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1 SUMÁRIO 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 3 CONCEITO DE LINGUAGEM .......................................................................... 4 3.1 Linguagem verbal e não verbal ................................................................. 7 3.2 A criança e a linguagem .......................................................................... 12 4 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE ....................... 18 4.1 Elementos da psicomotricidade ............................................................... 19 5 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA ............................................................... 21 5.1 Corpo, Movimento e expressão ............................................................... 25 6 EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA ......................................... 28 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 33 3 2 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 3 CONCEITO DE LINGUAGEM Linguagem é a capacidade comum que todos nós seres humanos temos para comunicar nossas ideias, sentimentos, visão sobre o mundo, a realidade que nós cerca através de uma série de signos linguísticos que se relacionam e se opõe. Falando sobre capacidade, a mesma pressupõe uma realização, deve faça uma relação com outras capacidades que nós temos como seres humanos, por exemplo, a capacidade de andar, capacidade bem simples com a qual da maioria de nossa nascemos a menos que sofremos alguma limitação. Essa capacidade existe até o momento em que passamos a estabelecer por passos uma movimentação em um espaço, a maioria dos seres humanos tem essa capacidade, mas fica de uma maneira abstrata, algo que apenas potencialmente existe até o momento em que verdadeiramente você utiliza suas pernas para realizar um determinado movimento, a capacidade de andar está diretamente ligada ao ato de caminhar. As características da linguagem formam um conjunto de especificidade da nossa capacidade de linguagem que são particulares a nossa espécie podendo dizer que torna uma das manifestações mais ricas da consciência humana, podemos dizer que o que constitui o ser humano enquanto ser que se destaca é justamente sua capacidade de linguagem. Devido à riqueza e pluralidade da linguagem existem inúmeras características que há podem definir. Podemos definir a linguagem em seis componentes importantes. O mesmo acontece com a capacidade de linguagem, ela só se realiza plenamente no momento em que nós através de um sistema de signos organizados, ou seja, através de uma língua natural, colocamos em prática a capacidade comunicativa. A linguagem é algo que pode existir, a língua é a realização desta capacidade, linguagem é uma capacidade inata, todos nós nascemos com ela, língua é a materialização desta capacidade. 5 Falar de uma capacidade nata pressupõe que estejamos trabalhando com um conceito natural, ou seja, estou deixando de lado as linguagens artificiais como, por exemplo, a linguagem da computação, isso pressupõe também que estamos referindo quando da prática da linguagem, a utilização de línguas naturais, como as várias línguas que existem, e esteja deixando de lado formas artificiais de comunicação. Cabe mencionar também que existe um consenso entre os linguistas de que não existe possibilidade de animais utilizarem a linguagem, existem algumas formas de comunicação animal, mas nenhuma delas tem a complexidade da organização sistemática que a linguagem humana possui. Linguagem interpretativa: é através dessa linguagem que tornamos a realidade passível de compreensão, nós passamos a pensar sobre as coisas, um exercício interessante para tentar realizar é o pensamento sem utilizar palavras, sem construir sequencias linguísticas, senso um exercício muito difícil praticamente impossível. Deixando bem claro nossa capacidade de estabelecer qualquer categoria de pensamento racional sobre as situações está diretamente ligada à nossa capacidade de linguagem. Linguagem simbólica: é através dela que representamos o mundo, que simbolizamos as coisas, é através da linguagem que conseguimos conceituar os objetos, dando forma mesmo quando no momento da comunicação eles não estejam presentes. Estabelecendo a existência de algo que nosso interlocutor não está vendo, não está em contato com ele, mas que é perfeitamente possível que ele passe a existir naquele momento de comunicação devido à capacidade da linguagem. Linguagem expressiva: é por meio dela que externamos nossas expressões, após submeter a realidade com uma série de complexos psicológicos nós a devolvemos ao mundo colocando nossas impressões e opiniões a disposição do nosso interlocutor. 6 Linguagem interativa: os indivíduos se relacionam e se comunicam, nós enquanto interlocutores trocamos informações, impressões, visão do mundo e construímos e até mesmo reconstruímos a realidade através do processo de comunicação e de interação em que estamos presentes, o ato de utilização da linguagem é caracterizado como um ato de constante troca entre os indivíduos. Linguagem variável: multiplicidade de possibilidades, varia conforme a situação, os interlocutores, os objetivos, o lugar de fala. A capacidade de variação linguística é antes de tudo uma capacidade de variação da linguagem dando liberdade aos indivíduos, ela pode ser materializada não só por palavras, podemos expressar um sentimento ou uma opinião através de um gesto, silencio e uma expressão facial. Tudo isso já representa e deixa claro essa capacidade de não se prender a uma estrutura física a uma única forma de expressão, de um determinado sentimento ou de uma realidade. Linguagem criativa: linguagem que nós, por exemplo, conseguimos construir sentenças que nunca ouvimos e que nunca utilizamos, podemos falar sobre objetos com os quais nunca tivemos contato e até mesmo criar coisas que existem sequer. A ficção é um grande exemplo de utilização da linguagem de forma criativa para estabelecer o novo, o desconhecido, aquilo que é por meio da linguagem do coração, com a linguagem que recriamos realidades todas essas características podemos perceber que estão presentes apenas na linguagem humana um animal, por exemplo, por mais que ele consiga se comunicar, determinado sentimento, determinada situação ele não consegue recriar a realidade ele não consegue mentir ele não consegue a variar como ele vai representar determinada coisa, ou seja, o animal por mais que ele utiliza uma comunicação para avisar que tem comida para os demais seres do seu bando, para avisar que tem algum perigo eminente ali, para aqueles outros membros daquela comunidade em que eles vivem os animais não conseguem ter esse poder criativo 7 esta variação na formade se expressar e muito menos conseguem estabelecer o diálogo sendo algo muito específico da comunicação humana. 