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Oceanografia geral

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
OCEANOGRAFIA GERAL 
 
 
 
1 
 
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2012 – Portal Educação 
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 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842o Oceanografia geral / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 
2012. 
 140p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-575-7 
 1. Oceanografia. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 551.46 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
1 DESCOBRINDO A OCEANOGRAFIA ..................................................................................................... 5 
1.1 O que é Oceanografia? .......................................................................................................................... 5 
2 ONDE ESTUDAR? ................................................................................................................................... 6 
2.1 Graduação ............................................................................................................................................... 6 
2.2 Especialização ........................................................................................................................................ 8 
3 PERFIL DO PROFISSIONAL OCEANÓGRAFO .................................................................................... 11 
4 MERCADO DE TRABALHO E CAMPOS DE ATUAÇÃO ...................................................................... 14 
5 RECONHECIMENTO PROFISSIONAL .................................................................................................. 16 
6 REPORTAGEM ESPECIAL .................................................................................................................... 17 
7 HISTÓRIA DA OCEANOGRAFIA ........................................................................................................... 20 
8 INSTRUMENTAÇÃO OCEANOGRÁFICA ............................................................................................. 24 
8.1 Navio oceanográfico ............................................................................................................................. 24 
8.2 Equipamentos oceanográficos ............................................................................................................ 27 
8.2.1 Oceanografia geológica ........................................................................................................................... 27 
8.2.2 Oceanografia física .................................................................................................................................. 30 
8.2.3 Oceanografia Química ............................................................................................................................. 31 
8.2.4 Oceanografia biológica ............................................................................................................................ 33 
 
 
3 
 
9 OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA ............................................................................................................ 35 
9.1 Generalidades sobre nosso planeta .................................................................................................... 35 
10 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ATMOSFERA E DOS OCEANOS ............................................................ 38 
11 ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ...................................................................................................... 41 
12 TECTÔNICA GLOBAL ........................................................................................................................... 44 
13 MORFOLOGIA DOS OCEANOS ............................................................................................................ 49 
14 SEDIMENTAÇÃO MARINHA .................................................................................................................. 55 
15 OCEANOGRAFIA FÍSICA ...................................................................................................................... 60 
15.1 Temperatura ........................................................................................................................................... 60 
15.2 Salinidade ............................................................................................................................................... 64 
15.3 Pressão ................................................................................................................................................... 68 
15.4 Densidade .............................................................................................................................................. 69 
15.5 Circulação oceânica .............................................................................................................................. 71 
16 HIDRODINÂMICA COSTEIRA ................................................................................................................ 77 
16.1 Ondas ..................................................................................................................................................... 77 
16.2 Correntes costeiras ............................................................................................................................... 83 
16.3 Marés ...................................................................................................................................................... 84 
17 OCEANOGRAFIA QUÍMICA ................................................................................................................... 88 
17.1 Molécula de água ................................................................................................................................... 88 
 
 
4 
 
17.2 Composição química da água do mar ................................................................................................. 92 
18 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS .................................................................................................................. 98 
18.1 Ciclo do Fósforo .................................................................................................................................... 98 
18.2 Gases dissolvidos na água do mar ...................................................................................................... 99 
19 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) DA ÁGUA DO MAR ................................................................ 103 
20 TÉCNICAS ANALÍTICAS QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS .......................................................... 105 
21 POLUIÇÃO MARINHA ........................................................................................................................... 107 
21.1 Petróleo e seus derivados ................................................................................................................... 108 
22 OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA ............................................................................................................. 113 
22.1 Introdução ............................................................................................................................................. 113 
23 PLÂNCTON ............................................................................................................................................115 
24 BENTOS ................................................................................................................................................. 122 
25 NÉCTON ................................................................................................................................................ 124 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 135 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 DESCOBRINDO A OCEANOGRAFIA 
 
 
1.1 O que é Oceanografia? 
 
 
A Oceanografia (também chamada oceanologia ou ciências do mar) é a ciência que 
estuda os oceanos e ambientes costeiros, procurando compreender, descrever e prever os 
processos que ocorrem nestes ambientes. É uma ciência com caráter multi, inter e 
transdisciplinar, que aborda conhecimentos de quatro principais áreas: Oceanografia Física, 
Oceanografia Química, Oceanografia Biológica e Oceanografia Geológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 ONDE ESTUDAR? 
 
 
2.1 Graduação 
 
 
 
Atualmente (primeiro semestre do ano de 2007) existem nove cursos de graduação 
em Oceanografia no Brasil, nas seguintes Instituições de Ensino Superior: 
 
1) Curso de Oceanologia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) 
Caixa Postal 474 
Cep: 96.200-190 - Rio Grande (RS) 
www.oceano.furg.br. 
2) Curso de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) 
Rua São Francisco Xavier, 524 / 4º andar sala 4015 bloco E. 
Cep: 20.550-013 - Rio de Janeiro (RJ). 
Fone: (0**21) 2587-7920 e 2587-7689 - e-mail: oceano@uerj.br 
www.uerj.br 
 
3) Curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) 
Rua Uruguai, 458. 
Cep: 88.301-970 - Itajaí (SC) 
Fone: (0**47) 341-7725; 341-7975 e 341-7578 
e-mail: oceanografia.cttmar@univali.br 
www.univali.br/ 
 
 
7 
 
4) Curso de Oceanografia do Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE) 
Avenida: Almirante Saldanha da Gama, 89 Ponta da Praia. 
Cep: 11.030-400 - Santos (SP) 
Fone: (0**13) 3261-7757 
e-mail: coord.oceanografia@unimonte.br 
www.unimonte.br 
 
5) Curso de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) 
Avenida: Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras. 
Cep: 29.075-110 - Vitória (ES) 
Fone: (0**27) 4009 2877 Fax (0**27) 4009 2500 
e-mail: oceanografia@prograd.ufes.br 
www.dern.ufes.br/oceano. 
 
6) Curso de Oceanografia da Universidade Federal do Pará (UFPA) 
Campus Universitário do Guamá - Caixa Postal 8617 
Cep: 66.075-110 - Belém (PA) 
Fone/Fax: (0**91) 3183-1747 
e-mail: jsouto@ufpa.br 
www.ufpa.br 
 
7) Curso de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) 
Praça do Oceanográfico, 191. 
Cidade Universitária - Butantã 
 
 
 
8 
 
8) O décimo curso de Oceanografia no Brasil foi aprovado na Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC). A previsão é que o curso passe a ser ofertado já no vestibular de 2008. 
Mais informações com professor Jarbas Bonetti. Laboratório de Oceanografia 
Costeira. 
Departamento de Geociências - CFH 
Universidade Federal de Santa Catarina 
Tel.: (48) 3231-3416; Fax: (48) 3231-3434 
e-mail: bonetti@cfh.ufsc.br 
 
 
2.2 Especialização 
 
 
Por se tratar de uma ciência multidisciplinar a Oceanografia oferece uma gama muito 
ampla e diversa de especializações, tanto no campo da Oceanografia como de áreas correlatas. 
A seguir são destacadas algumas opções: 
 
1) Universidade de São Paulo (USP) 
- Mestrado e Doutorado em Oceanografia Biológica; 
- Mestrado e Doutorado em Oceanografia Física; 
- Mestrado e Doutorado em Oceanografia Química e Geológica; 
- Mestrado e Doutorado Engenharia Naval e Oceânica. 
 
2) Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) 
- Mestrado e Doutorado em Oceanografia Biológica; 
- Mestrado e Doutorado em Oceanografia Física, Química e Geológica; 
 
 
9 
 
- Mestrado em Engenharia Oceânica; 
- Mestrado em Aqüicultura. 
 
3) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 
- Mestrado e Doutorado em Engenharia Oceânica. 
Centro de Tecnologia, Bloco C, sala 203. Cidade Universitária - Ilha do Fundão 
CEP: 21.945-970. Rio de Janeiro – Brasil. 
Fone: (0**21) 2562-8730 - e-mail: secexpeno@peno.coppe.ufrj.br. 
www.oceanica.ufrj.br 
4) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 
- Mestrado e Doutorado em Geociências (Estratigrafia, Geologia Marinha, Geoquímica 
e Paleontologia). Instituto de Geociências. 
Avenida: Bento Gonçalves, 9500. Bloco I, Campus do Vale – Agronomia. 
CEP: 91.509-900. Porto Alegre (RS). 
Fone: (0**51) 3308-6340. 
E-mail: ppggeo@ufrgs.br. 
www.ufrgs.br/cpggeo/cpggeo.htm 
 
5) Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) 
- Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental. 
 
6) Universidade Federal da Bahia (UFBA) 
- Mestrado e Doutorado em Geologia Costeira e Sedimentar. Instituto de Geociências. 
Rua: Caetano Moura, 123 s/ 315-C. Federação. 
CEP: 40.210-340 SSA/BA. Tel.: (0**71) 3203-8534 
E-mail: pgeol@cpgg.ufba.br. www.pggeologia.ufba.br. 
 
 
10 
 
7) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
Mestrado em Aqüicultura. 
 
8) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) 
- Mestrado e Doutorado em Sensoriamento Remoto e Meteorologia. 
Avenida. dos Astronautas, 1758 - Jd. da Granja. 
CEP 12.227-010 - Fone: 55-12-3945. 6000. www.inpe.br/pos_graduacao. 
No exterior há diversos centros de pesquisa na área da Oceanografia, a seguir estão 
destacadas algumas Instituições: 
 
- Woods Hole Oceanographic Institution: http://www.whoi.edu 
- Scripps Institutions of Oceanography: http://www.sio.ucsd.edu 
- IFREMER: http://www.ifremer.fr 
- NOAA: http://www.noaa.gov 
- Instituto Oceanográfico de Paris: http://www.oceano.org 
- Comissão Oceanográfica Internacional – COI: http://ioc.unesco.org 
- The Oceanography Society: http://www.tos.org. 
 
