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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICAS SOCIAIS E FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Gisella Chanan 
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INTRODUÇÃO 
Neste tema, vamos abordar o caminho das políticas sociais voltadas para 
a família, bem como a conquista da autonomia e da cidadania de famílias 
socialmente vulnerabilizadas. 
Ressaltaremos, ainda, o trabalho familiar na relação com o capital e o 
trabalho como modo de produção. 
TEMA 1 – O CAMINHO DAS POLÍTICAS SOCIAIS – FAMÍLIA 
Alice perguntou: “pode me dizer qual o caminho que eu devo tomar?” 
“Isso depende muito do lugar para onde você quer ir” – disse o gato. 
“Eu não sei para onde ir!” – Disse Alice. 
“Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.” (Carroll, 2000, 
p. 32) 
Qual o caminho das políticas sociais? Ele abrange as famílias? Quando 
falamos de política, é preciso refletir que se trata de interesses de grupos diversos 
que lutam pelo poder, buscando acesso a melhores possibilidades de realização 
desses interesses, ou seja, são caminhos diferentes. Por esse ângulo, o contexto 
em que se desenvolvem as políticas sociais nunca é neutro, pois sempre será 
marcado por interesses, conflitos e negociações entre os que reivindicam os 
direitos e aqueles que os concedem, entre os que se beneficiam e os que são 
prejudicados, em suma, entre os dominantes e os dominados. Sobre isso, Sposati 
et al. (2014, p.50) expõem que: 
Não se nega que a política social é um mecanismo que o Estado utiliza 
para intervir no controle das contradições que a relação capital-trabalho 
gera no campo da reprodução e reposição da força de trabalho, ou, 
ainda, que cumpre uma função ideológica na busca do consenso a fim 
de garantir a relação dominação-subalternidade e, intrinsecamente a 
esta a função política de alívio, neutralização das tensões existentes 
nessa relação. 
As políticas sociais tiveram, dentro de suas formas de proteção social, 
variações que resultaram dos contextos sociais, históricos e políticos pelos quais 
passaram governo e sociedade, ou seja, estavam sujeitas a cada realidade 
histórica específica. De forma gradual e diferenciada, elas foram sendo 
influenciadas pelo desenvolvimento das forças produtivas e pela pressão da 
classe trabalhadora, isto é, os caminhos foram determinados pelos seus 
interesses. 
Mas as políticas sociais, até o caminho de abrangência da família, são 
largas e se alteram conforme as medidas econômicas. 
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Desde o pós-guerra, nos países capitalistas centrais, a oferta universal 
de bens e serviços proporcionados pela efetivação de políticas públicas 
pareceu mesmo descartar a família, privilegiando o indivíduo-cidadão. O 
progresso, a informação, a urbanização, o consumo fortaleceram a 
opção pelo indivíduo portador de direitos. (Carvalho, 2005, p. 267) 
Nos anos 1930, no Brasil, Getúlio Vargas instituiu, em suas primeiras 
ações, a criação do Ministério do Trabalho, que pretendia a harmonia das relações 
entre o capital e trabalho substituindo a ideia de luta de classe pela da conciliação. 
Com o respaldo na Constituição de 1934, os direitos passaram a ser 
assegurados ao povo brasileiro, destacando a legislação trabalhista com a 
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT; a regulamentação do trabalho feminino 
e dos menores no âmbito industrial; o salário mínimo; o repouso remunerado; a 
fixação da jornada de trabalho de oito horas; férias anuais remuneradas; 
regulamentação especial para o trabalho agrícola; amparo aos desvalidos; 
amparo à maternidade e à infância; direito à educação primária integral e gratuita. 
Pontuamos o grande avanço na edição de normas protetivas à mulher, o 
que solidificou todas as matérias relativas à atividade empregatícia feminina. Mas 
é preciso refletir que o Estado encontrou nas políticas sociais a melhor forma de 
regulação social por meio da CLT. 
Na década de 1970, notamos que as políticas sociais no Brasil também 
tiveram um importante momento de protagonismo feminino com o surgimento do 
clube de mães. Mais tarde, com o advento da Constituição Federal de 1988, outros 
textos legais foram constituídos, como o da criança e do adolescente, o do idoso, 
mas todos com a visão de que é dever da família, da sociedade e do Estado a 
proteção desses indivíduos. Essa proteção, por parte do Estado, se materializou 
com a Seguridade Social, as Políticas de Assistência Social, Saúde e Previdência 
Social. 
Ao longo desse caminho regido pelo sistema capitalista, a família e o 
Estado têm grande responsabilidade e vão se cruzar. 
TEMA 2 – O ESTADO E AS POLÍTICAS SOCIAIS PARA FAMÍLIAS 
Historicamente, a família é constituída com base nas relações de 
parentesco cultural e as novas tendências em padrões de organização seguem 
conforme as transformações econômicas e políticas. E as políticas sociais sempre 
foram constituídas de ações para a população mais vulnerável e dependendo do 
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As crescentes demandas de proteção social são postas não apenas por 
“pobres” ou “desempregados”, mas por uma maioria de cidadãos, que 
se percebem ameaçados pelos riscos de, a qualquer momento, 
perderem a segurança advinda de seus tutores modernos: o trabalho 
assalariado e o Estado. (Carvalho, 2005, p. 268) 
A luta da família para a sobrevivência dos seus membros é um 
ponto-chave, mas, dentro, outros buscam a proteção e a socialização de seus 
componentes, transmissão do capital cultural, do capital econômico e também das 
relações de gênero e de solidariedade entre gerações. 
É importante atualmente ter uma visão da conjuntura, pois uma profunda 
reestruturação está acontecendo com o capitalismo e, de forma direta ou indireta, 
ela afeta a vida dos indivíduos e consequentemente a família em todos os 
aspectos e, conforme Carvalho (2005, p. 269), “[...] vêm produzindo uma 
sociedade complexa e multifacetada, uma sociedade global que, de um lado, 
mantém seus cidadãos fortemente interconectados e, por outro, extremamente 
vulnerabilizados em seus vínculos relacionais de inclusão e pertença”. 
O Estado, diante disso, realiza ações assistenciais para atendimento e, 
segundo Carvalho (2005), as políticas de assistência social e saúde têm buscado 
estratégias em compor com a família projetos e processos mais efetivos na 
proteção social. E, para isso, a autora esclarece que: 
Está na ordem do dia o chamado Welfare Mix, que promove uma 
combinação de recursos e de meios mobilizáveis na esfera do Estado, 
do mercado, das organizações sociais sem fins lucrativos e, ainda, 
aqueles derivados das microssolidariedades originárias na família, nas 
igrejas, no local (Martin, 1995), de modo que as políticas sociais se 
apresentam hoje como responsabilidades partilhadas. Carvalho (2005, 
p. 270) 
Ressaltamos que, historicamente, a prática assistencial de benevolência e 
caridade era realizada pela sociedade civil, em especial pelas instituições privadas 
de fins social, e o Estado se apropria de tal prática: “[...] não só da prática 
assistencial como expressão de benemerência como também catalisa e direciona 
os esforços de solidariedade social da sociedade civil” (Sposati et al., 2003). 
Para a Carvalho (2005), os serviços coletivos implementados pelas 
políticas sociais estão combinando diversas modalidades de atendimento 
ancoradas na família e na comunidade. A autora destaca ainda que 
[...] as políticas de combate à pobreza elegeram família e comunidade. 
A consciência geral de que a pobreza e a desigualdade castigam grande 
parcela da população brasileira estão a exigir políticas públicas mais 
efetivas e comprometidas com sua superação. Nesse compromisso, 
buscam assegurar uma rede de proteção e de desenvolvimento 
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socioeconômico voltado às famílias e às comunidades vulnerabilizadas 
pela pobreza. (Carvalho, 2005, p. 270) 
No Brasil, uma das iniciativas governamentais tomadas nesse sentido foi o 
programa de renda mínima conhecido como Bolsa Família, criado pela Lei 
n. 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que define ainda em seu artigo 8º: “A execução 
e a Gestão do Programa Bolsa Família são públicas e governamentais e dar-se-
ão de forma descentralizada, por meio da conjugação de esforços entre os entes 
federados, observada a intersetorialidade, a participação comunitária e o controle 
social” 
Carvalho (2005) relata também outros programas de cunho emancipatório 
que tinham, porém, caráter mais descontínuo, tais como o Programa Nacional de 
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Banco do Povo. Ressaltando 
que o Pronaf financia projetos individuais ou coletivos para agricultores familiares 
e assentados da reforma agrária. 
TEMA 3 – AS RELAÇÕES DA FAMÍLIA E O PROCESSO DE DESFILIAÇÃO 
A família segue as mudanças da sociedade, incorporando novos valores, 
funções e formas de organização em consequência das ideologias dominantes e 
das necessidades sociais, culturais, econômicas e políticas de cada época. Na 
sociedade capitalista, a família tem um papel fundamental, pois é considerada um 
espaço de proteção social, e o Estado, então, cria e mantém medidas de apoio 
familiar nas agendas governamentais. 
Carvalho (2005, p. 271) relata a importância do papel da família nas 
relações sociais: 
A família como expressão máxima da vida privada é lugar da intimidade, 
construção de sentidos e expressão de sentimentos, onde se exterioriza 
o sofrimento psíquico que a vida de todos nós põe e repõe. É percebida 
como nicho afetivo e de relações necessárias à socialização dos 
indivíduos, que assim desenvolvem o sentido de pertença a um campo 
relacional iniciador de relações includentes na própria vida em 
sociedade. É um campo de mediação imprescindível. 
Ressaltamos que a família vem se transformando constantemente, e 
diversos elementos surgiram nesse campo de mediação relatado pela autora. 
Dessa forma, Castel (2000 apud Carvalho, 2005) entende que a família convive 
em um processo social de inclusão e exclusão social, o qual permite ao indivíduo 
retornar indiretamente à família como condição de inclusão. 
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No contexto brasileiro, marcado pela extrema desigualdade social, as 
famílias têm encontrado dificuldades para cumprir essas tarefas básicas para os 
seus membros, em decorrência das situações de vulnerabilidade nas quais se 
encontram. Para Castels (2000 apud Carvalho, 2005, p. 271): “[...] o indivíduo 
possui trabalho e vínculos sociofamiliares, encontra-se potencialmente incluído 
nas redes de integração social. Se lhe falta o trabalho ou os vínculos, escorrega 
para zonas de vulnerabilidade. E, se perde trabalho e vínculos, pode tombar em 
processos de ‘desafiliação’ social”. 
Conforme a autora, os vínculos sociofamiliares asseguram ao indivíduo a 
segurança de pertencimento social. E ainda relata que condição objetiva e 
subjetiva de pertença não pode ser descartada quando se projetam processos de 
inclusão social (Carvalho, 2005). 
Pontuamos que a realidade das famílias pobres e em situação de 
vulnerabilidade não possibilita as condições necessárias para sua sobrevivência, 
e a ausência do Estado não garante às famílias o mínimo para a sua 
sobrevivência. 
Para Carvalho (2005), exploramos o potencial empreendedor da família no 
plano dos micronegócios geradores de renda, mas pouco na melhoria da 
qualidade de vida do coletivo no microterritório que habitam. 
Para isso, a autora aponta alguns equívocos das políticas públicas sendo: 
 Eleger apenas a mulher na família como porta de relação e parceria; 
 Pensar idealizadamente num padrão de desempenho da família, que 
ostenta diversas formas de expressão, condições de maior ou menor 
vulnerabilidade afetiva, social ou econômica, ou ainda fases de seu 
ciclo vital com maior vulnerabilidade, disponibilidade e potencial; 
 Oferecer apenas assistência compensatória, com escasso 
investimento no desenvolvimento da autonomia do grupo familiar. 
(Carvalho, 2005, p. 273) 
A autora pontua que, independentemente de alterações e mudanças na 
composição e nos arranjos familiares, a família é um forte agente de proteção 
social de seus membros. 
Segundo Carvalho (2015), é necessária uma via de mão dupla ser 
garantida. “Esse raciocínio se aplica às demais políticas na relação com a família. 
Por exemplo, às políticas de saúde: a família é sujeito coletivo que opera na saúde 
de seus membros, mas não basta alçá-la à parceria. É preciso produzir saúde 
para e com a família” (Carvalho, 2015, p. 273). 
 
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TEMA 4 – CIDADANIA – POLÍTICA SOCIAL E FAMÍLIA 
As mudanças ocorreram trazendo impacto na vida social e familiar, 
sobretudo na transformação dos valores e dos comportamentos que marcaram a 
transição do tradicional modelo de família patriarcal para um familiar mais 
igualitária e democrática. 
A Constituição Federal de 1988 — fruto da luta de vários movimentos 
sociais organizados pela ampliação de seus direitos sociais em um momento de 
grande efervescência política — prevê em seu artigo 226 que “a família, base da 
sociedade, tem especial proteção do Estado”, para tanto, levando-nos à reflexão 
de que ela é responsável por prover as necessidades básicas do ser humano, 
sendo elemento-chave na formação de seus valores morais e éticos. 
O texto constitucional passou a reconhecer como entidades familiares as 
comunidades formadas pelo casamento, pela união estável ou aquela composta 
por qualquer um dos pais e seus descendentes; dispor da igualdade de direitos e 
deveres do homem e da mulher na sociedade conjugal e facilitar a dissolução do 
casamento pelo divórcio (Brasil, 1988, s/p). 
Ressaltamos que, por intermédio da Constituição Federal de 1988, o direito 
à família alcança nova dimensão, e outros textos legais ampliam as formas de 
composição familiar, garantindo a todos os seus membros proteção, segurança e 
dignidade humano. 
O Código Civil de 2002 trouxe inovações em termos de Direito da Família, 
considerando as evoluções sociais ocorrida no país, os diferentes arranjos 
familiares e as alterações significativas da legalidade do direito. 
Ainda na Constituição Federal, é iniciado um redimensionamento das 
políticas públicas voltadas para o atendimento das necessidades humanas e para 
a promoção de um bem-estar coletivo, com garantia de direitos sociais, políticos 
e econômicos: o tripé da Seguridade Social, um conjunto integrado e composto 
pelas políticas de saúde, assistência social e previdência social. 
Ressaltamos que as ações assistenciais à nova realidade de “direito do 
cidadão” estão regidas por alguns princípios, dispostos no art. 4º. da referida lei, 
dentre os quais, a universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o 
destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas. 
Dentro desse contexto, as autoras Sposati et al. (2014, p. 52) relatam que 
“[...] por mais paradoxal que possa parecer, o avanço das políticas sociais 
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terminou por menos a ação do Estado em prover a justiça social e mais resultado 
das lutas concretas da população”. 
Dessa forma, segundo as autoras temos duas faces que fazem parte da 
política social, sendo uma a de um instrumento de superação, ou até mesmo 
redução, de tensão sociais com menos conflitos frente à relação capital-trabalho, 
e a outra a de espaço de expressão de interesses contraditórios das classes 
sociais em que se estabelece uma forma luta em detrimento das necessidadesobjetivas do capital. 
Assim, Sposati et al. (2014, p. 52) relatam que “[...] as políticas sociais são 
mais que condições de reprodução das condições de vida do trabalhador: são 
formas de realização de direitos sociais e, consequentemente, da cidadania”. Mas 
as autoras consideram a cidadania como conceito ambíguo que historicamente foi 
marcado pela perspectiva liberal, no que diz respeito à participação das decisões 
políticas. 
Para as autoras, tal “[...] afirmação supõe um Estado, mesmo burguês, 
onde teoricamente os direitos são assegurados universalmente. Porém, o simples 
reconhecimento dessa universalidade não garante a realização da igualdade” 
(Sposati et al., 2014, p. 52). A permanente tensão que paira na defesa de direitos 
reflete a exploração de uma classe pela outra e lutas sociais ampla e, ainda, de 
acordo com Sposati et al. (2014, p. 52), a “presença do mecanismo assistencial 
nas políticas sociais brasileiras conforma a vida do trabalhador em condições 
precárias, insuficientes, que terminam por reiterar o grau de exploração”. 
Pontuamos que, nesse contexto de luta de classes, as autoras nos levam 
a perceber que não podemos menosprezar “[...] os efeitos políticos e ideológicos 
das políticas sociais, mas identificando que aí reside o espaço contraditório que 
permite o avanço das lutas populares” (Sposati et al., 2014, p. 53). Isso, de acordo 
com Sposati et al. (2014, p. 53) permite uma hipótese [...] de que no assistencial 
está contida a possibilidade de negação dele próprio e de sua constituição como 
espaço de expansão da cidadania às classes subalternizadas”. Dessa forma, cabe 
ao Estado assumir o seu papel assistencial, assegurando as condições mínimas 
de vida para a população, que é a forma concreta de acesso de bens e serviços 
(Sposati et al., 2014, p. 53). 
Assim, como as autoras relatam, a luta pela cidadania está nos movimentos 
sociais, nas reivindicações coletivas, na criação de espaços de prática e política, 
que são alguns dos elementos fundamentais na sua construção. 
