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Metodologia Científica

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METODOLOGIA CIENTÍFICA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! Bem-vindo, hoje abordaremos as informações fundamentais para a 
compreensão de como se realiza uma pesquisa científica. Os conhecimentos 
conseguidos serão fundamentais para a compreensão da importância da 
pesquisa, dos tipos de pesquisa existentes e do processo de elaboração de um 
trabalho científico. 
Nesta aula abordaremos os seguintes temas: 
 Pesquisa científica; 
 Evolução da pesquisa no Brasil; 
 Classificação dos tipos de pesquisa; 
 Pesquisa qualitativa; 
 Pesquisa quantitativa. 
 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
A Metodologia Científica tem papel central na formação de estudantes em 
diferentes áreas do conhecimento, uma vez que se presta a despertar nos 
acadêmicos o interesse na busca por conhecimento e por respostas a seus 
questionamentos científicos. 
 A palavra metodologia significa estudo do método. A palavra método tem 
origem grega (methodos) e significa caminho, enquanto logia vem do grego 
logos, que tem relação com discurso, estudo ou teoria. Dessa forma, a 
metodologia seria o estudo do caminho a ser seguido para determinada 
finalidade ou fim. 
 Os recursos científicos a serem utilizados em pesquisas nas diferentes 
áreas do conhecimento são os mais diversos, dependendo das características 
dos assuntos pesquisados. Ou seja, uma pesquisa elaborada para a colocação 
de um novo medicamento no mercado será conduzida de forma bastante 
diferente que uma pesquisa antropológica sobre o comportamento humano. No 
entanto, apesar de suas diferenças, é necessário seguir uma padronização na 
construção do texto, escolha do método e apresentação de resultados e 
conclusões. 
 
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TEMA 1 – PESQUISA CIENTÍFICA 
Antes de falarmos de pesquisa, é necessário, primeiramente, entender o 
que é ciência. Sabe-se que, ao privilegiar o uso da razão no lugar de suas 
crenças religiosas e concepções pessoais, o homem passou a ser capaz de 
alcançar respostas melhores e mais realistas para seus questionamentos. 
De acordo com Lakatos e Marconi (2007, p. 80) ciência seria “um conjunto 
de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos 
fenômenos que se deseja estudar”. 
Enquanto isso, com base na versão para consulta on-line do dicionário 
Michaelis, ciência seria: 
1 Conhecimento sistematizado como campo de estudo […]. 
2 Observação e classificação dos fatos inerentes a um determinado 
grupo de fenômenos e formulação das leis gerais que o regem. 
3 O saber adquirido pela leitura e meditação. 
4 Soma dos conhecimentos práticos que servem a determinado fim. 
5 Conjunto de conhecimentos humanos considerados no seu todo, 
segundo sua natureza. 
6 Sistema racional usado pelo ser humano para se relacionar com a 
natureza a fim de obter resultados favoráveis. 
7 Estudo focado em qualquer área do conhecimento. 
8 Conjunto de conhecimentos teóricos e práticos canalizados para um 
determinado ramo de atividade [...]. 
9 FILOS Ramo específico do conhecimento, caracterizado por seu 
princípio empírico e lógico, com base em provas concretas, que 
legitima sua validade. 
É possível verificar algumas características que se repetem quando se 
busca definir o que é ciência. Entre elas estão: a observação de fenômenos, as 
tentativas de explicar situações e condições observáveis, o embasamento por 
testes e provas, entre outras. Isso nos faz refletir que a ciência está intimamente 
relacionada à busca pela resolução de problemas e situações, bem como à 
busca pelo conhecimento e entendimento do funcionamento daquilo que existe 
no mundo. Mas, para ser entendido como ciência, todo esse conhecimento 
precisa ser conseguido com base em provas e resultados, ou seja, com 
embasamento científico. 
Assim, quando trabalhamos com o conhecimento e com a pesquisa 
científica, é importante que saibamos separar nossos achados daquilo que é 
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considerado como “senso comum”. O conhecimento de senso comum pode ser 
definido como aquele que é conseguido pelo indivíduo com base no convívio e 
na vivência de diversas situações com outras pessoas (Oliveira, 2011). Sendo 
assim, os resultados de uma pesquisa devem permitir que sejam tiradas 
conclusões com possibilidade de comprovação, independentemente daquilo que 
já é amplamente aceito e que, mesmo sem existência real de problematização, 
acaba sendo tomado pela população como algo válido (senso comum). Em 
pesquisa científica também se deve evitar posição puramente ideológica, de 
modo que toda a discussão deve estar baseada em história ou dados concretos, 
muito embora seja característica própria da ciência a eterna “guerra” entre 
diferentes paradigmas e essa disputa seja justamente o “combustível” de novas 
descobertas. 
O ponto de partida de uma pesquisa científica seria encontrar um 
questionamento com base no qual se possa estabelecer um método para 
obtenção de resultados e elaboração de uma discussão pautada em argumentos 
e que seja capaz de levar a uma conclusão convincente sobre o referido 
questionamento. Em outras palavras, o conhecimento científico surgiria com 
base na escolha de um objeto de investigação específico e na determinação de 
um método para condução dessa investigação. 
TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA PESQUISA NO BRASIL 
Nos últimos anos, a pesquisa teve um aumento quantitativo importante no 
Brasil, no entanto o impacto dessas pesquisas mundialmente, ou seja, seu 
progresso qualitativo, não chegou a ser tão expressivo. 
 Entre 2007 e 2010 foi implantado no Brasil o Plano de Ação em Ciência, 
Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI). De acordo 
com Rezende (2011), havia quatro estratégias norteadoras para esse plano: 
1. Expansão e Consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e 
Inovação; 
2. Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas; 
3. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas; 
4. Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social. 
 
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 Ao realizar um balanço dos resultados obtidos com a implantação desse 
plano, em 2010, foi possível perceber que houve uma série de melhorias no 
campo científico. Entre as melhorias percebidas encontram-se: o aumento de 
bolsas de estudo CNPq e CAPES, aumento nos recursos de financiamento para 
pesquisa, bem como a ampliação de ações internacionais de cooperação no 
campo de ciência e tecnologia. O PACTI também trouxe como benefício a 
implantação da chamada Nova Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o 
estabelecimento de conexão de alta velocidade para todas as universidades e 
instituições destinadas à pesquisa no Brasil. 
 Com isso, percebeu-se nos últimos anos um importante aumento no 
quantitativo da produção científica e das publicações brasileiras. Sendo que, 
segundo observação feita por Rezende (2011), nosso país detinha 2,69% da 
produção científica mundial em 2009, o que já correspondia ao dobro do valor 
levantado para o ano 2000. 
 Segundo dados publicados em uma reportagem do Jornal Folha de São 
Paulo, em novembro de 2014, o Brasil subiu bastante no ranking mundial de 
países com maior produção, indo da 24ª posição em 1993 para 17ª em 2003 e, 
finalmente, para 13ª em 2013. E, ao levar em consideração as pesquisas na área 
de medicina clínica, o Brasil deu um salto nos números de artigos publicados 
que figuram entre os mais citados no mundo, passando de 14.324 artigos de 
2003-2007 para 34.957 entre os anos de 2008-2012 (Leite, 2014). Esses dados 
revelam uma melhora também do ponto de vista de qualidade das publicações 
brasileirasnos últimos tempos. 
