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DOCÊNCIA EM SAÚDE CONTABILIDADE PARA MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842c Contabilidade para micro e pequenos empresários / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 122p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-255-8 1. Contabilidade gerencial. 2. Microempresários - Contabilidade. 3. Empresas de pequeno porte. I. Portal Educação. II. Título. CDD 658.1511 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4 2 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS ..................................................................... 6 2.1 Aspectos Tributários Relacionados com as Empresas ........................................................ 9 3 A CONTABILIDADE ................................................................................................................. 12 4 RELATÓRIOS CONTÁBEIS ..................................................................................................... 17 4.1 Balanço Patrimonial ................................................................................................................ 17 4.1.1 A Estrutura das Contas do Balanço Patrimonial .................................................................. 21 4.2 Demonstração do Resultado do Exercício ............................................................................ 29 5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS “COMO ESTÁ A SAÚDE DE MINHA EMPRESA?” ....................................................................................................................................... 38 6 FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................... 42 6.1 Análise Horizontal e Vertical .................................................................................................. 42 6.2 Análise de Índices ................................................................................................................... 44 6.3 Análise do Capital de Giro ...................................................................................................... 55 7 ALAVANCAGEM FINANCEIRA ............................................................................................... 59 8 COMO INTERPRETAR EM CONJUNTO OS ÍNDICES? .......................................................... 62 9 DEFINIÇÕES BÁSICAS: CUSTOS E DESPESAS ................................................................... 63 9.1 Margem de Contribuição (Mc) ................................................................................................ 67 10 MÉTODOS DE CUSTEIO .......................................................................................................... 68 10.1 Custeio Variável ou Direto ...................................................................................................... 68 10.2 Custeio por Absorção ............................................................................................................. 69 11 SISTEMA DE ACUMULAÇÃO DOS CUSTOS ......................................................................... 70 12 ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO ................................................................................... 71 3 12.1 Cálculo do Ponto de Equilíbrio para Vários Produtos ......................................................... 76 13 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA ...................................................................................... 79 13.1 Metodologia para Formação do Preço de Venda .................................................................. 79 14 PROJEÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO ................................... 88 14.1 Identificação da Receita no Ponto de Equilíbrio .................................................................. 88 14.2 Análise de Sensibilidade ......................................................................................................... 90 15 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS ................................................................................. 92 16 PLANO DE CONTAS ................................................................................................................ 93 17 LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ................................................................................................. 95 18 CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS ............................................................... 97 18.1 Eventos .................................................................................................................................... 97 19 BALANCETE DE VERIFICAÇÃO ............................................................................................ 106 20 LIVROS CONTÁBEIS .............................................................................................................. 108 21 SISTEMAS DE CONTROLE DO ESTOQUE............................................................................ 110 21.1 Inventário Periódico .............................................................................................................. 111 21.2 Inventário Permanente .......................................................................................................... 113 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 117 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 118 4 1 INTRODUÇÃO A Contabilidade permite traduzir as ações que ocorrem no mundo dos negócios em um conjunto de números. Esses números são apresentados por meio dos relatórios contábeis, dentre eles Balanços Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Todas as empresas devem ter um contador, seja um funcionário contratado pela empresa ou o que acontece com a maioria dos micros e pequenos empresários, a contratação de serviços de um escritório de Contabilidade. Atualmente é fundamental que todos os empresários tenham conhecimento, pelo menos básico sobre a Contabilidade, pois a adequada análise nos Relatórios Contábeis serve de apoio à tomada de decisão. Os relatórios contábeis existem não somente para atender às exigências fiscais e legais, mas como ferramenta de apoio ao processo decisório. A Contabilidade deve estar muito bem organizada, pois assim o empresário pode precaver-se contra uma possível insolvência da empresa. Para o processo decisório, o adequado é a análise nos Relatórios Contábeis, além é claro, considerar-se o feeling do empresário. Santos (2008) afirma que, “apesar de representar quase 98% do total de empresas do País e responder por cerca de 60% dos empregos formais e por 20% do PIB nacional, as micro e pequenas empresas ainda sofrem com o fantasma da mortalidade, antes mesmo destas completarem dois anos de vida”. Dentre os fatores que mais contribuem com essa mortalidade,citam-se: a carga tributária, incapacidade administrativa, falta de escrituração contábil, e falta de planejamento financeiro, tributário e gerencial. Este curso está dividido em quatro módulos e tem como objetivo capacitar os empresários com conhecimentos essenciais de Contabilidade para serem utilizadas quando do processo decisório. O módulo um tem como objetivo geral apresentar a estrutura, bem como a importância dos principais relatórios contábeis. 5 O módulo dois tem como objetivo oferecer ferramentas para que o gestor possa analisar as demonstrações contábeis e tomar conhecimento sobre a saúde da empresa. O módulo três tem como objetivo apresentar a terminologia e a classificação utilizada em custos. Finalmente, o objetivo geral do módulo quatro é apresentar o método utilizado para a operacionalização do processo contábil. 6 2 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS O novo Código Civil (Lei 10406, de 10 de janeiro de 2002) que entrou em vigor em 10 de janeiro de 2003, classifica as sociedades em: Sociedades Personificadas e Sociedades Não Personificadas. A Figura 1 evidencia as formas societárias. Figura 1 - Formas societárias A Sociedade Personificada está dividida em: Sociedade Simples e Sociedade Empresária. Sociedade Personificada é aquela que adquiriu a personalidade jurídica ao efetuar o seu registro no órgão competente, ao contrário das sociedades não personificadas, que não registraram o ato constitutivo no órgão competente. As sociedades simples reúnem pessoas que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística e as cooperativas. Essas são registradas em Cartório. Como exemplo de Sociedade Simples Verne (2003) afirma que: “Uma sociedade de contadores que execute serviço exclusivamente por meio de seus sócios, estará classificada como uma Sociedade Simples. Caso este mesmo escritório contábil contrate outros contadores 7 para execução do objeto social da sociedade, não estaremos mais diante do conceito de sociedade simples, mas sim no de uma Sociedade Empresária”. As sociedades empresárias exercem atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços e com o objetivo de lucro. A Sociedade Empresária constitui-se, de modo geral, por um dos seguintes