Obs.: As informações acima mencionadas serão atualizadas anualmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
3 PERFIL DO PROFISSIONAL OCEANÓGRAFO 
 
 
O oceanógrafo é um profissional de formação técnico-científica direcionada ao 
conhecimento e à previsão do comportamento dos oceanos e ambientes transicionais sob todos 
seus aspectos, capacitado a atuar de forma transdisciplinar nas atividades de investigação, uso 
e exploração racional de recursos marinhos e costeiros renováveis e não renováveis. É um 
profissional dotado de visão crítica e criativa voltada para a identificação e resolução de 
problemas, com atuação empreendedora e abrangente no atendimento às demandas da 
sociedade. Esse é o grande diferencial do profissional Oceanógrafo. Mesmo atuando em uma 
área específica, sua formação abrangente confere-lhe capacidade ímpar de compreender os 
processos naturais, além de versatilidade e dinamismo para a resolução dos problemas 
complexos do domínio marinho. A reportagem abaixo, retirada do site www.universia.com.br, 
permite avaliar a carreira de oceanógrafo sob três diferentes visões: um vestibulando, um 
estudante e um profissional, que contam porque escolheram esta profissão. 
Abaixo seguem alguns tópicos interessantes da matéria: 
 
Fonte: Universia Brasil S.A. 
Profissão: Estudante 
Curso: Cursinho Pré-
Vestibular 
 
 
 
Porque escolheu a 
profissão? 
"Sempre quis estudar o mar e 
suas curiosidades, acho a 
vida marinha fantástica e este 
Profissão: Estudante da UERJ 
(Universidade Estadual do Rio de 
Janeiro) 
Curso: Oceanografia 
Ano: 3º ano 
Entrou na Faculdade aos: 22 
anos 
Por que escolheu a profissão? 
"Quando cursava o colégio militar 
assisti a uma palestra sobre o 
tema e resolvi ir atrás de mais 
informações. Acabei optando por 
Profissão: Presidente da 
Aoceano (Associação 
Brasileira de Oceanografia) 
Curso: Oceanografia 
Ano de Formação: 1984 
Entrou na Faculdade aos: 
19 anos 
Por que escolheu a 
profissão? 
"Entre as diversas profissões 
apresentadas na época,estava procurando uma que 
 
 
12 
foi o principal motivo que me 
levou a optar por 
oceanografia". 
 
abandonar a carreira militar e 
entrar nesta área Foi uma decisão 
difícil, mas valeu a pena". 
me agradasse e escolhi a 
oceanografia pelo contato 
com a natureza e ecologia 
marinha. Posso até dizer que 
fui um pouco imaturo, mas o 
que me fez decidir foi à 
perspectiva de vivenciar uma 
profissão na qual eu teria 
muito que descobrir”. 
 
Quanto espera ganhar? 
"Espero atuar na área de 
pesquisa e ganhar entre 2000 
e 3000 reais". 
O que você acha que vai 
encontrar de melhor na 
profissão? 
"A liberdade que o 
oceanógrafo tem para 
trabalhar, pois ele é um 
profissional mais livre que 
foge da rotina das grandes 
cidades". 
Que dica você daria a 
estudantes que estão em 
dúvida entre oceanografia e 
outras áreas? 
"Deve prestar para 
oceanografia aquele 
estudante que tiver muita 
curiosidade e interesse pelo 
assunto (mar). Eu sei que não 
O curso corresponde 
as suas expectativas? 
"Sim. O curso, numa visão geral, 
é perfeito. Mas eu gostaria que 
ele concentrasse um maior 
número de aulas práticas em 
embarcações, reunindo todos os 
níveis de matérias ligadas a 
oceanografia". 
Quanto espera ganhar 
depois de formado? 
“O profissional formado em 
oceanografia que presta concurso 
público começa com salário inicial 
de 2.500 reais”. Pretendo 
ingressar nesta área, prestar o 
concurso e seguir na carreira 
pública que atualmente está em 
expansão. O profissional que 
trabalha em auditorias e 
consultorias para empresas 
particulares ganha em torno 
O curso 
correspondeu às suas 
expectativas? 
“O curso de graduação 
contribuiu muito para minha 
formação e foi perfeito em 
termos de grade, professores 
e estrutura”. No entanto, 
acredito que falta uma maior 
aproximação com o mercado 
de trabalho. 
Quanto ganha? 
"Um bom profissional iniciante 
ganha no mínimo 1500 reais. 
Já o salário de um 
oceanógrafo com cinco anos 
de experiência varia entre 
2500 e 4500 reais, 
dependendo muito da área 
escolhida pelo profissional. 
Hoje as grandes 
contratadoras são as 
 
 
13 
vai ser fácil, mas acredito ter 
escolhido o curso certo". 
Que dica você daria aos 
estudantes interessados em 
Oceanografia? 
“O estudante que escolher 
oceanografia como curso de 
graduação deve se preparar 
bastante”. O curso não é feito 
somente de prática. A teoria é 
forte e puxada. 
empresas de auditoria e 
consultoria ambiental, as 
empresas petrolíferas e de 
gás. O setor que está em 
grande expansão é o de 
gestão ambiental. Nas 
empresas a preocupação com 
política ambiental cresceu e a 
procura por profissionais 
especializados nesta área é 
muito grande". 
 
 
● FIQUE LIGADO: Você pretende cursar Oceanografia? 
Então se prepare para estudar matemática, cálculo (diferencial e integral), física, 
química, biologia e geologia, além de disciplinas que abordam o manejo de recursos vivos, 
poluição marinha, pesca e gerenciamento de sistemas marinhos e costeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
4 MERCADO DE TRABALHO E CAMPOS DE ATUAÇÃO 
 
 
O amplo conteúdo curricular dos Cursos de Graduação de Oceanografia permite ao 
profissional Oceanógrafo atuar com competência e precisão em diversas áreas de análise 
ambiental. O setor público, incluídas aí as Universidades, representa uma importante parcela do 
mercado de trabalho para o Oceanógrafo. Na iniciativa privada, o setor com maior potencial de 
mercado é a aqüicultura e a pesca, a engenharia oceânica e a prospecção petrolífera. A solução 
de problemas relacionados à poluição ambiental nos ambientes costeiros representa uma das 
principais oportunidades de trabalho para os profissionais. A expansão da atividade de 
prospecção e produção de petróleo na plataforma continental brasileira abre novas e grandes 
perspectivas para a Oceanografia. 
A seguir são citadas algumas das diversas áreas de atuação do Oceanógrafo: 
 Universidades e centros de pesquisa, nas atividades de ensino, pesquisa e/ou 
extensão; 
 No setor público pode atuar em órgãos federais, estaduais e municipais como 
secretarias de Meio-Ambiente, secretarias de Agricultura e Pesca; secretarias de Obras e de 
Saneamento e em diversas divisões do Ministério da Marinha. 
 Empresas ou centros que atuam na preservação de espécies em extinção e de 
ecossistemas agredidos pela ação antrópica; 
 Empresas de consultoria técnica e ambiental; 
 Empresas do setor pesqueiro na prospecção, produção e beneficiamento de 
pescado; 
 Empresas de aqüicultura e maricultura; 
 Empresas privadas de diferentes setores produtivos que de alguma forma 
devem adequar-se às modernas tecnologias de gerenciamento ambiental, principalmente no 
atual momento de adequação à ISO 14.000; 
 Empresas de planejamento territorial; 
 
 
15 
 
 Empresas de saneamento e abastecimento de água; 
 ONG´s ligadas ao meio ambiente; 
 Empresas de exploração e desenvolvimento turístico, etc. 
 
Atividade sugerida: Após a leitura das diversas formas de atuação do Oceanógrafo, 
reflita sobre a seguinte questão: 
a) Como o oceanógrafo poderia atuar nas atividades de uso e exploração racional de 
recursos marinhos e costeiros, renováveis e não renováveis? 
Deixe sua opinião no fórum. Mas, vamos procurar postar todos no primeiro tópico a ser 
criado por um de nosso colegas, Ok!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
5 RECONHECIMENTO PROFISSIONAL 
 
 
Como profissão nova no Brasil, a Oceanografia ainda enfrenta problemas decorrentes 
de sua pouca divulgação. O curso de oceanografia já foi reconhecido pelo MEC, mas a profissão 
ainda não está regulamentada. Em discussão desde 1993, o projeto de lei que dispõe sobre a 
regulamentação da profissão de Oceanógrafo continua como projeto, ainda que não haja 
nenhum tipo de ressalva à sua aprovação. Acredita-se, entretanto, que em pouco tempo a 
Oceanografia ocupará o seu lugar de destaque no cenário nacional. 
 
A PROPÓSITO: Qual é sua opinião sobre a regulamentação da profissão de 
oceanógrafo? 
Mais uma vez você poderá deixar sua opinião no fórum. Não vamos nos esquecer de 
postar sempre no mesmo tópico! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
6 REPORTAGEM ESPECIAL 
 
 
 
Mitos encobrem a oceanografia 
Fonte: Jornal Folha de S.Paulo, Dez/2005 (www.folha.uol.com.br) Folha de S. Paulo, 13 de 
dezembro de 2005 – FOVEST. 
Carreira 
A admiração por Jacques Cousteau ou o amor por golfinhos mascaram peso do curso 
de exatas. A paixão pelos golfinhos encontrados com freqüência pela costa brasileira, à vontade 
de contemplar as baleias e a admiração pelo oceanógrafo francês Jacques Cousteau (morto em 
1997), que popularizou o estudo da vida marinha em seus programas de televisão, pouco têm 
em comum com a profissão do oceanógrafo. Esses mitos, no entanto, confundem e podem até 
tirar do foco os interessados no conhecimento dos processos sobre o mar. 
"É um curso da área de exatas, exige conhecimento de química, física, biologia, 
matemática e geologia. É pesado", afirma o coordenador da graduação no Instituto 
Oceanográfico da USP, Moisés Gonsalez Tessler. "Tem muito deslumbramento em torno da 
profissão. Para se formar, os alunos têm de ficar 150 horas num barco de pesquisa", afirma. 
E a vida em embarcação não é das melhores. Pelo menos, segundo a experiência de 
Ana Carolina da Rocha Lammardo, 26, oceanógrafa que trabalha em uma empresa de 
consultoria. "Para embarcar no Brasil você passa mal. Os barcos são pequenos, não têm 
estrutura. Mas também fiquei um mês em um barco alemão, que foi do Recife até o Caribe. Lá a 
estrutura era outra", conta. 
O espírito aventureiro é visto por Tessler como um ponto necessário ao profissional. 
"Mas também isso não quer dizer que o oceanógrafo vai ser um surfista, um mergulhador. Na 
verdade,ele tem de ter certo desprendimento de uma vida metódica." Ana Carolina acrescenta: 
"Para fazer oceanografia não é preciso nem saber nadar. Quando você entra num barco, coloca 
seu colete salva-vidas". 
 
