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Políticas Públicas

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POLÍTICAS PÚBLICAS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Andréa Luiza Curralinho Braga 
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CONVERSA INICIAL 
A disciplina de Políticas Públicas tem como objetivo fornecer instrumentos 
teóricos e subsídios analíticos para compreensão sobre a organização, a 
estrutura e o funcionamento dessas políticas, bem como evidenciar a sua 
correlação com a dinâmica do Estado e da sociedade. Deste modo, buscamos 
fornecer a você, aluno, uma compreensão ampliada sobre o tema e sua 
aplicabilidade em pesquisas, projetos e análises sistemáticas. 
Esta aula intenciona contribuir para a compreensão sobre políticas 
públicas e a sua relação com o Estado e a sociedade. Ainda, pretendemos 
desenvolver uma reflexão conceitual sobre políticas públicas, destacando a 
diferenciação entre políticas de Estado e políticas de governo; uma análise sobre 
políticas públicas e políticas sociais; e especificar suas diversas classificações e 
tipologias. 
TEMA 1 – ESTADO, SOCIEDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS 
A estrutura do Estado e a formulação das políticas públicas estabelecem 
inter-relações. Tendo esta relação como premissa, podemos citar o atendimento 
das demandas coletivas da sociedade de determinado território. 
Na análise de Dias (2013), o Estado é caracterizado como um fenômeno 
político, que pode ser explicitado tanto no aspecto jurídico quanto na sua função 
organizativa das demandas sociais, ou, do ponto de vista administrativo, como 
uma instituição governamental. 
Quando nos referimos à palavra “Estado”, apesar de diversas teorias para 
sua análise, é consensual que o seu conceito está atrelado à dimensão de 
totalidade da sociedade política que, conforme Dias (2013), é “o conjunto de 
pessoas e instituições que formam a sociedade juridicamente organizada em 
determinado território” (2013, p. 278). 
A estrutura organizativa do Estado na contemporaneidade é determinada 
pelo conjunto de instituições permanentes (órgãos executivos, legislativos, 
judiciário, entre outros) com funções distintas capaz de administrar ações e 
políticas governamentais. As ações governamentais são realizadas pelo 
governo, sendo este a parte mais aparente da organização estatal e que dispõe 
da possibilidade de introduzir mudanças no aparelho do Estado, bem como na 
formulação das políticas públicas. 
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Sendo assim, conforme nos apresenta Höfling (2001): 
[...] a ação do governo é caracterizada como um conjunto de projetos 
e projetos que parte da sociedade (partidos políticos, técnicos, 
organizações da sociedade civil, movimentos sociais), configurando-se 
a orientação política de um determinado grupo que assume e 
desempenha as funções de Estado durante um determinado período. 
Trazendo este enfoque, o governo é um conjunto de indivíduos que 
ocupam, na cúpula do Estado, posições de decisão administrativa e 
política que orientam os rumos da sociedade. (Höfling, 2001, p. 32) 
 O Estado tem acesso a recursos limitados, os quais devem ser utilizados 
para atender a um número significativo de demandas sociais, complexas e 
mutáveis nas sociedades contemporâneas. Diante disto, as funções estatais nos 
níveis municipal, estadual e federal necessitam de planejamento, adoção de 
critérios para aplicação de recursos, metas e objetivos a serem alcançados de 
forma eficiente e eficaz; em síntese: produzir resultados com recursos restritos. 
 Deste modo, as políticas públicas são de responsabilidade do Estado e 
executadas por governos que devem tratar das demandas coletivas por meio de 
ações que identifiquem prioridades, aplicação de investimentos e, ainda, 
utilizando planejamento para atingir objetivos e metas. 
TEMA 2 – DEFINIÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA 
Para compreender o conceito de política pública é necessário perceber as 
duas dimensões pertinentes à palavra “política”, derivadas dos países de língua 
inglesa que distinguem as palavras policy e politics. 
A primeira palavra está relacionada a um planejamento aparentemente 
neutro e racional realizado pelo Estado, na relação com decisões e ações 
concretas (policy). A segunda palavra, por sua vez, é resultante de ações dos 
atores políticos visando à defesa dos seus interesses e valores, no exercício das 
relações de poder e de influência sobre os processos decisórios (politics). 
Para Gobert, Muller (1987), políticas públicas são “instâncias empíricas 
do Estado em ação”, assim, essas interações são resultado de uma complexa 
relação entre Estado e Sociedade. 
Dessa forma, é relevante explicitar a existência de diversos 
entendimentos do que seja Política Pública e, por este motivo, buscamos 
apresentar, nesta discussão introdutória, algumas interpretações relacionadas 
ao objeto de análise. 
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Dye (1984) entende que as políticas públicas estão baseadas no que “o 
governo escolhe fazer, ou não fazer” (Dye, 1984, p. 2). Deste modo, a essência 
da política pública perpassa pelo embate em torno de ideias e interesses. 
A definição trazida por Harold Dwight Lasswell (1956), anterior à de Dye 
e muito utilizada, entende que as políticas públicas devem responder às 
seguintes perguntas: “quem ganha o quê, por quê fazê-la e que diferença faz” 
(Lasswell, 1956, p. 30). Essas questões orientariam o estudo do que, de fato, 
pode ser considerada uma política pública, indicando uma diretriz em relação às 
questões que precisariam ser respondidas para sua análise. 
Na discussão de Secchi (2013), o autor explicita que a abordagem 
estadista ou estadocêntrica das políticas públicas que enfatizam o papel do 
Estado na solução de problemas somente ocorre sendo emanada por ator estatal 
e tem como objetivo atender às demandas da população. Esta definição valoriza 
aspectos racionais e procedimentais das políticas públicas, mas desconsidera 
seu caráter conflituoso e de disputa. 
Na definição política, ressalta-se que as políticas públicas no contexto de 
regimes democráticos estão atreladas a processos decisórios que envolvem 
disputa de interesses. Assim, a sociedade é formada por diversos grupos e 
segmentos políticos carregados de ideologias, projetos políticos em disputa, 
visões de mundo, e que ditam o modo como o Estado e o governo devem agir. 
Ainda, há uma definição mais voltada ao viés normativo-administrativo, 
que define a política pública como um conjunto de projetos, programas e ações 
governamentais, uma vez que o governo toma determinada decisão e terá que 
executá-la. 
Deste modo, Secchi (2013) afirma que “a política pública está tanto 
vinculada ao conteúdo concreto como ao conteúdo simbólico de decisões 
políticas, no seu processo de construção e de atuação nas decisões” (Secchi, 
2013, p. 2). 
 Mesmo com a identificação de conceitos diferentes e significados 
distintos, o entendimento sobre políticas públicas deve abarcar uma visão 
ampliada sobre o tema. Destaca-se que o viés de análise se relaciona à ênfase 
que examina os diversos fatores numa perspectiva que busca identificar 
indivíduos, instituições, disputa de interesses e ideologias que se manifestam 
nas interações sociais. 
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TEMA 3 – POLÍTICAS PÚBLICAS: POLÍTICAS DE GOVERNO E POLÍTICAS DE 
ESTADO 
Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado 
quanto de uma política de governo. Assim, faz-se necessário entender a 
especificidade das duas distinções. 
Segundo Almeida (2016, p. 35), “a Política de Estado é a política que 
independente de qual governo e governante, a política deverá ser executada 
conforme seu aparato normativo, geralmente sendo a constituição”. Ainda, o 
autor explicita que “as Políticas de Estado são aquelas que envolvem as 
burocraciasdo Estado e acabam passando pelo Parlamento ou por diversas 
instâncias de discussão, depois de sua tramitação dentro de uma ou mais 
esferas do Estado” (Almeida, 2016, p. 35-36). 
As políticas de governo são aquelas atreladas a políticas e projetos 
relacionados à alternância de poder. Cada governo tem projetos que, durante o 
período de sua gestão, são executados pelo tempo do mandato de determinado 
grupo político e que podem ser desfeitos na mudança de governo. 
Desde modo, conforme Almeida (2016), “na política de governo o poder 
Executivo decide num processo bem mais elementar de formulação e 
implementação de determinadas medidas para responder às demandas 
colocadas na própria agenda política interna – pela dinâmica econômica ou 
político-parlamentar” (Almeida, 2016, p, 36). 
Segundo Souza (2015, p. 27), “outra caracterização das políticas de 
governo é que se podem ser institucionalizadas, dificilmente serão mudadas”. 
Um exemplo disso é o Bolsa-família, política de governo, programa distributivo 
de renda e que apresenta impactos sociais e econômicos significativos no 
atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade. 
 No caso da política de Estado, podemos citar a política de seguridade 
social (envolvendo o tripé saúde, assistência e previdência) que, 
independentemente da mudança de governo, ações devem ser realizadas para 
a concretização dessas políticas. 
TEMA 4 – POLÍTICAS PÚBLICAS, SOCIAIS E DEMAIS CLASSIFICAÇÕES 
Na discussão sobre políticas públicas e políticas sociais há, com certa 
frequência, o equívoco de identificar os termos como sinônimos. Assim, ao 
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abordarmos as diferenciações terminológicas de cada um dos conceitos, 
podemos afirmar que toda política social é uma política pública, mas uma política 
pública nem sempre será uma política social. Esta discussão se justifica, porque 
políticas públicas são mais amplas do que as políticas sociais, sendo estas uma 
das áreas das políticas públicas. 
Desta forma, ao buscar tratar a classificação das distintas políticas 
públicas e suas características setoriais, Rua (1998) indica que as políticas 
públicas podem ser classificadas em: 
a) Políticas sociais: sendo as políticas destinadas a prover o exercício 
de direitos sociais e a proteção social (que compreende todo um 
sistema de atuar nos riscos, perdas e danos sociais). Como exemplo 
de políticas sociais evidencia-se a assistência social; habitação, 
trabalho, saúde, educação, previdência social. 
b) Políticas econômicas: são as políticas cuja finalidade é a gestão 
da economia interna e a promoção da inserção do país na economia 
externa. Cita-se trabalho, finanças públicas, desenvolvimento 
econômico local, política monetária, arranjos produtivos entre outros. 
c) Políticas de infraestrutura: são as políticas destinadas a garantir 
as condições para a implementação dos objetivos das políticas 
econômicas e sociais. Como exemplo menciona-se política de 
transporte, energia, mobilidade, saneamento. 
 Tais políticas podem ser encontradas tanto no contexto do campo como 
na cidade e são garantias legais, que, embora apresentem estruturas 
setorializadas, estão estreitamente vinculadas umas às outras. 
TEMA 5 – TIPOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Existem diferentes tipos de Políticas Públicas, sendo a tipologia mais 
conhecida a apresentada por Lowi (1964), a qual se define pelos impactos das 
políticas na sociedade. Lowi indica alguns modelos que não se esgotam nas 
Políticas Públicas existentes e acredita que os tipos de políticas não são 
estanques, podendo, algumas delas, compor mais de um modelo. 
A função da tipologia serve para identificar como cada política pode se 
desenvolver, pois sistematiza e esclarece o entendimento do tema. De acordo 
com Lowi (1964 apud Secchi, 2013), os tipos de políticas públicas são: 
a) Políticas distributivas: têm como caracterização básica o seu 
benefício concentrado em um número específico de grupos, sendo 
assim uma parcela distinta da população é quem a acessa 
(categorias de pessoas, localidades, regiões, grupos sociais) com 
recursos provenientes da coletividade como um todo. 
b) Políticas redistributivas: têm característica mais conflituosa, pois 
redistribuem de determinados grupos para o acesso igualitário para 
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outros grupos. Deste modo, a principal característica desta política 
são as disputas de interesses. 
c) Políticas constitutivas: também denominadas políticas 
estruturadoras, são essas que definem as regras do jogo, ou seja, o 
desenho institucional das políticas com a previsão das normas e os 
procedimentos sobre as quais devem ser formuladas e 
implementadas as demais políticas públicas. 
d) Políticas regulatórias: regulam ações da sociedade, conformam-se 
em ordens e proibições “constitui padrões de comportamento, serviço 
ou produto para atores públicos e privados. (Lowi, 1964 apud Secchi, 
2013, p. 13) 
 Tais tipologias são instrumentos de classificação que contribuem para a 
análise das características observáveis de dado objeto. Enfatiza-se que, este 
modo é possível lidar melhor com a interpretação de dados e com a análise das 
políticas públicas. 
NA PRÁTICA 
Na discussão sobre a classificação e tipologia de políticas públicas, 
abordamos alguns conceitos que agora podem ser trabalhados e analisados na 
prática. Entre as diversas tipologias e características das políticas públicas, 
apresentamos algumas informações sobre o Plano Brasil Sem Fome e o 
Programa Bolsa Família. Com base na imagem a seguir, faça uma análise 
referente aos pontos abordados nesta aula. 
Figura 1 – Exemplos de políticas públicas 
 