 Essa melhoria na qualidade das publicações mostrava-se não só como 
algo necessário, mas essencial, tendo em vista que durante muito tempo o Brasil 
fez parte da relação de países considerados como meros “consumidores de 
inovação em Ciência e Tecnologia”, apoiado grandemente em pesquisa básica, 
ficando atrás de países desenvolvidos e tecnologicamente mais avançados, 
conhecidos como aqueles que pensam cientificamente e efetivamente inventam, 
descobrem e produzem coisas novas. 
 Segundo dados de 2011 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior (Capes), os programas de pós-graduação formaram no Brasil 
de 2007 a 2010 um total de 140 mil portadores de títulos, sendo 100 mil mestres, 
32 mil doutores e 8 mil mestres profissionais (Moritz et al., 2011). 
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 No entanto, ainda há muito a evoluir nesse sentido, pois os avanços da 
ciência e da pesquisa não dependem apenas dos recursos financeiros que são 
aplicados no setor e do número de pesquisadores envolvidos. Um país só se 
torna efetivamente forte em produção científica a partir do momento em que sua 
sociedade passa a ver na ciência e em suas descobertas algo realmente 
essencial, algo que traz inúmeros benefícios e que, além do avanço tecnológico, 
também é capaz de proporcionar soluções e melhoria na qualidade de vida de 
toda a população. 
 Essa característica é muito bem ilustrada no texto dos professores que 
compõem o Fórum de Reflexão Universitária da UNICAMP: 
[...] a existência de ciência num país depende mais da visão do mundo 
que sua sociedade possui, do que da fração do PIB aplicada na compra 
de telescópios, espectrômetros, computadores, e outros equipamentos 
necessários à pesquisa. [...] Ter uma sociedade com cultura científica 
capaz de gerar conhecimento original não é o mesmo que ter alguns 
poucos grandes cientistas. Com recursos expressivos aplicados de 
forma continuada e um programa de formação de pesquisadores no 
exterior, um país pode gerar, em pouco tempo, grupos de pesquisa 
altamente qualificados, com alguns pesquisadores de nível 
internacional capazes de obter importantes prêmios acadêmicos. 
Entretanto, esses grupos estarão inteiramente desvinculados da 
realidade social do país e terão poucas chances de fertilizar, com suas 
descobertas, o sistema industrial e de serviços e gerar emprego e 
renda. Têm-se hoje no mundo vários países nessas condições, países 
cujos cientistas receberam até prêmios Nobel, mas cuja população 
continua a viver majoritariamente na miséria e na ignorância. (FÓRUM 
DE REFLEXÃO UNIVERSITÁRIA – UNICAMP) 
 E pensando nas perspectivas para o futuro, na visão de Moritz et al. 
(2011), espera-se que até 2020 a pós-graduação brasileira já seja capaz de atuar 
efetivamente como uma espécie de “consciência social ampliada” voltada para 
os novos tempos e para dar condições a “aprendizagens significativas”. E tudo 
isso deve ocorrer em um contexto em que os profissionais que atuam nessa área 
da educação utilizem sua capacidade para aplicar práticas que contribuam para 
uma qualificação consistente de pessoas que atuem de forma relevante em um 
Brasil inovador e com visão de futuro. 
TEMA 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PESQUISA 
Há mais de uma forma para classificação dos diferentes tipos de 
pesquisas. 
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 Ao levarmos em consideração o nível de profundidade do estudo 
realizado, as pesquisas podem ser classificadas em: pesquisa exploratória, 
pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. 
 Quando classificamos as pesquisas de acordo com os procedimentos 
utilizados para obtenção dos dados ou informações que as embasam, podemos 
separá-las basicamente em dois grupos. Há um grupo de pesquisas cujas fontes 
de dados/informações são bibliográficas ou documentais, e outro grupo em que 
predominam as fontes de dados/informações fornecidos por pessoas ou obtidos 
por meio de medições e determinações. Nesse último grupo figuram os estudos 
chamados experimentais, estudos de caso, caso-controle, levantamentos e 
demais estudos com pesquisa de campo. 
 Vamos olhar mais de perto quais seriam as características dos diferentes 
tipos de pesquisa, classificados de acordo com a profundidade do estudo. 
Tabela 1 – Características dos diferentes tipos de pesquisa 
Exploratória Descritiva Explicativa 
Objetivo: tornar 
determinado objeto de 
estudo mais familiar. 
Obter mais informações 
sobre certo assunto 
Objetivo: realizar uma 
análise ou correlação 
entre variáveis, sendo 
que tais variáveis dizem 
respeito a fatos ou 
fenômenos. 
Objetivo: determinar ou 
identificar quais são os 
fatores que causam ou 
que contribuem para a 
ocorrência dos 
fenômenos que se 
busca estudar. 
Problema de pesquisa: 
em geral não tem 
relação entre variáveis. 
Costuma-se ter uma 
única variável, com 
relação a qual são 
obtidas informações. 
Problema de pesquisa: 
focado na investigação, 
sem interferência direta 
do pesquisador, da 
frequência de 
determinado fato ou 
fenômeno, 
estabelecendo suas 
características e sua 
relação com outros 
fatores. 
Problema de pesquisa: 
em geral esses estudos 
não se limitam à 
descrição de fatos ou 
fenômenos, 
concentrando-se nas 
explicações das causas 
e das relações de tais 
fatos/fenômenos com 
outros fatores. 
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Planejamento ou 
estrutura: é flexível, de 
modo que pode se 
constituir em uma 
revisão bibliográfica ou 
documental, um 
levantamento de dados, 
um estudo de caso ou 
até mesmo outros tipos 
de pesquisa. 
Planejamento e 
estrutura: pode ser 
estruturada como um 
levantamento, um 
estudo de caso ou 
mesmo outro tipo de 
pesquisa. O importante 
é que o trabalho 
estabeleça 
relação/correlação entre 
pelo menos duas 
variáveis. 
Planejamento e 
estrutura: as pesquisas 
explicativas são 
estruturadas como 
estudos tipo caso-
controle ou como 
pesquisas 
experimentais. 
Instrumentos de 
pesquisa: entrevistas, 
formulários, avaliações 
clínicas, de 
comportamento, de 
situação entre outros. 
Instrumentos de 
pesquisa: questionários, 
formulários de pesquisa, 
entrevistas, fichas de 
registro de observações. 
Instrumentos de 
pesquisa: população ou 
amostra. 
 
As pesquisas científicas também podem ser classificadas levando em 
consideração diferentes características, conforme demonstrado na tabela a 
seguir. 