 
 
18 
A profissão 
A profissão do oceanógrafo não é regulamentada no Brasil. Não há, como na 
medicina, na engenharia ou na odontologia, um conselho federal. Com mais de 30 anos de 
existência, a classe é representada pela Aoceano, a Associação Brasileira de Oceanografia. Mas 
o presidente da associação, Fernando Luiz Diehl, afirma que as empresas estão abertas ao 
oceanógrafo. "O entendimento que algumas organizações têm de que o profissional precisa 
estar protegido por um organismo de classe está caindo por terra", afirma. "No próprio Ibama, 
isso mudou. Não se contrata mais veterinário, biólogo, oceanógrafo. Agora contrata um analista 
ambiental, que precisa mostrar conhecimento", disse Diehl. 
 
Por que escolher? 
Optar pelo curso, cuja profissão ainda é pouco difundida na sociedade, pode se tornar 
um dilema. Mas Tessler, da USP, dá uma dica: "Você tem de saber do que gosta. Se quer 
entender das plantas e dos animais do mar, faça biologia. Para fazer oceanografia, tem de 
gostar do meio, que é o mar." Para o professor, quem gosta dos filmes de navegadores e 
oceanógrafos tem de ficar bem atento para não se confundir. Os vídeos mostram apenas uma 
parte do trabalho, mas, para haver gravação, cientistas se dedicaram a um tema por anos. "E, na 
televisão, não aparece mau tempo no mar, tempestade nem ninguém passando mal do 
estômago." 
 
SEM EMBARCAÇÃO - Profissional realiza estudos sobre impacto de projetos no 
ambiente. Parte dos formados vai para consultoria 
Encontrar um oceanógrafo em barco de pesquisa pode parecer óbvio. Mas o lugar 
onde esses pesquisadores mais têm se refugiado atualmente nada tem a ver com uma cabine 
apertada. É na frente dos computadores, em escritórios, que mais e mais profissionais vêm 
conseguindo trabalho. É que as empresas de consultoria passaram a absorver boa parte dos 
graduados e pós-graduados na ciência. Especializada em oceanografia geológica, Ana Carolina 
da Rocha Lammardo, 26, já está a três anos em uma empresa de consultoria ambiental. "Para a 
Petrobrás obter licenciamento para construir uma plataforma, por exemplo, ela precisa fazer um 
estudo de impacto ambiental", explica. 
Dentre as atividades, a pesquisadora estuda como avançaria um derramamento de 
óleo no mar, como se dispersariam materiais descartados por emissários submarinos ou como 
 
 
19 
agiria um solvente químico. "Tudo isso é feito por modelos matemáticos. Nós tentamos 
reproduzir uma região do oceano no computador, incluímos as variáveis de vento, maré, 
correntes, ondas e do tempo na época do ano, com as previsões meteorológicas. Aí 
conseguimos prever como o óleo se espalharia e como fazer para conter a mancha", conta. Para 
o presidente da Aoceano (Associação Brasileira de Oceanografia), Fernando Luiz Diehl, o 
mercado de consultoria valoriza o oceanógrafo por sua formação. "É um profissional com 
capacidade de transitar em várias áreas de conhecimento. São poucos que têm esse olhar." 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
7 HISTÓRIA DA OCEANOGRAFIA 
 
 
O interesse do homem pelo mar é antigo, mas ele pôde velo com os olhos de cientista 
a partir do século XVII, depois da Revolução Científica na Europa Ocidental. Vários dos 
cientistas que tiveram papel de destaque nesta revolução também ocasionalmente estudaram o 
mar. Isaac Newton (1643-1742) que é conhecido pelos seus trabalhos com as leis de gravitação, 
e é esse fenômeno, a atração gravitacional entre a Terra e a Lua, que explica as marés. Edmund 
Halley (1656-1742) que calculou a órbita do cometa que leva seu nome estudou os ventos 
alísios. O “pai da Química”, o francês Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), também foi o 
primeiro a analisar quimicamente a água do mar. 
Um velejador, astrônomo e matemático inglês, James Cook, foi um dos primeiros 
exploradores científicos dos oceanos. Em 1768, com o navio Endeavour, fez diversos estudos 
astronômicos no Pacífico Sul, realizou sondagens de profundidades, mediu correntes, ventos, 
mapeou ilhas e obteve informações sobre recifes de corais. 
O norte americano Benjamin Franlin atuou em diversas áreas da ciência, inclusive a 
oceanografia. Ele percebeu que os navios que iam dos Estados Unidos à Europa moviam-se 
mais rapidamente do que em sentido inverso. Através de medições da temperatura da água 
descobriu a Corrente do Golfo (nomeada por ele) em 1768. 
Entre 1831 e 1836 ocorreu a viajem do HMS Beagle, na qual Charles Darwin coletou 
informações que o levaram a desenvolver a sua revolucionária teoria sobre a origem das 
espécies. 
Edward Forbes (1815-1845), um pioneiro em Oceanografia Biológica, estudou a vida 
nos oceanos e postulou a falta de vida abaixo dos 600m de profundidade (Teoria Azóica). Porém 
a sua teoria foi refutada a partir de 1860, quando cabos oceânicos içados à superfície para 
reparos, trouxeram inúmeros organismos vivos fixos em suas estruturas. Esta descoberta 
estimulou muitos cientistas a investigar a vida marinha. 
Em 1853 o cientista americano, Matthew Fontaine Maury, organizou a primeira 
Conferência Internacional de Meteorologia em Bruxelas (Bélgica) para estabelecer uma 
uniformização dos métodos náuticos e observações meteorológicas no mar. Em 1855, Maury 
 
 
21 
 
publicou o primeiro Livro de Oceanografia em Inglês “The Physical Geography of the Sea”, um 
Atlas das condições do mar e direção dos ventos. Por estas iniciativas, Maury é freqüentemente 
referido como o pai da Oceanografia moderna. 
A primeira expedição que marca o início da oceanografia moderna foi à expedição de 
um navio da Marinha Real britânica, o HMS Challenger sob direção do Sir C. Wyville Thompson, 
que iniciou em 23 de dezembro de 1872. Este navio, com 243 tripulantes e 6 cientistas, 
percorreu 110 mil quilômetros por todos os oceanos durante três anos e meio. Os pesquisadores 
a bordo descreveram um número recorde de novas espécies marinhas (4.417), realizaram 492 
medidas de profundidade, 133 dragagens e 362 estações oceanográficas. Os resultados da 
viagem do Challenger geraram uma publicação com 50 volumes, num total de 29.500 páginas 
com 3.000 ilustrações, o que marcou o nascimento da moderna ciência oceanográfica. A partir 
dessa época, a Oceanografia experimentou um desenvolvimento crescente, que se intensificou 
especialmente com os progressos tecnológicos que permitiram a construção de equipamentos 
cada vez mais sofisticados para a exploração direta e indireta do ambiente marinho. 
Entre os diversos homens que contribuíram imensamente para a oceanografia 
moderna, destaca-se o Sueco Fridjof Nansen (1861-1930), um grandioso zoologista, artista e 
ganhador do Prêmio Nobel. Apesar de Nansen ter falhado em chegar ao pólo norte (seu navio 
congelou num pacote de gelo do Oceano Ártico), ele foi o homem que alcançou a posição mais 
ao Norte que um homem jamais havia ido naquela época. A garrafa de coleta de águas que ele 
projetou é até hoje utilizada para coleta de amostras (Garrafa de Nansen). 
Já no século XX, a viagem do navio alemão Meteor (1925 – 1927) proporcionou 
grande contribuição sobre a circulação oceânica no Atlântico Sul. Nos anos 50 a Oceanografia 
teve um grande impulso devido à Segunda Guerra Mundial, quando foram desenvolvidos 
diversos equipamentos para a utilização na guerra que puderam ser aperfeiçoados e utilizados 
na pesquisa oceanográfica. 
Entre 1957 e 1958, a realização do Ano Geofísico Internacional mobilizou uma força 
tarefa de mais de 20 mil pesquisadores de 66 países para a investigação dos fenômenos físicos 
da Terra, incluindo os fenômenos oceanográficos. Como parte desse programa foi lançada os 
primeiros satélites artificiais: Sputnik e Explorer. Os anos 70 foramdesignados como a “Década 
Internacional de Exploração dos Oceanos”. A necessidade de se investigar o oceano de forma 
sistemática forçou a formação de comissões científicas internacionais, como o Comitê Científico 
 