3.1 Linguagem verbal e não verbal A linguagem pode ser classificada em verbal (aquela desenvolvida por meio de palavras, sejam elas faladas ou escritas) e não verbal (estabelecida por outros meios que não as palavras, como gestos, silêncios, imagens, linguagem corporal e outros que comuniquem algo para alguém). Temos duas ciências que estudam esses fenômenos: a linguística, que se dedica a linguagem verbal, sua estrutura, desenvolvimento e relacionamento com outras línguas; e a semiótica, ciência dos signos, que analisa como se estrutura a linguagem de qualquer fenômeno produtor de significação e sentido. (CAMPOS, 2017). A linguagem verbal configura-se em um pensamento dirigido, seguindo leis da lógica de escrita (AGUIAR, 2004). Sua forma de expressão, a língua, é constituída por um conjunto de signos que são criados arbitrariamente e, a partir de uma convenção, são aceitos como corretos pelos falantes. O objeto que apresenta uma barra de grafite revestido por um cilindro de madeira, por exemplo, chama-se lápis em português e pencil em inglês (DICIO, c2009-2017). São essas convenções da linguagem que distinguem um grupo de outro. Isso reafirma a língua como um instrumento coletivo, uma convenção social. Dessa forma, podemos afirmar que a linguagem verbal é “[...] objetiva, definidora, cerebral, lógica e analítica, voltada para a razão, a ciência, a interpretação e a explicação [...]” (AGUIAR, 2004, p. 28). Quando se faz a referência à linguagem verbal, via de regra, há duas formas de linguagem, uma falada e outra escrita – que apresenta variedades na forma como é expressa. De acordo com Campos (2017), na linguagem oral, os recursos utilizados são diferentes da linguagem escrita, começando pelo espaço. Na escrita não há presença física do interlocutor, enquanto na oral ocorre um diálogo com o interlocutor, muitas vezes ambos ocupam um mesmo ambiente. A fala é o principal 8 recurso da linguagem oral. Esta utiliza-se da altura, do tom de voz e de outras características para garantir principalmente a clareza do diálogo e a comunicação. Tanto na fala, quanto na escrita, as palavras são decifradas por partes, primeiro um signo e depois o outro, formando assim unidades maiores. É só no final de uma leitura, ou da audição, que temos o texto completo, a mensagem que se quer passar. Saussure (1970) construiu as bases de suas proposições de Semiologia, a partir dessas questões sobre o signo linguístico. Na linguagem escrita, a forma de comunicação se dá pelo traço, ou seja, por palavras que, através de frases e textos, tem o intuito de informar a mensagem de maneira clara e coerente para que o interlocutor entenda. O sistema de sinais, alfabeto, é o recurso primordial da linguagem escrita do Ocidente, pois os fonemas são representados pelos sons da fala (AGUIAR, 2004). Não se pode esquecer que existe um conjunto relevante de outras formas de escritas que se constituíram em sistemas sociais e históricos de civilizações antigas e que foram preteridas pelo Ocidente. Estas utilizam codificações alfabéticas a partir de pictogramas, por exemplo a escrita cuneiforme e os hieróglifos na antiguidade, e ideogramas, ainda usados na escrita chinesa e japonesa, por exemplo. Santaella e Nöth (2009 apud Campos, 2017) destacam que, quando se faz referência à linguagem verbal, na maioria das vezes, deixa-se de fora a existência de outras formas de escrita que surgiram da mímica e do gesto – por esquecimento ou negligência. Para nos utilizarmos da linguagem verbal, precisamos conhecer os vocábulos, considerando ser um mecanismo de comunicação em sociedade. Por exemplo, o bebê, antes de apreender a falar, vai se apropriando do código verbal a partir de sons que são interpretados pelos adultos em um arremedo de fala infantil. É dessa forma que surge, nesse caso, um sentimento de naturalidade da linguagem infantil. (CAMPOS, 2017). As onomatopeias, palavras que expressam os diversos sons, são consideradas linguagem verbal, que são apresentadas através da oralidade e da escrita. Os índices, ou seja, os sons expressados, não têm semelhança com seus 9 referentes. Como “zunzum” não tem sequer semelhança com o inseto abelha ou “bii-bii” com carro. Veja exemplos no Quadro 1. Os textos verbais podem adquirir diferentes características. Os textos com linguagem figurada, por exemplo, são utilizados na literatura e na poesia, geralmente com a intenção de descrever seres e situações fantásticas de forma complexa para o ser humano. Já os textos jornalísticos têm a intenção de passar a informação ao leitor. Para atrair o público, a imprensa se utiliza do jogo de palavras, oral, escritas e com imagens estáticas, ou animadas, dependendo do meio de comunicação, visando criar o efeito desejado (AGUIAR, 2004), como percebemos em jornais impressos e nas Revistas. A linguagem verbal tem influência também no aspecto psicoemocional do ser humano, pois afeta o estado de ânimo e as emoções. Por exemplo, quando recebemos um elogio ou dizemos algo que valoriza o outro, isso mexe com a autoestima e com o estado de espírito para um lado positivo, alegre. Ao contrário, se criticamos, ou discutirmos, ficamos tristes, aborrecidos. Essas situações mostram o quanto a área intelectual e a afetiva estão relacionadas (AGUIAR, 2004). No entanto, são duas as linguagens que estão conectadas, a linguagem verbal e não verbal. 10 A linguagem não verbal pode ser definida como sendo uma linguagem “[...] das imagens, das metáforas e dos símbolos, expressa sempre em totalidades que não se decompõem analiticamente. ” (AGUIAR, 2004, p. 28). Na linguagem não verbal não há presença de palavras, por isso, ela segue outro tipo de código. Apesar da ausência da palavra, existe uma linguagem que constrói a mensagem que se pretende passar. Utiliza-se para isso de outros instrumentos, como imagens, gestos e sinais. Também, considera-se como linguagem não verbal a manifestação da pessoa que recebe a mensagem, pois essa geralmente expressa corporalmente diversas reações, como de atenção, agrado ou desagrado. Tanto o emissor quanto o receptor da mensagem passada através de linguagem não verbal apresentam os indícios de significados que devem ser compartilhados por quem passa ou recebe a mensagem. 