 
Tabela 2 – Classificação de pesquisa científicas 
Classificação Tipos de pesquisa 
Quanto à finalidade Pesquisa básica ou fundamental 
Pesquisa aplicada ou tecnológica 
Quanto à natureza Pesquisa observacional 
Pesquisa experimental 
Quanto à forma de abordagem Pesquisa qualitativa 
Pesquisa quantitativa: 
 descritiva 
 analítica 
Quanto aos objetivos Pesquisa exploratória 
Pesquisa explicativa 
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Quanto aos procedimentos técnicos Pesquisa bibliográfica 
Pesquisa documental 
Pesquisa de laboratório 
Pesquisa de campo 
Quanto ao desenvolvimento no tempo Pesquisa transversal 
Pesquisa longitudinal 
Pesquisa prospectiva 
Pesquisa retrospectiva 
Fonte: Fontelles et al, 2009. 
TEMA 4 – PESQUISA QUALITATIVA 
Os métodos qualitativos de pesquisa permitem que seja estudado, com 
maior profundidade, o contexto de ocorrência de determinado fenômeno, além 
de possibilitarem a observação de vários aspectos em uma pequena população 
de estudo. 
 A principal preocupação em pesquisas qualitativas é a real aproximação 
com o objeto de estudo, por meio, por exemplo, do levantamento de dados, de 
características e comportamentos em um grupo de indivíduos, procurando 
trabalhar esses dados na busca por seu significado. Desse modo, não há 
preocupaçãoefetiva em medir determinado fenômeno, sobretudo em grandes 
populações, mas sim em entender o contexto em que certo fenômeno acontece 
ou suas razões de ocorrência. 
 Também é possível dizer que a pesquisa qualitativa é adequada para 
investigações em que se busca entender um fenômeno específico. Para isso, 
utiliza-se de interpretações, comparações e descrições de modo a compreender 
sua essência, inter-relações com outros fenômenos e até mesmo inferir algumas 
consequências sem, em geral, preocupar-se com quantificação e amostragem. 
 É comum em pesquisas qualitativas que os sujeitos ou objetos de 
pesquisa sejam selecionados com certa “intencionalidade”, ou seja, estes não 
são escolhidos de modo aleatório, mas sim levando em consideração alguns 
critérios preestabelecidos e que têm relação direta com os objetivos do estudo. 
Além disso, também é possível levar em consideração a comodidade no contato 
com os indivíduos, a disponibilidade ou mesmo a importância destes para o 
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embasamento e esclarecimento do tema e da hipótese propostos (Oliveira, 
2011). 
 Como técnicas para coleta de dados, costumam-se utilizar: observações 
diretas ou participantes, entrevistas com profundidade, elaboração de redes de 
relações e entrevistas em grupo (Víctora et al, 2000). 
 De acordo com Oliveira (2011), nesse tipo de pesquisa a configuração é 
baseada em cinco características principais: 
1. Ambiente natural: o pesquisador costuma fazer trabalho intensivo de 
campo, mantendo, dessa forma, um contato mais prolongado com o 
ambiente e com o objeto de estudo. Assim, o ambiente natural é usado 
como fonte direta de dados, e o pesquisador funciona como principal 
instrumento. 
2. Dados descritivos: os dados apresentados nessas pesquisas são 
predominantemente descritivos, e estas são ricas em descrições tanto de 
pessoas quanto de acontecimentos ou situações, além de fotografias, 
desenhos etc. 
3. Preocupação com o processo: o principal intuito do pesquisador é estudar 
como determinado problema (levantado como problema de pesquisa) se 
relaciona com o cotidiano e como este se manifesta em atividades e 
procedimentos. Dessa forma, a preocupação com o processo é muito 
maior que com o produto. 
4. Preocupação com o significado: nos estudos qualitativos há preocupação 
em captar a perspectiva dos participantes, ou seja, busca-se verificar o 
significado que os participantes dão àquelas questões que estão sendo 
abordadas. 
5. Processo de análise indutivo: não constitui uma preocupação buscar, 
antes do início das pesquisas, evidências que realmente comprovem as 
hipóteses levantadas. Os resultados baseiam-se na consolidação de 
discussões por meio da avaliação dos dados em um processo “de baixo 
para cima”, por processo de análise indutivo. 
 
 Em resumo, segundo Oliveira (2011, p. 24), a pesquisa qualitativa ou 
naturalista “ (...) envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato 
direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que 
o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. Entre as 
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várias formas que pode assumir uma pesquisa qualitativa, destacam-se a 
pesquisa do tipo etnográfico e o estudo de caso.” 
Um exemplo que nos ajuda a visualizar essa correlação pode ser 
encontrado na pesquisa realizada por Gonçalves (1998), que trata da 
questão da adesão ao tratamento para tuberculose em Pelotas, RS. 
Tendo como pressuposto que cultura de um grupo afeta as suas 
decisões sobre saúde, doença, medicalização, cura e morte, a 
pesquisadora constrói uma problemática de pesquisa que enfoca 
aspectos da cultura de um grupo de pessoas vinculadas ao Programa 
de Controle da Tuberculose - PCT - promovido pelo Ministério da 
Saúde e suas relações com a adesão ou não ao tratamento da doença. 
Gonçalves, partindo de pressupostos antropológicos relativos à forma 
de inserção no mundo cultural, opta por uma metodologia qualitativa 
de pesquisa que permite maior penetração do pesquisador no mundo 
dos pesquisados, obtendo assim dados que não se limitavam ao 
seguimento ou ao abandono formal conforme o cadastro do PCT, mas 
a um intrincado processo de aproximações e distanciamentos do 
tratamento para tuberculose a partir de diferenças de gênero, idade, 
expectativas e trajetórias sociais dos pacientes, entre outras coisas. 
Fica evidente nessa pesquisa que o dado relativo às formas diferentes 
de adesão ao tratamento só se constitui como evidência na medida em 
que se pressupõe que os "pacientes" são, acima de tudo, "agentes", 
os quais podem fazer, e de fato fazem, uso diferenciado do tratamento 
proposto. (Victora, et al, 2000) 
 Uma das principais limitações das pesquisas qualitativas vem do fato de 
demandar um longo período de dedicação para permitir a realização de um 
trabalho com profundidade e bastante detalhado. Outra limitação seria a 
importância da experiência do pesquisador em campo, tendo em vista que em 
geral esse tipo de pesquisa não se baseia apenas na simples realização de uma 
entrevista. Desse modo, não costuma ser viável realizar essas pesquisas com 
um grande número de indivíduos ou com amostras grandes, o que acaba por 
inviabilizar certas generalizações na discussão dos resultados. 
TEMA 5 – PESQUISA QUANTITATIVA 
Nas pesquisas quantitativas, trabalha-se com variáveis, e os dados são 
expressos numericamente, empregando-se a quantificação tanto no momento 
de coleta das informações quanto no momento de sua análise. Para análise dos 
dados, são utilizados métodos ou regras estatísticas, entre eles médias, 
coeficientes de correlação, regressões etc. Em geral busca-se caracterizar as 
variáveis do ponto de vista de sua dispersão ou tendência central, ou verificar 
sua frequência. 
Nesse tipo de pesquisa busca-se a validação de hipóteses por meio do 
uso de dados estruturados e da análise de um número grande de casos 
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(indivíduos, produtos etc.) que sejam representativos e que permitam, assim, um 
curso final de ação (Oliveira, 2011). 