tipos societários: sociedade limitada ou sociedade anônima. Na sociedade limitada o capital é dividido em quotas ou cotas, enquanto que na sociedade anônima o capital é dividido em ações, onde cada ação representa uma parte do capital. As sociedades em comum não têm contrato registrado no órgão competente, logo são consideradas sociedades não personificadas, por não estarem juridicamente constituídas como pessoa jurídica. Na verdade, suas atividades são desenvolvidas de maneira informal. Fortes (2003) afirma que “essa informalidade não lhe tira a essência da existência da sociedade, que não é necessariamente o mesmo que pessoa jurídica”. É o tipo de sociedade não recomendada, pois a mesma fere a legislação por não estar devidamente registrada. O novo Código Civil, no artigo 967, determina que seja obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de suas atividades. Salienta-se que, de modo geral, no Brasil, as empresas desenvolvem suas atividades de maneira formal, com o respectivo registro no órgão competente. As sociedades em conta de participação diferenciam-se das sociedades em comum, por estarem dispensadas do arquivamento dos seus atos constitutivos no órgão competente. Essa sociedade não possui patrimônio próprio e nem personalidade jurídica, sendo formada para realizar negócios de curta duração, extinguindo-se após a execução. De acordo com o Código Civil, na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados 8 correspondentes. A joint venture e as representações comerciais são exemplos de sociedades em conta de participação. O Consórcio Simples, onde poderão participar as microempresas e as empresas de pequeno porte, que optaram pelo Simples Nacional, pode ser considerado como um exemplo para sociedades em conta de participação. Conforme o art. 2º do Decreto 6451, de 12 de maio de 2008 – que regulamenta o artigo 56 da Lei Complementar nº 123, o Consórcio Simples não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, cada uma respondendo por suas obrigações, sem presunção de solidariedade, salvo se assim estabelecido entre as consorciadas. O Consórcio Simples pode ser constituído por tempo indeterminado, e ter como objeto a compra ou a venda de bens ou serviços para o mercado nacional e internacional. Destaca-se que o consórcio simples não poderá ser concomitantemente de venda e de compra, salvo no caso de compra de insumos para industrialização, de acordo com o art. 1º do Decreto referido. O quadro a seguir mostra as principais mudanças que ocorreram com as formas societárias em função do Novo Código Civil. Antes e depois do Novo Código Civil Antes do NCC Com o NCC Atividades intelectuais - Sociedade civil Sociedade simples Atividade comercial, industrial – sociedades comerciais Sociedade empresária Comerciante individual – com registro na junta comercial – antigas firmas individuais Empresário (civil e o comercial) – exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços – exerce nome próprio atividade econômica organizada. 9 Prestação de serviços não intelectuais – Sociedades Civis Sociedade empresária 2.1 Aspectos tributários relacionados com as empresas A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, Lei Complementar 123/2006 classifica a Micro Empresa (ME) e a Empresa de Pequeno Porte (EPP), de acordo com a receita bruta. Para os efeitos dessa Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme classificação apresentada a seguir. Classificação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Descrição Microempresas Empresas de Pequeno Porte Receita bruta anual Igual ou inferior a R$ 240.000,00 Superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 Fonte: Lei complementar 123/2006 As microempresas e as empresas de pequeno porte podem ingressar no regime do Simples Nacional, onde podem unificar o recolhimento dos seus impostos. Abrange a participação de todos os entes federados, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios. Abrange os tributos apresentados na Figura 2. São eles: a) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); 10 b) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); c) Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP); d) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); e) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – exceto o incidente na importação; f) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); g) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e h) Contribuição para a Seguridade Social (INSS), a cargo da pessoa jurídica patronal. Tributos abrangidos pelo Simples NacionalO Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE) classifica assim as empresas: Classificação das empresas conforme o número de empregados Porte/Setor Indústria Comércio/Serviços Microempresas Até 19 Até 9 empregados Empresas de pequeno porte De 20 a 99 De 10 a 49 Médias De 100 a 499 De 50 a 99 Grandes 500 ou mais 100 ou mais Fonte: Sebrae 11 É fundamental que os empresários saibam que existem outras modalidades para pagamento dos impostos, que não o Simples Nacional. No que se refere ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social, existe a modalidade de Lucro Presumido, de Lucro Real e o Lucro Arbitrado. É necessário que o empresário tenha o suporte de um profissional de contabilidade, para que se possa fazer uma avaliação da melhor modalidade para pagamento dos impostos, sempre que possível. Caso a opção seja pelo Lucro Presumido, pode acontecer de a empresa estar pagando imposto mesmo que esteja incorrendo em prejuízo, em função de que a base de cálculo para pagamento desses impostos é a receita bruta total. Considera-se como receita bruta total, o produto da venda de bens ou da prestação de serviços, somado aos ganhos de capital e às demais receitas e resultados positivos, dentre elas as receitas financeiras. Salienta-se que a empresa só poderá optar pelo Lucro Presumido, caso não esteja obrigada pela legislação ao pagamento pelo Lucro Real. Esse fato não acontece quando optam pelo Lucro Real, caso em que pagam o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro, com base no lucro. Pois assim, pagam esses impostos apenas se tiverem lucro. É necessário que o empresário tenha uma contabilidade devidamente organizada, que possibilite o cálculo preciso das receitas, dos custos e das despesas. A grande dificuldade encontrada pelos empresários de menor porte para opção pela tributação com base no Lucro Real é que eles geralmente não têm controles internos e muitas vezes não emitem notas fiscais sob a alegação de que assim pagarão menos impostos. Fato esse, que pode ser contraditório e para isso é importante elaborar um planejamento tributário que permita uma análise mais acurada sobre a melhor forma de tributação da empresa. O Lucro Presumido é aplicável pelo contribuinte ou pela autoridade tributária, nos casos em que a empresa deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou do lucro presumido. 12 3 A CONTABILIDADE O Código Civil Brasileiro, em seu art. 1179, destaca que “todas as empresas são obrigadas a manter um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros e em documentação comprobatória”. Destaca-se que o pequeno empresário – o empresário individual, caracterizado como microempresa, que aufira receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais) está desobrigado da escrituração contábil, com base na Lei Complementar 123/2006, em seu artigo 68. A Contabilidade para cumprir o seu papel, recebe dados, processa-os e evidencia a situação patrimonial das entidades, sejam elas, com ou sem fins lucrativos, por meio dos relatórios contábeis. Sendo assim, torna-se muito conveniente conceituá-la como um sistema de informação. Algumas definições de Contabilidade: AUTORES DEFINIÇÃO Fipecafi (2003, p. 48) Contabilidade é objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. D´Auria, apud D´Amore (1967, p. 50) Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativos aos atos e fatos da administração econômica. Hendriksen, apud Padoveze (2005, p. 4) A Contabilidade é um processo de 13 comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos Observa-se que a Contabilidade é definida pelos autores citados, como sistema de informação, ciência e como um processo de comunicação. Como ciência vale salientar que está enquadrada como Ciência Social, visto que, tem como objetivo principal, evidenciar para a sociedade a situação patrimonial das entidades. Padoveze (2003, p. 45) afirma que: “A Ciência Contábil se traduz naturalmente dentro de um sistema de informação. Poderá ser argüido que fazer um sistema de informação contábil com a Ciência da Contabilidade é um vício de linguagem, já que a própria Contabilidade nasceu sob a arquitetura de um sistema informacional”. A ciência contábil surgiu para gerar informações para controle e tomada de decisão. A Contabilidade vem sendo atualmente chamada também de Controladoria, em função do alargamento do seu campo de atuação, por isso a Controladoria é o atual estágio evolutivo da Contabilidade. Moscove (2002, p. 24) diz que “em muitos aspectos, a contabilidade em si é um sistema de informações. Ela é um processo comunicativo que coleta, armazena, processa e distribui informações para os que precisam delas.” O Sistema de Informação Contábil (SIC) é um sistema de informação que cobre a empresa toda, focalizando os processos de negócio. A visão do SIC como um sistema de informação para a empresa toda considera as ligações entre os sistemas de informações gerenciais e a Contabilidade Financeira. A Contabilidade é o principal produtor e distribuidor de informações da entidade. A Contabilidade tem como funções principais: coletar dados e informações, armazenar, processar e distribuir a informação para os tomadores de decisão. A figura seguinte apresenta essas funções com destaque. 