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SERVIÇOSOCIAL E FORMAÇÃO PROFISSIONAL-1

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Prévia do material em texto

SERVIÇO 
SOCIAL E 
FORMAÇÃO 
PROFISSIONAL
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é 
um grande desafio para todos os cidadãos. A 
busca por tecnologia, informação, conheci-
mento de qualidade, novas habilidades para 
liderança e solução de problemas com eficiên-
cia tornou-se uma questão de sobrevivência 
no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabi-
lidade: as escolhas que fizermos por nós e pe-
los nossos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesu-
mar assume o compromisso de democratizar 
o conhecimento por meio de alta tecnologia e 
contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover 
a educação de qualidade nas diferentes áre-
as do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvi-
mento de uma sociedade justa e solidária” –, 
o Centro Universitário Cesumar busca a inte-
gração do ensino-pesquisa-extensão com as 
demandas institucionais e sociais; a realização 
de uma prática acadêmica que contribua para 
o desenvolvimento da consciência social e po-
lítica e, por fim, a democratização do conheci-
mento acadêmico com a articulação e a inte-
gração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar 
almeja ser reconhecido como uma instituição 
universitária de referência regional e nacional 
pela qualidade e compromisso do corpo do-
cente; aquisição de competências institucio-
nais para o desenvolvimento de linhas de pes-
quisa; consolidação da extensão universitária; 
qualidade da oferta dos ensinos presencial e 
a distância; bem-estar e satisfação da comuni-
dade interna; qualidade da gestão acadêmica 
e administrativa; compromisso social de inclu-
são; processos de cooperação e parceria com 
o mundo do trabalho, como também pelo 
compromisso e relacionamento permanen-
te com os egressos, incentivando a educação 
continuada.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) 
acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de 
transformação, pois quan-
do investimos em nossa 
formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos trans-
formamos e, consequen-
temente, transformamos 
também a sociedade na 
qual estamos inseridos. 
De que forma o fazemos? 
Criando oportunidades 
e/ou estabelecendo mu-
danças capazes de alcan-
çar um nível de desenvol-
vimento compatível com 
os desafios que surgem no 
mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo 
de Educação a Distância, o(a) acompanhará duran-
te todo este processo, pois conforme Freire (1996): 
“Os homens se educam juntos, na transformação 
do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à pro-
posta pedagógica, contribuindo no processo 
educacional, complementando sua formação 
profissional, desenvolvendo competências e 
habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma 
aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da auto-
nomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de 
crescimento e construção do conhecimento 
deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos 
recursos pedagógicos que o Centro Universi-
tário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse 
regularmente o STUDEO – Ambiente Virtual 
de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das 
discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se 
encontra disponível para sanar suas dúvidas 
e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
R
Professora Me. Maria Cristina Araújo de 
Brito Cunha
Mestre em Gerontologia Social pela 
Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo (PUC/SP). Especialista em 
Administração de Recursos Humanos pela 
Universidade Federal da Paraíba. Graduada 
em Serviço Social pela Universidade Federal 
do Amazonas. Coordenadora do Curso de 
Serviço Social no Núcleo de Educação a 
Distância (NEAD) Unicesumar.
Lattes: 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/
visualizacv.do?id=K4744725Y4
A
U
TO
R
Professora Esp. Fernanda Carvalho 
Basilio Hernandez
Especialista em EAD e as Tecnologias 
Educacionais. Graduada em Serviço Social 
pela Faculdade Estadual de Ciências 
Econômicas de Apucarana (FECEA). 
Lattes:http://buscatextual.cnpq.
br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K8141244T2
Seja bem-vindo(A)!
É com imenso prazer que apresentamos este li-
vro a você! Em primeiro lugar, queremos deixar 
registrado aqui nossa alegria em participar da sua 
jornada de aprendizado e troca de experiências.
Queremos que saiba que o conteúdo deste livro 
foi pensado e elaborado com muito carinho, pois 
nossa preocupação foi encontrar e oferecer in-
formações que pudessem proporcionar conheci-
mento e, assim, aperfeiçoar sua percepção, com-
preensão e entendimento do tema proposto.
O livro é parte de seu material didático, contém 
trechos e citações de autores renomados que 
já escreveram sobre o Serviço Social e a forma-
ção profissional, tudo de maneira clara e simples 
para facilitar a compreensão.
Esse tema é muito relevante, pois é necessário que 
você tenha uma visão crítica e integral sobre o pro-
cesso histórico da profissão, a formação dos profis-
sionais, os campos de atuação, bem como sobre as 
atribuições privativas do assistente social.
APRESENTAÇÃO
SERVIÇO SOCIAL E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Na Unidade 1, você conhecerá as particula-
ridades do processo histórico que envolve 
a formação do assistente social, conhecerá, 
também, a influência que a Igreja Católica 
exercia sobre a profissão e a relação com a 
classe trabalhadora. Essas relações foram de-
cisivas para se fundar as primeiras escolas de 
Serviço Social no Brasil.
Descobrirá como o Serviço Social se tornou 
profissão regulamentada por lei, identificará 
as múltiplas expressões da questão social e 
porque ela é objeto de trabalho do assisten-
te social. Conhecerá como era a atuação do 
profissional e constatará as mudanças ocorri-
das até os dias atuais, bom como os desafios 
postos à profissão, seus limites e conquistas.
Na Unidade 2, discutiremos sobre o conser-
vadorismo e o positivismo, verá como a pro-
fissão se instituiu e passou a ter contato com 
bases cientificas – a teoria positivista - por 
meio das escolas, clareando suas ações. 
Você terá conhecimento sobre os códigos de 
ética conservadores, sobre conceitos de éti-
ca, que é um dos elementos que compõe a 
prática profissional, bem como a perspectiva 
APRESENTAÇÃO
modernizadora, que trouxe nova roupagem 
para a profissão. Além disso, a teoria funcio-
nalista legitimou o papel e as ações do Servi-
ço Social. Para fechar essa unidade, aborda-
remos os projetos neoliberal e societário.
Na Unidade 3, discutiremos o contexto das 
políticas sociais, o significado da questão so-
cial e suas várias expressões, o objeto de tra-
balho do Serviço Social bem como o acesso 
aos direitos dos serviços socioassistenciais 
aos indivíduos em situação de vulnerabili-
dade social. Apresentaremos o cenário das 
politicas sociais reguladas pelo Estado, dada 
a importância para a formação profissional. 
Nessa unidade, você conhecerá a história das 
politicas sociais, o que é fundamental para 
entendê-las na contemporaneidade.
Discorreremos na Unidade 4 como é a ação 
interventiva do assistente social nas institui-
ções públicas, no terceiro setor e nas empre-
sas. Conhecerá os direitos socioassistenciais 
presentes na Constituição Federal de 1988 
que são frutos de uma intensa mobilização 
social, bem como a atuação do assistente 
social ao longo dahistória, tendo o Estado 
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
como o maior empregador dos profissionais 
do Serviço Social. 
Essa unidade também abordará a Política Na-
cional de Assistência Social que implantou o 
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 
que foi instituído em 2011 pela presidente 
Dilma Rouseff (Lei 12.435/2011).
A unidade 5 abordará as atribuições e par-
ticularidades do exercício profissional e pro-
porcionará a compreensão do que compete 
ou não ao Serviço Social, assim como verifi-
cará as atribuições específicas do Serviço So-
cial e as dinâmicas de assessoria, consultoria 
e os avanços e desafios que são postos à pro-
fissão no que diz respeito à supervisão.
Abordaremos, também, o trabalho compar-
tilhado com outros profissionais na coorde-
nação e implementação de projetos em di-
ferentes campos das políticas sociais e nas 
atividades sócio jurídicas, que impõem no-
vas exigências para os assistentes sociais e 
conceituaremos a interdisciplinaridade e a 
multidisciplinaridade para compreender-
mos como é a atuação do assistente social 
nesse meio.
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Caro (a) aluno (a), é importante que você 
faça uma leitura atenta do livro e também se 
empenhe em resolver as questões das ativi-
dades complementares, que estão no final 
de cada unidade. Além das atividades, você 
encontrará sugestões de artigos, livros e fil-
mes relacionados ao conteúdo da disciplina 
de Serviço Social e Formação Profissional.
Agradecemos a oportunidade de fazer par-
te desse processo de ensino-aprendizagem. 
Desejamos muito sucesso a você!
Bons estudos e boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE I
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
20 Introdução
23 Trajetória Histórica do Serviço Social e sua 
Relação com Igreja e o Estado
35 A Influência da Igreja Católica no Processo de 
Formação Profissional do Assistente Social
43 A Institucionalização do Serviço Social no Brasil 
52 O Serviço Social na Produção e Reprodução das 
Relações Sociais
65 Considerações Finais 
75 Gabarito 
UNIDADE II
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A 
CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
81 Introdução
83 Conservadorismo e Positivismo 
88 Serviço Social e a Reproduçao das Relações 
Socias
91 Os Códigos de Ética Conservadores 
113 A Matriz Modernizadora do Serviço Social 
SUMÁRIO
116 Projetos Societários
125 O Projeto Ético-Político do Serviço Social e o 
Projeto Neoliberal
154 Considerações Finais 
169 Gabarito 
UNIDADE III
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
175 Introdução
177 O Serviço Social no Contexto das Políticas 
Sociais Face as Expressões da Questão Social
179 O Processo Histórico da Participação Popular 
no Brasil
190 Processo Histórico de Construção da Política 
de Assistência Social no Brasil
198 Considerações Finais 
210 Gabarito 
SUMÁRIO
UNIDADE IV
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE
216 Introdução
218 A Ação Interventiva do Assistente Social em 
Instituições Públicas
224 A Ação Interventiva do Assistente Social em 
Instituições do Terceiro Setor
236 A Ação Interventiva do Assistente Social em 
Instituições Empresariais
243 Considerações Finais 
250 Gabarito 
UNIDADE V
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO 
PROFISSIONAL
256 Introdução
258 Atribuições Privativas do Assistente Social 
262 Assessoria e Consultoria em Serviço Social 
269 Supervisão na Área do Serviço Social 
273 Conceitos e Atribuições do Serviço Social em 
Equipes Multi/Interdisciplinares
285 Considerações Finais 
300 Referências 
U
N
ID
A
D
E I
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
O SERVIÇO SOCIAL E O 
PROCESSO HISTÓRICO DA 
PROFISSÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 ■ Contextualizar o processo histórico do 
Serviço Social como profissão.
 ■ Refletir sobre a influência da Igreja 
Católica no processo formativo do 
assistente social.
 ■ Conceituar o Serviço Social enquanto 
disciplina profissional inserido no 
campo das ciências humanas e 
sociais.
U
N
ID
A
D
E
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que 
você estudará nesta unidade:
 ■ A trajetória histórica do Serviço Social 
e sua relação com Igreja e o Estado.
 ■ A influência da Igreja Católica no 
processo de formação profissional do 
assistente social
 ■ A institucionalização do Serviço Social 
no Brasil
 ■ O Serviço Social na produção e 
reprodução das relações sociais
I
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
O SERVIÇO SOCIAL E O 
PROCESSO HISTÓRICO DA 
PROFISSÃO
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
20
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), 
Nesta unidade de estudo, você conhecerá 
as particularidades e peculiaridades sobre o 
contexto histórico, econômico e social que cir-
cunscreve a formação profissional do Serviço 
Social, sendo imprescindível identificar o pre-
âmbulo das relações sociais estabelecidas, 
principalmente entre a Igreja, o Estado e a 
classe operária que foram determinantes para 
a fundação das primeiras escolas no Brasil.
É nesse contexto que será apresentado o 
cenário histórico do surgimento do Serviço 
Social enquanto profissão a partir da aná-
lise crítica acerca da questão social, que é 
fruto da relação de desigualdade entre as 
classes, e o quanto está intimamente ligada 
à sua formação enquanto classe social e de 
seu reconhecimento pelo Estado aos desdo-
bramentos desde a sua origem.
Cabe ainda, por meio dos conteúdos que 
aqui serão abordados, ilustrar teoricamente 
a conotação moral e religiosa que marca 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
21
a intervenção profissional devido à grande 
influência da Igreja Católica, sob a missão ide-
ológica da classe dominante, cujo fundamento é 
encontrado na Doutrina Social da Igreja. Dessa 
forma, a intervenção profissional do assistente 
social estava dirigida, sobretudo, às situações 
de “pobreza” e/ou aos “desajustados”, a fim de 
levá-los a um maior ajustamento à ordem social 
vigente – visão em que a pobreza se caracteriza 
um caso de polícia.
Percorrer a trajetória histórica de como surge 
a profissão, vai lhe oportunizar a compreensão 
de como se estabelece a identidade profissio-
nal do assistente social, marcada por uma série 
histórica de uma intervenção socialmente deter-
minada. O desvelar do Serviço Social como 
uma profissão inserida na divisão sócio-técnica 
do trabalho vem exigir novas competências no 
contexto contemporâneo.
E à medida que avançamos na trajetória his-
tórica, iremos refletir junto com você sobre os 
vários desafios postos à profissão, bem como 
seus limites e avanços. Nessa perspectiva de 
análise teórica, repassaremos todo conteúdo 
desta unidade, que vai desde a concepção de 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
22
sociedade, de Estado, à concepção da formação, 
da identidade e da intervenção profissional na 
contemporaneidade.
Bom estudo!
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
23
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL 
E SUA RELAÇÃO COM IGREJA E O ESTADO
O marco histórico do surgimento do Serviço 
Social no Brasil registra a ação de filantropia da 
Igreja Católica, com caráter missionário de cari-
dade junto aos setores abastados da sociedade, 
que se dedica, também, por meio das ordens 
religiosas, a cuidar e administrar as instituições 
de caridade, hospitais e escolas, contando com 
o trabalho voluntário de religiosos, mais pre-
cisamente de sua parcela feminina. 
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sh
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w
al
ke
r
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
24
A essa vinculação da formação profissional 
do Serviço Social à imagem predominantemente 
feminina e de caráter filantrópico está enraizada 
a memória histórica desde a sua instituciona-
lização imbricada pela relação entre a Igreja e 
o Estado, de tal modo que, ao pensar na ação 
do assistente social, vem logo à ideiada “moça 
boazinha” que pratica o bem aos necessitados, 
não é verdade?
Esse cenário nos remete às obras de caridade 
mantida pelo clero e também por leigos e damas 
que vêm de uma longa tradição desde os pri-
mórdios do período colonial.
Para compreender plenamente a questão do 
período colonial, é importante ter em mente o 
processo de formação do Estado brasileiro que 
foi constituído para incentivar a colonização e 
povoamento do Brasil. O governo português 
adotou um sistema de administração territo-
rial chamado de Capitanias Hereditárias, que 
consistia em dividir o território nacional em 
grandes faixas, as tornando particulares.
Essas faixas geralmente eram destinadas 
para pessoas da nobreza e do circulo social da 
coroa e isso nos levou a uma situação em que 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
25
o poder estava nas mãos de uma minoria da 
população, ou seja, o acúmulo de riquezas em 
uma pequena parte da sociedade, situação que 
favoreceu o abuso e a exploração da classe tra-
balhadora e que ainda hoje apresenta resquícios 
na sociedade.
É importante observar nesse cenário o pano 
de fundo no qual se constitui o surgimento da 
profissão, ou seja, o Serviço Social passa a ser 
reconhecido pelo Estado no momento da transi-
ção do capitalismo concorrencial ao capitalismo 
dos monopólios, que acarretou, por consequ-
ência, o agravamento das expressões da questão 
social e a necessidade do Estado em responder, 
de alguma forma, ao sistema vigente, a partir 
de pressões exercidas pela classe trabalhadora.
Assim, pode-se perceber que a classe traba-
lhadora, a partir das transformações ocorridas 
no modo de produção capitalista, teve suas con-
dições de vida e trabalho duramente afetadas ao 
passo que, desprovidos dos meios de produção, 
encontram na venda de sua força de trabalho, 
meios de subsistência num sistema injusto e 
desigual. Na forma monopólica, esse sistema 
adquire uma feição mais perversa, marcado 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
26
predominantemente pela exploração da mino-
ria sobre a maioria. Martinelli (1991, p. 54) faz 
a seguinte síntese:
Com o capitalismo se institui a sociedade 
de classes e se plasma um novo modo de 
relações sociais, mediatizadas pela pos-
se privada de bens. O capitalismo gera o 
mundo da cisão, da ruptura, da explora-
ção da maioria pela minoria, o mundo 
em que a luta de classes se transforma na 
luta pela vida, na luta pela superação da 
sociedade burguesa.
A autora aponta que o capitalismo instaura na vida 
social duas classes antagônicas e contraditórias que 
constituem seu modo de ser e entender a socie-
dade a partir de sua inserção na esfera produtiva. 
Desse modo, observamos que existe a classe 
proprietária dos meios de produção e a classe que 
dispõe apenas de sua força de trabalho, ambas 
detentoras de interesses e objetivos distintos, 
os quais são representados por um organismo 
externo a essa relação: o Estado.
Essa instituição transmite ao conjunto social 
a ideia de neutralidade, de instituição permeá-
vel às diversas necessidades dos sujeitos sociais 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
27
e consensual, na verdade, surge para atender a 
interesses particulares de apenas uma classe: a 
burguesia.
Para Pilleti (1986), o Estado é um mecanismo 
do qual a classe detentora dos meios de pro-
dução faz uso para manter o controle sobre os 
demais setores da sociedade, utilizando-o ainda 
como um instrumento de satisfação de seus 
anseios de classe.
É nesse contexto de relações de detenção 
de poder econômico que o capitalismo surge 
enquanto um modelo político, econômico e 
social que tem seu início a partir do fim da 
sociedade baseada no modo de produção feu-
dal. Nesse sentido, Piletti (1986) afirma que seu 
início remonta ao final da Idade Média, quando 
os comerciantes vendiam produtos nos arre-
dores das propriedades dos senhores feudais, 
também conhecidos como burgos. Essa fase 
ficou conhecida como capitalismo comercial.
Ocorre que no decorrer da história e por 
conta das transformações ocorridas no inte-
rior do próprio modo de produção capitalista, 
o capitalismo evoluiu e passou por outras fases. 
Desse modo, nos apoiaremos nas ideias de 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
28
Singer (1987) para discorrer sobre as caracte-
rísticas das fases concorrencial e monopólica 
do modo de produção capitalista. O autor em 
questão as diferencia a partir da forma de con-
corrência e do modo de gestão das empresas 
em cada fase.
Singer (1987) argumenta que na fase concor-
rencial do capitalismo, que ele nomeia “liberal”, 
muitas empresas disputavam entre si a pre-
ferência dos clientes, que eram atraídos por 
meio da oferta de certas vantagens. Já no capi-
talismo monopolista, esta disputa ocorre entre 
um número reduzido de grandes empresas, as 
quais fazem uso de publicidade para convencer 
os clientes de que os preços altos são resultan-
tes da qualidade dos produtos, sustentada por 
meio de sua “marca e aparência”.
Ainda em Singer (1987), pode-se inferir que 
no capitalismo concorrencial existiam várias 
organizações, geridas pelos seus donos, e que 
competiam entre si pelo apreço de seus clien-
tes. Já no capitalismo monopolista, as pequenas 
e médias organizações são substituídas por gran-
des corporações, as quais detêm o controle dos 
mercados nacionais e passam a internacionalizar 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
29
suas economias por meio das empresas multina-
cionais, as quais são administradas por executivos 
e são instaladas nos diversos países que compõem 
o globo.
Perceba que aprofundamos a leitura no que 
diz respeito à análise crítica de conjuntura para 
além da atuação conjunta entre a burguesia e 
a Igreja Católica, que deu origem ao Serviço 
Social no Brasil. Sem dúvida, o incentivo estatal 
à industrialização também fez parte do pano de 
fundo sobre o qual a profissão se constitui, pois 
sua fundação remonta ao período em que o país 
era governado por Getúlio Vargas, contexto no 
qual a economia, paulatinamente, deixava de 
ser essencialmente agrária, passando a dividir 
seu espaço com a industrialização. Nesse sen-
tido, Martinelli (2010, p. 122) pontua:
A acumulação capitalista deixava de se 
fazer através das atividades agrárias de 
exportação, centrando-se no amadureci-
mento do mercado de trabalho, na con-
solidação do polo industrial e na vincu-
lação da economia ao mercado mundial.
Essas transformações deflagradas no modo de 
produção ocasionaram mudanças nas formas 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
30
de organização da sociedade brasileira e nas 
condições de vida dos sujeitos que nela viviam, 
uma vez que o desenvolvimento pleno da indus-
trialização no país trouxe consigo o início da 
aglomeração, nas nascentes cidades, de indiví-
duos desprovidos dos meios de produção e que 
encontravam apenas na venda de sua força de 
trabalho meios para subsistir.
Para além do aumento da lucratividade capi-
talista, a entrada do capital na fase monopólica 
trouxe consigo o acirramento das expressões da 
questão social, já existentes no capitalismo con-
correncial, à medida que, nessa fase, a introdução 
de novas tecnologias no processo produtivo 
foi cada vez maior, acarretando a expulsão de 
muitos trabalhadores de seus postos de traba-
lho. Esse fenômeno deu-se gradativamente à 
medida que o capitalismo foi se desenvolvendo 
e, nesse sentido, Marx (1989, p. 506) contribui 
com nossa exposição ao apontar que:
É incontestável que a maquinaria em si 
mesma não é responsável de serem os 
trabalhadores despojados dos meios de 
subsistência. Ela barateia e aumenta o 
produto no ramo de que se apodera e, 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
31
de início, não modifica a quantidade de 
meios de subsistência produzidos em ou-
tros ramos. Depois de sua introdução, 
possui, portanto, a sociedade a mesma ou 
maior quantidade de meios de subsistên-
ciapara os trabalhadores despedidos, não 
se levando em conta a enorme porção do 
produto anual, dilapidada pelos que não 
são trabalhadores. E este é o ponto nevrál-
gico da apologética econômica. Para ela, 
as contradições e antagonismos insepa-
ráveis da aplicação capitalista da maqui-
naria não existem, simplesmente porque 
não decorrem da maquinaria, mas da sua 
aplicação capitalista. A maquinaria como 
instrumental que é, encurta o tempo do 
trabalho, facilita o trabalho, é uma vitó-
ria do homem sobre as forças naturais, 
aumenta a riqueza dos que realmente 
produzem, mas, com sua aplicação capi-
talista, gera resultados opostos: prolonga 
o tempo de trabalho, aumenta sua inten-
sidade, escraviza o homem por meio das 
forças naturais, pauperiza os verdadeiros 
produtores.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
32
Esta substituição do trabalho vivo pelo traba-
lho morto, ou seja, a retirada dos trabalhadores 
dos centros produtivos e sua substituição pelas 
máquinas, iniciada com a Primeira Revolução 
Industrial, proporciona condições favoráveis a 
uma maior acumulação do capital, uma vez que 
as máquinas e as novas tecnologias apresentam-
-se mais eficientes ao capitalista em comparação 
ao trabalho humano, que passa a ser necessário 
somente em condições específicas e em número 
menor. Netto (2011, p. 24) complementa tal 
afirmação ao apontar que:
©
sh
ut
te
rs
to
ck
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
33
[...] o capitalismo monopolista conduz 
ao ápice a contradição elementar entre 
a socialização da produção e a apropria-
ção privada [...] E no âmbito emoldurado 
pelo monopólio, a dialética forças produ-
tivas/relações de produção é tensionada 
adicionalmente pelos condicionantes es-
pecíficos que a organização monopólica 
impõe especialmente ao desenvolvimen-
to e à inovação tecnológicos. O mais sig-
nificativo, contudo, é que a solução mo-
nopolista – a maximização dos lucros 
pelo controle dos mercados – é imanen-
temente problemática: pelos próprios 
mecanismos que deflagra, ao cabo de um 
certo nível de desenvolvimento, é vitima 
dos constrangimentos inerentes à acu-
mulação e à valorização capitalistas.
A importância do conhecimento dos determi-
nantes históricos que configura o sistema de 
produção, os aspectos políticos, econômicos e 
sociais, vem dar sentido também ao contexto 
histórico do Serviço Social por ser uma profis-
são socialmente determinada. 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
34
O Serviço Social enquanto profissão social-
mente necessária e inscrita na divisão social e 
técnica do trabalho tem seu surgimento marcado 
pela intervenção estatal sobre as expressões da 
questão social. Assim, a profissão é requisitada 
com a finalidade de, por meio da operaciona-
lização das políticas sociais, intervir junto à 
classe trabalhadora e controlar suas lutas, as 
quais ameaçavam a “paz social” necessária à 
plena acumulação capitalista.
Portanto, com a função social que lhe fora 
atribuída pelo Estado, representando os inte-
resses classistas da burguesia, o Serviço Social, 
na realidade brasileira, desenvolveu sua ação 
tendo em vista a manutenção da ordem social 
até meados da década de 1960, momento no 
qual a categoria profissional, impulsionada pelo 
contexto sócio-histórico, desenvolve um pro-
cesso de revisão de seus valores e que resulta na 
crítica ao tradicionalismo, que até então norte-
ava a prática profissional.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
35
A INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA NO 
PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO 
ASSISTENTE SOCIAL
Com a emergência da sociedade burguesa, cres-
ceram os problemas sociais a partir da origem 
do mundo do trabalho, fruto das relações de 
produção e de propriedades. Potencializaram-se 
as ações de natureza assistencial referente aos 
aspectos de infraestrutura no quesito de saúde 
e de assistência, ainda que escassos e precários. 
Entretanto devem sua existência de forma quase 
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O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
36
exclusiva às iniciativas de congregação religiosa 
que vieram a se propagar no país. E, se fortalece 
mediante o auxílio material e de ajuda social 
destinado à população que era atingida principal-
mente pelas guerras e epidemias daquela época. 
O Serviço Social no Brasil surgiu na década 
de 1930 juntamente com a implantação das lEIS 
sociais por iniciativa da Igreja Católica. Essas 
leis consistiam na regulamentação das leis tra-
balhistas, motivadas pelo mercado de trabalho 
capitalista no qual a força de trabalho era vista 
como mercadoria, cujo salário, em troca, era 
determinado pelo capital, que a explorava.
No momento em que é vivenciado nacio-
nalmente, o Serviço Social é um projeto 
embrionário de intervenção profissional, apre-
sentando-se como estratégia de qualificação do 
laicato da Igreja Católica, que crescia por meio 
da ampliação de suas ações caritativas aos mais 
necessitados. Procurava-se, com isso, atender ao 
imperativo da justiça e da caridade, em cumpri-
mento da missão política do apostolado social, 
em face do projeto de cristianização da socie-
dade, cuja fonte de justificação e fundamento 
é encontrada na Doutrina Social da Igreja.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
37
Os séculos XVIII e XIX foram marcados por 
acontecimentos de transformações sociais de 
grande impacto para a sociedade dada as transfor-
mações políticas, econômicas, sociais e culturais.
Já o século XX apresenta um cenário econô-
mico e social cada vez mais impulsionado por 
mudanças, principalmente no que diz respeito 
ao processo de industrialização da sociedade. 
É quando se intensifica a formação da classe 
dos assalariados. É no processo de urbaniza-
ção e industrialização que começam a aparecer 
os problemas sociais em decorrência das rela-
ções de trabalho que se estabelece a partir do 
emprego da mão de obra de todos os compo-
nentes da família (crianças, mulheres, homens).
Diante ao desenvolvimento da industrializa-
ção, a classe operária apresenta um crescimento 
exorbitante. Os operários se aglutinaram nos 
centros urbanos vivendo em condições insa-
lubres, precárias e desumanas, submissos a 
excessivas horas de trabalho. Um momento 
de crescente miséria e exploração de homens, 
mulheres e crianças. O trabalho apresentou-
-se como uma questão delicada na República 
Velha, devido aos avanços da industrialização, 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
38
às condições de trabalho, as quais eram bas-
tante precárias, sem leis que regulamentassem 
a relação patrão-empregado. As jornadas de 
trabalho eram longas, não havia férias nem apo-
sentadoria ou descanso semanal remunerado, 
não havia proteção no trabalho para mulheres 
e crianças e muitas fábricas tinham o ambiente 
totalmente insalubre.
O Brasil passou a experimentar um novo mo-
delo político, no qual os brasileiros tomavam o 
poder do país. A primeira fase foi chamada de 
República Velha e durou exatos 41 anos, perí-
odo que tange de 1889 a 1930. Outros nomes 
identificam a época: “República dos Bacharéis”, 
“República Maçônica”. Os bacharéis devido aos 
advogados que sentavam à cadeira do chefe de 
estado e a maioria praticava maçonaria. 
Fonte: As autoras
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
39
Segundo Iamamoto e Carvalho (1985), a ques-
tão social não é senão as expressões do processo 
de formação e desenvolvimento da classe ope-
rária e de seu ingresso no cenário político da 
sociedade, exigindo seu reconhecimento como 
classe por parte do empresariado e do Estado.
Com o crescimento da classe trabalhadora e, 
consequentemente, do tamanho das famílias dos 
operários, a insatisfação tornou-se cada vez mais 
crescente face as precárias condições em que estas 
se encontravam, de modo que obrigou o Estado 
e a Igreja a promoverem algumas concessões e 
modificações na sociedade capitalista, mas que 
tem como pano de fundo o controle das massas.
Nosanos de 1930, com o Estado Novo então 
instituído, defronta-se com duas demandas emer-
gentes: absorver e controlar os setores urbanos 
emergentes e buscar, nesses mesmos setores, legi-
timação política. Para isso, adota-se uma política 
de massa, incorporando parte das reivindicações 
da população, porém controlando a autonomia 
dos movimentos reivindicatórios do proletariado 
emergente, por meio de canais institucionais, 
absorvendo-os na estrutura corporativista do 
Estado. 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
40
Conforme Verdès-Leroux (1986, p. 15),
[...] o projeto profissional dos anos 30 ba-
seava-se na educação da classe operária, 
fornecendo-lhes regras de bom senso e 
razões práticas de moralidade, corrigin-
do-lhes seus preconceitos, ensinando-lhes 
a racionalidade, disciplinando-os em seus 
trajes, seus lares, nos orçamentos domés-
ticos, na maneira de pensar. A função do 
assistente social nesse período – embebido 
pelo caráter militante católico – encontra-
-se na missão ideológica da classe domi-
nante, ou seja, na feitura da personalida-
de do indivíduo de acordo com a visão de 
mundo da burguesia adaptada sob a for-
ma de certo humanismo cristão.
Diante do que já foi visto até o momento, iden-
tificamos claramente a qual grupo o serviço 
social atendia que segundo Iamamoto e Carvalho 
(2000), a implantação do serviço social apresen-
ta-se no decorrer desse processo histórico, o qual 
se iniciou a partir dos anos de 1920-1930, nessa 
gênese como iniciativa particular de grupos e 
frações de classe, que se manifestavam, princi-
palmente, por intermédio da Igreja Católica.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
41
Nessa perspectiva, os autores afirmam que o 
Serviço Social é utilizado como um instrumento 
de ajustamento do comportamento dos indivíduos 
às normas vigentes na sociedade, “[...] prevenindo 
e canalizando a eclosão de tensões para os canais 
institucionalizados estabelecidos oficialmente” 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2000, p. 111).
Essa face conservadora da profissão e de suas 
ações, resultante da função social e da iden-
tidade que lhe foi atribuída pela burguesia, 
encontra as bases para sua confirmação em sua 
gênese, marcadamente atrelada ao ideário da 
Igreja Católica que enxergava na ação social e, 
consequentemente, nos agentes que a desenvol-
viam, uma maneira de recuperar seu prestígio 
perante a sociedade que experimentava gran-
des transformações econômicas e sociais.
Yazbek (2006) contribui com a nossa refle-
xão ao apontar que, sob a influência da Igreja 
Católica, a questão social era concebida como 
uma problemática de ordem moral e religiosa, 
sendo a intervenção dos agentes sociais um meio 
de adequar os indivíduos às relações sociais 
postas. Ademais, as ações e pensamentos desse 
agente eram norteados pelas encíclicas papais 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
42
Rerum Novarum e Quadragésimo Anno, pelo 
ideário franco-belga e pelos pensamentos de 
São Tomás de Aquino.
Vale ressaltar que o contexto vivenciado 
pelas primeiras alunas dos quadros de forma-
ção das escolas também se constituiu num fator 
de grande influência à medida que estas perten-
ciam, em larga medida, à alta sociedade e por 
isto traziam consigo os ideais conservadores 
sobre os quais foram educadas. Nesse sentido, 
Barroco (2005) salienta que:
A origem social das mulheres que ingres-
sam nas primeiras Escolas de Serviço So-
cial vincula-se ao pensamento católico e 
às classes dominantes; como mulheres e 
católicas, são influenciadas pelos padrões 
da moral conservado-
ra.
Deste modo, além da influên-
cia exercida pelas instituições 
externas ao Serviço Social, 
Igreja-Estado-Burguesia, 
os pensamentos e a visão 
de mundo das primei-
ras alunas que, mais tarde, 
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O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
43
se constituiriam nas primeiras profissionais 
também imprimia à ação profissional esta carac-
terística conservadora.
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO 
SOCIAL NO BRASIL
Para analisarmos o surgimento da profissão no 
Brasil temos de nos atentar para o contexto que 
permeou os diversos fatores que, combinados, cul-
minaram na institucionalização do Serviço Social 
no país.
Nesse sentido, Iamamoto e Carvalho (2000) 
contribuem com nossa reflexão ao afirmarem 
que as obras e instituições de cunho assistencial 
que surgiram após o final da Primeira Guerra 
Mundial foram importantes para o desenvolvi-
mento da ação social e das primeiras escolas de 
Serviço Social no Brasil, já que “[...] os grandes 
movimentos operários de 1917 a 1921 torna-
ram patente para a sociedade a existência da 
‘questão social’ e da necessidade de procu-
rar soluções para resolvê-la, senão minorá-la” 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2000, p. 166).
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
44
De acordo com os autores, tais instituições eram 
compostas por famílias pertencentes à burgue-
sia paulista e carioca que desenvolviam ações 
diferentes das tradicionais de caridade, pois con-
tavam com um suporte do Estado. Além do apoio 
estatal para o desenvolvimento de tais ações junto 
aos mais pauperizados, esses setores da burguesia 
brasileira contavam ainda com o amplo apoio da 
Igreja Católica, a qual, por sua vez, exerceu forte 
influência para o surgimento do Serviço Social 
no Brasil. De acordo com Iamamoto (1999, p. 
92), a profissão se origina no:
É de grande relevância aprofundar o estudo do 
resgate histórico sobre o surgimento do Serviço 
Social no Brasil, pois nos remete ao cenário só-
cio-político e econômico que circunscreve a gê-
nese do Serviço Social no Brasil, o que nos per-
mite compreender a influência da Igreja Católica 
na formação profissional do assistente social. 