 
22 
 
de Pesquisa Oceânica (SCOR), ainda na década de 50, e vários experimentos, como o Oceano 
Tropical e Atmosfera Global (TOGA), em 1984, e o Experimento da Circulação Oceânica Mundial 
(WOCE), em 1988. Neste último, durante 10 anos, mais de 30 países fizeram observações 
amostrais locais e por satélites em todos os oceanos do planeta, tentando entender melhor os 
processos físicos até então pouco conhecidos. 
No Brasil o primeiro estudo oceanográfico importante ocorreu em 1857, quando a 
Marinha realizou um levantamento hidrográfico entre a foz do rio Mossoró (RN) e a foz do rio 
São Francisco. A pesquisa oceanográfica acadêmica originou-se com o pesquisador francês 
Wladimir Besnard (1890-1960), convidado pelo governo do estado de São Paulo para organizar 
o Instituto Paulista de Oceanografia (criado através de Decreto-Lei em dezembro de 1946), 
sendo então a primeira instituição nacional dedicada à investigação dos recursos vivos, minerais 
e energéticos do mar brasileiro. Em 1950, foi publicado pelo Instituto recém-criado, primeiro 
periódico nacional na área de Oceanografia, o Boletim do Instituto Paulista de Oceanografia. 
Em 1951, o Instituto Paulista de Oceanografia foi incorporado à Universidade de São 
Paulo (USP), recebendo o nome de Instituto Oceanográfico. Dois anos após, foi contratado pelo 
Instituto, o islandês Ingvar Emilsson, considerado o primeiro oceanógrafo físico acadêmico 
brasileiro. Em 1967, chegou ao Brasil o navio oceanográfico da USP Professor Wladimir 
Besnard, construído na Noruega. 
Outro importante personagem que contribuiu para o desenvolvimento da Oceanografia 
brasileira foi o almirante Paulo Moreira da Silva, que transformou no navio-escola Almirante 
Saldanha no primeiro navio oceanográfico brasileiro, em 1964. 
Na década de 1970, foram criados dois cursos de graduação em Oceanografia no 
Brasil: o primeiro, em 1971, pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e o 
segundo, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1977. Em 1992, a 
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) consolida o interesse pela Oceanografia no Brasil 
implementando seu curso de graduação. 
No dia 5 de janeiro de 1983, o Brasil desembarcou pela primeira vez na Antártida com 
o navio oceanográfica Professor W. Besnard e com o navio de apoio oceanográfico Barão de 
Teflé, primeiro navio polar brasileiro, pertencente à Marinha. A estação brasileira, fundada em 
fevereiro de 1984, foi denominada Comandante Ferraz, que teve um importante papel no 
desenvolvimento do PROANTAR (Programa Antártico Brasileiro). 
 
 
23 
 
Anos mais tarde, o interesse pela ciência e pela demanda do profissional oceanógrafo 
expandiu-se para outras regiões e estados do Brasil, estimulando a criação de novos cursos de 
graduação em Oceanografia nas seguintes instituições: UNIMONTE (SP), em 1998; UFES (ES) 
e UFPA (PA), em 2000; USP (SP), em 2002; e UFBA (BA), em 2004. No final de 2004 o curso de 
Ciências do Mar da UFPR transformou-se no nono curso de Oceanografia do país. A expectativa 
é que o décimo curso de graduação em Oceanografia passe a ser ofertado a partir do vestibular 
de 2008, na Universidade Federal de Santa Catarina, localizada na cidade de Florianópolis. 
Apesar da crônica falta de recursos, o Brasil possui grupos em geral bem 
consolidados, cursos de boa qualidade e produção científica e técnica quantitativa e qualitativa 
muito boa. Entre 1987 e 1991 foram produzidos cerca de mil trabalhos científicos na área, dando 
em média, aproximadamente dezesseis trabalhos por mês. Hoje há cerca de 500 pesquisadores 
que desenvolvem regularmente atividades oceanográficas, embora existam ainda poucos cursos 
de graduação em Oceanografia. 
 
Questão para reflexão: Qual a sua opinião sobre o homem ter iniciado a corrida 
espacial antes mesmo de conhecer completamente o seu próprio planeta? O conhecimento 
principalmente sobre as regiões mais profundas dos oceanos continua sendo uma grande 
incógnita. Quer um exemplo? Apenas dois homens estiveram na parte mais profunda dos 
oceanos até então conhecida (11.000 metros). A propósito quantos astronautas já pisaram na 
Lua? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
8 INSTRUMENTAÇÃO OCEANOGRÁFICA 
 
 
A seguir serão apresentados de forma geral alguns equipamentos oceanográficos 
utilizados em estudos oceanográficos: 
 
 
8.1 Navio oceanográfico 
 
 
Os navios oceanográficos e embarcações em geral são os mais importantes 
instrumentos na pesquisa oceanográfica, sem os quais os oceanógrafos não conseguem nem 
sequer acessar seu local de estudo ou transportar e utilizar os seus instrumentos de trabalho. As 
embarcações utilizadas na pesquisa oceanográfica apresentam dimensões muito variadas, 
conforme o local de trabalho (regiões costeiras ou oceânicas) e os equipamentos que se deseja 
operar. Podem ser pequenas lanchas ou botes até grandes navios oceanográficos, que operam 
em grandes profundidades. 
O Brasil com 8 mil quilômetros de litoral, um dos maiores do mundo, é um país que 
tradicionalmente não investe na pesquisa oceanográfica comparativamente com outros países 
em desenvolvimento. A Índia, por exemplo, que possui uma costa muito menor, conta com seis 
navios oceanográficos e tem desenvolvido estudos de alto nível de seu potencial marinho. O 
Brasil possui dois navios oceanográficos que pertencem às instituições de pesquisa: o N/Oc. 
Prof. W. Besnard (Figura 1) do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP); o 
N/Oc. Atlântico Sul da Fundação Universidade do Rio Grande (FURG). Existem ainda alguns 
navios de pesquisa e apoio oceanográfico da Marinha do Brasil, como o N/Oc. Antares, Navio-
hidrográfico Sírius (Figura 2), Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel, e o Almirante Saldanha 
que ó o mais antigo navio oceanográfico brasileiro. 
 
 
 
 
25 
 
 
Figura 1: Vista geral do navio N/Oc. Prof. W. Besnard. Fonte: www.io.usp.br. 
 
 
 
Figura 2: Navio Hidrográfico Sirius. Fonte: www.mar.mil.br. 
 
A seguir são apresentadas algumas informações sobre os navios oceanográficos das 
instituições de ensino IO/USP e FURG, confira: 
Nome da embarcação: N/Oc. Prof. W. Besnard 
Instituição Responsável: IO/USP 
Local e ano da construção: A/S Mjellem & Karlsen, Bergen, Noruega, em 1967. 
Data de Lançamento ao Mar: 18/08/1966 
Dimensões: (comprimento/boca/calado máximo) 
49,35 metros de comprimento, 9,33 metros de boca, 4,20 metros de calado. 
Autonomia: 15 dias de aguada 
 
 
26 
Tripulação: 22 
Vagas para Pesquisa: 15 
Principais Equipamentos para Pesquisa: Sistema de aquisição de dados com os 
parâmetros: salinidade e temperatura da água da superfície, correntes, dados meteorológicos 
(intensidade e direção do vento, temperatura e umidade relativa do ar e pressão barométrica), 
posição da embarcação via GPS, agulha giroscópica e ecosonda. Para o trabalho de convés o 
navio possui guinchos oceanográficos com até 5.000 metros de cabo. 
Principais Comissões Realizadas: REMAC, PROANTAR, COROAS, OPISS, 
PADCT, REVIZEE, DEPROAS, entre outras comissões. 
Outras informações pertinentes: 
No convés principal possui um laboratório molhado, um laboratório químico, um 
laboratório de temperatura constante e um laboratório seco geral. 
Fonte: www.io.usp.br. 
 
Nome da embarcação: N/Oc. Atlântico Sul. 
Instituição Responsável: FURG 
Ano da construção: 1977. 
Dimensões: (comprimento/boca/calado máximo) 
36,0 metros de comprimento, 8 metros de boca, 4,5 metros de calado. 
Autonomia: 25 dias (6.500 milhas). 
Tripulação: 12 
Vagas para Pesquisa: 12 
Principais Equipamentos para Pesquisa: Unidade de sondagem científica com 
impressora. Sistema de sonda de rede. Ecosondacom monitor colorido. Sonar. Sala para 
trabalhos de hidroacústica científica, área 6,5 m2. Laboratório Úmido para amostragem, área de 
8,0 m2. Guinchos oceanográficos. 
Principais atividades: Monitoramento do ambiente marinho nos aspectos biológicos, 
geológicos, físicos e químicos. Estudos de distribuição e abundância de organismos marinhos, 
planctônicos, pelágicos e demersiais, com capacidade de amostragem que permite operar redes 
de tamanhos comerciais e amostradores científicos entre 10 e 1.500 m de profundidade. 
Mapeamentos batimétricos entre 10 e 2.000 m. Treinamento de pessoal de nível médio, superior 
e técnico especializado. 
 
 
27 
Fonte: www.oceano.furg.br. 
 
 
8.2 Equipamentos oceanográficos 
 
 
8.2.1 Oceanografia geológica 
 
 
a) Dragas (amostradores superficiais não-pontuais): 
 
 
b) Busca-fundo (amostradores superficiais pontuais): 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
c) Testemunhadores e caixas (amostradores pontuais de subsuperfície): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
Observação: As imagens e a classificação acima foram retiradas do seguinte 
artigo: 
 
Fonte: FIGUEIREDO JR., Alberto G.; BREHME, Isa. Geological sampling in mineral 
exploration. Rev. Bras. Geof. , São Paulo, v. 18, n. 3, 2000. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102261X2000000300006&lng=en&nr
m=iso>. Acesso em: 09 Aug 2007. 
 
 
30 
 
8.2.2 Oceanografia física 
 
 
 
a) CTD (temperatura, condutividade e pressão). 
 
Fonte: www.coolclassroom.org/... /ctdtutorial.html. 
 
b) ADCP (Perfilador Acústico Correntes por Efeito Doppler) 
 
Fonte: www.sontek.com. 
 
 
c) Correntógrafo 
 
 
 
 
31 
 
 
Fonte: www.tvcultura.com.br/... /maravista/1/1mar2.htm. 
 
 
 
d) Marégrafo eletrônico (sensor de pressão) 
 
Fonte: http://www.geocities.com/mpcarvalho_2000/maregraf.htm. 
 
 
8.2.3 Oceanografia Química 
 
 
 
a) pH, turbidez e oxigênio. 
 
