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POLÍTICAS PÚBLICAS AULA 1 Profª. Andréa Luiza Curralinho Braga A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL A disciplina de Políticas Públicas tem como objetivo fornecer instrumentos teóricos e subsídios analíticos para compreensão sobre a organização, a estrutura e o funcionamento dessas políticas, bem como evidenciar a sua correlação com a dinâmica do Estado e da sociedade. Deste modo, buscamos fornecer a você, aluno, uma compreensão ampliada sobre o tema e sua aplicabilidade em pesquisas, projetos e análises sistemáticas. Esta aula intenciona contribuir para a compreensão sobre políticas públicas e a sua relação com o Estado e a sociedade. Ainda, pretendemos desenvolver uma reflexão conceitual sobre políticas públicas, destacando a diferenciação entre políticas de Estado e políticas de governo; uma análise sobre políticas públicas e políticas sociais; e especificar suas diversas classificações e tipologias. TEMA 1 – ESTADO, SOCIEDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS A estrutura do Estado e a formulação das políticas públicas estabelecem inter-relações. Tendo esta relação como premissa, podemos citar o atendimento das demandas coletivas da sociedade de determinado território. Na análise de Dias (2013), o Estado é caracterizado como um fenômeno político, que pode ser explicitado tanto no aspecto jurídico quanto na sua função organizativa das demandas sociais, ou, do ponto de vista administrativo, como uma instituição governamental. Quando nos referimos à palavra “Estado”, apesar de diversas teorias para sua análise, é consensual que o seu conceito está atrelado à dimensão de totalidade da sociedade política que, conforme Dias (2013), é “o conjunto de pessoas e instituições que formam a sociedade juridicamente organizada em determinado território” (2013, p. 278). A estrutura organizativa do Estado na contemporaneidade é determinada pelo conjunto de instituições permanentes (órgãos executivos, legislativos, judiciário, entre outros) com funções distintas capaz de administrar ações e políticas governamentais. As ações governamentais são realizadas pelo governo, sendo este a parte mais aparente da organização estatal e que dispõe da possibilidade de introduzir mudanças no aparelho do Estado, bem como na formulação das políticas públicas. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 3 Sendo assim, conforme nos apresenta Höfling (2001): [...] a ação do governo é caracterizada como um conjunto de projetos e projetos que parte da sociedade (partidos políticos, técnicos, organizações da sociedade civil, movimentos sociais), configurando-se a orientação política de um determinado grupo que assume e desempenha as funções de Estado durante um determinado período. Trazendo este enfoque, o governo é um conjunto de indivíduos que ocupam, na cúpula do Estado, posições de decisão administrativa e política que orientam os rumos da sociedade. (Höfling, 2001, p. 32) O Estado tem acesso a recursos limitados, os quais devem ser utilizados para atender a um número significativo de demandas sociais, complexas e mutáveis nas sociedades contemporâneas. Diante disto, as funções estatais nos níveis municipal, estadual e federal necessitam de planejamento, adoção de critérios para aplicação de recursos, metas e objetivos a serem alcançados de forma eficiente e eficaz; em síntese: produzir resultados com recursos restritos. Deste modo, as políticas públicas são de responsabilidade do Estado e executadas por governos que devem tratar das demandas coletivas por meio de ações que identifiquem prioridades, aplicação de investimentos e, ainda, utilizando planejamento para atingir objetivos e metas. TEMA 2 – DEFINIÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA Para compreender o conceito de política pública é necessário perceber as duas dimensões pertinentes à palavra “política”, derivadas dos países de língua inglesa que distinguem as palavras policy e politics. A primeira palavra está relacionada a um planejamento aparentemente neutro e racional realizado pelo Estado, na relação com decisões e ações concretas (policy). A segunda palavra, por sua vez, é resultante de ações dos atores políticos visando à defesa dos seus interesses e valores, no exercício das relações de poder e de influência sobre os processos decisórios (politics). Para Gobert, Muller (1987), políticas públicas são “instâncias empíricas do Estado em ação”, assim, essas interações são resultado de uma complexa relação entre Estado e Sociedade. Dessa forma, é relevante explicitar a existência de diversos entendimentos do que seja Política Pública e, por este motivo, buscamos apresentar, nesta discussão introdutória, algumas interpretações relacionadas ao objeto de análise. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 4 Dye (1984) entende que as políticas públicas estão baseadas no que “o governo escolhe fazer, ou não fazer” (Dye, 1984, p. 2). Deste modo, a essência da política pública perpassa pelo embate em torno de ideias e interesses. A definição trazida por Harold Dwight Lasswell (1956), anterior à de Dye e muito utilizada, entende que as políticas públicas devem responder às seguintes perguntas: “quem ganha o quê, por quê fazê-la e que diferença faz” (Lasswell, 1956, p. 30). Essas questões orientariam o estudo do que, de fato, pode ser considerada uma política pública, indicando uma diretriz em relação às questões que precisariam ser respondidas para sua análise. Na discussão de Secchi (2013), o autor explicita que a abordagem estadista ou estadocêntrica das políticas públicas que enfatizam o papel do Estado na solução de problemas somente ocorre sendo emanada por ator estatal e tem como objetivo atender às demandas da população. Esta definição valoriza aspectos racionais e procedimentais das políticas públicas, mas desconsidera seu caráter conflituoso e de disputa. Na definição política, ressalta-se que as políticas públicas no contexto de regimes democráticos estão atreladas a processos decisórios que envolvem disputa de interesses. Assim, a sociedade é formada por diversos grupos e segmentos políticos carregados de ideologias, projetos políticos em disputa, visões de mundo, e que ditam o modo como o Estado e o governo devem agir. Ainda, há uma definição mais voltada ao viés normativo-administrativo, que define a política pública como um conjunto de projetos, programas e ações governamentais, uma vez que o governo toma determinada decisão e terá que executá-la. Deste modo, Secchi (2013) afirma que “a política pública está tanto vinculada ao conteúdo concreto como ao conteúdo simbólico de decisões políticas, no seu processo de construção e de atuação nas decisões” (Secchi, 2013, p. 2). Mesmo com a identificação de conceitos diferentes e significados distintos, o entendimento sobre políticas públicas deve abarcar uma visão ampliada sobre o tema. Destaca-se que o viés de análise se relaciona à ênfase que examina os diversos fatores numa perspectiva que busca identificar indivíduos, instituições, disputa de interesses e ideologias que se manifestam nas interações sociais. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 5 TEMA 3 – POLÍTICAS PÚBLICAS: POLÍTICAS DE GOVERNO E POLÍTICAS DE ESTADO Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado quanto de uma política de governo. Assim, faz-se necessário entender a especificidade das duas distinções. Segundo Almeida (2016, p. 35), “a Política de Estado é a política que independente de qual governo e governante, a política deverá ser executada conforme seu aparato normativo, geralmente sendo a constituição”. Ainda, o autor explicita que “as Políticas de Estado são aquelas que envolvem as burocraciasdo Estado e acabam passando pelo Parlamento ou por diversas instâncias de discussão, depois de sua tramitação dentro de uma ou mais esferas do Estado” (Almeida, 2016, p. 35-36). As políticas de governo são aquelas atreladas a políticas e projetos relacionados à alternância de poder. Cada governo tem projetos que, durante o período de sua gestão, são executados pelo tempo do mandato de determinado grupo político e que podem ser desfeitos na mudança de governo. Desde modo, conforme Almeida (2016), “na política de governo o poder Executivo decide num processo bem mais elementar de formulação e implementação de determinadas medidas para responder às demandas colocadas na própria agenda política interna – pela dinâmica econômica ou político-parlamentar” (Almeida, 2016, p, 36). Segundo Souza (2015, p. 27), “outra caracterização das políticas de governo é que se podem ser institucionalizadas, dificilmente serão mudadas”. Um exemplo disso é o Bolsa-família, política de governo, programa distributivo de renda e que apresenta impactos sociais e econômicos significativos no atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade. No caso da política de Estado, podemos citar a política de seguridade social (envolvendo o tripé saúde, assistência e previdência) que, independentemente da mudança de governo, ações devem ser realizadas para a concretização dessas políticas. TEMA 4 – POLÍTICAS PÚBLICAS, SOCIAIS E DEMAIS CLASSIFICAÇÕES Na discussão sobre políticas públicas e políticas sociais há, com certa frequência, o equívoco de identificar os termos como sinônimos. Assim, ao A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 6 abordarmos as diferenciações terminológicas de cada um dos conceitos, podemos afirmar que