Fonte: <www.webartigos.com/artigos/resgate-
-historico-sobre-o-surgimento-do-servico-so-
cial-no-brasil/25916>. Acesso em: 14 mar. 2016.2
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
45
[...] amplo movimento social em que a Igre-
ja, buscando uma presença mais ativa no 
“mundo temporal”, avança de uma postura 
contemplativa para a recuperação de áreas 
de influência ameaçadas pela secularização 
e pelo redimensionamento do Estado.
Pode-se, assim, compreender que a origem do 
serviço social, no Brasil, situa-se no seio da Igreja 
Católica, a qual ante as transformações que esta-
vam em curso na sociedade brasileira buscou 
estratégias de recuperação e manutenção de sua 
legitimação social. Martinelli (2009) comunga 
com esta assertiva àa medida que o Serviço Social 
surge no Brasil a partir de iniciativas da burgue-
sia amparadas fortemente pela Igreja.
Considerando toda análise histórica que até 
aqui ilustramos sobre as questões que perpas-
sam o contexto sócio-histórico que dão origem 
ao Serviço Social, você consegue identificar os 
nós críticos que os autores apontam no que 
tange as questões políticas, econômica e sociais 
que determinam socialmente a profissão? 
Então, vamos em frente e aprofundando cada 
vez mais esse contexto. 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
46
Estevão (1986) afirma que as condições de tra-
balho no Brasil eram muito precárias e impunha 
aos operários uma jornada de trabalho sistemati-
zada a partir das necessidades das organizações. 
Não havia descanso remunerado, férias ou auxí-
lio-doença. Ademais, todos os indivíduos eram 
submetidos às mesmas condições de trabalho, 
independentemente de sua condição física ou faixa 
etária.
A partir do desenvolvimento e aprimora-
mento do modo de produção, passaram a ser 
impostas condições cada vez mais duras a essa 
classe, por conta do crescimento acelerado da 
pobreza, desemprego, condições insalubres de 
moradia e trabalho.
Assim, o capitalista tornou propício o desen-
volvimento das mazelas inerentes a sua própria 
personalidade e que colocavam em risco a sua 
acumulação de capital. Tais mazelas consti-
tuem o cerne da questão social, que Iamamoto 
e Carvalho (2000) definem como o nascimento e 
organizaçãoda classe trabalhadora e sua entrada 
na cena política.
Os atendimentos prestados pela Igreja Católica 
e pelas damas de caridade nas instituições e obras 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
47
sociais passaram a ser insuficientes. A questão 
social foi se tornando complexa e adquirindo 
novas características, que exigiam respostas 
cada vez mais articuladas e eficazes.
Nesse contexto, o Estado passa a intervir sobre 
a questão social e, de acordo com Martinelli 
(2009), tal intervenção se deu por meio do esta-
belecimento de uma aliança entre o Estado com 
a Igreja e a burguesia, tendo em vista exercer 
certo controle sobre a classe trabalhadora e 
manter sua hegemonia.
A preocupação estatal em atender as deman-
das da classe trabalhadora deve-se ao fato de 
que o Estado, sob o comando de Getúlio Vargas, 
desde os idos de 1933, deu início ao estreita-
mento de laços com a burguesia industrial e 
por conta disso necessitava intervir junto à 
classe trabalhadora, mantendo-a sob seu con-
trole, tendo em vista garantir o desenvolvimento 
capitalista no país. Nesse sentido, Iamamoto e 
Carvalho (2000, p. 151) assinalam que:
O Estado assume paulatinamente uma or-
ganização corporativa, canalizando para 
sua órbita os interesses divergentes que 
emergem das contradições entre as dife-
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
48
rentes frações dominantes e as reivindica-
ções dos setores populares, para, em nome 
da harmonia social e desenvolvimento, da 
colaboração entre as classes, repolitizá-las 
e discipliná-las, no sentido de se transfor-
mar num poderoso instrumento de ex-
pansão e acumulação capitalista. A po-
lítica social formulada pelo novo regime 
– que tomará forma através de legislação 
sindical e trabalhista – será sem dúvida 
um elemento central do processo.
Para legitimar-se enquanto uma instituição acima 
das diferenças sociais existentes, o Estado preci-
sava absorver, de alguma forma, as necessidades 
da classe trabalhadora ao mesmo tempo em que 
atendia aos interesses da classe dominante. O 
Estado Varguista se caracterizou por atender aos 
anseios dos diversos setores da sociedade brasi-
leira, tanto das burguesias agrárias e industriais 
quanto dos trabalhadores, tendo em vista, nas 
palavras de Iamamoto e Carvalho (1985, p. 153):
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
49
[...] isolar a classe [trabalhadora] de sua 
vanguarda organizada e afirmar o mito 
do Estado benetactor, da outorga da le-
gislação protetora do trabalho, o mito do 
Estado acima das classes e representati-
vo dos interesses gerais da sociedade e da 
harmonia social. 
Desse modo, ainda nos primeiros anos de seu 
mandato como presidente do país, Vargas pro-
pôs algumas alterações nas legislações sociais 
já existentes e que diziam respeito à organiza-
ção para o trabalho, instituindo salário mínimo, 
descanso semanal e férias remuneradas, limites 
quanto à jornada de trabalho. De acordo com 
Fausto (1998, p. 335) essa política trabalhista teve:
[...] por objetivos principais reprimir os 
esforços organizatórios da classe traba-
lhadora urbana fora do controle do Es-
tado e atraí-la para o apoio difuso ao go-
verno. [...] Quanto ao segundo objetivo, 
lembremos que a esporádica atenção ao 
problema da classe trabalhadora na déca-
da de 1920 deu lugar, no período getulis-
ta, a uma política governamental especí-
fica. Isso se anunciou desde novembro de 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
50
1930, quando foi criado o Ministério do 
Trabalho, Indústria e Comércio. Segui-
ram-se leis de proteção ao trabalhador, 
de enquadramento dos sindicatos pelo 
Estado, e criavam-se órgãos para arbitrar 
conflitos entre patrões e operários [...]. 
Entre as leis de proteção ao trabalhador 
estavam as que regularam o trabalho das 
mulheres e dos menores, a concessão de 
férias, o limite de oito horas da jornada 
normal de trabalho.
 Nesse sentido, foi por meio da criação do 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio 
que o Estado pode operacionalizar as legislações 
referentes à organização da classe trabalhadora 
e exercer seu poder de coação sobre ela, contro-
lando os seus movimentos ao mesmo tempo em 
que construía sua imagem de “pai dos pobres”. 
No que se refere à atuação desse ministério, 
Ghiraldelli Júnior (1991, p. 28) pontua que:
De fato, o novo Ministério não demorou 
para agir. Em março de 1931, com a lei de 
sindicalização (Decreto nº 19.770, de 19-
03-31), o órgão se municiou para dar par-
tida, na prática, à “política social” do “Go-
verno Provisório”. A lei de sindicalização 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
51
buscou transformar e concorrer com o 
padrão de associações geradas na Primei-
ra República. Consagrou o princípio da 
unidade e definiu o sindicato como órgão 
consultivo e de colaboração com o poder 
público, colocando o sindicalismo de for-
ma inequívoca na órbita governamental.
Os sindicatos foram transformados, então, 
em instrumentos de legitimação do governo 
vigente e de controle sobre as ações da classe 
trabalhadora. Iamamoto (2000) concorda com 
a afirmação feita por Ghiraldelli (1991), pois, 
segundo a autora, essa instituição tornou-se, a 
partir da Era Varguista, um centro que coope-
rava com o poder público, principalmente pelo 
fato de prestar serviços de ordem assistencial e 
previdenciária com recursos oriundos dos pró-
prios trabalhadores.
Ante o exposto, o que se quer ressaltar é que 
foi durante o governo de Vargas que o Serviço 
Social se institui enquanto profissão no Brasil, 
uma vez que é nesse contexto que se desenvolve 
a industrialização e, com ela, assistimos ao nas-
cimento da classe operária, que é quem produz 
a riqueza dentro do capitalismo, mas não é a 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
52
que se apropria de seus frutos, cabendo a esta 
sobreviver a partir de seus salários e das políti-
cas desenvolvidas pelo Estado em parceria com 
a Igreja e a burguesia para o atendimento de suas 
demandas.
O SERVIÇO SOCIAL NA PRODUÇÃO E 
REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS
As profissões surgem por serem socialmente 
necessárias e dirigem suas ações para aten-
der determinadas necessidades da sociedade. 
Partindo desse princípio, afirmamos que o 
Serviço Social, enquanto uma profissão, tem 
seu desenvolvimento datado e contextualizado. 
Nesse sentido, Netto (2011, p. 70) aponta que:
[...] a nosso juízo, constitui o efetivo fun-
damento profissional do Serviço Social: a 
criação de um espaço sócio-ocupacional 
no qual o agente técnico se movimenta – 
mais exatamente, o estabelecimento das 
condições histórico-sociais que deman-
dam este agente, configuradas na emer-
são do mercado de trabalho.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
53
O Serviço Social, enquanto uma especialização 
do trabalho coletivo, tem sua origem deter-
minada a partir de interesses sociais, os quais 
encontram raiz: 
[...] a identidade atribuída ao Serviço So-
cial pela classe dominante era uma sínte-
se de funções econômicas e ideológicas, o 
que levava à produção de uma prática que 
se expressava fundamentalmente como 
um mecanismo de reprodução das rela-
ções sociais de produção capitalista, como 
uma estratégia para garantir a expansão 
do capital. (MARTINELLI, 2009, p. 124)
[...] os assistentes sociais foram imprimin-
do à profissão a marca do agir imediato, 
da ação espontânea, alienada e alienante. 
Acabaram por produzir práticas que ex-
pressavam e reproduziam os interesses 
da classe dominante, tendo por objetivo 
maior o ajustamento político e ideológico 
da classe trabalhadora aos limites estabe-
lecidos pela burguesia. (MARTINELLI, 
2009, p. 127)
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
54
O Serviço Social, na sociedade brasileira, só se torna 
uma profissão reconhecida e inserida na divisão 
sócio-técnica do trabalho a partir da intervenção 
do Estado nas expressões da questão social, quando, 
nas palavras de Iamamoto (2000, p.31): 
[...] o Serviço Social deixa de ser um ins-
trumento de distribuição da caridade 
privada das classes dominantes, para se 
transformar, prioritariamente, em uma 
das engrenagens de execução da políti-
ca social do Estado e de setores empresa-
riais. 
Nesse sentido, a autora afirma que a mola pro-
pulsora para a institucionalização do Serviço 
Social no país foi a criação das primeiras gran-
des instituições sociais, durante o governo de 
Getúlio Vargas, e que se constituíram nos primei-
ros espaços de atuação profissional: o Conselho 
Nacional de Serviço Social (CNSS), o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), 
o Serviço Social do Comércio (Sesc) e a Legião 
Brasileira de Assistência (LBA). Ao lado das ins-
tituições que necessitavam de assistentes sociais 
para o desenvolvimento de suas ações, pesaram 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
55
também para a profissionalização do Serviço 
Social no Brasil a fundação das Escolas. Elas se 
tornaram as responsáveis pela formação dos pri-
meiros agentes profissionais para a atuação na 
realidade.
Sob esse contexto é que o Serviço Social se 
transforma numa profissão, requisitada social-
mente para fazer valer os interesses da classe 
dominante em manter intocada a acumula-
ção capitalista ao mesmo tempo em que, por 
meio das políticas sociais, presta atendimento 
às necessidades apresentadas pela classe traba-
lhadora. A atuação desse profissional não pode 
ser entendida dissociada dessa contradição ele-
mentar e inerente à sua natureza.
Para melhor compreensão da influência da 
Igreja Católica no processo de formação do 
Serviço Social, Silva (1995) afirma que, desde o 
ano da criação das primeiras escolas de Serviço 
Social até 1945, são definidos três eixos para a 
formação profissional do assistente social. São 
eles:
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
56
1 - Formação científica, na qual era ne-
cessário o conhecimento de disciplinas 
como Sociologia, Psicologia, Biologia, 
Filosofia, favorecendo ao educando uma 
visão holística do homem, ajudando-o a 
criar o hábito da objetividade. 
2 - Formação técnica, cujo objetivo era 
preparar o educando quanto sua ação 
no combate aos males sociais. 
3 - Formação moral e doutrinária, fazen-
do com que os princípios ine-
rentes à profissão sejam absorvidos pelos 
alunos. Ainda no processo de formação 
profissional, o Serviço Social também 
sofreu grande influência norte-ameri-
cana, motivada pela crescente expansão 
da economia dos Estados Unidos, a qual 
fez com que o Brasil adotasse o desen-
volvimentismo, assegurando o mono-
pólio da economia e a política de nosso 
país. 
Foi no âmbito da influência norte-americana que 
importamos, progressivamente, os métodos de 
Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo, 
Organização de Comunidade e, posteriormente, 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
57
Desenvolvimento de Comunidade (SILVA, 
1995, p. 41). Por ser uma profissão inserida 
na divisão social e técnica do trabalho e, por 
isso, indissociável da trama histórica que tece a 
realidade, o Serviço Social também foi influen-
ciado pelo novo contexto histórico do país, de 
questionamentos sobre a ordem vigente e de 
movimentações de setores da sociedade.
A institucionalização da profissão remeteu, de 
forma gradativa, à formação acadêmica, cons-
truindo, ao longo dos tempos, embasamento 
teórico-científico, pelas leis que regulamentam 
a profissão, fortalecidos pelos códigos de ética, 
leis de regulamentação, e a busca constante da 
visibilidade profissional, na sociedade do sécu-
lo XXI. Por meio do projeto profissional, a profis-
são contribui efetivamente pela diminuição das 
desigualdades sociais perversa, a partir da luta 
contínua para que a população tenha minima-
mente seus direitos alcançados. 
Fonte: Martinelli (2010). 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
58
Netto (2005) pontua que a decadência do 
Serviço Social tradicional e de suas práticas foi 
resultante de uma crise estrutural do modo de 
produção capitalista, mais precisamente o fim 
dos 30 anos gloriosos do capitalismo, e ocorreu 
numa gama de países nos quais essa profissão 
se institucionalizara. Ademais:
O tensionamento das estruturas sociais 
do mundo capitalista, tanto nas suas áreas 
centrais quanto periféricas, ganhou uma 
nova dinâmica e gestou-se um quadro 
favorável para a mobilização das classes 
subalternas em defesa de seus interesses 
imediatos. [...] Nas suas variadas expres-
sões, aqueles movimentos punham em 
questão a racionalidade do Estado bur-
guês, suas instituições e, no limite, ne-
gavam a ordem burguesa e seu estilo de 
vida; em todos os casos, recolocavam na 
agenda as ambivalências da cidadania 
fundada na propriedade (privada) e redi-
mensionavam a atividade política, multi-
plicando os seus sujeitos e as suas arenas. 
(NETTO, 2005, p. 07)
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
59
Nesse sentido, Miranda e Cavalcanti (2005) 
expõem que, na década de 1960, ocorreu uma 
crise de caráter ideológico e político da pro-
fissão, a qual colocou em xeque sua eficácia, 
questionou sua burocratização, sua natureza 
importada e seu atrelamento à classe dominante.
Dessa forma, destaca-se que a eclosão do 
Movimento de Reconceituação na América 
Latina foi uma consequência da crise estrutural 
do modo de produção capitalista, a qual impôs 
aos países latino-americanos as consequências 
negativas de seu desenvolvimento e que, nos 
apontamentos de Netto (2011, p. 146), é parte 
constitutiva do “[...] processo internacional de 
erosão do Serviço Social ‘tradicional’ [...]”.
No bojo desse movimento encontra-se o ques-
tionamento e se lança um debate sobre o papel 
do Serviço Social frente à crise vivenciada pelos 
países nos quais está institucionalizado bem 
como do tradicionalismo profissional que não 
responde de maneira efetiva à nova realidade 
posta pelo sistema capitalista.
Nessa perspectiva, Yazbek (2006, p. 6 e 7) 
salienta que:
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
60
A profissão assume as inquietações e in-
satisfações deste momento histórico e di-
reciona seus questionamentos ao Serviço 
Social tradicional através de um amplo 
movimento, de um processo de revisão 
global, em diferentes níveis: teórico, me-
todológico, operativo e político. Este mo-
vimento de renovação que surge no Ser-
viço Social na sociedade latino-americana 
impõe aos assistentes sociais a necessidade 
de construção de um novo projeto com-
prometido com as demandas das classes 
subalternas, particularmente expressas 
em suas mobilizações. É no bojo deste mo-
vimento, de questionamentos à profissão, 
não homogêneos e em conformidade com 
as realidades de cada país, que a interlocu-
ção com o marxismo vai configurar para 
o Serviço Social latino americano a apro-
priação de outra matriz teórica: a teoria 
social de Marx. Embora esta apropriação 
se efetive em tortuoso processo.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
61
Quadro 1: OS PRINCIPAIS EVENTOS QUE CARACTERIZAM A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL 
NO PROCESSO DE REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE O CAPITAL E O TRABALHO.
1946 SESI – Serviço Social da Indústria.
Proporcionar benefícios assistenciais indiretos aos 
trabalhadores urbanos e a aqueles totalmente esgo-
tados pelo sistema.
1946 Criada a Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social (ABESS).
Estabelecer uma metodologia para o ensino em Ser-
viço Social.
1947 1º Código de Ética Profissional do Assis-tente Social. Regulamentar a profissão do assistente social.
1948
Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos - com a reconstrução política e social 
do mundo pós Segunda Guerra Mundial.
A Assembleia Geral da ONU define que todos nas-
cem livres e iguais em dignidade e direitos, sem dis-
tinção de raça, cor, sexo, religião, língua, opinião polí-
tica, tem direito à vida, à liberdade, à segurança.
1954
Serviço Social ganha currículomínimo 
através do Decreto 35.11, de 08 de abril 
de 1954, que regulamenta a Lei 1889, de 
13 de junho de 1953.
Determinar a exigência de um currículo mínimo para 
o curso de Serviço Social - resultado de esforços da 
ABESS e ABASS - enorme repercussão para o Serviço 
Social brasileiro.
1957 Lei 3.252, em 27 de agosto de 1957. Regulamentar a profissão do assistente social.
1962 Criação do Dia do Assistente Social.
Sugerida por ser o aniversário da Encíclica Rerum 
Novarum, publicada pelo Papa Leão XIII, em 15 de 
maio de 1891, que abordava as condições dos operá-
rios da época.
1964
Criado o Conselho de Defesa dos Direitos 
da Pessoa Humana em março de 1964, 15 
dias após o golpe militar.
Promover inquéritos, investigações e estudos acerca 
da eficácia das normas asseguradoras dos direitos da 
pessoa humana.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
62
1965 2º Código de Ética do Assistente Social. Obriga os assistentes sociais a respeitar as exigências na legislação que lhe é específica.
1967
Reconceituação do Serviço Social Brasi-
leiro - I Seminário de Teorização e Recon-
ceituação do Serviço Social Brasileiro em 
Araxá (MG).
Evento histórico no processo de teorização do Servi-
ço Social que propôs ações profissionais vinculadas 
à realidade social e política do país. Produção do Do-
cumento de Araxá.
1970
Seminário de Teresópolis – realizado em 
Teresópolis/RJ. O seminário reuniu 35 as-
sistentes sociais.
Estudar a metodologia do Serviço Social com cunho 
científico, introduzindo algumas mudanças na termi-
nologia tradicional.
1975 3º Código de Ética Profissional do Assis-tente social.
Promulgado pelo Conselho Federal de Assistentes 
Sociais em 1º de Janeiro de 1975.
1983
Criação da Associação Nacional dos As-
sistentes Sociais (Anas), em outubro de 
1983.
Encaminhar as lutas da categoria de forma unificada 
e centralizada no Plano Nacional.
1986 2º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores – (Concut)
Propor a tese de sindicalização por ramo de ativida-
de. Serviço Social apoia a proposta.
1986
Promulgada a Constituição Federal – co-
nhecida como Carta Cidadã. Após duas 
décadas de ditadura militar, o Brasil ele-
ge uma Assembleia Constituinte como 
resultado de um intenso trabalho de mo-
bilização social.
Define o tripé da Seguridade Social: saúde, previdên-
cia e assistência social como um direito dos cidadãos 
brasileiros.
1989
Aprovada a Lei 7.583, de apoio integral 
às pessoas portadoras de deficiência e 
sua integração social.
Asseguram o pleno exercício dos direitos individuais 
as pessoas com deficiência.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
63
1990 Promulgado o Estatuto da Criança e Ado-lescente (ECA) - Lei 8069/1990.
Legislação que se tornou referência mundial na área 
dos direitos e garantias para a infância e juventude.
1990 Lei 8.142/1990 - Gestão do Sistema Úni-co de Saúde (SUS).
Dispõe sobre a participação da comunidade na ges-
tão e controle social do SUS, através das Conferên-
cias de Saúde e dos Conselhos de Saúde nas três es-
feras de poder.
1991 Criado o Conselho Nacional de Previdên-cia Social pela Lei 8.213/1991.
Com o objetivo de aprofundar o caráter democrático 
e a descentralização da administração.
1993
Promulgada a Lei Orgânica da Assistên-
cia Social, Lei 8.742/1993 - Política de 
Seguridade Social não contributiva que 
prevê os mínimos sociais.
Organizar a Assistência Social no Brasil e instituir o 
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
1994 Promulgada a Lei 8.842, que dispõe so-bre a Política Nacional do Idoso.
Assegurar os direitos sociais do idoso - pessoas com 
mais de 60 anos,
1995
Regulamentação do Benefício de Presta-
ção Continuada destinado ao portador 
de deficiência e idosos.
Garantir um salário mínimo para pessoa com defici-
ência sem limite de idade e ao idoso com mais de 67 
anos.
1998 Lei da Filantropia - Lei 9.732/98.
Isentar a contribuição previdenciária as entidades fi-
lantrópicas reconhecidas como utilidade pública que 
promovam gratuitamente e em caráter exclusivo a 
assistência social beneficente.
1999
O Conselho Federal do Serviço Social – 
(CEFESS) instituiu a Política Nacional de 
Fiscalização para o Serviço Social por 
meio da Resolução 382/1999.
Propor uma Política Nacional do Exercício Profissio-
nal do Assistente Social.
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
64
1999
Criação das Organizações da Sociedade 
Civil de Interesse Público (OSCIPs), por 
meio da Lei 9.799/99.
Constituir as regras das pessoas jurídicas de direito 
privado sem fins lucrativo. Disciplinar também as re-
gras de parceria entre essas instituições e o Estado.
2001 Aprovada a Lei 10.216/2001. Para regulamentar a proteção e os direitos das pesso-as portadoras de transtorno mental.
2001 Concebido o Estatuto das Cidades pela Lei 10.257/2001. Estabelecer diretrizes gerais da política pública.
2001 Criação do Conselho Nacional de Com-bate à Discriminação.
Acompanhar e avaliar as políticas públicas afirmati-
vas de promoção da igualdade e de proteção dos di-
reitos dos indivíduos e grupos sociais e éticos.
2003
Criado o Conselho Nacional de Seguran-
ça Alimentar (CONSEA), regulamentado 
pelo Decreto 5.079/04.
Estimular a participação da sociedade para formu-
lação, execução e acompanhamento de políticas de 
segurança alimentar e nutricional.
2003
Lei 10.683/2003 – Secretaria Especial de 
Direitos Humanos e Secretaria Especial 
de Políticas para Mulheres 
Para exigir a efetivação de relações sociais igualitá-
rias e justas por meio dos Órgãos criados em Defesa 
dos Direitos Humanos.
2003 Promulgado o Estatuto do Idoso pela Lei 10.741/2003.
Regulamenta os direitos e estabelece punições para 
crimes contra pessoas com idade igual ou superior a 
60 anos.
Fonte: a autora.
Conforme podemos observar nesse quadro, o Estado passa a intervir e mediar as relações entre classe 
trabalhadora e empresariado, por meio da legislação social, como uma alternativa de enfrentamento da 
questão social.
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
PÁGINAS 34 a 37 – Quadro 1 – Os principais eventos que caracterizam a história do 
Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais entre o capital e o 
trabalho. 
 
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
 
 
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
 
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
 
Dayse 
INÍCIO DESCRIÇÃO – O Quadro um refere-se aos principais eventos que caracterizam a 
história do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais entre o capital e 
o trabalho. Compreende uma tabela cronológica dos principais eventos da história do 
Serviço Social, sendo: 
1946 - SESI – Serviço Social da Indústria. Proporciona benefícios assistenciais indiretos aos 
trabalhadores urbanos e a àqueles totalmente esgotados pelo sistema. 
1946 - Criada a Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social (ABESS). Estabelece uma 
metodologia para o ensino em Serviço Social. 
1947 - Primeiro Código de Ética Profissional do Assistente Social. Regulamenta a profissão 
do assistente social. 
1948 - Declaração Universal dos Direitos Humanos - com a reconstrução política e social 
do mundo pós Segunda Guerra Mundial. A Assembleia Geral da ONU define que todos 
nascem livres e iguais em dignidade e direitos, sem distinção de raça, cor, sexo,religião, 
língua, opinião política; tem direito à vida, à liberdade, à segurança. 
1954 - Serviço Social ganha currículo mínimo através do Decreto 35.11, de 08 de abril de 
1954, que regulamenta a Lei 1889, de 13 de junho de 1953. Determina a exigência de um 
currículo mínimo para o curso de Serviço Social – resultado de esforços da ABESS e ABASS 
– enorme repercussão para o Serviço Social brasileiro. 
1957 - Lei 3.252, em 27 de agosto de 1957. Regulamenta a profissão do assistente social. 
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
1962 - Criação do Dia do Assistente Social. Sugerida por ser o aniversário da Encíclica Rerum 
Novarum, publicada pelo Papa Leão XIII, em 15 de maio de 1891, que abordava as 
condiçõesdos operários da época. 
1964 - Criado o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana em março de 1964, 15 
dias após o golpe militar. Promove inquéritos, investigações e estudos acerca da eficácia 
das normas asseguradoras dos direitos da pessoa humana. 
1965 - Segundo Código de Ética do Assistente Social. Obriga os assistentes sociais a 
respeitar as exigências na legislação que lhes é específica. 
1967 - Reconceituação do Serviço Social Brasileiro - Primeiro Seminário de Teorização e 
Reconceituação do Serviço Social Brasileiro em Araxá (MG). Evento histórico no processo 
de teorização do Serviço Social, que propôs ações profissionais vinculadas à realidade 
social e política do país. Produção do Documento de Araxá. 
1970 - Seminário de Teresópolis – realizado em Teresópolis/RJ. O seminário reuniu 35 
assistentes sociais. Estuda a metodologia do Serviço Social com cunho científico, 
introduzindo algumas mudanças na terminologia tradicional. 
1975 - 3º Código de Ética Profissional do Assistente Social. Promulgado pelo Conselho 
Federal de Assistentes Sociais em Primeiro de Janeiro de 1975. 
1983 - Criação da Associação Nacional dos Assistentes Sociais (Anas), em outubro de 1983. 
Encaminha as lutas da categoria de forma unificada e centralizada no Plano Nacional. 
1986 - Segundo Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores – (Concut). Propõe 
a tese de sindicalização por ramo de atividade. O Serviço Social apoia a proposta. 
1988 - Promulgada a Constituição Federal – conhecida como Carta Cidadã. Após duas 
décadas de ditadura militar, o Brasil elege uma Assembleia Constituinte como resultado de 
um intenso trabalho de mobilização social. Define o tripé da Seguridade Social: saúde, 
previdência e assistência social como um direito dos cidadãos brasileiros. 
1989 - Aprovada a Lei 7.583, de apoio integral às pessoas portadoras de deficiência e sua 
integração social. Assegura o pleno exercício dos direitos individuais às pessoas com 
deficiência. 
1990 - Promulgado o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) - Lei 8069/1990. Legislação 
que se tornou referência mundial na área dos direitos e garantias para a infância e 
juventude. 
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
1990 - Lei 8.142/1990 - Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Dispõe sobre a 
participação da comunidade na gestão e controle social do SUS, através das Conferências 
de Saúde e dos Conselhos de Saúde nas três esferas de poder. 
1991 - Criado o Conselho Nacional de Previdência Social pela Lei 8.213/1991. Tem o 
objetivo de aprofundar o caráter democrático e a descentralização da administração. 
1993 - Promulgada a Lei Orgânica da Assistência Social, Lei 8.742/1993 - Política de 
Seguridade Social não contributiva que prevê os mínimos sociais. Organiza a Assistência 
Social no Brasil e institui o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). 
1994 - Promulgada a Lei 8.842, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Assegura os 
direitos sociais do idoso pessoas com mais de 60 anos 
1995 - Regulamentação do Benefício de Prestação Continuada destinado ao portador de 
deficiência e idosos. Garantir um salário mínimo para a pessoa com deficiência sem limite 
de idade e ao idoso com mais de 67 anos. 
1998 - Lei da Filantropia - Lei 9.732/98. Isentar a contribuição previdenciária as entidades 
filantrópicas reconhecidas como utilidade pública que promovam gratuitamente e em 
caráter exclusivo a assistência social beneficente. 
1999 - O Conselho Federal do Serviço Social – (CEFESS) instituiu a Política Nacional de 
Fiscalização para o Serviço Social por meio da Resolução 382/1999. Propor uma Política 
Nacional do Exercício Profissional do Assistente Social. 
1999 - Criação das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), por meio 
da Lei 9.799/99. Constituir as regras das pessoas jurídicas de direito privado sem fins 
lucrativos. Disciplinar também as regras de parceria entre essas instituições e o Estado. 
2001 - Aprovada a Lei 10.216/2001. Para regulamentar a proteção e os direitos das pessoas 
portadoras de transtorno mental. 
2001 - Concebido o Estatuto das Cidades pela Lei 10.257/2001. Estabelece diretrizes gerais 
da política pública. 
2001 - Criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Acompanha e avalia as 
políticas públicas afirmativas de promoção da igualdade e de proteção dos direitos dos 
indivíduos e grupos sociais e éticos. 
 
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
2003 - Criado o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), regulamentado pelo 
Decreto 5.079/04. Estimula a participação da sociedade para formulação, execução e 
acompanhamento de políticas de segurança alimentar e nutricional. 
2003 - Lei 10.683/2003 – Secretaria Especial de Direitos Humanos e Secretaria Especial de 
Políticas para Mulheres. Exige efetivação de relações sociais igualitárias e justas por meio 
dos órgãos criados em Defesa dos Direitos Humanos. 
2003 - Promulgado o Estatuto do Idoso pela Lei 10.741/2003. Regulamenta os direitos e 
estabelece punições para crimes contra pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. 
FIM DESCRIÇÃO. 
IGOR - VALIDADO 
ANDERSON - VALIDADO 
 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa análise crítica de conjuntura é de impor-
tância ímpar para sua formação, tendo em vista 
que a leitura da realidade ora apresentada se faz 
necessária para a compreensão dos fatos histó-
ricos que foram determinantes para a origem do 
Serviço Social enquanto profissão e sua estreita 
relação com a Igreja e o Estado com o pano de 
fundo o surgimento do sistema capitalista no 
Brasil.
Nosso intuito, ao discorrer sobre o processo 
histórico do Serviço Social, foi instigar você ao 
conhecimento para que possa ter a compreen-
são da configuração do Estado, sua natureza 
e objetivos e, para tal, foi necessário revistar 
a bibliografia que nos remete a refletir sobre 
o modo como se processa a engrenagem de 
produção e reprodução das relações sociais no 
cenário do surgimento do capitalismo e, con-
comitantemente, do Serviço Social.
É a partir desse entendimento que é possí-
vel identificar o papel do assistente social no 
contexto dos interesses da classe dominante, e 
mais precisamente da burguesia, ao se utilizar 
O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
66
do Serviço Social para conter as tensões oriun-
das das várias expressões da questão social. 
Pode-se, assim, por meio dos conteúdos estu-
dados nesta Unidade, identificar que o trabalho 
desenvolvido pelo Serviço Social tem incidências 
nas condições de vida dos indivíduos perten-
centes à classe trabalhadora, público-alvo de 
sua atuação e que precisa ser adaptada às nor-
mas impostas pela classe dominante.
A emergente profissão tem as suas ações diri-
gidas ao controle das forças dessa classe, visando 
sua adequação ao projeto burguês de desenvol-
vimento do capitalismo ao mesmo tempo em 
que transmite aos trabalhadores o ideal de ser 
este o único projeto de sociedade viável.
Ademais, percebe-se, que o profissional 
contribui para a manutenção do modo de pro-
dução capitalista tanto na perspectiva ideológica, 
enquanto um agente que impõe para o conjunto 
dos indivíduos usuários dos serviços sociais a 
visão de mundo da burguesia, quanto no aspecto 
objetivo de seu trabalho profissional, viabilizando 
a reprodução da força de trabalho por meio do 
acesso dos trabalhadores às políticas e serviços 
sociais.
1. O que o Movimento de Reconceituação que 
surgiu no Serviço Social impõe aos assisten-
tes sociais?
2. Desde o ano da criação das primeiras Esco-
las de Serviço Social até 1945, são definidos 
três eixos para a formação profissional do 
assistente social. Quais são esses três eixos?
3. Segundo Singer (1987), diferencie capitalis-
mo concorrencial e capitalismo monopolista.
4. Em 1990, foi aprovada a Lei 8.142/1990 que 
regula a Gestão do Sistema Único de Saúde 
SUS. Sobre o que essa lei dispõe?
5. A AssociaçãoBrasileira de Escolas de Ser-
viço Social (Abess) foi criada em 1946 com 
qual objetivo?
FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO SERVIÇO 
SOCIAL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E 
PRESENTES DESAFIOS
Breve contextualização histórica 
Compreender as exigências postas à profissão 
hoje, passa por analisar, ainda que de forma 
breve, as profundas alterações do mundo do 
trabalho e a reforma do Estado advindas da cri-
se do capitalismo nos anos de 1970, porque fo-
ram estas mudanças que formularam as novas 
configurações da sociedade e, portanto, insti-
tuíram novas exigências a formação profissio-
nal no sentido desta responder a este contex-
to ora reforçando o instituído, ora forcejando 
formas de efetivar os direitos sociais conquis-
tados. Portanto, realizar uma contextualiza-
ção histórica, nos dá a garantia de continuar 
perseguindo o objetivo de alcançar por meio 
de nossas análises, a perspectiva da totalida-
de, através do desvendamento de mediações 
que apontem a articulação entre a história e 
as possibilidades e limites inscritos em cada 
contexto histórico. 
O governo ditatorial de Getúlio Vargas busca-
va através de sua característica política popu-
lista garantir o consenso social necessário para 
que o desenvolvimento social se mantivesse 
intacto e assim legitimar o status quo vigente. 