 
 
32 
 
 
pH metro, turbidímetro e oxímetro. Fonte: Arquivo do autor. 
 
 
 
b) Coleta de água 
 
Garrafa de Niskin (esquerda) e de Nansen (direita). 
Fonte: http://paginas.terra.com.br/educacao/sariego/instrumentos.htm; e 
www.mares.io.usp.br 
 
 
c) Disco de Secchi (transparência da água, penetração luz). 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
Fonte: www.scubla.it. 
 
 
 
8.2.4 Oceanografia biológica 
 
 
 
a) Rede de plâncton: 
 
 
Fonte: Arquivo do autor. 
 
 
b) Redes de arrasto: 
 
 
 
34 
 
 
Operação de arrasto duplo. Fonte: www.marelec.com/en/trawlcontrolinh.htm. 
 
 
 
Exemplo de uma amostra obtida após uma operação de arrasto duplo. Fonte: Arquivo 
do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
9 GENERALIDADES SOBRE NOSSO PLANETA 
 
 
9.1 Generalidades sobre nosso planeta 
 
 
A Terra é o terceiro planeta do sistema solar com aproximadamente 6.370 km de raio. 
Massa de 1020 toneladas e idade estimada em cerca de 4,5 bilhões de anos. O Planeta é 
composto por várias camadas que se dispõe em função das suas densidades desde a Ionosfera, 
composta por gases rarefeitos e partículas livres, até o seu Núcleo Interno, composto por metais 
em estado sólido. Entre estes extremos encontram-se outras quatro camadas com diferentes 
composições: a Atmosfera (gasosa), a Hidrofesfera (líquida), a Litosfera (sólida) e o Manto 
(viscoso). 
O oceano pode ser definido como um grande corpo de água salgada que ocupa as 
depressões da superfície terrestre. Mais de 97% da água superficial ou subsuperficial encontra-
se no oceano. O volume total dos oceanos é 11 vezes maior do que o volume das massas 
continentais acima do nível médio do mar. A média das altitudes das terras emersas é de apenas 
840m, enquanto a média das profundidades do oceano é de 3.796m. Confira a tabela abaixo 
com informações gerais (Tabela 1), e a 
Tabela 2 com os pontos extremos do nosso planeta. 
 
Tabela 1: Informações gerais. 
Superfície do oceano 361 x 106 km2 
Volume do oceano 1,37 X 109 km3 
Profundidade média do oceano 3.796 m 
Profundidade máxima 11.022 m (Fossa das Marianas) 
Maior montanha mundial 8,844 m (Monte Everest) 
Cota média da Terra 2.686 m 
 
 
36 
Temperatura média do oceano 3,9ºC 
 
Tabela 2: Conheça os extremos da Terra: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A superfície do hemisfério Norte é constituída por 60,7% de oceano e 39,3% de áreas 
emersas; no hemisfério Sul essas percentagens são respectivamente de 80,9% e 19,1%. 
 
 
A tabela abaixo mostra a distribuição da água no nosso planeta (Tabela 3): 
Tabela 3: Distribuição de água na Terra. 
Reservatório Porcentagem do Total (%) 
Oceanos 97,96 
Calota e Gelo Polar 1,64 
Água Subterrânea 0,36 
Rio e Lagos 0,04 
Continente Maior altitude 
Ásia Monte Everest (8.844 m) 
América do Sul Aconcágua (6.962 m) 
América do Norte Monte McKinley (6.194 m) 
África Kilimanjaro (5.895 m) 
Europa Monte Elbrus (5.642 m) 
Antártida Maciço Vinson (4.892 m) 
Oceania Monte Kosciuszko (2.228 m) 
ou 
Pirâmide Carstensz (4.884 m) 
Oceano Profundida
de 
Oceano Pacífico 11.022 m 
Oceano Atlântico 8.648 m 
Oceano Índico 7.725 m 
Oceano Antártico 7.235 m 
Oceano Ártico 5,450 m 
Mar Mediterrâneo 5.121 m 
 
 
37 
Atmosfera 0,001 
 
Fonte: www.pmmsama.sp.gov.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.pmmsama.sp.gov.br/
 
 
38 
 
 
10 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ATMOSFERA E DOS OCEANOS 
 
 
 
Muitas teorias foram propostas para a formação do sistema solar. A Teoria da 
Acresção, proposta por Laplace (1786) que, de forma geral, afirmava que existia uma nuvem de 
gás e poeira e esta nuvem aos poucos agregou mais gás e poeira em um determinado ponto o 
qual veio formar o Sol, posteriormente os planetas formaram-se da mesma matéria interestelar. 
Atualmente esta teoria foi reformulada para poder adaptar os dados observacionais que balizam 
a idéia que os planetas e o Sol têm origem da mesma matéria interestelar. Para isto atestam 
suas abundâncias relativas de deutério, hidrogênio, lítio, silício e ferro. Elas são iguais nos 
planetas e no meio interestelar. A simultaneidade das idades do Sol e dos planetas é 
comprovada através da análise radioativa das rochas terrestres e da composição química atual 
do Sol. 
Após a fase de acresção na qual se formou o corpo que viria a ser a Terra, a 
temperatura era muito elevada tanto devido à energia liberada pelo intenso bombardeio da 
matéria em acresção quanto pela energia radioativa. O nosso planeta nada mais era que uma 
massa incandescente, nesse momento os elementos químicos mais densos afundaram sendo 
que hoje fazem parte da composição do núcleo e do manto enquanto os menos densos como os 
silicatos vieram a formar a crosta. 
A formação da atmosfera é um dos pontos mais importantes para o entendimento do 
surgimento da vida. A atmosfera terrestre parece ter tido 3 momentos diferentes; o primeiro deles 
se refere à camada gasosa que se formou durante a acresção, esta atmosfera primitiva devia ser 
formada basicamente dos gases capturados na nebulosa solar primitiva, contudo devia ser 
constituída de gases leves que foram facilmente arrastados pelo intenso vento solar, em um 
segundo momento após a Terra ter se resfriado o suficiente, a emissão de gás das rochas e a 
intensa atividade vulcânica originou a proto-atmosfera. Esta atmosfera primordial era muito 
diferente da atual e era basicamente formada por metano (CH4), amônia (NH3), dióxido de 
carbono (CO2) e vapor de água. A 3,5 bilhões de anos (idade da rocha mais antiga encontrada 
 
 
39 
na Terra) esta mistura foi gradualmente mudando para a atmosfera atual. Hoje na atmosfera 
predomina nitrogênio (N) e oxigênio (O2). Esta mudança foi ocasionada principalmente pelas 
 
trocas químicas e ação da fotossíntese. Confira no quadro abaixo a composição atual da 
atmosfera ( 
Tabela 4): 
 
Tabela 4: Composição atual da atmosfera.Principais elementos (%) 
Nitrogênio 78,084 
Oxigênio 20,946 
Argônio 0,934 
Dióxido de carbono 0,038 
Vapor de água 1 
Outros 0,002 
 
A teoria mais aceita sobre a origem dos oceanos é que a emissão de gás das rochas 
na formação do planeta liberou gases suficientes para o surgimento de um efeito estufa, parte 
destes gases era vapor d’água que se condensava a partir de certa altitude e voltava a cair sobre 
a superfície como chuva, no entanto o calor extremo do solo ainda semiliquefeito fazia com que 
a água evaporasse antes mesmo de tocá-lo. Este vapor voltava a condensar-se e se precipitava 
na forma de verdadeiros “dilúvios”, este processo intermitente durou aproximadamente 100 
milhões de anos. Neste período de tempo a constante precipitação e evaporação da água 
auxiliaram o abaixamento da temperatura superficial. No momento em que a temperatura do solo 
atingiu um ponto abaixo do ponto de ebulição da água esta pôde começar a se acumular nos 
pontos mais baixos da superfície do globo vindo a formar o primeiro grande oceano de nosso 
planeta. 
Foi calculada para o Oceano Atlântico uma idade de 76 milhões de anos para a crosta 
oceânica e no Pacífico, uma idade de 150 milhões de anos (KENNET, 1982). A rocha 
constituinte da crosta continental mais antiga tem a idade de 3,5 bilhões de anos o que dá 
 
 
40 
indícios da existência de um sistema global de rejuvenescimento e destruição da crosta 
oceânica. Este processo não existe para a crosta continental que estaria a salvo de um possível 
 
 
processo de consumo devido à suas baixas densidades e estariam sempre à cima das rochas 
oceânicas evitando as subducções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
11 ESTRUTURA INTERNA DA TERRA 
 
 
 
A Terra é composta por três camadas concêntricas principais: 1) crosta (continental e 
oceânica); 2) manto (superior e inferior) e; 3) núcleo (externo e interno). Estas camadas 
representam, respectivamente, 0,4%, 67,2% e 32,4% da massa do planeta (Figura 3). O limite 
entre estas camadas é definido indiretamente através de Sismologia, por limites onde ocorrem 
mudanças na composição química e/ou no estado físico dos materiais, ou seja, altera a 
velocidade de propagação das ondas sísmicas. É importante destacar que o furo de sondagem 
mais profundo feito até hoje atingiu apenas 12 km (em Kola, Rússia). 
 
 
Figura 3: Representação da estrutura interna da Terra. Fonte: 
http://br.geocities.com/sousaraujo/litosfera002.jpg. 
 
 
Abaixo da crosta terrestre encontra-se o manto superior, rígido, solidificado, basáltico 
e fundido com a crosta. Abaixo do manto superior ocorre a descontinuidade de Mohorovicic 
(Moho), onde ocorre uma mudança na composição química e na velocidade de propagação das 
ondas sísmicas. Esta porção formada por crosta terrestre, manto superior e descontinuidade de 
Moho é conhecida como litosfera e ocorre numa profundidade média de 50 km abaixo dos 
continentes e de 8 km abaixo dos oceanos. 
 