11 A linguagem gestual é uma forma de comunicação através de movimentos corporais e gestos de mãos e dedos, como a Libras (linguagem brasileira de sinais linguagem dos sinais usadas pelos surdos-mudos, e a mímica que são os gestos ilustrativos desenhados no espaço, igualmente convencionados, que encena uma mensagem. A Libras é uma língua como qualquer outra, pois tem várias regras, existe gramática, existe sinais e modos de usar esses sinais. Ela é normativa. Muitas vezes, a Libras é confundida como uma linguagem visual, por ser uma língua visual, mas ela é uma linguagem gestual, pois é composta de sinais, gestos e expressões a partir de uma convenção (FARIAS; SANDERSON; PORTO, 2013). Também, podem ser referidos como linguagem gestual a expressão facial, que são as expressões básicas do ser humano, por transmitirem através do movimento dos músculos suas satisfações e insatisfações sobre determinada coisa. O rosto é a região do corpo mais vulnerável a expressões, reagindo à diferentes situações, como alegria, medo, insegurança, ânimo. No teatro, a linguagem não verbal torna-se mais complexa, concentrando os sentidos em uma linguagem complexa dos signos em si. Ali são exploradas todas as possibilidades do espaço. Compõem-se de signos auditivos, como palavras, música e ruídos; signos visuais, centrados no ator, como expressão facial e corporal; na aparência exterior, com a maquiagem, o penteado e a indumentária; e no espaço cênico, como cenário e a iluminação. Todos esses signos, por sua presença ou ausência, criam o efeito da comunicação imediata com seu público. A dança constrói uma linguagem corporal, ela é uma expressão artística que vai além da mera repetição de passos, gestos e movimentos apreendidos. Independentemente do estilo e da cultura, a dança representa a expressão de uma ideia ou sentimentos com intuito de passar uma experiência individual e única de um ser e de um corpo que se comunica, expressando uma linguagem (SOARES, 2014). Tanto a linguagem verbal como a não verbal são sistemas de signos carregados de significados e estão intrínsecos na sociedade, sendo utilizados 12 cotidianamente de acordo com a necessidade de cada indivíduo, facilitando a vida em sociedade. 3.2 A criança e a linguagem A aquisição da linguagem tem início muito cedo. Isso porque, desde o seu nascimento, a criança é exposta constantemente à língua falada pela sua comunidade linguística, recebendo insumo para, em um período de aproximadamente três anos, se tornar proficiente em sua língua materna. Esse processo de desenvolvimento da linguagem ocorre em etapas. Inicialmente, a criança aprende a reconhecer os fonemas da língua a que é exposta e interage com as pessoas ao seu redor por meio de choros, arrulhos e risos. À medida que cresce, ela se torna capaz de produzir os fonemas aprendidos, construir sílabas simples, imitar os sons da fala emitidos pelos adultos e utilizar gestos para representar coisas do mundo, demonstrando compreender a dimensão simbólica da linguagem. Então, em um determinado momento, a criança passa a empregar palavras e, depois, combiná-las em sentenças simples, até chegar em um estágio de fluência no idioma. (CASTRO, 2021). Segundo Castro (2021) as linguagens são sistemas complexos desenvolvidos pelos seres humanos para se comunicar e simbolizar o mundo, tendo importante papel na constituição da sua identidade. Muito antes de frequentarem o ensino formal, as crianças já dominam com proficiência o sistema linguístico (ou os sistemas linguísticos) usado pela comunidade linguística em que estão inseridas, pois foram constantemente expostas a ele desde muito cedo. É por isso que crianças que crescem, por exemplo, em uma comunidade falante de português brasileiro se tornam proficientes nessa língua, ao passo que crianças expostas diariamente a outra língua (p. ex.: francês, libras, kaingang, mandarim, etc.) serão fluentes nessa outra língua. Ao nascer, o bebê é capaz de perceber a fala e de se comunicar pelo choro, modificando-o para expressar diferentes necessidades. Mais tarde, entre 1,5 e 3 13 meses de idade, o bebê acrescenta aos seus recursos de linguagem os arrulhos e o riso, e, aos 3 meses, passa a brincar com os sons, imitando os sons produzidos pelas pessoas que o cercam (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Entre 6 e 10 meses de idade, o bebê começa a balbuciar, isto é, produzir sílabas simples, formadas por consoante e vogal. Esses sons, como, por exemplo, “ma-ma-ma-ma”, costumam ser interpretados como a primeira palavra do bebê. No entanto, o balbucio “[...] não é uma linguagem de verdade, pois não tem nenhum significado para a criança, embora com o tempo se torne cada vez mais parecido com palavras” (PAPAIA; FELDMAN, 2013, p. 194 ). A chave para o desenvolvimento da linguagem é a imitação. De início, conforme explicam Papalia e Feldman (2013, p. 194), “[...] os bebês acidentalmente imitam sons do idioma e depois imitam a si próprios produzindo esses sons. Entre 9 e 10 meses, o bebê imita sons deliberadamente sem entendê-los”. Depois de possuir um repertório de sons, os bebês começam a encadear padrões e, em seguida, passam a atribuir significados para eles (PAPAIA; FELDMAN, 2013). Então, são incorporados à linguagem do bebê os gestos simbólicos, como, por exemplo, soprar para comunicar que algo está quente. Nesse momento, fica evidente que a criança está compreendendo a dimensão simbólica da linguagem, isto é, compreendendo que esta é um recurso usado para representar seres, objetos, ações, processos, eventos, características, sentimentos, desejos, etc. À medida que a criança vai enriquecendo o seu vocabulário, os gestos de que ela lançava mão para simbolizar determinadas coisas do mundo passam a ser substituídas pelas palavras correspondentes. Como esse processo é gradual, é comum que, até os 3 anos de idade, as crianças combinem gestos e palavras durante a sua comunicação, o que é um indicativo de que elas estão prestes a usar sentenças com várias palavras (PAPALIA; FELDMAN, 2013). O início da fala linguística do bebê se dá entre os seus 10 e 14 meses de idade, quando ele pronuncia as suas primeiras palavras. Mais tarde, entre os seus 18 e 24 meses, as crianças já são capazes de unir palavras para construir suas primeiras sentenças, usando-as para se referir a eventos, pessoas, objetos, etc. do 14 seu cotidiano. Por fim, entre 20 e 30 meses de