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As classes subalternizadas, lutando por sua sobrevivência, organizam-
se e apelam para o atendimento de seus direitos sociais, como trabalho, 
remuneração, alimentação, saúde, moradia, educação. Esse movimento 
envolve processos de esclarecimento, arregimentação, debate e 
mobilização que supõem a liberdade e a resistência à opressão. (Sposati 
et al., 2014, p. 53) 
Ressaltamos que a proteção conquistada pela Constituição de 1988 é um 
processo para futuras possibilidades de ações políticas de reivindicação e 
incorporação de novos direitos. Para as autoras há uma nova forma de 
concretização da cidadania que é coletiva: 
A legitimação de demandas coletivas se coloca em confronto ao Estado 
liberal, enquanto este se funda no individuo como categoria social e 
política, com autonomia referida a si e não ao grupo a que pertence. 
(Sposati et al., 2014, p. 56) 
TEMA 5 – FAMÍLIA E TRABALHO FAMILIAR 
Historicamente, o capitalismo, ao garantir a manutenção do sistema 
econômico mundial, provoca mudanças profundas na sociedade e 
consequentemente na família. E, ao promover essas mudanças, provoca 
alterações significativas em suas estruturas, mudando regras de sua ordem 
interna, visando garantir a sua existência e produz transformações não apenas no 
campo econômico, mas também no político, no social e no cultural mundial. 
Nesse contexto, Mioto (2015, p. 701) afirma que “o trabalho familiar implica 
reportar a grande cisão entre o mundo do trabalho e o da família [...] com uma 
intensa e visível atividade econômica”, ou seja, começa a haver uma separação 
entre essas duas esferas tornando-se privada a vida familiar, resultando na prática 
da proteção social e na regulação da família pelo Estado. 
Mioto (2015, p. 701) situa a família burguesa nos marcos do capitalismo e 
como consequência do processo de acumulação de capital: 
Nessa época, tratados econômicos consideravam a economia 
doméstica, a comercial e a financeira como contínuas para a 
configuração de uma família “separada” da economia empresarial e 
financeira. Assim, nasce uma família identificada como “instância 
privada”, isenta de responsabilidades públicas e, ao mesmo tempo, com 
disponibilidade de recursos privados com base na criação e no controle 
de um capital privado. 
Para a autora, isso marcou uma grande diferença entre as famílias 
detentoras do capital e as famílias que para essas trabalhavam, provocando a 
visão de família desvinculada do trabalho e das relações econômicas. 
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[...] o processo de separação entre trabalho e família não ocorreu 
igualmente para todas as classes, considerando tanto as famílias que 
ainda são unidades produtivas (como as vinculadas à produção agrícola 
e à produção artesanal) quanto as dos trabalhadores assalariados. Para 
a autora, essas famílias continuaram, ao longo do tempo, sendo uma 
unidade econômica para a qual confluem rendimentos de diferentes 
fontes destinados a uma “bolsa comum”, em geral administrada pela 
mulher/dona da casa. (Saraceno, 1996 apud Mioto, 2015, p. 702) 
Portanto, todos os ganhos dos membros da família são administrados pela 
mulher em função do coletivo familiar. 
Segundo Mioto (2015), nesse contexto, a economia assalariada aprofunda 
desigualdades dentro da família pela divisão entre os que recebem salário e os 
que não recebem. Dessa forma, no contexto familiar, o trabalho ultrapassa as 
dimensões meramente técnica material interferindo as relações sociais. 
Para Mioto (2015, p. 702), isso “gera desequilíbrios e tensões entre os seus 
membros, especialmente entre os que ganham dinheiro de forma direta e os que 
o ganham de forma indireta, quer dizer, através do valor adjunto do trabalho 
doméstico”. 
Com a industrialização e as mudanças no mundo do trabalho e a inserção 
da mulher no mercado de trabalho foram determinantes para uma série de 
mudanças contexto da família. E sobre isso, Mioto (2015, p. 703) afirma que “[...] 
a entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho e com a instauração das 
famílias de dupla carteira, bem como com as transformações nas configurações 
familiares e na pirâmide demográfica, o trabalho doméstico passa a ser fortemente 
tematizado”. 
O contexto do trabalho doméstico passa a ser discutido no campo marxista 
durante a década de 1970, na esteira do ressurgimento dos movimentos 
organizados de mulheres por direitos no mundo capitalista central. E segundo 
Gelinski e Pereira (2005 apud Mioto, 2015, p. 703), 
[...] o debate sobre o trabalho doméstico iniciou-se com base em dois 
aspectos principais: um se refere à conceituação a respeito de sua 
natureza e as relações com o modo de produção capitalista; o outro se 
relaciona à posição de classe das mulheres e à sua relação com o 
movimento socialista. 
E em direção análoga o autor Meil (2004 apud Mioto, 2015, p. 703) 
[...] indica que o debate sobre o trabalho doméstico, no bojo da teoria 
social de Marx, também se centrou em dois aspectos: um se relaciona à 
natureza desse trabalho (produtivo ou improdutivo); o outro, à afirmação 
do trabalho doméstico como uma forma específica de produção (ou não) 
e suas relações com o modo de produção capitalista. 
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Os autores debatem o assunto do trabalho doméstico em uma perspectiva 
do modo de produção. Na família como unidade de produção, mulheres e crianças 
participam diretamente das atividades consideradas econômicas. 
Segundo Mioto (2015, p. 704) é explicita “[...] a complexidade da inter-
relação família/mulher e trabalho/economia, que se realiza tanto a partir do 
trabalho remunerado, quanto do não remunerado — ambos fundamentais na 
sustentação da subsistência e do bem-estar dos membros de uma sociedade”.É fundamental ressaltar ainda que, com a entrada das mulheres no trabalho 
atende, em alguma medida, às necessidades financeiras dos grupos familiares, 
mas altera as formas de garantia privada de proteção, o que se torna 
problemático, pois a família sempre assumiu papel proeminente na provisão de 
bem-estar familiar. 
Para Meil (2004 apud Mioto, 2015, p. 704), “essa perspectiva [...] permitiu 
evidenciar que a economia segue ‘incrustrada’ dentro da família”. Mioto (2015) 
ressalta que “uma das chaves importantes desse debate uma das chaves 
importantes desse debate está no está no reconhecimento do trabalho no âmbito 
da reprodução, e não apenas no campo da produção”. 
Por fim, Saraceno (2013 apud Mioto. 2015, p. 706) dá um passo além na 
análise do processo de desagregação das atividades familiares ao propor o termo 
trabalho familiar: 
ao fato de propor maior desconcentração das atividades que fazem parte 
do trabalho doméstico. ou seja, inclui, além das tarefas domésticas e do 
cuidado, o tempo utilizado e o esforço desprendido pela família nas 
relações com as instituições [...] em segundo lugar, porque a 
nomenclatura se refere ao trabalho não remunerado e, finalmente, 
porque vincula esse trabalho à família. Este, mesmo estando fortemente 
associado às mulheres, não pode ser reduzido a uma questão de 
gênero, pois, entre outras razões, não envolve apenas as mulheres e 
não pode ser resolvido no campo da relação de gênero. Por esses 
motivos é que se adota a terminologia trabalho familiar. 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. 41. ed. São Paulo: 
Editora Saraiva, 2008. 
BRASIL. Lei n. 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa 
Família, e dá outras providências. Brasília. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.836.htm>. 
Acesso em: 22 set. 2019. 
CARROLL, L. Alice perguntou: Gato Cheshire... pode... Pensador. Disponível 
em: <https://www.pensador.com/frase/MTkwMDc2NQ/>. Acesso em: 22 set. 
2019. 
CARVALHO, M. do C. B. de. Família e políticas públicas. ACOSTA, A. R.; 
VILTALES, M. A. F. (orgs.). Família: redes, laços e políticas públicas. São Paulo: 
Cortez / Instituto de Estudos Especiais – PUC/SP, 2005. 
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Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n124/0101-6628-sssoc-124-
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SPOSATI, A. O. et al. Assistência na trajetória das políticas sociais 
brasileiras: uma questão em análise. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 
 
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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICAS SOCIAIS E FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Gisella Chanan 
 
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INTRODUÇÃO 
No referente tema estaremos abordando na análise da ideia de 
centralidade da família na política da assistência social, ancorada no 
reconhecimento da importância da família no contexto da vida social. 
Ressaltando que a família perpassa em todos os níveis de proteção da Política 
de Assistência Social em seus projetos, programas, serviços e benefícios. 
TEMA 1 – A CENTRALIDADE DA FAMÍLIA NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA 
SOCIAL 
Este retrato de família 
está um tanto empoeirado. 
Já não se vê no rosto do pai 
quanto dinheiro ele ganhou. 
A primeira estrofe da poesia Retrato de família, de Carlos Drummond de 
Andrade (1987), revela um olhar para o passado em direção ao futuro, 
permitindo não somente recuperar, mas também ressignificar esse passado e 
olhar para a família. 
Segundo Teixeira (2015, p. 21), a família tem “ressurgido” no contexto das 
políticas sociais “pós-ajuste” como agente de proteção social. Nesse sentido, é 
essencial [...] ressaltar a centralidade da família como objeto, sujeito e 
instrumento das políticas públicas. 
A centralidade da família nas políticas sociais está explicitada no art. XVI 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU como foco da proteção 
da sociedade e do Estado. Além disso, a Constituição Federal de 1988 (Brasil, 
1988), no art. 226, considera a família como a base da sociedade e atribui a ela, 
em seu art. 227, o dever de assegurar os direitos fundamentais de crianças e 
adolescentes. 
Ressaltamos que a centralidade familiar também está reafirmada na Lei 
Orgânica da Assistência Social (LOAS), no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) e em outras legislações. 
Teixeira (2015, p. 217) ressalta que em todas as “[...] passagens de 
legislações e [em todo] posicionamento teórico é visível a adoção de um novo 
paradigma: o de que a família deve ser apoiada, protegida e capacitada para 
proteger e cuidar de seus membros dependentes”. 
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Na Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social 
(NOB/SUAS), a centralidade tem como base a compreensão de que as outras 
necessidades e públicos da assistência social estão, de alguma maneira, 
vinculados à família, quer seja no momento de utilização dos programas, 
projetos e serviços da assistência, quer seja no início do ciclo que gera a 
necessidade do indivíduo vir a ser alvo da atenção da política. “A família é o 
núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e 
protagonismo social” (NOB, SUAS, 2005, p. 17). 
Nesse sentido, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) (2004, p. 
15) afirma que “a construção da política pública de assistência social precisa 
levar em conta três vertentes de proteção social: as pessoas, as suas 
circunstâncias e dentre elas seu núcleo de apoio primeiro, isto é, a família”. 
A PNAS trouxe vários avanços, entre eles a matricialidade sociofamiliar, 
compreendida a partir das diretrizes estabelecidas para o território nacional, com 
a opção pela “centralidade na família para concepção e implementação dos 
benefícios, serviços, programas e projetos” (Brasil, 2004, p. 33). 
E, para isso, a PNAS (2004, p. 41) reconhece que: 
[...] as fortes pressões que os processos de exclusão sociocultural 
geram sobre as famílias brasileiras, acentuando suas fragilidades e 
contradições, faz-se primordial sua centralidade no âmbito das ações 
da política de assistência social, como espaço privilegiado e 
insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de 
cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e 
protegida. 
Mas identificamos que há uma preocupação com a responsabilidade 
familiar, pois, conforme defendido no âmbito da Política Nacional de Assistência 
Social (2004, p. 41), a família, 
[...] independentemente dos formatos ou modelos que assume, é 
mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando 
continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem 
como geradora de modalidades comunitárias de vida”. 
Segundo Rizzini et al. (2006 apud Teixeira, 2015), há um descompasso 
entre a importância que se atribuiu à família e à falta de condições mínimas de 
vida, suporte e serviços familiares oferecidos pelo poder público, o que na 
prática ocorre mesmo é uma responsabilização da família pela proteção social 
de seus membros. 
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Para a autora, é pertinente a redução de recursos que dão conta das 
demandas e dos serviços destinados às famílias que possam promover 
mudanças nas condições de vida e nos serviços socioeducativos. 
A autora ressalta que 
Em todas essas passagens de legislações e posicionamento de 
teóricos, é visível a adoção de um novo paradigma: o de que a família 
deve ser apoiada, protegida e capacitadapara proteger e cuidar de 
seus membros dependentes [...] essa premissa há a de que não é 
possível fazer políticas públicas sem as parcerias, sem a gestão em 
redes com entidades públicas e privadas. 
De acordo com Dal Prá (2016 apud Mioto, 2012), é pelo campo do 
cuidado se expressa a responsabilização da família, onde articulam-se 
estratégias de imposição ou transferências dos custos do cuidado para as 
famílias, seja no âmbito financeiro, emocional e de trabalho. 
A autora Steffenos (2011 apud Teixeira, 2015, p. 215) salienta “[...] uma 
tendência de apontar a família como responsável por seus dependentes, 
incluindo os idosos, sendo chamada a assumir esses novos encargos, 
independentemente de laços afetivos e de condições para cumpri-los”. 
Portanto, a política social com centralidade na família exige dos 
formuladores, gestores e operacionalizadores o entendimento dessas 
especificidades para que a família possa ser devidamente amparada pelo 
Estado, ao mesmo tempo em que a responsabiliza pela proteção de seus 
membros. Teixeira (2015, p. 217) ainda acrescenta que o sistema de proteção 
social “é a visível adoção do princípio da subsidiariedade da intervenção do 
Estado que, nunca exclusivamente estatal, e só aparece quando a família falha 
na proteção e cuidados”. 
Assim, quando a família não consegue realizar o bem-estar de seus 
membros contará com a ajuda da rede de proteção, ou seja, o Estado não é 
protagonista, uma vez que sua função é prover apoio. 
TEMA 2 – POLÍTICAS DE APOIO À FAMÍLIA 
Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social – MDS (Brasil, 2010, 
p. 42), o SUAS “é um sistema público não contributivo e participativo, que tem 
por função a gestão do conteúdo específico da assistência social no campo da 
proteção social brasileira”. Considerando isso, “a proteção social deve garantir 
as seguintes seguranças: segurança de sobrevivência (de rendimento e de 
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autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar” (Brasil, 2010, p. 31). 
Também a NOB/SUAS de 2012 (Brasil, 2012) reafirma a proteção social da 
assistência social: a segurança da acolhida; a segurança social de renda; a 
segurança do convívio ou convivência familiar, comunitária e social; a segurança 
de desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social, segurança de 
sobrevivência a riscos circunstanciais. 
Para Teixeira (2009, 2010 apud Teixeira, 2015, p. 232), as normas do 
MDS para o trabalho com famílias, em especial o socioeducativo, envolve 
discussões de questões internas de grupos referentes ao trabalho doméstico e a 
reflexões do cotidiano ou de resoluções de conflitos familiares. 
Segundo a autora essas práticas são herdeiras da educação 
disciplinadora e normalizadora da família, que assumem versões 
modernizadoras que lhe escamoteiam dimensões normativas dos 
papéis sociais, dos comportamentos esperados para pai e mãe, em 
nome de processos educativos que visam potencializar o grupo familiar 
e gerar sua autonomia. 
Destacando Campos (2008 apud Teixeira, 2015), essa responsabilização 
da família nos cuidados de seus membros é sustentada cultural e socialmente, 
sendo que grande parte dessas responsabilidades e expectativas recai em 
especial sobre a mulher. 
Teixeira (2015, p. 236) ressalta ainda o trabalho com família, 
[...] assumindo versões normatizadoras e disciplinadoras sobre os 
papéis sociais hegemônicos e os comportamentos esperados, o que 
inibe a dimensão emancipatória que poderia ter ou proporcionar. 
Todavia, isso pode ser redirecionado a partir de novas diretrizes que, 
de fato, se traduzam em um trabalho social que visa à autonomia, 
cidadania e protagonismo social das famílias. 
Pontuamos a obrigação do Estado de disponibilizar, por meio da Política 
de Assistência Social, os serviços, programas e projetos para as famílias nos 
mais variados contextos e localidades do país. Esse trabalho deve ser realizado 
na perspectiva da garantia de direitos, no protagonismo desse usuário e na 
construção da autonomia. 
TEMA 3- PROTEÇÃO SOCIAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
Segundo Di Giovanni (1998, p. 10 apud PNAS 2004, p. 31), “entende-se 
por Proteção Social as formas institucionalizadas que as sociedades constituem 
para proteger parte ou o conjunto de seus membros”. Além disso, a PNAS 
(2004, p. 15) reconhece que: 
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[...] a situação atual para a construção da política pública de 
assistência social precisa levar em conta três vertentes da proteção 
social: as pessoas, as suas circunstâncias e dentre elas seu núcleo de 
apoio primeiro, isto é a família. A proteção social exige a capacidade de 
maior aproximação possível do cotidiano da vida das pessoas, pois é 
nele que riscos, vulnerabilidades se constituem. 