14 Principais funções da Contabilidade O SIC possui dois componentes informacionais básicos: Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial. A Contabilidade Financeira fornece principalmente informações para usuários externos. Dentre os usuários de informações financeiras incluem-se investidores atuais e potenciais, órgãos fiscais federais e estaduais, credores, sindicatos, instituições financeiras, dentre outros. Ainda que a Contabilidade Financeira forneça informações para os usuários externos, muitas pessoas dentro de uma entidade, como por exemplo, os gerentes, também as usam para planejar, tomar decisões e controlar a empresa. Desse modo, um gerente encarregado de determinada departamento estaria interessado na lucratividade desse segmento da entidade. Gerentes podem usar as informações sobre a lucratividade para tomar decisões quanto a investimentos futuros. A comparação entre a lucratividade passada e a lucratividade atual da empresa pode ajudar a controlar melhor as despesas. O componente formado pela Contabilidade Gerencial de um SIC tem como principal objetivo fornecer informações relevantes para os gerentes de uma empresa. A Contabilidade Gerencial pode ser formada pela Contabilidade de Custos, orçamento e estudos de sistemas, que são os três componentes do sistema gerencial de uma empresa. A Contabilidade Gerencial nasceu da necessidade do empresário em explorar mais os dados constantes em seu Sistema de Contabilidade, por isso fornece principalmente informações para os usuários internos. 15 Carlberg (2003, p. 4) afirma que “para usar as informações contábeis para a tomada rotineira de decisão, não é preciso explorar em profundidade as nuanças e os detalhes técnicos da profissão da contabilidade”. O importante é entender essas informações o suficiente para usá- las rotineiramente. Os dois componentes do Sistema de Contabilidade fazem parte de um todo, que é a ciência contábil. Os componentes da Contabilidade Gerencial e Financeira não são mutuamente exclusivos; isto é, as informações do componente de ContabilidadeFinanceira são utilizadas dentro do componente de Contabilidade Gerencial e vice-versa. Componentes informacionais da Contabilidade O cerne do SIC é o subsistema de Contabilidade Financeira, que tem como pano de fundo as necessidades legais, societárias e fiscais. O componente do SIC – Contabilidade Gerencial é um que pode ser operacionalizado a partir do subsistema de Contabilidade Financeira. Componentes informacionais de um SIC Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Relatórios Relatórios Usuários externos Usuários internos 16 Geralmente, os micros e pequenos empresários deixam de explorar a Contabilidade Gerencial, pois se preocupam mais com a Contabilidade Financeira, ou seja, aquela necessária para atender o fisco. 17 4 RELATÓRIOS CONTÁBEIS Os relatórios que podem ser gerados pela Contabilidade Financeira para o atendimento informacional dos usuários externos são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, Demonstração do Fluxo de Caixa. A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica (NBC T 19.13), emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade, destaca que “as microempresas e as empresas de pequeno porte devem elaborar, ao final de cada exercício social, o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado (DRE)”. Portanto, as demais demonstrações mencionadas anteriormente são facultativas; em função disso o foco deste curso será no BP e na DRE. O BP e a DRE devem ser transcritos no Livro Diário da empresa, ao término do exercício social, e ao final ser assinado pelo contabilista e pelo empresário. 4.1 Balanço Patimonial O Patrimônio das entidades é evidenciado por meio do Balanço Patrimonial. O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade. O Patrimônio Líquido constitui-se na diferença entre o Ativo e as obrigações da empresa. 18 A tabela a seguir apresenta um exemplo de cálculo do Patrimônio Líquido. Supondo-se que a empresa possua bens e direitos no valor total de $ 168.600 e que suas obrigações totalizem $ 38.000, o patrimônio líquido será a diferença entre os ativos e as obrigações, o que equivale a um Patrimônio Líquido de $ 130.600. Exemplo de cálculo do Patrimônio Líquido Descrição Valor em $ A – Relação de bens e direitos Terreno 40.000 Carro 20.000 Aplicações financeiras 5.000 Dinheiro em caixa 600 Edifício 100.000 Contas a receber 3.000 Total (bens+direitos) 168.600 B - Relação de dívidas (obrigações) Financiamento do carro 8.000 Contas a pagar 30.000 Total obrigações 38.000 C – PATRIMÔNIO LÍQUIDO (A – B) 130.600 A próxima tabela evidencia um exemplo de Patrimônio para uma empresa, compondo- se o Ativo por bens e direitos, bem como o Passivo por obrigações e pelo Patrimônio Líquido. 19 Exemplo de estrutura do Patrimônio ATIVO PASSIVO Descrição Valor (em $) Descrição Valor (em $) Terreno 40.000 Financiamento do carro 8.000 Carro 20.000 Contas a pagar 30.000 Aplicações financeiras 5.000 Dinheiro em caixa 600 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 130.600 Edifício 100.000 Contas a receber 3.000 TOTAL ATIVO 168.600 TOTAL DO PASSIVO 168.600 Diante disso, pode-se visualizar a equação fundamental da Contabilidade: Ou O Balanço Patrimonial (BP) resume a posição financeira de uma entidade no final de determinado período. Esse período pode ser um mês, um trimestre ou um ano, de acordo com a necessidade da empresa ou conforme exigência legal. O BP é formado por dois grandes grupos que são: Ativo e Passivo. BENS + DIREITOS = OBRIGAÇÕES + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO = PASSIVO 20 O Ativo é composto por todos os bens e direitos da empresa, desde que sejam: de propriedade da empresa (com exceção do leasing ou arrendamento mercantil), avaliáveis em dinheiro e que representem benefícios presentes ou futuros para a empresa. No caso do leasing, a empresa tem a posse do bem e não possui a propriedade, mesmo assim, atualmente a determinação legal é que o contabilize no Ativo da empresa. Exemplo de contas que fazem parte do Ativo e Passivo para uma empresa. Figura 6 – Exemplo de contas de Ativo e Passivo Figura 6-ativo e passivo No Ativo as contas devem ser apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez. Assim são apresentadas, em primeiro lugar, as contas que representem o dinheiro da empresa e depois aquelas que tenham maior possibilidade de se transformar em dinheiro para a empresa. Por isso, geralmente aparecem no Balanço, como contas de Ativo, as contas Caixa, Bancos, Duplicatas a receber e Estoques. O Passivo é composto pelas obrigações contraídas perante terceiros, como as dívidas com os fornecedores, com instituições financeiras, com o governo, com os funcionários da empresa, dentre outras. 21 O Patrimônio Líquido corresponde aos recursos próprios da entidade, ou seja, ao recurso entregue pelos proprietários ou sócios para a formação da entidade. Esses recursos entregues pelos sócios estão sujeitos aos acréscimos e reduções, conforme a empresa venha a incorrer em lucros ou prejuízos durante o período correspondente. O Passivo evidencia a origem dos recursos e o Ativo evidencia a aplicação desses recursos. A empresa pode obter recursos por meio dos sócios, ou por meio de terceiros, instituições financeiras, por exemplo. As origens e as aplicações dos recursos 4.1.1 A estrutura das contas do balanço patrimonial O BP de acordo com as determinações da Lei 6404 está dividido nos seguintes grupos e subgrupos de contas, conforme apresentado na figura 8. 22 A Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, é a Lei das Sociedades Anônimas, mas regulamenta normas para todas as empresas, inclusive para as sociedades limitadas. Essa lei recentemente recebeu alterações, por meio da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007. BALANÇO PATRIMONIAL – ESTRUTURA ATIVO PASSIVO ATIVO CIRCULANTE (AC) PASSIVO CIRCULANTE (PC) REALIZÁVEL A LONGO PRAZO (ARLP) P. EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (PELP) ATIVO PERMANENTE (AP) RES. DE EXERCÍCIOS FUTUROS (REF) PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) Fonte: Lei 6404, de 15/12/76 ATIVO CIRCULANTE O Ativo Circulante evidencia as disponibilidades da empresa, os direitos realizáveis no curso do exercício social e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. Ou seja, corresponde a todos os valores que poderão ser convertidos em moeda, dentro do prazo de um ano (a contar da data do Balanço). A Figura 9 mostra a composição do Ativo Circulante. Quando na empresa, o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou no longo prazo terá como base esse ciclo. Segundo Marion (1998, p. 47) “entende-se como ciclo operacional o período de tempo que uma indústria, por exemplo, leva para produzir seu estoque, vendê-lo e receber as duplicatas geradas na venda, entrando em caixa”. 