 Tendo em vista sua característica de análise, é possível conseguir maior 
precisão e, dessa forma, seus resultados permitem quantificação, utilização no 
planejamento de ações coletivas e na generalização de resultados da amostra, 
sobretudo quando essa amostra selecionada para estudo é representativa do 
todo. 
 A determinação do tamanho da amostra e de sua composição para uso 
em pesquisas quantitativas utiliza ferramentas da estatística. Essa composição 
deve ser muito bem delimitada caso se pretenda, ao final da pesquisa, inferir 
soluções ou aplicações para a população de dados como um todo, ou seja, deve-
se fazer a composição da amostra pressupondo que as determinações 
realizadas para um grupo determinado sejam capazes de representar a 
totalidade. 
 Em estudos populacionais, pode-se trabalhar com amostragens do tipo 
aleatória ou estratificada, sendo essas técnicas mais comuns em estudos de 
coorte, prevalência ou caso-controle (Víctora et al, 2000). 
 A forma mais comum de coleta de dados em pesquisas quantitativas é a 
aplicação de questionários, compostos em geral por questões fechadas com 
opções de resposta já previamente determinadas pelo pesquisador. Entre as 
limitações desse tipo de técnica de coleta de dados, podemos citar a ocorrência 
de possíveis mal-entendidos na escolha das opções de resposta. Isso pode 
ocorrer devido ao contato breve do pesquisador com o entrevistado e o fato de 
não haver possibilidade de resposta diferente daquelas já previamente 
estabelecidas durante a construção do instrumento de coleta. No entanto, essa 
limitação pode ser corrigida ao realizar a aplicação desse questionário em um 
estudo ou projeto-pilotopara uma população aleatória, com o objetivo de verificar 
antecipadamente a necessidade de ajustes no instrumento antes da sua 
aplicação à população do estudo. 
 As pesquisas quantitativas podem ser divididas em dois grupos, com base 
na complexidade de análise e de apresentação dos resultados (Fontelles et al., 
2009): 
1. Pesquisa descritiva: nas pesquisas quantitativas do tipo descritiva, a 
forma de condução do estudo pelo pesquisador, em geral, não permite 
testes de hipóteses com base nos dados levantados. O objetivo do estudo 
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costuma ser a obtenção de uma descrição do fato, da característica ou da 
população em si. Dessa forma, as hipóteses podem ser levantadas 
posteriormente, pois a pesquisa descritiva não visa inicialmente avaliar o 
mérito, mas sim descrever as características de algo que ocorre em 
determinada amostra ou população. 
2. Pesquisa analítica: esse tipo de pesquisa quantitativa busca explicar o 
contexto de ocorrência de um fenômeno em uma amostra ou grupo. 
Sendo assim, pode ser considerada mais complexa que a pesquisa 
descritiva. As pesquisas analíticas demandam uma avaliação mais 
aprofundada, pois buscam determinar uma relação entre causa e efeito 
de determinado fenômeno. 
 
Mas, em síntese, a principal diferença entre estudos analíticos e 
descritivos reside no fato de os estudos analíticos permitirem a realização de 
predições com relação à população da qual faz parte a amostra estudada, além 
da possibilidade de aplicação de testes de hipótese. 
FINALIZANDO 
Analisando tudo que foi abordado a respeito da pesquisa científica, é 
possível verificar que a escolha da metodologia a ser utilizada para obtenção dos 
dados ou informações deve estar intimamente atrelada aos objetivos e ao objeto 
de pesquisa. Em outras palavras, dependendo do objetivo a que se presta 
determinado estudo e dependendo também do objeto (aquilo que se pretende 
estudar), um tipo de pesquisa dará melhores resultados do que outro. Ou seja, 
dependendo do tipo de abordagem escolhida, você será ou não capaz de chegar 
a resultados que realmente atendem aos objetivos propostos e que permitem 
responder às hipóteses levantadas. 
 Apesar de terem sido abordadas separadamente nesta aula, há 
momentos em que, dependendo dos resultados que se busca, pode haver 
inclusive a necessidade de combinação de técnicas qualitativas e quantitativas 
em uma mesma pesquisa. Pois é possível encarar as abordagens qualitativas e 
quantitativas como complementares, em vez de concorrentes. 
 
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REFERÊNCIAS 
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<http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
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2000. 
 
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METODOLOGIA CIENTÍFICA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! Hoje vamos estudar sobre a aplicação da ética nas pesquisas 
envolvendo seres humanos e sobre comitês de ética em pesquisa. 
 Os assuntos que a serem tratados nesta aula são: 
 Histórico da pesquisa com seres humanos. 
 Comitês de ética em pesquisa envolvendo seres humanos. 
 Resolução 466 de 2012. 
 Termos de consentimento e de assentimento. 
 Plataforma Brasil. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
As diversas áreas das ciências da saúde passaram nas últimas décadas 
por uma série de avanços tecnológicos e, em certos casos, tais avanços geraram 
a necessidade de discussões e reflexões acerca de seus limites e possibilidades 
de utilização. Em outras palavras, a magnitude alcançada pelos avanços técnico-
científicos determinou que não seria mais possível a aplicação do método 
científico sem realizar a ponderação entre riscos e benefícios. 
 Com base nessas necessidades, desenvolveu-se a bioética como um 
campo do conhecimento que busca dar respostas aos desafios e às mudanças 
que surgiram, sobretudo no século XX. A bioética surgiu principalmente para dar 
suporte a debates relacionados ao respeito, ao cuidado e à proteção de todos os 
seres vivos e de seu hábitat, em contextos que vão além das relações morais e 
daquilo que consta instituído em códigos deontológicos ou códigos de ética das 
diferentes profissões (Motta et al., 2012). 
 Dessa forma, para educar moralmente, é necessário educar pelo 
exemplo, no cotidiano, de modo que estes princípios não sejam incorporados 
apenas às nossas atividades profissionais, mas também ao aprimoramento do 
sentido ético de nossas ações (Júnior et al., 2016). 
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 Parece apropriado, portanto, apresentar um trecho do depoimento de Eric 
Kandel, expresso no trabalho de Kipper (2010) para iniciarmos nossas reflexões 
relacionadas à ética em pesquisa. Eric Kandel era um psiquiatra e geneticista 
que nasceu na Alemanha e imigrou antes da invasão de Hitler, indo para os EUA. 
Acompanhe um depoimento de Kandel: 
Quando pensamos sobre valores éticos na ciência (nós cientistas), 
somos tentados a assumir que estes valores são óbvios; eles estão 
implícitos no que fazemos... Foi neste contexto que me lembrei 
recentemente, quando escrevi sobre minha vida pessoal e profissional, 
que nem sempre foi assim. Mesmo cientistas que parecem a eles 
próprios bem-intencionados e, algumas vezes, para os outros também, 
podem ir por um caminho que, imperceptivelmente para eles, se torna 
completamente antiético. (Kipper, 2010, p. 225) 
TEMA 1 – HISTÓRICO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS 
No início do que chamamos de ciência moderna, Galileu (1564-1642), 
com a aprovação de Francis Bacon (1561-1626), procurava dar a certeza de que 
a ciência era uma atividade objetiva, benéfica para a humanidade (por promover 
conhecimento) e eticamente neutra (por dar importância apenas a valores morais 
relacionados a uma prática correta) (Kottow, 2008). 