 
42 
Abaixo da litosfera encontra-se a região do manto em estado parcialmente fundido, que 
é conhecida como astenosfera. Portanto, o manto tem duas regiões principais: manto superior 
 
(onde estão à litosfera e a astenosfera), e o manto inferior. Todo o manto possui 
aproximadamente 2.800 km de profundidade e densidade média de 4,5 g/cm3. A delimitação 
entre o manto e o núcleo é definida pela descontinuidade de Gutemberg. A região do núcleo 
externo possui 2.300 km de profundidade, constituída principalmente por ferro e enxofre, com 
densidade média de 11,8 g/cm3, nessa região origina-se o campo magnético da Terra. A porção 
central do nosso planeta ocorre o núcleo interno, com 1.140 km de espessura, densidade de 17 
g/cm3, constituído por uma mistura de ferro e níquel (Figura 4). 
A seguir a crosta terrestre será abordada detalhadamente. 
 
Figura 4: Representação da estrutura interna da Terra em camadas concêntricas. 
(Fonte: Decifrando a Terra / Teixeira, Toledo, Fairchild e Taioli - São Paulo: Oficina de Textos, 
2000). 
 
 
Crosta terrestre 
 
 
 
 
43 
A crosta terrestre é a camada mais externa da Terra, sendo dividida em crosta 
continental e crosta oceânica. É menos densa que o material do manto e assim "flutua" sobre 
este. A espessura média da crosta é de 20 km, porém não é constante. 
 
 
Crosta continental 
 
 
A crosta continental tem espessura entre 30-50 km, podendo alcançar 65 km sob 
cadeias de montanhas, sendo formada principalmente por rochas graníticas, com alta 
quantidade de Silício e Alumínio (SIAL); quartzo e feldspato. Possui densidade média de 2,8 g 
por centímetro cúbico e concentra os chamados elementos leves. As estimativas indicam que a 
idade da sua formação foi a 4,5 bilhões de anos. 
 
 
Crosta oceânica 
 
 
A crosta oceânica é muito mais delgada do que a crosta continental, com espessura 
variando entre 5 a 8 km, porém é mais densa (3 g/cm3). É composta principalmente por rochas 
basálticas, formadas por Silício e Magnésio (SIMA) jovens (mais recentes que 180 milhões de 
anos). A formação da crosta oceânica provavelmente ocorreu a 4,5 bilhões de anos, 
concomitantemente com o resfriamento do planeta (tópico 3.2 – origem e evolução da atmosfera 
e dos oceanos). Porém devido aos processos de subducção, as porções mais antigas da crosta 
oceânica são consumidas e reincorporadas ao manto, nos limites convergentes (este assunto 
será abordado posteriormente no tópico “Tectônica Global”). As porções mais antigas da crosta 
oceânica estão preservadas nos continentes, como cinturões de rochas verdes (greenstone 
belts) e em ofiolitos. O assoalho oceânico forma-se nas regiões chamadas de limites divergentes 
de placas litosféricas, na região das cordilheiras meso-oceânicas, onde o magma ascende do 
manto criando o novo assoalho oceânico. 
 
 
 
44 
 
 
 
 
12 TECTÔNICA GLOBAL 
 
 
 
A deriva continental e a tectônica de placas são as duas principais teorias em 
geociências que, no século passado, revolucionara o conhecimento sobre os processos 
geológicos atuantes no nosso planeta. A Terra é um planeta dinâmico, atualmente acreditamos 
que a litosfera terrestre é fragmentada em cerca de uma dúzia de placas, que se movem devido 
ao calor no interior da Terra (correntes de convecção). 
O nascimento da teoria da Tectônica de Placas ocorreu em 1620, quando o filósofo 
inglês, Francis Bacon, percebeu o perfeito encaixe entre as linhas de costa atlântica da América 
do Sul e da África, levantando a hipótese de que estes continentes estiveram unidos no passado. 
Porém esta teoria foi cientificamente embasada mais tarde, apenas no início do século XX, 
quando o visionário explorador alemão Alfredo Wegener forneceu bons argumentos para 
sustentar a teoria. Wegener sugeriu que há certo tempo não havia o oceano Atlântico, e que as 
Américas estavam unidas com a Europa, Ásia, África, Austrália e Antártica em um grande 
continente. Esse supercontinente de 225 milhões de anos foi denominado de Pangea (Pan = 
todo; Gea = Terra), e esta teoria passou a ser conhecida como Deriva Continental. Poucas idéias 
no mundo científico foram tão fantásticas e revolucionárias quanto essa. 
As principais evidências apontadas por Weger para comprovar os movimentos 
horizontais entre os continentes foram: - coincidência entre as linhas de costas dos atuais 
continentes (encaixe perfeito), - presença de fósseis em regiões da África e do Brasil, - 
evidências de glaciação, há aproximadamente 300 Ma, na região Sudeste do Brasil, Sul da 
África, Índia, Oeste da Austrália e Antártica. Em 1915, Wegener reuniu todas as evidências em 
um livro denominado “A origem dos Continentes e Oceanos”. Porém sua teoria não foi aceita 
pela comunidade científica, pois uma questão não podia ser explicada: “Qual seria a força que 
movia os imensos blocos continentais?”. 
 
 
45 
Novas evidências surgiram apósa Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento 
de modernos equipamentos, como os sonares, que permitiam traçar mapas detalhados do fundo 
oceânico. Foram descobertas as cordilheiras mesoceânicas (cadeias de montanhas), fendas e 
fossas profundas, mostrando um ambiente muito mais ativo do que até então se acreditava. 
 
Outra importante descoberta foi através do campo magnético do paleomagnetismo, 
que é o estudo das propriedades magnéticas das rochas antigas. Como as rochas orientam-se 
segundo o campo magnético da Terra, através desta técnica é possível datar o período de 
formação das mesmas. Comprovou-se que as rochas existentes no fundo das bacias oceânicas 
apresentam idades gradativamente maiores na medida em que se situam mais afastadas do 
centro de geração, ou seja, do eixo da cordilheira. O campo magnético da Terra já teve sua 
polaridade invertida pelo menos 170 vezes nos últimos 100 milhões de anos, a última inversão 
ocorreu há cerca de 700 mil anos. 
Em 1960 foi postulado por Harry Hess da Universidade de Princeton (EUA) o conceito 
de expansão do assoalho oceânico. Ele propôs que na astenosfera há correntes quentes de 
material fundido, devido à radioatividade natural do interior do planeta. Quando estas correntes 
ascendem, pois se tornam menos densas devido à temperatura, e atingem a litosfera deslocam-
se até resfriarem-se e retornar ao interior da Terra, este movimento é chamado de “correntes ou 
células de convecção”. A teoria estava completa, agora se conhecia de onde vem a força que 
move as grandes massas continentais. Em determinadas ocasiões o magma que ascende 
atravessa a crosta oceânica e é expelido ao invés de retornar ao centro da Terra, formando 
montanhas e vulcões submarinos. Quando não é expelido o material empurra lateralmente a 
crosta para fora das fendas, desta forma ocorre a expansão do assoalho oceânico, na forma de 
crosta oceânica basáltica. Este processo ocorre nos chamados limites divergentes, que estão 
localizados nas cordilheiras mesoceânicas (Figura 5). Portanto os continentes viajariam como 
passageiros, fixos em uma placa, como se estivessem em uma esteira rolante. Desta forma a 
América do Norte e Europa gradualmente se separaram dando lugar ao fundo submarino do 
Atlântico Norte e de modo similar o mesmo processo aconteceria em todos os oceanos. 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
Figura 5: Representação do processo de expansão do fundo oceânico que ocorre nas 
cordilheiras meso-oceânicas. Idades em milhões de anos (mya). Fonte: KENNET, J. 1982. 
 
 
Surge então uma nova questão: como uma nova crosta é continuamente produzida e 
o tamanho do planeta não se altera? Bem a explicação para este fato é que existem regiões 
onde as antigas crostas são destruídas, nos chamados limites convergentes (zonas de 
subducção), localizados nas fossas submarinas. Nestas regiões a crosta oceânica mais densa 
mergulha para o interior da Terra, até sofrer as condições de pressão e temperatura suficientes 
para sofrer fusão e ser incorporada novamente ao manto (Figura 6). 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
 
Figura 6: Representação das correntes de convecção, assim como a região de 
formação da crosta oceânica (zona de divergência) e de destruição (zona de subducção). Fonte: 
http://www.geocities.com/swain_pt/vulcoes.htm. 
 
 
Placas tectônicas 
 
 
A litosfera é composta por sete grandes placas: do Pacífico, Euro-Ásia, Africana, Indo-
australiana, Norte e Sul Americana e Antártica. Além destas possui placas menores, como a de 
Cocos, Caribenha e de Nazca. São três os tipos de limites entre as placas tectônicas: (a) limites 
divergentes: marcados pelas dorsais meso-oceânicas, onde as placas tectônicas afastam-se 
umas das outras, com a formação de nova crosta oceânica; (b) limites convergentes: onde as 
placas tectônicas colidem, com a mais densa mergulhando sob a outra, gerando uma zona de 
intenso magmatismo a partir de processos de fusão parcial da crosta que mergulhou, nesses 
limites ocorrem fossas e províncias vulcânicas; (c) limites conservativos: onde as placas 
tectônicas deslizam lateralmente uma em relação à outra, sem destruição ou geração de crostas, 
ao longo de fraturas denominadas Falhas Transformantes. A Figura 7 apresenta a distribuição 
geográfica das placas tectônicas da Terra. 
 