idade, a criança passa a compreender sentenças cada vez mais complexas e se mostrar mais competente no uso da sintaxe da sua língua materna, tornando-se mais fluente com os artigos, as preposições, as conjunções e os plurais, por exemplo. Em torno dos 3 anos de idade, a fala da criança é “[...] fluente, mais longa e mais complexa. Embora a criança geralmente omita partes do discurso, ela consegue comunicar com sucesso o que quer dizer” (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 197). Quando as crianças já estão em fase de formulações sintáticas mais complexas (20 a 30 meses de idade), é possível conduzir com elas conversas a partir de leituras. Após ler uma história para a criança, o adulto pode lhe apresentar desenhos e objetos e, então, convidá-la para recontar a história que ouviu. Nessa atividade, será possível perceber que a criança já domina um vocabulário diverso, emprega estruturas linguísticas mais sofisticadas, interpreta a história e constrói a narrativa usando um tom de voz variável, expressando emoções pela entonação. (CASTRO, 2021). Apresentamos algumas sugestões de atividades que podem ser realizadas para contribuir no processo de desenvolvimento da linguagem da criança. Durante a execução de qualquer uma delas, assim como de qualquer atividade que vise ao desenvolvimento da linguagem, é necessário sempre ter em mente a importância de valorizar a expressão das crianças, a fim de que o processo de interação social seja significativo para elas. Nesse sentido, é fundamental que seja oferecida uma escuta atenta e que, em todos os momentos, haja espaço para brincadeiras, pois o aspecto lúdico é um fator importante para o processo de construção da linguagem. (CASTRO, 2021). As fases do desenvolvimento da linguagem que descrevemos são sintetizadas no Quadro 2, que também apresenta outros marcos importantes desse processo. 15 16 Segundo Castro (2021), a partir da compreensão das fases do desenvolvimento da linguagem, é possível elaborar atividades que contribuam para esse processo de acordo com cada uma das etapas e dos estímulos possíveis. Como vimos nas seções anteriores, a aquisição da linguagem tem início com a exposição da criança à fala das pessoas que estão em seu entorno. A começar pelo nível fonológico, a criança vai reconhecendo, discriminando e assimilando as 17 estruturas da sua língua materna para, depois, reproduzi-las. Ou seja, desconsiderando-se aqui o processo de aquisição de línguas gestuais, é pela escuta que as crianças adquirem insumo para o seu desenvolvimento linguístico. Tendo isso em conta, as atividades que visam ao desenvolvimento da linguagem dos bebês devem privilegiar a sua exposição à língua falada. Nesse sentido, é possível, por exemplo, ler em voz alta para eles ou narrar as atividades cotidianas enquanto as realiza. Os bebês reagem a esses estímuloscom os recursos de que dispõem (risos, arrulhos, gestos, balbucios, etc., a depender da etapa de desenvolvimento da linguagem em que se encontram) e percebem que provocam respostas da pessoa ou das pessoas que estão ao seu redor. Essas atividades, portanto, além de fornecerem insumos linguísticos para que a criança posteriormente produza a sua fala linguística, mostram a ela a dimensão social da linguagem, ao inseri-la em um contexto de interação a qual sempre deve ser estimulada. (CASTRO, 2021). Outra possibilidade é cantar para os bebês. Durante essa atividade, pode se lançar mão de objetos para nomeá-los: berço, mamadeira, água, copo, etc. Saliente- se que é importante que as palavras sejam apresentadas para a criança em sua forma correta (de acordo com a variedade linguística do seu entorno social), manifestadas em frases elaboradas, sem simplificações, de modo que ela possa, nas fases subsequentes, compreender e empregar as palavras e as estruturas linguísticas que realmente fazem parte da língua falada pela sua comunidade linguística. Ao se nomearem objetos para as crianças, também é importante incentivá- - las a fazer o mesmo. Nomear o mundo que cerca a criança é fundamental para que ela associe as palavras aos objetos. Em uma caminhada num parque, por exemplo, é possível nomear as árvores, as pessoas, os pássaros, outros bebês, os carros, as bicicletas, as flores, os brinquedos, as cores, os aromas, etc., transformando a experiência do passeio em um momento de desenvolvimento da linguagem do bebê. Isso também deve acontecer nos berçários, nas creches e nos espaços de 18 cuidado dos bebês, onde cartazes coloridos, música, leitura e conversa devem fazer parte da dinâmica do espaço e das interações entre cuidadores e bebês. Assim como as palavras e as estruturas da língua, as crianças também aprendem a compreender emoções, que são exprimidas pelo tom de voz. Desse modo, tal aspecto também deve ser considerado durante o desenvolvimento da linguagem dos bebês. (CASTRO, 2021). 4 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE A atividade é baseada na visão global da humanidade e, Como ciência, busca integrar várias funções humanas: Cognição, emoção, simbolismo, linguagem mental e movimento. A psicomotricidade é um termo empregado para concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante da individualidade, sua linguagem e suas socializações (MAGERO, MOUSSA, 2011). Segundo Miguel (2019), além de considerar a relação decorrente da interação com o outro e o meio, a psicocinesia é a ciência que estuda as pessoas e sua relação com o corpo e o movimento. Se analisarmos a etiologia dessa palavra (psi = emoção, co = cognição, motric = movimento humano, idade = estágio de vida), é óbvio o quão abrangente é o campo da pesquisa da atividade mental. O estudo da atividade mental possui fortes características educacionais, pois é aplicado em escolas e salas de aula e profissionais de enfermagem para melhorar o desenvolvimento de disciplinas que podem (ou não) apresentar dificuldades de relacionamento, movimentação ou aprendizagem nesses espaços. A pesquisa no campo das causas psicomotoras inicialmente propôs um enfoque neurológico proeminente. Em 1909, neuropsiquiatra Ernest Dupré é uma figura importante neste campo ao afirmar que a fraqueza motora nada tem a ver com uma possível relevância do sistema nervoso, e aponta mesmo assim, essa fraqueza pode levar a Relação com o desenvolvimento humano. 