23 Dessa forma, para a classificação das contas tanto de ativo como de passivo em Circulante ou Longo Prazo, é essencial verificar o ciclo operacional da empresa. Um supermercado, por exemplo, tem em média um ciclo operacional que varia entre 30 a 60 dias. Sendo assim, a regra geral para essa classificação é considerar-se circulante o período de doze meses ou o Ciclo Operacional, valendo o maior. O Exercício Social corresponde ao período de tempo, geralmente de um ano, coincidente como o ano civil, durante o qual se processam asatividades operacionais da empresa. Disponibilidades As disponibilidades são representadas pelos recursos financeiros com disponibilidade imediata para a empresa, exemplo as contas, caixa e os recursos financeiros que a empresa tem depositado nos bancos. Direitos realizáveis no curso do exercício social Os direitos realizáveis no curso do exercício social podem ser representados pelas duplicatas a receber, que a empresa tenha de seus clientes, demais contas a receber, adiantamentos a empregados ou fornecedores, dentre outras. Além disso, os estoques em Composição do Ativo Circulante 24 mercadorias para revenda, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas e também, pelas aplicações financeiras, que não sejam de liquidez imediata. Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte Neste item serão registradas as despesas que irão beneficiar exercícios futuros da empresa. São exemplos as despesas pagas antecipadamente; as mais comuns são despesas de seguros, aluguéis, juros. ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Neste subgrupo do Ativo são registrados os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. São exemplos, as contas a receber que tiverem vencimento a longo prazo, geralmente com vencimento superior a um ano. ATIVO PERMANENTE No Ativo Permanente estão aplicados os recursos em caráter permanente; sendo assim, não se destinam à venda. O Ativo Permanente está dividido em Investimentos, Imobilizado, Intangível e Diferido. Investimentos 25 Os investimentos são representados pelas aplicações em outras empresas e em bens destinados a produzir renda. São exemplos: as participações em outras empresas e os bens destinados à renda, como imóveis. Imobilizado Com a nova redação dada para a Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976, exige-se que as empresas registrem em seu sistema de contabilidade os bens de terceiros que possam lhes trazer riscos ou benefícios. O artigo 179 da referida lei, destaca que: “Devem ser contabilizados na conta do ativo imobilizado, os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou exercidos com esta finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia, os benefícios, riscos e controle destes bens”. Sendo assim, este grupo pode ser representado pelas seguintes contas: máquinas de uso da empresa, móveis e utensílios, veículos utilizados nas atividades operacionais. É importante salientar que as depreciações e os gastos com a manutenção de bens podem ser dedutíveis para fins de pagamento de impostos, desde que a opção de pagamento do imposto de renda e da contribuição social, seja o lucro real. Para que se calcule a depreciação é necessário um bom controle do Ativo Imobilizado da empresa. Intangível Neste subgrupo do Ativo são apresentados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa. São exemplos: fundo de comércio adquirido, registro de marcas e patentes. 26 Diferido O Diferido corresponde às despesas pré-operacionais e aos gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social e que não configurem tão-somente uma redução de custos ou acréscimo na eficiência operacional. São exemplos: despesas de reorganização, despesas com pesquisa, despesas pré- operacionais. Essas despesas devem ser amortizadas. PASSIVO CIRCULANTE No passivo circulante encontramos as obrigações que geralmente são pagas dentro de um ano. Dentre elas: dívidas com fornecedores, contas a pagar de modo geral (energia elétrica, telefone, salários, encargos trabalhistas), empréstimos e financiamentos, impostos. PASSIVO EXIGÍVEL DE LONGO PRAZO Neste subgrupo do Passivo estão as dívidas (obrigações) com vencimento em um ano, a contar da data do último balanço. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS Neste subgrupo do passivo são evidenciadas as receitas recebidas antecipadamente, diminuídas dos custos e despesas respectivos. Por exemplo, aluguéis recebidos antecipadamente, desde que não haja nenhuma perspectiva de devolução do valor recebido. 27 PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Patrimônio Líquido é formado principalmente pelo Capital investido pelos sócios da empresa, com os lucros e/ou prejuízos acumulados. Dessa forma, ele é conhecido como o capital próprio. Interessante observar-se que na estrutura do Patrimônio Líquido não aparecem os lucros, e somente prejuízos acumulados. A A redação atual da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, eliminou a possibilidade de existência de saldo positivo na conta lucros acumulados, no encerramento do exercício social. Eventual saldo positivo remanescente na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados deve ser destinado para a conta Reserva de Lucros, nos termos dos artigos 194 a 197 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, ou distribuído como dividendo, no caso das sociedades anônimas. Sendo assim, todo o lucro líquido do exercício acaba tendo destinação legal. Subdivisão do Patrimônio Líquido Fonte: Lei nº 6404 de 15 de dezembro de 1976 28 A demonstração da movimentação da conta lucros acumulados deve ser apresentada de forma isolada ou, no caso das companhias abertas, como parte da Demonstração das Mutações de Patrimônio Líquido. Entretanto, a conta referida, passou a ter natureza absolutamente transitória, e será utilizada para servir de contrapartida às reversões das reservas de lucros e às destinações de lucro. A Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 19.13, emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade, dispõe sobre a escrituração simplificada de micros e pequenas empresas. A norma referida aplica-se à entidade definida como empresário e sociedade empresária enquadrada como microempresa ou empresa de pequeno porte. Essa norma apresenta um modelo de Plano de Contas simplificado, com requisitos mínimos para as microempresas e empresas de pequeno porte. Salienta-se que, quando da elaboração do Plano de Contas, devem-se levar em conta as especificidades, porte e natureza, bem como as necessidades informacionais da empresa. Destaca-se que as microempresas e as empresas de pequeno porte podem adotar a escrituração contábil simplificada, porém isso não as desobriga de manter uma escrituração contábil uniforme dos seus atos e fatos administrativos que provocaram ou possam vir a provocar alteração do seu patrimônio. De acordo com a norma referida, o Patrimônio Líquido pode ser composto pelas contas apresentadas na figura a seguir: 29 4.2 Demonstração de Resultado do Exercício É uma poderosa demonstração para a tomada de decisão. Ela evidencia o fluxo de dinheiro e a relação entre as receitas, custos e despesas ao longo de um período de tempo. Ela nos mostra quanto de dinheiro foi ganho no período, e o quanto foi gasto em termos de despesas e custos em um determinado período. O resultado do período pode ser visualizado por meio do Regime de Caixa e pelo Regime de Competência. Supondo-se que uma empresa teve uma receita com a venda de mercadorias no valor de $ 200.000 no mês, sendo que apenas 30% foram recebidos nesse mesmo mês, os custos e despesas desse mês totalizaram $ 160.000, sendo que, desse total somente foram pagos 70%. A Tabela abaixo evidencia os resultados obtidos pelos regimes de caixa e de competência. Composição do Patrimônio Líquido 30 Comparação de resultados entre Regime de caixa e de competência Descrição Regime de caixa Regime de competência Receita com vendas $ 60.000 $ 200.000 ( - ) custos e despesas ( $ 112.000) $ 160.000 ( = ) Resultado ( $ 52.000) $ 40.000 Pelo regime decaixa, confrontam-se na demonstração do resultado do período, as receitas efetivamente recebidas com as despesas efetivamente pagas. Pelo Regime de Caixa, a empresa registra a receita quando o dinheiro é recebido e os custos ou as despesas quando o dinheiro é gasto. Conforme o exemplo apresentado, pelo Regime de Caixa, a empresa obteria um prejuízo de $ 52.000, enquanto que pelo Regime de Competência a empresa obteria um lucro de $ 40.000. Pelo regime de competência confrontam-se as receitas efetivamente incorridas no período, com as despesas também efetivamente incorridas, independentemente do recebimento, bem como do pagamento dos custos e despesas. Por esse regime, a receita não é igual ao dinheiro recebido, e a despesa não é igual ao dinheiro gasto. As empresas devem escriturar contabilmente suas receitas, despesas e custos com base no regime de competência. O Regime de Caixa pode ser utilizado para fins gerenciais. A Contabilidade pelo regime de competência (accrual accounting) envolve duas etapas: a) identificação da receita para determinado período; b) identificação dos custos e despesas associados àquela receita. De acordo com a Lei nº 6.404, Lei das Sociedades Anônimas, que dispõe sobre normas não somente para as sociedades anônimas como também para as demais sociedades, a Demonstração do Resultado do Exercício pode ser formada pelas contas, conforme apresentadas a seguir. 