Além disso, as ações da proteção social, entre outros aspectos, visam a 
produzir: 
[...] aquisições materiais, sociais, socioeducativas ao cidadão e cidadã 
e suas famílias para suprir suas necessidades de reprodução social de 
vida individual e familiar; desenvolver suas capacidades e talentos para 
a convivência social, protagonismo e autonomia. (NOB/SUAS 2005, 
p. 89) 
Para a PNAS (2004, p. 31), a proteção social deve garantir as seguintes 
seguranças: segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de 
acolhida; de convívio ou vivência familiar. Dentre essas garantias, a segurança 
de renda tem suscitado grandes debates, questionando a responsabilidade do 
Estado em assegurar tal proteção à referida população. Essa situação gera 
preconceitos, atribuindo “acomodação” e “vagabundagem” a quem se beneficia 
dessa segurança. Trata-se de conceitos que foram, ao longo dos anos, 
enraizados na sociedade. 
No entanto, o Sistema Único de Assistência Social firma o 
posicionamento de que a pobreza e as vulnerabilidades são decorrentes do 
modelo econômico, social e político historicamente constituído no Brasil e, 
assim, a proteção é dever do Estado, como direito social. Assim, a PNAS (2004, 
p. 31) afirma que: 
A segurança de rendimentos não é uma compensação do valor do 
salário mínimo inadequado, mas a garantia de que todos tenham uma 
forma monetária de garantir sua sobrevivência, independentemente de 
suas limitações para o trabalho ou do desemprego. É o caso de 
pessoas com deficiência, idosos, desempregados, famílias numerosas, 
famílias desprovidas das condições básicas para sua reprodução social 
em padrão digno e cidadã. 
A proteção social de assistência social, conforme preconiza a PNAS 
(2004), é hierarquizada e divide-se em: básica e especial, de acordo com os 
níveis de complexidade do processo de proteção, em média e alta 
complexidade, por decorrência do impacto de riscos no indivíduo e em sua 
família. 
Segundo Zola (2015 p. 65), as formas de proteção social são definidas 
em eixos sendo que: 
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Do primeiro eixo, fazem parte programas, projetos, serviços e 
benefícios públicos sociais básicos para os cuidados da criança e do 
adolescente, que possibilitam seu desenvolvimento, processo 
educativo e a proteção básica. Nos segundo e terceiro eixo, são 
observadas situações de contingências e riscos sociais, com 
demandas de serviços especializados, considerados de proteção social 
especial, distinguidos na realidade brasileira de média e alta 
complexidade. 
3.1 Proteção social básica e especial 
O serviço de proteção básica tem um caráter preventivo e visa 
proporcionar a inclusão social, o fortalecimento dos vínculos familiares e 
comunitários, tendo como objetivo “prevenir situações de risco por meio do 
desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários (PNAS, 2004, p. 33), e a ampliação de acesso a 
direitos, destinando-se à: 
[...] população que vive em situaçãode vulnerabilidade social 
decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo 
acesso aos serviços públicos) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – 
relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, 
de gênero ou por deficiências, dentre outras). 
Ainda segundo a PNAS (2004, p. 35), o trabalho com famílias, nesse tipo 
de proteção, 
[...] deve considerar novas referências para a compreensão dos 
diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de um 
modelo único baseado na família nuclear, e partindo do suposto de que 
são funções básicas das famílias: prover a proteção e a socialização 
dos seus membros; constituir-se como referências morais, de vínculos 
afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser mediadora das 
relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o 
Estado. 
A proteção social especial, de acordo com a PNAS (2004, p. 37), 
[...] é a modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e 
indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por 
ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso 
sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas 
socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre 
outras. 
Segundo a Lei Orgânica da Assistência Social, a proteção básica e a 
proteção especial são ofertadas precipuamente no Centro de Referência de 
Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social (CREAS), respectivamente, e pelas entidades sem fins 
lucrativos de assistência social. Essa seria a “porta de entrada” dos usuários à 
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rede de Proteção Social Básica do SUAS, locais onde são executados serviços 
de Proteção Social Básica, dando acesso a outros serviços, programas, projetos 
e benefícios relativos à segurança de sobrevivência (de rendimento e de 
autonomia), de acolhida, e da vivência familiar ou a segurança do convívio de 
acolhida (PNAS, 2004). 
Segundo o Caderno de Orientações Técnicas – CRAS (2009, p. 9): 
CRAS é uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por 
objetivo prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos 
sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades 
e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e 
da ampliação do acesso aos direitos de cidadania. 
Ressaltando ainda que esses “serviços, de caráter preventivo, protetivo e 
proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de 
espaço físico e equipe compatível” (CRAS, 2009, p.09). 
Ressaltamos que a Proteção Social Especial (PSE) (CREAS, 2011, p. 
18), 
[...] por meio de programas, projetos e serviços especializados de 
caráter continuado, promove a potencialização de recursos 
para a superação e prevenção do agravamento de situações de risco 
pessoal e social, por violação de direitos, tais como: violência física, 
psicológica, negligência, abandono, violência sexual (abuso e 
exploração), situação de rua, trabalho infantil, práticas de ato 
infracional, fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do 
convívio familiar, dentre outras. 
Além disso, as “ações desenvolvidas na PSE devem ter centralidade na 
família e como pressuposto o fortalecimento e o resgate de vínculos familiares e 
comunitários, ou a construção de novas referências, quando for o caso” 
(CREAS, 2011, p.18). 
3.2 Tipificação nacional dos serviços socioassistenciais 
A Resolução n. 109, de 11 de novembro de 2009, definida como a 
Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, foi concebida a partir das 
deliberações da VI Conferência Nacional de Assistência Social, bem como das 
metas previstas no Plano Decenal de Assistência Social, promovendo uma 
padronização, em nível nacional, dos serviços socioassistenciais. 
A referida resolução foi tema de discussão e deliberação no Conselho 
Nacional da Assistência Social referente à democratização da gestão do SUAS, 
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nela compreendida a participação intergovernamental com as Entidades de 
Assistência Social. 
Seu artigo 1º (MDS, 2009) define os serviços: 
I - Serviços de Proteção Social Básica: 
a) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); 
b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; 
c) Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com 
deficiência e idosas. 
II - Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade: 
a) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e 
Indivíduos (PAEFI); 
b) Serviço Especializado em Abordagem Social; 
c) Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de 
Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de 
Serviços à Comunidade (PSC); 
d) Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, 
Idosas e suas Famílias; 
e) Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. 
III - Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade: 
a) Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades: 
- abrigo institucional; 
- casa-lar; 
- casa de passagem; 
- residência inclusiva. 
b) Serviço de Acolhimento em República; 
c) Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; 
d) Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de 
Emergências. 
A partir de então, essa passou a ser a regra-matriz padronizadora, o que 
derivou a adoção de similares parâmetros pelos Conselhos Municipais, haja 
vista que o próprio CNAS editou outra resolução, a de n. 16, de 5 de maio de 
2010, regulando o seguinte: 
Art. 6º A inscrição dos serviços, programas, projetos e benefícios 
socioassistenciais nos Conselhos de Assistência Social Municipais e do 
Distrito Federal é o reconhecimento público das ações realizadas pelas 
entidades e organizações sem fins econômicos, ou seja, sem fins 
lucrativos, no âmbito da Política de Assistência Social. 
§ 1º Os serviços de atendimento deverão estar de acordo com a 
Resolução CNAS n. 109, de 11 de novembro de 2009, que trata da 
Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, e com o Decreto 
n. 6.308, de 14 de dezembro de 2007. 
Considerando que o Sistema Único de Assistência Social, ainda recente, 
veio para consolidá-la como política pública, pontuamos que são necessárias 
ações diferenciadas, levando em conta os níveis de proteção que a política 
coloca abrangendo as famílias e seus indivíduos que passam por 
vulnerabilidades e riscos sociais, pois eles tiveram seus direitos violados ou 
estão em situações risco e de total exclusão. 
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E, por fim, a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais, como resolução 
normativa, ganha caráter permanente e planejado. 
TEMA 4 – PROGRAMAS DA POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
Conforme a base da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, o 
Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família – PAIF é concebida a 
partir do reconhecimento das vulnerabilidades e dos riscos sociais que atingem 
as famílias, que exigem estratégias de prevenção e enfrentamento da questão 
social. Através do Decreto n. 5.085, de 19 de maior de 2004, o PAIF tornou se 
ação continuada da Assistência Social, passando a integrar a rede de serviços e 
sendo financiada pelo Governo Federal. Vale destacar que a PAIF, “pactuado e 
assumido pelas diferentes esferas de governo, surtiu efeitos concretos na 
sociedade brasileira” (PNAS, 2004, p. 34). 
Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009, 
p. 6), o PAIF “consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, 
com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, de modo a 
prevenir a ruptura de vínculos familiares e comunitários”, bem como as situações 
de risco. Ressalta-seque a Tipificação tem o papel de contribuir com a 
viabilização dos direitos dos usuários do SUAS, colaborando para a melhoria de 
sua qualidade de vida e atuando no desenvolvimento da autonomia e do 
protagonismo social das famílias e dos indivíduos acompanhados, mediante 
ações de caráter preventivo, protetivo e proativo (Tipificação Nacional de 
Serviços Socioassistenciais, 2009). 
O trabalho social com famílias assistidas pelo PAIF é desenvolvido pela 
equipe de referência do CRAS, e sua gestão territorial, pelo coordenador do 
CRAS, auxiliado pela equipe técnica, sendo essas, portanto, “funções exclusivas 
do poder público e não de entidades privadas de assistência social” (CRAS, 
2009, p.10). 
As ações do PAIF consistem em: acolhida; oficinas com famílias; ações 
comunitárias; ações particularizadas e encaminhamentos. Segundo a Tipificação 
(2009, p. 6), o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e 
Indivíduos (PAEFI) consiste em: 
Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou 
mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. 
Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de 
direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, 
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comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das 
famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as 
submetem a situações de risco pessoal e social. 
Ressaltando que esse é um serviço de média complexidade e que seu 
atendimento se fundamenta no respeito à heterogeneidade, às potencialidades, 
aos valores, às crenças e às identidades das famílias. 
TEMA 5 – PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA 
Os programas de transferência de renda do Governo Federal sob 
responsabilidade da Secretaria do Desenvolvimento Social do Ministério da 
Cidadania são: Bolsa Família, Renda Mínima, Renda Cidadã, Benefício de 
Prestação Continuada (BPC), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil 
(PETI) e o Programa Ação Jovem. 
Conforme a PNAS (2004), no âmbito Sistema Único De Assistência Social 
(SUAS), os programas são: 
Art. 2º [...] 
Parágrafo único - A assistência social realiza-se de forma integrada às 
políticas sociais setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à 
garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para 
atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. 
[...] 
Art. 24 - Os programas de assistência social compreendem ações 
integradas e complementares com objetivos, tempo e área de 
abrangência definidas para qualificar, incentivar e melhorar os 
benefícios e os serviços assistenciais. 
O Governo Federal, com a aprovação do Decreto n. 5.209, de 17 de 
setembro de 2004, no artigo 1º, decreta que o BPC será regido por esse decreto 
e pelas disposições que serão estabelecidas pelo Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome, cabendo a esse ministério, conforme o artigo 2º, a 
coordenação, a gestão e a operacionalização do programa. O artigo 4º do 
mesmo decreto estabelece os objetivos básicos do programa, que são: 
i – promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de 
saúde, educação e assistência social; 
ii – combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional; 
iii – estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em 
situação de pobreza e extrema pobreza; 
iv – combater a pobreza; e 
v – promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia 
das ações sociais do poder público (Brasil, 2008). 
O programa tem seu objetivo central na redução da fome e no combate à 
pobreza das famílias que são beneficiárias, além de garantir a elas o acesso às 
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demais políticas públicas que melhoram a sua condição de vida e que permitam 
emancipar-se e sair da situação de pobreza ou de extrema pobreza. 
Conforme o artigo 14 do referido Decreto, compete aos municípios a 
constituição de coordenações composta por representantes das áreas da saúde, 
educação, assistência social e segurança alimentar, que sejam responsáveis 
pelas ações do programa. Eles devem, ainda, inserir informações sobre as 
famílias no cadastro único, além de disponibilizar os serviços e as estruturas 
públicas na área de saúde, educação e assistência social, estabelecendo 
parcerias com os demais âmbitos do governo e acompanhando as 
condicionalidades. 
Para Carloto (2015, p. 186), “os programas de transferência de renda se 
orientam majoritariamente às mulheres. Em função do caráter ‘feminizado’, 
desses programas, existe uma tendência em considerá-los uma política pública 
para mulheres”. 
Um primeiro ponto de interseção das nossas políticas está na própria 
concepção do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, que 
reúne informações de famílias que possuem renda mensal por pessoa de até 
meio salário mínimo ou ainda aquelas com renda familiar total de até três 
salários. O Cadastro tem indicadores socioeconômicos importantes, que 
permitem identificar situações de vulnerabilidade social para além do critério de 
renda. Isso possibilita aos gestores planejar políticas públicas a partir da 
identificação das demandas e necessidades, bem como selecionar famílias para 
serem integradas aos programas de acordo com o perfil. 
Segundo Goldani (2002, p. 38 apud Carloto, 2015, p. 184), “os programas 
de renda mínima que garantem um rendimento ‘mínimo’ para as famílias e não 
para os indivíduos justificando que a pobreza ocorre na família e cabe a ela ser 
solidária na gestão e no consumo dos rendimentos”. 
Finalizamos pontuando que, para que a família possa prevenir, proteger, 
promover e incluir socialmente seus membros, ela precisa ter condições 
garantidas de sustentabilidade, e os programas de transferência da renda direta 
às famílias e os demais serviços que devem ser ofertados pelo município 
proporcionam a elas algumas dessas garantias. 
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REFERÊNCIAS 
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da política social. São Paulo: Cortez, 2015, p. 211-240. 
ZOLA, M. B. Políticas Sociais, família e proteção social: um estudo acerca 
das políticas familiares em diferentes cidades/países. In: MIOTO, R. C. T.; 
CAMPOS, M. S.; CARLOTO, C. M. (orgs.). Familismo, Direitos e Cidadania: 
contradições da política social. São Paulo: Cortez, 2015, p. 45-94. 
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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICAS SOCIAIS E FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Gisella Chanan 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, abordaremos as transformações sociais e econômicas e seus 
impactos na estrutura e na organização da familia. Para esse estudo, é 
fundamental salientar que a família é ainda a responsável por garantir o capital 
social e cultural de seus membros, condicionando em parte as posições sociais 
futuras. 
TEMA 1 – ANÁLISE E CONCEITO: FAMILISMO 
Os fatores históricos, econômicos, políticos e culturais são responsáveis 
pelas mudanças ocorridas na sociedade e principalmente na família. Torna-se, 
então, imprescindível relatar o reconhecimento da importância da família pelo 
ordenamento jurídico, o qual, conforme Zola (2015, p. 57), [...] “reconhece também 
que a tendência da centralidade na família para a proteção social de seus 
membros, transfere atribuições e sobrecarga, destacando a mulher”. Assim, é 
preciso perceber que a transferência de responsabilidade social do setor público 
para as famílias oprime a mulher em suas tarefas e serviços desempenhados no 
seio familiar. 
Campos e Mioto (2003, p. 165) enfatizam que a família sempre esteve 
relacionada com a política social, diferenciando-se em três tipos: “a família do 
provedor masculino, o ‘familismo’ e a família no Estado de Bem-Estar Social de 
orientação social-democrata”. 
A família do provedor masculino remete às relações regidas pelo preceito 
de que as mulheres seriam subordinadas aos homens. Segundo Zola (2015, 
p. 57), é uma perspectiva tradicional de proteção social realizada a partir da família 
nuclear, centrada no modelo previdenciário. Esse modelo de família nuclear 
assenta-se em valores instituídos que corroboram com uma suposta supremacia 
masculina, o que acaba atribuindo às atividades masculinas maior importância do 
que às atividades femininas. 
Conforme Zola (2015, p. 57), a família do provedor masculino, no modelo 
previdenciário tem por base dois eixos sendo: “[...] o seguro social público para a 
cobertura dos riscos do curso de vida, doenças, velhice, morte e, de outro lado, a 
existência de solidariedade familiar, baseada nas trocas internas e no apoio da 
mulher aos cuidados familiares”. 
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Campos e Mioto (2003 apud Zola, 2015, p. 58) “consideram essa 
modalidade de cobertura de renda e de direitos sociais, aos dependentes do 
homem, como de ‘direitos derivados’ e não de primeira classe”. Zola (2015, p. 58) 
adverte que é atribuída à mulher a função de provedora de cuidados 
desenvolvidos pela família, ou seja, cabe à mulher [...] a reprodução social e de 
provisão e manutenção do cotidiano e do próprio grupo familiar”. 
Sobre familismo, as autoras Campos e Mioto (2003, p. 170 apud Zola, 
2015, p. 58) esclarecem que, “[...] na perspectiva da baixa oferta de serviços pelo 
Estado, tendo as famílias, ‘a responsabilidade principal pelo bem-estar social’”. 
Como há uma tendência a se considerar o modelo nuclear de família, do provedor 
masculino, o foco da ação política mantém-se na centralidade da família e na 
proteção de seus membros. 