19 Reconhecendo que mesmo que os humanos não tenham déficits neurológicos, podem ocorrer discinesias, por isso em 1970 o termo "psicomotor" foi utilizado para ganhar força, explicando tais eventos durante o desenvolvimento, principalmente em crianças. Nessa década, considerando a estreita ligação entre o aspecto emocional e o movimento do sujeito, diversos autores definiram o movimento mental como um movimento relacional. (Miguel, 2019). Desde então, a distinção entre o ponto de vista da reeducação e o ponto de vista terapêutico começou a ser definida. Ao romper com as técnicas instrumentais e lidar com o "corpo do sujeito", o método de tratamento gradualmente dá mais atenção à relação entre a mente e a mente, bem como ao entendimento geral do assunto. Esse entendimento continua até hoje. 4.1 Elementos da psicomotricidade De acordo com Fonseca (2008), existem várias classificações e termos usados para nomear funções psicomotoras. Os conceitos são basicamente os mesmos, o que mudou é a forma como esses conceitos são classificados e agrupados. Os termos mais usados no Brasil e seus respectivos conceitos são mostrados a seguir. Esquema corporal: É o conhecimento pré-consciente sobre o próprio corpo de uma pessoa e suas partes, possibilitando que o sujeito se conecte com o espaço, os objetos e as pessoas ao seu redor. É a propriocepção ou informação cinestésica que estabelece esse conhecimento sobre o corpo e, à medida que o corpo cresce, a estrutura do corpo muda e se ajusta. Exemplo: a criança sabe que a cabeça está acima do pescoço e que ambos fazem parte de um conjunto maior, o corpo, conforme descreve Fonseca (2008). Imagem corporal: É a nossa representação mental inconsciente de nosso próprio corpo, que se forma a partir do momento em que esse corpo é desejado e, portanto, 20 deseja, e é marcada por uma história única e inscrições matrilineares e patrilineares. Um exemplo de seu método de construção é a etapa do espelho, a partir dos 6 aos 8 meses de idade, quando a criança se reconhece no espelho e sabe que o que vê é uma imagem refletida de si mesma. Portanto, como assinalou Le Bouch (1992), a imagem precede o esquema, logo, sem a imagem, não há esquema corporal. Tônus: Segundo Sampaio (2009), é a tensão fisiológica dos músculos que garante o equilíbrio estático e dinâmico, a coordenação e a postura do corpo em qualquer postura, seja ela estática ou em movimento. Exemplo: A maioria das pessoas com síndrome de Down tem hipotonia, ou seja, um tônus ou tensão abaixo do normal, que pode levar ao aumento da mobilidade e flexibilidade e diminuição do equilíbrio, postura e coordenação. Coordenação global ou motricidade ampla: é a ação simultânea de diferentes grupos musculares ao realizar movimentos aleatórios, extensos e relativamente complexos. Por exemplo, segundo Le Bouch (1992), para caminhar utilizamos a coordenação motora extensa, na qual os membros superiores e inferiores se alternam de forma coordenada para produzir o deslocamento. Motricidade fina: É a habilidade de coordenar movimentos utilizando os pequenos grupos musculares dos membros, conforme definido por Le Bouch (1992). Por exemplo: escrever, costurar, digitar. Ritmo: É uma sequência constante e periódica de comportamento de movimento. Fonseca (2008) acredita que para haver senso de ritmo é preciso haver organização espacial. Exemplo: pular corda. Lateralidade: É a capacidade de usar os dois lados do corpo, às vezes o lado direito e às vezes o esquerdo para experimentar o movimento. Por exemplo, uma criança destra pode abrir a porta com a mão esquerda mesmo se a direita estiver ocupada. 21 É diferente da dominância lateral, que é a maior habilidade desenvolvida em um lado do corpo devido à dominância do cérebro - isto é, pessoas com dominância do lado esquerdo do cérebro são mais propensas a desenvolver mais habilidades no lado direito do corpo, então é mãos corretas. Para os canhotos, a situação é justamente oposta, pois sua vantagem cerebral está do lado direito, conforme enfatizado por Sampaio (2009). Equilíbrio: refere-se à capacidade de ficar em pé com base no suporte reduzido do corpo por meio de uma combinação adequada de movimentos musculares (estacionários ou em movimento). Segundo Sampaio (2009), um exemplo deequilíbrio dinâmico é andar sobre uma prancha, enquanto o equilíbrio estático é manter uma postura sentada correta. O desenvolvimento psicomotor começa desde o nascimento e se desenvolve lentamente de acordo com a experiência da criança e as oportunidades de explorar o mundo ao seu redor. Parte importante desse desenvolvimento é a estrutura corporal, que é representada pela capacidade do sujeito de ter consciência de seu corpo como ferramenta de comunicação consigo mesmo e com o meio ambiente. 5 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA Para o psicomotricista, o sujeito constitui sua unidade a partir da interação age contra o mundo exterior e outros (mães e substitutos). Portanto, a especificidade do movimento mental reside na compreensão de sua origem os elementos básicos da construção mental e da imagem do seu próprio representante. Uma criança que não consegue organizar seu corpo no tempo e no espaço não será capaz de sentar-se em uma cadeira, concentrar-se, segurar um lápis e copiar no papel o que ela calculou em sua mente. Autores como Oliveira (2015) apontam que o primeiro dicionário foi escrito no corpo, enfatizando a importância do exercício como base para outras novas aquisições na fase de desenvolvimento humano. 22 Le Boulch (1985) confirma esse ponto, apontando que o comportamento prediz a palavra, a língua falada é uma importante ferramenta de organização psicológica, pois é por meio da fala que as crianças combinam os fatos culturais com o desenvolvimento pessoal. Portanto, a partir do momento em que ocorre uma falha no desenvolvimento motor de uma criança, também pode ocorrer uma falha na aquisição da linguagem e / ou escrita. Com isso, os psicomotricistas podem atuar primeiro na educação infantil, estimular o desenvolvimento das crianças por meio do trabalho de habilidades motoras e habilidades físicas para melhoria social e emocional. Tanto que alguns autores têm apontado para a importância deste trabalho. Quando os primeiros cinco anos de idade da criança é como uma "janela" para o melhor desenvolvimento naquele período (MIGUEL, 2019). O Quadro 1 apresenta os principais conhecimentos e aquisições psicomotoras em cada fase de desenvolvimento infantil. Quadro 1. Habilidades psicomotoras: principais conhecimentos e aquisições Habilidades Coordenação/ equilíbrio Esquema corporal Lateralidade Estruturação espacial Estruturação temporal Até 3 anos A criança sobe e desce