É neste cenário, inserido num espaço político 
que busca primordialmente o consenso social 
como medida para atender aos interesses da 
burguesia que tentava desarticular a classe 
operária, imolado pelas relações trabalho-ca-
pital que surge o Serviço Social no Brasil, sendo 
diretamente vinculado à Igreja e fundamenta-
do na Doutrina Social da Igreja, como exten-
são da Ação Católica, vinculado a um projeto 
de re-cristianização da sociedade. 
Situando-se no processo de reprodução das 
relações sociais, sendo visto como medida au-
xiliar e subsidiária no exercício do controle so-
cial e meio organizado e institucionalizado de 
difusão da ideologia dominante entre a clas-
se operária, já que esta apresentava um cres-
cimento acelerado e ameaçador. Seguindo a 
proposta de ampliar a formação técnica espe-
cializada para a difusão da doutrina social da 
Igreja, em 1936 é criada a primeira escola de 
Serviço Social do Brasil em São Paulo. 
Neste momento, ainda sob a influência da 
Igreja Católica, o Serviço Social importou os 
métodos de “Caso, Grupo e Comunidade”, na 
tentativa de estabelecerem-se metodologias 
e procedimentos mais precisos para os fins co-
locados. No entanto, a partir de 1960, década 
de efervescência social e política no território 
latino-americano numa conjuntura política e 
econômica marcada pelo aprofundamento 
das questões sociais, inicia-se no Brasil e na 
América Latina o desenvolvimento de uma 
perspectiva de questionamentos críticos ao 
Serviço Social chamado “tradicional”. 
É diante desse processo de revisão do posicio-
namento do Serviço Social frente à socieda-
de, tendo como pano de fundo os questiona-
mentos críticos postos pela própria sociedade 
e por meio da organização da sociedade civil, 
dos movimentos sociais, dentre outros, que a 
categoria profissional foi impulsionada ao mo-
vimento de Reconceituação, que colocava em 
xeque a direção social da profissão (ainda não 
formulada nestes termos) o que passava pelo 
questionamento acerca da metodologia, ob-
jetivos e conteúdo da formação profissional. 
Mas, foi a partir da ditadura militar que o de-
senvolvimento e avanço dessa vertente crítica 
dentro do Serviço Social sofreram considerá-
vel impacto, se estagnado, haja vista o clima 
repressor e altamente punitivo que se institui 
no decorrer deste período, marcado por per-
seguições políticas àqueles que de alguma 
forma ousavam criticar o sistema ditatorial. 
É somente a partir da década de 1970 que al-
guns segmentos da profissão retomam o de-
bate a cerca da dimensão política da profissão, 
apontando para o rompimento da suposta 
neutralidade da profissão e estabelecendo a 
necessidade de um posicionamento político. 
Aqui, observa-se então a aproximação da te-
oria social de Marx. O aprofundamento dessa 
ordem societária (necessariamente contradi-
tória), marcada pela modernização conserva-
dora do país ao longo das décadas de 40, 50, 60 
e 70 do século XX, impôs à profissão uma revi-
são do “Serviço Social tradicional”, manifesta-
da no chamado “processo de reconceituação”, 
que, com todos os seus limites, teve o mérito 
de recolocar questões centrais para o Serviço 
Social: a formação profissional (nos seus as-
pectos teóricos, metodológicos, técnico-ins-
trumental e interventivo), a interlocução com 
outras áreas do conhecimento, a importância 
da pesquisa e da produção de conhecimentos 
no âmbito da profissão, entre outros aspectos. 
Esse rico contexto permitiu um debate mais 
intenso sobre as diferentes orientações teóri-
cas na profissão (para além da Doutrina Social 
da Igreja), desencadeando uma interlocução 
com matrizes do conhecimento presentes nas 
Ciências Sociais. (SILVA, 1995, p. 2-3) É a partir 
deste período que a discussão a cerca da for-
mação profissional passa a ser objeto de am-
plo debate no interior da profissão, já que era 
a formação profissional que atenderia a neces-
sidade dos novos pressupostos colocados em 
questão. Assim, iniciou-se nacionalmente um 
amplo debate coordenado pela Associação 
Brasileira de Escolas de Serviço Social - ABESS 
(hoje Associação Brasileira de Ensino e Pesqui-
sa em Serviço Social - ABEPSS) que culminou 
no currículo mínimo de 1979, associado ao 
avanço do primeiro doutorado em Serviço So-
cial na Pontifícia Universidade Católica - PUC 
de São Paulo em 1981. A ruptura com a heran-
ça conservadora expressa-se como uma pro-
cura, uma luta por alcançar novas bases de le-
gitimidade da ação profissional do Assistente 
Social, que, reconhecendo as contradições so-
ciais presentes nas condições do exercício pro-
fissional, busca-se colocar-se, objetivamente a 
serviço dos interesses dos usuários, Isto é, dos 
setores dominados da sociedade (IAMAMOTO, 
1996, p. 37). No entanto, a partir dos anos de 
1980, com a minimização do papel do Estado, 
há o acirramento da desigualdade social e é 
posto na ordem do dia a necessidade de se re-
definir o projeto de formação da profissão, ob-
servando as novas demandas colocadas pela 
nova configuração social, sendo este cenário 
observável nos dias de hoje. 
Fonte: Narciso (2016, online).
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
Uma Questão de Honra
Ano: 1987
Sinopse: Baseado em 
fatos reais, o filme conta a 
história de um carpinteiro 
que precisa cuidar de seus 
quatro filhos após a morte da 
esposa, durante a depressão. 
Por causa da compreensão 
errada dos fatos por uma assistente social, o 
Estado retira dele as crianças. O homem, então, 
passará anos lutando para tê-las de volta.
Comentário: Se você tiver a oportunidade, 
assista a este filme. Nele você constatará a 
conduta repreensível de uma assistente social. 
Verá como julgamentos precipitados e o peso 
das palavras de um profissional pode mudar a 
vida das pessoas.
GABARITOGABARITO
1. Impõe a necessidade de construção de um 
novo projeto comprometido com as de-
mandas das classes subalternas, particular-
mente expressas em suas mobilizações.
2. Formação científica, na qual era necessário o 
conhecimento de disciplinas como Sociolo-
gia, Psicologia, Biologia, Filosofia, favorecendo 
ao educando uma visão holística do homem, 
ajudando-o a criar o hábito da objetividade. 
Formação técnica, cujo objetivo era prepa-
rar o educando quanto sua ação no comba-
te aos males sociais. 
Formação moral e doutrinária, fazendo com 
que os princípios inerentes à profissão sejam 
absorvidos pelos alunos. Ainda no processo 
de formação profissional, o Serviço Social 
também sofreu grande influência norte-a-
mericana, motivada pela crescente expan-
são da economia dos Estados Unidos, a qual 
fez com que o Brasil adotasse o desenvol-
vimentismo, assegurando o monopólio da 
economia e a política de nosso país.
GABARITO
3. No capitalismoconcorrencial existiam vá-
rias organizações, geridas pelos seus do-
nos, e que competiam entre si pelo apre-
ço de seus clientes.
Já no capitalismo monopolista, as pequenas 
e médias organizações são substituídas por 
grandes corporações as quais detêm o con-
trole dos mercados nacionais e passam a in-
ternacionalizar suas economias por meio das 
empresas multinacionais, as quais são admi-
nistradas por executivos e são instaladas nos 
diversos países que compõe o globo.
4. Dispõe sobre a participação da comunida-
de na gestão e controle social do SUS, por 
meio das Conferências de Saúde e dos Con-
selhos de saúde nas três esferas de poder.
5. Estabelecer uma metodologia para o ensi-
no em Serviço Social.
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N
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E II
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CON-
SERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO 
PROJETO ÉTICO POLÍTICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 ■ Apresentar as vertentes teóricas norte-
adoras da práxis social.
 ■ Refletir sobre o processo de ruptura do 
Serviço Social conservador em seu con-
texto histórico que corroborou para a 
construção do projeto ético político.
 ■ Conhecer os preâmbulos do debate 
profissional no processo de ruptura do 
conservadorismo. 
 ■ Estudar a matriz modernizadora do 
Serviço Social.
U
N
ID
A
D
E
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que 
você estudará nesta unidade:
 ■ Conservadorismo e Positivismo
 ■ Serviço Social e a reprodução das 
relações sociais
 ■ Os códigos de ética conservadores
 ■ A matriz modernizadora do Serviço 
Social
 ■ Projetos societários
 ■ Projeto ético político do Serviço Social 
e o projeto neoliberal
II
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CON-
SERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO 
PROJETO ÉTICO POLÍTICO
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
81
INTRODUÇÃO
Com o intuito de demonstrar a evolução his-
tórica do Serviço Social, apresenta-se nesta 
segunda unidade de estudo as teorias que emba-
sam e fundamentam a intervenção profissional 
desde o conservadorismo ao processo de rom-
pimento com a teoria positivista. 
A análise do modo de produção capitalista e 
consequentemente a ação do assistente social 
mediatizada por meio do Estado, motivada pelo 
antagonismo entre as classes sociais, vai nos 
remeter ao processo de amadurecimento da 
categoria profissional face a necessidade de revi-
são teórica a partir do suporte teórico científico 
que se dá com a ampliação das escolas de Serviço 
Social e se gestará no espaço da pesquisa e da 
investigação, com propostas que visam ultra-
passar os limites impostos pela ordem burguesa.
Sendo assim, você vai poder entender que 
esta mudança de direção, que caracteriza o pro-
cesso de renovação do Serviço Social brasileiro, 
está relacionada, também, à política cultural 
e educacional vigente no período. A cultura 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
82
que se ia gestando nos meandros da “abertura 
democrática” recolocou em debate diferentes 
tendências no âmbito do marxismo, entre elas 
o pensamento de Antonio Gramsci, que passa, 
nesse período, a fazer parte da nossa cultura e 
a iluminar, com suas categorias, diversas for-
mas de interpretação da realidade brasileira.
Nesse sentido, caberá à análise sociológica 
da profissão e de seus agentes a compreensão 
do caráter e significado dessa prática profis-
sional no processo de reprodução das relações 
sociais bem como a função do Serviço Social 
e do assistente social vinculados dos organis-
mos institucionais. Diante disso, justifica-se o 
conhecimento que compreende as reflexões pro-
fissionais e sua mudança de direção, à medida 
que se colocam frente a frente com a realidade 
e com as condições de existência das camadas 
exploradoras da população.
Dessa forma, espero contribuir mais uma vez 
com o seu aprendizado, motivando-o cada vez 
mais ao conhecimento do debate histórico da 
profissão que não se esgota nesta unidade de 
estudo. 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
83
CONSERVADORISMO E POSITIVISMO
O conservadorismo sobre o qual a profissão é 
instituída se reafirma quando o Serviço Social 
brasileiro, a partir da década de 1940, após sua 
institucionalização e por meio do aprimora-
mento das escolas, passa a ter contato com bases 
científicas, mais especificamente com a teoria 
positivista, e estas passam a iluminar as ações 
desenvolvidas por este profissional. Iamamoto 
(2000, p. 21) complementa tal afirmativa ao 
pontuar que isso ocorre a partir do:
[...] processo de secularização e de am-
pliação do suporte técnico-científico da 
profissão – que se dá com o desenvolvi-
mento das escolas (depois faculdades) 
especializadas no ensino de Serviço So-
cial – ocorre sob a influência dos progres-
sos alcançados pelas Ciências Sociais nos 
marcos do pensamento conservador, es-
pecialmente de sua vertente empiricista 
norte-americana. Este universo intelec-
tual, ao invés de produzir rupturas pro-
fundas com as tendências pragmatistas 
da profissão, as reforçam e atualizam.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
84
A aproximação do Serviço Social à teoria positivista 
não resultou em transformações na sua maneira de 
pensar e agir sobre a sociedade, esta teoria apenas 
reatualizou a faceta conservadora da profissão, afora 
o fato de que, a partir daquele momento, as questões 
de ordem social eram explicadas por meio de técni-
cas científicas.
Barroco (2005, p. 79) corrobora com tal assertiva ao 
afirmar que “[...] o pensamento católico tradicional e o 
positivismo compartilham da ideologia conservadora 
e da crença na moral como espaço de enfrentamento 
da ‘questão social’”, mesmo se constituindo em opo-
sitores em diversos aspectos.
A referida autora ainda nos aponta que, à luz desta 
teoria, as contradições resultantes da estrutura eco-
nômica são deslocadas para a vida dos indivíduos 
que dependem da venda de sua força de trabalho e 
estes passam a ser responsabilizados pelos “desajus-
tes” sociais.
Ao realizar essa transferência de responsabilidades 
e creditar aos indivíduos o ônus do desenvolvimento 
capitalista, o positivismo respondia de maneira muito 
clara às necessidades do modo de produção capitalista 
de manutenção da ordem, pois obscurecia as contradi-
ções e desigualdades inerentes ao seu desenvolvimento. 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
85
No que se refere à teoria positivista, Yazbek 
(2006) contribui com nossa reflexão ao apontar 
que ela admite apenas mudanças nos limites da 
ordem estabelecida, as quais devem ser resul-
tantes de uma “evolução natural” da sociedade, 
tendo ações voltadas para a conservação da 
ordem vigente. A visão da Yazbek encontra-se 
em consonância com a afirmativa de Barroco 
(2005, p. 77) na medida em que para ela:
O pensamento positivista comteano explica e 
justifica ideologicamente a ordem social bur-
guesa e uma de suas peculiaridades reside em 
seu tratamento moral dos conflitos e contra-
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RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
86
dições sociais. Seu conservadorismo, expres-
so em sua defesa da ordem e da autoridade, 
aliado à ideia de uma ordem social natural-
mente “harmônica”, possibilita que as lutas 
sociais sejam vistas como “desordem” que a 
educação moral pode superar.
Percebe-se, dessa forma, que os antagonismos 
inerentes ao modo de produção capitalista, que 
em seu cerne é injusto e explorador, iluminados 
pelo positivismo, são convertidos em problemas 
de ordem social oriundas da classe trabalhadora 
e que devem ser enfrentados via mecanismos 
de educação moral, impondo a esta classe o 
respeito cego a uma série de convenções e nor-
mas estabelecidas pela classe dominantepara 
a conquista da “harmonia social”. Iamamoto e 
Carvalho (2000, p. 117) endossam tal afirma-
ção ao pontuarem que:
Os conflitos sociais não são negados, 
mas, o que é expressão da luta de classes, 
transformam-se em “problema social”, 
matéria-prima da assistência. Segundo 
essa visão, os fatores tidos como proble-
máticos são deslocados da estrutura so-
cial para os próprios indivíduos e grupos 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
87
considerados como responsáveis pela sua 
ocorrência. Consequentemente, o que 
deve ser mudado são os hábitos, atitudes 
e comportamentos dos indivíduos, tendo 
em vista seu ajustamento social, contri-
buindo, assim, para remover “obstácu-
los” ao “crescimento econômico”.
Ressalta-se, dessa forma, que o Serviço Social, 
consubstanciado à concepção positivista de 
entendimento da realidade, desenvolvia o seu 
trabalho na perspectiva de correção de “indiví-
duos problema”, por meio de ações pontuais e 
fragmentadas, as quais não consideravam que 
as situações vivenciadas pela classe trabalha-
dora eram resultantes do modo de organização 
para a produção em sociedade, pelo contrário, 
consideravam que esses indivíduos se consti-
tuíam em empecilhos para o progresso social.
Ante o exposto, é imperioso destacar que a 
ênfase no viés moralizante para o enfrentamento 
da questão social tinha por objetivo conter a 
força da classe trabalhadora, desarticulando-a e 
rompendo com qualquer organização que colo-
casse em risco a ordem vigente. 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
88
SERVIÇO SOCIAL E A REPRODUÇAO DAS 
RELAÇÕES SOCIAS
A partir das reflexões até aqui realizadas pela 
contribuição dos autores pesquisados, pode-
-se inferir que a capacidade organizativa e de 
mobilização da classe trabalhadora se constituía 
num fator de risco para a ordem vigente e que 
a intervenção nas expressões da questão social, 
a partir da perspectiva moralizante, era uma 
resposta do próprio capitalismo, representado 
pelas figuras do Estado e da Igreja, instituições 
que tinham por objetivo mascarar essa dura rea-
lidade produzida pelo capitalismo. Martinelli 
(2009, p. 61) comunga com esta assertiva ao 
pontuar que:
Era crucial para o capitalismo manter 
sempre escondida, ou no mínimo dissi-
mulada, essa massacrante realidade por 
ele produzida, evitando que suas próprias 
contradições e antagonismos constituís-
sem fatores propulsivos da organização 
do proletariado e da estruturação de sua 
consciência de classe.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
89
O que se pode 
v e r i f i c a r , 
dessa forma, é 
que o Serviço 
Social foi 
cooptado ao 
aparato esta-
tal como um 
instrumento de difusão da ideologia da classe 
detentora dos meios de produção e que também 
detinha o poder de construir o modo de pen-
sar conveniente aos seus interesses classistas. 
Ao disseminar esse conjunto de ideias aos indi-
víduos usuários de seus serviços profissionais, o 
assistente social cumpria com a sua função de 
mecanismo reprodutor das relações sociais capi-
talistas ao mesmo tempo em que atendia, mesmo 
que de forma fragmentada e pontual, as neces-
sidades apresentadas pela classe trabalhadora.
Cabe esclarecer ainda que, como um produto 
do modo de produção capitalista ao lado das 
demais profissões, o Serviço Social se desenvol-
veu para atender as necessidades do capital. Essa 
ação profissional alienada, alienante e orientada 
para o reforço do projeto de classe burguês, na 
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RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
90
visão de Iamamoto e Carvalho (2000), foi predo-
minante no período compreendido entre os anos 
1930-1960.
Na realidade brasileira, desde sua profissiona-
lização, grande parte dos assistentes sociais vende 
sua força de trabalho às instituições empregado-
ras de sua mão de obra. São essas instituições que 
possuem os recursos necessários para o desen-
volvimento do trabalho desse profissional.
Ocorre que, por deter o conhecimento de seu 
trabalho e possuir certa autonomia na condu-
ção dessas ações, mesmo que no início de sua 
profissionalização esta fosse limitada, foi neces-
sário desenvolver um instrumento normatizador 
de sua atuação e que proporcionasse balizar sua 
relação com os sujeitos que fazem uso de seus 
serviços.
O instrumento a que nos referimos é o Código 
de Ética, no qual são explicitados os direitos e 
deveres das categorias de profissionais liberais e a 
postura que se deve ter ante a sociedade. Simões 
(2000) destaca que estes códigos são expressões 
da necessidade que a sociedade tem em ser pro-
tegida da autonomia desses profissionais que 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
91
podem “começar a agir em função dos interesses 
do grupo, puramente corporativistas, e impondo-
-os à sociedade como um todo” (SIMÕES, 2000, 
p. 68).
Dessa feita, os primeiros códigos de ética profis-
sionais surgem via Estado e são formas de controlar 
a atuação destes profissionais frente à sociedade. 
Importante ressaltar que tais instrumentos 
refletem pensamentos e posturas profissio-
nais predominantes nos diferentes períodos e 
momentos históricos nos quais foi elaborado 
uma vez que, por ser uma profissão inserida na 
divisão social e técnica do trabalho, o Serviço 
Social é diretamente influenciado pelo contexto 
social e histórico e, portanto, os Códigos que 
norteiam o desenvolvimento de suas ações pro-
fissionais também os são. 
OS CÓDIGOS DE ÉTICA CONSERVADORES
A ética é constitutiva das mais diversas dimen-
sões que compõem a vida em sociedade e 
diz respeito ao exercício da reflexão sobre os 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
92
valores e costumes morais, seja para legitimá-
-los ou questioná-los. Barroco (2005) expõe que 
comumente a ética e a moral são confundidas 
e concebidas como sinônimos. 
Dessa forma, a autora ainda argumenta que, 
no âmbito do Serviço Social, a discussão ética 
tem se resumido, muitas vezes, apenas ao Código 
de Ética Profissional, apontando a falta de uma 
discussão acerca da dimensão moral da profis-
são e da ética propriamente dita.
Assim sendo, a ética é um importante ele-
mento que compõe o exercício profissional à 
medida que, enquanto um espaço de reflexão, 
interpela aos assistentes sociais a necessidade de 
constante retomada de seus objetivos e valores 
enquanto uma categoria profissional e aprecia-
ção coletiva dos meios que estão sendo utilizados 
para materializá-los, assim como da conjuntura 
histórica que permeia e condiciona sua atua-
ção profissional. Brites (2000, p. 123) endossa 
tal afirmação ao apontar que:
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
93
A reflexão ética é um dos instrumentos 
que permitem a compreensão dos limites 
e possibilidades de atuação profissional 
frente aos desafios colocados pela moder-
nidade, na medida em que indaga sobre a 
realização objetiva dos valores que se assu-
mem.
A centralidade adquirida pela dimensão ética 
no interior da categoria profissional remonta ao 
início de sua profissionalização. De acordo com 
Barroco (2005), as escolas de Serviço Social tive-
ram importante papel nesse processo à medida 
que essas instituições faziam uso das aulas de 
filosofia e ética para disseminar princípios éti-
cos extraídos, àquela época, da filosofia tomista, 
da teoria positivista e do pensamento conserva-
dor, sendo este último marcante e norteador das 
ações profissionais até fins da década de 1970.
Dessa forma, as três primeiras versões do 
Código de Ética Profissional (1948, 1965 e 1975) 
reforçavam o projeto de sociedade dominante 
e possuíam forte traço conservador da ordem 
vigente.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
94
Miranda e Cavalcanti (2005) complementam 
a afirmaçãode Barroco (2005) ao pontuarem 
que até a década de 1980 os Códigos de Ética 
dessa categoria profissional possuíam um cunho 
conservador e ainda apontam que tal instru-
mento demonstrou de maneira inteligível, no 
decorrer da história, a sua posição.
Assim sendo, o primeiro Código de Ética 
Profissional dos Assistentes Sociais tem ori-
gem em 1947, mas é aprovado apenas no ano 
de 1948.De acordo com Miranda e Cavalcanti 
(2005), ele evidenciou o seu caráter norma-
tivo e conservador atrelado ao ideário da Igreja 
Católica.
Permeado por um contexto conservador e 
que reforçava o tratamento moral da questão 
social, tal instrumento coadunava com a atuação 
do assistente social, pois assim como Iamamoto 
(2000, p. 98) afirma:
Partindo do pressuposto de que o orde-
namento capitalista é natural, caberia à 
profissão nele integrar os indivíduos e 
atenuar os excessos da exploração do tra-
balho. A essa visão naturalizada da so-
ciedade acoplou-se o campo dos valores 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
95
calcado na filosofia metafísica - especifica-
mente o neotomismo -, alimentando um 
programa para a sociedade que preconi-
zava reformas parciais ao nível dos indiví-
duos, grupos e comunidades na defesa da 
pessoa humana, do bem comum, do desen-
volvimento integral.
 O Código de Ética Profissional de 1947 expres-
sava claramente em seus artigos que a atuação 
profissional deveria ser desenvolvida à luz de 
princípios cristãos vinculados ao pensamento 
da Igreja Católica, tendo como um de seus deve-
res fundamentais:
1. Cumprir os compromissos assumidos, 
respeitando a lei de Deus, os direitos na-
turais do homem, inspirando-se, sempre 
em todos seus atos profissionais, no bem 
comum e nos dispositivos da lei, tendo 
em mente o juramento prestado dian-
te do testemunho de Deus. (Associação 
Brasileira de Assistentes Sociais, 1947, p. 
1)
Ademais, essa versão do código expunha que 
o profissional deveria respeitar o usuário de 
seus serviços tendo por base a sua dignidade 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
96
enquanto ser humano, inspirando-se na fé cristã. 
Salientando que a importância da ética profissio-
nal relacionada ao Serviço Social era justificada 
pelo fato dessa profissão lidar “[...] com pessoas 
humanas desajustadas ou empenhadas no desen-
volvimento da própria personalidade” (ABAS, 
1947, p. 1).
Forti (2008, p. 186-187) destaca que este 
código expressava o posicionamento morali-
zador do Serviço Social:
“[...] face às expressões da “questão social”, 
captando o homem de maneira abstrata 
e genérica, configurou-se como uma das 
estratégias concretas de disciplinamento e 
controle da força de trabalho, no processo 
de expansão do capital monopolista.
Imperioso destacar que, durante a vigência de 
tal código, o Brasil era governado por um regime 
democrático conduzido pelo então presidente 
Dutra, que fora eleito em 1945.
No ano seguinte foi promulgada uma nova 
carta constitucional ao mesmo tempo em que 
a industrialização brasileira estava em franco 
desenvolvimento, cuja intensificação se deu em 
1947.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
97
Dessa forma, já no início da década de 1950, 
a discussão em torno do desenvolvimento do 
Brasil, tendo em vista superar seu atraso eco-
nômico e cultural bem como os seus problemas 
sociais, adquiriu centralidade.
Nessa perspectiva, Forti (2008) enfatiza que 
o desenvolvimentismo, como ficou conhecido 
esse movimento, era visto por muitos países, 
principalmente os latino-americanos, como um 
meio de superar sua subordinação perante os 
demais países que compunham o globo.
A partir da ênfase conferida 
ao necessário desenvol-
vimento do Brasil e sua 
efetivação a partir do governo 
de Juscelino Kubitschek, que 
se iniciou em 1955, o Serviço 
Social também é chamado a 
contribuir por ser conside-
rado importante para atuar 
junto ao desenvolvimento de 
comunidade. No período em que o desenvol-
vimentismo foi hegemônico no Brasil, a ação 
profissional do assistente social era norteada 
pela soma do neotomismo ao funcionalismo.
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RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
98
Verifica-se, assim, que as ações do profissional 
são desenvolvidas tendo em vista a manuten-
ção do modo de produção capitalista e o agente 
se constitui como um cooperador que atua em 
prol do desenvolvimento das forças produtivas, 
alimentado por bases teóricas de forte cunho 
conservador e que não questionava a ordem 
vigente, com ações que visavam à adaptação 
dos indivíduos e grupos na sociedade.
Na década de 1960, o Código de Ética 
Profissional passa por sua primeira reformulação, 
que resulta na versão de 1965, no qual se fazem 
presentes conceitos como “bem comum” e “res-
peito à dignidade da pessoa humana”, norteadores 
da ação profissional, sendo ainda explicitado que 
o indivíduo é por natureza livre e inteligente.
Ademais, o assistente social à luz desse código 
deveria propor ações que vislumbrassem a “cor-
reção dos desníveis sociais”, tendo em vista a 
“integração social” de indivíduos, grupos e 
comunidades, como bem explicitado a seguir:
Art. 7º - Ao assistente social cumpre con-
tribuir para o bem comum, esforçando-se 
para que o maior número de criaturas hu-
manas dele se beneficiem, capacitando in-
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
99
divíduos, grupos e comunidades para sua 
melhor integração social(CFESS, 1993, 
s/p).
A partir de uma análise dessa versão do Código 
de Ética Profissional, pode-se verificar em seu 
interior que ele é concebido como importante 
mecanismo de apoio e orientação profissio-
nal, uma vez que o Serviço Social estava em 
desenvolvimento e com ele se faziam presentes 
maiores responsabilidades e deveres.
Esse código evidenciava uma concepção 
de vida baseada na natureza e no destino do 
homem, apontando, ainda, que o profissional 
deveria desenvolver suas ações tendo em vista dar 
solução aos diversos “problemas sociais”, como 
agente colaborador no desenvolvimento do país, 
o qual deveria se dar de maneira harmônica.
Evidencia-se ainda que o Código de 1965 “[...] 
introduziu a consideração do assistente social como 
profissional liberal, inseriu os princípios do plura-
lismo, da democracia e da justiça, numa concepção 
liberal” (BARROCO; TERRA, 2012, p. 45).
O Código de Ética de 1975 adensa um con-
junto de artigos formulados a partir dos valores 
“bem comum” e “justiça social”, tendo por 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
100
fundamento básico o indivíduo humano, enten-
dendo-o como “[...] centro, objeto e fim da vida 
social” (ABAS, 1975, p. 02).
A partir da análise de tal instrumento é percep-
tível que a relação estabelecida entre o assistente 
social e o sujeito que buscava seu atendimento 
se realizava a partir da perspectiva profis-
sional-cliente, por meio de uma intervenção 
profissional considerada como um “tratamento”, 
composto por diagnóstico, prognóstico e objeti-
vos, assim como explicitado no artigo 5º, inciso 
II, alínea b, do código. Este artigo expõe que 
é dever do profissional “Esclarecer o cliente 
quanto ao diagnóstico, prognóstico, plano e 
objetivos do tratamento, prestando à família 
ou aos responsáveis os esclarecimentos que se 
fizerem necessários” (ABAS, 1975, p. 05).
Para Forti (2005), nesta versão do Código 
de Ética Profissional se fazem presentes nor-
teamentos claramente conservadores, mas que 
se desenvolveram e se efetivaram sob novas 
roupagens.
Barroco e Terra (2012) complementam a 
assertiva de Forti (2005) ao pontuarem que esta 
versão se difere das duas primeiras pelo fato de 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
101
ter incluído o personalismo junto ao positivismo 
e ao neotomismo, as referênciastradicionais e 
que até então permeavam o Serviço Social.
Assim sendo, Barroco (2005, p. 96) expõe 
que:
Orientada pelo neotomismo, a ética pro-
fissional opera de modo prescritivo, ba-
seando-se em uma dicotomia entre bem 
e mal, que, no agir profissional, só apa-
rentemente é abstrata, uma vez que tra-
duz os dogmas cristãos e a moral conser-
vadora.
Barroco e Terra (2012) sintetizam as diferenças 
das três primeiras versões do Código de Ética 
profissional pontuando que a de 1947 expôs 
a estreita relação estabelecida entre a profis-
são e a Igreja Católica, enquanto que a de 1965 
possuía traços marcadamente vinculados ao 
contexto ditatorial e que evidenciou a reno-
vação profissional nos moldes impostos pelo 
sistema político vigente. Além disso, as autoras 
apontam que a versão de 1975 “[...] suprimiu 
as referências democrático-liberais do código 
anterior [...]” (BARROCO; TERRA, 2012, p. 45).
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
102
Ressalta-se ainda que a influência exercida 
pela Igreja Católica e pelo ideário conservador 
nos Códigos de Ética de 1947, 1965 e 1975 é 
evidente e explicita-se por meio da concepção 
de que a profissão seria uma espécie de “voca-
ção” para a qual apenas as pessoas com “boas 
intenções” deveriam voltar-se. Nesse sentido, 
Silva (1995, p. 140) destaca que:
Percebemos isso ao examinarmos essas 
três versões do Código – a de 1947, de 
1965 e a de 1975, - onde podemos identi-
ficar claramente essa influência, inclusi-
ve de princípios que constam da encícli-
ca papal Rerum Novarum. Identificamos 
aí inscrito o princípio da conciliação de 
classes, servindo de sustentação a uma 
prática profissional visando à harmonia, 
o equilíbrio e a paz social. Considera-se 
que os problemas sociais têm uma estrei-
ta relação com uma suposta decadência 
da moral e dos costumes cristãos. Logo, a 
profissão é considerada como uma voca-
ção, um chamado de Deus, e o assistente 
social deve, então, estar a serviço da res-
tauração da moral cristã.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
103
Nessa perspectiva, Guedes (2001) salienta que 
os primeiros assistentes sociais tinham suas 
ações norteadas pela filosofia neotomista e por 
isso referenciavam-se em valores preconizados 
pela Igreja Católica, dentre eles a necessidade 
do estabelecimento da harmonia entre as clas-
ses sociais e o entendimento de que o homem é 
um ser dotado de inteligência, fato que permi-
tiria a ele superar as condições de vida em que 
se encontrava.
Ao lado do princípio da inteligibilidade, de 
acordo com Guedes (2001), encontra-se o prin-
cípio da liberdade, entendido pela filosofia 
neotomista como o respeito à liberdade do indi-
viduo atendido. Não obstante, como a questão 
social era entendida como uma questão moral, 
os profissionais agiam junto às ineficiências apre-
sentadas pelos indivíduos e pelo conjunto social. 
Reforçando a concepção de que os indivíduos 
têm a possibilidade de, por meio de esforços 
próprios, superar as condições de vida em que 
se encontram, a moral predominante no sistema 
capitalista dispõe que não existem meios que os 
impeçam de exercer sua liberdade, como bem 
apontam Brites et al. (2001, p. 126) à medida 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
104
que em tal sistema “[...] a moral dominante 
entende que o indivíduo é o único responsável 
pela sua condição de vida, e que não existem 
impedimentos concretos para a realização da 
liberdade”.
Desta feita, a moral burguesa, orientada pela 
ideologia liberal, estabelece que o indivíduo é o 
responsável pelas condições de vida em que se 
encontra ao mesmo tempo em que reconhece 
a existência de desigualdades entre as pessoas, 
mas as concebe como fenômenos naturais, pois 
assim como Barroco (2005, p. 165) pontua:
É certo que se entende que o êxito de 
cada um depende somente da vontade e 
do esforço pessoal de cada indivíduo, o 
que implica uma noção de justiça social: 
o Estado só faz regulamentar o que já foi 
decidido pelo mercado em condições de 
liberdade e igualdade. Isso, no entanto, 
não significa que se considere que todos 
podem chegar ao mesmo nível de riqueza, 
uma vez que se concebe que os indivíduos 
nascem com potencialidades e capacida-
des diferenciadas e se esforçam em níveis 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
105
diferenciados. Sendo assim, as diferenças 
sociais são tratadas como conquistas in-
dividuais que devem ser recompensadas 
ou como problemas pessoais psicosso-
ciais ou morais [...]
Partindo dessa concepção, as contradições ine-
rentes e próprias do modo de produção capitalista 
são convertidas em questões de ordem pessoal, 
problemáticas apresentadas por indivíduos que 
não tiveram sucesso no desenvolvimento de 
suas habilidades e que por isso não possuem a 
riqueza da qual outrem dispõe.
Sob a perspectiva liberal, a liberdade é um valor 
concebido e referenciado para a aquisição da pro-
priedade privada bem como para a luta por interesses 
individuais.
Ademais, Forti (2008) argumenta que este 
pensamento conservador colaborou para que, 
durante muito tempo, os assistentes sociais 
tivessem dificuldades de compreensão dos reais 
determinantes da questão social, contribuindo, 
assim, para a caracterização de:
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
106
[...] uma cultura profissional acrítica, sem 
um horizonte utópico que os impulsio-
nasse para o questionamento e às ações 
consequentes em prol da construção de 
diferentes rumos face às diretrizes sociais 
postas e assumidas pela profissão. (FOR-
TI, 2008, p. 187)
Entretanto, esse panorama começa a ser colocado 
em xeque na década de 1960 juntamente com 
o Serviço Social tradicional, quando, no Brasil, 
ocorre a efervescência de movimentos da socie-
dade civil de cunho reivindicatório ligados à área 
estudantil e ao movimento agrário. À época, o 
país era governado por João Goulart, presidente 
que possuía um forte discurso progressista ao 
defender a realização de reformas de base.