 
48 
 
 
 
 
 
Figura 7: Placas tectônicas. Fonte: 
http://www.escolavesper.com.br/placas_tectonicas.htm 
 
 
Cada uma destas placas tectônicas move-se em diferentes direções e, assim, as 
fronteiras das placas são locais de atividades tectônicas, onde ocorrem terremotos, vulcanismo e 
crescimento de montanhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
 
 
 
13 MORFOLOGIA DOS OCEANOS 
 
 
 
Os oceanos podem ser didaticamente divididos em cinco: Oceano Atlântico, Oceano 
Pacífico, Oceano Índico, Oceano Glacial Ártico e Oceano Glacial Antártico. Estima-se que os 
oceanos recobrem aproximadamente 71% da superfície terrestre, sendo que o Oceano Pacífico 
constitui o maior corpo aquoso, com área aproximada de 180 milhões de km2, ou seja, 53 % da 
área oceânica, seguido pelo Oceano Índico (24% em área) e o Atlântico, com cerca de 23% da 
área total. O relevo dos oceanos pode ser dividido em três províncias fisiográficas principais: (1) 
margens continentais; (2) bacias oceânicas; (3) cordilheiras mesoceânicas. 
 
 
Margens continentais 
 
 
As margens continentais representam a zona de transição entre os continentes e as 
bacias oceânicas, são consideradas como constituintes dos continentes, muito embora se situem 
abaixo do nível do mar. Estas feições representam 20% da área total ocupada pelos oceanos. As 
margens continentais são agrupadas em dois tipos principais: (1) margens passivas (tipo 
Atlântico) e; (2) margens ativas (tipo Pacífica). 
 
 
Margens passivas 
 
 
 
50 
 
As margens continentais passivas são mais largas, típicas de regiões tectonicamente 
menos ativas, que se formaram quando os continentes se separaram (“rifteamento”) formando o 
novo assoalho oceânico. As margens leste da América do Norte e da América do Sul, assim 
 
como leste e oeste da África, são exemplos típicos de margens passivas. As margens passivas 
apresentam três províncias fisiográficas distintas, definidas principalmente por variações de 
profundidade (gradiente batimétrico): (a) plataforma continental; (b) talude continental; (c) sopé 
ou elevação continental. 
 
a) Plataforma continental: representa uma extensão submersa dos continentes, com 
gradientes suaves, em média de 1:1. 000 (ou seja, a cada 1.000 metros horizontais a 
profundidade aumenta 1 metro). A plataforma continental estende-se da linha de costa até a 
região denominada de “quebra da plataforma continental” localizada em média à profundidades 
de 130 metros, onde a declividade aumenta substancialmente. A área das plataformas 
continentais representa 7,5% do total da área oceânica, apresentam larguras variáveis, sendo a 
média de 78 km. 
No Brasil, a maior largura da plataforma continental ocorre na foz do rio Amazonas 
(AM), com cerca de 330 km. Já em Salvador (Ba), a plataforma continental possui apenas 8 km 
de extensão. A localização da quebra da plataforma continental (ou borda da plataforma) varia 
sua profundidade entre 40 metros na região de Natal (RN), atingindo 180 metros ao sul da 
cidade de Santos (SP) e próximo à cidade de Tramandaí (SC). 
As plataformas continentais são ambientes muito produtivos, principalmente pela baixa 
profundidade e por estarem localizadas próximas aos continentes recebem o aporte das 
drenagens continentais. Para se ter idéia da importância destes ambientes, 90% da produção 
pesqueira mundial é de organismos capturados neste ambiente. 
 
b) Talude continental: o talude continental inicia a partir da quebra da plataforma continental 
marcada pela abrupta alteração da declividade, que passa de 1.1000 m (plataforma) para1,40 
m, até profundidades da ordem de 3.000 m. Os taludes correspondem a 5,6% da superfície da 
Terra, com larguras de 10 km até 200 km. Apresentam as maiores espessuras sedimentares, 
 
 
51 
podendo ultrapassar 10 km de sedimentos. Com sedimentos mais finos que os da plataforma, 
compostos principalmente por materiais finos (lamas). 
As superfícies dos taludes não são planas e regulares como as da plataforma, e 
freqüentemente são cobertos por depressões e promontórios. São os locais de maior 
 
instabilidade do fundo devido aos gradientes íngremes. Os cânions submarinos são importantes 
feições que ocorrem nestes ambientes, e são caracterizados como vales profundos em forma de 
“V” ou “U” com paredes muito inclinadas, podendo atingir mais de 370 km de comprimento. A 
origem destas feições é associada a antigas drenagens continentais, que atualmente têm papel 
importante no transporte de sedimentos das regiões costeiras para as áreas profundas dos 
oceanos. O transporte de sedimento pode ocorrer através de diferentes mecanismos: correntes 
de turbidez ou de densidade, deslizamentos e desmoronamentos. Outras feições fisiográficas 
que são comuns nestes ambientes são platôs e terraços marginais. 
No Brasil há grande abundância de cânions submarinos, embora geralmente 
pequenos, principalmente nas regiões nordeste e norte. Como exemplos de alguns cânios, 
podem ser citados: do Amazonas, do Gurupi e do Pará (região norte); de Natal, Oceânico de 
Alagoas, de São Francisco, de Salvador (região nordeste); de Cabo Frio, de Macaé, São 
Sebastião e São Paulo (região sudeste-sul). 
 
c) Sopé ou elevação continental: ocorrem na base dos taludes continentais, estende-se de 
profundidades entre 3.000-5.000 metros e apresenta declividades intermediárias entre as 
observadas nas plataformas e talude continental. É formado pelos sedimentos depositados na 
base do talude. 
No Brasil a maior largura do sopé continental ocorre na altura do banco de Abrolhos 
(ES) com 850 km. 
 
 
Margens ativas 
 
 
 
 
52 
As margens ativas ou do tipo Pacífico, localizam-se nas regiões de convergência das 
placas tectônicas, onde ocorre a subducção de uma placa sobre a outra gerando a formação de 
uma fossa oceânica. São margens normalmente mais estreitas, raramente ultrapassando 50 km, 
com menor cobertura sedimentar. Nestas regiões concentram-se as principais atividades 
vulcânicas e sísmicas da Terra. A Figura 8 apresenta a localização dos epicentros de terremotos 
 
na Terra, é possível perceber que a grande ocorrência de terremotos está localizada sobre os 
limites convergentes das placas. 
 
 
Figura 8: Localização dos epicentros de Terremotos na Terra (pontos pretos). Fonte: 
NASA. 
 
 
Nas margens ativas não ocorre o sopé ou elevação continental. As feições 
fisiográficas que ocorrem são: plataforma continental, talude continental e fossas oceânicas. O 
talude continental, assim como a plataforma, também é estrito com gradientes que podem 
chegar a 1:20 nas fossas oceânicas. As margens ativas ocorrem em duas situações: (a) 
encontro de duas placas oceânicas, onde uma mergulha sob a outra; (b) encontro de uma placa 
continental com uma placa oceânica, onde a placa oceânica (mais densa) mergulha sob a 
continental. 
As fossas oceânicas são as feições mais profundas da Terra, com largura média de 
100 km e estão associadas às margens ativas. As fossas mais profundas localizam-se no 
Pacífico Oeste, como a fossa das Marianas (10.915 m), fossa de Tonga (10.800 m), fossa das 
 
 
53 
Fipilinas (10.055 m). No Pacífico Leste devido ao aporte sedimentar as fossas são menos 
profundas, como a fossa Peru-Chile (8.100 m) e a fossa da América Central (6.700 m). 
 
ATENÇÃO: No Brasil não ocorrem fossas oceânicas, pois se trata de uma margem passiva. 
 
 
Bacias oceânicas 
 
 
As bacias oceânicas correspondem à porção do assoalho marinho que se estende do 
sopé continental até a cordilheira meso-oceânica. Nestas regiões ocorrem as planícies abissais, 
que são áreas extensas, de relevo relativamente plano, que ocorrem em profundidades entre 
3.000 e 6.000 metros. As planícies abissais mais planas ocorrem no Atlântico e no Índico, devido 
ao maior aporte sedimentar. Já no Pacífico os sedimentos ficam retidos nas diversas fossas e 
não atinge as planícies abissais, resultando em um fundo mais irregular, com a presença de 
colinas e montes submarinos. Diversas feições ocorrem nas planícies abissais como: platôs 
submarinos, montes submarinos (ex: Havaí), elevações (Elevação de Rio Grande-RS), guyots, 
atóis. As partes emersas das irregularidades do relevo das planícies abissais constituem as ilhas 
oceânicas. 
 
 
Cordilheira Meso-oceânica ou Dorsal Oceânica 
 
 
As Cordilheiras Oceânicas são feições longas e contínuas, fraturadas, com 
escarpamentos ladeados pelas planícies abissais. Esse sistema ocorre em todos os oceanos 
com uma extensão total superior a 70.000 km, em profundidades médias de 2.500 m, 
representando 33% da superfície dos oceanos. Normalmente as cordilheiras localizam-se na 
porção central dos oceanos com exceção da cordilheira do Pacífico Leste. As porções centrais 
das cordilheiras apresentam as porções de maior atividade tectônica dos fundos oceânicos 
atuais. Apresentam relevo extremamente irregular, a crista da cordilheira pode atingir até 3.000 
 
 
54 
metros acima do assoalho oceânico. No Oceano Atlântico a Cordilheira é denominada de Meso-
Atlântica, e localiza-se na porção central (Figura 9). 
 