toda política social é uma política pública, mas uma política pública nem sempre será uma política social. Esta discussão se justifica, porque políticas públicas são mais amplas do que as políticas sociais, sendo estas uma das áreas das políticas públicas. Desta forma, ao buscar tratar a classificação das distintas políticas públicas e suas características setoriais, Rua (1998) indica que as políticas públicas podem ser classificadas em: a) Políticas sociais: sendo as políticas destinadas a prover o exercício de direitos sociais e a proteção social (que compreende todo um sistema de atuar nos riscos, perdas e danos sociais). Como exemplo de políticas sociais evidencia-se a assistência social; habitação, trabalho, saúde, educação, previdência social. b) Políticas econômicas: são as políticas cuja finalidade é a gestão da economia interna e a promoção da inserção do país na economia externa. Cita-se trabalho, finanças públicas, desenvolvimento econômico local, política monetária, arranjos produtivos entre outros. c) Políticas de infraestrutura: são as políticas destinadas a garantir as condições para a implementação dos objetivos das políticas econômicas e sociais. Como exemplo menciona-se política de transporte, energia, mobilidade, saneamento. Tais políticas podem ser encontradas tanto no contexto do campo como na cidade e são garantias legais, que, embora apresentem estruturas setorializadas, estão estreitamente vinculadas umas às outras. TEMA 5 – TIPOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS Existem diferentes tipos de Políticas Públicas, sendo a tipologia mais conhecida a apresentada por Lowi (1964), a qual se define pelos impactos das políticas na sociedade. Lowi indica alguns modelos que não se esgotam nas Políticas Públicas existentes e acredita que os tipos de políticas não são estanques, podendo, algumas delas, compor mais de um modelo. A função da tipologia serve para identificar como cada política pode se desenvolver, pois sistematiza e esclarece o entendimento do tema. De acordo com Lowi (1964 apud Secchi, 2013), os tipos de políticas públicas são: a) Políticas distributivas: têm como caracterização básica o seu benefício concentrado em um número específico de grupos, sendo assim uma parcela distinta da população é quem a acessa (categorias de pessoas, localidades, regiões, grupos sociais) com recursos provenientes da coletividade como um todo. b) Políticas redistributivas: têm característica mais conflituosa, pois redistribuem de determinados grupos para o acesso igualitário para A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 7 outros grupos. Deste modo, a principal característica desta política são as disputas de interesses. c) Políticas constitutivas: também denominadas políticas estruturadoras, são essas que definem as regras do jogo, ou seja, o desenho institucional das políticas com a previsão das normas e os procedimentos sobre as quais devem ser formuladas e implementadas as demais políticas públicas. d) Políticas regulatórias: regulam ações da sociedade, conformam-se em ordens e proibições “constitui padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados. (Lowi, 1964 apud Secchi, 2013, p. 13) Tais tipologias são instrumentos de classificação que contribuem para a análise das características observáveis de dado objeto. Enfatiza-se que, este modo é possível lidar melhor com a interpretação de dados e com a análise das políticas públicas. NA PRÁTICA Na discussão sobre a classificação e tipologia de políticas públicas, abordamos alguns conceitos que agora podem ser trabalhados e analisados na prática. Entre as diversas tipologias e características das políticas públicas, apresentamos algumas informações sobre o Plano Brasil Sem Fome e o Programa Bolsa Família. Com base na imagem a seguir, faça uma análise referente aos pontos abordados nesta aula. Figura 1 – Exemplos de políticas públicas Fonte: (MDS) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2003. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 8 Responda às seguintes questões: 1. Faça uma análise sobre o plano Brasil Sem Miséria e o Programa Bolsa Família: as duas ações explicitadas são políticas de Estado ou políticas de governo? Faça uma pesquisa e explique. 2. Sobre os tipos de políticas públicas, a qual tipologia os programas estão relacionados? Justifique sua resposta. FINALIZANDO Nesta aula, foi possível investigar alguns conceitos e fundamentos básicos sobre o tema Estado e Políticas Públicas. Foi possível apreender sobre Estado e sociedade e como a formulação de políticas públicas perpassa pela disputa de interesses diversos e ideologias com a finalidade de intervir na realidade social. Além disso, analisamos a base conceitual de políticas públicas, advertimos que há diferentes entendimentos do que sejam as políticas públicas, estes que perpassam esta concepção atrelada a processos decisórios que envolvem disputa de interesses e o viés que define a política pública como conjunto de projetos, programas e ações governamentais. Estudamos também algumas classificações das políticas públicas, sendo estas: políticas sociais, políticas econômicas e políticas de infraestrutura. Por fim, buscamos trazer a tipificação das políticas públicas com a caracterização de políticas públicas distributivas, políticas públicas redistributivas, políticas públicas regulatórias e políticas públicas constitutivas. Esperamos que esta discussão geral possa contribuir como base para as próximas reflexões e para o seu aprofundamento analítico. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 9 REFERÊNCIAS ALMEIDA, P. R. Sobre as políticas de governo e políticas de Estado: distinções necessárias. Disponível em: <https://www.institutomillenium.org.br/artigos/sobre-politicas-de-governo-e- politicas-de-estado-distincoes-necessarias/>. Acesso em: 1 mar. 2018. BONETI, L. W. Políticas Públicas por dentro. Ijuí: Unihuí, 2006. DIAS, R. Ciência política. 2. ed. São Paulo:Atlas, 2013. DYE, T. D. Understanding public policy. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall, 1984. GOBERT, M. Políticas públicas. 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O estudo da política: temas selecionados. Brasília, DF: Paralelo 15, 1998. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 10 ______. Políticas públicas. Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília], CAPES: UAB, 2009. SECCHI, Leonardo. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análises, casos práticos. São Paulo: CENGAGE Learning, 2013. Bibliografia complementar BRAVO. M. I.; PEREIRA, P. Política social e democracia. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2005. GEOVANNI, G. As estruturas elementares das políticas públicas. Campinas: Caderno de Pesquisa n. 82, UNICAMP/NEPP, 2009. SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, ano 8, n. 16. Porto Alegre, jul./dez 2006, p. 20-45. ______. Políticas públicas: questões temáticas e de pesquisa. Caderno CRH 39: 11-24. 2003. VIANA, A. L. D.; LEVCOVITZ, E. Proteção social: introduzindo o debate. In: ______.; ELIAS, P. E. M.; IBAÑEZ, N. (Org.). Proteção social: dilemas e desafios. São Paulo: Hucitec, 2005. P. 09-57. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, discutiremos sobre o neoliberalismo e seus impactos na política, no pensamento filosófico, na incidência da economia e em como seus rebatimentos incidem na formulação das políticas públicas. O objetivo é discutir os pressupostos da teoria econômica do neoliberalismo e como suas políticas se institucionalizam após a década de 1980. Para isso, a primeira discussão dedica-se a abordar o conceito de neoliberalismo, buscando compreender suas ideias e sua perspectiva histórica. A segunda parte discorre sobre a crise do modelo de Estado de Bem-Estar Social e a adoção de políticas neoliberais por diversos governos após o Consenso de Washington. A terceira parte dos estudos reporta-se à força do neoliberalismo na década de 1990 e seus principais efeitos na sociedade. A quarta discussão refere-se às políticas públicas no contexto neoliberal. Por fim, o último fragmento busca abordar o neoliberalismo no contexto brasileiro, trazendo a discussão de seus impactos nas políticas públicas do país. TEMA 1 – NEOLIBERALISMO O Neoliberalismo, também denominado "nova forma" do liberalismo, surge no século XX e retoma a premissa de que a intervenção estatal deve ser minimizada, de modo que as questões relacionadas às dimensões sociopolítica e econômica passam a ser de responsabilidade das empresas privadas. Este modelo é discutido nos países capitalistas a partir da década de 1940, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, e ganha força de maneira prática a partir dos anos 70 do mesmo século. As propostas do neoliberalismo são fruto direto das ideias dos pensadores Friedrich Von Hayek (1944), com a publicação de Caminhos da Servidão, e Milton Friedman (1962), com o livro Capitalismo e Liberdade. Os teóricos consideram a liberdade humana um importante mecanismo promotor do desenvolvimento social e econômico de uma sociedade. Nesse sentido, Hayek (1944, p. 35) afirma “que deve haver uma combinação favorável entre o Estado de Direito e os mecanismos de funcionamento do livre mercado – uma das lógicas básicas de funcionamento das economias capitalistas”. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 3 No entendimento de Hayek (1944), citado por Kasahara (2008), “uma sociedade composta por seres humanos livres seria mais rica material e culturalmente, pois as possibilidades de experimentação e de inovação de seus membros seriam ampliadas” (Hayek, 1944 apud Kasahara, 2008, p. 402). Para isso, ele esquematiza suas reflexões em torno do que chama de existência de uma ordem espontânea, que ocorre dentro de uma perspectiva de encarar o conhecimento como algo fragmentado, sendo a ação do Estado apenas uma das formas de se lidar com este conhecimento socialmente produzido. Além disso, Hayek (1944) preza a noção de liberdade de forma mais eminente do que a noção de democracia, sinalizando que, em sociedades democráticas, podem acontecer situações em que uma grande maioria dita normas e regras para uma minoria sem respeitar as individualidades e as liberdades destes poucos indivíduos. Nesse sentido, devemos prezar, acima de tudo, o liberalismo para manutenção dos interesses particulares e das liberdades individuais nas sociedades contemporâneas. Segundo Moraes (2001, p. 30), o termo neoliberalismo incide em vários significados: 1. uma corrente de pensamento e uma ideologia, isto é, uma forma de ver e julgar o mundo social; 2. um movimento intelectual organizado, centros de geração de ideias e difusão de suas concepções; 3. um conjunto de políticas adotadas desde o final da década de 1970 até dias atuais. Assim, é importante destacar que existe um grande debate filosófico em torno do neoliberalismo que promove reflexões de sua defesa e críticas, mas é concreto que a teoria neoliberal é aplicada na realidade de grande parte dos países com sistema capitalista. É bom ressaltarmos que, na contemporaneidade, não há como não pensar em um entrelaçamento entre a teoria neoliberal e o capitalismo, pois a lógica de funcionamento de mercado preza os valores neoliberais da liberdade individual e da propriedade privada, implementadas no século XX e XXI e que seguem presentes até os dias atuais. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 4 TEMA 2 – CRISE DO MODELO DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E CONSENSO DE WASHINGTON A teoria liberal foi predominante até a Crise de 1929, quando a eficiência do capitalismo foi amplamente questionada por impactos negativos que não cumpriam com o ideário de liberdade e a promessa de que o livre mercado garantiria melhores condições de vida aos indivíduos. Contrapondo-se integralmente à visão liberal, nasceu, então, a teoria keynesiana, que defendia a relevância da atuação do Estado na sociedade, na economia e nas demais áreas de políticas públicas e sociais. Com as diversas crises advindas do liberalismo, foram elaborados ajustes no modelo de intervenção do Estado após a Segunda Guerra Mundial. Neste contexto, a Inglaterra formula um modelo denominado “Plano Beveridge”, adotando, assim, o sistema beverigniano de política, que tem como premissa o acesso a direitos com caráter universal, mínimos sociais em condições de necessidade destinados a todos os cidadãos, financiamento promovido por impostos e a gestão pública estatal. Deste modo, “os princípios fundamentais do sistema beveridgiano são a unificação institucional e a uniformização dos benefícios e servirão como base política a teoria Keynesiana” (Marshall, 1967, s/p). Neste processo, o Estado tinha o papel de agente dapromoção social e organização da economia – emprego pleno. Ainda, tinha como premissa a garantia de serviços públicos e a proteção da população pela arrecadação de tributos. Neste contexto, o Estado também estabelece práticas do sistema produtivo – produz bens e presta serviços à população. Este modelo perdurou entre as décadas de 1950 e 1960, sendo estruturado de formas diversas entre os países europeus e americanos. Queiroz (2009) ressalta que “as políticas do Walfare State, se mostram ineficazes para suportar a continuidade do ciclo de prosperidade da economia mundial, vindo crises que o levaram a questionamentos e revisões” (Queiroz, 2009, p. 48). Na análise de Behring e Boschetti (2011), os reduzidos índices de crescimento com alta taxa de juros foram um fermento para os argumentos neoliberais criticarem o Walfare State, e, ainda, os impactos na economia trazidas pela grande recessão, devido à alta do valor petróleo em 1973. Assim, o início de políticas que previam a lógica de redução do papel do Estado para controlar a economia ganhou grande possibilidade de fortalecimento. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 5 Para Behring e Boschetti (2011), o neoliberalismo se apresenta fundamentalmente como um receituário político-econômico de diversos países da Europa e dos Estados Unidos. Salienta-se que a Inglaterra foi o país que implementou os princípios neoliberais de forma mais “pura”, mas, por outro lado, a articulação para a implementação do protocolo neoliberal foi administrada pelos Estados Unidos, protocolo este conhecido como Consenso de Washington, incluindo o Congresso, a política administrativa do país e as instituições internacionais sediadas em Washington, como o FMI e o Banco Mundial. Anderson (1995) faz uma análise crítica das medidas adotadas no Consenso de Washington e comprova que tais políticas favorecem a criação de desemprego, a instabilidade econômica, a elevação dos preços e o retalhamento social. Além disso, o autor (1995) afirma que esse consenso não tratou de questões relevantes, como distribuição de renda e justiça social. TEMA 3 – IMPACTOS DO NEOLIBERALISMO NA DÉCADA DE 1990 Após a institucionalização do neoliberalismo nos países europeus e no norte americano, bem como com os adventos do Consenso de Washington, há, na década de 1990, a incidência das políticas neoliberais também na América Latina (sendo somente a experiência do Chile, anterior e implementada na década de 1970 no governo Pinochet). Assim, ocorreu o fortalecimento das políticas neoliberais em grande parte dos países capitalistas. De modo geral, como já mencionado, os efeitos e as medidas de um Estado neoliberal caracterizam-se pela lógica do Estado Mínimo. Na década de 1990, são atribuídas ações como as privatizações em massa e a abertura econômica dos países aos capitais estrangeiros, o que garante a ampliação da democracia, o controle inflacionário por meio da elevação da taxa de juros, a flexibilização das leis trabalhistas, dentre inúmeras outras medidas (Anderson, 1995). O neoliberalismo, portanto, ganha força na década de 1990 e, seguindo a análise de Soares (2003), os países que não desempenham o protocolo dos organismos internacionais não acessam seus créditos, e, ainda, ficam com uma imagem negativa sobre o país, limitando suas relações internacionais. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 6 A abertura financeira e comercial da década de 1990 favoreceu a entrada de capitais nas economias em desenvolvimento. Esse cenário pôde ser visto, de forma particular, nos países da América Latina, que, por serem países em desenvolvimento, tiveram grandes impactos econômicos e nas políticas sociais. Para entrada de novos capitais, fatores como programas de ajuste e reformas neoliberais foram os principais condicionantes desse fluxo (Sambatti, 2005). Os países em desenvolvimento, caracterizados principalmente na América Latina, passavam por dificuldades devido às altas inflações. Com a implementação do neoliberalismo, abriram suas barreiras comerciais, tendo uma forte intensificação dos processos de privatizações e a desregulamentação do mercado na implementação do protocolo neoliberal. Esses fatores, em conjunto, foram determinantes para a reinserção dos países em desenvolvimento no mercado financeiro internacional. Tal reinserção, somada com a consequente entrada de capitais nos países em desenvolvimento, promoveu grande atenção no meio econômico e trouxe diversos impactos nas políticas públicas, como será abordado na sequência. TEMA 4 – POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO NEOLIBERAL A reestruturação, as reformas e as mudanças nas relações de trabalho que ocorreram após a hegemonia neoliberal provocaram importantes redesenhos nas políticas públicas. Uma das intervenções voltadas as políticas públicas é de que as ações que previam condicionalidades para sua estruturação extrapolavam os limites territoriais. Conforme Draibe: [...] as organizações financeiras internacionais (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento), indicavam suas prescrições neoliberais aos países em desenvolvimento. A pressão exercida por estas organizações supostamente se produzia através da imposição de condições para a concessão de empréstimos para estes países endividados e com sérios problemas macroeconômicos. (Draibe, 1993, p. 85) Outro impacto identificado nas políticas públicas é que a oferta de empregos intermitentes e informais limita o acesso a direitos de provenientes de empregos estáveis, como é o caso da Previdência Social. Destacamos que, após a implementação das políticas neoliberais em quase toda a Europa, há a expansão de programas de transferência de renda. Conforme Behring e A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 7 Boschetti (2011, p. 10) indicam, “esses programas são condicionados à situação de ausência ou baixa renda, são substantivos aos salários, os beneficiários devem ter acima de 18 anos e mostrar disposição para qualificação profissional”. Deste modo, tais programas têm como tendência a lógica da focalização, da seletividade, pois, além de parcos recursos a serem distribuídos, também se estabelecia definição de critérios de