31 Demonstração do Resultado do Exercício Receita bruta das vendas e serviços Deduções de vendas, abatimentos, impostos Receita líquida das vendas e serviços Custo das mercadorias e serviços vendidos Lucro bruto Despesas com vendas Despesas financeiras deduzidas das receitas Despesas gerais e administrativas Outras despesas operacionais Lucro ou prejuízo operacional Receitas e despesas não operacionais Resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda Provisão para o imposto Participação de debêntures, de empregados e administradores e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados Lucro ou prejuízo líquido do exercício Fonte: Lei nº 6.404 A seguir, apresentam-se conceitos fundamentais para um melhor entendimento sobre as contas evidenciadas no modelo da Demonstração do Resultado do Exercício. Receitas: A Receita é todo recurso financeiro que a empresa recebe ou vai receber. As receitas decorrem da prestação de serviços, da venda de mercadorias ou de produtos. As receitas podem decorrer de aplicações financeiras, e assim recebem a denominação de receitas financeiras. Custos: Os custos constituem-se pelo valor gasto para produzir determinado bem, quando da atividade industrial. Exemplos: materiais aplicados na produção, valor gasto com a mão-de-obra, a depreciação das máquinas utilizadas na produção, dentre outros. O custo pode ser visualizado na atividade comercial, calculando-se todo o valor gasto para adquirir o bem, ou a mercadoria que será vendida pela empresa. Desse modo podem-se considerar os valores pagos ao fornecedor, os valores gastos com o frete e seguros 32 provenientes dessas mercadorias. Além disso, os impostos que a empresa não possa recuperar também podem ser classificados como custos. Para a prestadora de serviços, consideram-se todos os gastos aplicados para prestar os serviços. Despesas: As despesas, de modo geral, são os gastos aplicados para vender os produtos, mercadorias e/ou serviços oferecidos pela empresa. Esses podem ser as despesas para vender os produtos como as despesas com a comissão e salário dos vendedores. As despesas podem ser também classificadas como administrativas, o salário e encargos sobre a folha de pagamento. A depreciação pode ser classificada tanto como custo ou como despesa. Ela consiste no reconhecimento, por meio do registro contábil, do desgaste ocorrido nos bens materiais da empresa, classificados no Ativo Imobilizado. Esse desgaste pode ocorrer nos veículos, máquinas, equipamentos de informática da empresa, dentre outros. A depreciação possibilita à empresa, optante pelo pagamento do imposto de renda pelo Lucro Real, considerar como custo ou despesa o valor da depreciação, e melhor ajustar o seu resultado do período. Para outras formas de tributação, também é interessante registrar a depreciação dos bens. Quando a empresa registra o valor da depreciação pode melhor conhecer os seus custos e/ou despesas. De modo geral, micros e pequenas empresas, quando optantes pelo Simples, deixam de registrar a depreciação; dessa forma, deixam de saber o custo ou despesa da empresa e porventura deixam de conhecer o seu lucro ou o resultado do período. Classificação das despesas 33 Depreciação do Ativo Imobilizado: A depreciação pode ser visualizada no BP e na DRE da empresa. No BP aparece como depreciação acumulada e na DRE pode aparecer como custo ou despesa do período. A depreciação considerada como custo decorre do desgaste ocorrido nos bens utilizados na produção, enquanto que, a depreciação considerada como despesa decorre do desgaste ocorrido nos bens não relacionados com a produção. A depreciação acumulada aparece no Balanço Patrimonial da empresa conforme evidenciado na figura ao lado. A depreciação é feita com base no custo de aquisição e no prazo estimado de vida útil dos bens, a partir do momento em que eles forem instalados ou postos em serviço. Pode ser feita até que o valor acumulado da depreciação atinja 100% do valor do custo de aquisição. Na DRE da tabela a seguir, pode-se visualizar a depreciação sendo considerada como custo ou despesa. ATIVO PERMANENTE Investimentos Imobilizado Móveis e utensílios Máquinas e equipamentos Veículos ( - ) Depreciação acumulada Diferido Intangível 34 Apresentação da depreciação na DRE Taxas de depreciação: A taxa anual de depreciação é fixada em função da vida útil do bem, ou seja, do prazo de utilização pela empresa, levando-se em conta o período em que ele pode proporcionar a geração de benefícios. A taxa de depreciação aplicável a cada caso é obtida Demonstração do Resultado do Exercício Receita bruta com vendas 1.000 ( - ) Impostos sore vendas 120 ( = ) Receita líquida com vendas 880 ( - ) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) 450 Matéria-prima 120 Mão-de-obra direta 180 CIF ( ex: depreciação, mão-de-obra indireta) 150 ( = ) Lucro Bruto 430 ( - ) Despesas Operacionais 310 Despesas com vendas (ex: depreciação) 180 Despesas Administrativas (ex: depreciação) 80 Despesas Financeiras (Resultado Financeiro) 50 ( = ) Lucro Operacional 120 ( - ) Despesa não-operacional 10 ( + ) Receita não-operacional 20 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda 130 ( - ) Provisão para o I.R e CSLL 40 ( = ) Lucro Líquido 90 35 mediante a divisão de 100% pelo prazo de vida útil, em meses, trimestres ou em anos. Assim, apura-se a taxa mensal, trimestral ou anual a ser utilizada. As taxas de depreciação são fixadas por meio de Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal (SRF). Caso a empresa pretenda utilizar taxas diferenciadas de depreciação poderá utilizar, desde que, para fins gerenciais. Algumas taxas de depreciação Descrição do bem Taxa anual Anos de vida útil Veículos automóveis para transporte de mercadoria 25% 4 Computadores periféricos (hardware) 20% 5 Veículos de passageiros 20% 5 Fonte: Adaptado da Instrução Normativa SRF nº 162 Apresenta-se como exemplo para cálculo da depreciação o caso de um veículo adquirido pela empresa, no ano de X1, pelo valor de $ 30.000. Supondo-se que esse veículo seja utilizado para realizar a entrega dos produtos vendidos pela empresa, a depreciação é considerada como despesa para a empresavender, ou seja, despesa com vendas. O custo de aquisição do veículo é de $ 30.000, e a taxa de depreciação é de 25% ao ano. 36 Exemplo de cálculo da depreciação DESCRIÇÃO ANO X1 ANO X2 ANO X3 ANO X4 VEÍCULO 30.000 30.000 30.000 30.000 DEP. ACUMULADA 7500 15.000 22.500 30.000 VALOR CONTÁBIL 22.500 15.000 7.500 0 Conforme o exemplo apresentado o veículo, ao término de sua vida útil, apresentará um valor contábil de zero. Nesse caso, calculou-se a depreciação pelo Método Linear. Esse método é aceito pela legislação do Imposto de Renda. Existem outros métodos de depreciação que não serão abordados neste curso. Destaca-se que neste exemplo, a contrapartida do valor da depreciação apareceria na DRE como depreciação, no campo de despesas com vendas da empresa. O resultado do exercício da empresa é evidenciado por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Esse resultado irá compor o Patrimônio Líquido da empresa. 37 Exemplo de composição do Patrimônio Líquido É fundamental a distinção entre custos e despesas para que se possa desenvolver um bom sistema de contabilidade gerencial; além disso, para o cumprimento de obrigações tributárias e societárias. Finalmente, vale ressaltar ainda, que são parte integrante dos demonstrativos contábeis, as notas explicativas, e outros quadros analíticos e informações suplementares. Essas são originadas dos demonstrativos contábeis, porém não são obrigatórias para micros e pequenas empresas. As notas explicativas podem conter informações financeiras sobre as divisões de negócios, taxas de juros das obrigações de longo prazo, dentre outras. 