Fonte: (MDS) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2003. 
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 Responda às seguintes questões: 
1. Faça uma análise sobre o plano Brasil Sem Miséria e o Programa Bolsa 
Família: as duas ações explicitadas são políticas de Estado ou políticas 
de governo? Faça uma pesquisa e explique. 
2. Sobre os tipos de políticas públicas, a qual tipologia os programas estão 
relacionados? Justifique sua resposta. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foi possível investigar alguns conceitos e fundamentos 
básicos sobre o tema Estado e Políticas Públicas. 
Foi possível apreender sobre Estado e sociedade e como a formulação 
de políticas públicas perpassa pela disputa de interesses diversos e ideologias 
com a finalidade de intervir na realidade social. 
Além disso, analisamos a base conceitual de políticas públicas, 
advertimos que há diferentes entendimentos do que sejam as políticas públicas, 
estes que perpassam esta concepção atrelada a processos decisórios que 
envolvem disputa de interesses e o viés que define a política pública como 
conjunto de projetos, programas e ações governamentais. 
Estudamos também algumas classificações das políticas públicas, sendo 
estas: políticas sociais, políticas econômicas e políticas de infraestrutura. 
Por fim, buscamos trazer a tipificação das políticas públicas com a 
caracterização de políticas públicas distributivas, políticas públicas 
redistributivas, políticas públicas regulatórias e políticas públicas constitutivas. 
 Esperamos que esta discussão geral possa contribuir como base para as 
próximas reflexões e para o seu aprofundamento analítico. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, P. R. Sobre as políticas de governo e políticas de Estado: 
distinções necessárias. Disponível em: 
<https://www.institutomillenium.org.br/artigos/sobre-politicas-de-governo-e-
politicas-de-estado-distincoes-necessarias/>. Acesso em: 1 mar. 2018. 
BONETI, L. W. Políticas Públicas por dentro. Ijuí: Unihuí, 2006. 
DIAS, R. Ciência política. 2. ed. São Paulo:Atlas, 2013. 
DYE, T. D. Understanding public policy. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall, 
1984. 
GOBERT, M. Políticas públicas. Revista Nova Atenas de Educação e 
Tecnologia, v. 10, n. 1, jan./jun. 2007, p. 47. 
SOUZA, C. Estado do campo da pesquisa em políticas públicas no Brasil. 
Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 18, n. 51. São Paulo, fev. 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v18n51/15983.pdf>. Acesso em: 
1 mar. 2018. 
HÖFLING, E. M. State and social (public) policies. Cad. CEDES, v. 21, n. 55. 
São Paulo, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? 
script=sci_arttext&pid=S0101- 32622001000300003& lng=in&nrm=iso>. Acesso 
em: 1 mar. 2018. 
LASSWELL, H. D. The decision process. Seven categories of functional 
analysis, College Park, MD: University of Maryland Press, 1956. 
LYNN, L. E. Designing public policy: a casebook on the Role of Policy Analysis. 
Santa Monica, Calif.: Goodyear. 1980 
PETERS, B. G. American public policy. Chatham, N.J.: Chatham House. 1986. 
RUA, M. G. Análise de Políticas Públicas: Conceitos Básicos. In: ______.; 
VALADAO, M. I. O estudo da política: temas selecionados. Brasília, DF: 
Paralelo 15, 1998. 
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______. Políticas públicas. Departamento de Ciências da Administração / 
UFSC; [Brasília], CAPES: UAB, 2009. 
SECCHI, Leonardo. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análises, 
casos práticos. São Paulo: CENGAGE Learning, 2013. 
Bibliografia complementar 
BRAVO. M. I.; PEREIRA, P. Política social e democracia. 3 ed. São Paulo: 
Cortez, 2005. 
GEOVANNI, G. As estruturas elementares das políticas públicas. Campinas: 
Caderno de Pesquisa n. 82, UNICAMP/NEPP, 2009. 
SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, ano 8, n. 
16. Porto Alegre, jul./dez 2006, p. 20-45. 
______. Políticas públicas: questões temáticas e de pesquisa. Caderno 
CRH 39: 11-24. 2003. 
VIANA, A. L. D.; LEVCOVITZ, E. Proteção social: introduzindo o debate. In: 
______.; ELIAS, P. E. M.; IBAÑEZ, N. (Org.). Proteção social: dilemas e 
desafios. São Paulo: Hucitec, 2005. P. 09-57. 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, discutiremos sobre o neoliberalismo e seus impactos na 
política, no pensamento filosófico, na incidência da economia e em como seus 
rebatimentos incidem na formulação das políticas públicas. O objetivo é discutir 
os pressupostos da teoria econômica do neoliberalismo e como suas políticas 
se institucionalizam após a década de 1980. 
Para isso, a primeira discussão dedica-se a abordar o conceito de 
neoliberalismo, buscando compreender suas ideias e sua perspectiva histórica. 
A segunda parte discorre sobre a crise do modelo de Estado de Bem-Estar Social 
e a adoção de políticas neoliberais por diversos governos após o Consenso de 
Washington. 
A terceira parte dos estudos reporta-se à força do neoliberalismo na 
década de 1990 e seus principais efeitos na sociedade. A quarta discussão 
refere-se às políticas públicas no contexto neoliberal. Por fim, o último fragmento 
busca abordar o neoliberalismo no contexto brasileiro, trazendo a discussão de 
seus impactos nas políticas públicas do país. 
TEMA 1 – NEOLIBERALISMO 
O Neoliberalismo, também denominado "nova forma" do liberalismo, 
surge no século XX e retoma a premissa de que a intervenção estatal deve ser 
minimizada, de modo que as questões relacionadas às dimensões sociopolítica 
e econômica passam a ser de responsabilidade das empresas privadas. 
Este modelo é discutido nos países capitalistas a partir da década de 
1940, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, e ganha força de maneira 
prática a partir dos anos 70 do mesmo século. 
As propostas do neoliberalismo são fruto direto das ideias dos pensadores 
Friedrich Von Hayek (1944), com a publicação de Caminhos da Servidão, e 
Milton Friedman (1962), com o livro Capitalismo e Liberdade. Os teóricos 
consideram a liberdade humana um importante mecanismo promotor do 
desenvolvimento social e econômico de uma sociedade. Nesse sentido, Hayek 
(1944, p. 35) afirma “que deve haver uma combinação favorável entre o Estado 
de Direito e os mecanismos de funcionamento do livre mercado – uma das 
lógicas básicas de funcionamento das economias capitalistas”. 
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No entendimento de Hayek (1944), citado por Kasahara (2008), “uma 
sociedade composta por seres humanos livres seria mais rica material e 
culturalmente, pois as possibilidades de experimentação e de inovação de seus 
membros seriam ampliadas” (Hayek, 1944 apud Kasahara, 2008, p. 402). 
Para isso, ele esquematiza suas reflexões em torno do que chama de 
existência de uma ordem espontânea, que ocorre dentro de uma perspectiva de 
encarar o conhecimento como algo fragmentado, sendo a ação do Estado 
apenas uma das formas de se lidar com este conhecimento socialmente 
produzido. 
Além disso, Hayek (1944) preza a noção de liberdade de forma mais 
eminente do que a noção de democracia, sinalizando que, em sociedades 
democráticas, podem acontecer situações em que uma grande maioria dita 
normas e regras para uma minoria sem respeitar as individualidades e as 
liberdades destes poucos indivíduos. 
Nesse sentido, devemos prezar, acima de tudo, o liberalismo para 
manutenção dos interesses particulares e das liberdades individuais nas 
sociedades contemporâneas. 
Segundo Moraes (2001, p. 30), o termo neoliberalismo incide em vários 
significados: 
1. uma corrente de pensamento e uma ideologia, isto é, uma forma de ver e 
julgar o mundo social; 
2. um movimento intelectual organizado, centros de geração de ideias e 
difusão de suas concepções; 
3. um conjunto de políticas adotadas desde o final da década de 1970 até 
dias atuais. 
 Assim, é importante destacar que existe um grande debate filosófico em 
torno do neoliberalismo que promove reflexões de sua defesa e críticas, mas é 
concreto que a teoria neoliberal é aplicada na realidade de grande parte dos 
países com sistema capitalista. É bom ressaltarmos que, na contemporaneidade, 
não há como não pensar em um entrelaçamento entre a teoria neoliberal e o 
capitalismo, pois a lógica de funcionamento de mercado preza os valores 
neoliberais da liberdade individual e da propriedade privada, implementadas no 
século XX e XXI e que seguem presentes até os dias atuais. 
 