O país, na entrada dos anos 1960, enfrentava 
sérios problemas, dentre eles a alta no preço dos 
alimentos, aumento na migração camponesa 
para as cidades, aumento de tensões sociais, 
aliança entre burguesia multinacional e nacio-
nal contra o populismo, ao mesmo tempo em 
que movimentos reivindicatórios dos trabalha-
dores rurais adquiriam feições políticas.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
107
Por ser uma profissão inserida na divisão social 
e técnica do trabalho e, por isso, indissociável da 
trama histórica que tece a realidade, o Serviço 
Social também foi influenciado pelo novo con-
texto histórico do país, de questionamentos 
sobre a ordem vigente e de movimentações de 
setores da sociedade.
Netto (2005) confirma tal assertiva e ainda 
pontua que a decadência do Serviço Social tra-
dicional e de suas práticas foi resultante de uma 
crise estrutural do modo de produção capitalista, 
mais precisamente o fim dos 30 anos gloriosos do 
capitalismo, e ocorreu numa gama de países nos 
quais essa profissão se institucionalizara. Ademais:
O tensionamento das estruturas sociais 
do mundo capitalista, tanto nas suas áreas 
centrais quanto periféricas, ganhou uma 
nova dinâmica e gestou-se um quadro 
favorável para a mobilização das classes 
subalternas em defesa de seus interesses 
imediatos. [...] Nas suas variadas expres-
sões, aqueles movimentos punham em 
questão a racionalidade do Estado bur-
guês, suas instituições e, no limite, ne-
gavam a ordem burguesa e seu estilo de 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
108
vida; em todos os casos, recolocavam na 
agenda as ambivalências da cidadania 
fundada na propriedade (privada) e redi-
mensionavam a atividade política, multi-
plicando os seus sujeitos e as suas arenas. 
(NETTO, 2005,p. 07)
Nesse sentido, Miranda e Cavalcanti (2005) 
expõem que na década de 160 ocorreu uma crise 
de caráter ideológico e político da profissão, a 
qual colocou em xeque sua eficácia, questionou 
sua burocratização, sua natureza importada e 
seu atrelamento à classe dominante.
Dessa forma, destaca-se que a eclosão do 
Movimento de Reconceituação na América 
Latina foi uma consequência da crise estrutural 
do modo de produção capitalista, a qual impôs 
aos países latino-americanos as consequências 
negativas de seu desenvolvimento e que, nos 
apontamentos de Netto (2001, p. 146), é parte 
constitutiva do “[...] processo internacional de 
erosão do Serviço Social ‘tradicional’ [...]”.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
109
No bojo desse movimento encontra-se o ques-
tionamento e se lança um debate sobre o papel 
do Serviço Social frente à crise vivenciada pelos 
países nos quais está institucionalizado bem 
como do tradicionalismo profissional que não 
responde de maneira efetiva à nova realidade 
posta pelo sistema capitalista.
Nessa perspectiva, Yazbek (2006, p. 6-7) 
salienta que:
A profissão assume as inquietações e in-
satisfações deste momento histórico e 
direciona seus questionamentos ao Ser-
viço Social tradicional através de um am-
plo movimento, de um processo de revi-
são global, em diferentes níveis: teórico, 
metodológico, operativo e político. Este 
movimento de renovação que surge no 
Serviço Social na sociedade latino-ame-
ricana impõe aos assistentes sociais a ne-
cessidade de construção de um novo pro-
jeto comprometido com as demandas das 
classes subalternas, particularmente ex-
pressas em suas mobilizações. É no bojo 
deste movimento, de questionamentos à 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
110
profissão, não homogêneos e em confor-
midade com as realidades de cada país, 
que a interlocução com o marxismo vai 
configurar para o Serviço Social latino-a-
mericano a apropriação de outra matriz 
teórica: a teoria social de Marx. Embora 
esta apropriação se efetive em tortuoso 
processo.
Ocorre que, mesmo permeado por este con-
texto, os Códigos de Ética Profissional de 1965 
e 1975 permaneceram em sua essência tal qual 
se encontravam na década de 1940, com peque-
nas modificações, não refletindo os anseios da 
categoria profissional, como Barroco (2005, p. 
114) argumenta:
Embora entre 1965 e 1986, momentos 
da primeira reformulação do Código de 
Ética Profissional e da ruptura com a ética 
tradicional, estejam se objetivando várias 
expressões de negação do ethos tradicio-
nal, isto não se traduz nos códigos, que 
permanecem pautados no tradicionalis-
mo, embora apontem para a influência 
das duas vertentes emergentes nesse pro-
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
111
cesso: a perspectiva modernizadora e a 
reatualizadora do conservadorismo tra-
dicional.
A aparente impermeabilidade dos códigos frente 
ao contexto de questionamento profissional e 
de ascensão dos movimentos sociais encontra 
explicação no fato de que durante o período em 
que o Movimento de Reconceituação estava em 
franco desenvolvimento na América Latina, o 
Brasil passava por um processo de transforma-
ção na forma de condução política do Estado.
Em 1964, uma união estabelecida entre capital 
internacional, a burguesia nacional e os milita-
res derrubou o governo democrático e instituiu 
um governo ditatorial, o qual objetivava repri-
mir os movimentos da classe subalterna, assim 
como liquidar a ameaça comunista e reorien-
tar a economia brasileira.
A ascensão militar ao poder político do 
país representou um profundo golpe contra 
os emergentes movimentos sociais de cunho 
progressista e também para o Serviço Social, tor-
nando peculiar os rebatimentos do Movimento 
de Reconceituação na realidade brasileira, onde 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
112
este se constituiu a partir da realização de semi-
nários e encontros profissionais que objetivavam 
discutir metodologia e a teorização referentes ao 
Serviço Social.
Nesse sentido, Netto (2011) aponta que o pro-
cesso de renovação do Serviço Social no Brasil 
caracterizou-se pelo desenvolvimento de três 
tendências durante o período compreendido 
entre a segunda metade da década de 1960 até a 
década seguinte, a saber: a perspectiva moder-
nizadora, a reatualizadora do conservadorismo 
e a de intenção de ruptura.
De acordo com o autor, a perspectiva moder-
nizadora, desenvolvida nos marcos da ditadura 
militar, privilegiou a permanência de valores e 
©shutterstock
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
113
princípios profissionais “tradicionais”, mas a par-
tir de novas roupagens, à luz da teoria estrutural 
funcionalista com o objetivo de proporcionar legi-
timidade ao papel e aos procedimentos do Serviço 
Social.
Netto (2011) pontua ainda que somente com o 
amadurecimento do movimento de reconceituação, 
ocorrido na década de 1970, é que se tornou inteli-
gível que tal perspectiva expressou a renovação da 
profissão nos moldes da ditadura militar.
Yazbek (2006) assevera tal afirmação ao apon-
tar que no Brasil, por conta do cerceamento da 
liberdade de opinião política, tal movimento 
se iniciou por meio da opção por um projeto 
“tecnocrático/modernizador” que se expres-
sam nos documentos dos encontros de Araxá e 
Teresópolis. 
Ao realizar a opção pela “modernização con-
servadora” nos moldes do sistema econômico, 
político e ideológico vigente no país, não se evi-
dencia a ausência de profissionais combativos e 
que se articulavam em torno da destruição do 
conservadorismo no interior da categoria pro-
fissional e na sociedade como um todo, pelo 
contrário, uma vez que suas atuações se davam 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
114
em espaços como as Comunidades Eclesiais de 
Base e outras organizações que, diferentemente 
da primeira citada, passaram a desenvolver suas 
ações na clandestinidade. 
Na época da ditadura militar, aconteceram dois 
seminários sobre teorias do Serviço Social, sendo 
o Seminário de Araxá (MG) e o Seminário de Tere-
sópolis (RJ). O documento de Araxá, como ficou 
famoso, foi escrito por 39 profissionais do Serviço 
Social, e discutia sobre o rompimento com as ba-
ses conservadoras da profissão, como por exem-
plo, o processo de Casos, Grupos e Comunidades.
Vale ressaltar que a proposta não era sobre um 
rompimento geral, mas sim uma reformulação, 
utilizando o tradicional em novos pilares.
Fonte: a autora.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
115
A MATRIZ MODERNIZADORA DO 
SERVIÇO SOCIAL
Com a primeira vertente concorre a tendência 
reatualizadora do conservadorismo, a qual, nos 
dizeres de Netto (2011), aglutinou um conjunto 
de profissionais resistentes às mudanças e que 
defendiam a recuperação de elementos conserva-
dores da profissão, relativos à sua estreita relação 
com a Igreja Católica e que caracterizou os pri-
meiros anos da existência profissional, aliada a 
uma “nova” base teórico metodológica, recusando 
tanto a teoria positivista quanto a teoria crítica.
Na vertente em questão, o que se verifica é 
uma reatualização do passado “[...] com um 
consciente esforço para fundá-lo em matrizes 
intelectuais mais sofisticadas” (NETTO, 2011, 
p. 157).
O autor ainda salienta que a terceira pers-
pectiva constitutiva do processo de renovação 
profissional é conhecida como intenção de rup-
tura. Essa tendência caracteriza-se pela crítica 
que realiza ao Serviço Social tradicional e pelo 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
116
intento de romper com seus parâmetros teóri-
cos, metodológicos, técnicos e políticos. Para 
tanto, ela recorre à tradição teórica de Marx.
Embora sua inserção na realidade se realize 
nos anos iniciais dadécada de 1970, apenas com 
o acirramento da crise do regime militar e com 
o desenvolvimento do “marxismo acadêmico” 
é que essa perspectiva se torna sólida.
Em suma, essa vertente é marcada pela opo-
sição ao tradicionalismo profissional, mas 
apresenta certas fragilidades decorrentes da 
lacuna existente entre a intenção de romper 
com a herança conservadora da profissão e as 
possibilidades concretas de fazê-lo.
Tendo por referencial a análise de Netto 
(2011), pode-se destacar que o desenvolvimento 
de uma perspectiva crítica no interior da catego-
ria profissional foi fruto de um contexto social 
e histórico que impulsionou o seu surgimento. 
Faleiros (2005, p. 25) valida a assertiva em ques-
tão ao expor que:
Nesse contexto, a formulação de um pen-
samento crítico no serviço social, vincu-
lado à luta de classes, não foi obra de ne-
nhum “iluminado”, mas o resultado de 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
117
um processo histórico complexo de lutas, 
de resistência ao imperialismo e à ordem 
dominante, de organização das classes 
subalternas e de construção de um proje-
to político de aliança de intelectuais com 
os dominados, explorados e oprimidos, 
na luta por mudanças profundas. 
Ainda que o Movimento de Reconceituação 
tenha proporcionado à categoria profissional 
a aproximação com teorias diferentes da posta 
pelo Serviço Social tradicional e se esboças-
sem as primeiras tentativas de reflexão sobre a 
atuação profissional e de críticas quanto à sua 
forma e conteúdo, o compromisso com a classe 
trabalhadora e a postura crítica com relação ao 
tradicionalismo que permeava a profissão só são 
efetivados com o esgotamento do regime mili-
tar no país. Contexto no qual ressurgem as lutas 
dos movimentos sociais abafados pelo governo 
ditatorial e em que a categoria profissional dis-
põe de condições para, de fato, romper com a 
ética da “neutralidade”.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
118
PROJETOS SOCIETÁRIOS
Os projetos societários possuem estreita rela-
ção com os projetos profissionais e, de acordo 
com Netto (2004), possuem em seu interior o 
modelo de sociedade que objetivam ser consti-
tuído, os valores que justificam essa construção 
e os meios pelos quais ele será efetivado.
No posicionamento de Netto (2004, p. 143), 
“Em sociedades como a nossa, os projetos 
societários são, necessária e simultaneamente, 
projetos de classe [...]”, os quais possuem uma 
dimensão política, que envolvem as relações de 
poder. Teixeira e Braz (2009, p. 04) comungam 
com a visão de Netto e ainda pontuam que:
Todo projeto [...] numa sociedade clas-
sista, têm uma dimensão política [...] Ou 
seja, se desenvolvem em meio às contra-
dições econômicas e políticas engendra-
das na dinâmica das classes sociais anta-
gônicas. Na sociedade em que vivemos 
(a do modo de produção capitalista), elas 
são a burguesia e o proletariado.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
119
Face ao exposto, entende-se que os proje-
tos societários podem ser tanto de cunho 
transformador da ordem social posta quanto 
conservador, e, necessariamente, presentes em 
todos os demais projetos coletivos, inclusive 
no interior dos projetos profissionais.
Netto (2004) destaca que tanto os projetos 
profissionais quanto os projetos societários são 
coletivos, mas a diferença existente entre ambos 
reside no fato de que os projetos societários são 
mais abrangentes e suas propostas são direciona-
das para todo o conjunto social. No que se refere 
aos projetos profissionais, o autor aponta que estes:
[...] apresentam a autoimagem de uma 
profissão, elegem os valores que a legi-
timam socialmente, delimitam e priori-
zam seus objetivos e funções, formulam 
os requisitos (teóricos, práticos e institu-
cionais) para o seu exercício, prescrevem 
normas para o comportamento dos pro-
fissionais e estabelecem as bases das suas 
relações com os usuários de seus servi-
ços, com as outras profissões e com as or-
ganizações e instituições sociais privadas 
e públicas [...] (NETTO, 2004, p. 144)
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
120
O autor destaca ainda que os projetos profissio-
nais são construções de categorias profissionais, 
ou seja, um sujeito coletivo e para que ele se solidi-
fique e adquira legitimidade perante a sociedade 
é imprescindível que sua base seja composta por 
um corpo profissional muito bem organizado.
Assim, o Serviço Social enquanto uma pro-
fissão socialmente necessária possui um projeto 
profissional que fora construído a partir do rom-
pimento com o histórico conservadorismo e do 
redimensionamento profissional, que culminou 
no estabelecimento de um compromisso com 
as lutas da classe trabalhadora no sentido de 
desenvolver ações profissionais que não apenas 
atendam às suas demandas, mas que favoreça a 
correlação de forças, fortalecendo o projeto de 
sociedade dessa classe.
Nesse sentido, Silva (1995, p. 421) aponta que:
[...] o que se denominou projeto ético polí-
tico [...] vinculou-se fortemente com uma 
capacidade de pensar a realidade a partir 
do método crítico dialético, em que toma 
o fundamento econômico da questão social 
como ponto de partida para a realização das 
diversas análises sobre a realidade social.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
121
Dessa forma, as análises realizadas pelo profis-
sional são convertidas em estratégias de atuação 
que se efetivam na realidade social por meio dos 
instrumentais de trabalho do assistente social, 
tendo em vista o direcionamento conferido pelo 
profissional para o atendimento das necessi-
dades da classe trabalhadora, usuária de seus 
serviços profissionais.
Por ser constituído e legitimado por uma 
categoria, isso não confere ao projeto profissio-
nal um caráter homogêneo e não significa de 
maneira alguma que não são realizados apon-
tamentos, críticas ou questionamentos quanto 
à sua pertinência ou conteúdo, ao contrário, 
como bem sinaliza Netto (2008, p. 145):
Mais exatamente, todo o corpo profissional é 
um campo de tensões e de lutas. A afirmação 
e consolidação de um projeto profissional em 
seu próprio interior não suprime as divergên-
cias e contradições. Tal afirmação deve fazer-
-se mediante o debate, a discussão, a persu-
asão – enfim, pelo confronto de ideias e não 
por mecanismos coercitivos e excludentes. 
[...] mesmo um projeto que conquiste hege-
monia nunca será exclusivo.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
122
Ademais, para o autor, os projetos profissio-
nais demandam sempre uma fundamentação de 
natureza ética. Contudo, essa base ética, reque-
rida por tais projetos, não se limita às normas 
morais ou à prescrição de direitos e deveres, mas 
abarca também as opções ideológicas, políticas 
e teóricas dos profissionais, uma vez que “[...] 
uma indicação ética só adquire efetividade his-
tórico-concreta quando se combina com uma 
direção político profissional” (NETTO, 2008, 
p. 148), daí o caráter ético-político do projeto 
profissional do Serviço Social.
No que se refere à sua relação com o projeto 
societário, o projeto ético político do Serviço 
Social é marcadamente atrelado a um projeto de 
sociedade que reclama a transformação em sua 
estrutura econômica, pois, assim como Teixeira 
e Braz (2009, p. 05) salientam:
Não há dúvidas de que o projeto ético-po-
lítico do Serviço Social brasileiro está vin-
culado a um projeto de transformação da 
sociedade. Essa vinculação se dá pela pró-
pria exigência que a dimensão política da 
intervenção profissional põe. Ao atuarmos 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
123
no movimento contraditório das classes, 
acabamos por imprimir uma direção so-
cial às nossas ações profissionais que favo-
recem a um ou a outro projeto societário.
O projeto ético-políticodo Serviço Social, 
enquanto uma projeção coletiva de um grupo, 
se relaciona com os interesses mais amplos da 
sociedade, uma vez que possui uma ligação com 
algum dos projetos societários existentes em seu 
interior.
Urge esclarecer que, inserido numa conjun-
tura adversa, tal qual presenciamos atualmente, 
o projeto ético-político do Serviço Social, assim 
como a própria categoria profissional, estão 
sendo colocados à prova, haja vista que o projeto 
societário burguês, hegemônico na realidade 
brasileira, é colidente e dissonante ao projeto 
defendido pelo Serviço Social, pois, assim como 
Forti (2008, p. 208-209) esclarece:
Vivemos uma crise profunda que, tendo em 
vista as marcas do redimensionamento da 
economia, da redução da participação do 
Estado e da abertura à concorrência interna-
cional, iniciada no país nos anos 1990, nos 
leva a questionamentos sobre os rumos da 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
124
história humana, do país e do Serviço Social. 
Assistimos ao paradoxo de um país de vasto 
potencial econômico, como é o Brasil, que, 
ao lado de sofisticação tecnológica para pro-
dução, exibe crescente aumento da precari-
zação do trabalho, fome, violência e desam-
paro de um significativo contingente de seus 
cidadãos. [...] assistimos à criminalização da 
pobreza, a um “retorno” da consideração da 
“questão social” como caso de polícia e não 
de política, à “informalização” e à vulnera-
ção do trabalho pelo subcontrato, pela inser-
ção temporária gerando fragilidade técnica e 
organizativa, pela perda de direitos, pela di-
minuição de postos, pela instabilidade/inse-
gurança e pela sua intensificação.
A esse respeito, Netto (2005) destaca que o con-
texto no qual o Serviço Social está inserido, 
junto às demais profissões, passa a exigir uma 
discussão coletiva que envolva todo o corpo pro-
fissional, onde se realize um confronto amplo de 
ideias e posicionamentos ao passo que “[...] só 
nos resta, enquanto categoria profissional, pre-
servar, contra ventos e marés, a autonomia para 
conduzir e aprofundar as exigências do projeto 
ético-político [...]” (NETTO, 2005, p. 24).
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
125
Frente a esse contexto é que os profissionais de 
Serviço Social são chamados a desenvolver suas 
ações à luz de um projeto profissional constru-
ído coletivamente, nos marcos do rompimento 
com o conservadorismo, e que assume publica-
mente o seu compromisso com a luta da classe 
trabalhadora. Cabe-nos agora continuar o pro-
cesso reflexivo acerca da atuação profissional na 
realidade e do projeto ético-político do Serviço 
Social, tendo em vista que, assim como Netto 
(2008, p. 154) nos esclarece, o projeto profissio-
nal é “[...] também um processo, em contínuo 
desdobramento”.
Desta feita, entender 
os rumos da categoria 
profissional na atual 
conjuntura e com ele 
o significado do pro-
jeto ético-político se 
faz mister uma vez que 
é apenas a partir da 
reflexão, ancorada na 
matriz teórico-metodo-
lógica crítica, que são 
desvelados os limites e 
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sh
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to
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RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
126
possibilidades da intervenção profissional e que 
ainda possibilita a construção de estratégias de 
intervenção que responda, de fato, aos anseios 
da classe trabalhadora.
O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO 
SERVIÇO SOCIAL E O PROJETO 
NEOLIBERAL
A realidade político-econômica brasileira con-
tribuiu para uma atualização de posicionamento 
cada vez mais crítica do fazer profissional do 
Serviço Social, exigindo uma revisão teórica de 
seu pressuposto teórico-técnico-metodológico 
comprometida com a classe trabalhadora. 
Assim, o Serviço Social, à luz da vertente 
modernizadora da profissão, e mais precisamente 
com a constituição do seu projeto ético-polí-
tico que se consolida no contexto de transição 
dos anos 1970 aos 1980, período este de rede-
mocratização da sociedade brasileira, deu um 
salto de avanço e amadurecimento nos marcos 
da década de 1990. 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
127
O Serviço Social deixou pra trás o conser-
vadorismo profissional, sintonizado com as 
transformações societárias que afetam direta-
mente a economia, o trabalho, a produção, a 
política, o Estado, marcadas pela acumulação 
flexível (Harvey) e pelo modelo do neolibera-
lismo vigente no país.
A década de 1970 demarca de maneira sólida 
o rompimento com o conservadorismo histo-
ricamente constitutivo da essência do Serviço 
Social e que norteava o desenvolvimento do 
trabalho desse profissional até então.
Dentre os fatores históricos que concorre-
ram para o alcance de tal patamar, destaca-se 
o esgotamento do regime militar, ocorrido a 
©shutterstock
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
128
partir de 1974, por conta do fracasso de suas 
propostas enquanto um sistema que proporcio-
naria o desenvolvimento próspero do Brasil e 
de sua inviabilidade política, bem como o res-
surgimento de movimentos sociais e de lutas 
em torno da abertura democrática. 
Netto (2008) valida tal assertiva ao pontuar 
que a entrada dos operários da indústria auto-
mobilística do ABC paulista na cena política, 
representando uma frente popular comba-
tiva e contrária à permanência dos militares 
no poder, representou um duro golpe para o 
regime ditatorial na medida em que estes sujei-
tos conseguiram aglutinar também outra gama 
de trabalhadores assalariados e movimentos 
sociais às lutas em favor da abertura democrá-
tica. Assim sendo:
[...] o protagonismo operário traz à tona 
a crise do regime ditatorial, torna-a intei-
ramente visível no final dos anos 1970 e a 
conduz a seu momento terminal: compele 
a oposição burguesa a avançar, inviabiliza 
a reprodução do regime ditatorial e cria 
condições para projeções societárias dife-
rentes no Brasil. (NETTO, 2008, p. 663)
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
129
Nesse contexto, o Serviço Social se apropria das 
condições histórico-sociais postas e estabelece 
seu compromisso ético e político profissio-
nal com a classe trabalhadora, rompendo com 
as amarras impostas pelo conservadorismo e 
dando seus primeiros passos rumo à adoção 
efetiva de uma teoria social crítica.
Ademais, nos anos finais da década de 1970, 
um acontecimento em especial representa o esta-
belecimento desse compromisso com a classe 
trabalhadora. Em 1979, ocorre o III Congresso 
Brasileiro de Assistentes Sociais, que mais tarde 
ficou conhecido como o “Congresso da Virada”, 
evento no qual essa categoria profissional esta-
beleceu publicamente um compromisso com a 
luta das classes subalternas. 
Bravo (2009) salienta que mudanças foram 
introduzidas na programação original do 
Congresso pela recém-constituída Comissão 
Executiva Nacional de Entidades Sindicais de 
Assistentes Sociais (CENEAS), dentre as quais 
a autora destaca: 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
130
 ■ A troca dos homenageados, que passaram a 
ser os trabalhadores combativos e que luta-
ram pela democracia; 
 ■ A análise das políticas setoriais deveriam ser 
realizadas a partir da perspectiva da tota-
lidade e levando-se em conta sua ligação 
com o modo de produção capitalista; 
 ■ Integrantes de movimentos sociais partici-
pariam em todas as mesas e painéis;
 ■ Realização de uma discussão referente às 
condições de trabalho e remuneração dos 
assistentes sociais, bem como a realização de 
uma mesa de encerramento composta por 
líderes sindicais e de movimentos sociais.
A autora pontua ainda que durante o evento 
“foram realizadas assembleias diárias para ava-
liar as alterações e garantir a direção social 
crítica aprovada na primeira assembleia reali-
zada” (BRAVO, 2009, p. 689).
Essas alterações foram as responsáveis pela 
“virada” ocorrida no Congressona medida 
em que colocaram na ordem do dia reflexões e 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
131
análises vinculadas ao novo contexto social e his-
tórico no qual o Serviço Social estava inserido, 
enquanto uma profissão com atuação essencial-
mente ligada à realidade social assim como à 
classe operária, que historicamente constituiu-
-se como usuária de seus serviços profissionais.
Netto (2008, p. 669) enfatiza a importância 
desse evento para a categoria profissional tendo 
em vista que:
Sublinhar a relevância política do III 
Congresso é fundamental. Entretanto, a 
sua relevância não se esgota aí: a ruptura 
com o monopólio político conservador 
teve implicações que contribuíram deci-
sivamente para o desenvolvimento global 
do Serviço Social no Brasil.
Esse congresso representou para a categoria profis-
sional o início de um conjunto de proposições que 
representam um marco histórico do compromisso 
do projeto profissional com a classe trabalhadora, 
às suas demandas e lutas, e que tornaria evidente 
a necessidade de transformações em seus aparatos 
institucionais, ou seja, na estrutura curricular de 
formação dos profissionais e revisão do Código 
de Ética Profissional. Dessa forma:
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
132
[...] já na entrada dos anos 1980, na antiga 
Abess foi possível desalojar o conservado-
rismo (político e acadêmico) e dar curso à 
elaboração de consistentes projetos de for-
mação profissional, redimensionando efe-
tivamente a qualificação acadêmica dos as-
sistentes sociais [...]. (NETTO, 2008, p. 670)
Tanto a elaboração do novo currículo para cur-
sos de graduação em Serviço Social quanto a 
revisão do Código de Ética Profissional foram 
objetos de análise e discussões coletivas do corpo 
profissional na década de 1980, momento no 
qual se acirraram as lutas em torno da aber-
tura democrática e que derrotaram o regime 
ditatorial.
Após 1982, as oposições e articulações políti-
cas em torno das eleições diretas para presidente 
foram favorecidas e já no ano seguinte a grande 
mobilização pela “Diretas Já” tomou forma. 
Permeados por esse contexto, a categoria pro-
fissional deu um salto qualitativo no que diz 
respeito às bases de sua sustentação político pro-
fissional no interior dessa nova conjuntura e que 
representava, de maneira legal e efetiva, o esta-
belecimento de um compromisso ético e político 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
133
com os usuários de seus serviços profissionais. 
Além disso, apontava para um direcionamento 
social crítico e para a construção de um projeto 
de profissão. 
Barroco (2005) destaca que a influência 
gramsciana foi evidente na elaboração desse 
novo currículo e na revisão do Código de Ética 
Profissional, que deu origem à versão de 1986, 
pontuando ainda que:
A formação profissional recebe novos di-
recionamentos, passando a contar como 
um currículo explicitamente orientado 
para uma formação crítica e comprome-
tida com as classes subalternas. Em 1986, 
o Código de Ética [...] é reelaborado, bus-
cando-se garantir uma ética profissional 
objetivadora da nova moralidade profis-
sional. (BARROCO, 2005 A, p. 168)
Nessa perspectiva, Ramos (2005, s/p.) valida 
a assertiva de Barroco (2005 A) ao expor que:
Em 1982, é regulamentado o Currículo 
Mínimo para os cursos de Serviço Social 
do país, a partir da proposta discutida 
desde 1979. Essa nova proposta curricu-
lar representou, juntamente com o Códi-
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
134
go de Ética de 1986, uma profunda reno-
vação profissional [...] O centro da revisão 
curricular de 1979/1982 foi a conexão da 
formação com a realidade brasileira em 
um momento de redemocratização e as-
censão das lutas dos trabalhadores.
Desse modo, é importante ressaltar que a mola 
propulsora dessa metamorfose ocorrida no inte-
rior da categoria profissional foi a realidade 
social com suas possibilidades e contradições, 
inerentes ao sistema econômico que conduz a 
forma pela qual a realidade está organizada.
Ademais, a adoção da teoria social crítica 
contribuiu sobremaneira para a constituição 
de um novo perfil profissional e consubstan-
ciou o novo rumo ético-político da profissão a 
partir daquele momento. A apropriação de tal 
referencial teórico se deu, primeiramente, de 
uma forma equivocada, mas, após o amadure-
cimento da própria categoria profissional, esses 
impasses foram superados e na década de 1980:
[...] os eventos nacionais, gradativamente, 
revelam um contorno crítico e politizado. 
A produção marxista supera os equívocos 
das primeiras aproximações, o ethos pro-
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
135
fissional é auto-representado pela inser-
ção do assistente social na divisão sócio-
-técnica do trabalho, como trabalhador 
assalariado e cidadão (BARROCO, 2005, 
p. 168). 
No que se refere à revisão operada sobre o Código 
de Ética Profissional, Silva (1995) destaca que 
ela se desenvolveu durante cerca de três anos e 
envolveu um contingente profissional significa-
tivo em todos os estados brasileiros. A autora 
salienta ainda que tal instrumento teve origem 
“[...] a partir de um movimento que se contra-
punha ao conservadorismo e tentava resgatar 
um espaço social para os atores que se articu-
laram em busca da redemocratização” (SILVA, 
1995 p. 141). 
Importante destacar que o Código de Ética 
Profissional de 1986 rompeu com a perspectiva 
da neutralidade profissional e assumiu expli-
citamente o compromisso profissional com a 
classe trabalhadora. Para Paiva e Sales (2003, 
p. 175), tal instrumento representou:
[...] um marco da ruptura ética e ideopo-
lítica do Serviço Social com a perspectiva 
do neotomismo e também com o funcio-
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
136
nalismo, influências tradicionais do Ser-
viço Social até então. Isto fica evidente 
quando, de maneira simples, esse código 
postula novos deveres para os assistentes 
sociais, tais como democratizar as infor-
mações e tentar alterar a correlação de 
forças no âmbito institucional.
Ao referir-se aos avanços contidos no Código de 
1986, Barroco (2005) confirma a visão de Paiva 
e Sales (2005) e ainda expõe que este instru-
mento se propôs a garantir o desenvolvimento 
de uma atuação profissional referenciada pela 
busca de capacitação que permitisse ao assis-
tente social “[...] pesquisar, elaborar, gerir e 
decidir a respeito das políticas sociais e pro-
gramas institucionais [...]” (BARROCO, 2005 
C, p. 119).
Desta feita, tanto a revisão curricular quanto 
a do Código de Ética Profissional, ocorridas 
na década de 1980, foram importantes aconte-
cimentos para o início da constituição de um 
projeto de profissão crítico e comprometido 
com a classe trabalhadora. Assertiva que encon-
tra respaldo em Barroco (2005 A, p. 170):
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
137
O Código e a reformulação curricular de 
1982 são marcos de um mesmo proje-
to que pressupõe o compromisso ético-
político com as classes subalternas e a ex-
plicitação da direção social da formação 
e da prática profissional. Teoricamente 
considerados [...] como orientadores de 
um ethos que expressa a moralidade do 
projeto de ruptura.
Ainda na década de 1980 se constitui como 
um importante elemento para a formação e 
consolidação deste novo projeto profissional a 
mobilização da sociedade civil e de movimen-
tos sociais em torno da Assembleia Nacional 
Constituinte, instituída em 1986, com a fina-
lidade de elaboração de uma nova Carta 
Constitucional.
A esse respeito, Behring e Boschetti (2008) 
argumentam que, no período pós abertura 
democrática, foi constituída uma Articulação 
Nacional de Entidades pela Mobilização Popular 
na Constituinte, a qual reuniu lideranças, movi-
mentossociais, partidos políticos e indivíduos 
comprometidos com os princípios da democra-
cia e que fizeram parte de grupos de trabalho que 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
138
discutiam as possibilidades de inserção de artigos 
na Carta Constitucional. Nas palavras das autoras:
Alguns trabalhos mostram o processo de 
luta, a participação dos sujeitos políticos, 
profissionais e de usuários, e que foram 
decisivos para a formatação legal dos di-
reitos sociais no Brasil, pela primeira vez 
sob inspiração beveridgiana. (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2008, p. 144)
Assim sendo, não é demais destacar que a 
Constituição Federal (CF) promulgada em 1988, 
também conhecida como Constituição Cidadã, 
é expressão das lutas de movimentos sociais e 
da sociedade civil organizada, primeiramente, 
em torno da abertura política e, posteriormente, 
da imposição ao Estado de suas demandas e a 
explicitação da necessidade de sua incorpora-
ção e conversão em direitos sociais.
Por meio da consagração de direitos sociais 
e da instituição do tripé da Seguridade Social, 
formado pelas políticas de Assistência Social, 
Saúde e Previdência Social, sendo as duas primei-
ras não contributivas e a última uma política de 
direitos condicionada à contribuição, desenvol-
ve-se o aparato legal por meio do qual o Estado 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
139
se torna a figura central na elaboração e imple-
mentação de políticas sociais que garantam aos 
cidadãos a materialização dos direitos sociais 
postos na CF.
Desse modo, evidencia-se que a década de 
1980, juntamente ao seu contexto social e his-
tórico, representa para a categoria profissional 
um marco no seu processo de amadurecimento, 
assim como Iamamoto (2005, p. 90) argumenta:
Assim, os anos 1980 marcam a travessia 
para a maioridade intelectual e profissional 
dos assistentes sociais, para a sua cidada-
nia acadêmico-política. Essa maturação foi 
decisivamente condicionada pela inserção 
da categoria profissional nas lutas mais 
amplas pela conquista e aprofundamento 
da democratização da vida social: do Es-
tado e da sociedade no país, no horizonte 
da socialização da política e da economia.
Muito embora o novo currículo de 1982 assim 
como o Código de Ética de 1986 tenham sido 
importantes instrumentos norteadores do novo 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
140
compromisso assumido pela categoria profis-
sional, estes apresentaram certas fragilidades, 
as quais precisaram ser revistas já na década 
seguinte.