38 5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - “COMO ESTÁ A SAÚDE DE MINHA EMPRESA?” Este módulo do curso tem como objetivo oferecer ferramentas para que o gestor possa analisar as demonstrações contábeis e tomar conhecimento sobre a saúde de sua empresa. As demonstrações contábeis que servirão como fonte de informação são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Com base nisso, o gestor pode obter subsídios para o processo decisório, ou seja, é possível o gestor transformar dados obtidos por meio dos relatórios contábeis e transformá-los em informações úteis para o processo decisório. As informações obtidas por meio da análise das demonstrações contábeis podem ser utilizadas para melhorar o desempenho das empresas. Além disso, Salazar e Benedicto (2004, p. 248) afirmam que a “análise das demonstrações financeiras pode ser usada para: prever como as decisões estratégicas ou a expansão das atividades econômicas de uma empresa são capazes de afetar os desempenhos financeiros futuros”. As demonstrações financeiras, como o BP e a DRE, serão chamadas neste curso, de demonstrações contábeis. As informações obtidas por meio da análise das demonstrações contábeis podem ser utilizadas pelos gestores para melhorar e avaliar o desempenho das atividades operacionais desenvolvidas pela empresa. Além disso, a análise oferece informações visando comparar o desempenho da empresa com o desempenho de outras do mesmo setor de atividade, avaliar tendências nas operações de longo prazo. Auxilia o gestor no processo de identificação dos pontos fracos, para que ele possa então empreender ações para melhorar cada vez mais o desempenho. A análise das demonstrações contábeis tem auxiliado os gestores de crédito na tarefa de decidir se vale a pena ou não conceder créditos a seus clientes. 39 Todas as demonstrações contábeis podem ser analisadas, mas maior ênfase é dada para o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Para este módulo, no intuito de melhor exemplificar as ferramentas utilizadas para análise das Demonstrações Contábeis, toma-se como base um Balanço e uma DRE de uma empresa fictícia. O BP está apresentado na Tabela 1, enquanto que a DRE está apresentada na Tabela 2. A Tabela 1 apresenta um exemplo de Balanço Patrimonial com os resultados de uma empresa hipotética, obtidos nos anos X1 e X2. Ao passo que a Tabela 2 evidencia a DRE, com os resultados obtidos pela mesma empresa também nos anos X1 e X2. De posse desses dados, é possível aplicar as ferramentas de Análise das Demonstrações Contábeis e verificar como está a saúde da empresa. Sendo assim, nos próximos tópicos serão apresentados os indicadores e serão feitas algumas simulações. 40 Tabela 1 – Balanço Patrimonial de uma empresa hipotética ATIVO 31.12.x1 31.12.x2 ATIVO CIRCULANTE Caixa $253.000,00 $245.641,00 Clientes $614.923,68 $614.923,68 Bancos conta movimento $188.912,00 $879.303,80 Aplicações financeiras $338.129,32 $338.129,32 Estoques $370.593,00 $374.593,00 TOTAL CIRCULANTE $1.765.558,00 $2.452.590,80 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Créditos judiciais $17.263,00 $17.263,00 TOTAL REALIZÁVEL LONGO PRAZO $17.263,00 $17.263,00 ATIVO PERMANENTE Máquinas e equipamentos $17.495,00 $17.495,00 Veículos $47.594,00 $47.594,00 Móveis e utensílios $26.453,00 $26.453,00 Instalações $65.943,00 $65.943,00 Equipamentos de computação $49.867,00 $45.867,00 TOTAL PERMANENTE $207.352,00 $203.352,00 TOTAL ATIVO $1.990.173,00 $2.673.205,80 PASSIVO 31.12.x1 31.12.x2 PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores $55.359,56 $50.000,56 Impostos a recolher $15.847,00 $15.847,00 Salários a pagar $30.242,00 $30.242,00 Empréstimos a pagar $129,00 $129,00 Encargos sociais a recolher $2.645,00 $2.645,00 TOTAL CIRCULANTE $104.222,56 $98.863,56 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Empréstimos de longo prazo $12.000,00 $10.000,00 TOTAL EXIGÍVEL A LONGO PRAZO $12.000,00 $10.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital $154.476,00 $154.476,00 Lucros acumulados $1.719.474,44 $2.409.866,24 TOTAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO $1.873.950,44 $2.564.342,24 TOTAL PASSIVO $1.990.173,00 $2.673.205,80 41 Tabela 2 – DRE de uma empresa hipotética Encerrado em 31.12.x1 31.12.x2 RECEITA BRUTA DE VENDAS $2.931.531,66 $3.315.001,00 (-) Dedução de Vendas $452.264,87 $511.504,65 (=) RECEITA LÍQUIDA $2.479.266,79 $2.803.496,35 (-) Custo das Mercadorias Vendidas $1.683.163,37 $1.903.473,54 (=) LUCRO BRUTO $796.103,42 $900.022,81 (-) Despesas com vendas $99.646,26 $99.646,26 (-) Despesas Administrativas $50.561,45 $50.561,45 (-) Outras Despesas Operacionais $14.339,29 $14.339,29 (=)LUCRO OPERACIONAL $631.556,42 $735.475,81 (=)LUCRO ANTES DO IMP. RENDA $631.556,42 $735.475,81 (-)IRPJ e Contribuição Social $39.890,64 $45.084,01 (=)LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO $591.665,78 $690.391,80 42 6 FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS a) Análise horizontal e vertical; b) Análise de índices; c) Análise do capital de giro; d) Alavancagem financeira. 6.1 Análise Horizontal e Análise Vertical Análise Horizontal A análise horizontal é realizada estabelecendo-se o ano inicial da série analisada, como índice básico 100 e expressando as cifras relativas aos anos posteriores, com relação ao índice básico 100. Segundo Assaf Neto (2005, p. 105), “o crescimento desses valores é obtido por meio de números-índices, ou seja, relacionando-se cada resultado obtido em determinada data com o verificado em data anterior, definida como data-base, e multiplicando-se esse quociente por 100”. O ideal é que se faça a análise de pelo menos três exercícios. Apresenta-se a seguir um exemplo de análise, considerando-se a conta caixa de apenas dois exercícios, ou seja, os anos x1 e x2, baseando-se nos dados apresentadosna Tabela1 Aplicando-se a Análise Horizontal verificam-se os seguintes cálculos: 31.12.x1 31.12.x2 Caixa $253.000,00 $245.641,00 43 Percebe-se que a empresa teve uma redução na conta caixa em 19x2, de 2,91%. Para que a Análise Horizontal seja completa, pode-se proceder conforme o exemplo, considerando-se cada conta constante no BP e na DRE e avaliar os acréscimos ou reduções percentuais. Análise Vertical Segundo Reis (2003, p. 187), “consiste na determinação dos percentuais de cada conta ou grupo de contas do Balanço Patrimonial em relação ao valor total do Ativo ou do Passivo”. No caso para a DRE, se compara cada item com o total da Receita Líquida com vendas ou com serviços conforme o apresentado na Tabela 3. Percebe-se que o Lucro Líquido do Exercício no ano de x1 representava 23,86% da Receita Líquida, enquanto que no ano de x2 teve uma participação de 24,63% da Receita Líquida. Sendo assim, houve uma melhora na margem líquida da empresa em 0,77 pontos percentuais. É importante destacar que a análise horizontal e a vertical se complementam para se fazer uma análise adequada. 31.12.x1 31.12.x2 Caixa 100,000% 97,091% 44 Tabela 3 – Exemplo de Análise Vertical 6.2 Análise de Índices Segundo Marion (2002, p. 36), “os índices são relações que se estabelecem entre duas grandezas; facilitam sensivelmente o trabalho do analista, uma vez que a apreciação de certas relações ou percentuais é mais significativa (relevante) que a observação de montantes, por si só”. Descrição 31.12.x1 31.12.X2 Valor absoluto AV Valor absoluto AV RECEITA BRUTA DE VENDAS $2.931.531,66 $3.315.001,00 (-) Dedução de Vendas $452.264,87 $511.504,65 (=) RECEITA LÍQUIDA $2.479.266,79 100,00% $2.803.496,35 100,00% (-) Custo das Mercadorias Vendidas $1.683.163,37 67,89% $1.903.473,54 67,90% (=) LUCRO BRUTO $796.103,42 32,11% $900.022,81 32,10% (-) Despesas com vendas $99.646,26 4,02% $99.646,26 3,55% (-) Despesas Administrativas $50.561,45 2,04% $50.561,45 1,80% (-) Outras Despesas Operacionais $14.339,29 0,58% $14.339,29 0,51% (=) LUCRO OPERACIONAL $631.556,42 25,47% $735.475,81 26,23% (=) LUCRO ANTES DO IMP. RENDA $631.556,42 25,47% $735.475,81 26,23% (-) IRPJ e Contribuição Social $39.890,64 1,61% $45.084,01 1,61% (=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO $591.665,78 23,86% $690.391,80 24,63% 45 É essencial destacar também a importância de conhecer a natureza do negócio, especialmente sua orientação de vendas, antes de interpretar o índice (VASCONCELOS, 2005, p. 69). Matarazzo (1995, p. 154) afirma que o importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise. A análise por meio de índices possibilita ao gestor avaliar a situação econômica e financeira da empresa. A situação econômica da empresa pode ser visualizada na DRE, bem como a situação financeira no BP. Os índices podem ser classificados: SITUAÇÃO FINANCEIRA SITUAÇÃO ECONÔMICA Índices de liquidez Índices de rentabilidade Índices de estrutura de capitais Índices de liquidez Os índices de liquidez são extraídos apenas do BP e têm como objetivo avaliar a situação financeira da empresa, ou seja, evidenciar a solidez da empresa. A empresa que tem índices de liquidez satisfatórios apresenta boas condições para pagamento de suas dívidas. Tipos de Índices de Liquidez Índices de liquidez Prazo para avaliação Liquidez Imediata Imediato Liquidez Corrente Curto Liquidez Seca Curto 46 Liquidez Geral Longo Liquidez Imediata Este índice pode responder à seguinte pergunta: O volume de disponibilidade da empresa é suficiente para cobrir as obrigações em curto prazo? Geralmente as disponibilidades não são suficientes para cobrir as obrigações de curto prazo, mesmo assim isso não é tão preocupante para a empresa. O disponível são os recursos financeiros disponíveis para a empresa, só que, o que acontece é que na maioria das vezes a empresa deixa seus recursos em aplicações financeiras, que exigem certo tempo de carência, no intuito de obter maiores rentabilidades. A fórmula aplicável para cálculo desse índice é: Disponível dividido pelo Passivo Circulante (PC) e multiplicado por 100, para se obter a percentagem. Liquidez Corrente Este índice indica se a quantidade de recursos que a empresa tem no ativo circulante é suficiente para pagar as dívidas constantes no passivo circulante. O cálculo é feito dividindo-se o Ativo Circulante (AC) pelo Passivo Circulante (PC) e o resultado multiplicando-se por 100. Caso não se queira multiplicar por 100, pode-se deixar o resultado em decimais e realizar a devida interpretação do resultado. Permite conhecer como está a liquidez da empresa em curto prazo. Liquidez Seca O índice de Liquidez Seca consiste no Ativo Circulante menos os estoques e dividindo- se pelo Passivo Circulante. 