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TEMA 2 – CRISE DO MODELO DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E 
CONSENSO DE WASHINGTON 
A teoria liberal foi predominante até a Crise de 1929, quando a eficiência 
do capitalismo foi amplamente questionada por impactos negativos que não 
cumpriam com o ideário de liberdade e a promessa de que o livre mercado 
garantiria melhores condições de vida aos indivíduos. 
Contrapondo-se integralmente à visão liberal, nasceu, então, a teoria 
keynesiana, que defendia a relevância da atuação do Estado na sociedade, na 
economia e nas demais áreas de políticas públicas e sociais. 
Com as diversas crises advindas do liberalismo, foram elaborados ajustes 
no modelo de intervenção do Estado após a Segunda Guerra Mundial. Neste 
contexto, a Inglaterra formula um modelo denominado “Plano Beveridge”, 
adotando, assim, o sistema beverigniano de política, que tem como premissa o 
acesso a direitos com caráter universal, mínimos sociais em condições de 
necessidade destinados a todos os cidadãos, financiamento promovido por 
impostos e a gestão pública estatal. Deste modo, “os princípios fundamentais do 
sistema beveridgiano são a unificação institucional e a uniformização dos 
benefícios e servirão como base política a teoria Keynesiana” (Marshall, 1967, 
s/p). 
Neste processo, o Estado tinha o papel de agente dapromoção social e 
organização da economia – emprego pleno. Ainda, tinha como premissa a 
garantia de serviços públicos e a proteção da população pela arrecadação de 
tributos. Neste contexto, o Estado também estabelece práticas do sistema 
produtivo – produz bens e presta serviços à população. 
Este modelo perdurou entre as décadas de 1950 e 1960, sendo 
estruturado de formas diversas entre os países europeus e americanos. Queiroz 
(2009) ressalta que “as políticas do Walfare State, se mostram ineficazes para 
suportar a continuidade do ciclo de prosperidade da economia mundial, vindo 
crises que o levaram a questionamentos e revisões” (Queiroz, 2009, p. 48). 
Na análise de Behring e Boschetti (2011), os reduzidos índices de 
crescimento com alta taxa de juros foram um fermento para os argumentos 
neoliberais criticarem o Walfare State, e, ainda, os impactos na economia 
trazidas pela grande recessão, devido à alta do valor petróleo em 1973. Assim, 
o início de políticas que previam a lógica de redução do papel do Estado para 
controlar a economia ganhou grande possibilidade de fortalecimento. 
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Para Behring e Boschetti (2011), o neoliberalismo se apresenta 
fundamentalmente como um receituário político-econômico de diversos países 
da Europa e dos Estados Unidos. Salienta-se que a Inglaterra foi o país que 
implementou os princípios neoliberais de forma mais “pura”, mas, por outro lado, 
a articulação para a implementação do protocolo neoliberal foi administrada 
pelos Estados Unidos, protocolo este conhecido como Consenso de 
Washington, incluindo o Congresso, a política administrativa do país e as 
instituições internacionais sediadas em Washington, como o FMI e o Banco 
Mundial. 
Anderson (1995) faz uma análise crítica das medidas adotadas no 
Consenso de Washington e comprova que tais políticas favorecem a criação de 
desemprego, a instabilidade econômica, a elevação dos preços e o retalhamento 
social. Além disso, o autor (1995) afirma que esse consenso não tratou de 
questões relevantes, como distribuição de renda e justiça social. 
TEMA 3 – IMPACTOS DO NEOLIBERALISMO NA DÉCADA DE 1990 
Após a institucionalização do neoliberalismo nos países europeus e no 
norte americano, bem como com os adventos do Consenso de Washington, há, 
na década de 1990, a incidência das políticas neoliberais também na América 
Latina (sendo somente a experiência do Chile, anterior e implementada na 
década de 1970 no governo Pinochet). Assim, ocorreu o fortalecimento das 
políticas neoliberais em grande parte dos países capitalistas. 
De modo geral, como já mencionado, os efeitos e as medidas de um 
Estado neoliberal caracterizam-se pela lógica do Estado Mínimo. Na década de 
1990, são atribuídas ações como as privatizações em massa e a abertura 
econômica dos países aos capitais estrangeiros, o que garante a ampliação da 
democracia, o controle inflacionário por meio da elevação da taxa de juros, a 
flexibilização das leis trabalhistas, dentre inúmeras outras medidas (Anderson, 
1995). 
O neoliberalismo, portanto, ganha força na década de 1990 e, seguindo a 
análise de Soares (2003), os países que não desempenham o protocolo dos 
organismos internacionais não acessam seus créditos, e, ainda, ficam com uma 
imagem negativa sobre o país, limitando suas relações internacionais. 
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A abertura financeira e comercial da década de 1990 favoreceu a entrada 
de capitais nas economias em desenvolvimento. Esse cenário pôde ser visto, de 
forma particular, nos países da América Latina, que, por serem países em 
desenvolvimento, tiveram grandes impactos econômicos e nas políticas sociais. 
Para entrada de novos capitais, fatores como programas de ajuste e reformas 
neoliberais foram os principais condicionantes desse fluxo (Sambatti, 2005). 
Os países em desenvolvimento, caracterizados principalmente na 
América Latina, passavam por dificuldades devido às altas inflações. Com a 
implementação do neoliberalismo, abriram suas barreiras comerciais, tendo uma 
forte intensificação dos processos de privatizações e a desregulamentação do 
mercado na implementação do protocolo neoliberal. 
Esses fatores, em conjunto, foram determinantes para a reinserção dos 
países em desenvolvimento no mercado financeiro internacional. Tal reinserção, 
somada com a consequente entrada de capitais nos países em 
desenvolvimento, promoveu grande atenção no meio econômico e trouxe 
diversos impactos nas políticas públicas, como será abordado na sequência. 
TEMA 4 – POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO NEOLIBERAL 
 A reestruturação, as reformas e as mudanças nas relações de trabalho 
que ocorreram após a hegemonia neoliberal provocaram importantes 
redesenhos nas políticas públicas. 
Uma das intervenções voltadas as políticas públicas é de que as ações 
que previam condicionalidades para sua estruturação extrapolavam os limites 
territoriais. Conforme Draibe: 
[...] as organizações financeiras internacionais (Fundo Monetário 
Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de 
Desenvolvimento), indicavam suas prescrições neoliberais aos países 
em desenvolvimento. A pressão exercida por estas organizações 
supostamente se produzia através da imposição de condições para a 
concessão de empréstimos para estes países endividados e com 
sérios problemas macroeconômicos. (Draibe, 1993, p. 85) 
Outro impacto identificado nas políticas públicas é que a oferta de 
empregos intermitentes e informais limita o acesso a direitos de provenientes de 
empregos estáveis, como é o caso da Previdência Social. Destacamos que, após 
a implementação das políticas neoliberais em quase toda a Europa, há a 
expansão de programas de transferência de renda. Conforme Behring e 
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Boschetti (2011, p. 10) indicam, “esses programas são condicionados à situação 
de ausência ou baixa renda, são substantivos aos salários, os beneficiários 
devem ter acima de 18 anos e mostrar disposição para qualificação profissional”. 
Deste modo, tais programas têm como tendência a lógica da focalização, 
da seletividade, pois, além de parcos recursos a serem distribuídos, também se 
estabelecia definição de critérios de acesso. Na análise de Draibe (1993), tais 
políticas pregam o trinômio articulado da focalização, privatização e 
descentralização. 
 Ainda é evidenciado o caráter limitativo dos programas, os quais rompem 
com a lógica de fortalecimento de práticas universalizantes e o acesso ampliado 
a direitos sociais. Assim, perdem o papel de centralidade do Estado nas ações 
de serviços e programas, passando esta lógica para o terceiro setor e para a 
filantropia. 
TEMA 5 – NEOLIBERALISMO E REBATIMENTO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
NO CONTEXTO BRASILEIRO NA DÉCADA DE 1990 
Definir a situação econômica do Brasil após a adoção das medidas 
neoliberais converge em algumas características comuns já evidenciadas, como 
redução do Estado, privatizações, políticas seletivas, focalizadas e seletivas. 
De qualquer modo, é relevante destacar o paradoxo das políticas 
neoliberais com os direitos implementadas concomitante a promulgação da 
Carta Magna 1988, que versa sobre políticas mais voltadas ao modelo 
beveridgiano, com características universais, de fortalecimento das políticas 
públicas e de controle social do Estado pela sociedade. 
No contexto brasileiro, as políticas de cunho neoliberal têm início no 
governo de Collor de Mello nos anos 90, seguindo até a política de Itamar 
Franco. No entanto, os ideários neoliberais são fortalecidos no governo de 
Fernando Henrique Cardoso (FHC), que segue com maior rigor as regras ditadas 
pelo Consenso de Washington. De acordo com Leme (2010), o governo de FHC 
implementou, entre outras ações: 
A lógicado investimento externo na produção ligado à transferências 
de capital para o aumento da capacidade produtiva; processo de 
elevação nos custos tarifas de serviços públicos que se privatizaram; o 
desinvestimento nas áreas de menor rentabilidade, por falta de 
interesse privado e desengajamento do Estado, isto é, uma rede de 
proteção social subordinada aos ditames do mercado; a estruturação 
complexa, mas não integrada, no que concerne à legislação específica 
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de tais setores, incluindo as agências de regulação sugeridas (Leme, 
2010, p. 115). 
A liberação da economia tinha como estratégia a modernização, a 
abertura maior do setor financeiro e a privatização de setores produtivos, tendo 
como proposta o acesso a mercados internacionais e o processo de 
fortalecimento do terceiro setor com economia. A perspectiva de solidariedade, 
conforme o programa Comunidade Solidária, consistia na lógica das iniciativas 
da sociedade civil, com a descentralização das ações do Estado e o 
fortalecimento de políticas realizadas para a sociedade civil. 
Destaca-se que este período se configurou na prática por meio de 
inúmeras privatizações de empresas estatais. A justificativa por parte dos 
defensores das privatizações e do próprio neoliberalismo gira em torno da ideia 
da diminuição dos custos do Estado na gestão de empresas estatais, além do 
preceito básico neoliberal, que defende a mínima intervenção do Estado nas 
questões econômicas. 
 No entanto, por outro lado, verificamos diversos movimentos sociais 
defendendo as empresas estatais, alegando que o governo brasileiro assume 
uma posição de “entreguismo” das riquezas nacionais, fruto da produção e 
geração de lucros da própria estatal, ao capital estrangeiro, de modo que 
empresas multinacionais e transnacionais, além de bancos e outros investidores 
particulares, estariam comprando estatais brasileiras a valores baixos, 
efetivando-se o processo de privatização. 
NA PRÁTICA 
Conforme as discussões trazidas neste tema, observe as figuras e 
responda às questões a seguir. 
Figura 1 - Neoliberalismo e relação entre Estado e mercado 
 