As autoras ainda ressaltam que o familismo é pautado na solidariedade 
entre os membros e reiteram 
[...] as funções protetoras femininas e a naturalização da família como 
instância responsável pela reprodução social e se expressa em 
graduação diferentes, conforme a desresponsabilização pública, quer 
pela omissão e, também, pelo compartilhamento de metas ambiciosas, 
diante de situações adversas e de difícil solução, com parcos 
investimentos. (Campos; Mioto, 2003, p. 170 apud Zola, 2015, p. 59) 
Então, as políticas públicas transferem para a família as responsabilidades 
de proteção social aos seus membros, e a mulher, historicamente, assume os 
cuidados nessas relações familiares. 
No caso da família no Estado de Bem-Estar Social de orientação social-
democrata, Campos e Mioto (2003, p. 174 apud Zola, 2015, p. 59) esclarecem que 
[...] a centralidade da ação pública não é na família e sim nos direitos 
dos indivíduos, sendo responsabilidade do Estado a universalização dos 
serviços. Possibilita a equidade de oportunidade, e a “oferta de serviços 
de apoio aos encargos familiares constitui alternativas claras, 
favorecendo uma política de liberação do trabalho feminino para o 
mercado”. 
Para Zola (2015, p. 59), pauta-se, assim, pela prevenção, evitando o 
esgotamento da capacidade familiar. Nessa perspectiva da proteção social, o 
Estado garante os direitos socialmente conquistados em vez de transferir as 
responsabilidades para a família, ou seja, provê a manutenção e a extensão dos 
direitos no aspecto universal. 
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Concluímos que o Estado, focado nas ideias liberais, no caso brasileiro, 
propõe uma atuação residual, contando que as famílias detêm a maior parcela de 
responsabilidade na provisão do bem-estar dos seus membros. 
TEMA 2 – REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE FAMÍLIA 
Sabemos que a família sofre alterações e mudanças na composição e nos 
arranjos familiares, sendo forte agente de proteção social de seus membros. E 
são muitas as reflexões sobre a definição de família, que, inclusive, pode ser 
diferente daquilo a que estamos acostumados a ver. Assim, para pensar 
criticamente a família contemporânea inserida em uma sociedade capitalista 
neoliberal, em um país subdesenvolvido sujeito às leis do mercado internacional, 
há que, antes de tudo, compreender os fundamentos da família como instituição. 
Segundo Gelinski e Moser (2015, p. 127), “Inúmeras controvérsias cercam 
a definição de família. Extensamente estudada quanto as suas formas e funções 
ela ainda é um tema em construção. Na análise de políticas públicas ficaem 
evidência a multiplicidade de conceitos e critérios operacionais que definem as 
famílias”. 
A palavra família, etimologicamente, deriva do latim “famulus”, que significa 
escravo doméstico. Na sociedade ocidental moderna, o conceito de família 
significa o grupo de pessoas que se relacionam entre si formando grau de 
parentesco e compartilhando o mesmo sobrenome por matrimônio ou por adoção. 
Para Gelinski e Moser (2015, p. 128) “na literatura brasileira, em particular, 
é possível perceber dois grupos de estudos sobre famílias. [O primeiro grupo se] 
caracteriza a formação da sociedade brasileira [...] impactos na legislação sobre 
a família e sobre as questões civis a ela relacionadas”. 
A concepção patriarcal influenciaria de maneira decisiva o marco jurídico 
que regularia a vida em família e em sociedade, como a legislação sobre 
casamento de 1890. De forma semelhante, mudanças na concepção da 
família no século XIX apontariam para novos marcos legislativos (como 
o Código Civil de 1916) que oferecem amparo à família nuclear. (Kroth, 
2008 apud Gelinski; Moser, 2015, p. 128) 
O segundo grupo, conforme Gelinski e Moser (2015, p. 128), concebe “[...] 
os condicionantes históricos da formação da família brasileira [...] questões como 
provisão das famílias, sua constituição, de forma ampliada ou em rede, 
desempenho de papéis sociais, divisão de tarefas domésticas ou questões 
geracionais”. 
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 Ainda de acordo com Gelinski e Moser (2015, p. 128), “a ideia da família 
em rede se contrapõe à definição clássica de família”. Diante das alterações que 
o contexto familiar sofreu em suas estruturas, diversas realidades são postas, tais 
como: pais divorciados, amasiados, mães e pais solo, homossexuais, avôs e avós 
que assumem a criação dos netos. 
E conforme Sarti (2007, p. 68 apud Gelinski; Moser, 2015, p. 129): 
O parentesco, principalmente para famílias pobres, supera os laços de 
sangue e transforma vizinhos, ou amigos próximos, em parentes. Eles 
possibilitarão trocas de dinheiro, de apoio, e de afeto [...] assinala que a 
sobrevivência de grupos familiares chefiados por mulheres é 
possibilitada pela mobilização cotidiana de uma rede familiar que 
ultrapassa os limites da casa [...] uma rede local – não um lar, nem uma 
vizinhança [...] é uma unidade que permite a sobrevivência e que 
organiza o mundo das pessoas. 
Nessa linha, a família ganha o atributo ou a forma de uma rede local 
destinada a garantir a sobrevivência e, ao mesmo tempo, organizar a vida das 
pessoas (Gelinski; Moser, 2015). Assim, a família não é apenas uma unidade 
residencial, ela vai além em sua comunidade econômica e de relacionamentos. É 
no sentido de grupo com o qual se identificam e se mantêm emocionalmente, 
compartilhando seus problemas e suas lutas cotidianas. 
Conforme as modificações na sociedade ocorriam, novos modelos 
familiares foram surgindo, e a família nuclear — aquela composta de pai, mãe e 
filhos — foi aos poucos deixando de ser dominante, sendo hoje encontradas 
múltiplas estruturas familiares na sociedade. 
Vemos, assim, que não existe um único modelo de família, e sim diversas 
formas familiares, e nem mesmo modelos corretos ou errados de famílias. São 
novos olhares que devemos compreender e observaremos no próximo tema. 
TEMA 3 – NOVOS OLHARES SOBRE AS FAMÍLIAS 
Estudamos as mudanças no enfoque da concepção de família, as quais 
indicam que não existe um conceito único, pois os modelos familiares variam de 
acordo com o contexto histórico, político e econômico. 
Martino (2015, p. 97) relata que “durante os anos 1980 e 1990, primeiro na 
academia e depois no nível político, supera-se o conceito de família e se impõe o 
plural: famílias”. Essa mudança manifesta “o processo que ajudou a superar a 
imagem naturalizada e tradicional de família, composta por pai, mãe e filhos 
vivendo sob o mesmo teto, e passa a reconhecer outras formas familiares 
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consideradas até então como fora do padrão ou disfuncionais” (Beck-Gernsheim, 
2003 apud Martino, 2015, p. 97). 
Então, a diversidade dos novos arranjos familiares resume “dois processos, 
um relacionado às mudanças sociodemográficas e outro associado ao aumento 
da participação das mulheres no mercado de trabalho” (Martino, 2015, p. 97). Vale 
ressaltar que o sistema capitalista trouxe como processo civilizatório várias 
implicações profundas nos mais diversos ramos. E o sujeito contemporâneo, 
nesse contexto, se encarcera em sua própria individualidade, ou seja, passa a 
enxergar o mundo a partir de um prisma de individualidade. 
Para Jelin (2000, 2012) apud Martino (2015, p. 97), “[...] quando o processo 
de individualização e autonomia pessoal das mulheres e dos jovens minou o poder 
patriarcal e colocou a família como uma expressão marcante de escolhas 
individuais”. Assim, conforme Jelin (2000, 2012 apud Martino, 2015, p. 97), “a 
desnaturalização da ideia de família única tornou visíveis outros modelos de 
organização patriarcal no qual o chefe de família tem o controle e decisão sobre 
os outros membros”. 
Então, para (Martino, 2015, p. 97), “a família, por sua vez, deixou de ser 
vista a priori como um lugar de felicidade (Mioto, 2001) e, também, passou a ser 
vista como lugar de conflitos, tensões e abusos”. Pontuamos que esse lugar de 
conflitos na família é oriundo do sistema capitalista que propõe a individualidade 
da pessoa, notada em suas escolhas marcantes individuais. 
Conforme Martino (2015, p. 97) “alguns autores analisam a diversidade de 
arranjos familiares como expressão de processos culturais ligados à 
individualização e à construção de biografias mais flexíveis e autônomas, 
tornando o sistema mais equitativo nas relações de gênero”. 
A questão de gênero é relacional, sendo necessário refletir para assegurar 
que mulheres e homens possam ter relações mais equitativas em todas as 
dimensões. Como consequência disso, temos, por exemplo, o adiamento da idade 
de casamento e do nascimento do primeiro filho, o aumento da taxa de divórcio e 
as negociações de projetos de vida independentes (Cabella; Peri; Street, 2005; 
Arraigada, 2002 apud Martino, 2015). 
Já Ariza e de Oliveira (2007 apud Martino, 2015, p. 98) “indicam o caráter 
seletivo e heterogêneo desses processos sociais, tanto em termos de classes 
sociais como países e regiões”. Para Martino (2015), os autores citados 
reverenciam a família com tendência à redefinição das relações de gênero. 
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Contudo, ainda para Martino (2015, p. 98), 
[...] na literatura sobre a família, a redefinição das responsabilidades 
familiares é mais difícil para os pobres, assim como encontrar pontos de 
contato entre os interesses individuais e coletivos. Parece que negociar 
padrões de distribuição de tarefas é mais difícil nas famílias onde os 
recursos são escassos. 
Devemos refletir que as famílias passaram por transformações na sua 
estrutura, nas suas relações e na sua organização, visto que todas as situações 
de vulnerabilidades sociais tornam mais difíceis, ainda como apontado pela 
autora. 
O autor Esping-Andersen (2000 apud Martino, 2015, p. 102) “[...] sustenta 
que uma dimensão essencial da análise é a medida na qual as famílias absorvem 
os riscos sociais”. Além disso, ele também afirma 
[...] que regime de bem-estar familiarista é aquele em que a política 
responsabiliza em maior grau a família pelo bem-estar dos seus 
membros. [...] O familismo corresponde a uma política familiar pouco 
desenvolvida, associada a sistemas de proteção social baseada no 
homem provedor e na centralidade da família como provedora de 
cuidados e de bem-estar. (Esping-Andersen, 2000 apud Martino, 2015, 
p. 102) 
Pontuamos que esse regime de bem-estar familiaristaque o autor aponta 
é entendido como coletivização das necessidades da família, ou seja, um conjunto 
de responsabilidades sobre o bem-estar e a satisfação das necessidades de todos 
os seus membros, expressando também a porcentagem do Estado nisso e em 
seus serviços públicos, como creches para crianças e assistência aos idosos. Já 
no familismo corresponde a uma menor provisão de bem-estar por parte do 
Estado com relação à família. 
Assim, compreendemos que o familismo no Brasil está enraizado nas 
políticas sociais e que os elementos que constituem as famílias fazem parte da 
engrenagem das diferentes fases do desenvolvimento do capitalismo. A família 
está profundamente conectada às bases da formação social e econômica do país. 
TEMA 4 – A FAMÍLIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 
São grandes as transformações que ocorrem na família e, para Mioto 
(2010, p. 53) “a consciência das grandes transformações que ocorreram no âmbito 
da família [...] têm [...] se manifestado no cotidiano dos serviços em geral”, ou seja, 
existe uma consciência acerca dessas transformações. 
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Mas, de acordo com Mioto (2010, p. 53), “observa-se a existência de um 
consenso sobre a diversidade de arranjos familiares, sobre o caráter temporário 
dos vínculos conjugais e sobre outras questões ligadas à área de reprodução 
humana e da liberalização dos costumes”. Ainda se observa que muito raramente 
encontramos técnicos que não trabalham com a ideia da diversidade de famílias 
(Mioto, 2010). 
São técnicos que observamos em reuniões intersetoriais, que descrevem 
em seus relatórios sociais essa terminologia, rotulando as famílias nesse padrão 
de família nuclear. Dessa forma, utilizam o termo “famílias desestruturadas” para 
rotular aquelas que fugiam do modelo ou do padrão descrito pela escola estrutural 
funcionalista (Mioto, 2010, p. 53). 
Sobre as transformações das famílias e de sua estrutura e composição, 
Mioto (2010, p. 53) afirma que: 
Apesar das mudanças na estrutura, a expectativa social relacionada às 
suas tarefas e obrigações continua preservada. Ou seja, espera-se um 
mesmo padrão de funcionalidade, independentemente do lugar em que 
estão localizadas na linha da estratificação social, calcada em 
postulações culturais tradicionais referentes aos papéis paterno e, 
principalmente, materno. 
Vemos que ainda são ações baseadas em expectativas relacionadas aos 
papéis típicos de uma concepção funcional de famílias. Para Mioto (2010, p. 53), 
a mulher continua sendo a responsável pelo cuidado e pela educação dos filhos, 
e o homem-pai, pelo provimento e exercício da autoridade familiar. São 
julgamentos morais que técnicos ainda utilizam em relação à figura materna, por 
exemplo: é responsabilidade da mulher levar o filho para a vacinação. 
É muito mais que uma questão de semântica, segundo Mioto (2010, p. 53), 
o termo “famílias desestruturadas” continua sendo de uso corrente, “[...] utilizado 
para nomear as famílias que falharam no desempenho das funções de cuidado e 
proteção dos seus membros e trazem dentro de si as expressões de seus 
fracassos, como alcoolismo, violência e abandonos”. E, por fim, Mioto (2010, p. 
54) ratifica a tendência de soluções residuais aos problemas familiares. 
Ressaltamos que a política de assistência social tem, em seus princípios, 
a matricialidade sociofamiliar, a qual não consegue superar a tendência familista, 
pois, se por um lado o termo significa que a família é a matriz para concepção e 
na sua implementação, que em hipótese pode romper a fragmentação do 
atendimento, por outro, toma a família como instância primeira ou núcleo básico 
da proteção social aos seus membros, devendo ser apoiada para exercer, em seu 
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próprio domínio interno, as funções de proteção social, portanto, continua-se a 
responsabilizar a família, em especial as mulheres, pelos cuidados e por outras 
tarefas de reprodução social. 
É necessário superar essa tradição histórica do trabalho social com 
famílias, de concepções de família-padrão, família irregular, e, enfim, utilizar uma 
metodologia de trabalho com famílias que, de fato, aborde, de forma dialética e 
articulada, assuntos internos e externos ao núcleo familiar. 
TEMA 5 – AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E O IMPACTO NA FAMÍLIA 
Com a Revolução Industrial, ocorreram transformações e uma divisão na 
unidade doméstica, que se tornou local apenas de reprodução das relações 
capitalistas de exploração. 
Esse sistema capitalista se consolida na função de produzir bens que são 
necessários para o consumo e a sobrevivência da família. Nesse contexto, a 
mulher, que tinha uma função subalterna, agora passa a ter importância na 
economia familiar. 
Conforme Alencar (2010, p. 61), “[...] o impacto das transformações 
econômicas e sociais nas condições de vida da classe trabalhadora através da 
família se deve à centralidade que esta ocupa no âmbito da sobrevivência 
material”. 
Os membros da família dependem da inserção social e se articulam das 
mais diversas formas, estabelecendo alternativas para superar as condições de 
precariedade social, diante de um contexto de desemprego ou de inserção 
precária no mundo do trabalho. 
Para Telles (1992 apud Alencar, 2010, p. 61), 
Através do ingresso no mercado de trabalho, do desenvolvimento de 
pequenas atividades informais para a obtenção de algum tipo de renda 
complementar e outras tantas estratégias, como a construção de 
moradias e as diversas práticas de solidariedade, os indivíduos tentam 
suprir uma rede de proteção social fragilizada. 
Segundo Alencar (2010, p. 62), os estudos sobre as funções da família na 
sociedade capitalista tornam evidente seu papel como unidade de renda e de 
consumo. Para a autora, “a centralidade da família está ratificada para a 
compreensão de certos processos sociais e econômicos, que gravitam em torno 
da esfera da produção e da reprodução, reconstituindo uma unidade histórica que, 
no campo analítico, por vezes é esquecida”. 
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Como relata Dal Prá (2016, p. 7), 
[...] Neste contexto intensificam-se dois processos, sendo um deles o 
de focalização através de um investimento massivo do Estado em 
programas de transferência de renda em detrimento das políticas 
universalizantes e de proteção aos trabalhadores e outro de 
responsabilização da família na provisão de bem-estar onde esta 
ressurge como a primeira referência fundamental na política social. 
Compreendemos a forte presença do mercado, ou seja, do próprio sistema 
capitalista, em que o Estado assume uma menor provisão de bem-estar, e as 
unidades familiares devem assumir a principal responsabilidade de entre seus 
membros. 
Para Alencar (2010, p. 63), diante da 
[...] crise econômica e da evidente retração do Estado da esfera social, 
ressurgem os discursos e as práticas de revalorização da família que, 
fundamentados numa concepção ideológica de cunho conservador, 
promovem e disseminam a proposição de que a família é a grande 
responsável por prover as necessidades dos indivíduos. 
Ainda que se tenha políticas sociais de investimentos, como o Bolsa 
Família e outros de programas de geração de renda, conforme Alencar (2010, 
p. 63), “[...] as estratégias de combate à pobreza têm que necessariamente 
interferir nas relações de mercado, uma vez que é no mercado que se originam 
as condições de desigualdade social do capitalismo, contribuindo profundamente 
para a reprodução dos mecanismos de exclusão social”. 