De acordo com Gentilli (2005), o currículo de 
1982 foi extremamente relevante na medida em 
que introduziu elementos teóricos importantes 
e que coadunavam com o novo posiciona-
mento assumido pela categoria, mas rechaçava 
o aspecto técnico do trabalho profissional, oca-
sionando equívocos e lacunas no processo de 
formação profissional. O autor argumenta que:
Deixou-se, em decorrência disto, de apro-
fundar o conhecimento da especificidade 
profissional; esqueceu-se de tornar o as-
sistente social um técnico competente e 
eficiente, além de crítico; superestimou-
-se o papel da crítica ideológica e subesti-
mou-se a importância das determinantes 
empíricas fundamentais para a formação 
profissional. (GENTILLI, 2005, p. 129)
No que tange às fragilidades apresentadas pelo 
Código de Ética de 1986 e que resultaram em 
sua reformulação, Paiva e Sales (2005) apon-
tam para sua inconsistência teórica e filosófica, 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
141
bem como para as debilidades apresentadas em 
sua operacionalização no cotidiano profissio-
nal. Nas palavras das autoras, tal instrumento:
[...] se propunha muito mais a dar conta do 
aspecto político e educativo do que dessa di-
mensão normativa. [...] Tinha-se quase um 
ensinamento do como fazer, e não do que se 
deve ou não deve fazer frente aos compromis-
sos assumidos. (PAIVA; SALES, 2005, p. 176)
Ademais, as autoras enfatizam que um 
código deve expor a forma pela qual a 
ação profissional pode ser desenvolvida, 
à luz de princípios éticos constitutivos do 
projeto profissional.
Paiva e Sales (2005) pontuam ainda que o Código 
de 1986 foi considerado por muitos sujeitos pro-
fissionais “[...] como uma ‘carta de intenções’, 
com algumas expressões nos seus artigos que 
são vagas, ambíguas e sem um significado mais 
objetivo”.
Assim sendo, o período compreendido entre 
fins da década de 1980 e início dos anos 1990 
apontou a necessidade de articulação da cate-
goria profissional tendo em vista a reflexão e 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
142
discussão conjunta das necessárias reformula-
ções nos instrumentos que viabilizam a atuação 
do assistente social na realidade, período no qual 
são deflagradas transformações na estrutura eco-
nômica da sociedade brasileira ao mesmo tempo 
em que o projeto ético-político do Serviço Social 
adquire bases sólidas e se afirma no interior da 
categoria profissional como um horizonte a ser 
buscado pelos assistentes sociais.
No início da década de 1990 a categoria pro-
fissional adquire sua maturidade ao passo que, 
assim como Koike (2009, p. 12) afirma:
Com renovada capacidade intelectiva, éti-
co-política e organizativa, a categoria profis-
sional, as unidades acadêmicas, docentes e 
discentes da graduação e pós-graduação, sob 
a coordenação de suas entidades representa-
tivas apresentaram-se, à entrada dos anos de 
1990, para um amplo repensar coletivo e de-
mocrático da profissão. Cabia redimensio-
nar o projeto profissional, a partir de então 
denominado projeto ético-político, frente às 
alterações no mundo do trabalho, nas mani-
festações da questão social, nas práticas do 
Estado e suas relações com as classes sociais.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
143
Importante ressaltar que o contexto que perme-
ava essa discussão era o de avanço do ideário 
neoliberal sobre a realidade brasileira, o qual 
se efetivara por meio de sólidas bases propor-
cionadas pelo governo de Fernando Henrique 
Cardoso.
 De acordo com Soares (2003), a partir da 
orientação neoliberal, a forma de organiza-
ção da sociedade e do Estado se transforma à 
medida que esse sistema preconiza uma série 
de mudanças “[...] centradas na desregulamen-
tação dos mercados, na abertura comercial e 
financeira, na privatização do setor público e 
na redução do Estado [...]” (SOARES, 2003, p. 
19).
A adoção do receituário neoliberal não ocorre 
por mero acaso, mas se trata de um mecanismo 
adotado pelo próprio modo de produção capi-
talista para superação de uma crise estrutural 
inerente à sua natureza, tendo em vista salva-
guardar o seu processo de acumulação.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
144
Assim é que na década de 1990 assistimos à 
difusão do ideário neoliberal sobre a sociedade 
brasileira, solapando os recém-conquistados direi-
tos sociais num contexto em que o Estado deixa de 
investir em políticas sociais, as quais, nos dizeres 
de Soares (2003, p. 27), “[...] passam a ser substi-
tuídas por ‘programas de combate à pobreza’, que 
tratam de [...] ‘minimizar’ os efeitos do ajuste sobre 
os ‘mais pobres’ ou os ‘mais frágeis’”.
Ademais, a autora pontua que o neolibera-
lismo significa um retrocesso histórico uma vez 
que desloca a responsabilidade pelo bem-estar 
social do âmbito coletivo e a transfere aos indi-
víduos e comunidades. 
Sob essa trama complexa e contraditória é 
que o projeto ético-político do Serviço Social 
adquire sua maturidade e são constituídas as 
estruturas que lhe efetiva na realidade. Assertiva 
que encontra respaldo em Koike (2009, p. 11):
É nos anos 1990, porém, no duro embate com 
a ofensiva neoliberal que captura o Estado 
brasileiro, agravando ainda mais a histórica 
concentração de renda e suprimindo direitosgarantidos em lei, que o projeto profissional 
do Serviço Social se consolida no país.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
145
Nessa perspectiva, Teixeira e Braz (2009) siste-
matizam o projeto profissional e pontuam que 
ele adquire materialidade por meio da produ-
ção de conhecimentos no interior do Serviço 
Social, das instâncias político-organizativas da 
profissão e de sua dimensão jurídico-política.
De acordo com os autores, é por meio da pro-
dução de novos conhecimentos que se apresentam 
a sistematização do processo de trabalho profis-
sional bem como o exercício reflexivo sobre ele.
Sob este prisma, Teixeira e Braz (2009) afir-
mam que são as instâncias político-organizativas 
que compreendem os fóruns de deliberação e 
as entidades da profissão e que permitem a dis-
cussão coletiva da categoria profissional acerca 
do projeto ético-político.
Já a dimensão jurídico-política, conforme apon-
tamentos dos autores, diz respeito às bases legais, ou 
seja, leis, resoluções, documentos e textos políticos 
aprovados pela categoria profissional e indispen-
sáveis para o desenvolvimento de seu processo de 
trabalho e que abrange tanto um sistema norma-
tivo de caráter geral, do qual as legislações sociais 
fazem parte assim como as demais leis que regem 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
146
a vida em sociedade, e outro especificamente pro-
fissional, do qual fazem parte o Código de Ética 
Profissional, a lei de regulamentação da profissão 
e as diretrizes curriculares.
Com relação ao Código de Ética, importante 
instrumento para o desenvolvimento do processo 
de trabalho profissional, a sua construção foi pau-
tada pela perspectiva de superação das fragilidades 
inerentes ao Código de 1986, resguardando os 
avanços expressos em seu interior. Nesse sentido, 
Paiva et al. (2005, p. 161) argumentam que:
[...] essa revisão só tem sentido se forem 
superadas as insuficiências ali inscritas, 
preservando-se as conquistas expressas 
naquele Código [...] Não se trata, pois, 
de abrir mão dos princípios e dos objeti-
vos que, no Código de 1986, garantiram 
à profissão uma vinculação explícita às 
forças sociais progressistas e uma propos-
ta profissional compatível com essa dire-
ção social. Entendemos, portanto, que a 
necessária revisão deve operar-se com a 
manutenção de uma clara opção por um 
projeto social e de um nítido projeto profis-
sional.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
147
Paiva e Sales (2005) validam essa afirmação e 
ainda evidenciam que o processo de constru-
ção da versão do Código de Ética de 1993 se 
desenvolveu a partir da perspectiva de constituir 
esse instrumento como um norte ético-polí-
tico, estabelecendo de maneira clara os valores e 
compromissos éticos profissionais, e a partir da 
necessidade de aperfeiçoamento de sua dimen-
são normativa, elencando uma série de normas 
jurídico-legais a fim de respaldar a intervenção 
profissional no cotidiano.
Ademais, há de se ressaltar que durante sua 
elaboração havia o anseio, por parte da categoria 
profissional, de convertê-lo em um instrumento 
que defendesse o exercício profissional do assis-
tente social bem como a qualidade dos serviços 
prestados. Assim sendo, Paiva e Sales (2005, p. 
181) afirmam que:
[...] sua estrutura é composta de quatro 
títulos, sendo o terceiro destinado a nor-
matizar as diferentes relações que o pro-
fissional estabelece no exercício do Ser-
viço Social – com usuários, instituições 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
148
empregadoras, outros profissionais e en-
tidades -, bem como regular, por meio de 
capítulos específicos, o sigilo profissional 
e a relação do assistente social com a Jus-
tiça.
O Código de Ética Profissional de 1993 possui 
princípios que fundamentam os dispostos nos 
artigos que o compõe e no entendimento de 
Paiva e Sales (2005) eles são complementares 
entre si, proporcionando a base sobre a qual a 
ação profissional será desenvolvida.
Dessa forma, temos que o primeiro prin-
cípio trata-se do “reconhecimento da li-
berdade como valor ético central e das 
demandas a ela inerentes: autonomia, 
emancipação e plena expansão dos indi-
víduos sociais” (CFESS, 1993, s/p).
Na visão das autoras, a liberdade só pode ser 
entendida enquanto tal se ela se desenvolver de 
maneira coletiva, considerando as individuali-
dades de cada sujeito:
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
149
Para tanto, é preciso garantir as deman-
das que a ela se vinculam – autonomia, 
emancipação e plena expansão dos indi-
víduos sociais. Sabe-se, contudo, que esse 
projeto de realização da liberdade é co-
lidente coma dinâmica social capitalista, 
que em si é limitadora da liberdade, quase 
sempre reduzida aos seus termos formais 
e jurídicos. (PAIVA; SALES, 2005, p. 182)
O segundo princípio refere-se à “defesa intransi-
gente dos direitos humanos e recusa do arbítrio 
e do autoritarismo” (CFESS, 1993, s/p), o qual 
passa a exigir do profissional a adoção de uma 
postura contrária a qualquer tipo de violência 
física e moral dos indivíduos, degradando a sua 
dignidade enquanto ser humano.
Esse posicionamento requer do assistente social 
um compromisso com a população que atende, 
uma vez que as expressões da questão social vêm 
se acirrando cada vez mais, contribuindo para o 
processo de embrutecimento da sociedade que, 
alimentada “[...] pela ideologia dominante cini-
camente indiferente, faz vista grossa às várias e 
sutis formas de violação dos direitos humanos” 
(PAIVA; SALES, 2005, p. 185).
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
150
O princípio que se segue diz respeito à 
“ampliação e consolidação da cidadania, 
considerada tarefa primordial de toda a 
sociedade com vistas a garantia dos di-
reitos civis, políticos e sociais das classes 
trabalhadoras” (CFESS, 1993, s/p).
De acordo com Paiva e Sales (2005), esse princípio 
é muito importante para o projeto ético-político 
profissional na medida em que o assistente social 
atua na viabilização de direitos aos usuários dos 
serviços prestados pela instituição na qual está 
inserido. Assim sendo, o processo de trabalho 
profissional se organiza em torno das deman-
das dos usuários, dos direitos e políticas sociais.
Na concepção das autoras, a cidadania “[...] 
consiste na universalização dos direitos sociais, 
políticos e civis, pré-requisitos estes fundamen-
tais à sua realização” (PAIVA; SALES, 2005, p. 
187).
O quarto princípio consiste na “defesa do 
aprofundamento da democracia, enquanto 
socialização da participação política e da riqueza 
socialmente produzida” (CFESS, 1993, s/p).
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
151
O patamar de desenvolvimento da demo-
cracia ora requerida evidencia a necessidade 
de socializar a riqueza produzida por meio do 
trabalho coletivo e distribuir a renda oriunda 
desse trabalho de maneira igualitária.
A democracia almejada pela categoria profis-
sional requisita igualdade de acesso dos sujeitos 
a condições de vida dignas bem como igual-
dade de oportunidades.
Nesse sentido, as autoras pontuam que a cate-
goria profissional, ao se posicionar em favor dessa 
concepção de democracia e cidadania, questiona 
a lógica do modo de produção capitalista. Assim, 
de acordo com Paiva e Sales (2005, p. 190):
No âmbito da relação que se estabelece 
entre o assistente social e o usuário, ser 
democrático significa romper com as 
práticas tradicionais de controle, tutela e 
subalternização. E, mais, contribuir para 
o alargamento dos canais de participação 
dos usuários nas decisões institucionais, 
entre outras coisas, por meio da ampla 
socialização de informações sobre os di-
reitos sociais e serviços. 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO152
O princípio seguinte expõe o “posicionamento 
em favor da equidade e justiça social, de modo 
a assegurar a universalidade de acesso aos bens 
e serviços relativos aos programas e políticas 
sociais, bem como sua gestão democrática” 
(CFESS, 1993, s/p).
Para Paiva e Sales (2005), a justiça social 
aponta para a necessidade do estabelecimento 
da igualdade entre os indivíduos, não apenas a 
igualdade formal, mas que ela se efetive na reali-
dade. A concepção das autoras acerca da justiça 
social é de que ela tenta corrigir as deturpações 
oriundas do modo de produção capitalista e se 
constitui como um valor que deve ser buscado. 
Desse modo:
A defesa da equidade e da justiça social 
funciona, pois, como signo da luta pelo 
efetivo processo de democratização do 
acesso e usufruto dos serviços sociais. Ao 
par dessa referência e medida fundamen-
tais, a ação profissional se põe por inteiro 
a serviço do compromisso com a univer-
salidade de direitos e de alcance das con-
quistas e riquezas sociais. (PAIVA; SALES, 
2005, p. 191)
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
153
O sexto princípio aponta a necessidade de 
“empenho na eliminação de todas as formas de 
preconceito, o respeito à diversidade, à partici-
pação de grupos socialmente discriminados e 
à discussão das diferenças” (CFESS, 1993, s/p).
Paiva e Sales (2005) salientam que essa temá-
tica é de extrema importância na discussão ética. 
De acordo com as autoras, o preconceito é um 
pensamento que se origina a partir da expe-
riência vivida e que se manifesta por meio de 
estereótipos, sendo ainda generalizador.
O indivíduo só se livra de seus preconceitos a 
partir da superação do senso comum e quando 
assume para si a responsabilidade de fazer parte 
de um processo de desalienação. Assim sendo, 
os assistentes sociais precisam:
[...] formular estratégias de ação visando 
contribuir para a desalienação dos dife-
rentes atores com os quais contracena-
mos no espaço institucional. Outrossim, 
é dever do assistente social incentivar o 
respeito à diversidade, a participação dos 
grupos discriminados e a explicitação e o 
debate das diferenças. Esta é uma das mais 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
154
importantes parcelas que nos compete 
como profissionais e cidadãos na cons-
trução de uma cultura humanista, demo-
crática e plural. (PAIVA; SALES, 2005, p. 
196)
A “garantia do pluralismo, por meio do respeito 
às correntes profissionais democráticas existen-
tes e suas expressões teóricas, e do compromisso 
com o constante aprimoramento intelectual” 
(CFESS, 1993, s/p).é o sétimo princípio partícipe 
do Código de Ética Profissional e constitutivo 
do projeto ético-político.
Para Paiva e Sales (2005), esse princípio supõe 
uma convivência entre as diferentes matrizes teó-
ricas e políticas existentes no interior do Serviço 
Social, garantindo a cada uma delas liberdade de 
expressão.
Válido ressaltar que a concepção de plura-
lismo aqui esboçada refere-se ao pluralismo 
com hegemonia, ou seja, um pluralismo que 
permite a discussão de ideias e pontos de vista 
diferentes, no qual o debate se concentra no 
combate às ideias e posições políticas, mesmo 
mediante a predominância de uma corrente 
teórica.
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
155
O oitavo princípio dispõe sobre a “opção por 
um projeto profissional vinculado ao processo 
de construção de uma nova ordem societária, 
sem dominação – exploração de classe, etnia e 
gênero” (CFESS, 1993, s/p).
De acordo com Paiva e Sales (2005), a cate-
goria profissional estabeleceu seu compromisso 
ético-político a partir de ideais igualitários e 
libertários inerentes às lutas da classe trabalha-
dora. Partindo de tal princípio, os assistentes 
sociais devem desenvolver suas ações profis-
sionais a partir da perspectiva emancipatória.
As transformações deflagradas no interior da 
categoria profissional e que culminaram na cons-
tituição de seu novo perfil são decorrentes das 
mudanças ocorridas na própria sociedade brasileira.
DESMISTIFICANDO CONCEITOS – SERVIÇO SOCIAL 
– ASSISTÊNCIA SOCIAL E ASSISTENCIALISMO
Agora que já refletimos sobre o quanto o Serviço 
Social vem evoluindo à
medida que as transformações da sociedade 
ocorrem, vejamos a diferença
entre:
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
156
SERVIÇO SOCIAL: é uma profissão de nível su-
perior regulamentada pela Lei
8.662/1993.
ASSISTENTE SOCIAL: é um profissional com 
graduação superior de Bacharel
em Serviço Social (em curso reconhecido pelo 
MEC) que, para trabalhar,
deve obrigatoriamente ter o seu registro no 
Conselho Regional de Serviço
Social (CRESS) do estado em que trabalha.
ASSISTÊNCIA SOCIAL: é uma política pública 
prevista na Constituição Federal
como um direito de todo cidadão e cidadã, as-
sim como a saúde, a educação,
a previdência social. É regulamentada pela Lei 
Orgânica da Assistência
Social (Loas) e pelo Sistema Único da Assistên-
cia Social (Suas).
ASSISTENCIALISMO: é uma prática voluntária 
de oferta de um serviço por
meio de uma doação, favor, boa vontade, e não 
como um direito.
Fonte: Adaptado de Assistente... (2016).
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
157
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
158
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao término da 
segunda unidade. Apresentamos a você as 
vertentes teóricas que são o norte da prática 
profissional do Serviço Social, o processo de 
ruptura com o conservadorismo e como isso 
influenciou na elaboração do Código de Ética 
que rege a profissão. Também trouxemos a 
matriz modernizadora do Serviço Social.
Tudo isso teve o objetivo de demonstrar como 
foi a evolução histórica da profissão bem como as 
teorias que são a base da intervenção profissional. 
Analisamos também a relação entre a ação capita-
lista e o trabalho do assistente social que tinha na 
contrariedade das classes sociais sua motivação.
Esclarecemos o processo de mudança que 
caracterizou o processo de renovação do Serviço 
Social Brasileiro e também a política cultural e 
educacional que era ativa nesse período.
Também desmistificamos alguns conceitos 
relacionados à profissão, esclarecendo as diferen-
ças entre Serviço Social, que, como sabemos, é 
uma profissão de nível superior regulamentada 
pela Lei 8.662/1993; assistente social, que é um 
RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
159
profissional com graduação superior de Bacharel 
em Serviço Social (em curso reconhecido pelo 
MEC), que, para trabalhar, deve obrigatoria-
mente ter o seu registro no CRESS do estado 
em que trabalha; assistência social, que, como 
já estudado, é uma política pública prevista na 
CF como um direito de todo cidadão e cidadã, 
assim como a saúde, a educação, a previdência 
social. É regulamentada pela LOAS e pelo SUAS; 
e, por fim, o assistencialismo, que é uma prática 
voluntária de oferta de um serviço por meio de 
uma doação, favor, boa vontade e não como um 
direito.
É importante que você saiba a diferença des-
ses conceitos, para repassar essas informações, 
pois muitos ainda pensam que é tudo a mesma 
coisa, e como vimos, não é.
Dessa forma, encerramos nossa segunda 
unidade, e convidamos você a refletir verda-
deiramente sobre os temas apresentados.
Boa leitura, bom estudo. Até a próxima unidade! 
1. Sabemos que a aproximação do Serviço 
Social à teoria positivista não resultou em 
transformações na sua maneira de pensar 
e agir sobre a sociedade, sendo assim, qual 
foi o resultado dessa aproximação?
2. O Código de Ética de 1947 era conservador, 
como já vimos ao decorrer deste capítulo, 
regendo que o profissional deveria atuar 
seguindo os princípios cristãos que eram 
vinculados à Igreja Católica. Sendo assim, 
exemplifique o que mais o referido Código 
versavasobre a atuação do assistente social.
3. No final da década de 1970, houve um acon-
tecimento em especial. Qual foi o aconteci-
mento e o que ele estabeleceu?
4. Diferencie assistência social, Serviço Social, 
assistente social e assistencialismo.
5. A categoria profissional almeja democracia, 
mas isso exige alguns requisitos. Quais são?
Segue trecho de um artigo sobre a diferença 
entre assistência social e assistencialismo. Es-
peramos que goste!
A Assistência Social e o Assistencialismo: 
desafio da garantia de direitos pelos Assis-
tentes Sociais
Segundo o guia de políticas e programas do 
Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
bate à Fome (MDS), a assistência social, a par-
tir da Constituição Federal de 1988, passou a 
integrar o Sistema de Seguridade Social, como 
política pública não contributiva. Portanto, 
como direito do cidadão e dever do Estado.
Mas vincular a assistência social a direito é 
algo complicado. Para a autora Potyara, em 
seu artigo Assistência Social e Democracia no 
Brasil Contemporâneo:
a assistência social é geralmente iden-
tificada com um ato mecânico e emer-
gencial de mera provisão, desvinculada 
da linguagem dos direitos e de projetos 
coletivos de mudança social. 
A própria palavra em si nos remete a termos asso-
ciativos, tais como assistencialismo, ajuda, esmo-
la, piedade, e outras coisas do gênero. É histórica 
a associação dos termos assistência e assisten-
cialismo, no que diz respeito às políticas sociais. 
O histórico da Assistência Social, antes de 
se tornar uma política pública, é caracte-
rizado pelo assistencialismo, pelo clien-
telismo, pela caridade, pelo voluntariado 
e estes sentidos ainda estão presentes no 
cotidiano desta política (PESTANO, 2006). 
A Assistência Social, como preceitua o Artigo 
203 da Carta Magna, será prestada a quem dela 
necessitar. Nestes termos, já não é requisito a 
pobreza, mas sim a vulnerabilidade momen-
tânea ou a fragilidade em si mesma, como a 
maternidade, velhice, infância, por exemplo. 
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão 
e dever do Estado, é Política de Seguridade 
Social não contributiva, que provê os míni-
mos sociais, realizada através de um conjunto 
integrado de ações de iniciativa pública e da 
sociedade, para garantir o atendimento às ne-
cessidades básicas.
Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
I – a proteção à família, à maternidade, à 
infância, à adolescência e à velhice;
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III – a promoção da integração ao merca-
do de trabalho;
IV – a habilitação e reabilitação das pesso-
as portadoras de deficiência e a promoção 
de sua integração à vida comunitária;
V – a garantia de 1 (um) salário mínimo de 
benefício mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não 
possuir meios de prover a própria manu-
tenção ou de tê-la provida por sua família.
Parágrafo único. A assistência social realiza-se 
de forma integrada às políticas setoriais, visan-
do ao enfrentamento da pobreza, à garantia 
dos mínimos sociais, ao provimento de con-
dições para atender contingências sociais e à 
universalização dos direitos sociais. 
A assistência social pode ser considerada como 
uma estratégia para responder à questão das 
necessidades sociais e enfrentamento da po-
breza. Assistência enquanto direito e dever do 
Estado, assumindo status de política pública 
no tripé do projeto de seguridade social,  jun-
tamente com a Previdência e Saúde. 
No campo da seguridade a assistência social 
é proteção, portanto, deve operar preventi-
va e protetivamente nas situações de risco 
social. Deve prover proteção social básica e 
especial, isto é, a assistência social estuda o 
processo de proteção social, de previdên-
cia e da saúde. Não se limita ao domicílio, 
pois chega até aos que estão nas ruas; não 
se limita ao legal ou ao formal; não restrin-
ge, por exemplo, a atenção ao transgressor. 
Ela é extensiva. (SPOSATI, 2004)
No momento em que a lei normatiza os obje-
tivos para a Assistência Social, torna-se maior 
a responsabilidade do profissional de Serviço 
Social, que irá efetivar essas normas, devido à 
complexidade social existente.
De uma forma geral, é na pessoa do Assistente 
Social que o receptor da política de assistência 
vai perceber, ou não, que a ação ali em movi-
mento é o exercício de seu direito e não um fa-
vor ou um ato de assistencialismo do Estado; 
ou na pior das hipóteses, do agente que a está 
praticando, o assistente social.
Não deve também o Assistente Social violar a 
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, conforme o estabelecido no item 
X, mesmo que considere fundamental fazê-lo 
para, por exemplo, proteger e amparar crian-
ças e adolescentes, item II, do artigo 203.
Também é claro, que pelo artigo 5º, item XI, 
a casa é inviolável, ninguém nela pode entrar 
sem autorização judicial, portanto, o Assisten-
te Social ao prestar proteção à infância ou à 
velhice, deve agir consciente de sua limitação, 
sabedor de que a intervenção na moradia deve 
obedecer ao estabelecido em lei.
Na atuação em presídios, o assistente social 
deve orientar ao preso e à sua família, do direi-
to a informações, item XIV, do artigo 5º. Deve, 
também, defender os direitos do preso, con-
forme item III, que prevê que ninguém será 
submetido à tortura.
A trajetória do direito no Brasil perpassa por 
muitos momentos históricos e políticos em 
que o Estado conduziu e ditou normas e dire-
trizes para a sua concessão e controle.  E neste 
controle entre o direito e a assistência, muitas 
vezes concedida como ajuda, o profissional 
que mais esteve em foco foi o Assistente So-
cial; que só se institucionalizou como profis-
são, rompendo com a filantropia, a partir do 
momento em que o Estado passa a intervir di-
retamente nas relações trabalhistas, a fim de 
atuar na “questão social”. O serviço social era o 
recurso mobilizado pelo Estado.
A profissão, diante de um código de ética com-
prometido com a sociedade, na defesa de um 
projeto ético-político estruturado, leva a cabo 
a defesa irredutível dos direitos de seu usuário.
Visualizar a trajetória da Assistência Social é per-
ceber a própria trajetória do Serviço Social e, mais 
ainda, a trajetória do direito e da cidadania.
A Assistência Social enquanto direito é ato de 
cidadania. E enquanto necessidade básica é 
dever do Estado. Nestes sentidos tão singula-
res e complexos está a atuação de um profis-
sional que atua na contrapartida da garantia 
de direitos e humanização do sistema com o 
comprometimento ético político da profissão.  
Fonte: Rodrigues e Guedes (2011).
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
Código de Ética do/a 
Assistente Social 
Comentado
Autor: Maria Lucia Barroco e 
Sylvia Helena Terra
Editora: Cortez
Sinopse: Este livro preenche 
uma lacuna, pois não havia até 
agora um texto acadêmico destinado a comentar 
o Código de Ética em vigor, de 1993, na sua 
totalidade. As autoras comentam o Código em 
seus fundamentos sócio-históricos e ontológicos, 
bem como em suas reais possibilidades de 
materialização, no contexto de uma sociabilidade 
fundada na acumulação e na propriedade privada.
GABARITOGABARITOGABARITO
1. A aproximação reatualizou a faceta conser-
vadora da profissão, afora o fato de que, a 
partir daquele momento, as questões de 
ordem social eram explicadas por meio de 
técnicas científicas.
2. Frente ao Código Conservador, os profissio-
nais deviam seguir os princípios cristãos e isso 
implicava também em seguir um de seus de-
veres fundamentais que era honrar os com-
promissos que foram assumidos, sempre res-
peitando a lei de Deus, os direitos do homem, 
embasando suas ações no bem comum e na 
lei, lembrando do juramento feito diante do 
testemunho de Deus. E também deveria res-
peitar o usuário de seus serviços, tendo por 
base a sua dignidade enquanto ser humano, 
inspirando-se na fé cristã. 
3. Em 1979, aconteceu o III Congresso Brasileiro 
de Assistentes Sociais, que posteriormente fi-
couconhecido como o “Congresso da Virada”.
4. Foi nesse Congresso que a categoria profis-
sional do Serviço Social estabeleceu publi-
camente um compromisso com a luta das 
classes subalternas.
GABARITO
SERVIÇO SOCIAL: é uma profissão de nível 
superior regulamentada pela Lei 8.662/1993. 
ASSISTENTE SOCIAL: é um profissional com 
graduação superior de Bacharel em Serviço 
Social (em curso reconhecido pelo MEC), que, 
para trabalhar, deve obrigatoriamente ter o 
seu registro no Conselho Regional de Servi-
ço Social (CRESS) do estado em que trabalha. 
ASSISTÊNCIA SOCIAL: É uma política pú-
blica prevista na Constituição Federal como 
um direito de todo cidadão e cidadã, assim 
como a saúde, a educação, a previdência 
social. É regulamentada pela Lei Orgânica 
da Assistência Social (LOAS) e pelo Sistema 
Único da Assistência Social (SUAS).
ASSISTENCIALISMO: é uma prática voluntária 
de oferta de um serviço por meio de uma doa-
ção, favor, boa vontade e não como um direito.
5. A igualdade de acesso dos sujeitos a con-
dições de vida dignas bem como igualdade 
de oportunidades
UNIDADE III
U
N
ID
A
D
EIII
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
O SERVIÇO SOCIAL NO 
CONTEXTO DAS POLÍTICAS 
SOCIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 ■ Conceituar o que é questão social e suas 
múltiplas expressões.
 ■ Entender a questão social como objeto 
de intervenção do assistente social.
 ■ Identificar o papel das políticas sociais 
no enfrentamento das expressões da 
questão social. 
 ■ Explicar o contexto do Serviço Social 
nas políticas sociais.
U
N
ID
A
D
E
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que 
você estudará nesta unidade:
 ■ O Serviço Social no contexto das 
políticas sociais face às expressões da 
questão social
 ■ O processo histórico da participação 
popular no Brasil
 ■ Processo histórico de construção da 
política de assistência social no Brasil
III
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
O SERVIÇO SOCIAL NO 
CONTEXTO DAS POLÍTICAS 
SOCIAIS
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
175
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos estudar o significado 
da questão social e o seu desdobramento face 
às múltiplas manifestações, que se constitui 
no objeto de intervenção do cotidiano da ação 
profissional do assistente social, a partir da pers-
pectiva da análise crítica dos seguintes eixos: os 
impactos da revolução industrial, o processo de 
globalização, o desemprego estrutural no con-
texto da sociedade capitalista.
É um tema instigante pelo fato de tratar de 
questões sociais relevantes que revelam as maze-
las da nossa sociedade, das denuncias severas 
às precárias condições de vida dos brasileiros 
que vivem à margem da linha da pobreza, ou 
seja, trata-se da fome e da miséria que assola a 
classe empobrecida. 
Por outro, buscou-se trazer, para o centro de 
nosso estudo, o debate acerca da ação interven-
tiva do assistente social no cenário das políticas 
sociais, onde atua diretamente nas expressões 
da questão social pelo acesso aos direitos dos 
serviços socioassistenciais, para o atendimento 
das necessidades de indivíduos e famílias que 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
176
se encontram em situação de vulnerabilidade, 
seja material ou social, incluindo-se também a 
classe trabalhadora e, ao mesmo tempo em que 
contribui para o processo de reprodução desta 
força de trabalho, mantendo-a viva e apta para 
a ocupação sazonal do capital.
Dada a relevância e a importância para a 
formação profissional, tem-se como proposta 
apresentar e contextualizar o cenário das políticas 
sociais reguladas pelo Estado e sua configuração 
como respostas ao enfrentamento das inúme-
ras demandas sociais que surgem na sociedade 
contemporânea. 
Espero que aprecie o estudo e que este o(a) 
motive o suficiente para que possa absorver o 
máximo de aprendizagem.
Boa leitura, bom estudo!
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
177
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS 
POLÍTICAS SOCIAIS FACE AS EXPRESSÕES 
DA QUESTÃO SOCIAL
Buscando compreender e decifrar a intervenção 
do Serviço Social nas múltiplas expressões da 
questão social, Iamamoto (2000, p. 115) salienta 
que sendo as múltiplas expressões da questão 
social o objeto sobre o qual incide o trabalho 
profissional, é importante reconhecer que um 
dos aspectos centrais da questão social, hoje, é 
a ampliação do desemprego e a ampliação da 
precarização das relações de trabalho.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
178
O processo de globalização, de forma acirrada, 
desencadeia a incorporação de novos padrões 
nacionais de atividades econômicas, levando à 
competição externa e à elevação da produtividade 
e rentabilidade. E a falta de uma política protetora 
do emprego e da indústria nacional, em que pre-
domina a lógica do capital, faz com que aumente 
o desemprego no país, uma vez que os operários 
são substituídos por mão de obra terceirizada.
De acordo com Iamamoto (2000), o desdo-
bramento da questão social é também a questão 
da formação da classe operária e de sua entrada 
no cenário político, da necessidade de seu reco-
nhecimento em nível de Estado e, portanto, da 
implantação de políticas que, de alguma forma, 
levem em consideração seus interesses.
Os primeiros indícios de o povo querer um 
governo que não ignore as necessidades do indi-
víduo começam a surgir com os movimentos 
pós-ditadura, que surgiram no processo da aber-
tura política. A consolidação disso ocorre em 
1988 com a nova Constituição Federal (CF), 
conhecida como a Carta Cidadã, por trazer 
como tripé constitucional as áreas de Saúde, 
Previdência Social e Assistência Social que, 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
179
a partir desse momento, deixam de ser uma 
atitude de um governo populista que usava o 
Serviço Social como forma de benevolência.
O PROCESSO HISTÓRICO DA 
PARTICIPAÇÃO POPULAR NO BRASIL
A década de 1960 ficou marcada pela ascensão 
de movimentos de esquerda que ocasionará 
num movimento reverso, a fim de conter tais 
ideologias como descreve Dias:
Nos primeiros anos da década [1960], re-
gistrou-se, num nível praticamente sem 
procedentes na história brasileira, cresci-
mento da influência da esquerda na vida 
nacional, assim como a proliferação de 
movimentos sociais diversos, representa-
tivos dos trabalhadores - do campo e da 
cidade - e estudantes. Foi um período de 
hegemonia do Partido Comunista Brasi-
leiro (PCB) sobre o universo da esquerda, 
com seu projeto de revolução democráti-
co-nacional,a qual, considerada como eta-
pa prévia à revolução socialista, articula-
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
180
va-se com campanhas pelas reformas de 
base (agrária, universitária etc), de cunho 
nacionalista e anti-imperialista. (DIAS, 
2003, p. 09)
Com o intuito de conter o crescimento dos 
movimentos esquerdistas, influenciados por 
Revoluções Socialistas, a solução foi dar um 
golpe, como no caso do Brasil, de caráter militar:
O golpe militar teria sido, segundo Campos 
(1994), uma medida emergencial e transi-
tória para a subversão e evitar o mal maior, 
gestado principalmente durante o gover-
no João Goularte: a revolução da esquerda. 
Criticando determinadas avaliações aca-
dêmicas para as quais não teriam ocorri-
do, na primeira metade da década de 1960, 
real ameaça à ordem burguesa, Gorender 
(1987) avalia que esse período registrou o 
ponto mais alto das lutas populares neste 
século e que nos primeiros meses de 1964, 
havia uma situação pré-revolucionária. Por 
isso mesmo,em sua avaliação, o golpe de di-
reita assumiu característica de contra- pre-
ventiva revolução (DIAS, 2003 apud CAM-
POS, 1994; GORENDER, 1987 p. 18).