 André Vesalio (1514-1564) buscou estudar a anatomia humana por meio 
da avaliação de cadáveres, o que confrontava as regras teológicas e morais da 
época, que consideravam a abertura e dissecação de cadáveres um sacrilégio 
ou uma profanação. A não ser que se tratasse de um homem e provavelmente 
um bandido. Os estudos de Vesalio buscavam desmentiras informações dadas 
por Galeno (129-199) de que o estudo de porcos e macacos era capaz de dar as 
informações necessárias para compreender a anatomia interna do ser humano. 
A autorização oficial do uso de cadáveres humanos para fins de estudo só foi 
dada pelo Papa Clemente VII, em 1537 (Kottow, 2008; Kipper, 2010). 
 O século XVII ficou marcado como o auge das pesquisas envolvendo 
animais, o que levou a uma série de debates acerca desse tema, até que, no 
século XIX, foram criadas as primeiras sociedades de proteção dos animais, e a 
autoexperimentação passou a ser um fenômeno característico dessa época. 
Podemos citar como exemplos dessa prática o estudo dos efeitos da morfina 
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realizado por Sertüner em si mesmo e também Davy, que inalava óxido nitroso 
com o intuito de conhecer suas propriedades (Kottow, 2008; Kipper, 2010). 
Em meio a todo esse cenário, ainda no século XIX, Claude Bernard já 
indicava que não havia como justificar o progresso científico se, para alcançá-lo, 
fosse necessário desrespeitar o bem-estar das pessoas envolvidas. Dessa 
forma, ele buscou estabelecer alguns princípios éticos que pudessem direcionar 
os pesquisadores na realização de seus trabalhos, incluindo a ideia da 
necessidade de consentimento por parte dos indivíduos participantes das 
pesquisas (Kipper, 2010). 
No entanto, a história das pesquisas envolvendo seres humanos é 
pontuada por uma série de fatos carregados de situações abusivas com relação 
aos participantes dos estudos. Em 1905, Pierre-Charles Bongrand elaborou uma 
tese de doutorado na qual apresenta uma série de experimentos que o levaram 
à conclusão de que, mesmo que por vezes pudessem ser considerados até 
imorais, certos experimentos eram “ocasionalmente necessários”. Segundo 
Bongrand, seriam justificáveis análises conduzidas em prol da ciência desde que 
fossem realizadas em condições controladas e em populações em que isso 
pudesse ser justificável, como moribundos, prisioneiros e condenados à morte, 
mas não em populações vulneráveis como crianças, gestantes ou pessoas 
pobres (Kottow, 2008). 
 Em 1914, aparecem os primeiros indícios da participação do paciente em 
decisões de caráter clínico. Nessa época conduzir procedimentos cirúrgicos sem 
o consentimento prévio da pessoa passou a ser considerado ato ilícito. Essa 
atitude ganhou reforço em 1957, com a introdução da expressão “consentimento 
informado”. 
 Alexander Mitscherlish e Fred Mielke publicaram, em 1978, um importante 
livro que documentava e comentava os julgamentos dos médicos nazistas no 
tribunal de Nuremberg (1947). Nesse tribunal foram julgados os atos 
relacionados a “pesquisas” desenvolvidas durante a Segunda Guerra (1939-
1945), as quais levaram ao sacrifício de pessoas que eram consideradas à época 
da guerra como “vidas indignas de serem vividas”. Nesse período, indivíduos 
foram usados, por exemplo, para testar a tolerância humana a condições 
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extremas de déficit de oxigênio e de injeção de organismos patogênicos, entre 
outras tantas situações (Kottow, 2008; Albuquerque, 2013). 
 Das situações ocorridas nesse período surgiu, em 1949, o Código de 
Nuremberg. Este código, apesar de ter sido criado com base nos fatos julgados 
no tribunal de Nuremberg, constituiu o primeiro documento internacional sobre 
ética em pesquisa (Kottow, 2008; Kipper, 2010; Motta et al., 2012). 
 Com base na concepção do Código de Nuremberg, indicou-se, por 
exemplo, a necessidade de realização de uma fase de estudos pré-clínicos antes 
da fase de testes em seres humanos. Além disso, o registro da necessidade de 
obtenção de consentimento, dado de forma voluntária, constituiu um avanço 
muito relevante conseguido com base nesse código. A partir desse momento, o 
consentimento voluntário do indivíduo passa a ser essencial para sua inclusão 
como sujeito na pesquisa, e o fornecimento de informações claras sobre os 
processos e procedimentos que serão empregados no estudo envolvendo o 
indivíduo é de responsabilidade do pesquisador. Dessa forma, o pesquisador se 
responsabiliza pela transmissão de informações claras e de qualidade para 
obtenção de um consentimento realmente esclarecido por parte do participante. 
Como principal limitação do código, pode-se citar o fato de que os 
envolvidos em sua elaboração na época estavam excessivamente preocupados 
com a autonomia individual. Mas, o que havia de mais importante a ser aprendido 
com as barbáries que lhe deram origem era que, na verdade, sua essência 
estava relacionada à destruição de outro ser humano, e não apenas à ausência 
de consentimento (Kottow, 2008). 
 Outra situação importante ocorrida nessa época diz respeito ao projeto 
Tuskegee Syphilis Study, em que se conduziu um estudo para conhecimento da 
história natural da sífilis. O estudo foi realizado entre 1932 e 1972, utilizando 399 
pacientes negros que recebiam placebo, mesmo após a descoberta da penicilina 
como tratamento eficaz para essa patologia na década de 40. Além disso, outro 
problema grave dessa pesquisa diz respeito ao fato de que a maioria dos 
pacientes sequer sabia que estava fazendo parte de uma pesquisa (Kottow, 
2008; Motta et al., 2012; Albuquerque, 2013). 
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Com base nas denúncias relacionadas a esse estudo, o governo dos 
Estados Unidos criou a Comissão Nacional para a Proteção de Sujeitos 
Humanos em Pesquisas Biomédicas e Comportamentais. Essa comissão atuou 
entre 1974 e 1978 e, com base nas discussões ocorridas, foi publicado o 
Relatório de Belmont, o qual foi considerado na época um marco na ética em 
pesquisa e permitiu a criação da teoria dos princípios, proposta por Tom 
Beauchamp e James Childress, considerada a primeira teoria na área de bioética 
(Kipper, 2010; Albuquerque, 2013). 
 O relatório de Belmont, publicado em 1978, introduz “intencionalmente a 
linguagem dos princípios éticos ao exigir que toda pesquisa seja respeitosa com 
as pessoas, benéfica para a sociedade e equânime em seu balanço entre riscos 
e benefícios” (Kottow, 2008, p. 13). 