Ressaltamos que a pobreza está entre as várias manifestações da questão 
social decorrente da dinâmica histórica do desenvolvimento do capitalismo e, 
como fenômeno complexo, multidimensional e relativo, permite desconsiderar seu 
entendimento como decorrente apenas da insuficiênciade renda. Permite também 
desvelar os valores e as concepções inspiradoras nas políticas de transferência 
de renda, as possibilidades e impossibilidades para sua redução, superação, 
regulação ou, como apontada pela autora, “exclusão social”. 
 
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2016. Disponível em: <http://www.cress-mg.org.br/Upload/Pics/63/630b7c83-
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INDICADORES SOCIAIS NO TRABALHO COM FAMÍLIA 
Nesta aula abordaremos algumas reflexões históricas do trabalho com 
família no contexto brasileiro e, posteriormente, os assuntos de programas de 
apoio familiar. 
Pontuamos que a família é a centralidade das políticas sociais e, devido à 
sua complexidade, carecemos de discussões e reflexões teóricas a respeito. 
TEMA 1 – REFLEXÕES HISTÓRICAS DO TRABALHO COM FAMÍLIA 
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha 
opinião formada sobre tudo. 
Raul Seixas 
Anteriormente, analisamos no bojo do sistema capitalista que foram visíveis 
as transformações na família. E aplicando o conceito de Raul Seixas ao modelo 
político-econômico fundamentado no liberalismo, temos que refletir sobre essa 
“velha opinião”. 
Segundo Dal Prá (2016, p. 4), o trabalho com famílias se constitui 
“fundamental para que as profissões interventivas como o serviço social e as 
demais profissões que atuam nas políticas sociais de saúde e assistência social, 
por exemplo, compreendam como esse tema foi marcado pela dinâmica 
societária”. 
As primeiras iniciativas do Estado para estabelecer políticas públicas na 
área da família, segundo Neder (1994 citado por Dal Prá, 2016), foram inspirações 
no autoritarismo nazifascista, na década de 1930. Segundo Mioto (2015, p. 6 
citado por Dal Prá, 2016), no nascimento da questão social da década de 1920, 
“é possível observar o movimento dos setores burgueses da sociedade na 
organização da assistência às famílias”. 
E esse estereótipo, como já relatamos, segundo Neder (1994, p. 34 citado 
por Dal Prá, 2016, p. 4), “passou a ser dada à ideia de ‘família regular’, ‘saudável’. 
Forte aliada do Estado Novo, a Igreja deu mais que apoio político; deu, sobretudo, 
suporte teórico e prático para a implementação das políticas públicas nesta área”. 
No cenário brasileiro, a ideia de solidariedade veio assegurar as condições 
mínimas de proteção social que, com condições mínimas associadas à pobreza, 
eram atendidas pelas Santas Casas de Misericórdia, organizações constituídas 
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com base nos princípios e orientações da Igreja Católica. Segundo Neder (1994 
citado por Dal Prá, 2016), a Igreja Católica, com base nas experiências práticas 
dessas organizações, desenvolveu as primeiras estratégias voltadas às famílias 
no Brasil. 
A influência da Igreja no âmbito da família vem acompanhada da atenção 
oferecida por profissionais, que, ao atuarem com a classe trabalhadora 
e suas famílias, as tornaram objeto de práticas de cunho disciplinador e 
moralizante, que pretendiam delimitar formas de sociabilidade, valores, 
hábitos e condutas. (Alencar, 2012, p. 137, citado por Dal Prá, 2016) 
Neder (1994, p. 34 citado por Dal Prá, 2016) ressalta que a Igreja era 
calcada na ideia da “família-padrão, higienizada e patriarcal”. As intervenções 
eram pautadas em refrear as condutas tidas como antissociais e atitudes 
indisciplinadas em toda ordem. Ressaltando-se que na década de 1930 a 
industrialização estava a todo vapor, conforme Alencar (2012 citado por Dal Prá, 
2016), era necessário formar um contingente de trabalhadores dóceis e 
disciplinados para o trabalho na indústria emergente. 
A gênese do serviço social surge então “no bojo das questões relacionadas 
ao controle da classe trabalhadora em uma intensa vinculação com o ideário 
católico […] um viés regulador”. Assim, “a intervenção profissional dos assistentes 
sociais, inicialmente, atrela-se ao trabalhador e a sua família” (Iamamoto; 
Carvalho, 1993 citados por Dal Prá, 2016, p. 5). 
A atuação do serviço social nessa década era positivista/funcionalista, e 
estabelecia uma relação de causa e efeito sem questionar ou refletir variáveis não 
mensuráveis no ponto científico. O papel era grosseiramente assistencialista, sem 
manter nenhum compromisso com o usuário. 
Segundo Mioto (2010, p. 164 citado por Dal Prá, 2016, p. 5), essa atuação 
positivista aprimorou “os seus instrumentos e técnicas direcionadas para o 
processo de averiguação e controle dos modos de vida das famílias, 
especialmente através de um forte processo de burocratização dos procedimentos 
e de regulamentação para a condução do atendimento às famílias”. 
Na área da saúde, os assistentes sociais atuavam de forma terapêutica e, 
para Bravo (1996 citado por Dal Prá, 2016, p. 5), essa “atuação psicossocial junto 
aos usuários da política de saúde e familiares se caracterizou como restrita e 
subsidiária, concentrada para viabilizar recursos e sua reintegração e 
disciplinamento ao trabalho”. 
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Nas “décadas de 1940, 1950 e 1960, o trabalho social com famílias se 
avolumou e continuou marcado pela tecnificação” (Dal Prá, 2016, p. 5). A partir de 
1970, começa a ser marcado pela produção da área da saúde mental, 
particularmente pela terapia familiar sistêmica – uma fonte de aportes para ações 
referentes à família. Para Iamamoto (1999), esse processo tem sido denominado 
como “psicologização da questão social”. 
Ressaltamos que, como já foi relatado, a centralidade da família na 
provisão da proteção social culminou com a Constituição Federal de 1988. 
Conforme Dal Prá (2016, p. 6), “A incorporação da família como instância 
de proteção social e suporte para a política social foi reforçada a partir da década 
de 1990 e início dos anos 2000, onde seu ressurgimento a partir do projeto 
neoliberal fez com que se reiterasse uma concepção conservadora de família”. 
TEMA 2 – O CONTEXTO DE PROGRAMAS DE APOIO SOCIOFAMILIAR 
Para melhor compreender esse trabalho, abordaremos a relação entre 
Estado e família. 
O Estado, ao longo da história, seinstaurou como fonte de controle e 
elaboração de normas para a família. Segundo Mioto (2010, p. 51), a “construção 
histórica dessa relação foi permeada pela ideologia de que as famílias, 
independentemente de suas condições objetivas de vida e das próprias 
vicissitudes da convivência familiar, devem ser capazes de proteger e cuidar de 
seus membros”. 
Conforme Mioto (2010, p. 51), essa crença “permitiu se estabelecer uma 
distinção básica para os processos de assistência às famílias. A distinção entre 
famílias capazes e famílias incapazes”. A autora também relata que as famílias 
serão consideradas capazes se conseguirem desempenhar com êxito as funções 
que lhes são atribuídas pela sociedade. E as incapazes seriam as que, não 
conseguindo atender as expectativas sociais relacionadas ao desempenho das 
funções atribuídas, requerem a interferência externa, a princípio do Estado, para 
a proteção de seus membros (2010, p. 51). 
Ressaltemos que essa categoria de famílias capazes e incapazes está 
fortemente arraigada nas atuações de técnicos responsáveis pela organização e 
formulação das políticas públicas. Devemos entender também que os gestores 
possuem esse senso comum e o utilizam nas propostas políticas (Mioto, 2010, 
p. 51). 
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É importante entender que, segundo Mioto, capazes e incapazes “são uma 
divisão apenas para efeito de exposição, pois, na realidade, não existe esta 
categoria pura. Nenhuma família é totalmente autossuficiente, assim como 
totalmente depende” (2010, p. 51). 
Donati (1996 citado por Mioto, 2010, p. 51) “nos lembra que a sociedade 
ainda tem tratado a família como se não fosse em si mesma um núcleo 
problemático. Por isso, os interesses, tanto de natureza política como 
sociocultural, recaem sobre as formas marginais ou patológicas.” 
Vale ressaltar que, dentro do projeto ético-político do serviço social, um dos 
grandes conflitos é trabalhar com demandas, exigências imediatas, de dor, 
sofrimento, carências, enfim, as condições de vida dessas famílias. 
O avanço do capitalismo, nesse contexto, é marcado pelo sucateamento 
das políticas públicas. E o projeto ético-político do serviço social se direciona a 
uma intervenção crítica e propositiva, em que os assistentes sociais desenvolvem 
uma análise conjunta. Para isso, o aparato de instrumentos técnicos, quando 
articulados com referencial teórico, garante a análise e a interpretação da 
realidade comprometida para consecução do projeto societário. 
Segundo Mioto (2010, p. 52), “a hegemonia desse tipo de leitura sobre 
famílias se faz presente no cotidiano dos serviços, tanto no âmbito da organização 
como na ação rotineira de seus técnicos, dos programas de apoio sociofamiliar”. 
Por fim, Mioto (2010) ressalta que “esses princípios seriam: predominância 
de concepção estereotipada de família e papéis familiares, a prevalência de 
propostas residuais e a centralização de ações em situações-limite e não em 
situações cotidianas”. 
TEMA 3 – O TRABALHO SOCIAL E ALGUNS APONTAMENTOS 
Atualmente, a família é resultado de um processo relacionado à 
modernização trazida pela industrialização e pela urbanização, pautadas em 
princípios burgueses e liberais de garantir aos sujeitos sua liberdade individual, 
pontuando que a prerrogativa essencial da família é se planejar para cuidar, prover 
e proteger seus membros. 
Assim, cada vez mais requisitada pelo Estado a assumir responsabilidade 
na gestão de determinados segmentos, como crianças, adolescentes, idosos e 
portadores de necessidades especiais, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA) define: 
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É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder 
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao 
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Com a responsabilização da família pela proteção social de seus membros 
nas legislações brasileiras, segundo Dal Prá (2016, p. 7), intensificam-se dois 
processos: 
sendo um deles o de focalização através de um investimento massivo 
do estado em programas de transferência de renda em detrimento das 
políticas universalizantes e de proteção aos trabalhadores, e outro de 
responsabilização da família na provisão de bem-estar onde esta 
ressurge como a primeira referência fundamental na política social. 
Ressaltamos que esses dois processos contraindicam as possibilidades de 
a família assumir um papel preponderante no campo de proteção social. Segundo 
Dal Prá (2016), seriam elementos como “os indicadores demográficos, sociais e 
econômicos, o caráter contraditório da família, as transformações na sua 
organização, gestão e estrutura, bem como […] as fronteiras e responsabilidades 
entre os diferentes atores do setor informal” (p. 7). 
Pontuamos que são elementos interpretados como expressões de 
necessidades humanas não satisfeitas, decorrentes da desigualdade social 
própria da organização capitalista. 
O cenário demográfico tem demonstrado o desafio a ser enfrentado pela 
política social em sustentar-se a partir da centralidade na família. Alguns 
dados ilustram essa afirmação: a) o número médio de pessoas por 
família: 1981: 4,3 – 2001: 3,3 – 2011: 3,1; b) a queda na taxa de 
fecundidade: 1980: 4,4 – 2000: 2,38 – 2010: 1,86; c) o aumento da 
população com mais de 60 anos: 2000: 8,1% – 2025: 16,6 %– 2050: 
29,4%; e d) o aumento de mulheres como referência nas famílias: 2000: 
11.160635 – 2010: 22.242.888. (Gelinski; Moser, 2015 citados por Dal 
Prá, 2016, p. 7) 
Segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE (2016), 
Além do substancial aumento da proporção de idosos, deve-se destacar 
também a velocidade com que esta mudança se dará no perfil etário da 
população. Nas projeções populacionais realizadas pelas Nações 
Unidas (World…, 2015) a proporção de pessoas de 60 anos ou mais de 
idade na população total para o Brasil foi de 11,7%, e este indicador 
dobraria para 23,5% em 24,3 anos, ou seja, próximo ao ano de 2039. 
Para Dal Prá (2016, p. 7), todo esse cenário de mudanças demográficas 
demanda serviços sociais que “contemplem o cuidado com idosos em função do 
acelerado envelhecimento populacional e o cuidado de crianças, idosos e pessoas 
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dependentes, por exemplo, pela inserção das mulheres (naturalizadas como 
responsáveis pelo cuidado no interior da família) no mercado trabalho”. 
Segundo Mioto (2012 citado por Dal Prá, 2016, p. 7), “Assim, é pelo campo 
do cuidado que se expressa a responsabilização da família, onde articulam-se 
estratégias de imposição ou transferências dos custos do cuidado para as 
famílias, seja no âmbito financeiro, emocional ou de trabalho”. 
A responsabilização das famílias no âmbito dos serviços ocorre de duas 
maneiras (Saraceno; Naldini, 2007 citados por Mioto, 2012; citado por Dal Prá, 
2016, p. 7): 
Prática administrativa: envolve a burocracia dos serviços, e nela situam-
se as atividades necessárias para o acesso ao próprio direito e para a 
sua fruição. […] Participação das famílias nos serviços: requerida 
através de práticas formais e informais de integração, geralmente 
relacionadas à deficiência dos serviços. O uso dos serviços requer das 
famílias organização de tempo e recursos. 
Ressalte-se que, quanto à 
organização dos serviços […], algumas questões como o nível dos 
mecanismos redistributivos […] o modo como os recursos são 
distribuídos é elemento essencial no processo de produção e 
reprodução das desigualdades. (Saraceno, 1997 citado por Mioto, 2012 
citado por Dal Prá, 2016, p. 7) 
Diante desse contexto, o trabalho com família, segundo Mioto (2014citado 
por Dal Prá, 2016, p. 8), “apresenta algumas tensões […] a serem consideradas”: 
A primeira delas refere-se à concepção de família, pois mesmo com a 
incorporação das diferentes formas de fazer família, não há garantia de 
que sua operacionalização ocorra por si só. Ou seja, os vínculos dos 
profissionais com experiências familiares, convicções religiosas e 
reconhecimento do senso comum podem orientar a tendência do 
trabalho embasado por concepções pessoais e ideais (Mioto, 2014). O 
segundo tensionamento se coloca entre o controle social exercido sobre 
a família e a garantia de direitos, onde a hegemonia de uma lógica 
familista no trabalho social com famílias, mesmo com o discurso de 
direitos, indica a persistência de ações de caráter disciplinar dirigido às 
famílias que falham no exercício da proteção social. 
Nesse sentido, retomamos o projeto societário do serviço social, 
considerando que o objeto são as expressões da questão social, e que os 
profissionais preconizem a perspectiva dos direitos sociais com relação à família 
e à proteção social. 
 
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TEMA 4 – O TRABALHO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS 
No sistema capitalista, o Estado, com as políticas sociais, visa minimizar as 
expressões da questão social, garantindo o mínimo para os indivíduos que tentam 
sua subsistência para estar aptos ao mercado de trabalho, contribuindo para a 
obtenção do lucro do sistema. 
Conforme Teixeira (2015, p. 230), as políticas sociais apresentam “avanços 
significativos em relação aos modelos tradicionais de proteção social, nos 
institucionalizados, nos hospitalacêntricos, no médico-tecnicista, no clientelismo e 
assistencialista”. 
Pontuamos que as Normas Operacionais e Básicas (NOBs) reafirmam a 
assistência social como direito de apontar um regime geral para sua gestão no 
Brasil – o Sistema Único de Assistência Social (Suas). 
A NOB 2005 define o Suas como “um sistema público não contributivo, 
descentralizado e participativo que tem por função a gestão do conteúdo 
específico da assistência social no campo da proteção social brasileira” (p. 13). 
Mas, para Teixeira (2015, p. 230), são ações que precisam ser efetivadas, 
pois: 
As condições objetivas, de investimentos sociais, de criação de 
infraestrutura básica, trabalho interdisciplinar e condições laborais 
seguros, estáveis e contínuos numa conjuntura de enxugamento dos 
recursos públicos para a área social, com prioridade nos benefícios 
monetários, sem uma adequada e vasta rede pública de serviços, pode 
limitar bastante as potencialidades, recaindo sobre as famílias 
responsabilidades pela assistência aos seus membros que se vê 
interpretada como uma forma de gerar autonomia e protagonismo. 
Salientamos que o SUS garante acesso integral, universal e gratuito para 
toda a população do país. Segundo Teixeira (2015, p. 230), “em nível de 
atenção básica, o trabalho de educação em saúde tem enormes 
potencialidades”. 