Fonte: https://www.estudopratico.com.br/neoliberalismo/ 
 
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Figura 2 – Privatização e impactos no país 
Fonte: 
http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/8843-
a-vale-do-rio-doce-e-o-neoliberalismo-no-
brasil-entrevista-especial-com-ivo-
lesbaupin 
 
 Fonte: Talaj/Shutterstock 
1. Referente à figura 1, analise a Charge e comente como o neoliberalismo 
influencia no Estado e Mercado. 
2. A figura 2 apresenta um caso de política de privatização no Brasil pelo 
caso da Vale do Rio Doce. Faça uma análise argumentativa justificando 
sua opinião em relação à privatização da empresa e sobre como esta 
ação dialoga com as políticas neoliberais. 
FINALIZANDO 
O tema abordado tratou da base conceitual e dos impactos políticos e 
econômicos do neoliberalismo, buscando compreender o papel do Estado e do 
mercado no desenvolvimento econômico. 
 Começamos resgatando o conceito de neoliberalismo e analisamos, em 
momentos diversos da história, como seus pressupostos impactam o 
direcionamento dos países capitalistas. 
Seguimos falando sobre o processo de transição do Estado de Bem-Estar 
Social e a institucionalização do neoliberalismo, na análise sobre o Consenso de 
Washington, com impactos de seu protocolo a serem implementados em 
diversos países. 
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Na sequência, analisamos como os ideários neoliberais se firmam na 
década de 90, destacando sua inserção em países latino-americanos e seu 
fortalecimento. 
Depois disso, discutimos sobre as políticas públicas neoliberais e como 
elas têm ênfase na diminuição do papel do Estado e na ação pautada em 
setorialização, focalização e descentralização, contando com a atuação em 
destaque do terceiro setor. Por fim, buscamos abordar as interações das 
políticas neoliberais no Brasil. 
 Deste modo, é relevante refletir sobre como os impactos do 
neoliberalismo influenciam diretamente na condução das políticas públicas. 
REFERÊNCIAS 
ANDERSON, P. Balanço do neoliberalismo. In: GENTILI, P.; SADER, E. (Org.). 
Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. São Paulo: 
Paz e Terra, 1996, p. 9-38. 
BEVERIDGE, W. Social insurance and allied services. London: His Majesty's 
Stationery Office, 1943. 
BEHRING, E. Política social no capitalismo tardio. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000. 
______. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. São Paulo: 
Cortez, 2011 (Biblioteca básica de serviço social; v.2). 
DRAIBE, S. M. As políticas sociais e o neoliberalismo: reflexões suscitadas pelas 
experiências latino-americanas. Revista USP, n. 17, São Paulo, 1993. 
FRIEDMAN, M.; FRIEDMAN, R. Liberdade de escolher: o novo Liberalismo 
Econômico. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Record, 1980. 
HAYEK, F. A. O caminho da servidão. 4. ed. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 
1987. 
LEME A. A. Neoliberalismo, globalização e reformas do Estado: reflexões 
acerca da temática. Barbarói. 2010, p. 114-138. 
MARSHALL, T. Política social. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. 
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MORAES. R. C. Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai? São Paulo: 
Senac Editora, 2001. 
SAMBATTI, A. A Relação entre os Fluxos de Capitais e a Vulnerabilidade 
Externa nas Economias em Desenvolvimento. 2005. Disponível em: 
<http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/IVSeminario/IVSeminario/Artigos/
03.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2018. 
SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas 
causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 
SOARES, M. C. C. Banco Mundial: políticas e reformas. In: TOMMASI, L.; 
WARDE, M. J.; HADDAD, S. O Banco Mundial e as políticas educacionais. 
3. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 
Bibliografia complementar: 
BEHRING, E. R. Política social no capitalismo tardio. São Paulo: Cortez, 
1998. 
CEPAL. Panorama social da América Latina. Nações Unidas/CEPAL 
(documento informativo), 2009. 
SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1996. 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
O assunto desta aula tratará sobre a diversificação do campo de 
conhecimento sobre a ciência das políticas públicas, trazendo como ênfase o 
histórico de pesquisa e as possibilidades de atuação no contexto brasileiro. No 
início, debateremos sobre as três características originárias das políticas 
públicas: normatividade, multidisciplinaridade e resolução de problemas 
públicos. 
Na segunda discussão, trabalharemos as diferentes abordagens sobre 
políticas públicas, buscando ressaltar variadas correntes e como se expressa a 
viabilidade de aplicação na prática das distintas concepções. 
Na terceira parte, evidenciaremos tipos de estudos distintos no âmbito da 
ciência da política pública. No quarto fragmento, discutiremos sobre o histórico 
de estudos e modelos de análises de políticas públicas no Brasil, evidenciando 
algumas perspectivas e referenciais. 
Para finalizar a aula, abordaremos o papel do analista de políticas públicas 
no contexto brasileiro e suas possibilidades de atuação. 
TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS ORIGINÁRIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS COMO 
CIÊNCIA 
 No campo da ciência, o estudo das políticas públicas é dedicado à matéria 
de problemas públicos, instrumentos, atores sociais, redes e instituições. Tudo 
isso forma um campo de estudos que recebe influências de uma série de áreas 
do saber, como economia, sociologia, engenharia, ciência política, psicologia 
social, administração pública, direito, entre outras disciplinas. 
 A ciência da políticapública tem sua base instrumental na obra de Lerner 
e Lasswell (1951), The Policy Sciences. Os autores buscaram construir um 
conhecimento aplicado, voltado ao enfrentamento de problemas públicos 
concretos, provendo mecanismos argumentativos e técnicos. Assim, Lerner e 
Lasswell utilizam o termo policy orientation, ou “orientação para política pública”, 
definido, em linhas específicas, como procedimentos de sistematização, 
interpretação e operacionalização de pesquisas neste campo. 
Na análise de Lesswell (1951), Howlett, Ramesh, Perl (2013), a ciência da 
política pública apresenta três características originárias: 
 