acesso. Na análise de Draibe (1993), tais políticas pregam o trinômio articulado da focalização, privatização e descentralização. Ainda é evidenciado o caráter limitativo dos programas, os quais rompem com a lógica de fortalecimento de práticas universalizantes e o acesso ampliado a direitos sociais. Assim, perdem o papel de centralidade do Estado nas ações de serviços e programas, passando esta lógica para o terceiro setor e para a filantropia. TEMA 5 – NEOLIBERALISMO E REBATIMENTO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO NA DÉCADA DE 1990 Definir a situação econômica do Brasil após a adoção das medidas neoliberais converge em algumas características comuns já evidenciadas, como redução do Estado, privatizações, políticas seletivas, focalizadas e seletivas. De qualquer modo, é relevante destacar o paradoxo das políticas neoliberais com os direitos implementadas concomitante a promulgação da Carta Magna 1988, que versa sobre políticas mais voltadas ao modelo beveridgiano, com características universais, de fortalecimento das políticas públicas e de controle social do Estado pela sociedade. No contexto brasileiro, as políticas de cunho neoliberal têm início no governo de Collor de Mello nos anos 90, seguindo até a política de Itamar Franco. No entanto, os ideários neoliberais são fortalecidos no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que segue com maior rigor as regras ditadas pelo Consenso de Washington. De acordo com Leme (2010), o governo de FHC implementou, entre outras ações: A lógicado investimento externo na produção ligado à transferências de capital para o aumento da capacidade produtiva; processo de elevação nos custos tarifas de serviços públicos que se privatizaram; o desinvestimento nas áreas de menor rentabilidade, por falta de interesse privado e desengajamento do Estado, isto é, uma rede de proteção social subordinada aos ditames do mercado; a estruturação complexa, mas não integrada, no que concerne à legislação específica A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 8 de tais setores, incluindo as agências de regulação sugeridas (Leme, 2010, p. 115). A liberação da economia tinha como estratégia a modernização, a abertura maior do setor financeiro e a privatização de setores produtivos, tendo como proposta o acesso a mercados internacionais e o processo de fortalecimento do terceiro setor com economia. A perspectiva de solidariedade, conforme o programa Comunidade Solidária, consistia na lógica das iniciativas da sociedade civil, com a descentralização das ações do Estado e o fortalecimento de políticas realizadas para a sociedade civil. Destaca-se que este período se configurou na prática por meio de inúmeras privatizações de empresas estatais. A justificativa por parte dos defensores das privatizações e do próprio neoliberalismo gira em torno da ideia da diminuição dos custos do Estado na gestão de empresas estatais, além do preceito básico neoliberal, que defende a mínima intervenção do Estado nas questões econômicas. No entanto, por outro lado, verificamos diversos movimentos sociais defendendo as empresas estatais, alegando que o governo brasileiro assume uma posição de “entreguismo” das riquezas nacionais, fruto da produção e geração de lucros da própria estatal, ao capital estrangeiro, de modo que empresas multinacionais e transnacionais, além de bancos e outros investidores particulares, estariam comprando estatais brasileiras a valores baixos, efetivando-se o processo de privatização. NA PRÁTICA Conforme as discussões trazidas neste tema, observe as figuras e responda às questões a seguir. Figura 1 - Neoliberalismo e relação entre Estado e mercado Fonte: https://www.estudopratico.com.br/neoliberalismo/ A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 9 Figura 2 – Privatização e impactos no país Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/8843- a-vale-do-rio-doce-e-o-neoliberalismo-no- brasil-entrevista-especial-com-ivo- lesbaupin Fonte: Talaj/Shutterstock 1. Referente à figura 1, analise a Charge e comente como o neoliberalismo influencia no Estado e Mercado. 2. A figura 2 apresenta um caso de política de privatização no Brasil pelo caso da Vale do Rio Doce. Faça uma análise argumentativa justificando sua opinião em relação à privatização da empresa e sobre como esta ação dialoga com as políticas neoliberais. FINALIZANDO O tema abordado tratou da base conceitual e dos impactos políticos e econômicos do neoliberalismo, buscando compreender o papel do Estado e do mercado no desenvolvimento econômico. Começamos resgatando o conceito de neoliberalismo e analisamos, em momentos diversos da história, como seus pressupostos impactam o direcionamento dos países capitalistas. Seguimos falando sobre o processo de transição do Estado de Bem-Estar Social e a institucionalização do neoliberalismo, na análise sobre o Consenso de Washington, com impactos de seu protocolo a serem implementados em diversos países. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 10 Na sequência, analisamos como os ideários neoliberais se firmam na década de 90, destacando sua inserção em países latino-americanos e seu fortalecimento. Depois disso, discutimos sobre as políticas públicas neoliberais e como elas têm ênfase na diminuição do papel do Estado e na ação pautada em setorialização, focalização e descentralização, contando com a atuação em destaque do terceiro setor. Por fim, buscamos abordar as interações das políticas neoliberais no Brasil. Deste modo, é relevante refletir sobre como os impactos do neoliberalismo influenciam diretamente na condução das políticas públicas. REFERÊNCIAS ANDERSON, P. Balanço do neoliberalismo. In: GENTILI, P.; SADER, E. (Org.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 9-38. BEVERIDGE, W. Social insurance and allied services. London: His Majesty's Stationery Office, 1943. BEHRING, E. Política social no capitalismo tardio. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000. ______. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2011 (Biblioteca básica de serviço social; v.2). DRAIBE, S. M. As políticas sociais e o neoliberalismo: reflexões suscitadas pelas experiências latino-americanas. Revista USP, n. 17, São Paulo, 1993. FRIEDMAN, M.; FRIEDMAN, R. Liberdade de escolher: o novo Liberalismo Econômico. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Record, 1980. HAYEK, F. A. O caminho da servidão. 4. ed. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1987. LEME A. A. Neoliberalismo, globalização e reformas do Estado: reflexões acerca da temática. Barbarói. 2010, p. 114-138. MARSHALL, T. Política social. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 11 MORAES. R. C. Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai? São Paulo: Senac Editora, 2001. SAMBATTI, A. A Relação entre os Fluxos de Capitais e a Vulnerabilidade Externa nas Economias em Desenvolvimento. 2005. Disponível em: <http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/IVSeminario/IVSeminario/Artigos/ 03.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2018. SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. SOARES, M. C. C. Banco Mundial: políticas e reformas. In: TOMMASI, L.; WARDE, M. J.; HADDAD, S. O Banco Mundial e as políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003. Bibliografia complementar: BEHRING, E. R. Política social no capitalismo tardio. São Paulo: Cortez, 1998. CEPAL. Panorama social da América Latina. Nações Unidas/CEPAL (documento informativo), 2009. SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1996. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL O assunto desta aula tratará sobre a diversificação do campo de conhecimento sobre a ciência das políticas públicas, trazendo como ênfase o histórico de pesquisa e as possibilidades de atuação no contexto brasileiro. No início, debateremos sobre as três características originárias das políticas públicas: normatividade, multidisciplinaridade e resolução de problemas públicos. Na segunda discussão, trabalharemos as diferentes abordagens sobre políticas públicas, buscando ressaltar variadas correntes e como se expressa a viabilidade de aplicação na prática das distintas concepções. Na terceira parte, evidenciaremos tipos de estudos distintos no âmbito da ciência da política pública. No quarto fragmento, discutiremos sobre o histórico de estudos e modelos de análises de políticas públicas no Brasil, evidenciando algumas perspectivas e referenciais. Para finalizar a aula, abordaremos o papel do analista de políticas públicas no contexto brasileiro e suas possibilidades de atuação. TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS ORIGINÁRIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS COMO CIÊNCIA No campo da ciência, o estudo das políticas públicas é dedicado à matéria de problemas públicos, instrumentos, atores sociais, redes e instituições. Tudo isso forma um campo de estudos que recebe influências de uma série de áreas do saber, como economia, sociologia, engenharia, ciência política, psicologia social, administração pública, direito, entre outras disciplinas. A ciência da políticapública tem sua base instrumental na obra de Lerner e Lasswell (1951), The Policy Sciences. Os autores buscaram construir um conhecimento aplicado, voltado ao enfrentamento de problemas públicos concretos, provendo mecanismos argumentativos e técnicos. Assim, Lerner e Lasswell utilizam o termo policy orientation, ou “orientação