Mas a própria autora ressalta que as 
condições institucionais oferecidas, a quantidade de famílias a serem 
acompanhadas e diagnosticadas em seu estado de saúde, a falta de 
capacitação das equipes e de visitas e serviços domiciliares contínuos 
com toda a equipe, inclusive o médico, fazem com que os ranços 
conservadores prevaleçam na educação em saúde. (p. 230) 
Teixeira (2015, p. 230), sobre direitos sociais, ressalta que “sujeitos de 
direitos se dão no processo de compreensão das determinações sociais de suas 
condições de vida, material e efetiva, no reconhecimento da força do coletivo, 
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no caso específico de famílias, e nas possibilidades concretas de acesso e 
serviços produzidos socialmente”. 
Para tanto, é imprescindível o assistente social compreender e ter 
comprometimento com o processo de constituição das famílias e suas novas 
configurações, assim como intervir com qualidade, sempre pautados num 
referencial teórico, numa postura crítica e embasados no projeto ético-político, 
revertendo intervenções conservadoras. 
TEMA 5 – O TRABALHO SOCIOEDUCATIVO COM FAMÍLIAS 
O trabalho socioeducativo com famílias tem sido um manancial de 
indagações para os profissionais, pois envolve inúmeros aspectos relacionados 
ao cenário brasileiro com as configurações e suas transformações familiares. 
Segundo Teixeira (2015, p. 234), “o foco das ações socioassistenciais, 
socioeducativas e de educação em saúde deve ser as necessidades das famílias 
e a garantia dos direitos de cidadania, cujas propostas e ações ultrapassam o 
âmbito específico de uma política para a perspectiva intersetorial, integrada e 
articulada”. 
O trabalho socioeducativo em grupo, conforme Teixeira (2015, p. 234), 
“encaminha para o reconhecimento das famílias e de seus membros com 
sujeitos de diretos”. 
Apontamos que, segundo Teixeira (2015, p. 234), “a pessoa participante 
do grupo é levada a ver-se como representante de uma família, com problemas 
comuns e muitas outras que sofrem as mesmas determinações e participam de 
um grupo maior, em situações semelhantes”. 
A perspectiva de trabalho socioeducativo em grupo, segundo Teixeira 
(2015, p. 234), “ultrapassa a noção de subjetividade individual para a dimensão 
coletiva e promove a organização grupal e coletiva das famílias, a participação 
popular e a passagem da necessidade ao direito como possibilidade concreta de 
construção de novos significados e práticas”. 
Ressaltamos que essa ação proporciona a noção de autonomia que, 
conforme Mioto (2004 citado por Teixeira, 2015, p. 235), “implica o 
desenvolvimento da capacidade de discernir as mudanças possíveis no âmbito 
dos grupos familiares e de suas redes e que lhes exigem o engajamento, 
organizados em coletivos, em processos sociais mais amplos, para que ocorram 
transformações mais gerais e a efetivação de direitos”. 
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Além disso, a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais 
contempla em seus objetivos a criação de estratégias que favoreçam o 
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Conforme o manual de 
orientações técnicas Paif (v. 1 – 2012), o trabalho socioeducativo com famílias 
possibilita a obtenção de ferramentas que contribuam no enfrentamento de 
situações de vulnerabilidades sociais vivenciadas por toda a família, contribuindo 
também para sua proteção em forma integral. 
Segundo Mioto (2004 citado por Teixeira, 2015, p. 235), o trabalho 
socioeducativo “envolve capacidade de opinar, escolher, decidir e agir 
intencionalmente, mediante suportes oferecidos e situações refletidas, informadas 
e debatidas, devendo ser esses os objetivos da educação que visa à 
emancipação”. 
Mas Mioto (2004 citado por Teixeira, 2015, p. 235) “adverte que, para 
superar essas potencialidades, urge ainda superar o trabalho socioeducativo em 
grupo como espaço terapêutico e clínico pela troca de experiências comuns”. 
 
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INTRODUÇÃO 
O presente tema abordará os programas de saúde a família e suas 
concepções, entendendo que o sistema capitalista rege os blocos hegemônicos e 
que se sobressaem nas políticas sociais. O serviço social está em constante luta 
na busca de uma sociedade mais justa e igualitária na política de saúde básica no 
cumprimento de sua atenção nas manifestações da questão social. 
TEMA 1 – PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA 
Tudo passa e tudo fica, porém o nosso é passar, passar fazendo 
caminhos sobre o mar (Machado, S.d.). 
 Os versos da poesia de Antonio Machado nos fazem caminhar sobre a 
Constituição Federal, que foi um grande marco para a democracia e os direitos 
sociais e, como definido nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), buscou-
se a universalização, a equidade, a integralidade, a descentralização, a 
hierarquização e a participação da comunidade. Com base em seus princípios, 
sendo um processo de construção, pretende reduzir o hiato existente entre os 
direitos sociais que são garantidos na lei e a capacidade de oferta de serviços e 
ações da rede de saúde à população brasileira. 
 Ainda é predominante no país o modelo de prática de ações 
“hospitalocêntricas”, sendo individualista, pela irracionalidade dos recursos 
tecnológicos disponíveis e pela baixa resolubilidade, assim gerando um grau 
altíssimo de insatisfação da população e dos técnicos, gestores do sistema de 
saúde. Diante desse contexto, em 1994 o Ministério da Saúde assumiu a 
implantação do Programa Saúde da Família – PSF. 
 Segundo Teixeira (2001, p. 237), 
o Ministério da Saúde (MS), com o objetivo de “promover mudanças no 
atual modelo de assistência à saúde no pais... (FN/MS,1994), inclui em 
seu “plano de Ações e Metas Prioritárias, as estratégias de Saúde da 
Família e Agentes Comunitários de Saúde” (MS, 1997), ocorrendo sua 
expansão nacional em torno de 1995. 
Inicia então com atuação dos agentes comunitários da saúde um elo entre 
a comunidade e os serviços da saúde na atenção básica, ressaltando-se que isso 
teve um papel estratégico no fortalecimento da atenção básica como política 
pública para a saúde. Posteriormente, houve necessidade de capacitar esse 
profissional e regulamentar a profissão. 
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 Teixeira (2001, p. 237) aponta ainda que o Programa Saúde da Família, 
segundo o governo, não é mais um programa em si, 
a ser instalado na rede pública de serviços, não é uma “assistência 
precária para os pobres”, mas sim a intenção de investir na Atenção 
Primária, na prevenção e promoção da saúde, articulados com a 
assistência curativa e de alta complexidade. Seu objetivo maior é que o 
PSF seja a “porta de entrada do sistema de saúde...” (MS.1994). 
 O programa se baseia nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) da 
universalidade, equidade da atenção e integralidade das ações. Assim, reverte-se 
a forma atual de prestação de assistência à saúde para reorganização da atenção 
básica na concepção de saúde não mais centrada somente na assistência à 
doença, mas na promoção de qualidade de vida dos usuários. 
 Segundo Teixeira (2001, p. 238), 
esse tipo de programa, implantado em diversos países, atinge alta 
resolutividade, no sentido de investir no privilegiamento da atenção ao 
nível de assistência, reduzindo, consequentemente, o fluxo ambulatorial 
e, mais ainda, o hospital. 
 Ressaltamos que a atenção à saúde preconiza a família, num programa 
que já foi testado em vários países com contextos culturais e socioeconômicos 
diferentes, por exemplo, Canadá, Reino Unido e Cuba. 
 O Programa Saúde da Família, em sua estratégia de buscar a qualidade 
de vida da população do país e intervir com resolutividade os fatores de risco na 
família como a má alimentação, o uso do tabaco, a falta de atividade física, entre 
outros, portanto focando a atenção integral de saúde, a equanimidade e 
continuidade do programa. Assim, a estratégia de saúde para a família se fortalece 
como porta de entrada do SUS. 
 Aplicar estratégias do Saúde a Família é a habilidade de se articular e 
propor alianças com as outras áreas de atuação e ações desenvolvidas, como 
educação, cultura, esporte, entre outros. A reorganização das ações e serviços 
de saúde tem sido abordada de forma interna, em relação ao próprio sistema. Isso 
implica uma mudança de paradigma, numa ruptura da dicotomia entre as ações 
de saúde pública e a atenção médica individual com práticas educativas e 
assistenciais. 
 Salientamos que a abordagem nesse programa se configura em uma 
concepção de trabalho de vínculos entre os membros de uma equipe. 
Trata-se de uma relação de trabalho baseada na interdisciplinaridade, rompendo 
a multidisciplinaridade. Isso requer uma nova abordagem nos profissionais que 
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estimulam a permanente comunicação horizontal entre os componentes de uma 
equipe. 
 Além disso, em relação à atuação profissional, Grossi e Guilamelon (2006, 
p. 6-7) comentam que, para desencadear uma atuação intersetorial, é necessário 
que o objeto da ação proposta seja uma questão que de fato mobilize e diga 
respeito a muitos outros setores. 
 O programa tem abordagens inovadoras para a organização e provisão da 
atenção primária da saúde que se concentram nos segmentos mais vulneráveis 
dos municípios que deliberam pelo aumento da expansão, enquanto outros não 
realizam investimentos para uma ação mais efetiva. 
 O governo, devido à expansão da demanda, contribuiu para evidenciar com 
o Programa Mais Médicos e contratou mais de 17 mil médicos de outros países, 
porém não é nosso objetivo a discussão desse programa, que teve início em 2013 
e foi extinto em 2019. 
 Concluímos que o Programa de Saúde da Família tem se constituído num 
dos pilares do movimento de reorganização do sistema de saúde brasileiro, 
consolidando-se como política prioritária de governo, porém com grandes 
desafios, principalmente quanto a financiamentos. 
TEMA 2 – O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA E O TRABALHO EM EQUIPE 
Historicamente, no Brasil, as políticas públicas e sociais sempre foram 
planejadas e executadas de forma fragmentada em relação às atividades sociais 
e aos programas e projetos desenvolvidos isoladamente, não havendo muitas 
vezes articulação e integração com as outras áreas. Para Jesus, Vargas e Correa 
(2014, p. 146), faz-se necessário 
um novo tipo de atuação do Estado, onde as políticas públicas estejam 
articuladas entre si, superando a histórica fragmentação presente nas 
ações estatais no Brasil. Há a necessidade de um novo modus operandi 
das políticas, fazendo com que suas ações intersetoriais contribuam 
para promoção de uma atenção integral à saúde. 
 Vale ressaltar que é mediante a política pública que se concretizam as 
necessidades humanas que são atendidas na perspectiva da cidadania ampliada.Pereira (2008, p. 165, citado por Jesus, Vargas, Correa, 2014, p. 146). 
 É importante ressaltar que as condições dignas de sobrevivência são 
obrigação da atuação do Estado por meio das políticas públicas e da oferta dos 
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bens e serviços públicos. Assim, são de suma importância as ações intersetoriais 
nas políticas sociais para melhor promoção na vida do usuário. 
Na Constituição Federal (Brasil, 1988), podemos observar o processo de 
reordenamento da gestão das políticas públicas que, têm como finalidade a 
descentralização, a democratização e o compartilhamento das ações 
governamentais com outras instâncias públicas. 
 Deve-se ressaltar que o Programa Saúde da Família, segundo Teixeira 
(2001, p. 238), não pode ser um modelo de assistência que tende a produzir a 
prática médica que trata de patologias e não de cidadãos. Teixeira (2001, p. 238) 
pontua que os “técnicos do programa [...] não conseguem, em seu todo, visualizar 
os usuários como sujeitos sociais, pois não foi preparada academicamente nem 
socialmente para tal”, pois a dupla de técnicos (médicos e enfermeiras) realiza 
uma assistência voltada, a princípio, para os aspectos epidemiológicos 
 Sendo assim, uma nova concepção de trabalho na equipe baseada nos 
vínculos entre seus membros, diferentemente do modelo biomédico tradicional, 
permite maior diversidade das ações sob a perspectiva de o profissional de saúde 
aliar-se à família no cumprimento de sua missão. Para tanto, deve fortalecer a 
família e proporcionar o apoio necessário ao desempenho de suas 
responsabilidades. 
 Diante do sistema de saúde que não dispõe de profissionais qualificados 
com esse novo perfil, o Ministério da Saúde, por meio do Departamento de 
Atenção Básica da Secretaria de Políticas de Saúde, tem investido na formação 
de polos de capacitação, Formação e Educação Continuada em Saúde da 
Família, estimulando reformarem cursos de graduação e pós-graduação com vista 
à especialização e à residência em saúde da família, para tanto articulando o 
ensino e o serviço. 
A educação permanente deve embasar-se num processo pedagógico 
que contemple desde a aquisição/atualização de conhecimentos e 
habilidades até o aprendizado que parte dos problemas e desafios 
enfrentados no processo de trabalho, envolvendo práticas que possam 
ser definidas por múltiplos fatores (conhecimento, valores, relações de 
poder, planejamento e organização do trabalho etc.) e que considerem 
elementos que façam sentido para os atores envolvidos (aprendizagem 
significativa) (Brasil, 2012, p. 39). 
 É importante lembrar a suma importância da educação permanente, outro 
pressuposto da Política Nacional de Atenção Básica (Brasil, 2012, p. 39): 
 
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é o planejamento/programação educativa ascendente, em que, a partir 
da análise coletiva dos processos de trabalho, identificam-se os nós 
críticos (de natureza diversa) a serem enfrentados na atenção e/ou na 
gestão, possibilitando a construção de estratégias contextualizadas que 
promovam o diálogo entre as políticas gerais e a singularidade dos 
lugares e das pessoas, estimulando experiências inovadoras na gestão 
do cuidado e dos serviços de saúde. 
 Ressaltamos que o desenvolvimento do trabalho em equipe não se 
constitui em um processo simples. Nos últimos anos, temos observado grandes 
mudanças ocorridas na modernidade. A globalização das doenças, das práticas 
em saúde e dos hábitos de vida exigem que cada profissional se atualize 
constantemente para que possa efetivamente atuar em um projeto que envolva a 
equipe. 
 Portanto, no sentido de apoiar a formação profissional, as pesquisas, os 
programas de capacitação em serviço devem ser em diálogo de aprimoramento 
permanente entre as universidades e o setor público de prestação de serviços e 
de gestão da saúde da família. 
TEMA 3 – PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA E OS DESAFIOS FRENTE AO 
SISTEMA CAPITALISTA 
 Observamos que o Estado, como defensor dos interesses da classe 
dominante, nunca deixou de intervir, mesmo que de forma pontual, por meio de 
leis e ações que correspondem a respostas sociais num processo impulsionado 
pelo movimento de reprodução do capital, com vistas a garantir sua expansão e 
acumulação. 
 O referido programa da política de saúde favorece uma ampla discussão e 
reflexão que identificam algumas contradições e limites da capacidade de um 
modelo assistencial, ou da viabilidade de sua implementação no Brasil (Teixeira, 
2001) 
 Segundo Teixeira (2001, p. 238-239), atualmente analisar o sistema de 
saúde brasileiro e seus programas específicos 
implica analisar e considerar o quadro que reflete a opção de um modelo 
econômico de desenvolvimento, no qual a preocupação maior está em o 
Estado responder aos interesses do capital internacional, que seguem 
uma política constante de ajustes e reajustes da economia nacional. Isto 
tem conduzido à recessão, ao desemprego, que encaminham as 
políticas públicas para a privatização/terceirização (justificando assim os 
cortes nas verbas públicas) e à transformação do setor saúde (doença, 
na verdade) em um ninho inesgotável de lucro (mercadoria). 
 
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 Para Teixeira (2001, p. 239), a direção dada pelo SUS passa pelo confronto 
entre o bloco hegemônico privatista, Estado mínimo, que representa a dicotomia 
entre a universalização/focalização, e o projeto contra hegemônico da Reforma 
Sanitária, Estado democrático. 
 A Constituição Federal de 1988 promulga esse Estado de direito 
democrático que atualmente está sendo ameaçado com a perda de muitos dos 
direitos sociais com a política de reforma para um projeto hegemônico privatista 
ou articulado ao mercado. 
 É importante chamar a atenção para o fato de que a Reforma Sanitária tem 
seus princípios na democratização do acesso, universalização das ações, 
descentralização e melhoria na qualidade de serviços pautadas na integralidade 
e na equidade das ações. Em contraponto, o projeto privatista na saúde tem como 
aspectos a contenção de gastos públicos com racionalização da oferta. 
 As políticas de saúde têm se agravado atualmente no cenário do 
subfinanciamento devido à Emenda Constitucional n. 95/2016, que limitou os 
gastos federais pelos próximos 20 anos a um teto definido pelo montante gasto 
no ano anterior reajustado pela inflação acumulada com base no Índice Nacional 
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) (Brasil, 2016). 
 A referida proposta prioriza a lógica fiscal em perda das políticas sociais 
voltadas para reprodução de trabalhadores e inúmeros prejuízos na redução dos 
gastos que estão acarretando interrupção de serviços e a predisposição aos riscos 
de doenças agravados por esse subfinanciamento do SUAS. 
 Pontuamos que essa Emenda Constitucional n. 95/2016 rompeu com o 
delicado pacto social que está representado pela Constituição Federal de 1988 
que atualmente provoca uma acirrada disputa das classes sociais e suas 
discussões nas diversas frações pelo orçamento público. 
 Podemos observar que esse contexto implicará maiores dificuldades para 
a efetivação do direito à saúde, ficando o usuário vulnerável à insuficiência da 
oferta e da qualidade dos serviços públicos que serão cada vez mais precarizados. 