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
181
No período da ditadura militar, a participação 
da população nas esferas das decisões políticasfoi praticamente eliminada. Cabia ao comando 
militar estabelecer as regras e a ordem. A pró-
pria Assembleia Nacional foi fechada. Os atos 
institucionais eram formas de cobrir violen-
tamente qualquer manifesto contra o regime 
instituído.
Segundo Couto (2004, p. 122), em abril de 
1964, o presidente Castelo Branco decreta o 1º 
Ato Institucional (Al-1), no qual ficava insti-
tuído a cassação dos direitos políticos, por dez 
anos, “[...] aposentou-se um grande número de 
funcionários públicos civis e militares, os sindi-
catos e a União Nacional dos Estudantes (UNE) 
sofreram intervenções e foram fechados; foram 
criadas comissões de inquéritos militares; e 
foram centradas no presidente a decisão sobre 
política econômica e a tarefa de acabar com os 
comunistas”.
Tanto o Ato Institucional nº 1 como os 
subsequentes tiveram o papel de moldar 
as condições objetivas para que o regime 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
182
econômico, político e social fosse implan-
tado na sua totalidade, sem interferência 
e seguindo a lógica de que aos militares 
era delegada a tarefa de conduzir o país 
para seu pleno desenvolvimento, sem pe-
ríodo de sobressaltos. (COUTO, 2004, p. 
122)
Na sequência, o AI-2 foi decretado em outu-
bro de 1965. Este, por sua vez, abolia a eleição 
direta e acabava com os partidos políticos, só 
se permitindo a existência de dois partidos: a 
Aliança Renovadora Nacional (Arena), na qual 
se localizava toda sustentação do governo, e o 
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), 
que, apesar do nome ser a “esquerda”, os opo-
sicionistas, era uma oposição “comportada”.
E, em consequência, dentre diversas mudan-
ças, é importante salientar a forma eleitoral 
estabelecida, que devido à abolição do voto 
direto, já mencionado, a eleição se dava por 
intermédio do Colégio Eleitoral.
O Ato Institucional nº 3, de 5 de fevereiro de 
1966, determinava o voto indireto para os car-
gos de governador e vice-governador, e para 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
183
os prefeitos, o voto por indicação; o AI-4, de 
7 de Dezembro de 1966, por sua vez, revogava 
Constituição de 1946.
Com tantos movimentos censurados, a perda 
dos direitos ocasionou uma indignação na socie-
dade civil, expressada por meio de manifestação 
de diversos segmentos da população.
É diante do aumento da indignação de milha-
res de brasileiros descontentes que o presidente 
Costa e Silva, no dia 13 de dezembro de 1968, 
decreta o AI-5, que retirava definitivamente 
direitos civis e políticos, o qual caracteriza o 
regime militar como um período de ditadura:
Esse ato consagrou efetivamente o regi-
me ditatorial e, por 11 anos, o país foi go-
vernado baseado no AI-5. Por meio dele, 
o Congresso foi fechado, o Executivo foi 
autorizado a legislar em todas as matérias 
previstas na Constituição, foram suspen-
sas em todas as garantias constitucionais 
ou legais de vitaliciedade, inamovibili-
dade e estabilidade. Permitiu-se ao pre-
sidente demitir, remover, aposentar, ou 
transferir juízes, empregados de autar-
quias e militares. (COUTO, 2004, p. 125)
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
184
Em sequência ao AI-5, o governo editou a 
Constituição de 1969: 
O campo dos direitos sociais trabalhista 
permaneceu preservado, quando se refe-
riam ao trabalhador de maneira individual. 
Em relação aos direitos políticos, manteve 
a proibição de voto aos analfabetos e àque-
les que não saibam se exprimir em língua 
nacional. A garantia de voto foi colocada 
em uma realidade em que as eleições para 
presidente da República e para governado-
res, bem como as de senadores, não exis-
tem; e o regime de exceção foi acionado 
em qualquer situação considerada perigo-
sa pelo governo. (COUTO, 2004, p.125)
Tendo como respaldo legal os atos institucio-
nais, foi na década de 1970 que se instaurou a 
censura à imprensa, que sob qualquer ação ofen-
siva era entendida como uma ameaça ao Estado 
autoritário, sendo que os censores tinham todo 
poder legal junto com a polícia para fazer com 
que tais leis não fossem destacadas.
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
185
Dessa forma, o Brasil, como toda a América 
Latina, passou a vivenciar a perda dos direitos polí-
ticos e civis, vindo acompanhado dessa série de 
fatos um agravamento das desigualdades sociais: 
O regime militar instituído pós-64, for-
temente centralizador, contribui para a 
ampliação das desigualdades na socieda-
de. Além disso, com a perda das garantias 
e liberdades democráticas, em evidente 
prejuízo dos direitos humanos, aprofun-
daram-se os problemas de justiça social. 
(BATTINI, 2003, p. 35)
Nesse sentido, a liberdade e a democracia, 
tornam-se valores muito caros à sociedade 
brasileira. Os movimentos de resistência ao 
governo militar buscaram, antes de tudo, o res-
tabelecimento dos princípios democráticos. 
Em contrapartida à forte censura do regime 
militar, nessa mesma década de 1970, há um 
significativo “ressurgimento” da sociedade civil 
(DAGNINO, 2002).
Esse “ressurgimento” avança ou aos poucos 
até ocasionar no fortalecimento dos movimen-
tos sociais de todos os tipos, assim como salienta 
a Battini (2003 s/p.): 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
186
Como reação a tal centralização, na dé-
cada de 1980, advém a chamada abertura 
democrática, fruto direto das crises polí-
ticas e econômicas então existentes. For-
talecem-se os movimentos sociais urba-
nos e rurais, bem assim o sindicalismo. 
Os movimentos sociais, mesmo sofrendo ame-
aças constantes, perseveraram em busca de 
melhores condições para a população. Foram 
esses mesmos movimentos sociais, juntamente 
com a população civil em geral e os demais 
mecanismos de mobilização popular, que contri-
buíram para que a sociedade não permanecesse 
por mais tempo no regime ditatorial.
O período de transição entre o regime dita-
torial e a democracia vai se caracterizar na luta 
pela retomada de princípios democráticos. Sem 
dúvida, este processo foi protagonizado pela 
sociedade civil, com movimentos sociais enca-
beçados pela Igreja Católica, partidos políticos 
e mesmo pela comunidade em geral.
Considerada o único núcleo possível de 
resistência um Estado autoritário, a so-
ciedade civil se organizou de maneira 
substancialmente unificada no combate a 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
187
esse Estado, desempenhando papel fun-
damental no longo processo de transição 
democrática. A luta unificada contra o 
autoritarismo, que reunia os mais diver-
sos setores sociais (movimentos sociais 
de vários tipos, sindicatos de trabalhado-
res, associações de profissionais - como 
advogados, jornalistas -, universidades, 
igrejas, imprensa, partidos políticos de 
oposição, etc.), contribuiu para uma vi-
são homogeneizada da sociedade civil 
que deixou marcas profundas no comba-
te teórico e político. (DAGNINO, 2002, 
p. 09)
O período de “abertura política” só será possível 
no governo de Geisel (1974), mas somente em 
1988 se efetivara com a promulgação da nova 
Constituição Federal.
 Ao ingressar na década de 1980, o Brasil 
apresenta um quadro preocupante, como relata 
Couto (2004, p. 133-134):
O cenário brasileiro da época apresentava 
resultados trazidos do período anterior: a 
ampliação do déficit público, o endivida-
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
188
mento externo, a crise fiscal, dada a diferen-
ça entre o volume despendido pelo governo 
pela área social e o volume de arrecadação 
dos recursos, e a crescente mobilização e 
reivindicação popular pela democratiza-
ção da sociedade e pelo atendimento do 
agravamento da questão social. 
O governo de João Figueiredo (1979-1984), pres-
sionado pelas intensas mobilizações populares 
coordenadas pelas organizações da sociedade civil, 
aos poucos foi retomando direitos que o período 
militar retirara. A Lei da Anistia foi um grande 
passo que possibilitou a anistia aos perseguidos 
e aos perseguidores, juntamentecom a abertura 
partidária, que proporcionou o fim do bipartida-
rismo, acarretando a criação de novos partidos.
Além disso, diversos movimentos de todos 
os gêneros se fortaleceram e se expandiram, 
obrigando o governo a ceder à pressão. Um dos 
grandes movimentos desse período, sem dúvida 
nenhuma, foi o movimento pelas “Diretas Já”, 
o qual culminou na eleição, mesmo que de 
maneira indireta, de Tancredo Neves, um civil 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
189
apoiado pela oposição e pela população. Mas, 
tendo em vista seu trágico falecimento, Neves 
nem ao menos chegou a governar, sendo subs-
tituído por seu vice, José Sarney, no período de 
1985 a 1990.
Muitas mudanças ocorrem no contexto eco-
nômico, social e político, do final dos anos 1980 
ao início dos 1990, tendo como pano de fundo 
o ingresso do neoliberalismo, que traz consigo 
muitas outras características que agravará as 
relações principalmente no âmbito social, como 
descreve Dagnino (2002, p. 10):
Nos seus efeitos sobre as diferentes áreas da 
vida social e política, combinando avan-
ços, estagnação e até mesmo retrocessos. 
Esse entendimento permite dar conta da 
complexa dinâmica que apresenta a cons-
trução da democracia como um processo 
multifacetado que resulta da disputa entre 
distintos projetos políticos que, no interior 
da sociedade civil e sobre a própria natu-
reza e os limites desse processo. Assim, se 
a correlação de forças entre esses vários 
projetos permitiu avanços importantes 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
190
durante o final dos anos 1980, na déca-
da de 1990 o efeito dos ajustes estruturais 
constitutivos das políticas neoliberais veio 
determinar dificuldades significativas no 
ritmo da democratização. O agravamen-
to das desigualdades sociais e econômicas 
é um efeito amplamente reconhecido da 
implantação dessas políticas.
Assim ficou marcado o processo de redemo-
cratização do país que não pode ser entendido 
como um movimento linear, ou seja, de fácil 
compreensão, e de fatos previstos.
PROCESSO HISTÓRICO DE 
CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
Na perspectiva de análise do processo histó-
rico da política da assistência social no Brasil, 
tem-se como premissa um período que evi-
dencia uma intensificação da participação em 
massa da sociedade civil, no qual o país estava 
sendo palco de uma política assistencialista, com 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
191
predomínio de desigualdade e exclusão social. 
Assim ao fazer uma relação entre o Estado e as 
camadas da sociedade mais empobrecida, esta 
sempre foi pelo cunho assistencial, reforçando 
a benemerência da sociedade.
É nesse contexto que se dá o auge dos movi-
mentos sociais em diferentes setores fortalecidos 
em prol de uma sociedade mais justa e igualitá-
ria, em uma luta por direitos, sendo que estes 
foram instituídos no Brasil com a CF de 1988, 
enfatizando o sistema de Seguridade Social.
A partir desse sistema, tem início a constru-
ção de uma nova concepção para a assistência 
social brasileira, sendo regulamentada em 1993, 
como política social pública, tendo em vista um 
campo novo o dos direitos, da universalização 
dos acessos e de responsabilidade estatal. É rele-
vante pontuar que o protagonismo dos assistentes 
sociais brasileiros na elaboração da LOAS foi fun-
damental. De acordo com Yazbek (2006, p. 127):
A LOAS estabelece uma nova matriz 
para a assistênciasocial brasileira, ini-
ciando um processo que tem comopers-
pectiva torná-la visível como política pú-
blica e direito dos que dela necessitarem. 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
192
A inserção na Seguridade aponta para 
seu caráter de política de proteção social 
articulada a outras políticas do campo 
social voltadas para garantias de direitos 
e de condições dignas de vida.
 Diante disso, dentre as mudanças na concepção 
da assistência social, sem dúvidas, um avanço 
que permite sua passagem do assistencialismo e 
de sua tradição de não política para o campo da 
política pública, assim como política de Estado 
que passa a ter um intuito de defesa a atenção dos 
interesses e necessidades sociais dos segmentos 
mais empobrecidos da sociedade, configuran-
do-se, também, como estratégia fundamental no 
combate à pobreza, à discriminação e à subal-
ternidade econômica, cultural e política em que 
vive grande parte da população brasileira.
O marco das participações políticas no cenário 
brasileiro se dá a partir da promulgação da CF de 
1988, quando ocorreram as mudanças de paradigmas 
para os cidadãos brasileiros, pois, a partir dela, deu-se 
maior ênfase à questão dos direitos sociais, apro-
vando o caráter de Estado Democrático de Direito. 
Assim como nas políticas sociais públicas de assis-
tência social composta na CF nos seguintes artigos:
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
193
Art. 203. A assistência social será presta-
da a quem dela necessitar, independente 
de contribuição à Seguridade Social [...];
Art. 204. As ações governamentais na 
área da assistência social serão realizadas 
com recursos do orçamento da segurida-
de social, previstos no artigo 195 além de 
outras fontes, e organizadas com base nas 
seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administra-
tiva, cabendo a coordenação e as normas 
gerais à esfera federal a coordenação e a 
execução dos respectivos programas ás 
esferas estadual e municipal, bem como a 
entidades beneficentes e de assistência so-
cial;
II - participação da população, por meio 
de organizações representativas, na for-
mulação das políticas e no controle das 
ações em todos os níveis. (BRASIL, 1988)
Com a CF de 1988 são instaurados direitos e sub-
sídios em defesa do cidadão, articulando uma 
política pautada em direitos civis, políticos e 
sociais.
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
194
Diante deste resgate histórico das reações 
populares e sua participação nos destinos do 
Brasil, podemos dizer que o povo brasileiro 
nada tem de passivo, ao contrário, a história 
nos mostra que desde a colonização até a pro-
mulgação da CF de 1988, a população sempre 
esteve protagonizando sua história e lutando 
por seus direitos, embora muitas conquistas 
ainda estejam em processo de construção, pois 
a CF abriu um amplo leque de possibilidades, 
de conquistas e de participação.
A Constituição de 1988 inova ao trazer, em 
seu artigo 194, a Seguridade Social como um 
“conjunto integrado de ações de iniciativa dos 
A CF é a maior lei brasileira e tornou-se um guia 
para todas as outras leis, sendo assim a LOAS 
teve o objetivo de complementar e detalhar o 
que está na CF, pautada no desafio de executar 
a política pública de assistência social de forma 
descentralizada e participativa (Brasil, 2006). 
Fonte: Brasil (2006).
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
195
Poderes Públicos e da Sociedade, destinadas a 
assegurar os direitos relativos à saúde, à pre-
vidência e à assistência social”. A assistência 
social passa, então, a ser incumbida ao poder 
público, devendo estruturar-se com base nos 
objetivos da lei, com “caráter democrático e 
descentralizado da gestão administrativa com 
a participação da comunidade, em especial de 
trabalhadores, empresários e aposentados”.
Mesmo com a Assistência Social incluída 
no tripé da Seguridade Social em 1988, devido 
ao contexto político vivenciado na época, foi 
possível a promulgação da LOAS somente em 
Encontramos em Iamamoto e Carvalho (2000) res-
paldo para validar tal que o processo de trabalho 
desenvolvido pelo assistente social não redunda na 
criação de algum objeto, pois quando este agente 
se afirma enquanto profissional, é chamado a atuar 
na execução de políticas sociais, elaboradas tanto 
por organismos públicos quanto privados.
Fonte: a autora.
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
196
1993. Isso se dá, pois, em meadosda década de 
1990, elabora-se o primeiro projeto contendo 
as diretrizes e os princípios da LOAS e, mesmo 
aprovado pelo legislativo, foi vetado pelo pri-
meiro presidente a ser eleito por voto direto 
desde o Período Militar, Fernando Collor de 
Melo, , justificando que a proposição não estava 
vinculada à assistência social responsável.
Posteriormente, acontecimentos marcariam 
para sempre a história do Brasil. O impeach-
ment de Collor traria à presidência seu vice, 
Itamar Franco, o qual, juntamente com a arti-
culação dos assistentes sociais organizados em 
uma comissão interlocutora e com o apoio do 
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), 
da Associação Brasileira de Ensino Pesquisa e 
Extensão de Serviço Social (ABEPESS), e com 
o auxílio dos Conselhos Regionais de Serviço 
Social (CRESS), discutiram e debateram artigo 
por artigo do texto proposto. Esse momento 
único ficaria conhecido como Conferência 
Zero da Assistência Social, na qual se faziam 
presentes “parlamentares, líderes de governo, 
emissários do ministro, e a deputada Fátima 
Pellaes, relatora do projeto de lei” (SPOSATI, 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
197
2004, p. 58-59). Foi dessa reunião histórica que 
seria aprovado o texto base que permanece com-
pondo a Lei Orgânica da Assistência Social e 
que foi aprovada em dezembro de 1993.
A partir dessa conquista de âmbito legal, o 
até então Conselho Nacional de Serviço Social 
(CNSS), é substituído pelo Conselho Nacional 
de Assistência Social (CNAS), que será um órgão 
ímpar na luta pela efetivação da Lei Orgânica.
Mesmo com a aprovação da LOAS em 1993, 
somente em 1995 que foi realizada a I Conferência 
Nacional da Assistência Social, resultado de 
uma mobilização contínua da população civil 
organizada articulada com o CNAS.
A Política Nacional da Assistência Social 
(PNAS)–, presente primeiramente na LOAS, 
deve ser entendida como uma política em cons-
trução, pois somente a partir da IV Conferência 
Nacional da Assistência Social, realizada em 
dezembro de 2003, na cidade de Brasília, que se 
aprova a PNAS na perspectiva de se implantar 
o Sistema Único da Assistência Social (SUAS), 
objetivando estruturar as diretrizes propostas 
inicialmente na LOAS (RAICHELIS, 2005).
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
198
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Chegamos ao final da terceira unidade, na 
qual avançamos nossos estudos para ampliar 
o conhecimento sobre o contexto sócio histó-
rico em que se inscreve o objeto de estudo do 
Serviço Social: a questão social e seus desdo-
bramentos nas múltiplas expressões sociais que 
representam as várias faces do sistema econô-
mico vigente. O grande propósito deste estudo 
foi evidenciar do que trata as demandas sociais 
como desafio para o Estado, a sociedade e o 
Serviço Social. 
Vimos que entender a ação profissional do 
assistente social, e de que forma este intervém 
na realidade social, requer um mergulho na 
história econômica e política do país, com um 
olhar mais crítico sobre como se estabelecem 
as relações de produção e reprodução social na 
sociedade capitalista.
Sabe-se que ainda temos muitos desafios a 
enfrentar no campo profissional, dada a situa-
ção de desigualdades sociais presentes na nossa 
sociedade e que demandam do Serviço Social a 
necessidade de intervenção sob o olhar técnico 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
199
para a realidade que se apresenta pelas diver-
sas expressões das questões socais, a exemplo 
do desemprego, a violência, a fome, número de 
escolas insuficientes, o acesso à saúde, a habita-
ção, crianças, adolescentes e adultos em situação 
de rua, dependência de álcool e outras drogas, 
entre tantas outras consequências de violação 
de direitos que imperam no sistema capitalista 
vigente.
A resposta a esses desafios está intima-
mente relacionada à intervenção profissional 
do assistente social na realidade dos sujeitos 
que procuram por atendimento nos setores 
públicos e privados para o acesso às políticas 
públicas e sociais. As políticas sociais surgem 
dos movimentos sociais por pressão ao Estado, 
em resposta às precárias condições de vida gera-
das pelas desigualdades sociais.
1. O auge dos movimentos sociais em diversos 
setores foi fortalecido em prol de uma socie-
dade mais justa e igualitária. Discorra sobre o 
contexto histórico que esse evento ocorreu.
2. Qual o objetivo da LOAS em relação a Cons-
tituição Federal de 1988?
3. No processo de abertura política, que é 
quando os movimentos pós-ditadura sur-
gem, começam a aparecer também os pri-
meiros indícios de o povo querer um gover-
no que não ignore suas necessidades. Como 
isso se consolida?
4. Qual a premissa tida na perspectiva de aná-
lise do processo histórico da política de as-
sistência social no Brasil?
5. O que é e quando foi aprovada a PNAS?
O QUE É QUESTÃO SOCIAL?
Dentro do universo do Serviço Social fala-se 
constantemente em questão social. Mas o que 
significa questão social, como surgiu e quais 
são suas expressões?
A “expressão ‘questão social’ tem um histórico re-
cente e começou a ser utilizada na terceira déca-
da do século XIX. Surge para nomear o fenômeno 
do pauperismo. A pauperização da população 
trabalhadora é o resultado do capitalismo indus-
trial e crescia da mesma maneira que aumentava 
a produção”, segundo Netto (2001 p. 42).
Questão social é produto e expressão da con-
tradição entre capital e trabalho. 
O complexo da questão social é um desafio histó-
rico estrutural, que resulta das contradições con-
cretas entre capital e trabalho, a partir do moder-
no processo de industrialização capitalista, tendo 
como determinantes o empobrecimento da clas-
se trabalhadora, a consciência dessa classe e a luta 
política dessa classe contra seus opressores.
Essa contradição é oriunda do desenvolvimen-
to da sociedade, em que o homem tem acesso 
à cultura, natureza, ciência e às forças produti-
vas do trabalho social; e do outro lado, cresce a 
distância entre concentração/acumulação de 
capital e aumenta a miséria, a pauperização. 
Vejamos algumas questões objetivas e subje-
tivas para o surgimento da questão social:
Questões objetivas para o surgimento da ques-
tão social:
→ Surgimento de novos problemas vinculados 
às modernas condições de trabalho urbano;
→ Aparecimento da burguesia e proletariado;
→ Introdução de uma nova forma de explora-
ção, diferente da escravista e feudal, escondi-
da na produção (liberdade);
→ Pauperização crescente da classe trabalhadora.
Questões subjetivas para o surgimento da 
questão social:
→ Consciência da classe trabalhadora de sua 
situação de exploração, permitindo que pas-
sasse de uma “classe em si” a uma classe “para 
si”, impondo os seus interesses;
→ Organização dos trabalhadores para encon-
trar respostas às suas necessidades sociais;
→ Inclusão das demandas dos trabalhadores no 
discurso dos políticos, classe dominante, como 
uma questão que ameaçava a coesão social.
→ Reconhecimento que o pauperismo era um 
fato histórico, produzido e reproduzido social-
mente, passível de enfrentamento e superação.
→ Pressão dos trabalhadores para uma regula-
ção baseada na cidadania.
Fica claro que a industrialização, acompanha-
da da urbanização, constituiu o processo de-
sencadeador da questão social, em que as 
relações sociais e econômicas pré-industriais 
foram desmanteladas pelo avanço das forças 
produtivas que respondem primariamente pe-
las mudanças estruturais. A pobreza, para ser 
a pré-condição estrutural da questão social, 
precisou ser politicamente problematizada.
Segundo Pereira (2003 p. 119) “[...] os graves de-
safios atuais são produtos da mesma contradi-
ção entre capital e trabalho, que gerou a questão 
social no século XIX, mas que, contemporanea-
mente, assumiram enormes proporções e não 
foram suficientemente problematizados.”
Desse modo, a questão social só se torna “ques-
tão social” quando ela for problematizada o su-
ficiente, reconhecida e assumida por umdos 
setores da sociedade, com o objetivo de en-
frentá-la, torná-la pública e de transformá-la 
em demanda política, no sentido de “resolver” 
o problema. Não basta reconhecê-la enquan-
to realidade bruta da pobreza e da miséria; é 
preciso ser problematizada em seus dilemas, 
mas no cenário da crise do nosso Estado de 
bem-estar, da justiça social, do papel do Esta-
do e do sentido da responsabilidade pública.
Assim, a questão social só se apresenta em 
suas objetivações, em projetos que determi-
nam prioritariamente o capital sobre o traba-
lho, em que o objetivo é acumular capital e não 
garantir condições de vida para a população. 
E as consequências da apropriação desigual 
do produto social são as mais diversas: 
→ Desemprego; Analfabetismo; Fome; Violên-
cia; Favelas, entre outros.
É nesse contexto que trabalham os assistentes so-
ciais com a questão social, nas mais variadas ex-
pressões cotidianas, e como os sujeitos a vivenciam 
no trabalho, família, habitação, saúde, assistência 
social, no acesso aos serviços públicos etc.
Hoje, é um dos desafios do assistente social que 
precisa apreender a questão social e perceber 
as inúmeras formas de pressão social, de cons-
trução e reconstrução da vida cotidiana, pois é 
no presente que são recriadas novas maneiras 
de viver, que indicam um futuro que está ini-
ciando, justamente em um momento em que o 
gênero humano é individualista e desmotivado 
em um universo da mercantilização universal.
Destacamos também o cenário em que se 
insere o Serviço Social hoje, como afirma Ia-
mamoto (2004, p. 29): “[...] as novas bases de 
produção da questão social, cujas múltiplas 
expressões são o objeto do trabalho cotidiano 
do assistente social”.
Segundo Arcoverde (1999, p. 79), os profissio-
nais precisam decifrar as mediações que na 
atualidade permeiam a questão social, desfa-
zendo seus nós. E procuram dar visibilidade às 
formas de resistência e lutas por vezes ocultas, 
mas presentes na realidade. É na base da pro-
dução capitalista que se produz e reproduz a 
questão social, onde os assistentes sociais tra-
balham junto aos indivíduos . E é no contex-
to do trabalho que a questão social iniciou, se 
manifestou e até hoje se permeia.
É preciso decifrar os determinantes e as múlti-
plas expressões da questão social. Esta encon-
tra-se enraizada na contradição fundamental 
que demarca essa sociedade, assumindo no-
vas formas a cada época.
O profissional de Serviço Social precisa estar 
atento às constantes mudanças, sejam elas eco-
nômicas, sociais e/ou culturais, pois são fatores 
que favorecem ou desafiam a nossa atuação 
profissional. Com conhecimento teórico meto-
dológico, conseguimos analisar a conjuntura 
para uma atuação técnico-operativa eficaz nes-
se modelo  neoliberal contemporâneo.
Não basta criticar. É através da intervenção 
profissional, da observação, do levantamento 
de indicadores, da problematização da ques-
tão social que surgirão novas políticas para a 
“solução” dos problemas. 
Fonte: Cicliati (2010, on-line). 
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
Germinal
Ano: 1993
Sinopse: O filme aborda os 
movimentos grevistas de 
um grupo de mineiros no 
norte da França do século 
XIX contra a exploração da 
qual são vítimas. Entretanto, 
ao se levantarem contra o sistema, passam a 
ser alvo da repressão das autoridades.
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
Questão Social - 
particularidades no Brasil
Autor: Josiane Soares Santos
Editora: Cortez
Sinopse: Os fenômenos 
constitutivos da 
chamada questão social se 
reproduzem no tempo presente com uma 
intensidade e volume desconhecidos em 
outras épocas históricas: são inquestionáveis as 
diversas formas de expressão da desigualdade 
social que estão longe de se reduzir à pobreza. 
Para desvendá-las, este livro mergulha nos 
fundamentos da crítica da economia política, 
tratando a questão social como parte da 
dinâmica capitalista e das lutas sociais contra a 
exploração do trabalho.
GABARITOGABARITOGABARITO
1. Observando o processo histórico da assis-
tência social no Brasil, tem-se como premissa 
um período que evidencia uma intensifica-
ção da participação em massa da sociedade 
civil, em que o país estava sendo palco de 
uma política assistencialista, com predomí-
nio de desigualdade e exclusão social, as-
sim ao fazer uma relação entre o Estado e as 
camadas da sociedade mais empobrecidas, 
sempre foi pelo cunho assistencial, refor-
çando a benemerência da sociedade.
2. A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) 
teve o objetivo de complementar e detalhar a 
já completa Constituição, pautada no desafio 
de executar a política pública de assistência 
social de forma descentralizada e participativa.
3. A consolidação disso ocorre em 1988 com a 
nova Carta Institucional, conhecida como a 
Carta Cidadã, por trazer como tripé consti-
tucional as áreas de Saúde, Previdência So-
cial e Assistência Social que, a partir desse 
momento, deixam de ser uma atitude de 
um governo populista que usava o Serviço 
Social como forma de benevolência.
GABARITO
4. Tem-se como premissa um período que evi-
dencia uma intensificação da participação 
em massa da sociedade civil, em que o país 
estava sendo palco de uma política assisten-
cialista, com predomínio de desigualdade e 
exclusão social. Assim, ao fazer uma relação 
entre o Estado e as camadas da sociedade 
mais empobrecida, percebe-se que sempre 
foi pelo cunho assistencial, reforçando a be-
nemerência da sociedade.
5. É somente a partir da IV Conferência Nacio-
nal da Assistência Social, realizada em de-
zembro de 2003, na cidade de Brasília, que 
se aprova a PNAS - Política Nacional de Assis-
tência Social, na perspectiva de se implan-
tar o Sistema Único da Assistência Social 
(SUAS), objetivando estruturar as diretrizes 
propostas inicialmente na Lei Orgânica da 
Assistência Social.
UNIDADE IV
U
N
ID
A
D
EIV
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATU-
AÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 ■ Entender os espaços de atuação do 
Serviço Social.
 ■ Verificar como a profissão relaciona-se 
em cada espaço sócio-ocupacional.
 ■ Identificar as particularidades que a con-
temporaneidade traz à profissão.
 ■ Relatar os desafios que são postos ao 
Serviço Social na contemporaneidade.
U
N
ID
A
D
E
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que 
você estudará nesta unidade:
 ■ A ação interventiva do assistente 
social em instituições públicas
 ■ A ação interventiva do assistente 
social em instituições do terceiro setor
 ■ A ação interventiva do assistente 
social em instituições empresariais
IV
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATU-
AÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
216
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), nesta quarta unidade você 
estudará sobre diferentes espaços de atua-
ção do Serviço Social na contemporaneidade. 
Apresentaremos a conquista da gestão de polí-
ticas públicas, ou seja, o profissional adquiriu 
um fortalecimento das ações socioassistenciais, 
dando um caráter técnico, politizado e de garan-
tia de direitos sociais aos usuários da política 
social.
Buscaremos entender os espaços de atuação 
do Serviço Social, bem como verificar como a 
profissão relaciona-se em cada espaço sócio-o-
cupacional, como, por exemplo, nas empresas, 
nas organizações do terceiro setor e nos órgãos 
públicos.
Além disso, identificaremos as particularida-
des que a contemporaneidade traz à profissão 
e relataremos os desafios que são postos ao 
Serviço Social, assim como a implementação 
do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
217
 Uma vez que o Serviço Social é uma profis-
são inscrita na divisão sociotécnica do trabalho 
capitalista, exercendo, assim,seu fazer profis-
sional no contexto da contradição e luta das 
classes fundamentais, burguesia e proletariado, 
resgataremos brevemente esse processo para 
que você compreenda todo o caminho de lutas 
traçado pelo Serviço Social.
Esse saber é importante para que se entenda 
as mudanças ocorridas com o passar do tempo, 
assim como é importante conhecer as conquistas 
e batalhas travadas pela profissão e entender o 
contexto atual, em que o profissional do Serviço 
Social tem autonomia e uma infinidade de cam-
pos de trabalho, nas três esferas, pública, privada 
e terceiro setor, dentro das quais um leque de 
opções se abre aos profissionais.
Esperamos que esse conteúdo agregue conhe-
cimento ao seu processo de aprendizagem e que 
você absorva-o o máximo que puder. 
Aproveite o estudo! 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
218
A AÇÃO INTERVENTIVA DO ASSISTENTE 
SOCIAL EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Os anos de 1990 foram palco de um complexo 
processo de regressões no âmbito do Estado e 
da universalização dos direitos sociais, justi-
ficado por uma tendência neoliberal, ou seja, 
“máximo para o capital e mínimo para o social”, 
o que acarretou diversas transformações nas 
relações de trabalho e nas políticas públicas.
Essa realidade gerou inúmeras transforma-
ções no que tange a reforma gerencial do Estado, 
assim como as políticas de proteção social, o 
que levou à necessidade de repensar novas for-
mas de enfrentamento da questão social. Isto é, 
a relação capital e trabalho, que, por vezes, cabe 
ao Estado garantir a mediação desse conflito. 
Os direitos sociais consagrados na Constituição 
Federal (CF) de 1988 são fruto de uma intensa mobi-
lização social, lutas sociais que marcaram a busca 
pela democratização do Estado brasileiro. Porém, o 
que se pode constatar é um processo de precariza-
ção desses direitos antes conquistados, por meio de 
uma reforma conservadora do Estado e da economia, 
o que gera um sucateamento dos serviços públicos.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
219
O agravamento da questão social decorrente 
do processo de reestruturação produtiva, ou 
seja, do modelo neoliberal adotado pelo Estado 
brasileiro na década de 1990, repercute no 
mundo do trabalho, tanto nos sujeitos com os 
quais o Serviço Social trabalha – os usuários 
dos serviços sociais públicos – como também 
no mercado de trabalho dos assistentes sociais, 
os quais, como trabalhadores assalariados, se 
encontram no bojo dos impactos dessa rees-
truturação produtiva.
Segundo Raichelis (2006), o campo das polí-
ticas sociais e da luta por direitos ficou muito 
mais complexo, especialmente se considerar-
mos que, apesar de todos os desmontes que têm 
atingido a esfera estatal, o Estado permanece 
sendo a forma mais efetiva de operar a uni-
versalização dos direitos. Compreende-se que 
a constituição da esfera pública é parte inte-
grante do processo de democratização da vida 
social, pela via do fortalecimento do Estado e 
da sociedade civil. 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
220
Dessa forma, cabe compreendermos historica-
mente a atuação dos profissionais assistentes sociais, 
que se consolidam em espaços de instituições 
públicas, privadas, entidades socioassistenciais, 
sendo o Estado o maior empregador de profis-
sionais assistentes sociais (IAMAMOTO, 2011). 
Conforme Raichelis (2006), no âmbito do 
Estado, os Assistentes Sociais atuam nas diver-
sas esferas, ou seja, na municipal, na estadual 
e na nacional. Inicialmente, nesses âmbitos, os 
profissionais eram contratados apenas para a 
operacionalização das políticas público-sociais 
e, logo em seguida, visto o amadurecimento e 
reformulação que o Serviço Social passou no 
sentido da sua perspectiva teórico-metodo-
lógico, ético-político e técnico-operativo, os 
profissionais se deslocaram ao âmbito do pla-
nejamento e gestão das políticas públicas. 
Dentre tantas outras conquistas que a pro-
fissão do Serviço Social adquiriu nesse tempo, 
cabe ressaltar a gestão de políticas públicas, ou 
seja, o profissional adquiriu um fortalecimento 
das ações socioassistenciais, dando um cará-
ter técnico, politizado e de garantia de direitos 
sociais aos usuários da política social.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
221
No período que precede a promulgação da 
CF de 1988, os profissionais do Serviço Social 
apresentaram notória presença no que tange a 
participação nas lutas e movimentos sociais para 
a democratização do Estado e de suas políticas. 