para política pública”, definido, em linhas específicas, como procedimentos de sistematização, interpretação e operacionalização de pesquisas neste campo. Na análise de Lesswell (1951), Howlett, Ramesh, Perl (2013), a ciência da política pública apresenta três características originárias: A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 3 1. normatividade; 2. multidisciplinaridade; 3. foco na resolução de problemas públicos. Conforme aborda Secchi (2016), depois de referenciar as três características originárias, o autor inicia sua análise sobre a normatividade, que passou a ter relação estreita com a pesquisa positiva, neutra, contrária à explicitação de valores. Deste modo, a ênfase de análise pela perspectiva da normatividade se baseia pela ideia de que a ciência da política pública não pode se cobrir sob a aparência de “objetividade ou neutralidade científica”, “devendo reconhecer a necessidade de andarem juntos os objetivos e os meios, os valores e as técnicas no estudo das ações governamentais” (Secchi, 2016, p. 35). Sobre a característica da multisciplinariedade, esta figuração cedeu espaço a vocabulário próprio, esquemas, análises e referenciais-teóricos distintos de campo interdisciplinar de política pública. Destarte, a multidisciplinaridade diz respeito ao fato de a ciência da política pública incorporar trabalhos e descobertas de diferentes campos do conhecimento, como a sociologia, economia, direito, administração, política, entre outros. Por último, Secchi (2016) fala sobre o ânimo para a resolução de problemas, explicitando que este tópico “incorpora os outros dois elementos e adquire maior importância no processo da public policy-making (formulação de políticas públicas). Portanto, esse é o elemento que implica a intenção e a ação correspondente que torna possível solução dos problemas” (Secchi, 2016, p. 36). Na atualidade, os trabalhos empíricos e teóricos sobre as atividades governamentais vêm surgindo cada vez mais no cenário mundial; no contexto brasileiro, tem-se a compreensão ampliada sobre as políticas públicas. Ressalta- se que as propostas iniciais de Lasswell, Lerner e de seus seguidores permanecem atuais e continuam a proporcionar as bases para a condução dos estudos e das análises de grande relevância. TEMA 2 – DIFERENTES ABORDAGENS E DISTINÇÕES ANALÍTICAS SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS Nesta discussão, trabalharemos diferentes abordagens de análise sobre políticas públicas, caracterizando seus fins e meios, buscando ressaltar variadas A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 4 metodologias e explicando como se procede a finalidade de prática desta ciência. Para Secchi (2016): A expansão e institucionalização da ciência da política pública diversificou-se em fins (objetivos de estudos) e meios (metodologias). Do ponto de vista da finalidade os estudos podem ser descritivos e prescritivos, sendo possível combinar as distintas finalidades na produção de conhecimento. Nos estudos descritivos a ênfase de análise se expressa por construir teorias, mediante a descrição e explicação dos tipos de políticas públicas, comportamento de atores sociais, redes e instituições nos diversos momentos que compõem a política pública. (Secchi, 2016, p. 40) Indicativo à metodologia, os estudos descritivos podem ser indutivos, em que o pesquisador realiza sua investigação com base de dados empíricos quantitativos e qualitativos – estudos de casos, séries e históricos. Tal abordagem propicia a elaboração de sínteses conceituais, constrói hipóteses e teorias. Ainda, existe a opção das metodologias dedutivas, quando o pesquisador parte de axiomas, hipóteses e teorias abstratas para testá-las na prática. Alusivo a tais estudos prescritivos, ressalta-se a intencionalidade de desenvolvimento e o apontamento de como deveriam ser, indicando recomendação, orientação, intervenção. Os estudos prescritivos baseiam-se nos valores de equidade, eficiência, eficácia, resiliência, entre outros. Além disso, realizam estudos empíricos. Para Secchi (2016), os estudos prescritivos podem fazer uso dos métodos prospectivo e retrospectivo. No método prospectivo, o foco se dá em predições e conjecturas de o que pode acontecer ao se executar determinada política, como no caso a ser exemplificado da prospecção de como a Reforma Previdenciária pode atingir a vida dos brasileiros se forem aprovadas suas mudanças. Os estudos retrospectivos observam fenômenos já ocorridos no tempo e refletem sobre como é o funcionamento das políticas públicas já implementadas. Adverte-se que nos estudos de políticas públicas há espaço para estudos simultâneos que podem ser combinados e agregam mais fins na produção do conhecimento. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 5 TEMA 3 – TIPOS DE ESTUDOS EXISTENTES NA CIÊNCIA DA POLÍTICA PÚBLICA Na divisão metodológica, identifica-se tipos de estudos existentes na ciência da política pública. Vejamos a figura abaixo sobre as distintas tipologias. Figura 1 – Ciência das Políticas Públicas e seus tipos de estudo Fonte: ONU Referente à especificidade de cada tipo de estudo, Secchi (2016) inicia com a compreensão sobre análise de políticas públicas, sendo entendida, na literatura internacional, como atividade racionalista, argumentativa, para o suporte de tomada de decisão. Tem objetivo prático prescritivo e indica métodos prospectivos para elaboração, projeção e recomendação de políticas públicas concretas. Referente à pesquisa em políticas públicas (policy research), tem como proposta a construção teórica e utiliza métodos indutivos. Possui natureza descritiva e busca entender como as políticas públicas se ampliam. Esses conteúdos têm como enfoque a explicação dos conteúdos das políticas públicas, do comportamento dos atores que influenciam na política, estilos de políticas públicas, instituições formais e informais e fases do processo. (Secchi, 2016, p. 42) A avaliação de políticas públicas, por sua vez, tem a proposta de instrumentalização prática (prescritiva) e de uso de métodos retrospectivos ou de processo. É atividade instrumental para a geração de informações importantes para a manutenção, ajustes e extinção das políticas, geralmente aplica critérios, indicadores e índices para avaliar as qualidades e deficiências das políticas públicas. (Secchi, 2016, p. 43) Análise de Políticas Públicas Pesquisa de Políticas Públicas Avaliação de Políticas Públicas Teoria da Escolha Pública Ciência da Política Pública A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 6 Por último, a teoria da escolha pública (public choice theory) tem como objetivo a construção teórica de métodos dedutivos. É indicada como uma linha de aplicação da teoria de escolha pública no campo das políticas públicas e análise institucional. Tem como paradigma um modelo derivado de teoria econômica que atente à influência das regras de decisão, incentivo e comportamento de atores sociais, custos de informação e transação e efeitos provocados (Secchi, 2016, p. 46). Ressalta-se que, na ciência das políticas públicas, há possibilidade de combinações de diferentes atividades e formas de sistematizações, destacando, neste tópico, a relevância de diferenciação de cada uma das concepções. TEMA 4 – MODELOS DE ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO Estetópico tem como objetivo incitar uma discussão teórico-metodológica acerca de concepções e análises de políticas públicas no Brasil. Discutem-se algumas das contribuições das abordagens, principalmente as trazidas nas últimas três décadas no contexto brasileiro, que ganharam espaço e importância dentro da ciência política e de outras áreas do saber. Na análise de Frey (2000), no Brasil, há estudos que analisam as estruturas e instituições ou a caracterização dos processos de negociação das políticas setoriais específicas. Deve-se atentar para o fato de que programas ou políticas setoriais foram examinados com respeito a seus efeitos e que esses estudos foram antes de mais nada de natureza descritiva com graus de complexidade analítica e metodológica bastante distintos. (Frey, 2000, p. 2015) No mapeamento dos modelos, conforme nos indica Dye (2014), há diversos modelos para entendimento da vida política, sendo: Modelo Institucional: tem como foco a análise de estruturas, suas atribuições e suas funções, sem indagar sistematicamente os impactos para tais políticas. Teoria dos grupos: A teoria dos grupos principia com a conjectura de que o intercâmbio entre os grupos é o fato importante da política. A política pública é, em qualquer momento do tempo, a balança que determina grupos e facções que buscam estabelecer a política em seu favor. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 7 Teoria das elites: Este modelo pode ser visto conforme o prisma de preferências e valores das elites dominantes. Traz como ênfase que as políticas públicas moldam os interesses das elites. Racionalismo: reforça a ideia de que a política racional é a que produz “ganho social máximo”, isto é, as políticas devem produzir maiores benefícios em relação aos seus custos. Não está ligado aos termos estritamente monetários, mas a “cálculos” de valores sociais, políticos e econômicos. Entra, nesta análise, a teoria dos Teoria dos jogos: estudo de decisões racionais que depende da escolha de quem as faça. Teoria da opção pública: estuda os comportamentos na arena pública e presume que os indivíduos perseguem seus interesses e partem da premissa de que os atores políticos buscam tornar máximos seus benefícios pessoais na esfera política e no mercado. Teoria sistêmica: trata as políticas públicas como produto do sistema político. A palavra “sistema” sugere diversas instituições e atividades da sociedade civil organizada, para transformar demandas em deliberações oficiais. Menciona-se que este tópico tem o caráter introdutório de especificação dos modelos. Cada referencial apresenta distintas metodologias e parâmetros para entendimento das políticas públicas. Desta forma, destaca-se a importância de compreender as características centrais para aplicação de cada modelo. TEMA 5 – O PAPEL DO ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO E SUAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO O analista de políticas públicas é um ator técnico-político que realiza a análise relacionada a problemas públicos, criação de alternativas, coleta de dados, tratamento de dados, organização e mediação de reuniões com atores políticos e grupos de interesse. Segundo Vatsman, Ribeiro e Andrade (2013), o analista em políticas públicas é mais definido como uma atividade do que como uma profissão. No Brasil, existem cargos e funções que preveem a atuação do analista em políticas públicas. Entre esses profissionais, estão: cientistas políticos, engenheiros, assistentes sociais, profissionais de relações internacionais, advogados, entre muitos outros. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 8 O analista de políticas públicas atua em organizações como Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), entre outros. Ainda, podem atuar em diversas carreiras dos governos federal, estadual e municipal. Como expressam Mayer, Daaler e Bots (2013), os analistas de políticas públicas devem ter as seguintes habilidades: Pesquisar e analisar: coletar informações com pessoas e em documentos e dar tratamento analítico aos processos; Estruturar e recomendar: usar a capacidade criativa para novas opções adequadas ao contexto de análise e formalizar recomendações para os formadores de opinião; Democratizar: criar espaços de debates para diversos grupos sociais e cidadãos, trazendo conhecimento e distintas experiências; Mediar: agir como facilitador de debates em processos participativos garantindo a voz a todos. (Mayer, Daaler, Bots, 2013 apud Secchi, 2016, p. 17). As habilidades e competências de um analista em políticas públicas apresentam muitas opções de ação profissional, além de reunirem evidências e argumentos para indicar linhas de intervenção e resolução de problemas públicos concretos. NA PRÁTICA Modelos de políticas públicas: da teoria à prática Muitas pessoas têm suas próprias visões a respeito de como se formula, decide e implementa uma política pública. Essas visões são representações simplistas do mundo real. Os teóricos políticos buscam analisar, de forma mais elaborada, suas visões sobre o sistema político e são expressos na forma de modelos de análise. Assim, construa um quadro-síntese, especificando os principais modelos de análise e, ao lado, indique um caso concreto que poderia ser aplicado na prática. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 9 FINALIZANDO Nesta aula, falamos sobre as três características originárias das políticas públicas: normatividade, multidisciplinaridade e resolução de problemas públicos. Relacionados às diferentes abordagens de análise sobre políticas públicas, os estudos podem ser descritivos ou prescritivos, tendo métodos distintos para cada forma de investigação. Ainda, discutimos sobre os tipos de estudos na ciência da política pública, sendo: (i) análise de políticas públicas; (ii) pesquisa de políticas públicas; (iii) avaliação de políticas públicas; (iv) teoria da escolha pública. Na sequência, apresentamos a seleção de modelos que buscam entender as políticas públicas pelos vieses de análise institucional, teoria dos grupos, teoria das elites, racionalismo, teoria da opção pública e teoria sistêmica. Para finalizar a aula, enfatizamos o papel do analista de políticas públicas e suas mais diversas possibilidades de atuação e instituições de inserção. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 10 REFERÊNCIAS DYE, T. Mapeamento de modelos de análise de políticas públicas. In: HEIDEMANN, F. G. SALM, J. F. (Org.). Políticas públicas e desenvolvimento: bases epistemológicas e modelos de análises. 3 ed. Brasília: Universidade de Brasília, 2014. FREY, K. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à pratica da análise de políticas públicas no Brasil. Revista Planejamento e Políticas Públicas (jun.), IPEA, 2000, p. 212-259. HOWLETT, M.; RAMESH; M. PEARL, A. Política pública: seus ciclos e subsistemas, uma abordagem integral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. LASSWELL, H. D. The Policy Orientation. In: LERNER, D.; LASSWELL, H. The policy sciences: recent developments in scope and method. Stanford University Press, 1951. MAYER, I. S.; DAALEN, C.; BOTS, P. W.G. Perspectives on policy analysis: a framework for understanding and design. In: THISSEN, W.; WALKER, W. Public Policy analysis: new development. Nova York: Springer, 2013. SECCHI, L. Análise de políticas públicas: diagnósticos de problemas, recomendação de soluções. São Paulo: CENGAGE Learning, 2016. VAINTSMAN, J.; RIBEIRO, J. M.; ANDRADE. Profissionalisation of policy analysis in Brasil. In: VAINTSMAN, J.; RIBEIRO; LOBATO, L. Policy analisysin Brazil. Bristol: Policy Press, 2013. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, o foco de nossa discussão será o desenvolvimento econômico e a relação que ele estabelece com as políticas públicas, além de evidenciar como tais relações se materializam no contexto brasileiro e internacional. Em um primeiro momento, esta aula pretende abordar os conceitos de desenvolvimento econômico e a diferenciação entre modernização e crescimento econômico. Na sequência, falaremos sobre a concepção de desenvolvimento sustentável e a atualidade deste conceito, bem como aprofundaremos o entendimento pautado sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e suas possibilidades de implementação. Em seguida, o enfoque será na apresentação de dados e na análise do desenvolvimento econômico aplicado nas políticas públicas. Para finalizar, citaremos o debate sobre as políticas macroeconômicas, explicitando a discussão das políticas fiscal e monetária. TEMA 1 – CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, MODERNIZAÇÃO E CRESCIMENTO O conceito de desenvolvimento econômico, nas diversas literaturas, está relacionado aos efeitos promovidos pelo processo após a industrialização que atinge diretamente o âmbito da economia nos contextos macro e micro social. Do ponto de vista teórico, há consenso de que o conceito de desenvolvimento econômico significa o aumento persistente da renda real da economia de determinada região, país, estado ou município em conjunto com a condição qualitativa da vida da população. Entretanto, conforme ressaltam Cohen e Berlinck (1970), é relevante mencionar que o aumento constante da renda real de uma economia pode favorecer um percentual da população e não alcançar outros. Basta observar a desigualdade socioeconômica de determinados territórios e a concentração de renda de outras regiões. Essa discrepância sugere que deve haver uma distinção entre o aumento da renda real e os admissíveis resultados de tal processo produz. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 3 Deste modo, Cohen e Berlinck (1970) indicam que “o crescimento econômico significa o aumento persistente da renda real de uma economia” (1970, p. 48). O crescimento econômico alude ao crescimento da capacidade da economia e, portanto, da produção de bens e serviços de distinto país ou área econômica. Assim, entende-se que tal aumento nem sempre afetará essencialmente o padrão de vida da população em sua totalidade. Ressalta-se, deste modo, que “quando há o aumento da riqueza nacional que atinge todos os segmentos da população de maneira homogênea ou quando beneficia uma parcela substancial da população, entende-se que há o desenvolvimento econômico” (Cohen; Berlinck,1970, p. 49). Para Bresser Pereira (2008), o desenvolvimento econômico de um país ou estados-nação “é o processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população” (Bresser Pereira, 2008, p. 30). Conforme a análise de Singer (1977), o desenvolvimento econômico é um processo de transformação qualitativa da estrutura econômica. Nesse processo de desenvolvimento, estão implícitos os fenômenos socioeconômicos que necessariamente o acompanham. São eles: 1. aumento do acesso a trabalho e renda; 2. melhoria do padrão de vida tanto da população urbana como da rural; 3. elevação de seu nível educacional; 4. índices reduzidos de desigualdade e violência; 5. acesso à moradia, transporte, saneamento, entre outros. A distinção entre esses conceitos sugere, portanto, “que para haver desenvolvimento deve haver crescimento econômico. O inverso, entretanto, não é necessariamente verdadeiro” (Singer, 1977, p. 30). Além de desenvolvimento e crescimento econômicos, ressalta-se, ainda, o conceito de modernização, definido como o processo pelo qual são introduzidos numa sociedade os produtos, quer sejam materiais (bens e mercadorias) relacionados à inovação e tecnologia, quer sejam sociais (hábitos, valores, formas características de comportamento com produtos). Assim, o processo de modernização não implica, necessariamente, em crescimento econômico ou na melhoria das condições de vida da população. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 4 Referente à modernização, “alude a dimensões extra-econômicas da mudança social e implica na transformação do comportamento social de uma população” (Cohen; Berlinck,1970, p. 49). Menciona-se que o conceito de desenvolvimento econômico tem distintas interpretações, por isso, buscamos abarcar, neste tema, o consenso entre teóricos e a diferenciação dos conceitos de crescimento e modernização, que facilmente são confundidos. TEMA 2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável é relativamente recente, datando de 1987 e sendo apresentado por Gro Harlem Brundtland em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no relatório denominado “Nosso Futuro Comum”. O documento parte de estudos da Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas como uma resposta à humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. O documento tem como centralidade a ideia de um crescimento econômico eficiente e racional, que satisfaça as necessidades das gerações presentes sem comprometer o direito das gerações futuras em ter suas necessidades supridas e garantidas. O conceito de desenvolvimento sustentável (Chacon, 2007) traduz a preocupação com o desenvolvimento e o papel do homem dentro desse processo, bem como ressalta que o desenvolvimento visa à liberação da personalidade humana, o autocontrole das necessidades materiais pelo indivíduo, do que sobre um controle social do consumo (Chacon, 2007, p. 121). Para Sachs (1993), é indispensável a existência de um planejamento sistemático para pensar na condição social de determinado contexto e nas possibilidades e incidência de desenvolvimento. Sachs (1993), ainda, ressalta a importância do planejamento, mas de um planejamento realista e realizável, que permita o estudo sério e aprofundado das condições que envolvem dado projeto, que vise desenvolver um espaço em certo tempo, mas também caracterizar todas as debilidades encontradas, permitindo, assim, a antecipação de falhas. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 5 Para Sachs (1993, p. 37), todo o processo de desenvolvimento precisa levar em conta, simultaneamente, as seguintes dimensões da sustentabilidade: Sustentabilidade social: criação de um processo de desenvolvimento que seja sustentado por um outro crescimento e subsidiado por uma visão de sociedade pautada em valores coletivos, onde a meta é construir uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens. Sustentabilidade econômica: alocação mais eficiente dos recursos, inclusive entre as nações e deve ser medida em termos macrossociais, e não apenas através do critério da rentabilidade empresarial de caráter microeconômica. Sustentabilidade ambiental: trata do respeito em realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais; trata da capacidade do Estado para implementar um projeto nacional, em um nível razoável de coesão social, regulado na democracia como apropriação universal dos direitos humanos; Sustentabilidade política (Internacional): pautada na prevenção de guerras, garantia da paz, pacto Norte-Sul de co-desenvolvimento baseado no princípio da igualdade, proteção ao meio ambiente e na cooperação internacional Sustentabilidade ecológica: potencializar os recursos do planeta; limitar o uso de recursosnão-renováveis e ampliar a utilização, de forma adequada, dos recursos renováveis; diminuir a poluição e aumentar a reciclagem; conscientizar para a limitação do consumo por países e indivíduos; aumentar as pesquisas para descobrir tecnologias limpas; normatizar, institucionalizar e instrumentar a proteção ao meio ambiente. Sustentabilidade espacial: equilíbrio entre as zonas rurais e urbanas, distribuindo melhor por estas as atividades econômicas e humanas. Sustentabilidade cultural: promover o desenvolvimento local, levando-se em conta os saberes locais, suas culturas e identidades. (Sachs, 2009, p. 58) Tais características, em relação à dimensão de pactuação internacional, entendem que a sustentabilidade consiste em encontrar meios de produção, distribuição e consumo dos recursos existentes de forma mais coerente, economicamente eficiente e ecologicamente viável. TEMA 3 – OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são metas que devem ser assumidas por todos os países membros da ONU após 2015. Os ODS foram construídos e norteados pelos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), tendo uma agenda sustentável que deve guiar a atuação da sociedade até 2030. No total, são 17 objetivos e 169 metas que podem ser divididas em 5 grandes áreas: Pessoas, Planeta, Paz, Prosperidade e Parcerias. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 6 Figura 1 – 17 Objetivos da ODS Fonte: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e- meio-ambiente/134-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods>. As diretrizes dos ODS têm como foco principal os três pilares da sustentabilidade: eixo social, ambiental e econômico. O que diferencia os ODM dos ODS é que as ações dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio eram focadas nas questões sociais, principalmente em relação às dificuldades dos países em desenvolvimento, envolvendo pouco o eixo econômico e a relação de políticas públicas que poderiam, de fato, incidir nas condições de vida da população com ênfase na erradicação da pobreza, o que é o foco dos ODS. Os ODS foram elaborados de maneira colaborativa, por meio de diversas consultas públicas, participação de diversos grupos e organizações. Os novos objetivos fazem parte de um conjunto de ações de prioridades globais para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. No Brasil, em julho de 2017, foi produzido um conjunto de “documentos temáticos” (issue papers) que apresenta temas e questões que o Sistema ONU no Brasil considera relevantes no âmbito do processo de implementação da Agenda 2030. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 7 TEMA 4 – POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO: PRINCIPAIS MODALIDADES A análise sobre políticas públicas e desenvolvimento se relaciona ao debate sobre processos que submergem os limites e as possibilidades político- administrativo, bem como a participação da sociedade em geral para atuar em necessidades concretas da população. No caráter político-administrativo, nas ações de intervenção do governo e em suas prerrogativas, bem como na atuação da sociedade, o processo relacionado a policymakers infere que todos os cidadãos têm como direito e dever a contribuição para o processo de formulação das decisões sobre as políticas. Segundo Teixeira (2008), é importante considerar alguns tipos de políticas na definição da forma de atuação no que diz respeito à formulação e à implementação, de modo que vários critérios podem ser utilizados. Assim, sobre a natureza ou o grau da intervenção nas políticas públicas, Teixeira (2008) aborda a existência da lógica e apresenta, para tal, duas opções: a) estrutural – busca interferir em relações estruturais como renda, emprego, propriedade etc.; b) conjuntural ou emergencial – objetiva amainar uma situação temporária, imediata. Quanto à abrangência dos possíveis benefícios: a) universais – para todos os cidadãos; b) segmentais – para um segmento da população, caracterizado por um fator determinado (idade, condição física, gênero etc.); c) fragmentadas – destinadas a grupos sociais dentro de cada segmento. A concepção de políticas públicas varia conforme a orientação da política. A visão liberal opõe-se à universalidade dos benefícios de uma política social. Na visão socialdemocrata, concebem-se os benefícios sociais como proteção aos mais vulneráveis, como compensação aos desajustes do sistema, de modo que as políticas públicas têm papel regulador das relações econômico-sociais. No contexto brasileiro, após a constituição de 1988, há o processo de descentralização político administrativa, em que o município tem autonomia para definir suas políticas e aplicar seus recursos sendo definidas no Artigo 30 da Constituição Federal, entre: 1. legislar sobre assuntos de interesse local, expressão bastante abrangente, detalhada na Lei Orgânica; A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 8 2. instituir e arrecadar impostos sobre serviços, predial urbano, transmissão intervivos de bens imóveis, varejo de combustíveis líquidos; 3. regular matérias conforme peculiaridades locais, ou, em caso de omissão de outra esfera, não sendo competência exclusiva, preencher a lacuna. TEMA 5 – POLÍTICAS MACROECONÔMICAS (POLÍTICA MONETÁRIA E FISCAL) As políticas macroeconômicas são implementadas em diversas situações em um país. Basicamente, o objetivo primordial da atividade econômica é proporcionar um volume de bens e serviços finais para atender às necessidades e aspirações da população. Contudo, muitas vezes, o desempenho da economia passa por desequilíbrios cíclicos, que podem gerar desemprego, aumento de preços, queda na produção e baixa transação com o exterior. Em um cenário recessivo como esse, os formuladores de políticas públicas podem lançar mão de políticas macroeconômicas para reconduzir o crescimento econômico, entre essas, destacamos a política monetária e fiscal. Segundo Hubbard e O'Brien (2010), a política monetária se configura como o instrumento básico do controle da oferta de moeda e define a liquidez da economia como um todo, atuando sobre a taxa de juros. Praticamente todos os objetivos da política macroeconômica podem sofrer a influência do suprimento monetário, da oferta de crédito e da taxa de juros. Atualmente, é uma das formas mais utilizadas pelas autoridades para intervir na economia. A política monetária é um instrumento relevante por meio do qual as autoridades governamentais atuam visando a estabilidade econômica de um país. De acordo com Hubbard e O'Brien (2010), um dos instrumentos de controle monetário são as reservas compulsórias, que consistem no valor depositado pelos bancos comerciais para o Banco Central. Quanto maior a taxa dessas reservas, menor será a oferta de moeda. Ainda, há a taxa de redesconto, uma taxa de juros cobrada pelo Banco Central para empréstimo de dinheiro aos bancos comerciais (quanto maior essa taxa, menor a oferta monetária) e as operações de mercado aberto, que compra e vende títulos para controlar a liquidez da economia. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 9 A política fiscal, por sua vez, se refere a todos os instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar tributos (política tributária) e controlar suas despesas (política de gastos). A política tributária, além de influir sobre o nível de tributação, é utilizada por meio da manipulação da estrutura e alíquota dos impostos para estimular (ou inibir) os gastos com consumo do setor privado. Estes afetam o nível de demanda da economia. A arrecadação afeta o nível de demanda ao influir na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para consumo e poupança. Dado um nívelde renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível, e menor o consumo (Hubbard; O'Brien, 2010, p. 986). Em síntese, as políticas macroeconômicas procuram manter a produção agregada crescente, trabalhar com os mais baixos níveis de desemprego, manter os preços estáveis e equilibrar as contas externas. NA PRÁTICA Sobre a apresentação das políticas de desenvolvimento econômico no Brasil, pesquise sobre políticas macroeconômicas implementadas nos últimos anos no contexto brasileiro e justifique se tais políticas têm relação com os objetivos do desenvolvimento sustentável. FINALIZANDO Para finalizar esta aula, resgatamos os conceitos sobre desenvolvimento econômico, crescimento econômico e modernização, despontando suas especificidades e características. Depois, buscamos ampliar a discussão sobre sustentabilidade, identificando, para tanto, suas diversas modalidades: (i) sustentabilidade social; (ii) sustentabilidade econômica; (iii) sustentabilidade ambiental; (iv) sustentabilidade política; (v) sustentabilidade ecológica; (vi) sustentabilidade espacial; (vii) sustentabilidade cultural. Pontuamos os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e os compromissos assumidos no contexto brasileiro para efetivação de políticas para implementação desses objetivos. Ainda, falamos sobre a relação entre as políticas públicas e o desenvolvimento e o processo que envolve a natureza ou o grau da intervenção nas políticas públicas, na lógica: (i) estrutural; (ii) A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 10 conjuntural ou emergencial. E a abrangência dos benefícios: (i) universais; (ii) segmentais, (iii) fragmentadas – destinada a grupos sociais dentro de cada segmento. Destacamos o processo de descentralização político administrativa, o papel dos municípios na definição das políticas prioritárias da população. E, no último tema, discorremos sobre as políticas macroeconômicas, apresentando como ênfase as políticas monetárias e fiscais. REFERÊNCIAS BERLINCK, M. T.; COHEN, Y. Desenvolvimento econômico, crescimento econômico e modernização na cidade de São Paulo. Rev. Adm. Empresas, 1970, v. 10, n. 1, p. 45-64. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034- 75901970000100003>. Acesso em: 4 mar. 2018. BRESSER-PEREIRA, L. C. Crescimento e desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2008. CHACON, S. S. O sertanejo e o caminho das águas: políticas públicas, modernidade e sustentabilidade no semiárido. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2007. 354 p. (Série BNB teses e dissertações, n. 08). Disponível em: <https://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/livroPDF.aspx?cd_livro=20>. Acesso em: 4 mar. 2018. HUBBARD, G.; O'BRIAN, A. Introdução à economia. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. ONUBR. Documentos Temáticos. Objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, 2017. Disponível em: <http://www.br.undp.org/content/dam/brazil/docs/publicacoes/documentos- tematicos-ods-07-2017.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2018. SACHS, I. Estratégias de Transição para do século XXI. Rev. Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Paulo: Studio Nobel; Fundação para o Desenvolvimento Administrativo, 1993. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 11 SINGER, P. Desenvolvimento e crise. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1977. TEIXEIRA, E. C. O papel das políticas públicas no desenvolvimento local e na transformação da realidade, 2008. Disponível em: <http://www.fit.br/home/link/texto/politicas_publicas.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2018. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, teremos como ponto central a discussão sobre o processo de elaboração de políticas públicas (policy making process), também chamado de “ciclo de políticas públicas”. Em um primeiro momento, identificaremos a caracterização de um ciclo de políticas públicas, com suas fases sequenciais e distinções. Na sequência, trataremos sobre cada uma dessas fases, apresentando o problema e a formação de agenda de política pública. Em seguida, trabalharemos com a formulação de alternativas para a política pública, evidenciando os procedimentos de tomada de decisão e implementação. Para finalizar, explicitaremos a avaliação da política pública, explicando como ocorre seu monitoramento e sua possibilidade de extinção. TEMA 1 – CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Para a formulação de políticas públicas, compete ao Estado e à sociedade civil inserirem-se em diversos espaços para formulação, acompanhamento e avaliação de distintas políticas. Conforme a abordagem de Howlett et al. (2013), os processos que envolvem as políticas públicas se desdobram em estágios sequenciais, os quais compreendem desde o levantamento do problema até a sua reformulação ou possível extinção. Mesmo com versões distintas já desenvolvidas sobre o ciclo de políticas públicas, a mais utilizada prevê o ciclo dividido em cinco fases principais, sendo: 1. formação de agenda; 2. formulação de alternativas/políticas; 3. tomadas de decisão; 4. implementação da política; 5. avaliação. O ciclo das políticas públicas geralmente não reflete a real dinâmica ou experiência prática das políticas públicas, de modo que as fases, em diversos momentos, se entrecruzam e as sequências se alteram. Assim, os processos que envolvem as políticas públicas na materialidade são incertos. A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 3 Figura 1 – Ciclo das políticas públicas Fonte: <http://www.politize.com.br/ciclo-politicas-publicas/> Para Cohen, March e Olsen (1972), não há um ponto de início e finalização de uma política pública, dessa forma, o procedimento de política pública expressa-se como incerto e, muitas vezes, as fronteiras entre as fases não são nítidas. Apesar de tais constatações, o ciclo das políticas públicas tem uma grande finalidade, a de organizar a estrutura e as estratégias de desenvolvimento da política, bem como auxiliar na criação de um referencial para a estruturação da análise. No que envolve os sujeitos que formulam as políticas públicas, este processo é previsto como um campo de arena política em que atores sociais estão envolvidos, desde grupos de pressão, movimentos sociais, partidos políticos, agentes governamentais e outros sujeitos. Deste modo, o ciclo das políticas públicas se expressa como um processo dinâmico e participativo. TEMA 2 – IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMA E FORMULAÇÃO DE AGENDA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS A delimitação de um problema público é essencial para o processo de elaboração de uma política pública. Há que se destacar, no entanto, que qualquer definição de problemas públicos se expressa como temporária ou se define conforme interesses e pressões impostas por atores sociais. Na análise de Secchi (2013) sobre a identificação de problemas públicos conta que: A luno: Y uri G om es M allaco E m ail: yurim allaco27@ gm ail.com 4 [...] os partidos políticos e as organizações não governamentais são alguns dos atores que se preocupam na identificação de problemas públicos. Do ponto de vista racional, esses atores encaram o problema público uma oportunidade para demostrar seu trabalho, ou a justificativa para a sua existência. (Secchi, 2013, p. 45) Assim, ao definir um problema público, é necessário definir uma lista de prioridades de atuação, denominada agenda. Deste modo, a agenda de políticas públicas é entendida como um conjunto de problemas ou temas de relevância coletiva. Esta agenda pode tomar forma como um programa de governo, um plano ou um planejamento estratégico. De acordo com Cobb e Elder (1983 apud Secchi, 2013), existem dois tipos de agenda das políticas públicas: [...] agenda política:
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