Outro importante avanço no campo da bioética ocorreu na década de 
1960. Naquela época, tendo em vista o aumento das atividades de pesquisa na 
área das ciências da Saúde, verificou-se a necessidade de ir além do Código de 
Nuremberg no que diz respeito à ética em pesquisa. Buscava-se, então, a 
elaboração de uma normatização ética mais completa, o que incitou a criação de 
grupos de estudo entre os integrantes da Associação Médica Mundial (AMM). 
Em 1964, com base nas discussões que ocorreram na AMM, foi elaborada a 
Declaração de Helsinque. Com essa declaração deu-se início à análise 
acadêmica das pesquisas na área de Saúde, que passou posteriormente para a 
responsabilidade da bioética (Kipper, 2010). 
 O Conselho Britânico de Pesquisa Médica publicou um documento, 
simultaneamente à Declaração de Helsinque, no qual é enfatizado que, ao 
estudar um novo procedimento médico, este deve ser comparado com o melhor 
método já disponível (Kottow, 2008). Descarta-se, dessa forma, o uso de 
placebos, a não ser que uma terapia eficaz ainda não esteja disponível. Esse 
documento é muito semelhante à Declaração de Helsinque, sendo também muito 
claro na colocação dos indivíduos e da sua proteção à frente dos interesses da 
ciência ou mesmo da sociedade em situações de pesquisa. Segundo esse 
documento, isso deve ser observado, sobretudo, nos casos de indivíduos que se 
encontram incapazes de dar seu consentimento de forma livre e esclarecida. 
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 Em 1975 houve uma revisão da Declaração de Helsinque, com base na 
qual foi reforçada a necessidade do consentimento informadoe instituiu-se a 
necessidade de criação de Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. 
E, nesse contexto, também foi aconselhado que não houvesse publicação de 
artigos eticamente questionáveis. Dessa forma, em casos nos quais o 
participante esteja por alguma razão impossibilitado de fornecer seu 
consentimento de forma livre e informada, este não pode ser incluído em estudos 
que não o beneficiem diretamente ou que tragam a ele riscos desnecessários. 
 No âmbito das ciências da saúde, a regulação da atividade científica tem 
como normas mais conhecidas as declarações da Associação Médica Mundial. 
No entanto, além dessas, existem as normas do Conselho de Organizações 
Internacionais de Ciências Médicas (CIOMS/OMS) e do Conselho Nuffield de 
bioética, bem como os documentos do Conselho Europeu e diversas 
declarações voltadas para assuntos específicos, como as pesquisas com 
embriões, pesquisas com material genético e estudos epidemiológicos (Kottow, 
2008). 
 Revisada em 2000, em 2008 e em 2014, a Declaração de Helsinque 
continua sendo a principal referência na América Latina por conta de sua 
característica de fácil consulta e também pelo seu compromisso em proteger os 
pacientes e participantes. 
TEMA 2 – COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES 
HUMANOS 
Conforme comentamos anteriormente, na revisão da Declaração de 
Helsinque, realizada em 1975, foi reforçada a necessidade de criação de comitês 
de ética, dada a necessidade de garantir que os participantes fornecessem 
consentimento de forma livre e esclarecida. 
Em 1986 foi proposta no Brasil a construção de um documento para 
garantia da consulta à população pesquisada. Surgiu, assim, o Código de 
Direitos de Saúde das Comunidades, proposto pela Sociedade Brasileira de 
Medicina Tropical e pela Associação Brasileira de Antropologia. Esse código 
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trazia diretrizes que previam o direito à informação e a garantia de que não 
houvesse prejuízo dos participantes nas pesquisas em saúde em comunidades 
(Schuch; Víctora, 2015). De acordo com Oliveira et al. (2013), as propostas de 
criação de comitês de ética em pesquisa (CEP) também figuram nas Diretrizes 
Éticas Internacionais para a Pesquisa Biomédica em Seres Humanos de 1993 
do Conselho de Organizações Internacionais de Ciências Médicas 
(CIOMS/OMS) e na Resolução n. 01/88 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) 
do Brasil. 
A Resolução n. 01/88 foi publicada pouco tempo depois da criação do 
Conselho Nacional de Saúde (CNS) e, não só propunha, mas trazia a 
obrigatoriedade de criação de comitês de ética em instituições que realizassem 
pesquisas na área da saúde. Além disso, determinava a necessidade de 
aplicação do consentimento informado, sendo que esse consentimento só 
poderia deixar de ser utilizado em casos de pesquisas consideradas com riscos 
“menores que o mínimo”. Entretanto, como comenta Kipper (2010), essa 
resolução não teve o impacto esperado na comunidade científica. Sendo assim, 
o CNS se viu obrigado a reavaliar os critérios a serem aplicados nacionalmente 
em pesquisas envolvendo seres humanos. Foi criado, então, um grupo de 
trabalho com essa finalidade, o que culminou com a publicação da Resolução 
196/96, nomeada como Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas 
Envolvendo Seres Humanos. 
 Com base na publicação da Resolução 196/96, a criação de CEPs passa 
a ser exigida em nível nacional e de forma que todo o trabalho de pesquisa 
envolvendo seres humanos passa a ter de ser avaliado obrigatoriamente por um 
CEP antes do início de sua execução. Nessa norma a pesquisa envolvendo 
seres humanos está caracterizada dessa forma: “pesquisa que, individual ou 
coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou 
partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus 
dados, informações ou materiais biológicos” (Brasil, 1996, item II.18, p. 3). 
 Os comitês de ética em pesquisa com seres humanos são criados com o 
intuito de proteger e salvaguardar os sujeitos de pesquisa, de modo que seja 
garantida a condução do projeto dentro de padrões éticos e obedecendo aos 
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princípios da justiça, da equidade, da beneficência e da não maleficência 
(Oliveira et al., 2013). Ainda de acordo com Oliveira et al. (2013), os CEPs 
passaram a ser constituídos no Brasil em 1997 e, em 2012, já havia um total de 
645 desses comitês. 
 Com base nessa Resolução, os CEPs devem ser compostos por um 
número balanceado de homens e mulheres. Deve-se dar preferência à 
composição com membros que não sejam exclusivamente da área de Saúde, 
permitindo ao comitê um caráter de multidisciplinaridade que dá melhor suporte 
às discussões e apreciações éticas. Também é importante ressaltar que é 
garantida independência de atuação aos membros do CEP, por meio da 
Resolução 196/96. Ou seja, os membros do comitê não podem ser pressionados 
em suas decisões, quer seja pelos seus superiores ou pelos interessados na 
pesquisa. 
 Por fim, o Manual Operacional adotado pelos CEPs no Brasil determina 
que, pelo menos uma vez ao ano, sejam realizados seminários ou encontros com 
o intuito de discutir aspectos éticos verificados com frequência nos estudos 
avaliados. Dessa forma, as discussões contribuiriam para o aperfeiçoamento dos 
membros do comitê com relação aos assuntos estudados (Brasil, 2007). A partir 
do ano de 2012 no Brasil, o curso Bioética Aplicada às Pesquisas Envolvendo 
Seres Humanos passou a ser disponibilizado para realização a distância. Esse 
curso é ofertado anualmente pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio 
Arouca (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz, Conselho Nacional de Saúde / 
CONEP e Secretaria de Gestão Participativa / Ministério da Saúde, com um total 
de mais de mil vagas por turma (Oliveira et al., 2013). 