Para os usuários que dispõem de recursos financeiros resta o mercado de planos 
de saúde, e os que têm consciência de seus direitos, sendo responsabilidade do 
Estado, irão exigi-lo por meio da judicialização. 
 A referida Emenda impõe à sociedade brasileira uma ruptura na trajetória 
de consolidação do Estado do bem-estar social, que foi construído nas últimas 
décadas de forma lenta, com idas e vindas, mas de maneira consistente. 
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 Concluímos que, conforme Teixeira (2001, p. 240), isso “demonstra a 
opção política ideológica de um governo identificado com o neoliberalismo e, ao 
mesmo tempo, a certeza de que não podemos crer em um fato consumado e 
desistir da luta, pois vitórias são possíveis”. 
TEMA 4 – PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE 
 Criado em 1991, pelo Ministério da Saúde o Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde – o PACS foi o ponto pacífico do Saúde da Família, 
contribuindo para uma melhor qualidade de vida das pessoas com ações de 
educação em saúde. 
 O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em suas 
atribuições que foram definidas somente em 1997 pela Portaria n. 1.886/97 
(Brasil, 1997), que aprovou as normas e diretrizes do PACS/PSF. Em seguida, o 
Decreto n. 3.189/1999 fixou as diretrizes para o exercício da atividade dos ACS 
(Brasil, 1999), mas sua regulamentação da profissão ocorreu em 2002, com a 
promulgação da Lei n. 10.507/2002. 
 Assim, os agentes comunitários de saúde atuam articulando as 
necessidades de saúde das pessoas e a melhoria das condições de vida da 
comunidade. E segundo a Política Nacional de Atenção Básica (2012, p. 60), 
É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitários de 
Saúde nas Unidades Básicas de Saúde como uma possibilidade para a 
reorganização inicial da atenção básica, com vistas à implantação 
gradual da Estratégia Saúde da Família ou como forma de agregar os 
agentes comunitários a outras maneiras de organização da atenção 
básica. 
 Ressaltamos que a profissão do agente comunitário de saúde – ACS foi 
regulamentada no âmbito da atenção básica em 2006, com respaldo da Lei n. 
11.350/2006, que o reconheceu como profissional de saúde e atribui em seu 
exercício de atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças, mediante 
ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas de 
acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2006). 
 O programa prevê que as famílias e pessoas do seu território são 
acompanhadas por meio da visita domiciliar. Nesse programa, os agentes 
comunitários de saúde atuam desenvolvendo ações de educação em saúde 
ocorrendo não somente ao domicilio, mas em diversos espaços comunitários. 
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 Esse programa baseia-se numa integração com a família, ou seja, uma 
proximidade do ACS com os usuários permite uma relação de confiança de modo 
que, em suas atribuições, desenvolve a afetividade para o despertar da 
construção da cidadania. Todo o planejamento das ações a serem desenvolvidas 
pela equipe com o cuidado com a saúde no contexto da política básica deve incluir 
os usuários como sujeitos participativos, sendo de suma importância nesse 
processo o seu acesso aos sistemas de saúde. 
 A proximidade do agente comunitário de saúde – ACS no território da 
comunidade traz a realidade desse local para as ações de saúde, que se justificam 
em função da importância de qualificação desses profissionais na identificação de 
riscos, danos e necessidade dessa população. 
 Ressaltamos a importância e a necessidade do aprimoramento dos 
profissionais para conhecerem as mudanças por que passam as famílias no 
mundo e no país, em sua composição, tamanho, dinâmica, papéis e funções, 
estratégias de sobrevivência (Marsiglia, 2008). 
 Marsiglia (2008, p. 172) questiona se os profissionais de saúde “foram 
preparados para o enfretamento destas questões? Estão alertados para os riscos 
de basear seu trabalho em uma imagem pessoal ou idealizada de família?”. 
 De acordo com essa autora, 
Muito tem sido feito para a preparação das equipes de saúde da família, 
considerando-se que elas devem dominar outros conhecimentos, 
desenvolver novas habilidades e atitudes que facilitem a formação de 
vínculos dos profissionais com as famílias que atendem. Mas pouco 
ainda se faz para prepará-los para as abordagens de família, como se 
isso fosse decorrente de um talento inato de cada um ou das 
experiências pessoais, ou, ainda, que a questão não fosse objeto de 
conhecimento especializado (Marsiglia, 2008, p. 173). 
 Assim, voltamos à discussão do aprimoramento da equipe de saúde que 
atenda a realidade das demandas cotidianas. 
TEMA 5 – INTERSETORIALIDADE ENTRE POLÍTICAS SOCIAIS 
 Segundo o Ministério da Saúde, a estratégia Saúde da Família visa à 
“reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios, em substituição 
ao modelo tradicional” (Brasil, 1997). É definida também pelo Ministério da Saúde 
a equipe básica do Programa Saúde da Família, composta por um médico de 
família ou generalista, um enfermeiro, auxiliar de enfermagem e o agente 
comunitário. De acordo com o Ministério da Sáude (Brasil, 1997, p. 13), “outros 
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profissionais podem ser incorporados as unidades básicas, de acordo com as 
demandas e características da organização dos serviços de saúde locais”. 
 Para Teixeira (2001, p. 243), 
o Ministério da Saúde, como órgão definidor das diretrizes dos 
programas, deve ser preciso e montar uma equipe (e não uma dupla 
mínima) multiprofissional completa, para aproximar- se mais do conceito 
de saúde outorgado na Constituição Federal de 1988. 
 Vale pontuar que as manifestações da questão social são demandas da 
área da saúde e foram incorporadas para a atuação nas equipes das UBS, tais 
como violência doméstica, alcoolismo, drogas e a negligência de cuidados de 
alguns de seus membros mais fragilizados, como idosos, crianças, deficientes e 
outros. 
 Diante desse contexto, observamos que são demandas que permeiam 
entre as políticas sociais, principalmente na saúde e na assistência social. É 
necessário que os gestores e executores criem e editem ações concretas na 
direção da intersetorialidade, rompendo com as ações fragmentadas e 
setorializadas, isto é, ações pontuais e realizadas por setores. 
O reconhecimento das ações intersetoriais, como resistência à 
compartimentalização e como possibilidade de prevenir a 
desresponsabilização das políticas e dos setores através de seus 
agentes, permite a definição de competências e responsabilidades, 
potencializando um atendimento integral aos sujeitos por meio das 
políticas sociais (Bellini; Faler (2014, p. 14). 
 Ressaltamos que a intersetorialidade se configura como instrumento de 
ações para a efetivação dos direitos. 
 Conforme Bellini e Faler (2014, p. 15), uma política de Estado deve 
contribuir para que a população se aproprie de seus direitos, distinguindo e 
reconhecendo quais são esses direitos para que assim eles sejam acessados e 
afirmados. 
 O grande desafio nas agendas dos gestores e dos trabalhadores das 
políticas de saúde e de assistência social é a articulação e a integração das 
respectivas políticas, pois historicamente são segregadas em cada uma delas, 
não considerando as responsabilidades como um todo e com a população (Bellini; 
Faler, 2014, p. 15). 
 Para os autores, a fragmentação das políticas sociais brasileiras está na 
identificação das possibilidades e dos limites de cada política e a 
inclusão dos gestores nesse processo, a fim de prevenir análises 
tendenciosas que, historicamente, vêm servindo a um projeto de 
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sociedade injusta, em que a divisão da riqueza social beneficia apenas 
uma pequena parcela da população (Bellini; Faler, 2014, p. 15). 
 Ou seja, trata-se de uma atuação articulada entre as políticas para atender 
a população na sua necessidade e totalidade, de forma polifônica. 
 Ambas as políticas se encontram com muitos obstáculos, o que adia e 
impede a sua efetivação como política universal. 
 Segundo Bellini e Faler (2014, p. 17), 
ainda é possível encontrar gestores que balizam suas práticas 
profissionais através de umaideia curativista e hospitalocêntrica, 
gestada ainda nas primeiras concepções de saúde no Brasil, e que 
refletem tendências conservadoras e progressistas em um mesmo 
momento histórico. 
 A perspectiva interdisciplinar requer o saber acumulado de diversas 
disciplinas, na busca de conhecer a verdade e atuar na realidade do usuário. 
 Para os autores, 
Isso enseja a atuação de diferentes atores para a consecução do direito 
de todos, numa perspectiva interdisciplinar, no fomento da participação, 
capacitação, criação de outros cenários para práticas coletivas, 
educação, execução de atividades de gestão e participação na 
construção de redes de relações diversas que têm suas interseções na 
garantia do direito à saúde e à assistência social especificamente (Bellini 
e Faler (2014, p. 18). 
 A perspectiva da intersetorialidade amplia o olhar das especificidades, 
principalmente por se tratar de equipes multiprofissionais que visam integrar 
saberes e práticas. 
Para Bredow e Dravantz (2010, citados por Bellini e Faler, 2014, p. 28), 
A intersetoralidade é uma estratégia política complexa, cujo resultado na 
gestão de um município é a superação da fragmentação das políticas 
nas várias áreas onde são executadas, partindo do princípio do diálogo 
entre os seus executores e gestores. Tem como desafio articular 
diferentes setores na resolução de problemas no cotidiano da gestão, 
tornando-se um mecanismo para a garantia do direito de acesso à 
saúde, já que esta é produção resultante de múltiplas políticas sociais 
de promoção de qualidade de vida. 
 Segundo Grossi e Guilamelon (2006, p. 6), “é uma nova prática social, 
reconstruída a partir da reflexão e do exercício democrático”. E o desafio é o 
estabelecimento de um processo de esforços coletivos, com respeito às 
diversidades dos atores que almejam essa nova forma de operar (Jesus, Vargas, 
Correa, 2014, p. 147). 
 Pontuamos que a intersetorialidade em saúde vem sendo discutido com 
mais foco desde a implantação do SUS, e seus princípios ambiciosos vêm 
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buscando a universalização da saúde como direito de todo cidadão, a 
descentralização das decisões em nível local e a participação do cidadão nas 
decisões e universalização do acesso. 
 
 
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AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICAS SOCIAIS 
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Profª Gisella Chanan 
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SERVIÇOS DE PROTEÇÃO FAMILIAR – EDUCAÇÃO, CRIANÇA E ADOLESCENTE, 
HABITAÇÃO 
INTRODUÇÃO 
Esta aula aborda o contexto histórico dos direitos da criança e do 
adolescente em seus marcos legais. Pontua, ainda, o sistema de garantia de 
direitos pela integração e a articulação entre o estado, a família e a sociedade 
civil, para garantir e operacionalizar os direitos das crianças e adolescentes no 
Brasil. Por fim, oferece uma reflexão sobre a política de habitação em prol das 
famílias. 
TEMA 1 – POLÍTICA E DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos 
não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se 
tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades 
e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar 
por tentar do que errar por omitir! 
Augusto Cury 
Foi por um processo histórico de lutas dos movimentos sociais na agenda 
política que a família se tornou objeto de estudo em muitos debates referentes a 
política públicas, principalmente na Assistência Social e na Saúde. E assim foi 
com referência a políticas públicas para a criança e a adolescência: ação ou 
omissão do Estado e objeto de ação da família e da sociedade. 
Somente no século XX a Convenção dos Direitos da Criança – de 20 de 
novembro de 1989 – proclamou solenemente que crianças são sujeitos de 
direitos. Anteriormente, no pós-guerra, a Organização das Nações Unidas (ONU) 
havia apenas preconizado cuidados e assistência especial para crianças, tendo 
criado a Unicef em 1946. No Pacto Social dos Direitos Civis e Políticos da ONU, 
que entrou em vigor em 1976, são assegurados os direitos das crianças, mas 
somente em casos de dissolução da família e/ou de discriminação. 
A Convenção de 1989 veio reconhecer a criança (qualquer pessoa com 
menos de 18 anos) como sujeito de direitos, como cidadã – o que também foi 
consagrado no Brasil com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 
8.069/1990, decorrente do art. 227 da Constituição de 1988. A proposta de 
incorporação desse artigo, que atribui à criança e ao adolescente os direitos 
fundamentais da pessoa humana, deve-se à intensa mobilização da sociedade 
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(Faleiros, 1995). A promulgação do ECA é uma ruptura com a visão 
assistencialista, corretiva e muitas vezes repressora presente nas práticas sociais 
no Brasil. 
Aliás, o art. 227 da Constituição Federal de 1988 introduziu no direito 
brasileiro avanços obtidos internacionalmente em favor da infância e da 
adolescência: “o artigo não começa falando em direito.Ele sinaliza claramente, 
ao usar essa expressão, que os direitos da criança e do adolescente têm de ser 
considerados deveres das gerações adultas” (Conanda, 2007, p. 12). Ou seja, ao 
tratar a questão dos direitos, cria-se para as futuras políticas de assistência do 
Brasil a necessidade de serem pensadas, não enquanto favores das gerações 
adultas em relação à criança e ao adolescente, mas sim enquanto deveres dos 
adultos. 
Os direitos sociais proclamados nos estatutos legais nem sempre são 
passíveis de serem efetivados, visto que dependem de vontade política e de 
decisões governamentais. Iamamoto (2010, p. 263). Colocá-las em pauta nas 
agendas políticas envolve toda uma articulação e luta da sociedade civil. 
Para Nogueira (citado por Iamamoto, 2010, p. 263) “poder-se-ia afirmar que 
são direitos que carecem desesperadamente de proteção política e cultura cívica. 
Para serem efetivamente usufruídos, requerem mudanças nos termos da 
convivência social, dentro de uma estratégia radicalmente democrática”. 
Pode-se observar, ao longo de nossa história, uma clara distinção entre 
uma política para os filhos da elite/classes dominantes e uma política para as 
crianças e adolescentes pobres; um claro favorecimento do acesso à educação 
formal aos filhos da elite, às faculdades de Direito, Medicina e Engenharia. Quanto 
aos pobres foram criados os orfanatos, as rodas de expostos, as casas de 
correção, as escolas agrícolas, as escolas de aprendizes, a profissionalização 
subalterna, a inserção no mercado de trabalho pela via do emprego assalariado 
ou do trabalho informal. 
Na contemporaneidade, os adolescentes vêm experimentando o gosto 
amargo das expressões históricas, intensificadas agora pelas transformações 
estruturais e conjunturais da modernidade, ou seja, os jovens das classes 
populares vivem os dramas de seus pais e também os seus, pois deixam de viver 
sua fase de desenvolvimento para contribuir na renda familiar. 
Para Sales (2010, p. 211) crianças e adolescente consistem, assim, num 
dos segmentos sociais que mais exprimem o estado da cidadania e do tratamento 
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dos direitos humanos no Brasil. Segundo Minayo (citado por Sales, 2010, p. 211): 
“São alvo de uma violência social, expressa na falta de projetos de vida, no 
desemprego, nas dificuldades de acesso a serviços públicos de educação, saúde, 
cultura, esporte e lazer de qualidade, que se traduzem no que Veríssimo (1999) 
qualifica como ‘negligência planejada’”. 
Portanto, referindo-se às resistências à implantação do ECA, afirma Sales 
(2010, p. 212): “as quais, acredita – se, coincidem com os processos sociopolíticos 
e econômicos que dificultam a consolidação de uma esfera pública no país”. 
TEMA 2 – O SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS 
A intersetoriedade é um conjunto articulado de saberes para superar a 
fragmentação das políticas sociais, bem como as ações setoriais. 
Diante disso, o Sistema de Garantia de Direitos (SGDCA), atendendo os 
preceitos constitucionais do art. 86 do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), estabelece que o referido sistema deve ser colocado em prática por meio 
de uma política de atendimento resultante de um conjunto de articulações das 
ações governamentais e não governamentais da União, dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios. 
O art. 88 do ECA demonstra uma série de diretrizes de natureza política 
administrativa para a construção do Sistema, norteando as ações a serem 
adotadas pela administração pública e pela sociedade civil organizada. 
A definição oficial para o SGDCA se encontra na Resolução 113 do 
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), de 19 
de abril de 2006. Em seu art. 1º, a resolução afirma que o SGDCA: 
constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas 
governamentais e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos 
normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa 
e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e do 
adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal. (Brasil, 
2006) 
A referida Resolução se apoia em três eixos: promoção de direito, defesa 
e controle social, segundo o art. 5º: 
Os órgãos públicos e as organizações da sociedade civil, que integram 
esse Sistema, deverão exercer suas funções, em rede, a partir de três 
eixos estratégicos de ação: 
I - defesa dos direitos humanos; 
II - promoção dos direitos humanos; e 
III - controle da efetivação dos direitos humanos. 
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Parágrafo único. Os órgãos públicos e as organizações da sociedade 
civil que integram. (Brasil, 2006) 
O eixo da Defesa dos Direitos Humanos compreende: os órgãos públicos 
judiciais; Ministério Público, especialmente as promotorias de justiça, as 
procuradorias-gerais de justiça; defensorias públicas; Advocacia-Geral da União 
e as procuradorias-gerais dos estados; polícias; conselhos tutelares; ouvidorias e 
entidades de defesa de direitos humanos incumbidas de prestar proteção jurídico-
social. 
