que a pessoa pode receber: beta zero - B0 (não produz beta) ou beta mais - B+ (“mais ou menos produz”). Existem três formas de heranca, portanto: B0-B0 (talassemia major), B+-B+ (talassemia intermedia) e B-B0 ou B-B+ (talassemia menor) - Na Talassemia Major, acontece anemia gravíssima, há esplenomegalia gerada pela alta atividade do baco. Hipoxia renal, secreção aumentada de eritropoetina. A medula óssea, no entanto, é extremamente afetada pelas cadeias de globina livres na circulacao. O estímulo gerado pela eritropoetina à medula óssea age de maneira a provocar inflamacao naquele local, com edema, alterações ósseas (fascies em esquilo) e baixa estatura. A eritropoetina estimula também a produção de hemacias pelo tecido hepático, que sofre hipertrofia, aparecendo com hepatomegalia. Não há captação do ferro transportado pela transferrina na medula óssea e esse íon (fe) acaba por se depositar em tecidos, intoxicando o organismo, num processo chamado hemocromatose. - O tratamento inclui: Transfusão cronica, que diminui a anemia e a eritropoetina circulantes; Quelante do ferro; Esplenectomia; e Transplante de medula óssea. - A talassemia intermédia tem quadro clinico parecido com o da talassemia major, porém de menor gravidade. Seu tratamento depende da sintomatologia apresentada. - Na talassemia minor, a imensa maioria dos pacientes é assintomatica. A anemia é levemente hipocromica, mas muito microcítica:VCM muito baixo (<75). - Diferencia-se da anemia ferropriva, porque na talassemia menor o RDW (índice de anisocitose) é normal e, alem disso, a cinética do ferro é normal. - Não necessita de tratamento, por ser assintomatica, mas necessita de aconselhamento genético, pois, o descendente de duas pessoas com talassemia minor, pode apresentar talassemia major. Talassemia Major B0-B0 Não produz beta, não formando hemoglobina A. Forma-se hemoglobina fetal, em compensação, HbF. No entanto, muitas cadeias alfa livres ficam circulando e essa globina livre é extremamente toxica aos tecidos. Talassemia Intermédia B+/B+ Talassemia Minor Tem um B normal B/B0 ou B/B+
Compartilhar