TEMA 3 – RESOLUÇÃO 466/2012 
A Resolução 196/96, como comentamos no tema anterior, levou à criação 
dos CEP e ao surgimento da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa CONEP. 
No entanto, esta foi revogada pela Resolução 466/12, a qual entrou em vigor em 
junho de 2013. 
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 Há uma série de diferenças entre essas duas resoluções, tendo sido feitas 
modificações, supressões e inclusões de diversos trechos. 
 Entre as inclusões, pode-se citar a definição de alguns termos, entre eles: 
achados da pesquisa, assentimento livre e esclarecido, assistência ao 
participante da pesquisa, benefícios da pesquisa, instituição coparticipante de 
pesquisa, participante da pesquisa, pesquisa em reprodução humana, 
pesquisador, provimento de material prévio, relatório parcial, relatório final e 
termo de consentimento livre e esclarecido (Andrade, 2013). Como 
consequência, o termo “sujeito da pesquisa”, que era utilizado na resolução 
196/96, passa a ser substituído pelo termo “participante da pesquisa”, sendo 
então suprimida a definição de sujeito da pesquisa na versão de 2012. 
 A definição de pesquisa foi totalmente alterada em 2012, passando a ser 
como segue: “Pesquisa – processo formal e sistemático que visa à produção, 
ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para problemas 
mediante emprego de método científico” (Brasil, 2013, item II.12, p. 2). 
 Na Resolução 466/12 passou-se a determinar que a Instituição 
proponente seria aquela à qual o pesquisador está vinculado – ao contrário do 
que figurava na resolução 196/96, na qual a Instituição proponente era definida 
como aquela em que eram realizadas as investigações científicas. 
 Outra alteração importante diz respeito à questão do ressarcimento 
devido aos participantes da pesquisa. Na versão de 2012 da Resolução a 
questão do ressarcimento figura da seguinte maneira: “Ressarcimento – 
compensação material, exclusivamentede despesas do participante e seus 
acompanhantes, quando necessário, tais como transporte e alimentação” (Brasil, 
2013, item II.21, p. 3). 
 No item III da resolução 466/12 que trata dos aspectos éticos da pesquisa 
envolvendo seres humanos houve também importantes alterações, como pode 
ser observado no quadro a seguir, que traz uma comparação entre os textos das 
duas resoluções: 
 
 
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Quadro 1 – Diferenças entre as resoluções 196/96 e 466/12 
Resolução 196/96 Resolução 466/12 
As pesquisas envolvendo seres humanos 
devem atender às exigências éticas e 
científicas fundamentais. 
As pesquisas envolvendo seres humanos 
devem atender aos fundamentos éticos e 
científicos pertinentes. 
A eticidade em pesquisa implica: A eticidade em pesquisa implica: 
a) consentimento livre e esclarecido dos 
indivíduos alvo e a proteção a grupos 
vulneráveis e aos legalmente incapazes 
(autonomia). Neste sentido, a pesquisa 
envolvendo seres humanos deverá sempre 
tratá-lo em sua dignidade, respeitá-lo em 
sua autonomia e defendê-lo em sua 
vulnerabilidade. 
a) respeito ao participante da pesquisa em sua 
dignidade e autonomia, reconhecendo sua 
vulnerabilidade, assegurando sua vontade de 
contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, 
por intermédio de manifestação expressa, livre 
e esclarecida. 
b) ponderação entre riscos e benefícios, 
tanto atuais como potenciais, individuais ou 
coletivos comprometendo-se com o 
máximo de benefícios e o mínimo de danos 
e riscos. 
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto 
conhecidos como potenciais, individuais ou 
coletivos, comprometendo-se com o máximo 
de benefícios e o mínimo de danos e riscos. 
c) garantia de que danos previsíveis serão 
evitados (não maleficência). 
c) garantia de que danos previsíveis serão 
evitados. 
d) relevância social da pesquisa com 
vantagens significativas para os sujeitos da 
pesquisa e minimização do ônus para os 
sujeitos vulneráveis, o que garante a igual 
consideração dos interesses envolvidos, 
não perdendo o sentido de sua destinação 
sócio-humanitária (justiça e equidade). 
d) relevância social da pesquisa, o que garante 
a igual consideração dos interesses 
envolvidos, não perdendo o sentido de sua 
destinação sócio-humanitária. 
III.2 - Todo procedimento de qualquer 
natureza envolvendo o ser humano, cuja 
aceitação não esteja ainda consagrada na 
literatura científica, será considerado como 
pesquisa e, portanto, deverá obedecer às 
diretrizes da presente Resolução. Os 
procedimentos referidos incluem entre 
outros, os de natureza instrumental, 
ambiental, nutricional, educacional, 
 
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sociológica, econômica, física, psíquica ou 
biológica, sejam eles farmacológicos, 
clínicos ou cirúrgicos e de finalidade 
preventiva, diagnóstica ou terapêutica. 
III.3 - As pesquisas em qualquer área do 
conhecimento, envolvendo seres 
humanos, deverá observar as seguintes 
exigências: 
III.2 - As pesquisas, em qualquer área do 
conhecimento envolvendo seres humanos, 
deverão observar as seguintes exigências: 
a) ser adequada aos princípios científicos 
que a justifiquem e com possibilidades 
concretas de responder a incertezas. 
Igual. 
b) estar fundamentada na experimentação 
prévia realizada em laboratórios, animais 
ou em outros fatos científicos. 
b) estar fundamentada em fatos científicos, 
experimentação prévia e/ou pressupostos 
adequados à área específica da pesquisa. 
c) ser realizada somente quando o 
conhecimento que se pretende obter não 
possa ser obtido por outro meio. 
Igual. 
d) prevalecer sempre as probabilidades 
dos benefícios esperados sobre os riscos 
previsíveis. 
d) buscar sempre que prevaleçam os 
benefícios esperados sobre os riscos e/ou 
desconfortos previsíveis. 
e) obedecer à metodologia adequada. Se 
houver necessidade de distribuição 
aleatória dos sujeitos da pesquisa em 
grupos experimentais e de controle, 
assegurar que, a priori, não seja possível 
estabelecer as vantagens de um 
procedimento sobre outro através de 
revisão de literatura, métodos 
observacionais ou métodos que não 
envolvam seres humanos. 
e) utilizar os métodos adequados para 
responder às questões estudadas, 
especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, 
quantitativa ou quali-quantitativa. 
f) ter plenamente justificada, quando for o 
caso, a utilização de placebo, em termos 
de não maleficência e de necessidade 
metodológica. 
Remanejada para o item b III.3. 