Segundo Raichelis (2006), os profissionais 
buscavam novas formas de atuação aliadas a 
um projeto societário ligado aos movimentos 
sociais, com vistas à democratização dos espa-
ços públicos, na constituição de uma cultura de 
participação popular e controle social e na luta 
pela incorporação da assistência social enquanto 
política de seguridade social.
Ainda em Raichelis (2006), nesse intenso 
campo de disputas históricas sociais, estão os 
profissionais do Serviço Social cada vez mais 
assumindo execução e controle da implantação 
do sistema único de cargos de gestão, sobretudo 
no que tange a formulação da assistência social. 
Em 2004, atendendo ao cumprimento das delibera-
ções da IV Conferência Nacional de Assistência Social, o 
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) apro-
vou a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) 
que em seu escopo apresentava a perspectiva de implan-
tação de um sistema único para a assistência social, o 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
222
SUAS. No ano de 2011, a presidente Dilma Rousseff 
sancionou Lei 12.435/2011, que institui e regulamenta 
o Sistema Único de Assistência Social no Brasil. 
Por meio do SUAS, a gestão vem recebendo 
destaque, sobretudo para sua efetiva implemen-
tação, com objetivo de consolidar um sistema 
que promova protagonismo, potencialize auto-
nomia e garanta direitos sociais.
Segundo Raichelis (2006), o profissional do 
Serviço Social enquanto gestor ainda é uma dis-
cussão nova. Por isso tem encontrado espaço, 
sobretudo com a organização da política de 
assistência social em um sistema participativo 
“O SUAS é constituído pelo conjunto de servi-
ços, programas, projetos e benefícios no âmbi-
to da assistência social prestado diretamente – 
ou através de convênios com organizações sem 
fins lucrativos –, por órgãos e instituições públi-
cas federais, estaduais e municipais da adminis-
tração direta e indireta e das fundações manti-
das pelo poder público”. 
Fonte: Yazbek (2008 apud BRASIL, 2008, p. 97). 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
223
e descentralizado. A autora ainda destaca que 
os cargos de gestão protagonizam importante 
papel na consolidação da política pública de 
assistência social.
É de grande valia que a prática do Serviço 
Social proporcione força e visibilidade ao movi-
mento que se organiza em torno da defesa, 
garantia e universalização de direitos, repen-
sando novas estratégias para o enfrentamento 
das demandas sociais, sobretudo no interior 
do aparato institucional, lugar no qual os assis-
tentes sociais são cada vez mais requisitados a 
superar práticas operacionais para desenvolver 
funções de formulação e gestão de políticas e 
programas sociais (RAICHELIS, 2006).
Portanto, faz-se necessário a compreensão de 
que a intervenção do Serviço Social em institui-
ções públicas é fundamental para a consolidação 
das políticas sociais como direitos universais, 
assim como a universalização do acesso a tais 
políticas pelo cidadão. Seja por uma prática pro-
fissional na gestão de políticas e serviços, como 
por uma prática política que leve à conscien-
tização do usuário como pessoa detentora de 
direitos.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
224
A AÇÃO INTERVENTIVA DO ASSISTENTE 
SOCIAL EM INSTITUIÇÕES DO TERCEIRO 
SETOR
O estudo, a discussãoe a reflexão sobre o terceiro 
setor é assunto atual e pertinente no contexto 
acadêmico, à medida que se busca uma com-
preensão específica e atualizada sobre a atuação 
de diferentes profissionais nessas organizações, 
considerando a busca da qualidade social para 
os serviços prestados. 
O Terceiro Setor se configurou, no decorrer 
dos últimos vinte anos, dentro de um contexto 
social, econômico e político marcado por uma 
tendência neoliberal a qual como já visto ante-
riormente, o Estado recua em suas funções 
sociais, ou seja, um período marcado por incer-
tezas, instabilidades e mudanças aceleradas. 
A terminologia terceiro setor passou a ser difun-
dida em meados da década de 1970 e tem sido 
utilizada para se referir às organizações formadas 
pela sociedade civil, cujo objetivo não é a busca 
pelo lucro, mas a satisfação de um interesse social.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
225
Costuma-se utilizar a ilustração segundo 
a qual o terceiro setor situa-se abaixo do pri-
meiro (Estado) e do segundo (mercado) setores. 
Podemos dizer que a sociedade atual está estru-
turada a partir de três grandes setores: o Estado, 
sendo este o primeiro setor; o mercado, como 
segundo setor; e organizações da sociedade civil 
sem finalidade de lucro com atuações de inte-
resse público sendo o terceiro setor. 
Conforme Mânica (2006), o terceiro setor é 
tradicionalmente entendido como a área den-
tro da qual se encontram todas as entidades que 
não fazem parte do Estado e do mercado. Nesse 
viés, difundiu-se a utilização, como referência 
para classificação no terceiro setor, dos crité-
rios estabelecidos pelo Handbook on Nonprofit 
Institutions in the System of National Accounts, 
editado pela Organização das Nações Unidas, 
em conjunto com a Universidade John Hopkins. 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
226
EXPLICATIVO – ESTADO, INICIATIVA 
PRIVADA E SOCIEDADE CIVIL
Fonte: A autora.
 
 
DESCRIÇÃO DE IMAGENS 
PÁGINA 118 – Sem nome 
 
Dayse 
INÍCIO DESCRIÇÃO – A imagem refere-se a um esquema explicativo sobre a tríade Estado, 
Iniciativa Privada e Sociedade Civil. O Estado está relacionado aos recursos públicos para 
fins públicos como instituições governamentais (esferas municipal, estadual e federal). Já 
a Iniciativa Privada está relacionada aos recursos privados para fins privados como 
empresas, organizações que visam o lucro. Por fim, temos a Sociedade Civil que está 
relacionada aos recursos privados e públicos para fins públicos, estendendo-se aos 
cidadãos reunidos em associações voluntárias. FIM DESCRIÇÃO. 
IGOR - VALIDADO 
ANDERSON - VALIDADO 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
227
Segundo tal metodologia, fazem parte do terceiro 
setor as entidades que detenham, cumulativa-
mente, as seguintes características:
I - natureza privada;
II - ausência de finalidade lucrativa;
III – institucionalizadas;
IV – autoadministradas e
V - voluntárias. (Mânica, 2006).
Nesse contexto, continua Mânica (2006, p. 
2-3):
Tais critérios, como se pode perceber, têm 
como função comprovar a desvinculação 
do terceiro setor em face dos demais, de 
forma que o item (III) demonstra a exis-
tência formal da entidade, indispensável 
a seu reconhecimento como tal; os itens 
(I), (IV) e (V) demonstram que a entidade 
não faz parte do Estado, sendo sua natu-
reza de direito privado, sua administração 
própria (sem interferência externa) e sua 
criação espontânea (não decorrente de de-
terminação legal); e o item (II) demonstra 
que a entidade não pertence ao mercado. 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
228
Vale ressaltar que, segundo Costa (2014), 
essa divisão cabe apenas a fim didático, pois a 
realidade social não se configura de forma frag-
mentada em três setores, mas numa totalidade 
social, isto é, o político, o econômico e o social 
articulam-se indissociavelmente determinando 
a conjuntura e as demandas sociais.
A fim de esclarecimento, “sociedade civil” é 
compreendida como aquela que, embora mante-
nha uma relação indissociável com o Estado, se 
mantém fora dele. Além de que, para compreen-
der esse termo, se faz necessário remeter à ideia 
de cidadania, pois civil implica que a sociedade 
é formada de cidadãos a quem são atribuídos 
direitos e deveres, e esses últimos são compre-
endidos em função dos direitos civis, direitos 
políticos e direitos sociais (COSTA, 2014). 
Para Costa (2014), o terceiro setor é formado 
por organizações sem fins lucrativos, geradas 
e mantidas com ênfase na participação volun-
tária , num âmbito não governamental, dando 
sequência a práticas tradicionais de caridade, de 
filantropia, porém, expande o seu sentido para 
a incorporação do conceito de cidadania e de 
suas múltiplas manifestações na sociedade civil. 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
229
O terceiro setor compreende, fora da lógica 
do Estado e do mercado, a sociedade civil que 
se organiza e busca soluções próprias para suas 
necessidades e problemas. Essas se revestem de 
caráter público na medida em que se dedicam 
às demandas sociais.
Tendo em vista o alcance de um trabalho qua-
litativamente diferenciado daquele que sempre 
marcou a história dessas organizações, o assisten-
cialismo e a filantropia avançam da perspectiva 
filantrópica e caritativa para uma atuação profis-
sional e técnica, na qual os usuários são sujeitos 
de direitos.
Conforme pesquisa realizada pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e 
o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas 
(IPEA), divulgada em 2004, o Brasil possui 276 
mil fundações e associações onde trabalham 1,5 
milhões de pessoas, pagando salários e remu-
nerações no valor de 17,5 bilhões. 
Segundo Costa (2014), a emergência do terceiro 
setor pode ser explicada pelas seguintes razões: 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
230
 ■ A CF de 1988 e as leis orgânicas que for-
maram a legislação social, gerando uma 
necessidade do reordenamento técnico e 
administrativo das instituições estatais e da 
rede privada, por serem garantidoras dos 
direitos sociais e de cidadania, com ênfase 
na participação popular.
 ■ A gradativa e intencional substituição das 
funções do Estado de Bem-Estar Social 
pelo chamado Estado Mínimo, resultante 
da implantação também gradativa da polí-
tica neoliberal, levando ao sucateamento 
das políticas sociais públicas.
 ■ E o acirramento da questão social: desigual-
dade, pobreza, fome, violência etc.
Por meio da dinâmica traçada pelo terceiro 
setor, uma coisa é certa: é fundamental sua pre-
sença na sociedade, uma vez que os cidadãos 
se encontram mais conscientes e convictos de 
seus direitos, mas, sobretudo, da importância 
de sua participação no processo de transforma-
ção de realidades (COSTA, 2014).
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
231
CARACTERÍSTICAS DO SETOR TERCIÁRIO 
Atuam em uma diversidade e variedade de 
questões que afetam a sociedade na área da 
assistência social, da saúde, do meio ambien-
te, da cultura, educação, lazer, esporte etc.
Nas áreas da assistência social, educação e saú-
de, geralmente, prestam atendimento a pesso-
as e famílias que estão à margem do processo 
produtivo ou fora do mercado de trabalho.
Trabalham na defesa e garantia dos direitos 
dessa população.
São de caráter privado, mas desenvolvem 
um trabalho de interesse público.
Não têm finalidade de lucro no sentido mer-
cantil da palavra.
Não são estatais, embora mantenham víncu-
los com o poder público.
Contam com o trabalho de um corpo de vo-
luntariado. 
Fonte: Costa (2003). 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
232
De acordo com Costa (2014), é de suma 
importância a atuação de diferentes profissio-
nais no processo de configuração do terceiro 
setor no cenário brasileiro, sobretudo frente ao 
seu conceito, características,desafios e diver-
sidades, considerando o caráter profissional e 
técnico que os serviços prestados por esse setor 
necessitam abranger. 
Havendo a necessidade do reordenamento 
administrativo e técnico dessas instituições, é 
preciso construir instrumentos e ferramentas de 
gestão adequadas às suas especificidades e singu-
laridades, sendo que a interdisciplinaridade dos 
profissionais pode contribuir significativamente 
nesse processo. Considerando a especificidade 
profissional do assistente social, este tem papel 
fundamental nessa área.
Vamos conhecer, a partir de agora, o perfil 
necessário para a atuação do assistente social 
no terceiro setor, o qual requer uma sólida for-
mação profissional sobre:
- Os determinantes da questão social brasi-
leira e suas diferentes manifestações.
- As políticas sociais setoriais para o enfre-
tamento dessas manifestações.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
233
- A relação Estado, mercado e terceiro setor, dis-
cernindo o papel e função de cada um no contexto 
da formulação e execução dessas políticas; não 
esquecendo que cabe ao Estado o dever de pro-
ver políticas sociais adequadas e eficientes para o 
enfrentamento da questão social (COSTA, 2003). 
Além disso, baseados na Lei de Regulamentação 
da Profissão de Assistente Social (Lei 8.6662, de 
07/06/93), podemos ainda visualizar algumas 
atribuições específicas do assistente social que 
atua na área do terceiro setor: 
- Implantar, no âmbito institucional, a Política 
de Assistência Social, conforme as diretrizes da Lei 
Orgânica da Assistência Social (LOAS) e Sistema 
Único da Assistência Social (SUAS), de acordo 
com a área e o segmento atendido pela instituição;
- Subsidiar e auxiliar a administração da ins-
tituição na elaboração, execução e avaliação do 
Plano Gestor Institucional, tendo como refe-
rência o processo do planejamento estratégico 
para organizações do terceiro setor;
- Desenvolver pesquisas junto aos usuários 
da instituição, definindo o perfil social dessa 
população, obtendo dados para a implantação 
de projetos sociais interdisciplinares;
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
234
- Identificar, continuamente, necessida-
des individuais e coletivas, apresentadas pelos 
segmentos que integram a instituição, na pers-
pectiva do atendimento social e da garantia 
de seus direitos, implantando e administrando 
benefícios sociais;
- Realizar seleção socioeconômica, quando 
for o caso, de usuários para as vagas disponí-
veis, a partir de critérios pré-estabelecidos, sem 
perder de vista o atendimento integral e de qua-
lidade social, nem o direito de acesso universal 
ao atendimento;
- Estender o atendimento social às famílias dos 
usuários da instituição, com projetos específicos e 
formulados a partir de diagnósticos preliminares;
- Intensificar a relação instituição/família, obje-
tivando uma ação integrada de parceria na busca 
de soluções dos conflitos que se apresentarem;
- Fornecer orientação social e fazer encami-
nhamentos da população usuária aos recursos 
da comunidade, integrando e utilizando-se da 
rede de serviços sócio assistenciais;
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
235
- Participar, coordenar e assessorar estudos e dis-
cussões de casos com a equipe técnica, relacionados 
à política de atendimento institucional e nos assun-
tos concernentes à política de assistência social;
- Realizar perícia, laudos e pareceres técnicos 
relacionados à matéria específica da assistência 
social, no âmbito da instituição, quando solici-
tado. (CFESS, 2002)
No interior das instituições do terceiro setor, 
a atuação do assistente social, sempre tendo 
como fim último o atendimento integral e de 
qualidade social, trabalhará no enfoque da 
garantia do direito de inclusão ao atendimento. 
Mas também priorizará ações que caracteri-
zem o alcance dos objetivos, metas e diretrizes 
preconizados pelo planejamento estratégico 
institucional, para o qual deverá ter contribui-
ção significativa. 
Portanto, o Serviço Social no terceiro setor 
encontra um espaço amplo de atuação, e essa 
se apresenta como garantia dos cidadãos como 
aqueles que possuem direitos, elevando o aten-
dimento de mero caráter filantrópico para um 
atendimento técnico e politizado.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
236
A AÇÃO INTERVENTIVA DO 
ASSISTENTE SOCIAL EM INSTITUIÇÕES 
EMPRESARIAIS
Sob a ótica das novas determinações econô-
micas e sociais, configuram-se as demandas 
que estão sendo postas aos assistentes sociais 
na atualidade, pois o Serviço Social vem se 
desenvolvendo enquanto profissão por meio de 
práticas ligadas às questões sociais deste qua-
dro conjuntural da contemporaneidade. 
As profissões surgem como especializações 
do trabalho coletivo para atender necessidades. 
Sendo dessa forma, o Serviço Social surge em um 
contexto de administração de carências sociais, 
sendo legitimado pelo capital na qualidade de 
principal requisitante institucional para o enfren-
tamento de “problemas sociais” (MOTA, 1998).
A prática do Serviço Social na empresa 
encontra-se intimamente ligada a essa ideia. 
Segundo Mota (1998), nela, a despeito de algu-
mas singularidades, o Serviço Social também é 
assumido como um instrumento de intervenção 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
237
nos “problemas sociais”, entendidos como situa-
ções de carências do trabalhador que interferem 
na produtividade da força de trabalho.
Desse modo, segundo Mota (1998), os assisten-
tes sociais são considerados profissionais da área 
de recursos humanos, assumindo uma função téc-
nica específica no interior das empresas: mediar 
soluções de carências e conflitos dos trabalhadores. 
A função técnica de criar condições favoráveis 
ao favorecimento do processo de trabalho tem 
se afirmado na hipótese política da convivência 
pacífica entre empregados e empregadores, como 
uma condição necessária ao desenvolvimento do 
processo de trabalho gerenciado pela empresa. 
Isso porque essa área tem sua razão de ser enrai-
zada no gerenciamento “científico” da força de 
trabalho mediante um padrão de eficiência.
Por esse motivo, estão presentes aspectos polí-
ticos e técnicos, relacionados tanto no conjunto 
das ações do assistente social como na criação 
de suas referências teórico-práticas, resultantes 
do próprio desenvolvimento da prática social 
na empresa, do qual o destino não é apolítico 
nem a-histórico.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
238
 Consequentemente, admite-se que, ao 
ingressar nas empresas, os assistentes sociais se 
deparam com o dever de ratificar sua utilidade 
na solução de “problemas sociais”, por meio da 
construção de uma identidade de intenções pro-
fissionais e empresariais (MOTA, 1998).
A partir desse ponto, pode-se então deduzir que 
a prática do Serviço Social nas empresas encon-
tra-se entre as condições de vida e trabalho do 
empregado e as determinações da entidade. Por 
um lado, tem a tarefa de atender demandas do tra-
balhador, por outro, tem na visão da empresa um 
retrato do que estas significam para a produção.
Sabe-se que a empresa é uma unidade de pro-
dução que objetiva lucros, para tanto, faz-se 
necessário garantir que seus empregados sejam 
sadios, dispostos e que se mantenham produ-
zindo bem. Sendo assim, diante do baixo nível de 
renda do trabalhador, a empresa necessita pres-
tar algum auxílio extra salário ao empregado. 
Segundo Mota (1998), ao comprar a força de tra-
balho, deve-se arcar com os resultados das baixas 
condições de vida do trabalhador, sendo condicio-
nada a atender essas demandas sociais, quer seja 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
239
sob o aspecto material, quer seja face às manifesta-
ções de comportamentos indesejáveis à produção 
como uma condição para seu funcionamento. 
Por fim, sabe-se queessa tarefa não é uma 
especialidade técnica dos dirigentes da empresa, 
ao contrário, para assumi-la é preciso contra-
tar técnicos que o façam, a saber, os assistentes 
sociais. 
Portanto, com as empresas preocupadas 
em redefinir e integrar as políticas de recur-
sos humanos às demais políticas e estratégias 
organizacionais, buscando alternativas de ges-
tão da força de trabalho, o assistente social não 
pode esquivar-se desses acontecimentos. 
Identificaremos, a seguir, a atuação do assis-
tente social em empresas as quais lhe exige o 
desenvolvimento de algumas características 
básicas, como: 
- Ter conhecimento para que não deixe sem 
respostas quem vier buscar informações. Para 
isso, o profissional de Serviço Social tem que 
dominar as políticas da empresa, bem como 
conhecer a rotina de todos os empregados para 
que possa responder as perguntas que surgirem 
de forma coerente.
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
240
- Ter competência para que as atividades exe-
cutadas por esses profissionais sejam feitas da 
melhor forma possível, com exatidão e agilidade.
- Manter atmosfera positiva de forma que 
os usuários, ao procurarem o setor de Serviço 
Social, sintam-se num ambiente agradável, 
onde a comunicação é feita de forma horizon-
tal, fluente e clara.
- Trabalhar com cooperação para que sua 
equipe de trabalho obtenha êxito, por meio da 
responsabilidade para com as metas da empresa, 
buscando sempre melhorar a produtividade e 
a qualidade (ABREO; RIBEIRO, 2016).
Além de todas essas características, o assis-
tente social precisa de um esforço extra para 
poder superar a rotina, buscando a melhor satis-
fação do cliente, mostrando-se interessado e 
envolvido com o problema, pois o que importa 
atualmente não é só satisfazer as necessidades, 
mas também conquistar o cliente. 
Na atual conjuntura, observamos que as 
empresas têm solicitado profissionais que tenham 
flexibilidade. Sob esta ótica, o profissional de 
Serviço Social que trabalha principalmente em 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
241
setores privados defronta-se com a exigência 
de uma nova cultura do trabalho, que requisita 
deles a adequação de hábitos, como:
- A integração orgânica do trabalhador na 
instituição.
- A intensificação do ritmo na execução de tarefas.
- A implantação do trabalho em equipe, bus-
cando a cooperação; dentre outros (ABREO; 
RIBEIRO, 2016).
Segundo Mota (1998), o assistente social atua na 
área de Recursos Humanos a fim de proporcio-
nar a sociabilidade do trabalhador, elevando-o, 
dessa forma, a um comportamento produtivo. 
Sendo assim, o profissional do Serviço Social 
atende a perspectiva da empresa em condicio-
nar o trabalhador a aderir às novas exigências 
que esta lhe impõe.
 Além dessa ótica de trabalho, na atualidade 
percebe-se um novo espaço institucional, no 
qual o assistente social tem exercido funções 
como a de assessoramento aos membros das 
diretorias das empresas. 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
242
Na atualidade, o profissional do Serviço Social 
tem sido requisitado para estratégias de gerencia-
mento que procuram o aumento da qualidade e 
da produtividade por meio da formação de ati-
tudes que geram um “clima favorável” para que 
alcancem as metas da organização (MOTA, 1998).
Os assistentes sociais no Brasil, no que con-
cerne a sua prática em empresas, têm buscado 
aperfeiçoar a sua ação profissional, sobretudo 
no que se refere às relações no ambiente de 
trabalho. 
Para tanto, para o profissional do Serviço 
Social cabe desenvolver sua capacidade técnica 
para lidar com as informações e com as ino-
vações tecnológicas, assim como as demandas 
que são dinâmicas neste campo, ou seja, requer 
uma capacidade crítica e flexível para atender 
às rápidas mudanças. 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
243
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da quarta unidade de estudo, 
de forma que podemos entender os diferen-
tes espaços de atuação do Serviço Social na 
contemporaneidade.
Vimos que se faz necessário a compreen-
são de que a intervenção do Serviço Social em 
instituições públicas é fundamental para a con-
solidação das políticas sociais como direitos 
universais, assim como a universalização do 
acesso a tais políticas pelo cidadão.
Ainda nesse contexto. também identificamos 
como se encontra a estrutura da sociedade atual 
a partir de três grandes setores: o Estado, que 
denominamos de primeiro setor, com ênfase na 
gestão de políticas públicas, quando o profissional 
adquiriu um fortalecimento das ações socioas-
sistenciais, dando um caráter técnico, politizado 
e de garantia de direitos sociais aos usuários da 
política social; o mercado, como segundo setor, 
em que os assistentes sociais são considerados 
profissionais da área de recursos humanos, assu-
mindo uma função técnica específica no interior 
das empresas: mediar soluções de carências e 
DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
244
conflitos dos trabalhadores; e organizações da 
sociedade civil, que atuam sem finalidade de lucro 
com atuações de interesse público, ou seja, é de 
suma importância a atuação de diferentes profis-
sionais no processo de configuração do terceiro 
setor no cenário brasileiro, sobretudo frente ao 
seu conceito, características, desafios e diversida-
des, considerando o caráter profissional e técnico 
que os serviços prestados por esse setor necessi-
tam abranger.
E, por fim, a inserção do Serviço Social nas 
instituições privadas, as quais convocam o assis-
tente social para atuar como gestor de projetos 
sociais, gerenciamento de recursos humanos e de 
benefícios, contribuindo, assim, de forma indi-
reta na produtividade da empresa, uma vez que o 
capital humano é de suma importância para tal.
1. Por meio de uma forte mobilização social e 
lutas sociais, os direitos sociais foram con-
sagrados, marcando a busca por um Estado 
democrático. Porém, nesse contexto, é pos-
sível se constar algo. O que é? 
2. É sabido que, para atuar no terceiro setor, o 
assistente social deve ter uma sólida forma-
ção profissional sobre determinados temas. 
Indique quais são.
3. Podemos dizer que a sociedade atual está 
estruturada a partir de três grandes setores. 
Identifique-os.
4. Como podemos deduzir a prática do Serviço 
Social nas empresas?
5. Conforme Mânica (2006), como o terceiro 
setor se caracteriza?
Breve introdução à prática do Serviço Social 
em instituições privadas
O presente artigo busca descrever um pou-
co acerca da participação e contribuição que 
pode oferecer o profissional de Serviço Social 
(Assistente Social) junto às empresas. Especifi-
camente, a relevância do trabalho deste profis-
sional através de sua participação na dinâmi-
ca institucional das empresas, por intermédio 
de projetos específicos de intervenção ou por 
meio de atendimentos sociais realizados aos 
colaboradores. Esta intervenção profissional 
com vista a uma melhor qualidade de vida ape-
sar de não reordenar as relações de produção, 
contribui com o acesso à informação e encami-
nhamentos que buscam sistematizar o atendi-
mento à situação-problema apresentada pelo 
cliente, bem como, propiciar uma solução efi-
caz. Questões relacionadas à saúde dos traba-
lhadores tornam-se, cada dia mais um fator de 
preocupação para as empresas, fazendo com 
que passem a adotar políticas de prevenção 
e controle do ambiente de trabalho interno e, 
que exercem influência direta sobre a qualida-
de de vida de seus colaboradores. 
[...]
É atribuído, também, a esse profissional o pa-
pel de intervenção direta nas relações sociais 
na empresa, o que pressupõe mudanças tanto 
junto aos trabalhadores como à organização 
profissional que prevê ou colabora na solução 
das dificuldades de ordem pessoal e social de 
seus membros, orientando de forma a se tor-
narem integrados individualmente, ou em gru-
po. O desafioenfrentado pelo Assistente Social 
é o de estruturar uma prática profissional que 
redirecione o modelo capitalista das relações 
de trabalho que exige uma construção estra-
tégica que relacione direitos, necessidades e 
desejos dos trabalhadores à produtividade, e 
lucratividade. Na busca pela qualidade de vida 
como questão determinante da melhoria da 
relação entre empresa e colaboradores, o de-
safio imposto ao Serviço Social é ainda maior. 
Grande parte das organizações observa não a 
promoção desta saúde, mas a redução dos da-
nos gerados; não sua prevenção, mas o trata-
mento dos efeitos, mesmo sabendo que eles 
representam custos superiores.
[...] Hoje, a prática do Serviço Social nas empre-
sas considera a mesma como uma organiza-
ção social que incluem toda uma problemática 
do homem (trabalhador), para compreender, 
analisar e propor melhorias nas condições de 
trabalho visando, além do desenvolvimento 
físico, social e político dos colaboradores nes-
ta realidade, à transformação do ambiente na 
busca de uma melhor qualidade de vida.
Fonte: Stopassolli (2008).
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
O Feitiço da Ajuda
Autor: Ana Elizabete da Mota
Editora: Saraiva
Sinopse: “O Feitiço da 
Ajuda” traz uma relevante 
e inovadora contribuição à 
análise das determinações 
sociais da prática do Serviço Social na empresa 
capitalista, no marco das relações contraditórias 
entre as classes sociais, apontando para 
as possibilidades históricas da ação do 
Serviço Social na empresa. Sua cuidadosa 
fundamentação teórica articulada a um rico 
tratamento dos dados empíricos - obtidos a 
partir da pesquisa realizada em 22 empresas 
de Pernambuco - atribuem ao trabalho uma 
fecundidade explicativa e originalidade no 
deslindamento do feitiço da ajuda.
GABARITOGABARITOGABARITO
1. O que se pode constatar é um processo de 
precarização desses direitos antes conquista-
dos. Isso acontece por meio de uma reforma 
conservadora do Estado e da economia, o que 
gera um sucateamento dos serviços públicos.
2. Os determinantes da questão social brasi-
leira e suas diferentes manifestações, as po-
líticas sociais setoriais para o enfretamento 
dessas manifestações e a relação Estado, 
mercado e terceiro setor, devendo discernir 
o papel e função de cada um no contexto 
da formulação e execução dessas políticas.
3. O Estado, sendo este o primeiro setor; o mer-
cado, como segundo setor; e organizações 
da sociedade civil sem finalidade de lucro 
com atuações de interesse público sendo o 
terceiro setor. 
4. A prática nas empresas encontra-se entre 
as condições de vida e trabalho do empre-
gado e as determinações da entidade. Por 
um lado, tem a tarefa de atender demandas 
do trabalhador, por outro, tem na visão da 
empresa um retrato do que estas significam 
para a produção.
GABARITO
5. O terceiro setor é tradicionalmente enten-
dido como a área dentro da qual se encon-
tram todas as entidades que não fazem par-
te do Estado e do mercado.
UNIDADE V
U
N
ID
A
D
E V
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
SERVIÇO SOCIAL E AS 
PARTICULARIDADE DO 
EXERCÍCIO PROFISSIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 ■ Entender as atribuições do Serviço 
Social.
 ■ Compreender as particularidades do 
exercício profissional.
 ■ Verificar atribuições específicas do 
Serviço Social.
 ■ Identificar a dinâmica de assessoria e 
consultoria.
 ■ Relatar os avanços e desafios que são 
postos ao Serviço Social no que diz res-
peito à supervisão.
 ■ Conhecer a atuação do assistente social 
em equipe multi/interdiciplinar no con-
texto das políticas sociais.
U
N
ID
A
D
E
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que 
você estudará nesta unidade:
 ■ Atribuições privativas do assistente 
social
 ■ Assessoria e consultoria em serviço 
social
 ■ Supervisão na área do Serviço Social
 ■ Atribuições do Serviço Social em 
equipes multi/interdisciplinares
V
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brit Cunha
Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez
SERVIÇO SOCIAL E AS 
PARTICULARIDADE DO 
EXERCÍCIO PROFISSIONAL
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
256
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), nesta quinta unidade você 
conhecerá as atribuições e particularidades do 
exercício profissional. Para tanto, se faz necessário 
compreender o que compete ou não ao Serviço 
Social, assim como verificar as atribuições específi-
cas do Serviço Social e as dinâmicas de assessoria, 
consultoria e os avanços e desafios que são pos-
tos a profissão no que diz respeito à supervisão.
Refletiremos conceitualmente sobre esse 
tema e apontaremos os possíveis problemas e 
as riquezas potenciais da assessoria/consulto-
ria para o Serviço Social bem como o perfil do 
profissional.
Dessa forma, tomando como referência a Lei 
8.662, de 07 de junho de 1993, que dispõe sobre 
a profissão de assistente social e estabelece sua 
regulamentação, veremos o que determina o 
artigo 4º, que trata das competências do assis-
tente social, e o artigo 5º, que trata das atribuições 
privativas da profissão.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
257
Abordaremos, também, o trabalho comparti-
lhado com outros profissionais na coordenação 
e implementação de projetos em diferentes 
campos das políticas sociais e nas atividades 
sociojurídicas, que impõem novas exigências 
para os assistentes sociais. Ao contrário do que 
muitas vezes se considera, o trabalho interdis-
ciplinar demanda a capacidade de expor com 
clareza os ângulos particulares de análise e pro-
postas de ações diante dos objetos comuns a 
diferentes profissões, cada uma delas buscando 
colaborar a partir dos conhecimentos e saberes 
desenvolvidos e acumulados pelas suas áreas. 
Esperamos que nesta unidade você consiga 
compreender o significado da profissão a par-
tir da Lei de Regulamentação da Profissão, que 
vem nortear a prática profissional do assistente 
social.
Boa leitura e bom estudo!
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
258
ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS DO 
ASSISTENTE SOCIAL
No que diz respeito às atribuições privativas 
do assistente social, se faz necessário compre-
ender que o profissional encontra-se tanto na 
gestão quanto na execução de políticas sociais, 
sobretudo nessa última, trabalha em programas 
e projetos para os quais há repasse de recursos 
materiais, direcionados para aqueles usuários 
que vivem em condição de vulnerabilidade 
social, com dificuldade de acessar a rede de 
serviços socioassistenciais. 
O momento em que o usuário busca respostas 
às suas demandas junto ao assistente social, ele 
procura um retorno profissional, que responda 
as suas necessidades básicas, mesmo aquelas de 
caráter imediato, como a ausência de alimen-
tação, a dificuldade de acessar os serviços mais 
complexos na área de saúde pública, a busca por 
informação e orientação sobre a vida familiar, 
dentre outros serviços (TORRES, 2014).
Assim, segundo Torres (2014, p. 47):
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
259
Propor ações profissionais requer do as-
sistente social um estudo detalhado acerca 
das condições objetivas de vida do usuário 
e, fundamentalmente, do modo como este 
constrói relações na realidade social onde 
vive. Entretanto, as condições em que o 
trabalho do assistente social se realiza co-
laboram para que a autonomia e o poder 
de decisão do profissional sejam restritos. 
Esse pequeno espaço favorece também a 
subordinação do profissional aos deter-
minantes da organização e do gestor. Ou 
seja, o exercício profissional desenvolvi-
do sob a perspectiva do gestor esbarra na 
questão da autonomia que o profissional 
tem para desenvolver seu trabalho. 
Outra referência fundamental que Torres (2014) 
ressalta é que o exercício profissional do assis-
tente social ocorre por meio de uma dupla 
dimensão que se relaciona. São elas: 
 - Dimensão interventiva: aquela em que se 
explicita não somente aconstrução, mas 
a efetivação das ações desenvolvidas pelo 
assistente social. Compreende interven-
ção propriamente dita, o conhecimento 
das tendências teórico-metodológicas, a 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
260
instrumentalidade, os instrumentos técni-
co-operativos e os do campo das habilidades, 
os componentes éticos e os componentes 
políticos, o conhecimento das condições 
objetivas de vida do usuário e o reconhe-
cimento da realidade social.
 - Dimensão investigativa: compreende a 
produção do conhecimento, a elaboração 
de pesquisas e os aspectos analíticos que 
dão suporte, qualificam e garantem a con-
cretização da ação interventiva.
A dimensão interventiva junto à dimensão inves-
tigativa é o que proporciona o caráter técnico 
da ação profissional, além de proporcionarem 
coerência, consistência teórica e argumentativa 
para a prática profissional. Torres (2014) ainda 
acrescenta que o exercício profissional realizado 
sob essa dupla dimensão amplia a discussão 
sobre a intervenção profissional, ressaltando 
a questão do compromisso e da competência, 
além de levantar a preocupação com o desen-
volvimento teórico da profissão. 