escadas alternando os pés É capaz de parar um gesto rápido Consegue andar por obstáculos Conhece as partes do corpo (pé, nariz, cabeça etc.) É capaz de representar seu corpo de forma rudimentar Não se pode ainda falar em dominância — a criança utiliza a mão ou o pé ora direito, ora esquerdo Dominância ocular fixa Frente, atrás, sobre, sob, grande, pequeno, alto, embaixo, sempre em relação a si mesmo Agora, depressa, rápido, devagar, hoje, amanhã, para, espera Até 4 anos Fica sobre um pé só Consegue realizar saltos de 10 cm de altura Dentes, ombros, costas, joelhos, unhas Continua a experiência com ambos os lados Ao lado, longe, perto, médio, deitar, de pé, quadrado, pouco, muito Progressão de tamanhos Noite, dia, mais velho, antes, depois, maior Reprodução rítmica, 2 ou 3 movimentos Até 5 anos Exercícios de coordenação global realizados de forma imitativa Lábios, queixo, testa Nos desenhos, começam os detalhes nas roupas Instabilidade no domínio manual Em frente, em toda parte, inteiro, retângulo, entrar, sair, voltar Estações do ano, sequência lógica de tempo, primeiro e último 23 Quadro 1. Habilidades psicomotoras: principais conhecimentos e aquisições Quadro 1. Habilidades psicomotoras: principais conhecimentos e aquisições Fonte: Adaptado de Fonseca (2008). Habilidades Coordenação/ equilíbrio Esquema corporal Lateralidade Estruturação espacial Estruturação temporal Até 6 anos A criança pode ficar imóvel com os olhos fechados Cotovelos Início do reconhecimento de direita e esquerda em si mesma Grosso, fino, metade, ao meio, subir, descer, rolar, junto, só Dias da semana e do mês Até 7 anos Relaxamento Possibilidade de descanso de alguma parte do corpo Sobrancelha, palma das mãos Reconhecimento de direita e esquerda em outra pessoa colocada à sua frente Dobrar, empurrar, erguer Utilização do calendário Até 8 anos Fronte, nuca, cílios Desenhos de perfil Reversibilidade — conhecimento de direita e esquerda face a face Longo, curto Horário, reprodução da data Até 9 anos As imitações tendem a desaparecer Movimentos próprios Punho, pulso, antebraço Reconhecimento de direita e esquerda em figuras Largo, estreito, delgado, espesso, profundo Noção de perspectiva Estruturas rítmicas de seis golpes, regularidade de tempo Habilidades Coordenação/ equilíbrio Esquema corporal Lateralidade Estruturação espacial Estruturação temporal Até 10 anos Possibilidade de movimentos e trabalho em equipe Pupila, ventre, pálpebra, tronco Dominância lateral mais pronunciada Capaz de chegar a um tempo impessoal —“idade média” —; distingue passado imediato e passado antigo Até 11 anos Narinas, quadril Reconhecimento da disposição com três objetos Estima a duração de uma conversa Até 12 anos Axilas, têmporas Visão mais ou menos realista do futuro, projeções, lembranças, trabalha conceitos de passado e futuro 24 Segundo a Associação Brasileira de Atividade Psicológica ([2019]), o campo de atuação do psicólogo pode ser: ensino, instituição e clínica. Em relação ao eixo de atendimento, a associação destacou os descritos a seguir. 1. Psicomotricidade educacional: atendimento voltado ao espaço escolar, podendo ser realizado no nível da educação infantil e dos ensinos fundamental, médio e superior. 2. Psicomotricidade hospitalar: em ambulatórios, UTIs, espaços de saúde e brinquedotecas, com vistas à reabilitação de alguma debilidade psicomotora. 3. Psicomotricidade empresarial: atividades de ergopsicomotricidade, em que se encontram formas de desenvolver aspectos motores dentro dos espaços de trabalho. 4. Terapia psicomotora: destinada a indivíduos com particularidades em saúde mental e idade avançada, como é o caso dos idosos. Psicomotricidade, psicopedagogia e educação física estão intimamente relacionadas, pois antes de aprender matemática, português e ensino formal, devemos organizar o corpo e organizar todos os elementos psicomotores, para que isso seja possível. Principalmente na infância, desde o nascimento, o que se destaca no desenvolvimento das crianças é o corpo esportivo, que inicialmente não tinha sentido, mas aos poucos se tornou uma expressão de desejo e depois se tornou uma expressão de linguagem, conforme descreve Lapierre (1986). Assim, o corpo em movimento vai se deformando aos poucos e, a partir daí a criança poderá reproduzir a situação real e “acreditar” como ensina Sampaio (2009). Portanto, a criança pode separar o objeto de seu significado, dizer algo que não existe e expressá-lo com o corpo. Tal como apontou Sampaio (2009), este 25 processo nada mais é do que uma vivência de elementos psicomotores num importante contexto histórico, cultural e emocional. Certifique-se de que o aprendizado de conceitos formais esteja relacionado ao aprendizado de conceitos cotidianos, como construir textos, contar histórias, postar notícias, fazer compras, limpar a casa e usar operações matemáticas para calcular quantas pessoas vieram e quantas pessoasvieram. Além disso, segundo Fonseca (2010 apud Miguel, 2019), para atingir a coordenação motora fina necessária à construção da escrita, a criança precisa desenvolver uma ampla gama de habilidades. De um modo geral, parece óbvio o papel da atividade mental como forma de construir o desenvolvimento humano sob os diferentes contextos das origens existentes. Com isso, é possível fortalecer a abordagem interdisciplinar do movimento mental, o que mostra que o conhecimento é compreendido de forma diversificada, em que não há separação entre os temas e os temas (emoção, movimento, cognição) envolvidos no desenvolvimento humano. A atividade mental pode desempenhar um papel importante nos problemas do desenvolvimento humano, especialmente em crianças. Todas as possibilidades obtidas por meio de atividades psicológicas na infância refletirão a qualidade de uma série de processos de cognição social, emoção e movimento na vida adulta, promovendo assim o desenvolvimento global do indivíduo. (Miguel, 2019). 5.1 Corpo, Movimento e expressão Em termos de sua natureza, as pessoas se expressam, se conectam, vivem por meio de seus corpos, ou seja, se conectam com o mundo. É muito comum considerar o corpo apenas em termos de biologia, ou tratá-lo como algo que pode ser dividido. Para que todos possam compreender melhor o assunto, procuramos primeiro definir o corpo e a carne, só depois de compreendermos os diferentes conceitos é que podemos estabelecer a relação entre o corpo, os movimentos e as expressões. 