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1. normatividade; 
2. multidisciplinaridade; 
3. foco na resolução de problemas públicos. 
Conforme aborda Secchi (2016), depois de referenciar as três 
características originárias, o autor inicia sua análise sobre a normatividade, que 
passou a ter relação estreita com a pesquisa positiva, neutra, contrária à 
explicitação de valores. 
Deste modo, a ênfase de análise pela perspectiva da normatividade se 
baseia pela ideia de que a ciência da política pública não pode se cobrir sob a 
aparência de “objetividade ou neutralidade científica”, “devendo reconhecer a 
necessidade de andarem juntos os objetivos e os meios, os valores e as técnicas 
no estudo das ações governamentais” (Secchi, 2016, p. 35). 
Sobre a característica da multisciplinariedade, esta figuração cedeu 
espaço a vocabulário próprio, esquemas, análises e referenciais-teóricos 
distintos de campo interdisciplinar de política pública. Destarte, a 
multidisciplinaridade diz respeito ao fato de a ciência da política pública 
incorporar trabalhos e descobertas de diferentes campos do conhecimento, 
como a sociologia, economia, direito, administração, política, entre outros. 
Por último, Secchi (2016) fala sobre o ânimo para a resolução de 
problemas, explicitando que este tópico “incorpora os outros dois elementos e 
adquire maior importância no processo da public policy-making (formulação de 
políticas públicas). Portanto, esse é o elemento que implica a intenção e a ação 
correspondente que torna possível solução dos problemas” (Secchi, 2016, p. 36). 
 Na atualidade, os trabalhos empíricos e teóricos sobre as atividades 
governamentais vêm surgindo cada vez mais no cenário mundial; no contexto 
brasileiro, tem-se a compreensão ampliada sobre as políticas públicas. Ressalta-
se que as propostas iniciais de Lasswell, Lerner e de seus seguidores 
permanecem atuais e continuam a proporcionar as bases para a condução dos 
estudos e das análises de grande relevância. 
TEMA 2 – DIFERENTES ABORDAGENS E DISTINÇÕES ANALÍTICAS SOBRE 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
Nesta discussão, trabalharemos diferentes abordagens de análise sobre 
políticas públicas, caracterizando seus fins e meios, buscando ressaltar variadas 
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metodologias e explicando como se procede a finalidade de prática desta 
ciência. Para Secchi (2016): 
A expansão e institucionalização da ciência da política pública 
diversificou-se em fins (objetivos de estudos) e meios (metodologias). 
Do ponto de vista da finalidade os estudos podem ser descritivos e 
prescritivos, sendo possível combinar as distintas finalidades na 
produção de conhecimento. 
Nos estudos descritivos a ênfase de análise se expressa por 
construir teorias, mediante a descrição e explicação dos tipos de 
políticas públicas, comportamento de atores sociais, redes e 
instituições nos diversos momentos que compõem a política pública. 
(Secchi, 2016, p. 40) 
Indicativo à metodologia, os estudos descritivos podem ser indutivos, em 
que o pesquisador realiza sua investigação com base de dados empíricos 
quantitativos e qualitativos – estudos de casos, séries e históricos. Tal 
abordagem propicia a elaboração de sínteses conceituais, constrói hipóteses e 
teorias. Ainda, existe a opção das metodologias dedutivas, quando o 
pesquisador parte de axiomas, hipóteses e teorias abstratas para testá-las na 
prática. 
Alusivo a tais estudos prescritivos, ressalta-se a intencionalidade de 
desenvolvimento e o apontamento de como deveriam ser, indicando 
recomendação, orientação, intervenção. Os estudos prescritivos baseiam-se nos 
valores de equidade, eficiência, eficácia, resiliência, entre outros. Além disso, 
realizam estudos empíricos. 
Para Secchi (2016), os estudos prescritivos podem fazer uso dos métodos 
prospectivo e retrospectivo. No método prospectivo, o foco se dá em 
predições e conjecturas de o que pode acontecer ao se executar determinada 
política, como no caso a ser exemplificado da prospecção de como a Reforma 
Previdenciária pode atingir a vida dos brasileiros se forem aprovadas suas 
mudanças. 
Os estudos retrospectivos observam fenômenos já ocorridos no tempo 
e refletem sobre como é o funcionamento das políticas públicas já 
implementadas. 
Adverte-se que nos estudos de políticas públicas há espaço para estudos 
simultâneos que podem ser combinados e agregam mais fins na produção do 
conhecimento. 
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TEMA 3 – TIPOS DE ESTUDOS EXISTENTES NA CIÊNCIA DA POLÍTICA 
PÚBLICA 
 Na divisão metodológica, identifica-se tipos de estudos existentes na 
ciência da política pública. Vejamos a figura abaixo sobre as distintas tipologias. 
Figura 1 – Ciência das Políticas Públicas e seus tipos de estudo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: ONU 
 Referente à especificidade de cada tipo de estudo, Secchi (2016) inicia 
com a compreensão sobre análise de políticas públicas, sendo entendida, na 
literatura internacional, como atividade racionalista, argumentativa, para o 
suporte de tomada de decisão. Tem objetivo prático prescritivo e indica métodos 
prospectivos para elaboração, projeção e recomendação de políticas públicas 
concretas. 
 Referente à pesquisa em políticas públicas (policy research), tem como 
proposta a construção teórica e utiliza métodos indutivos. 
Possui natureza descritiva e busca entender como as políticas públicas 
se ampliam. Esses conteúdos têm como enfoque a explicação dos 
conteúdos das políticas públicas, do comportamento dos atores que 
influenciam na política, estilos de políticas públicas, instituições formais 
e informais e fases do processo. (Secchi, 2016, p. 42) 
 A avaliação de políticas públicas, por sua vez, tem a proposta de 
instrumentalização prática (prescritiva) e de uso de métodos retrospectivos ou 
de processo. 
É atividade instrumental para a geração de informações importantes 
para a manutenção, ajustes e extinção das políticas, geralmente aplica 
critérios, indicadores e índices para avaliar as qualidades e deficiências 
das políticas públicas. (Secchi, 2016, p. 43) 
 
 
 
 
 