O eixo da Promoção de Direitos compreende a política de atendimento dos 
direitos humanos de crianças e adolescentes, operacionalizada por três tipos de 
programas, serviços e ações públicas: 1) serviços e programas das políticas 
públicas, especialmente das políticas sociais, afetos aos fins da política de 
atendimento dos direitos humanos de crianças e adolescentes; 2) serviços e 
programas de execução de medidas de proteção de direitos humanos; e 3) 
serviços e programas de execução de medidas socioeducativas e assemelhadas. 
Já o eixo de Controle e Efetivação do Direito é realizado por instâncias 
públicas colegiadas próprias, tais como: 1) conselhos dos direitos de crianças e 
adolescentes; 2) conselhos setoriais de formulação e controle de políticas 
públicas; e 3) os órgãos e os poderes de controle interno e externo definidos na 
Constituição Federal. Além disso, de forma geral, o controle social é exercido 
soberanamente pela sociedade civil, por meio das suas organizações e 
articulações representativas. 
O ECA, de forma a promover a efetivação da política de atendimento, 
prescreveu a criação de órgãos específicos pelo governo e pela sociedade civil 
organizada para atender os eixos apresentados. O conjunto desses órgãos nada 
mais é do que a concretização do Sistema de Garantia de Direito. 
Ressaltamos que as políticas socioeducativas integram o Sistema de 
Garantia de Direitos, de forma que seus programas submetem-se às mesmas 
diretrizes aplicáveis às demais políticas, contendo outras regras especifícas. 
Dessa forma, o grande desafio do SGDCA é busca pela intersetorialidade 
entre as diferentes áreas do governo, otimizando espaços, serviços e 
competências. É condição imprescindível para que as crianças e os adolescentes 
sejam atendidos em sua integridade, como prevê o Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 
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TEMA 3 – OS DIREITOS PREVISTOS À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE 
É enorme a importância dos movimentos sociais em todo o processo de 
redemocratização e reorganização da sociedade civil, bem como na reforma das 
políticas sociais em prol de seus direitos. E a criança e o adolescente no Brasil 
foram marcados, no decorrer do processo histórico, por um tardio reconhecimento 
como sujeitos de direitos e por uma visão não emancipatória por parte da 
sociedade e do Estado. A trajetória histórica das respostas da esfera pública 
quanto às demandas de reconhecimento de direitos foi fundamentada em 
modelos tutelares, discriminatórios e repressores. 
A área de direitos da criança e do adolescente, com a transição entre o 
velho – Código dos Menores – e o novo – Estatuto da Criança e do Adolescente 
– não se dá de maneira específica. Osdefensores da velha ordem costumam 
reagir de todas as formas para impedir que o novo paradigma possa vigorar em 
modo pleno. 
Essa transição de paradigmas realmente é um movimento de avanços e 
retrocessos. Se, por um lado, refere-se à positivação dos direitos por meio do 
Estatuto da Criança e do Adolescente e do Plano Nacional de Promoção, Proteção 
e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e 
Comunitária, por outro, muitos desses direitos não foram efetivados, havendo um 
clamor por punição em momentos em que o adolescente pobre se manifesta por 
meio de um ato infracional que nega sua condição anterior, sua infância enraizada 
em uma condição precária a que milhões de pessoas estão sujeitas diante desse 
contexto. Prevalece a hipótese de que seu ingresso no sistema socioeducativo é 
a única forma visível de recuperação. 
Segundo o art. 4º do ECA: 
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder 
Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao 
lazer, a profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade, e a convivência familiar e comunitária. (Brasil, 1990) 
Ressaltamos que o Plano Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do 
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária 
(PNCFC), segundo Zola (2015, p. 56), 
é um avanço empreendido com relação ao tema e sobre a capacidade 
familiar [...e] problematiza a definição legal de família, com base atual na 
família nuclear (pais e filhos) e propõe uma definição sócio antropológica 
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mais ampliada, considerando a família como um grupo de pessoas 
unidas pela consanguinidade dos vínculos conjugais, pelas relações de 
aliança ou parentesco entre os cônjuges e de afinidade. 
Portanto, por meio da formulação de políticas públicas, deve ser 
assegurada a destinação de recursos e amparo da família, da escola e da 
comunidade. Ressaltamos que cabe ao Estado, em sua função de provedor, 
antecipar-se, atuando antes do problema já instalado. O cenário com o qual nos 
deparamos atualmente nos permite constatar que, sozinha, a família não 
consegue dar conta da adversidade que passou a ter que enfrentar 
cotidianamente. 
Nesse sentido, cabe aos profissionais um compromisso com o 
enfrentamento dessa manifestação da questão social com competência, 
criticidade e propósitos, na perspectiva de construção de uma sociedade mais 
justa e solidária. 
Segundo Teixeira (2015, p. 236), referindo-se ao trabalho com a família, é 
preciso romper com as 
versões normalizadoras e disciplinadoras sobre os papeis sociais 
hegemônicos e os comportamentos esperados, o que inibe a dimensão 
emancipatória que poderia ter ou proporcionar [...] isso pode ser 
redirecionado a partir de novas diretrizes que, de fato, se traduza em um 
trabalho social que visa à autonomia, cidadania e protagonismo social 
das famílias. 
Direciona-se, assim, sua formação para contribuir na superação de 
situações de vulnerabilidade e fragilidade dos diversos segmentos sociais, na 
ampliação do acesso às políticas sociais e na garantia da expansão dos direitos 
sociais e da cidadania. 
TEMA 4 – PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
O capitalismo, sistema vigente na sociedade na qual estamos inseridos, 
influencia diretamente em nossa formação como indivíduos e, consequentemente, 
na família. Além disso, afetam a família a exploração exagerada do meio ambiente 
visando o lucro e várias manifestações da questão social, tais como o 
desemprego, violência doméstica e a miséria, entre outras. 
Ressaltamos que a miséria e a desigualdade social marcam a história de 
muitos países. Segundo Karl Marx (2010), a miséria é resultado da divisão de 
classes – entre aqueles que detêm os meios de produção e os trabalhadores, que 
têm somente a força de trabalho para garantir a sobrevivência. Sendo assim, ela 
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se constitui em um poderoso instrumento de dominação das classes dominantes 
sobre os estratos mais baixos da sociedade. 
Ao capitalismo não importam as consequências a que podem levar a 
exploração e a força de trabalho, nem o desenvolvimento tecnológico e a 
exploração desmedida da natureza. A acumulação de riqueza em um polo 
significa acumulação de pobreza, de sofrimento, de ignorância, de 
embrutecimento, de degradação moral e de escravidão no polo oposto. 
As famílias dos adolescentes e jovens vivem o cotidiano das expressões 
da questão social, e possuem em sua dinâmica diferentes formas de luta imediata, 
na qual inserem os filhos em formas de trabalho precário que não condizem com 
as possibilidades da idade, sendo até mesmo os provedores da manutenção da 
casa. 
O Brasil, com o Plano Nacional de Formação Profissional (PLANFOR), 
implementado em todas as regiões do país a partir de 1996 seguindo as 
orientações da política social do governo federal e do Sistema Público de Trabalho 
e Renda (SPTR), tem se inserido no contexto de restruturação produtiva como 
forma de respostas às requisições da reestruturação produtiva. 
O programa tem como meta principal oferecer educação profissional 
permanente, de natureza pública e gratuita, para qualificar ou requalificar 
principalmente aqueles em situação mais vulnerável no mercado de trabalho. 
Ressaltamos que a dívida histórica do país para com a grande parcela da 
população se perpetua por várias gerações. As intervenções públicas, iam da 
assistência aos indigentes e da repressão à vagabundagem – considerados casos 
de polícia – ao abandono a querer e não conseguir se inserir, pois não conseguem 
ser incluídos na sociedade de produção e de mercado. 
Nesse contexto, segundo Leal (2010, p. 149), complementado algumas 
determinações do ECA e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LBD) no título III (do direito à educação e do dever em educar), “apresenta o 
ensino fundamental como direito público subjetivo e, para garanti-lo, qualquer 
cidadão, grupo de cidadão, associação, organização, ou entidades pode acionar 
o Ministério Público” (art. 5º). 
Segundo Chieco e Cordão, citados por Leal (2010, p. 150), 
essa concepção de educação profissional da LDB apresenta novidades 
importantes como certificação e a modulação, que reconhece, pela 
primeira vez, a possibilidade de aproveitamento do conhecimentos 
adquiridos no exercício profissional e no autodidatismo; e além disso, 
abre a possibilidade de se trabalhar com currículo modulados ou 
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módulos de formação [...] as políticas de educação profissional, pelo que 
determina a LDB não podem mais estar sendo implementadas sem 
articulação ou sintonia com as políticas de educação básica e mesmo de 
desenvolvimento cientifico e tecnológico. 
Ressaltamos que a prática educativa formal tem como objetivo a aquisição 
e a construção de conhecimentos que atendam as demandas da 
contemporaneidade. 
Assim sendo, Leal (2010. p. 151) afirma: 
Pensar a educação formal e a capacitação para os setores populares 
exige, sobretudo, levar em conta a especificidade dessa população, a 
fim de se garantir os requisitos mínimos necessários para que os jovens 
pobres tenham uma preparação capaz de fazê-los enfrentar suas 
necessidades mais imediatas e, ao mesmo tempo, dar garantias de 
acesso a melhores condições de vida. 
Nos anos 1990 houve uma expansão no país ao acesso ao ensino 
fundamental, não havendo elevação de qualidade de ensino, sendo um desafio 
atualmente nesse nível de escolaridade. Um outro desafio é a qualificação 
profissional, que provavelmente só poderá ser enfrentado pelo governo federal, 
por meio de uma ampla articulação dos atores envolvidos, somando sua 
experiência e competência técnica,independentemente das diferenças político-
ideológicas. 
Jacinto e Suarez, citados por Leal (2010, p. 163), mencionam algumas 
orientações em relação às políticas de capacitação para setores juvenis 
populares: 
1.a necessidade do desenvolvimento de qualificação técnicas e sociais 
voltadas para uma família de ocupações que tenham referencias 
concretas no sistema produtivo; 2.a importância de se assegurar aos 
jovens o domínio de habilidades básicas como expressão oral e escrita, 
matemática aplicada, capazes de permitir a escrita de informes breves e 
o cálculo de custos, de materiais etc. 3.a adoção de metodologias 
baseadas no uso e na valorização da prática; 4.inclusão de conteúdos 
de gestão e de comercialização de produtos; 5.o desenvolvimento de 
habilidades e competências voltadas para autonomia, auto organização 
de tarefas, boas relações no trabalho e mesmo gestão de tarefas 
rotineiras e simples. 
Podemos concluir que o modo de produção capitalista modifica a relação 
entre o homem e o trabalho e traz novos desafios para educação, em especial à 
educação para o trabalho. As orientações para as políticas de capacitação para 
os jovens são para adequar as novas realidades produtivas e suas necessidades. 
Nessa perspectiva, o que tem ocorrido é uma educação para o trabalho e 
não uma educação pelo trabalho. Para Marx (2012), o trabalho constitui o ser 
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humano e por meio dele se faz a mediação entre o homem e a natureza. Dessa 
interação deriva o processo de formação humana. 
Nesse contexto, Gramsci considera o trabalho como princípio educativo, ao 
viabilizar a compreensão do papel dos sujeitos na sociedade em geral e no mundo 
do trabalho em particular, garantindo a emancipação humana. E o que 
observamos nas políticas com os atuais programas de educação profissional é 
que a educação não tem garantido a emancipação humana. 
Nesse sentido, o grande desafio e luta é repensarmos as propostas de 
programas voltadas para o ensino profissional, de modo que garantam uma 
educação emancipadora. 
TEMA 5 – A POLÍTICA DE HABITAÇÃO 
As várias mudanças ocorridas no plano socioeconômico e cultural foram 
pautadas pelo processo de globalização da economia capitalista, e vêm 
interferindo na dinâmica da família. Tais mudanças têm consequências para a vida 
econômica, social e cultural da população, gerando altos índices de desigualdade 
social. Como reflexo da estrutura de poder instituída, principalmente no que tange 
às questões econômicas das famílias, afeta suas condições de sobrevivência, 
mina as expectativas de superação desse estado de pobreza e reforça sua 
submissão às políticas sociais. 
Dentro desse contexto, as cidades foram aumentando devido ao êxodo 
rural, e as áreas ocupadas ilegalmente expressam as manifestações da questão 
social devido à ausência de política de habitação social, principalmente para as 
famílias em situação de vulnerabilidade social. A questão é alarmante, e a 
discussão sobre o assunto pauta os art. 182 e 183 da Constituição Federal de 
1988, que regulamentou a Lei n. 10.257/2001, conhecida como Estatuto das 
Cidades. Esta lei, em linhas gerais, tem como objetivo fornecer suporte jurídico 
mais consistente às estratégias e processos de planejamento urbano. 
O direito à propriedade está garantido enquanto direito fundamental no art. 
5º, inciso XXII, da Constituição Federal, sendo inviolável e essencial ao ser 
humano, posto ao lado de outros direitos como à vida, à liberdade etc. 
Como forma de democratizar as cidades brasileiras por meio de 
instrumentos de gestão, destacamos o plano diretor, que segue a essência de 
garantia de bem-estar aos habitantes das cidades, claramente presente na 
Constituição Federal: 
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Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade 
e garantir o bem-estar de seus habitantes. 
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para 
cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da 
política de desenvolvimento e de expansão urbana. (Brasil, 1988) 
O objetivo da aplicação desses instrumentos de gestão é a efetivação dos 
princípios constitucionais de participação popular ou gestão democrática da 
cidade, na garantia da função social da propriedade. 
No período de 2003–2010, no governo Lula, a principal política para a 
habilitação foi o Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado em 2009 pelo 
Ministério das Cidades. Esta política está vigente até o presente momento, e 
segue com algumas alterações. 
A política habitacional implantada movimentou o setor imobiliário, mas 
embora o programa tenha sido voltado para o atendimento das necessidades 
habitacionais de famílias de baixa renda, este objetivo não vem sendo atingido a 
contento. A menor faixa de renda especificada pelo programa, que é 
compreendida entre zero e três salários mínimos e onde está concentrado o maior 
déficit habitacional, não vem sendo beneficiada. Conforme o censo 2010 do IBGE, 
o Brasil tinha cerca de 11,4 milhões de pessoas morando em favelas. 
De fato, o direito à moradia é excessivamente regulado e protegido pelo 
ordenamento jurídico, mas os entraves estão na efetivação das políticas públicas. 
Os baixos salários, o mercado imobiliário capitalista e a desigualdade social 
impossibilitaram o acesso à moradia para grande parte da população, que, 
principalmente nas últimas décadas, vêm sendo produto e produtor dos processos 
de periferização e segregação. 
Portanto, o direito à moradia não se limita apenas à prestação estatal 
negativa, ou seja, aquela que exige uma abstenção por parte do Estado e dos 
particulares. É constituída ainda por medidas de caráter positivo, que exigem do 
Estado a implantação de políticas públicas para sua satisfação. 
FINALIZANDO 
Foram apresentadas algumas reflexões sobre a forma como a família foi se 
constituindo ao longo dos tempos e as novas configurações familiares. 
Discutimos a centralidade da família nas políticas sociais, com ênfase na 
política de assistência social e saúde. Pontuamos sobre a matricialidade 
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sociofamiliar, sendo uma diretriz do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 
que percebe a família na centralidade da oferta dos serviços, programas, projetos 
e benefícios ofertados pela política de assistência social. 
Identificamos o trabalho com a família, os avanços decorrentes e os limites 
apresentados nas demais políticas sociais, bem como o risco de práticas 
conservadoras e ambíguas, que levam à responsabilização das famílias muito 
mais do que à garantia de direitos. 
O governo tem a obrigação de garantir que as famílias e seus membros 
sejam atendidos em suas necessidades essenciais: educação, saúde, moradia, 
segurança, alimentação, lazer etc. É importante a discussão acerca da 
implementação dessas necessidades para a família, uma vez que é preciso ter 
iniciativas que garantam os seus direitos. 
Observamos que a luta contra a miséria requer que as políticas públicas 
cumpram os seus direitos com investimento necessários em saúde, moradia, 
criação de empregos e rendas que não se limitam a uma simples transferência de 
renda no intuito de favorecer a justiça social e a integração dos indivíduos pobres 
e carentes na sociedade. 
Em todo o contexto precisamos estar conscientes do modo de produção 
capitalista que envolve as famílias e que aponta as várias manifestações da 
questão social que, desassistida pelas políticas públicas, vê-se impossibilitada de 
responder às necessidades básicas de seus membros e, por conseguinte, 
aprofunda a sua condição de exclusão.Em todo estudo pertinente às políticas sociais, há um entendimento para 
que se cumpra nas agendas políticas essa discussão referente à família. 
 
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REFERÊNCIAS 
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16 jul. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. 
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ZOLA, M. B. Políticas sociais, família e proteção social: um estudo acerca das 
políticas familiares em diferentes cidades/países. In: Familismo: direitos e 
cidadania. São Paulo: Cortez, 2015. 
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