26 Segundo dados de pesquisas da história humana, os humanos são criaturas em processo de evolução. Nossos ancestrais eram "macacos" que caminhavam sobre "quatro patas" e basicamente se moviam para sobreviver, em busca de alimento e de sua própria defesa. Portanto, ao longo da história da humanidade, os conceitos humanos e os tratamentos do corpo, assim como o comportamento do corpo, apresentaram inúmeras mudanças, revelando a relação entre o corpo e um contexto social específico. (PRIESS, 2018). Em cada período histórico, o conceito e a imagem do corpo mudaram, de modo que a cultura corporal do Oriente é diferente da cultura corporal do Ocidente. O primeiro acredita que a experiência do corpo é a chave para a vivência do mundo e da consciência do universo, originou-se da tradição mística e respeita o corpo, enquanto o segundo (ocidental) originou-se da Grécia antiga. (GONÇALVES, 1994). Ao tentar definir termos diferentes, você pode ter certeza de que as duas palavras corpo e carne estão intimamente relacionadas e são inseparáveis. Segundo Prado (2017), o corpo humano integra dimensões como substâncias, ossos, músculos, hormônios, fezes e sangue. E vem da imaterialidade, emoção, criatividade, diversão, etc. Portanto, de acordo com as observações, o tangível é um corpo vivo e experimentado. Então, é a mente e o corpo conectados, envolvendo as dimensões física, emocional e emocional, ou seja, todo o corpo "físico", suas emoções, sentimentos e relacionamentos. De acordo com Gonçalves (1994), desde os primórdios, o homem apresenta inúmeras formas de conceber e tratar o corpo, considerando técnicas corporais relacionadas a: a) movimentos como andar, correr, nadar, pular, entre outros; b) movimentos corporais expressivos, como expressões faciais, posturas e gestos; c) a ética corporal que envolve ideias e sentimentos sobre a aparência, como vergonha, pudor, ideias e estereótipos de beleza; d) controle de estruturas dos impulsos e das necessidades. 27 De acordo com a origem sociocultural, religião, gênero, classe social, etc., esses aspectos podem ter uma ordem diferente. Portanto, só se pode compreender o corpo a partir da experiência e da vivência que se estabelece na relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Todos podem sentir e possuir o próprio corpo como forma de expressão e interação com o mundo que chamamos de corpo. (BONFIM, 2003 apud Priess, 2018). Qual é a relação entre corpo e exercício? É quase impossível falar sobre o corpo sem vinculá-lo aos exercícios. Quando pensamos em exercício, muitas vezes pensamos em deslocamento, ou seja, mudança, sair de um estado para outro, neste caso o nosso corpo. Por outro lado, o movimento inicial das crianças ocorre através do corpo e interage, experimenta e compreende o mundo ao seu redor através do corpo. Os bebês aprendem a se comunicar com os pais por meio de movimentos faciais (que inicialmente podem ser sorrindo ou chorando) ou por meio de diferentes tipos de expressões de aceitação ou rejeição. É neste momento que o ser humano começa a compreender seu corpo e a desenvolver sua percepção dos mais diversos sentidos, incluindo inteligência, espaço, emoção e sociedade. (Prius, 2018). Portanto, corpo, movimento e expressão são aspectos indissociáveis, ou seja, é praticamente impossível considerar um aspecto sem vinculá-lo a outros aspectos. Expressões corporais e linguagem corporal são uma forma de comunicação não verbal na qual os indivíduos usam seus corpos para se expressar por meio de expressões faciais, posturas corporais, gestos e outras expressões físicas. O processo de expressão corporal / linguagem corporal antecede a linguagem falada e ainda pode ser considerado uma das formas mais importantes de comunicação humana hoje. A pesquisa afirma que a comunicação não verbal expressa através do corpo é responsável por cerca de 93% de toda a comunicação humana, ou seja, como um todo, nosso corpo está "falando" (PIRES, 2012). Conforme Priess (2018), a expressão corporal e a linguagem corporal por muitos momentos se confundem e estão tão relacionadas que fica difícil distingui- las ou defini-las de forma individualizada. A expressão corporal trata-se de 28 diferentes formas de manifestações do corpo que são bastante comuns nas atividades rítmicas, na dança, no jogo, nos esportes e nas atividades físicas em geral. Já a linguagem corporal pode demonstrar alguns comportamentos e traços da personalidade da pessoa. Como exemplo, podemos citar pessoas que ficam movimentando com frequência determinada parte do corpo (como os pés, ao estar sentado) e esse movimento pode estar relacionado ao estado de ansiedade ou nervosismo da pessoa no momento. 6 EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA Fonte: pensareaprender.com.br A educação psicomotora é entendida como todas as atividades guiadas e tem finalidade específica realizada na infância, especialmente na educação infantil. Segundo Lebouch (1987), desde a educação psicomotora, as crianças compreendam o seu corpo, perceba-o e forme o seu personagem. A partir da ação espontânea da criança, a ação é executada atividades educativas com objetivo de auxiliar o experimento, movimento e a consequente aquisição de novas habilidades 29 motoras (corrida, pular, chutar, bater, etc.) são muito importantes para o desenvolvimento. Autores como Curtiss (1988) descrevem a educação psicomotora como uma ferramenta importante para o desenvolvimento de problemas emocionais das crianças, pode ajudar a expandir sua capacidade de expressar sentimentos. E ajuda a melhorar a qualidade de suas interações com o mundo exterior. Nesse sentido, é muito importante educar as crianças a considerarem o “todo”, ou seja, em certo sentido, cognição (inteligência), emoção (sentimento), sociedade (relacionamento pessoal com os outros) e esportes trabalham de forma integrada por meio de atividades interessantes. Apresentações em duplas ou em grupo, música de acompanhamento, materiais alternativos (balões), elementos como espelhos. Em ambientes muito diversos, como escolas, é comum ver mudanças significativas nas habilidades atléticas das crianças. Ritmo, marcha, coordenação, etc. Essa mudança pode ser devido a vários fatores, como lesão do sistema nervoso central ou devido à falta de experimentação, emoção,cognição ou apenas esportes são imaturos. Nestes casos, você pode recorrer à reeducação psicomotora. Esta é uma forma de usar os esportes como uma padronização. Segundo Oliveira (1999), o comportamento geral das crianças, em reeducação do exercício, sem experiência anterior de estimulação bem na hora que eles deveriam ter. Algumas crianças são apontadas pelos pais ou pelos professores como trapalhonas, com pouco interesse ou jeito para os desportos ou com dificuldades para adquirir uma marcha segura ou começar a andar de bicicleta. Os educadores também destacam aquelas que se sujam muito ao comer, que fazem birras ou que não gostam de pintar — o que, mais tarde, traduz-se em uma caligrafia disforme. Esses podem ser alguns sinais de alerta para a existência de alguma perturbação motora, podendo ser ela do equilíbrio, da coordenação ou de qualquer outro elemento que compõe a psicomotricidade. A perturbação motora é uma inquietação corporal causada por uma emoção que desorganiza o viver; ela abrange perturbações no esquema corporal, no tônus muscular e na imagem corporal, conforme aponta Fonseca (2012). 