Análise de 
Políticas 
Públicas 
 
Pesquisa de 
Políticas 
Públicas 
 
Avaliação de 
Políticas 
Públicas 
 
Teoria da 
Escolha Pública 
 Ciência da Política 
Pública 
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Por último, a teoria da escolha pública (public choice theory) tem como 
objetivo a construção teórica de métodos dedutivos. É indicada como uma linha 
de aplicação da teoria de escolha pública no campo das políticas públicas e 
análise institucional. Tem como paradigma um modelo derivado de teoria 
econômica que atente à influência das regras de decisão, incentivo e 
comportamento de atores sociais, custos de informação e transação e efeitos 
provocados (Secchi, 2016, p. 46). 
 Ressalta-se que, na ciência das políticas públicas, há possibilidade de 
combinações de diferentes atividades e formas de sistematizações, destacando, 
neste tópico, a relevância de diferenciação de cada uma das concepções. 
TEMA 4 – MODELOS DE ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO 
BRASILEIRO 
Estetópico tem como objetivo incitar uma discussão teórico-metodológica 
acerca de concepções e análises de políticas públicas no Brasil. Discutem-se 
algumas das contribuições das abordagens, principalmente as trazidas nas 
últimas três décadas no contexto brasileiro, que ganharam espaço e importância 
dentro da ciência política e de outras áreas do saber. 
Na análise de Frey (2000), no Brasil, há estudos que analisam as 
estruturas e instituições ou a caracterização dos processos de negociação das 
políticas setoriais específicas. 
Deve-se atentar para o fato de que programas ou políticas setoriais 
foram examinados com respeito a seus efeitos e que esses estudos 
foram antes de mais nada de natureza descritiva com graus de 
complexidade analítica e metodológica bastante distintos. (Frey, 2000, 
p. 2015) 
No mapeamento dos modelos, conforme nos indica Dye (2014), há 
diversos modelos para entendimento da vida política, sendo: 
 Modelo Institucional: tem como foco a análise de estruturas, suas 
atribuições e suas funções, sem indagar sistematicamente os impactos 
para tais políticas. 
 Teoria dos grupos: A teoria dos grupos principia com a conjectura de 
que o intercâmbio entre os grupos é o fato importante da política. A política 
pública é, em qualquer momento do tempo, a balança que determina 
grupos e facções que buscam estabelecer a política em seu favor. 
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 Teoria das elites: Este modelo pode ser visto conforme o prisma de 
preferências e valores das elites dominantes. Traz como ênfase que as 
políticas públicas moldam os interesses das elites. 
 Racionalismo: reforça a ideia de que a política racional é a que produz 
“ganho social máximo”, isto é, as políticas devem produzir maiores 
benefícios em relação aos seus custos. Não está ligado aos termos 
estritamente monetários, mas a “cálculos” de valores sociais, políticos e 
econômicos. Entra, nesta análise, a teoria dos Teoria dos jogos: estudo 
de decisões racionais que depende da escolha de quem as faça. 
 Teoria da opção pública: estuda os comportamentos na arena pública e 
presume que os indivíduos perseguem seus interesses e partem da 
premissa de que os atores políticos buscam tornar máximos seus 
benefícios pessoais na esfera política e no mercado. 
 Teoria sistêmica: trata as políticas públicas como produto do sistema 
político. A palavra “sistema” sugere diversas instituições e atividades da 
sociedade civil organizada, para transformar demandas em deliberações 
oficiais. 
Menciona-se que este tópico tem o caráter introdutório de especificação 
dos modelos. Cada referencial apresenta distintas metodologias e parâmetros 
para entendimento das políticas públicas. Desta forma, destaca-se a importância 
de compreender as características centrais para aplicação de cada modelo. 
TEMA 5 – O PAPEL DO ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO 
BRASILEIRO E SUAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO 
O analista de políticas públicas é um ator técnico-político que realiza a 
análise relacionada a problemas públicos, criação de alternativas, coleta de 
dados, tratamento de dados, organização e mediação de reuniões com atores 
políticos e grupos de interesse. 
Segundo Vatsman, Ribeiro e Andrade (2013), o analista em políticas 
públicas é mais definido como uma atividade do que como uma profissão. No 
Brasil, existem cargos e funções que preveem a atuação do analista em políticas 
públicas. Entre esses profissionais, estão: cientistas políticos, engenheiros, 
assistentes sociais, profissionais de relações internacionais, advogados, entre 
muitos outros. 
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O analista de políticas públicas atua em organizações como Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Centro Brasileiro de Relações 
Internacionais (CEBRI), Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), 
entre outros. Ainda, podem atuar em diversas carreiras dos governos federal, 
estadual e municipal. 
Como expressam Mayer, Daaler e Bots (2013), os analistas de políticas 
públicas devem ter as seguintes habilidades: 
 Pesquisar e analisar: coletar informações com pessoas e em 
documentos e dar tratamento analítico aos processos; 
 Estruturar e recomendar: usar a capacidade criativa para novas opções 
adequadas ao contexto de análise e formalizar recomendações para os 
formadores de opinião; 
 Democratizar: criar espaços de debates para diversos grupos sociais e 
cidadãos, trazendo conhecimento e distintas experiências; 
 Mediar: agir como facilitador de debates em processos participativos 
garantindo a voz a todos. (Mayer, Daaler, Bots, 2013 apud Secchi, 2016, 
p. 17). 
As habilidades e competências de um analista em políticas públicas 
apresentam muitas opções de ação profissional, além de reunirem evidências e 
argumentos para indicar linhas de intervenção e resolução de problemas 
públicos concretos. 
NA PRÁTICA 
Modelos de políticas públicas: da teoria à prática 
Muitas pessoas têm suas próprias visões a respeito de como se formula, 
decide e implementa uma política pública. Essas visões são representações 
simplistas do mundo real. Os teóricos políticos buscam analisar, de forma mais 
elaborada, suas visões sobre o sistema político e são expressos na forma de 
modelos de análise. 
Assim, construa um quadro-síntese, especificando os principais modelos 
de análise e, ao lado, indique um caso concreto que poderia ser aplicado na 
prática. 
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FINALIZANDO 
Nesta aula, falamos sobre as três características originárias das políticas 
públicas: normatividade, multidisciplinaridade e resolução de problemas 
públicos. 
Relacionados às diferentes abordagens de análise sobre políticas 
públicas, os estudos podem ser descritivos ou prescritivos, tendo métodos 
distintos para cada forma de investigação. 
Ainda, discutimos sobre os tipos de estudos na ciência da política pública, 
sendo: (i) análise de políticas públicas; (ii) pesquisa de políticas públicas; (iii) 
avaliação de políticas públicas; (iv) teoria da escolha pública. 
Na sequência, apresentamos a seleção de modelos que buscam entender 
as políticas públicas pelos vieses de análise institucional, teoria dos grupos, 
teoria das elites, racionalismo, teoria da opção pública e teoria sistêmica. 
 Para finalizar a aula, enfatizamos o papel do analista de políticas públicas 
e suas mais diversas possibilidades de atuação e instituições de inserção. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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HEIDEMANN, F. G. SALM, J. F. (Org.). Políticas públicas e desenvolvimento: 
bases epistemológicas e modelos de análises. 3 ed. Brasília: Universidade de 
Brasília, 2014. 
FREY, K. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à 
pratica da análise de políticas públicas no Brasil. Revista Planejamento e 
Políticas Públicas (jun.), IPEA, 2000, p. 212-259. 
HOWLETT, M.; RAMESH; M. PEARL, A. Política pública: seus ciclos e 
subsistemas, uma abordagem integral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 
LASSWELL, H. D. The Policy Orientation. In: LERNER, D.; LASSWELL, H. The 
policy sciences: recent developments in scope and method. Stanford University 
Press, 1951. 
MAYER, I. S.; DAALEN, C.; BOTS, P. W.G. Perspectives on policy analysis: a 
framework for understanding and design. In: THISSEN, W.; WALKER, W. Public 
Policy analysis: new development. Nova York: Springer, 2013. 
SECCHI, L. Análise de políticas públicas: diagnósticos de problemas, 
recomendação de soluções. São Paulo: CENGAGE Learning, 2016. 
VAINTSMAN, J.; RIBEIRO, J. M.; ANDRADE. Profissionalisation of policy 
analysis in Brasil. In: VAINTSMAN, J.; RIBEIRO; LOBATO, L. Policy analisysin 
Brazil. Bristol: Policy Press, 2013. 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, o foco de nossa discussão será o desenvolvimento econômico e a 
relação que ele estabelece com as políticas públicas, além de evidenciar como 
tais relações se materializam no contexto brasileiro e internacional. 
Em um primeiro momento, esta aula pretende abordar os conceitos de 
desenvolvimento econômico e a diferenciação entre modernização e 
crescimento econômico. 
 Na sequência, falaremos sobre a concepção de desenvolvimento 
sustentável e a atualidade deste conceito, bem como aprofundaremos o 
entendimento pautado sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) 
e suas possibilidades de implementação. 
Em seguida, o enfoque será na apresentação de dados e na análise do 
desenvolvimento econômico aplicado nas políticas públicas. Para finalizar, 
citaremos o debate sobre as políticas macroeconômicas, explicitando a 
discussão das políticas fiscal e monetária. 
TEMA 1 – CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 
MODERNIZAÇÃO E CRESCIMENTO 
 O conceito de desenvolvimento econômico, nas diversas literaturas, está 
relacionado aos efeitos promovidos pelo processo após a industrialização que 
atinge diretamente o âmbito da economia nos contextos macro e micro social. 
Do ponto de vista teórico, há consenso de que o conceito de 
desenvolvimento econômico significa o aumento persistente da renda real da 
economia de determinada região, país, estado ou município em conjunto com a 
condição qualitativa da vida da população. 
Entretanto, conforme ressaltam Cohen e Berlinck (1970), é relevante 
mencionar que o aumento constante da renda real de uma economia pode 
favorecer um percentual da população e não alcançar outros. Basta observar a 
desigualdade socioeconômica de determinados territórios e a concentração de 
renda de outras regiões. Essa discrepância sugere que deve haver uma distinção 
entre o aumento da renda real e os admissíveis resultados de tal processo 
produz. 
 