47 A exclusão dos estoques é para verificar se a empresa depende das vendas para liquidar seus compromissos. Liquidez Geral O índice de Liquidez Geral consiste na divisão do Ativo Circulante somado ao Ativo Realizável a Longo Prazo pela soma do Passivo Circulante e do Exigível a Longo Prazo. Permite conhecer como está a liquidez da empresa para longo prazo. Aplicações dos índices de liquidez realizadas no exercício de x1 (hipotética) ÍNDICES FÓRMULA RESULTADO IMEDIATA DISPONÍVEL/PC 7,48 CORRENTE AC/PC 16,89 SECA AC- estoques/PC 17,53 GERAL AC+ARLP/PC+PELP 34,25 Interpretação dos índices de liquidez Liquidez Imediata Para o cálculo do índice de liquidez imediata foram consideradas disponíveis as seguintes contas: caixa, bancos conta movimento e aplicações financeiras. O resultado obtido foi $ 7,48, isso significa que para cada $ 1,00 de obrigações de curto prazo, a empresa tem $ 7,48 de disponível. A situação está muito boa. Mesmo que o resultado fosse inferior a $ 1,00, não seria tão preocupante para a empresa. Visto que, esse 48 índice compara os recursos financeiros que a empresa tem hoje, com dívidas que irão vencer geralmente em até 12 meses. Liquidez Corrente O Índice de Liquidez Corrente apresentou um resultado de $ 16,89. Isso significa que, para cada $ 1,00 de dívidas de curto prazo a empresa possui $ 16,89 de bens e direitos. Caso a empresa tivesse que cobrir todas as suas dívidas, ainda sobrariam recursos. Liquidez Seca Este índice indicou que a empresa não depende das vendas para liquidar seus compromissos, visto que o resultado foi de $ 17,53. Liquidez Geral A Liquidez Geral da empresa apresentou-se muito satisfatória, pois para cada $ 1,00 de compromissos, a empresa possui $ 34,25 para a cobertura. Índices de Estrutura de Capitais Os Índices de estrutura de capitais evidenciam como está o endividamento da empresa. 49 Índice Fórmula Revela Participação de capitais de terceiros PL CT Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros (CT) para cada unidade de capital próprio (PL) Composição do endividamento CT PC O percentual de obrigações de curto prazo (PC) em relação às obrigações totais da empresa (CT) Imobilização do Patrimônio Líquido PL AP Quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente (AP) em relação ao seu Patrimônio Líquido (PL) Imobilização dos recursos não correntes ELPPL AP O percentual de recursos não correntes (Patrimônio Líquido e Exigível a Longo Prazo) que foi destinado ao Ativo Permanente (AP) Participação de capitais de terceiros Segundo Matarazzo (1995, p. 160), “do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros,se a remuneração paga a esses capitais de terceiros for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios”. Quanto maior for a participação de capitais de terceiros em relação ao capital próprio, maior será a dependência financeira da empresa. Composição do endividamento Este índice possibilita à empresa conhecer a composição de todo o seu endividamento, se a participação maior é com a dívida de curto ou de longo prazo. Considerando-se que, as dívidas de curto prazo, geralmente vencem no prazo de até doze meses, enquanto as dívidas de longo prazo vencem em prazo superior a doze meses. Sendo assim, a princípio é mais vantajoso para a empresa ter mais dívidas de longo prazo, do que de curto prazo, em função do prazo de vencimento. As dívidas de longo prazo oferecem maior tempo para a empresa efetuar o pagamento. 50 É claro que é necessária uma análise mais aprofundada no momento do endividamento, tendo em vista que as dívidas de longo prazo são onerosas para a empresa; por isso devem ser avaliadas as despesas financeiras. Imobilização do Patrimônio Líquido Este índice revela quanto do PL da empresa foi investido no AP. Matarazzo (1995, p. 164) afirma que “quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante e, em conseqüência, maior será a dependência a capitais de terceiros para o financiamento do Ativo Circulante”. O recomendável é que o Patrimônio Líquido seja suficiente para cobrir o Ativo Permanente da empresa, pois assim, menor será a dependência financeira da empresa. Imobilização dos recursos não correntes Este índice evidencia o montante de recursos não correntes que estão aplicados no Ativo Permanente da empresa. A lógica para se fazer essa análise consiste em que, como o imobilizado da empresa possui uma vida útil em torno de 5, 10 ou 50 anos, é perfeitamente aceitável que ela financie seu imobilizado com recursos de longo prazo e não somente com recursos próprios. 51 Índices de Rentabilidade Os índices de rentabilidade evidenciam o quanto renderam os investimentos efetuados pela empresa. A rentabilidade pode ser entendida como o grau de remuneração de um negócio. Retorno é o lucro obtido pela empresa. Por isso, pode ser analisada a lucratividade de um negócio e também as condições em que o lucro é gerado, Os indicadores de rentabilidade são, dentre outros, os que mais interessam aos sócios, pois demonstram a remuneração dos recursos aplicados. Segundo Vasconcelos (2005, p. 138), no cálculo de indicadores de rentabilidade, o analista poderá usar diversos conceitos de lucro (do lucro bruto ao lucro líquido). Para melhor entendimento das fórmulas apresentadas no Quadro 4 destacam-se alguns conceitos utilizados: A receita líquida corresponde à receita bruta deduzida as devoluções de clientes, impostos sobre as vendas e outros. O Ativo Operacional Líquido compreende os ativos aplicados na atividade principal do negócio, ou seja, o imobilizado (saldos líquidos da depreciação), ativo circulante (clientes, disponível e estoques), e o realizável a longo prazo. O Lucro Operacional Líquido é o lucro decorrente das operações antes do IR, diminuídas todas as despesas e receitas associadas à atividade financeira (ajuste extracontábil). 52 Índices de Rentabilidade Índice Fórmula Revela Giro do ativo AT VL Quanto a empresa teve de vendas líquidas (VL) em relação ao seu investimento, ou seja, ao total do seu Ativo (A). Margem líquida VL LL Quanto a empresa obtém de lucro líquido (LL) em relação às vendas líquidas (VL) Rentabilidade do Ativo AT LL Quanto a empresa obtém de lucro em relação ao seu Ativo Total (AT) Rentabilidade do Patrimônio Líquido PL LL Quanto a empresa obtém de lucro em relação ao seu Patrimônio Líquido (PL). Giro do Ativo O volume de vendas é um fator fundamental do sucesso de uma empresa. Existe uma relação direta entre o volume de vendas e o montante de seus investimentos, ou o montante de Ativo. Margem líquida É um indicador de margem de lucro. Este indicador evidencia o lucro obtido pela empresa em relação às suas vendas líquidas. Pode-se também calcular a Margem de lucro bruto, que consiste na capacidade de mercado da empresa em absorver preços. A Margem de lucro bruto mostra capacidade das receitas em absorver as despesas operacionais, o desempenho da produção no controle dos custos. E indica o impacto do Custo da Mercadoria vendida sobre o lucro. 53 Além disso, pode-se calcular a Margem operacional, que consiste na relação entre o Lucro operacional e as Vendas Líquidas. Evidencia o impacto das despesas e custos operacionais sobre o desempenho da empresa em sua atividade operacional. Rentabilidade do Ativo Indica o quanto a empresa obtém de lucro comparado com o seu investimento total, ou seja, o total de seu Ativo. O Retorno sobre o investimento (do inglês Return On Investiment): segundo Marion (2002, p. 164), investimento é toda a aplicação realizada pela empresa com o objetivo de obter lucro (retorno). As aplicações estão evidenciadas no Ativo. Assim, temos as aplicações em disponíveis, estoques, imobilizados, investimentos etc. A combinação de todas essas aplicações proporciona resultado para a empresa: lucro ou prejuízo. Retorno sobre o Patrimônio Líquido O Retorno sobre o Patrimônio Líquido, do inglês, Return On Equity (ROE): segundo ASSAF NETO (2005, p. 120), “este índice mensura o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus proprietários.” Evidencia quanto de lucro foi obtido pelo proprietário para cada unidade monetária de recursos próprios. Para o cálculo desse índice pode ser considerado o Patrimônio Líquido médio da empresa. Índices de Prazos Médios 54 Estes índices permitem que se identifique, por meio da contabilidade, o número de dias que a empresa espera para receber as suas duplicatas, bem como o prazo médio de pagamento para os fornecedores e o prazo médio para renovação do seu estoque. Estes índices são também conhecidos como índices de atividade. Índices de prazos médios Índice Fórmula Revela Prazo médio de recebimento das vendas Valor médio das duplicatas a receber / Vendas anuais a prazo x 360 Prazo médio (em dias) em que a empresa recebe as vendas realizadas a prazo. Prazo médio de renovação do estoque Valor médio dos (estoques) produtos acabados / CPV) x 360 Prazo médio (em dias) que o produto acabado permanece estocado à espera de ser vendido, isto é, prazo médio de estocagem do produto acabado. Prazo médio de pagamento aos fornecedores Valor médio das duplicatas a pagar / Compras anuais a prazo x 360 Prazo médio (em dias) em que a empresa paga seus fornecedores Os índices de prazos médios devem ser analisados sempre em conjunto e permitem ao gestor definir estratégias relacionadas aos prazos de compra, venda e estocagem das mercadorias ou produtos. O Prazo Médio de Recebimentos das Vendas (PMRV), expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. O Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) representa, na empresa comercial, o tempo médio de estocagem de mercadorias; na empresa industrial, o tempo de produção e estocagem. 