30 Como todos sabemos, a exploração móvel do ambiente é um meio de coexistência privilegiado na infância, o que significa crianças com dificuldades pode ser social ou emocional. Segundo Oliveira (1999), existem alguns indícios de dificuldade em aprendizagem motora. É importante notar que o paciente não todos os sintomas devem estar presentes em simultâneo, eles podem aparecer quando se amadurece. Na idade pré-escolar, os seguintes sinais podem ser observados: • atraso na aquisição de marcos de desenvolvimento, como rolar, sentar- se, andar ou falar; • dificuldade em correr, saltar, apanhar ou chutar uma bola ao nível dos pares; • dificuldade nos conceitos espaciais, como “em cima”, “embaixo”, “à frente”, “atrás”, “dentro”, “fora”; • dificuldade em se vestir sozinho; • dificuldade em adquirir uma pega do lápis adequada ao seu nível. Já na idade escolar e nos anos seguintes, os sinais a seguir podem ser observados: • As dificuldades vividas na pré-escola se mantêm; • Evitar ou não gostar de educação física e jogos de grupo; • Dificuldade em apertar botões ou atar algum cadarço/fita; • Dificuldade acentuada em copiar do quadro; • Escrita muito laboriosa e imatura; • Caligrafia imatura. Este conjunto de características geralmente tem proporções emocionais, descobrimos que a tolerância das crianças à frustração é muito baixa, o que não é impossível. Falta de motivação, baixa autoestima e evitação de tarefas motoras. Este principalmente devido ao cansaço e repetidas falhas, muito comuns no 31 trabalho diário entre esses alunos. A detecção dessas interferências pode ser feita pelo professor das crianças (independentemente da área), por isso, devem encaminhar aos psicólogos pela reeducação de estruturas instáveis. (MIGUEL, 2019). Psicomotricista, como profissional atuante na área de educação e reeducação, para promover a mediação entre o movimento e a descoberta do aluno sobre seu corpo. O profissional realiza uma atividade a repetição deve ser restringida pela busca do sucesso. Os erros são considerados "negativos" no processo. Pelo contrário, do ponto de vista de falsas percepções, os psicólogos podem se adaptar à situação, desenvolver estratégias que ajudem os alunos a adquirir habilidades atléticas. O objetivo é fazê-los avançar para novas aquisições e muito complicado do que o primeiro. Segundo Fonseca (2012) os educadores que observam alunos com um certo distúrbio de movimento que às vezes alguns de seus recursos podem causar o resultado não reflete o esforço despendido. A introdução é a seguinte estratégia cujo objetivo principal é ajudar a progredir, suas dificuldades serão prejudicadas. • Dê mais tempo para o aluno realizar as tarefas mais exigentes a nível motor, como pintar, escrever, desenhar. • Utilize papel pautado ou quadriculado, mais facilitador a nível perceptivo. • Encoraje uma boa postura de escrita. • Caso seja um trabalho muito exigente ao nível da velocidade, encurte a atividade em conteúdo. • Permita a utilização do computador. • Utilize auxiliares de pega do instrumento de escrita, caso esta seja imatura ou incorreta (variação nos lápis e canetas). • Permita a utilização de métodos alternativos de avaliação, como apresentações orais. • Não faça comparações com outros alunos. 32 • Elogie o esforço, e não a habilidade. • Promova a competição consigo mesmo, e não com os outros. • A participação deve ser mais importante do que a competição. • No caso de feedback corretivo, dê informação direta, sucinta e positiva por exemplo: “Levante a cabeça” ou “Agarre a bola com os dedos afastados”. • Se necessário, modifique os materiais por exemplo, use bolas mais leves ou de diferentes materiais. O psicomotricista é o profissional que procede na união da saúde, da educação e da cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pesquisando o ser humano em sua relação com o espaço e analisando os seus processos de desenvolvimento. O objetivo de sua função é atuar nas dimensões do esquema e da imagem corporal em conformidade com o movimento, a afetividade e a compreensão. Esse profissional pode lançar mão de uma série de medidas para avaliar, planejar e acompanhar o desenvolvimento psicomotor de seus alunos/pacientes. Após o ingresso na escola, os alunos serão exigidos de acordo com sua maturidade motora. Isso reflete seu comportamento e sua capacidade de se adaptar nos desafios reservados ao processo de aquisição de conhecimento. Escola desempenha um papel importante no estímulo e reconhecimento da maturidade psicomotora, que se manifesta em jogos e interações sociais e emocionais E as emoções da criança. Neste caso, a educação psicomotora pode ser uma ferramenta para expandir toda a função de movimento, e a reeducação esportiva pode desempenhar um papel reformulando as possibilidades esportivas, isso provou ser limitado. 33 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS, Cláudia Renata Pereira de. Semiótica / Cláudia Renata Pereira de Campos, André Corrêa da Silva de Araújo. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. AGUIAR, V. T. de. O verbal e o não verbal. São Paulo: UNESP, 2004. SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1970. FARIAS, F.; SANDERSON, H. S.; PORTO, V. Comunicação não-verbal e libras. Revista Intercâmbio dos Congressos de Humanidades, v. 16, 2013. SOARES, M. O corpo que dança: a linguagem artística como forma de expressão e tomada de consciência, uma leitura da abordagem fenomenológica. Rev. Transformações em Psicologia, São Paulo, v. 5, n. 1, 2014. CASTRO, Nadia Studzinski Estima de. Fases do desenvolvimento da linguagem da criança. Porto Alegre: SAGAH, 2021. PAPALIA, D. 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