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Deste modo, Cohen e Berlinck (1970) indicam que “o crescimento 
econômico significa o aumento persistente da renda real de uma economia” 
(1970, p. 48). O crescimento econômico alude ao crescimento da capacidade da 
economia e, portanto, da produção de bens e serviços de distinto país ou área 
econômica. Assim, entende-se que tal aumento nem sempre afetará 
essencialmente o padrão de vida da população em sua totalidade. 
Ressalta-se, deste modo, que “quando há o aumento da riqueza nacional 
que atinge todos os segmentos da população de maneira homogênea ou quando 
beneficia uma parcela substancial da população, entende-se que há o 
desenvolvimento econômico” (Cohen; Berlinck,1970, p. 49). 
Para Bresser Pereira (2008), o desenvolvimento econômico de um país 
ou estados-nação “é o processo de acumulação de capital e incorporação de 
progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da produtividade, 
dos salários, e do padrão médio de vida da população” (Bresser Pereira, 2008, 
p. 30). 
Conforme a análise de Singer (1977), o desenvolvimento econômico é um 
processo de transformação qualitativa da estrutura econômica. Nesse processo 
de desenvolvimento, estão implícitos os fenômenos socioeconômicos que 
necessariamente o acompanham. São eles: 
1. aumento do acesso a trabalho e renda; 
2. melhoria do padrão de vida tanto da população urbana como da rural; 
3. elevação de seu nível educacional; 
4. índices reduzidos de desigualdade e violência; 
5. acesso à moradia, transporte, saneamento, entre outros. 
A distinção entre esses conceitos sugere, portanto, “que para haver 
desenvolvimento deve haver crescimento econômico. O inverso, entretanto, não 
é necessariamente verdadeiro” (Singer, 1977, p. 30). 
Além de desenvolvimento e crescimento econômicos, ressalta-se, ainda, 
o conceito de modernização, definido como o processo pelo qual são 
introduzidos numa sociedade os produtos, quer sejam materiais (bens e 
mercadorias) relacionados à inovação e tecnologia, quer sejam sociais (hábitos, 
valores, formas características de comportamento com produtos). Assim, o 
processo de modernização não implica, necessariamente, em crescimento 
econômico ou na melhoria das condições de vida da população. 
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Referente à modernização, “alude a dimensões extra-econômicas da 
mudança social e implica na transformação do comportamento social de uma 
população” (Cohen; Berlinck,1970, p. 49). 
 Menciona-se que o conceito de desenvolvimento econômico tem distintas 
interpretações, por isso, buscamos abarcar, neste tema, o consenso entre 
teóricos e a diferenciação dos conceitos de crescimento e modernização, que 
facilmente são confundidos. 
TEMA 2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável é relativamente 
recente, datando de 1987 e sendo apresentado por Gro Harlem Brundtland em 
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no relatório 
denominado “Nosso Futuro Comum”. O documento parte de estudos da 
Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas como uma 
resposta à humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo 
passava a partir da segunda metade do século XX. 
O documento tem como centralidade a ideia de um crescimento 
econômico eficiente e racional, que satisfaça as necessidades das gerações 
presentes sem comprometer o direito das gerações futuras em ter suas 
necessidades supridas e garantidas. 
O conceito de desenvolvimento sustentável (Chacon, 2007) traduz a 
preocupação com o desenvolvimento e o papel do homem dentro desse 
processo, bem como ressalta que o desenvolvimento visa à liberação da 
personalidade humana, o autocontrole das necessidades materiais pelo 
indivíduo, do que sobre um controle social do consumo (Chacon, 2007, p. 121). 
Para Sachs (1993), é indispensável a existência de um planejamento 
sistemático para pensar na condição social de determinado contexto e nas 
possibilidades e incidência de desenvolvimento. 
Sachs (1993), ainda, ressalta a importância do planejamento, mas de um 
planejamento realista e realizável, que permita o estudo sério e aprofundado das 
condições que envolvem dado projeto, que vise desenvolver um espaço em certo 
tempo, mas também caracterizar todas as debilidades encontradas, permitindo, 
assim, a antecipação de falhas. 
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Para Sachs (1993, p. 37), todo o processo de desenvolvimento precisa 
levar em conta, simultaneamente, as seguintes dimensões da sustentabilidade: 
Sustentabilidade social: criação de um processo de desenvolvimento 
que seja sustentado por um outro crescimento e subsidiado por uma 
visão de sociedade pautada em valores coletivos, onde a meta é 
construir uma civilização com maior equidade na distribuição de renda 
e de bens. 
Sustentabilidade econômica: alocação mais eficiente dos recursos, 
inclusive entre as nações e deve ser medida em termos macrossociais, 
e não apenas através do critério da rentabilidade empresarial de 
caráter microeconômica. 
Sustentabilidade ambiental: trata do respeito em realçar a 
capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais; trata da 
capacidade do Estado para implementar um projeto nacional, em um 
nível razoável de coesão social, regulado na democracia como 
apropriação universal dos direitos humanos; 
Sustentabilidade política (Internacional): pautada na prevenção de 
guerras, garantia da paz, pacto Norte-Sul de co-desenvolvimento 
baseado no princípio da igualdade, proteção ao meio ambiente e na 
cooperação internacional 
Sustentabilidade ecológica: potencializar os recursos do planeta; 
limitar o uso de recursosnão-renováveis e ampliar a utilização, de 
forma adequada, dos recursos renováveis; diminuir a poluição e 
aumentar a reciclagem; conscientizar para a limitação do consumo por 
países e indivíduos; aumentar as pesquisas para descobrir tecnologias 
limpas; normatizar, institucionalizar e instrumentar a proteção ao meio 
ambiente. 
Sustentabilidade espacial: equilíbrio entre as zonas rurais e urbanas, 
distribuindo melhor por estas as atividades econômicas e humanas. 
Sustentabilidade cultural: promover o desenvolvimento local, 
levando-se em conta os saberes locais, suas culturas e identidades. 
(Sachs, 2009, p. 58) 
 Tais características, em relação à dimensão de pactuação internacional, 
entendem que a sustentabilidade consiste em encontrar meios de produção, 
distribuição e consumo dos recursos existentes de forma mais coerente, 
economicamente eficiente e ecologicamente viável. 
TEMA 3 – OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) 
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são metas que 
devem ser assumidas por todos os países membros da ONU após 2015. Os 
ODS foram construídos e norteados pelos Objetivos do Desenvolvimento do 
Milênio (ODM), tendo uma agenda sustentável que deve guiar a atuação da 
sociedade até 2030. No total, são 17 objetivos e 169 metas que podem ser 
divididas em 5 grandes áreas: Pessoas, Planeta, Paz, Prosperidade e Parcerias. 
 
 
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Figura 1 – 17 Objetivos da ODS 
 
Fonte: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e-
meio-ambiente/134-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods>. 
As diretrizes dos ODS têm como foco principal os três pilares da 
sustentabilidade: eixo social, ambiental e econômico. O que diferencia os ODM 
dos ODS é que as ações dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio eram 
focadas nas questões sociais, principalmente em relação às dificuldades dos 
países em desenvolvimento, envolvendo pouco o eixo econômico e a relação de 
políticas públicas que poderiam, de fato, incidir nas condições de vida da 
população com ênfase na erradicação da pobreza, o que é o foco dos ODS. 
Os ODS foram elaborados de maneira colaborativa, por meio de diversas 
consultas públicas, participação de diversos grupos e organizações. Os novos 
objetivos fazem parte de um conjunto de ações de prioridades globais para que 
o desenvolvimento sustentável seja alcançado. 
 No Brasil, em julho de 2017, foi produzido um conjunto de “documentos 
temáticos” (issue papers) que apresenta temas e questões que o Sistema ONU 
no Brasil considera relevantes no âmbito do processo de implementação da 
Agenda 2030. 
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TEMA 4 – POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO: PRINCIPAIS 
MODALIDADES 
 A análise sobre políticas públicas e desenvolvimento se relaciona ao 
debate sobre processos que submergem os limites e as possibilidades político-
administrativo, bem como a participação da sociedade em geral para atuar em 
necessidades concretas da população. 
 No caráter político-administrativo, nas ações de intervenção do governo e 
em suas prerrogativas, bem como na atuação da sociedade, o processo 
relacionado a policymakers infere que todos os cidadãos têm como direito e 
dever a contribuição para o processo de formulação das decisões sobre as 
políticas. 
Segundo Teixeira (2008), é importante considerar alguns tipos de políticas 
na definição da forma de atuação no que diz respeito à formulação e à 
implementação, de modo que vários critérios podem ser utilizados. Assim, sobre 
a natureza ou o grau da intervenção nas políticas públicas, Teixeira (2008) 
aborda a existência da lógica e apresenta, para tal, duas opções: a) estrutural – 
busca interferir em relações estruturais como renda, emprego, propriedade etc.; 
b) conjuntural ou emergencial – objetiva amainar uma situação temporária, 
imediata. 
Quanto à abrangência dos possíveis benefícios: a) universais – para todos 
os cidadãos; b) segmentais – para um segmento da população, caracterizado 
por um fator determinado (idade, condição física, gênero etc.); c) fragmentadas 
– destinadas a grupos sociais dentro de cada segmento. 
 A concepção de políticas públicas varia conforme a orientação da política. 
A visão liberal opõe-se à universalidade dos benefícios de uma política social. 
Na visão socialdemocrata, concebem-se os benefícios sociais como proteção 
aos mais vulneráveis, como compensação aos desajustes do sistema, de modo 
que as políticas públicas têm papel regulador das relações econômico-sociais. 
 No contexto brasileiro, após a constituição de 1988, há o processo de 
descentralização político administrativa, em que o município tem autonomia para 
definir suas políticas e aplicar seus recursos sendo definidas no Artigo 30 da 
Constituição Federal, entre: 
1. legislar sobre assuntos de interesse local, expressão bastante 
abrangente, detalhada na Lei Orgânica; 
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2. instituir e arrecadar impostos sobre serviços, predial urbano, transmissão 
intervivos de bens imóveis, varejo de combustíveis líquidos; 
3. regular matérias conforme peculiaridades locais, ou, em caso de omissão 
de outra esfera, não sendo competência exclusiva, preencher a lacuna. 
TEMA 5 – POLÍTICAS MACROECONÔMICAS (POLÍTICA MONETÁRIA E 
FISCAL) 
As políticas macroeconômicas são implementadas em diversas situações 
em um país. Basicamente, o objetivo primordial da atividade econômica é 
proporcionar um volume de bens e serviços finais para atender às necessidades 
e aspirações da população. Contudo, muitas vezes, o desempenho da economia 
passa por desequilíbrios cíclicos, que podem gerar desemprego, aumento de 
preços, queda na produção e baixa transação com o exterior. 
Em um cenário recessivo como esse, os formuladores de políticas 
públicas podem lançar mão de políticas macroeconômicas para reconduzir o 
crescimento econômico, entre essas, destacamos a política monetária e fiscal. 
Segundo Hubbard e O'Brien (2010), a política monetária se configura 
como o instrumento básico do controle da oferta de moeda e define a liquidez da 
economia como um todo, atuando sobre a taxa de juros. Praticamente todos os 
objetivos da política macroeconômica podem sofrer a influência do suprimento 
monetário, da oferta de crédito e da taxa de juros. 
Atualmente, é uma das formas mais utilizadas pelas autoridades para 
intervir na economia. A política monetária é um instrumento relevante por meio 
do qual as autoridades governamentais atuam visando a estabilidade econômica 
de um país. 
De acordo com Hubbard e O'Brien (2010), um dos instrumentos de 
controle monetário são as reservas compulsórias, que consistem no valor 
depositado pelos bancos comerciais para o Banco Central. Quanto maior a taxa 
dessas reservas, menor será a oferta de moeda. 
Ainda, há a taxa de redesconto, uma taxa de juros cobrada pelo Banco 
Central para empréstimo de dinheiro aos bancos comerciais (quanto maior essa 
taxa, menor a oferta monetária) e as operações de mercado aberto, que compra 
e vende títulos para controlar a liquidez da economia. 
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A política fiscal, por sua vez, se refere a todos os instrumentos de que o 
governo dispõe para arrecadar tributos (política tributária) e controlar suas 
despesas (política de gastos). A política tributária, além de influir sobre o nível 
de tributação, é utilizada por meio da manipulação da estrutura e alíquota dos 
impostos para estimular (ou inibir) os gastos com consumo do setor privado. 
Estes afetam o nível de demanda da economia. A arrecadação afeta o 
nível de demanda ao influir na renda disponível que os indivíduos 
poderão destinar para consumo e poupança. Dado um nívelde renda, 
quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível, e menor 
o consumo (Hubbard; O'Brien, 2010, p. 986). 
 Em síntese, as políticas macroeconômicas procuram manter a produção 
agregada crescente, trabalhar com os mais baixos níveis de desemprego, 
manter os preços estáveis e equilibrar as contas externas. 
NA PRÁTICA 
Sobre a apresentação das políticas de desenvolvimento econômico no 
Brasil, pesquise sobre políticas macroeconômicas implementadas nos últimos 
anos no contexto brasileiro e justifique se tais políticas têm relação com os 
objetivos do desenvolvimento sustentável. 
FINALIZANDO 
Para finalizar esta aula, resgatamos os conceitos sobre desenvolvimento 
econômico, crescimento econômico e modernização, despontando suas 
especificidades e características. 
Depois, buscamos ampliar a discussão sobre sustentabilidade, 
identificando, para tanto, suas diversas modalidades: (i) sustentabilidade social; 
(ii) sustentabilidade econômica; (iii) sustentabilidade ambiental; (iv) 
sustentabilidade política; (v) sustentabilidade ecológica; (vi) sustentabilidade 
espacial; (vii) sustentabilidade cultural. 
Pontuamos os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e os 
compromissos assumidos no contexto brasileiro para efetivação de políticas para 
implementação desses objetivos. Ainda, falamos sobre a relação entre as 
políticas públicas e o desenvolvimento e o processo que envolve a natureza ou 
o grau da intervenção nas políticas públicas, na lógica: (i) estrutural; (ii) 
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conjuntural ou emergencial. E a abrangência dos benefícios: (i) universais; (ii) 
segmentais, (iii) fragmentadas – destinada a grupos sociais dentro de cada 
segmento. 
 Destacamos o processo de descentralização político administrativa, o 
papel dos municípios na definição das políticas prioritárias da população. E, no 
último tema, discorremos sobre as políticas macroeconômicas, apresentando 
como ênfase as políticas monetárias e fiscais. 
 