55 Em uma empresa comercial, a soma dos prazos PMRE mais o PMRV, representam o que se chama de Ciclo Operacional, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda de mercadoria. O Ciclo Operacional mostra o prazo de investimento. Paralelamente ao Ciclo Operacional ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir do momento da compra. Até o momento do pagamento aos fornecedores, a empresa não precisa preocupar-se com o financiamento,o qual é automático. Se o Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) for superior ao Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE), então os fornecedores financiarão também uma parte das vendas da empresa. O Ciclo Econômico se estende desde o momento da aquisição da matéria-prima ou mercadoria até o momento da venda dos produtos ou mercadorias. O Ciclo de Caixa, também chamado de Ciclo Financeiro, é a diferença entre o Ciclo Operacional menos o PMPC. O Ciclo de Caixa corresponde ao número de dias em que a empresa financia, sozinha, o ciclo operacional. Sendo assim, a conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos operacional e de caixa, elementos fundamentais para a determinação de estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vitais para a determinação do fracasso ou sucesso de uma empresa. 6.3 Análise do Capital de Giro Necessidade de Capital de Giro (NCG) Para Matarazzo (1995, p.343), necessidade de Capital de Giro, é não só um “conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade” mas Capital de Giro 56 significa o capital circulante ou capital de trabalho, e corresponde ao Ativo Circulante da empresa. Representa o volume de aplicações necessário para iniciar o ciclo operacional da empresa. Segundo Mairon (1998, p. 55), “a parte do Capital de Giro (Ativo Circulante) que não estiver comprometida com terceiros (Passivo Circulante) será da própria empresa (não será entregue a terceiros)”. Por isso, a expressão Capital de Giro Próprio. O sucesso de qualquer empreendimento depende em grande parte da gestão adequada do capital de giro. O capital de giro líquido ou capital de giro próprio é o Capital Circulante Líquido (CCL), ou seja, a diferença entre o ativo e passivo circulantes. O Capital de giro possui duas fontes de recursos: próprios e de terceiros. O Capital Próprio corresponde ao capital social, reservas de lucros. O Capital de terceiros corresponde às operações de financiamento, empréstimos. Quando uma empresa deixa de fazer o seu planejamento financeiro, os seus efeitos são refletidos no índice de NCG. Metodologia para determinar a Necessidade de Capital de Giro Para que se possa determinar a NCG, é necessário que se faça uma reclassificação no Ativo e Passivo Circulante da empresa. 57 Reclassificação do Circulante ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE FINANCEIRO (ACF) caixa e bancos, aplicações de liquidez imediata. PASSIVO CIRCULANTE FINANCEIRO (PCF) empréstimos bancários, operações não decorrentes do operacional da empresa ATIVO CIRCULANTE OPERACIONAL (ACO) contas a receber, estoques, adiantamento a fornecedores, despesas do exercício seguinte. PASSIVO CIRCULANTE OPERACIONAL (PCO) fornecedores, salários e encargos, impostos a recolher etc. A reclassificação consiste na subdivisão do Ativo e do Passivo Circulante em Financeiro e Operacional. No subgrupo Financeiro ficam classificadas as contas que não estão diretamente relacionadas com o ciclo operacional da empresa, ao passo que no subgrupo Operacional estão classificadas as contas diretamente relacionadas com o ciclo operacional da empresa. As contas que fazem parte do Operacional, para o Ativo, são estoques, contas a receber, dentre outras. No Passivo Operacional estão classificadas as contas com os fornecedores, com o salário dos funcionários, dentre outras. As situações comuns que ocorrem em uma empresa, com relação à NCG podem ser resumidas: Descrição Interpretação ACO > PCO A empresa necessita de capital de giro – quadro normal na maioria dos negócios. ACO < PCO A empresa não necessita de capital de giro. ACO = PCO A empresa não necessita de outras formas de financiamento para o seu giro – excesso de financiamentos operacionais. 58 Quando a empresa apresenta um ACO>PCO, o que pode estar acontecendo é que a empresa pode estar com estoques e não ter capital de giro para pagar as suas contas. Por meio desse índice é possível o gestor refletir sobre o que está ocasionando a dificuldade de capital de giro, ou se o capital de giro atende às necessidades de financiamento da empresa. Possibilita uma visão da empresa em nível operacional, pois permite a visualização dos efeitos do aumento das vendas, ou aumento do prazo de recebimento sobre o comportamento do capital de giro. 59 7 ALAVANCAGEM FINANCEIRA A maioria das pequenas e microempresas fecha a portas nos seus dois primeiros anos de vida pela inconseqüente alavancagem financeira e operacional. Neste módulo tratar-se-á somente da Alavancagem Financeira. Para o cálculo da Alavancagem Financeira, são necessários controles contábeis que permitam ao micro e pequeno empresário saber se o negócio está proporcionando lucro ou prejuízo. Segundo Vasconcelos (2005, p. 146), ela reporta à capacidade da empresa em utilizar- se dos encargos financeiros para maximizar o retorno. A análise de alavancagem engloba três índices: Figura 1: Alavancagem Financeira Os três índices são: Retorno sobre o Ativo (RSA), custo da dívida (CD) e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL). O Retorno sobre o Ativo (RSA) evidencia qual é a rentabilidade do negócio, por isso, quanto maior o índice, maior a eficiência. 60 O custo da dívida (CD) corresponde ao ônus que a empresa paga por utilizar capitais de terceiros. Quando o CD for maior que o Retorno sobre o Ativo (RSA), significa que os empresários estão cobrindo a diferença com sua parte de lucro, ou até com o próprio capital. Quando o custo da dívida for menor que o RSA, significa que os empresários ganham a diferença. A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL), então, será maior que a taxa de RSA. Por fim, o que interessa mesmo para a empresa é o RSPL. Os dois outros índices, ou seja, o RSA e o CD correspondem à informação gerencial de como a empresa atingiu o retorno sobre o PL. São, no entanto, essenciais para a definição de estratégias empresariais. A razão entre as taxas de RSPL e de RSA chama-se grau de alavancagem financeira (GAF). A Figura 2 apresenta a fórmula para cálculo do GAF. Fórmula para cálculo do GAF A expressão alavancagem financeira significa o que a empresa consegue alavancar, ou seja, aumentar o lucro líquido através da estrutura de financiamento. Segundo Matarazzo (1995), alavancagem financeira é “o efeito da estrutura de financiamento no lucro dos acionistas”. Segundo Assaf Neto (2005), alavancagem financeira é o “efeito de tomar recursos de terceiros a determinado custo, aplicando-os nos ativos com outra taxa de retorno. RSA RSPL 61 O RSPL corresponde ao lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido e o custo da dívida corresponde às despesas financeiras divididas pelo passivo não-oneroso da empresa. O passivo não-oneroso corresponde àquelas dívidas que não são originadas com ônus financeiro, ao contrário dos empréstimos e financiamentos, que são originados com despesas financeiras. Toda empresa utiliza recursos tanto de capitais de terceiros quanto de capitais próprios e busca gerar lucro para remunerar esses capitais. 62 8 COMO INTERPRETAR EM CONJUNTO OS ÍNDICES? Para Iudícibus (1998, p. 127), “nenhuma fórmula ou ‘receita de bolo’ ou quadro especial, etc. irá substituir o julgamento e a “arte” de cada analista, em cada caso”. Para uma análise mais completa sobre o desempenho da empresa, é importante que os índices sejam comparados historicamente dentro da própria empresa. A comparação pode ser feita com
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