Tomando como referência a Lei 8.662, de 
07 de junho de 1993, que dispõe sobre a pro-
fissão de assistente social e estabelece sua 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
261
regulamentação, determina o artigo 4º as com-
petências do assistente social e o artigo 5º as 
atribuições privativas, como se segue:
1. coordenar, elaborar, executar, supervisionar 
e avaliar estudos, pesquisas, planos, progra-
mas, e projetos na área de Serviço Social.
2. planejar, organizar e administrar programas 
e projetos em Unidade de Serviço Social;
3. assessoria e consultoria a órgãos da admi-
nistração pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades, em matéria de 
Serviço Social;
4. realizar vistorias, perícias técnicas, laudos 
periciais, informações e pareceres sobre a 
matéria de Serviço Social;
5. assumir, no magistério de Serviço Social 
tanto em nível de graduação como pós-gra-
duação, disciplinas e funções que exijam 
conhecimentos próprios e adquiridos em 
curso de formação regular;
6. treinamento, avaliação e supervisão direta 
de estagiários de Serviço Social;
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
262
7. dirigir e coordenar Unidades de Ensino e 
Cursos de Serviço Social, de graduação e 
pós-graduação;
ASSESSORIA E CONSULTORIA EM 
SERVIÇO SOCIAL
Segundo Matos (2014), parece-nos que o vulto 
da temática assessoria/consultoria no Serviço 
Social na atualidade é uma confluência de duas 
incidências. Tanto há demandas explícitas para 
esse trabalho para os assistentes sociais como 
também os assistentes sociais, notadamente os 
envolvidos na docência, vêm buscando espaços 
de assessoria. 
Continuando, o autor aponta que os que requi-
sitam os profissionais de Serviço Social para 
assessoria/consultoria veem neste sujeito uma 
capacidade de conhecimentos a serem dispo-
nibilizados, em geral sobre políticas sociais e 
na área de mobilização social, e os profissio-
nais de Serviço Social que buscam a assessoria/
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
263
consultoria identificam esse espaço como propí-
cio para a efetivação do atual projeto de formação 
profissional do assistente social, ou como uma 
alternativa de trabalho. 
Os profissionais de Serviço Social vêm sendo 
demandados a assessorar a criação de políticas 
sociais, de serviços sociais, de trabalhos educa-
tivos junto à população, entre outros serviços. 
Para tanto, iniciaremos por uma necessária 
reflexão conceitual sobre assessoria/consulto-
ria e apontaremos os possíveis problemas e as 
riquezas potenciais da assessoria/consultoria 
para o Serviço Social. Por fim, discutiremos 
estratégias para o trabalho de assessoria/consul-
toria rumo ao fortalecimento da democracia e 
dos direitos humanos na perspectiva tratada no 
atual Código de Ética dos Assistentes Sociais, 
sempre em articulação com experiências con-
cretas sobre assessoria/consultoria retiradas da 
bibliografia disponível (MATOS, 2014). 
A bibliografia do Serviço Social brasileiro 
sobre assessoria/consultoria é recente e trazem, 
na sua maioria, reflexões sobre experiências de 
assessoria. Essas reflexões, geralmente ricas, são 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
264
marcadas por uma imprecisão sobre o tema e pela 
ausência de referência teórica sobre o assunto. 
Percebemos, em geral, uma nebulosa com-
preensão de assessoria, ora entendida como 
a supervisão profissional, ora como trabalho 
interventivo junto a comunidades ou movimen-
tos sociais, ora como militância política. Longe 
disso ser uma mera questão epistemológica, 
entendemos como importante desvelar o que 
estamos, na categoria profissional, chamando 
de assessoria/consultoria (MATOS, 2014). 
Segundo Matos (2014), assessoria é aquela 
ação que visa auxiliar, ajudar, apontar cami-
nhos, não sendo o assessor um sujeito que opera 
a ação, e sim o propositor desta, junto a quem 
lhe demanda essa assessoria. Assim, definimos 
assessoria/consultoria como aquela ação que é 
desenvolvida por um profissional com conhe-
cimentos na área, que toma a realidade como 
objeto de estudo e detém uma intenção de alte-
ração da realidade. 
O assessor não é aquele que intervém, mas 
sim aquele que propõe caminhos e estratégias ao 
profissional ou à equipe que assessora e estes têm 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
265
autonomia em acatar ou não as suas proposições. 
Portanto, o assessor deve ser alguém estudioso, 
permanentemente atualizado e com capacidade 
de apresentar claramente as suas proposições. 
A distinção entre assessoria e consultoria é 
mínima, sendo que consultoria provém da ideia 
de consultar, que significa pedir opinião. Portanto, 
consultoria é mais pontual que assessoria, a qual 
remete a ideia de assistir (MATOS, 2014). 
Conforme Matos (2014), as assessorias são 
indicadas com a intencionalidade de viabilizar 
a articulação e aperfeiçoamento de uma equipe 
para desenvolvimento do seu projeto de prática 
por meio de um expert que a acompanhe teórica e 
tecnicamente. 
Uma vez definido o que seja assessoria e con-
sultoria, passaremos aqui a chamar atenção para 
algumas iniciativas que se apresentam como 
assessoria/consultoria, mas não são segundo o 
autor: 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
266
 - Assessoria não é sinônimo de supervisão.
 - Assessoria não é, necessariamente, traba-
lho temporário.
 - A assessoria no Serviço Social não é aban-
dono do trabalho assistencial.
 - Assessoria não é mera militância política.
Segundo Matos (2014) os assistentes sociais 
podem ser excelentes assessores, desde que 
garantam a sua capacitação profissional conti-
nuada, esta, aliás, uma necessidade intrínseca 
para atuação competente em qualquer área de 
trabalho. A formação profissional e a experiên-
cia possibilitam, especialmente, um domínio 
sobre as políticas sociais e de práticas educati-
vas com a população. 
Ainda em Matos (2014, p. 38), na atuali-
dade existem algumas frentes de assessoria em 
potencial, a serem desenvolvidas e aprofunda-
das pelos profissionais de Serviço Social. No que 
diz respeito às atribuições privativas, destaca a 
importância de fortalecer e aumentar as ativi-
dades de assessoria dos assistentes sociais aos 
profissionais da mesma profissão. Essa frente 
de assessoria tem como objetivo aumentar a 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
267
qualidade da intervenção profissional, ou seja, 
uma proposta de formação profissional conti-
nuada dos profissionais. 
Para Matos (2014, p. 38):
[...] a partir de uma reflexão sobre a dico-
tomia entre teoria e prática na profissão 
e preocupada com a viabilização de um 
projeto profissional competente, e que 
se posicione contra o avanço do projetoneoliberal, propõe como caminho uma 
articulação concreta entre a Academia 
e o meio profissional. Para tanto, se faz 
necessário romper com o raciocínio, na 
profissão, de que em um espaço se elabora 
teoricamente e, em outro, se aplica/inter-
vém. É nessa perspectiva que se propõe 
como caminho a assessoria e/ou consul-
toria como uma estratégia possível.
Outra frente de assessoria que cabe ser estuda-
da e ampliada pelos assistentes sociais é a as-
sessoria, a organização política dos usuários. 
Pode possibilitar uma contribuição direta da 
categoria, por meio de sua prática profissio-
nal, para a rearticulação e fortalecimento dos 
movimentos sociais (MATOS, 2014). 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
268
Portanto, essa exposição teve por objetivo 
apontar o que seria assessoria e consultoria e, 
sobretudo, lançar luzes às possibilidades que 
essa demanda indica para o profissional do 
Serviço Social. O que vale ressaltar é que por 
um lado se tem a possibilidade de um campo 
de atuação para o exercício profissional e, por 
outro, o desenvolvimento de uma prática com 
mais qualidade. 
Porém, cabe saber que esta realidade deve ser 
sempre retroalimentada com estudos e análise 
crítica da realidade. A assessoria e a consulto-
ria, também, são uma importante possibilidade 
para aprofundar o constante diálogo entre o 
conhecimento teórico acumulado pela profis-
são e a renovação crítica das suas estratégias 
técnico-operativas.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
269
SUPERVISÃO NA ÁREA DO SERVIÇO 
SOCIAL
A Supervisão em Serviço Social, para ser ana-
lisada e compreendida, precisa ser configurada 
e considerada como parte integrante da forma-
ção e do exercício profissional. Essa análise se 
faz sob uma perspectiva totalizante da profis-
são, que envolve, na mesma reflexão, a teoria, 
a prática e as relações da categoria profissio-
nal com a sociedade, nos diferentes momentos 
históricos. Nesse sentido, sua concepção nunca 
está acabada – ela vai se configurando histori-
camente, a partir das determinações estruturais 
e contextuais, à medida que seus profissionais 
vão estruturando diferentes visões de mundo 
e de propostas de ação. 
A marcha do conhecimento da supervisão 
em Serviço Social aparece como uma perpétua 
oscilação entre as partes – supervisão – e o todo 
– Serviço Social –, os quais se devem esclare-
cer mutuamente (BURIOLLA, 2003).
De início, é importante assinalar que a 
supervisão não é um processo privativo do 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
270
Serviço Social, várias outras áreas a utilizam 
e já utilizavam muito antes. Assim, discor-
rendo genericamente, a natureza do processo 
de supervisão já estava, de certa forma, con-
figurada anteriormente à sua emergência no 
Serviço Social. 
Desse modo, tradicionalmente, falar de super-
visão, seja em Serviço Social, seja em outras áreas, 
tem implicado analisá-la a partir de, basica-
mente, três enfoques: administrativo, educativo 
e operacional.
 - Administrativo – a supervisão é considerada 
como o processo pelo qual se estabelece um 
método adequado ao controle de serviços, 
com vistas ao aperfeiçoamento profissional. 
Essa supervisão está ligada a tarefas admi-
nistrativas e à melhor prestação de serviços. 
Para tanto, são acionados mecanismos de 
controle e de treinamento.
 - Educativo – aqui, a supervisão está relacio-
nada ao processo educacional, portanto, ao 
ensino e à formação profissional; aos pro-
cessos pedagógicos e aos programas de ação 
educacionais. Essa supervisão exige uma 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
271
sistematização constante da “matéria-prima” 
que vai sendo trabalhada, analisada ao 
decorrer do processo ensino-aprendizagem.
 - Operacional – a supervisão é vista como um 
processo operativo, quando se realiza direta-
mente na área do agir, do fazer profissional. 
Nessa perspectiva, são empregados meios 
didáticos específicos para o alcance das metas 
desejadas na ação propriamente dita.
Na prática, esses enfoques têm se inter-relacio-
nado, sobressaindo ora um, ora outro, dependendo 
da atividade em evidência, o que faz com que, de 
forma geral, a supervisão seja concebida como 
um processo administrativo e educacional pelo 
qual uma pessoa, o “supervisor”, possuidora de 
conhecimentos e práticas, tem o compromisso 
de treinar outra, o “supervisionado”, possuidora 
de menos recursos ao nível do conhecimento e 
da prática (BURIOLLA, 2003). 
Acredito que essa concepção advenha e tenha 
seus fundamentos na própria etimologia da 
palavra supervisão, que é formada pelo pre-
fixo latino “super” (por cima, sobre) e do sufixo 
“videre”, “visere” (significando ver, olhar, mirar) 
(BURIOLLA, 2003).
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
272
Segundo Buriolla (2003), o exercício prático da 
supervisão exige do profissional, que quer ou deve 
assumir essa função, um amadurecimento – o que 
significa que ele tenha competência profissional e 
adquira as qualidades, especialidades e habilida-
des imprescindíveis a essa ação supervisora. Nesse 
sentido, requerem-se determinados critérios, requi-
sitos, referências para o seu desempenho. 
Vendo a supervisão em Serviço Social sob esse 
ângulo, como um processo dinâmico de cons-
tante busca, é que se pode garantir os parâmetros 
para salvaguardar a relação de unidade ensino-
-aprendizagem. Nessa medida, alguns aspectos 
devem ser considerados e são relevantes para a 
concretização do papel do supervisor.
©shutterstock
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
273
CONCEITOS E ATRIBUIÇÕES DO 
SERVIÇO SOCIAL EM EQUIPES MULTI/
INTERDISCIPLINARES
A interdisciplinaridade se impõe como um tema 
de extrema necessidade, cuja importância se 
mede pela frequência das aparições desse tema 
nos debates filosóficos e sociais, seja na acade-
mia ou na prática cotidiana dos profissionais.
A exigência interdisciplinar inscreve-se na 
descrição do conhecimento desde as origens do 
saber no Ocidente. Os sofistas gregos, patriar-
cas da nossa pedagogia, já haviam definido o 
programa de uma Paideia, ensinamento que 
deveria fazer com que o aluno cumprisse um 
exame geral das disciplinas constitutivas da 
ordem intelectual. 
Esse programa enciclopédico foi recupe-
rado e elaborado pelos romanos, na retórica, 
que transmitiram o esquema da orbis doctrinae 
(Doutrina do Mundo) aos mestres do ensino 
medieval. Com a instituição universitária, a 
partir do século XIII, tem-se o trivium (gramá-
tica, retórica e dialética), que se articulam com o 
quadrivium (aritmética, geometria, astronomia 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
274
e música). Aqui, a aproximação dos homens 
inscreve-se no marco da integração do saber.
Essa pedagogia da totalidade foi renovada sem 
interrupção até a época do Renascimento. Porém, 
esse programa que busca a totalidade foi subs-
tituído pela divisão das ciências, e ainda mais 
agravado com a divisão sociotécnica do trabalho.
Após passar por essa construção histórica, 
se faz importante saber que a multiplicidade 
faz referência às distintas disciplinas, à divisão 
dos campos científicos, ao desenvolvimento e 
necessidades dos ramos do saber.
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SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
275
Para abordar qualquer campo determinado 
da realidade, cabem múltiplas disciplinas que 
confluem em sua resolução. A multidisciplina-
ridade entre as disciplinas, ciências ou ramos 
do saber que dialogam, dão razão ao saber con-
creto de um determinado problema. 
No campo da saúde, por exemplo, confluem 
o médico, a enfermagem, a psicologia, o serviço 
social etc., que refletem os diversos aspectos 
que operam a realidade que se aborda.
A interdisciplinaridade faz referência ao 
método, ao modelo de trabalho e à aplicação 
dos conhecimentos e da técnica, ao modo de 
desenvolver um conhecimento ou conjunto deconhecimentos e disciplinas. Se multidiscipli-
naridade refere-se às disciplinas e ramos do 
conhecimento, interdisciplinaridade refere-se 
ao modelo de aplicação, ao método como essas 
disciplinas se aplicam ou se realizam.
Também não é uma justaposição, nem uma 
suma de saberes em cadeia, nem um conglome-
rado de atuações grupais. A interdisciplinaridade 
é uma forma de conhecimento aplicado que se 
produz na intersecção dos saberes. É, portanto, 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
276
uma forma de entender e abordar um fenômeno 
ou uma problemática determinada.
A interdisciplinaridade é atualmente um dos 
problemas teóricos e práticos mais essenciais 
para o progresso da ciência. O conceito de uni-
dade interna dos diversos ramos do saber e o 
de suas relações recíprocas ocupam um lugar 
cada vez maior nas análises filosóficas, meto-
dológicas e sociológicas. 
No campo da ciência consiste em certa razão 
de unidade das ações e relações recíprocas, de 
interpenetrações entre as chamadas disciplinas 
científicas.
Esse modelo de trabalho supõe uma abertura 
recíproca, uma comunicação fecunda entre os 
distintos campos do conhecimento, sem tota-
litarismo ou imposições, nem reducionismos 
que contraria a própria complexidade de todo 
o campo científico.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
277
Sobre a interdisciplinaridade podemos afirmar que:
• É um produto derivado do desenvolvimento 
científico técnico e social.
• Não é a soma de saberes em uma cadeia, nem 
a justaposição ou conglomerado de atuações, 
senão a interação e intersecção dos conheci-
mentos na produção de um novo saber.
• Para realizar um trabalho interdisciplinar não 
precisa estar em uma mesma equipe, nem de-
pender da mesma administração. Consiste em 
confluir e trabalhar as intervenções dos distin-
tos profissionais ou campos do saber sobre o 
caso concreto, a situação concreta e sobre a 
realidade em questão, seja individual, social, 
familiar, institucional etc.
• Supõe articular-se sobre uma problemática con-
creta e determinada, em um intercâmbio de dis-
ciplinas com abertura ao saber e ao campo de co-
nhecimento e de aplicação de cada ciência, sem 
totalitarismos, reducionismos ou imposições.
• Tem claros os limites do saber de cada um e res-
peita os campos do conhecimento dos demais. 
Fonte: a autora.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
278
Tal perspectiva de atuação não leva à diluição 
das identidades e competências de cada profis-
são, ao contrário, exige maior explicitação das 
áreas disciplinares no sentido de convergirem 
para a execução de projetos a serem assumidos 
coletivamente. Para tanto, o trabalho multi/
interdisciplinar se torna fundamental e estraté-
gico, bem como a ampliação do arco de alianças 
em torno de pautas e projetos comuns.
Ao escolher uma profissão que tem como obje-
to-sujeito de intervenção o ser humano, isso nos 
leva, em muitos momentos, a nos encontrarmos 
interatuando com outros profissionais que têm este 
mesmo objeto-sujeito de intervenção. A excessiva 
especialidade que se tem desenvolvido durante o 
último século nos tem levado a intervir em uma 
pequena parte do ser humano, e se perdeu de vista 
o ser humano como um todo integral. 
Cada uma das partes que o compõem é indispen-
sável para que outras funcionem e para que exista o 
todo, chamado ser humano, é dizer que cada parte 
interdependente influencia e determina o todo.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
279
Essa situação nos leva a pensar que essa exces-
siva especialidade pode limitar a compreensão 
do problema, a busca de soluções e o exercício 
profissional.
É por essa razão que, na atualidade, se consi-
dera necessário transcender os estudos, análises 
e intervenções de fatos concretos de apenas uma 
profissão e especialidade, e se propõe como 
estratégia o trabalho em equipe interdisciplinar.
MULTIDISCIPLINARIDADE
Disciplinas que trabalham simultaneamente so-
bre um mesmo problema, mas sem cruzamen-
tos disciplinares.
Cada especialista responde por sua ciência ou 
profissão.
INTERDISCIPLINARIDADE
Quando um especialista de determinada ciên-
cia conta com a colaboração de outras. 
Fonte: as autoras.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
280
Diante do exposto, passamos a considerar o 
trabalho interdisciplinar como um processo de 
construção de conhecimento, com uma mesma 
unidade de análises. Todo esse esforço levará à 
formulação de um marco comum, de conceitos 
e metodologia que integram uma nova unidade 
de análises comuns para todos.
Para alcançar esse esforço, é necessário o 
intercâmbio científico permanente e o desenvol-
vimento de uma atitude investigativa, buscando 
não somente as manifestações do problema, 
senão também suas causas, para descobrir alter-
nativas preventivas.
Manter essa atitude científica constante per-
mite superar o ativismo, e impede o repetir de 
teorias sem uma reflexão crítica por meio da 
luz da prática.
Incorporar a interdisciplinaridade como 
estratégia de trabalho permite vincular a teo-
ria à prática, a racionalização de recursos e a 
abordagem do problema de intervenção de uma 
maneira integral, a qual se ganha somente com 
uma ação deliberativa permanente.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
281
As equipes interdisciplinares se constroem na 
prática e a discussão e a análise constante são os 
instrumentos básicos permanentes. Portanto, 
uma equipe interdisciplinar requer um processo 
coletivo, onde os indivíduos se reúnem com 
uma atividade receptiva e flexível, apontando 
seus conhecimentos pessoais, habilidades, ide-
ais, assim como suas motivações e experiências.
Uma equipe interdisciplinar nunca perma-
nece estática, assume diferentes características 
frente a diversas situações e tarefas. Um esforço 
constante e permanente de desenvolver um tra-
balho em equipe leva a um enfrentamento de 
situações de diferentes índoles que se apresen-
tam dependendo da conformação das equipes, 
assim como das características pessoais e pro-
fissionais dos integrantes.
Entre algumas das manifestações que assu-
mem as equipes interdisciplinares, estão:
 ■ Todos fazem de tudo: chega-se a definir 
uma única maneira de intervenção e qual-
quer dos profissionais da equipe ou todos 
no seu conjunto o realizam. Essa situação 
traz sérias consequências para o desen-
volvimento profissional como a perda da 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
282
identidade profissional, pouca utilização da 
formação profissional de cada disciplina, 
falta de claridade do papel ou aporte profis-
sional, falta de profundidade na intervenção, 
perda de espaços profissionais.
 ■ Cada profissional faz o seu trabalho: é 
dizer que cada profissional em separado 
desenvolve seu trabalho e periodicamente se 
reúne para fazer intercâmbio de experiên-
cias ou compartilhar parte da informação.
Então vamos identificar por que tal prática deve 
ser evitada, pois conduz a um comportamento 
que leva a uma série de limitações, tais como 
apresentar um diagnóstico e uma intervenção 
parcializada, aprofundar-se na área profissional, 
mas deixar de lado as outras partes do todo etc.
Para superar as tendências anteriores e receber 
um equilíbrio entre os dois pontos, o trabalho 
em equipe deve partir de análises constantes da 
realidade e de seu objeto de intervenção. 
Assim, apontamos ações de como integrar e 
balancear as seguintes formas de intervenção:
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
283
 ■ Ações comuns, que podem ser assumidas 
indistintamente pelos profissionais das 
diferentes disciplinas.
 ■ Ações específicas que devem ser assumidas 
por um profissional determinado.
Em relação ao Serviço Social, identificamos 
algumas das limitações que se enfrentam no 
cotidiano profissional:
 ■ A pouca informação do papel do assistente 
social.
 ■ A ideia que ainda permeia diversosmeios 
de trabalho, o “assistencialismo”.
 ■ A excessiva preocupação em justificar a 
existência da profissão etc.
Por outro lado, vamos elencar e destacar algumas 
das potencialidades que possuem os assisten-
tes sociais, e que têm permitido ter um papel 
importante na construção de equipes interdis-
ciplinares. Alguns exemplos são:
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
284
 ■ Capacidade organizativa;
 ■ Visão integral das diferentes situações 
sociais;
 ■ Capacidade de liderança;
 ■ Compromisso social;
 ■ Solidariedade;
 ■ Habilidade no trabalho de grupos.
Esses pontos fortes têm permitido aos assis-
tentes sociais desempenhar um trabalho gestor 
nas diferentes equipes nas quais participam e 
se tem ganhado o respeito e reconhecimento 
de outros profissionais, que têm visto o assis-
tente social como um elemento indispensável 
em uma equipe interdisciplinar.
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
285
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da quinta unidade do livro, 
de forma que podemos entender as atribuições 
e particularidades do exercício profissional.
Vimos quais são as atribuições privativas do 
assistente social, tomando como referência a Lei 
8.662, de 07 de junho de 1993, que dispõe sobre 
a profissão de assistente social e estabelece sua 
regulamentação, e determina, no artigo 4º, as 
competências do assistente social e, no artigo 
5º, as atribuições privativas à profissão.
Também pudemos distinguir assessoria e con-
sultoria, na qual consultoria provém da ideia de 
consultar, que significa pedir opinião, e por sua vez, 
assessoria é mais pontual, dirigindo a ideia de assistir.
Constatamos que a supervisão, na área do 
Serviço Social, remete à ideia de “olhar por 
cima”, “ver sobre”, e se faz de grande valia para 
o intercâmbio entre prática-ensino.
Vimos que a interdisciplinaridade não é uma 
justaposição, nem uma suma de saberes em 
cadeia, nem um conglomerado de atuações gru-
pais. Mas sim, uma forma de conhecimento 
aplicado que se produz no encontro entre os 
SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
286
saberes. Esse modelo de trabalho supõe uma 
abertura recíproca, uma comunicação fecunda 
entre os distintos campos do conhecimento, sem 
totalitarismo ou imposições, nem reducionis-
mos que contraia a própria complexidade de 
todo o campo científico.
E, por fim, vimos que as equipes interdisci-
plinares se constroem na prática, e a discussão e 
a análise constante são os instrumentos básicos 
permanentes. Dessa forma, uma equipe inter-
disciplinar requer um processo coletivo, onde 
os indivíduos se reúnem com uma atividade 
receptiva e flexível apontando seus conheci-
mentos pessoais, habilidades, ideais.
1. Torres (2004) faz referência a duas dimen-
sões que se relacionam, fazendo com que o 
exercício profissional aconteça. Identifique 
e explique cada uma.
2. Assessoria é a ação que tem como objetivo 
auxiliar, ajudar, apontar caminhos, sendo o 
assessor o sujeito que propõe ações, junto a 
quem lhe demanda a assessoria, e não aque-
le que opera a ação (MATOS, 2004). Com base 
no autor, defina o que é assessoria.
3. Para discutirmos sobre supervisão, tanto 
em Serviço Social quanto em outras áreas, 
devemos analisá-la a partir de três pontos, 
que são eles: administrativo, educativo e 
operacional.
4. Explique cada um deles.
5. Diferencie a multidisciplinaridade e a inter-
disciplinaridade.
6. Defina assessoria/consultoria.
Prezado (a), segue trecho de um artigo que 
aborda a assessoria no Serviço Social.
Assessoria: processo de trabalho 
doServiço Social
Pode-se analisar a demanda de assessoria ao 
Serviço Social como sendo um processo de tra-
balho à profissão. As assessorias são considera-
das formas indiretas de prestações de serviços 
a órgãos governamentais, não governamen-
tais e empresas privadas, citadas anteriormen-
te, sendo que o profissional responsável pela 
execução desta atividade instrumental, nor-
malmente não tem vínculo empregatício e 
atua como prestador de serviço para a organi-
zação demandatária. 
A assessoria pode ser vista como uma forma 
de acompanhamento e monitoramento de 
uma determinada demanda, junto a um gru-
po ou vários grupos que a executam, em que 
o assessor normalmente não tem vínculo per-
manente com o local da prestação e realização 
do serviço. Normalmente são solicitadas pela 
equipe institucional, que atua diretamente na 
organização ou como em alguns casos pelos 
representantes da gestão. 
As assessorias podem ser consideradas formas 
indiretas de prestações de serviços a órgãos go-
vernamentais, não governamentais e empresas 
privadas, em que o profissional responsável pela 
execução desta atividade instrumental, normal-
mente não tem vínculo empregatício atuando 
como prestador de serviço à organização de-
mandatária. Para a execução de uma assessoria 
faz-se necessário clareza acerca de quais são os 
objetivos pretendidos pelos demandatários da 
organização que a solicita. 
Também é preciso conhecer a organização a 
fim de tornar possível um processo de traba-
lho investigativo e interventivo com retorno 
para a qualificação profissional de todos os 
envolvidos. Para a realização da assessoria, os 
profissionais devem ter como habilidades: ne-
gociação, atualização e aprimoramento teóri-
cos constantes, habilidade com apropriação e 
manejo da informática, iniciativa, espírito de 
liderança, criatividade, bom relacionamento 
interpessoal, da equipe e interdisciplinar em 
permanente desenvolvimento. 
A assessoria no âmbito do Serviço Social pode 
ser considerada uma ferramenta de trabalho 
incipiente. Porém, o Conselho Federal e os 
Conselhos Regionais do Serviço Social consi-
deram-na como um instrumento de trabalho 
profissional, em que o assistente social irá “[...] 
acompanhar processos de trabalho da organi-
zação e / ou de grupos, apontando possibilida-
des, limites, alternativas no projeto pretendi-
do. Deve contribuir para a leitura da realidade, 
o que facilita traçar o planejamento” (CRESS 
10ª Região, 1999, p. 68). 
Porém, a assessoria pode ser considerada, 
apesar da incipiência de sua utilização como 
instrumento ou atividade da categoria pro-
fissional, um novo espaço de intervenção do 
Serviço Social.
Fonte: Goerck e Viccari (2004). 
MATERIAL 
COMPLEMENTAR
Supervisão em Serviço 
Social
Marta A. Feiten Buriolla 
Editora: Cortez
Sinopse: Nesta obra 
fundamental para o estudo da 
supervisão, a autora analisa o conceito de supervisão 
em Serviço Social, de sua gênese até o momento 
atual, bem como o significado da relação entre 
supervisor e supervisionado e a multiplicidade de 
papéis assumidos pelo supervisor.
1. Dimensão interventiva: aquela em que se 
explicita não somente a construção, mas a 
efetivação das ações desenvolvidas pelo as-
sistente social. Compreende intervenção, 
propriamente dita, o conhecimento das 
tendências teórico-metodológicas, a instru-
mentalidade, os instrumentos técnico-ope-
rativos e os do campo das habilidades, os 
componentes éticos e os componentes po-
líticos, o conhecimento das condições obje-
tivas de vida do usuário e o reconhecimento 
da realidade social.
Dimensão investigativa: compreende a 
produção do conhecimento, a elaboração 
de pesquisas e os aspectos analíticos que 
dão suporte, qualificam e garantem a con-
cretização da ação interventiva.
2. É ação desenvolvida por um profissional 
com conhecimentos na área, que toma a 
realidade como objeto de estudo e detém 
uma intenção de alteração da realidade. O 
assessor não é aquele que intervém, mas 
sim aquele que propõe caminhos e estraté-
gias ao profissional ou à equipe que asses-
sora e estes têm autonomia em acatar ou 
não as suas proposições. 
GABARITO
3. Administrativo – a supervisão é considera-
da como o processo pelo qual se estabelece 
um método adequado ao controle de ser-
viços, com vistas ao aperfeiçoamento pro-
fissional. Essa supervisão está ligada a tare-
fas administrativas e à melhorprestação de 
serviços. Para tanto, são acionados mecanis-
mos de controle e de treinamento.
Educativo – aqui, a supervisão está relacio-
nada ao processo educacional, portanto, ao 
ensino e à formação profissional; aos proces-
sos pedagógicos e aos programas de ação 
educacionais. Essa supervisão exige uma sis-
tematização constante da “matéria-prima” 
que vai sendo trabalhada, analisada ao de-
correr do processo ensino-aprendizagem.
Operacional – a supervisão é vista como um 
processo operativo, quando se realiza direta-
mente na área do agir, do fazer profissional. 
Nessa perspectiva, são empregados meios 
didáticos específicos para o alcance das me-
tas desejadas na ação propriamente dita.
GABARITO
4. MULTIDISCIPLINARIDADE
Disciplinas que trabalham simultaneamen-
te sobre um mesmo problema, mas sem 
cruzamentos disciplinares.
Cada especialista responde por sua ciência 
ou profissão.
INTERDISCIPLINARIDADE
Quando um especialista de determinada ci-
ência conta com a colaboração de outras.
5. Ação que é desenvolvida por um profissio-
nal com conhecimentos na área, que toma 
a realidade como objeto de estudo e detém 
uma intenção de alteração da realidade. 
GABARITO
CONCLUSÃO
Olá!
Chegamos ao final do nosso livro! Depois de 
ter conhecido e estudado conteúdos rela-
cionados ao Serviço Social e Formação Pro-
fissional certamente você será capaz de en-
tender e se relacionar com o assunto de um 
jeito diferenciado.
Na Unidade I do livro, abordamos como o Ser-
viço Social se tornou profissão regulamenta-
da por lei, a trajetória histórica, sua relação e 
a influência da Igreja Católica na formação do 
profissional, e como se tornou disciplina no 
campo das ciências humanas e sociais, como 
a profissão produz e reproduz as relações so-
ciais e como o Serviço Social rompeu com o 
sistema conservador e construiu o projeto 
ético político.
Na Unidade II, vimos como se deu o processo de 
ruptura e como isso colaborou para a elabora-
ção do projeto ético-político, conhecemos tam-
bém o início do debate profissional no rompi-
mento com o sistema conservador e os códigos 
de ética conservadores. Abordamos também os 
temas: projeto neoliberal e societário.
CONCLUSÃO
Na Unidade III, analisamos o contexto das 
políticas sociais e o papel do Serviço Social 
nesse contexto, o conceito de questão social, 
as várias formas em que ela se manifesta e 
porque ela é objeto de trabalho do assisten-
te social. Também discutimos sobre o papel 
das políticas sociais no combate às expres-
sões da questão social e como a politica de 
assistência social foi construída no Brasil.
Na Unidade IV, você conheceu os diversos 
campos de atuação do profissional do Serviço 
Social nos dias atuais e sua relação com cada 
um, assim como os desafios que são postos 
à profissão. Compreendeu, também, como é 
a atuação do assistente social nas instituições 
públicas, no terceiro setor e nas empresas.
Já na Unidade V você pode conhecer as particu-
laridades da profissão, bem como as atribuições 
privativas do assistente social e seu trabalho nas 
equipes multi/interdisciplinar. Conheceu, tam-
bém, como é o trabalho de assessoria e consul-
toria e supervisão em Serviço Social.
CONCLUSÃO
Enfim, por meio desta disciplina, pudemos 
trazer um pouco mais de conhecimento sobre 
esse tema que é tão relevante para sua forma-
ção acadêmica e será útil na sua jornada pro-
fissional. Esperamos sinceramente que você 
tenha gostado do conteúdo e que ele motive 
você a ser um profissional de sucesso. 
 Até uma próxima oportunidade!
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	UNIDADE I
	O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO HISTÓRICO DA PROFISSÃO
	Introdução
	Trajetória Histórica do Serviço Social e sua Relação com Igreja e o Estado
	A Influência da Igreja Católica no Processo de Formação Profissional do Assistente Social
	A Institucionalização do Serviço Social no Brasil
	O Serviço Social na Produção e Reprodução das Relações Sociais
	Considerações Finais
	GABARITO
	UNIDADE II
	RUPTURA DO SERVIÇO SOCIAL CONSERVADOR PARA A CONSTRUÇÃO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
	Introdução
	Conservadorismo e Positivismo
	Serviço Social e a Reproduçao das Relações Socias
	Os Códigos de Ética Conservadores
	A Matriz Modernizadora do Serviço Social
	Projetos Societários
	O Projeto Ético-Político do Serviço Social e o Projeto Neoliberal
	Considerações Finais
	GABARITO
	UNIDADE III
	O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
	Introdução
	O Serviço Social no Contexto das Políticas Sociais Face as Expressões da Questão Social
	O Processo Histórico da Participação Popular no Brasil
	Processo Histórico de Construção da Política de Assistência Social no Brasil
	Considerações Finais 
	GABARITO
	UNIDADE IV
	DIFERENTES ESPAÇOS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
	Introdução
	A Ação Interventiva do Assistente Social em Instituições Públicas
	A Ação Interventiva do Assistente Social em Instituições do Terceiro Setor
	A Ação Interventiva do Assistente Social em Instituições Empresariais
	Considerações Finais
	GABARITO
	UNIDADE V
	SERVIÇO SOCIAL E AS PARTICULARIDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
	Introdução
	Atribuições Privativas do Assistente Social
	Assessoria e Consultoria em Serviço Social
	Conceitos e Atribuições do Serviço Social em Equipes Multi/Interdisciplinares
	Considerações Finais
	Referências

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