REFERÊNCIAS 
BERLINCK, M. T.; COHEN, Y. Desenvolvimento econômico, crescimento 
econômico e modernização na cidade de São Paulo. Rev. Adm. Empresas, 
1970, v. 10, n. 1, p. 45-64. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-
75901970000100003>. Acesso em: 4 mar. 2018. 
BRESSER-PEREIRA, L. C. Crescimento e desenvolvimento econômico. Rio 
de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2008. 
CHACON, S. S. O sertanejo e o caminho das águas: políticas públicas, 
modernidade e sustentabilidade no semiárido. Fortaleza: Banco do Nordeste do 
Brasil, 2007. 354 p. (Série BNB teses e dissertações, n. 08). Disponível em: 
<https://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/livroPDF.aspx?cd_livro=20>. Acesso 
em: 4 mar. 2018. 
HUBBARD, G.; O'BRIAN, A. Introdução à economia. 2. ed. Porto Alegre: 
Bookman, 2010. 
ONUBR. Documentos Temáticos. Objetivos de desenvolvimento sustentável. 
Brasília, 2017. Disponível em: 
<http://www.br.undp.org/content/dam/brazil/docs/publicacoes/documentos-
tematicos-ods-07-2017.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2018. 
SACHS, I. Estratégias de Transição para do século XXI. Rev. Desenvolvimento 
e Meio Ambiente. São Paulo: Studio Nobel; Fundação para o Desenvolvimento 
Administrativo, 1993. 
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SINGER, P. Desenvolvimento e crise. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 
1977. 
TEIXEIRA, E. C. O papel das políticas públicas no desenvolvimento local e 
na transformação da realidade, 2008. Disponível em: 
<http://www.fit.br/home/link/texto/politicas_publicas.pdf>. Acesso em: 4 mar. 
2018. 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, teremos como ponto central a discussão sobre o processo de 
elaboração de políticas públicas (policy making process), também chamado de 
“ciclo de políticas públicas”. 
Em um primeiro momento, identificaremos a caracterização de um ciclo 
de políticas públicas, com suas fases sequenciais e distinções. 
 Na sequência, trataremos sobre cada uma dessas fases, apresentando o 
problema e a formação de agenda de política pública. 
Em seguida, trabalharemos com a formulação de alternativas para a 
política pública, evidenciando os procedimentos de tomada de decisão e 
implementação. 
 Para finalizar, explicitaremos a avaliação da política pública, explicando 
como ocorre seu monitoramento e sua possibilidade de extinção. 
TEMA 1 – CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
Para a formulação de políticas públicas, compete ao Estado e à sociedade 
civil inserirem-se em diversos espaços para formulação, acompanhamento e 
avaliação de distintas políticas. 
Conforme a abordagem de Howlett et al. (2013), os processos que 
envolvem as políticas públicas se desdobram em estágios sequenciais, os quais 
compreendem desde o levantamento do problema até a sua reformulação ou 
possível extinção. 
Mesmo com versões distintas já desenvolvidas sobre o ciclo de políticas 
públicas, a mais utilizada prevê o ciclo dividido em cinco fases principais, sendo: 
1. formação de agenda; 
2. formulação de alternativas/políticas; 
3. tomadas de decisão; 
4. implementação da política; 
5. avaliação. 
O ciclo das políticas públicas geralmente não reflete a real dinâmica ou 
experiência prática das políticas públicas, de modo que as fases, em diversos 
momentos, se entrecruzam e as sequências se alteram. Assim, os processos 
que envolvem as políticas públicas na materialidade são incertos. 
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Figura 1 – Ciclo das políticas públicas 
 
Fonte: <http://www.politize.com.br/ciclo-politicas-publicas/> 
Para Cohen, March e Olsen (1972), não há um ponto de início e 
finalização de uma política pública, dessa forma, o procedimento de política 
pública expressa-se como incerto e, muitas vezes, as fronteiras entre as fases 
não são nítidas. 
Apesar de tais constatações, o ciclo das políticas públicas tem uma 
grande finalidade, a de organizar a estrutura e as estratégias de desenvolvimento 
da política, bem como auxiliar na criação de um referencial para a estruturação 
da análise. 
No que envolve os sujeitos que formulam as políticas públicas, este 
processo é previsto como um campo de arena política em que atores sociais 
estão envolvidos, desde grupos de pressão, movimentos sociais, partidos 
políticos, agentes governamentais e outros sujeitos. 
 Deste modo, o ciclo das políticas públicas se expressa como um processo 
dinâmico e participativo. 
TEMA 2 – IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMA E FORMULAÇÃO DE AGENDA 
NAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
 A delimitação de um problema público é essencial para o processo de 
elaboração de uma política pública. Há que se destacar, no entanto, que 
qualquer definição de problemas públicos se expressa como temporária ou se 
define conforme interesses e pressões impostas por atores sociais. 
 Na análise de Secchi (2013) sobre a identificação de problemas públicos 
conta que: 
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[...] os partidos políticos e as organizações não governamentais são 
alguns dos atores que se preocupam na identificação de problemas 
públicos. Do ponto de vista racional, esses atores encaram o problema 
público uma oportunidade para demostrar seu trabalho, ou a 
justificativa para a sua existência. (Secchi, 2013, p. 45) 
 Assim, ao definir um problema público, é necessário definir uma lista de 
prioridades de atuação, denominada agenda. 
 Deste modo, a agenda de políticas públicas é entendida como um 
conjunto de problemas ou temas de relevância coletiva. Esta agenda pode tomar 
forma como um programa de governo, um plano ou um planejamento 
estratégico. 
 De acordo com Cobb e Elder (1983 apud Secchi, 2013), existem dois tipos 
de agenda das políticas públicas: 
[...] agenda política:

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