 
 
 
 
Figura 9: Representação da estrutura interna da Terra. (Fonte: LEINZ & AMARAL, 
1975). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
 
 
 
 
14 SEDIMENTAÇÃO MARINHA 
 
 
 
O fundo oceânico é coberto por uma camada de sedimentos que varia quanto à 
espessura desde poucos centímetros a até 4 km, dependendo da área ou das condições locais. 
As fontes dos sedimentos marinhos são diversas, mas podem ser agrupadas em duas amplas 
categorias: (a) sedimentos alóctones; (b) sedimentos autóctones. Os sedimentos alóctones, 
também chamados extra-baciais, provêem de áreas continentais adjacentes, que fornecem 
sedimentos de origem terrígena, nesta categoria estão incluídos os sedimentos cosmogênicos. 
Os sedimentos autóctones, também chamados intrabaciais, são originados na própria bacia de 
sedimentação, decorrentes de precipitações entre a água do mar e compostos químicos 
orgânicos e inorgânicos, envolvendo inclusive os sedimentos autígenos. 
 
a) Sedimentos alóctones 
São fragmentos ou partículas de distintos tamanhos, decorrentes de processos de 
intemperismo (desagregação mecânica e decomposição química) e erosão das rochas 
continentais. Estes fragmentos são transportados até o oceano principalmente através de rios, e 
também pela ação eólica e glacial. Os sedimentos terrígenos podem ser orgânicos 
(remanescentes vegetais) ou inorgânicos (fragmentos de rochas, grãos minerais). Os 
constituintes mais comuns nos sedimentos terrígenos em geral são o quartzo e o feldspato, 
minerais mais comuns nas rochas terrestres. 
Os sedimentos terrígenos são depositados principalmente na margem continental, 
mas também formam boa parte do assoalho marinho. O tamanho dos grãos (granulometria) varia 
 
 
56 
conforme a distância da fonte que o originou: próximo às regiões costeiras são mais grossos 
como areias, e quanto mais distantes mais finos como siltes e argilas, devido à competência do 
agente transportador. Os sedimentos podem ser transportados por tração (partículas maiores – 
grânulos e areia) ou por suspensão (partículas finas – silte e argila). A 
Tabela 5 apresenta as classes granulométricas da escala Wentworth. 
 
 
Tabela 5: Classes granulométricas segundo a escala Wentworth. 
 
Classe Diâmetro da partícula 
(milímetros) 
Matacão > 256 
Calhau 256-64 
Seixo 64-2 
Grânulo 4-2 
Areia 2-0, 062 
Silte 0,062-0,004 
Argila <0,004Os sedimentos cosmogênicos também estão incluídos nesta classe de sedimentos 
alóctones. Estes sedimentos têm nos micro-fragmentos de meteoritos seus principais 
componentes. A maioria penetra na atmosfera terrestre sendo posteriormente depositada tanto 
na superfície continental como dos oceanos. Porém estes sedimentos constituem uma porção 
muito reduzida em comparação com as demais fontes. 
 
b) Sedimentos autóctones 
Os sedimentos autóctones predominam nos assoalhos das bacias oceânicas, onde a 
contribuição terrígena é muito reduzida. Em ambientes rasos estes sedimentos são constituídos 
 
 
57 
principalmente por fragmentos esqueletais, carapaças, ossículos de vários organismos, entre os 
quais se destacam os foraminíferos, briozoários, algas, esponjas, ouriços do mar, entre outros. 
Nestes ambientes rasos, após a morte dos organismos seus detritos irão formar cascalhos e 
areias biodetríticas nas margens continentais. 
Em ambiente de mar profundo os sedimentos biogênicos se acumulam como vasas 
carbonáticas e silicosas, através do lento processo de assentamento ao longo da coluna de 
 
água, caracterizando a sedimentação pelágica. As vasas são definidas como sedimentos de 
origem pelágica, que contém pelo menos 30% de material de origem orgânica. As vasas 
calcárias são principalmente originadas de foraminíferos (protozoários herbívoros ou omnívoros 
de águas quentes), mas também de cocolitoforídeos (protozoários flagelados) e pterópodos 
(moluscos). As vasas silicosas são principalmente provenientes da carapaça de diatomáceas e 
radiolários (algas e protozoários planctônicos, respectivamente). 
Os sedimentos denominados autígenos são formados no mesmo ambiente onde são 
encontrados, portanto também pertencem ao grupo dos autóctones. Podem ser formados por 
grande variedade de elementos, geralmente precipitados diretamente da água do mar. Como 
exemplos de sedimentos autígenos podem ser citados os mais conhecidos, que são os nódulos 
polimetálicos e as fosforitas. Estes dois recursos minerais foram descobertas na viagem do 
Challenger, em 1873. Atualmente, estes e outros recursos minerais de oceano profundo tem 
despertado o interesse econômico e estratégico de diversos países. 
A 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 mostra a taxa de sedimentação nas bacias oceânicas, resultante em sua 
maioria da deposição de vazas. As maiores taxas observadas próximo às bordas continentais, 
na região das plataformas, deve-se ao suprimento sedimentar proveniente dos continentes. A 
 
 
58 
maior parte do fundo oceânico é caracterizada por taxas de sedimentação inferiores 0,01 
mm/ano, espessura correspondente a um grão de argila. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10: Taxa de sedimentação nas bacias oceânicas. (Fonte: 
http://www.cpgg.ufba.br/%7Eglessa/geomar2/). 
 
A 
 
Tabela 6 apresenta, de forma geral, a porcentagem dos tipos sedimentares que 
recobrem as bacias oceânicas. 
 
 
Tabela 6: Distribuição geral (%) dos tipos sedimentares nas bacias oceânicas. 
 
 
Tipo sedimento O. Pacífico (%) O. Atlântico (%) O. Índico (%) 
Vasas foraminíferos 36 65 54 
Vasas diatomáceas 10 7 20 
Vasas radiolários 5 - 1 
http://www.cpgg.ufba.br/~glessa/geomar2/
 
 
59 
Argilas continentais 49 26 25 
 
 
A seguir é feito um comparativo entre o Oceano Pacífico e o Oceano Atlântico: 
 
 
 
 
O quadro a seguir ( 
Tabela 7) resume as categorias e as suas subdivisões conforme a classificação 
adotada pelo Projeto REMAC (Reconhecimento da Margem Continental Brasileira, 1979) para a 
região oceânica adjacente à Margem Continental Brasileira. 
 
Tabela 7: Categorias e subdivisões para a região oceânica adjacente à Margem Continental 
Brasileira. (REMAC, 1979) 
 
 
 
 
60 
 
 
 
 
 
 
 
15 OCEANOGRAFIA FÍSICA 
 
15.1 Temperatura 
 
 
 
 
61 
A temperatura é uma propriedade física que caracteriza o equilíbrio térmico de um 
sistema, e/ou o equilíbrio térmico de um sistema com outro, sendo medida em graus Celsius (ºC) 
no sistema internacional de unidades(SI). 
A superfície terrestre recebe energia solar de forma variável, de acordo com a latitude, 
devido a forma elipsóide da Terra. As baixas latitudes (região equatorial) recebem maior calor 
por unidade de área do que os pólos, devido ao ângulo da radiação solar incidente (Figura 1). 
Portanto a quantidade de energia que alcança todas as latitudes é a mesma, mas em regiões 
polares esta se espalha por uma área maior. A quantidade de calor por unidade de área recebida 
pelo equador é cerca de 1,5 a 2 vezes maior do que a recebida pelos pólos (Figura 2). 
 
 
Figura 11: Forma elipsóide da Terra, com indicação da incidência dos raios solares, e 
das zonas climáticas conforme a latitude. (Fonte: www.minerva.uevora.pt/). 
 
 
 
 
 
 
 
 
62 
 
Figura 12: Fluxo médio da energia solar que chega a Terra (w/m3), em função da 
latitude. (Fonte: Soares, 2003). 
 
 
O sol tem temperatura superficial de 5.800ºC e irradia energia na forma de ondas 
eletromagnéticas em todas as direções. Apenas uma pequena fração do total da energia solar 
chega e é absorvida pela Terra. Do total emitido (100%), apenas a metade é absorvida pelo 
oceano, o restante é refletida por nuvens, atmosfera, etc (Figura 3). 
 
 
Figura 13: Balanço da radiação na atmosfera. (Fonte: Gill, 1982 apud Soares, 2003). 
 
 
 
 
 
63 
A Terra recebe radiação solar na forma de ondas eletromagnéticas curtas, e re-emite a 
radiação na forma de ondas longas. Esta radiação re-emitida ocorre de forma mais homogênea 
em função da latitude, e é denominada de albedo superficial ou planetário. A diferença entre a 
energia recebida e re-emitida em função da latitude é chamado de balanço de radiação. Nas 
baixas latitudes este balanço é positivo e negativo nas altas latitudes. Devido ao equilíbrio 
térmico o calor é redistribuído das baixas para as altas latitudes pelo sistema de ventos na 
atmosfera e pelo sistema de correntes no oceano (correntes superficiais dirigidas pelo vento e 
correntes profundas dirigidas pela densidade). 
A temperatura da água do mar apresenta variabilidade tanto na escala vertical quanto 
horizontal, mas as variações horizontais são menores que as varições verticais. A variação 
horizontal da temperatura superficial dos oceanos apresenta zonação conforme a latitude, ou 
seja, formam-se linhas de mesma temperatura denominadas de isotermas (Figura 4). As 
temperaturas superficiais decrescem de 28 ºC em baixas latitudes para até -2ºC em altas 
latitudes. Nas regiões temperadas os gradientes são maiores do que nas regiões tropicais e 
polares. De forma geral a temperatura altera-se em média 0,5ºC para cada grau de latitude 
percorrido. 
 
Figura 14: Temperatura superficial do mar média para os oceanos globais. É possível observar a 
distribuição das isotermas conforme a latitude. Fonte: (Tomczak & Godfrey, 1994). 
 
 
 
 
 
64 
Nas regiões costeiras, principalmente nos contornos oeste dos continentes, ocorre o 
fenômeno denominado de ressurgência (upwelling), que se caracteriza pelo afloramento de 
águas profundas, geralmente frias e ricas em nutrientes, para regiões menos profundas dos 
oceanos. A importância da ressurgência para diversas regiões do planeta pode ser verificada no 
Peru, que detêm uma das maiores produções de pescado no mundo graças à ação da 
ressurgência em sua costa. As áreas de ressurgência representam apenas 1% do oceano, 
porém suportam mais de 50% da produção pesqueira mundial. (Rodrigues, 1973). Na costa 
sudeste e sul do Brasil há duas regiões onde o fenômeno de ressurgência é tipicamente 
observado: em Cabo Frio (RJ) e junto ao Cabo de Santa Marta (SC). 
A distribuição vertical da temperatura na coluna de água geralmente decresce com a 
profundidade. É possível distinguir três regiões distintas ao longo da coluna de água: (1) zona de 
mistura: se prolonga até 200 m, possui temperaturas

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