 Inclusão: f) se houver necessidade de 
distribuição aleatória dos participantes da 
pesquisa em grupos experimentais e de 
controle, assegurar que, a priori, não seja 
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possível estabelecer as vantagens de um 
procedimento sobre outro, mediante revisão de 
literatura, métodos observacionais ou métodos 
que não envolvam seres humanos. 
Fonte: Adaptado de Andrade, 2013, p. 7-8. 
 Ao realizarmos a comparação entre a Resolução 196/96 e a Resolução 
466/12, também é importante ressaltar algumas outras alterações. Na Resolução 
de 2012, foram incluídas questões relacionadas às pesquisas na área de 
ciências humanas e sociais, uma necessidade que já era ressaltada por muitos 
pesquisadores. Com base nessa resolução, passa-se a afirmar que virtualmente 
não há pesquisa envolvendo seres humanos em que não haja riscos, 
independente do seu tipo. Além disso, foram acrescentadas informações de 
documentos internacionais da área de ética e bioética publicados após o ano de 
1996 (data de publicação da primeira resolução), como: a Declaração Universal 
sobre Bioética e Direitos Humanos e a Declaração Universal sobre o Genoma 
Humano (Soffiatti; Franca, 2013). 
TEMA 4 – TERMOS DE CONSENTIMENTO E DE ASSENTIMENTO 
A necessidade de consentimento por parte dos participantes em 
pesquisas já era determinada no Código de Nuremberg e na Declaração de 
Helsinque. Sendo que, segundo Rodrigues Filho et al. (2014, p. 326), a 
Declaração de Helsinque indica que: 
a) a pesquisa clínica em um ser humano não pode ser empreendida 
sem seu livre consentimento, depois de totalmente esclarecido – caso 
legalmente incapaz, deve ser obtido o consentimento do responsável 
legal; b) o paciente da pesquisa clínica deve estar em estado mental, 
físico e legal que o habilite a exercer plenamente seu poder de decisão; 
e c) o consentimento, como é norma, deve ser dado por escrito. 
Entretanto, a responsabilidade da pesquisa clínica é sempre do 
pesquisador e nunca recai sobre o paciente, mesmo após ter sido 
obtido o seu consentimento. 
Mais tarde, a Resolução 196/96, além de definir a criação dos CEPs e da 
CONEP, também abordou o Consentimento Informado, que depois passou a ser 
chamado de Consentimento Livre e Esclarecido. Com essa Resolução, foram 
valorizados o sigilo e a confidencialidade dos dados obtidos, além da garantia de 
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respeito à autonomia do participante, o qual precisa formalizar sua participação 
no estudo mediante a assinatura do termo de consentimento (Motta et al., 2012; 
Schuch; Víctora, 2015). 
 A Resolução 466/12 mantém muitas das características da resolução 
anterior, mas inclui também questões relacionadas à regulação das atividades 
dos próprios CEPs, incorporando informações que detalham atribuições e 
responsabilidades dos participantes e dos agentes fiscalizadores. Entre as 
regulamentações dispostas nessa Resolução, estão a definição e as orientações 
a respeito da construção e aplicação do Consentimento Livre e Esclarecido e 
também a respeito da determinação dos riscos e benefícios da pesquisa, bem 
como orientações sobre o próprio funcionamento do sistema CEP/CONEP com 
suas atribuições e competências(Schuch; Víctora, 2015). 
 A assinatura do TCLE, por se tratar de uma decisão voluntária, só pode 
ser tomada por um indivíduo que possua o discernimento e a autonomia 
necessários para tal. Além disso, para ser considerado válido, o consentimento 
está atrelado à existência de um processo informativo anterior à sua assinatura. 
 Para elaboração do TCLE, este deve ser dividido em duas partes, sendo 
uma relacionada à informação e outra relacionada ao consentimento 
propriamente dito. Dessa forma pretende-se inicialmente esclarecer todas as 
características da pesquisa (etapas de execução, riscos e benefícios etc.) de 
modo que, após receber as informações, o participante possa dar seu 
consentimento tendo realmente compreendido todos os procedimentos nos 
quais ele estará envolvido. Dessa forma, a linguagem a ser utilizada deve ser a 
mais clara possível, empregando termos e expressões mais comuns e 
pertencentes à comunicação cotidiana. Além disso, quando da necessidade de 
fornecimento de alguma explicação antes da assinatura do termo, deve ser 
garantido ao participante que o pesquisador não exercerá qualquer influência no 
intuito de garantir a participação do indivíduo. 
A Resolução CNS 466/12 estabelece que o TCLE deverá conter, de 
modo obrigatório, os seguintes requisitos: a) a justificativa, os objetivos 
e todos os procedimentos que serão utilizados na pesquisa, com 
informação detalhada; b) explicação dos possíveis desconfortos e 
riscos decorrentes da participação, além dos benefícios esperados, 
cautelas a serem empregadas para evitar e/ou reduzir efeitos e 
condições adversas que possam causar dano; c) esclarecimento sobre 
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a forma de acompanhamento e assistência a que terão direito, bem 
como acompanhamentos posteriores ao encerramento e/ou a 
interrupção da pesquisa; d) assegurar ao participante plena liberdade 
de recusar- se a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer 
fase da pesquisa, sem penalização; e) garantir o sigilo e a privacidade 
dos participantes durante todas as fases da pesquisa; f) assegurar que 
cada participante receberá uma via do TCLE; g) garantir o reembolso 
das despesas dos participantes, quando for pertinente; e h) assegurar 
indenização por eventuais danos decorrentes da pesquisa. (Rodrigues 
Filho et al., 2014, p. 327) 
 Em muitos países, entre eles o Brasil, não é atribuída capacidade legal de 
fornecimento de consentimento a indivíduos menores de 18 anos. No entanto, a 
cada dia se fortalece mais a concepção de que é direito das crianças e 
adolescentes receber informações claras sobre a pesquisa em que se pretende 
incluí-los, além de ser reservado a eles também o direito de participar ativamente 
do processo de decisão. Na área de saúde, a aplicação de Assentimento Livre e 
Esclarecido (ALE) é condição obrigatória para inclusão de crianças e 
adolescentes como participantes em pesquisas. 
 Conforme apontam Lobato e colaboradores (2016, p. 543): 
Para que o ALE atinja seu objetivo ético, são imperiosos três 
elementos: informação, conhecimento e voluntariedade. As 
informações devem ser divulgadas a crianças e adolescentes, para que 
possam entender a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, 
benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que possa lhes 
acarretar, considerando sua compreensão e respeitando suas 
singularidades. O conhecimento sobre a natureza da pesquisa, e de 
seus direitos enquanto participantes, é de suma importância para que 
crianças e adolescentes se envolvam ativamente no processo de 
decisão, assegurando sua voluntariedade e a posterior avaliação de 
sua participação. 
TEMA 5 – PLATAFORMA BRASIL 
A Plataforma Brasil foi lançada em 8 de setembro de 2011, tendo sido 
concebida com o intuito de concentrar os registros das pesquisas envolvendo 
seres humanos no Brasil. A Plataforma constitui uma ferramenta on-line que 
funciona como uma base de dados nacional e que busca auxiliar na elaboração 
e avaliação de trabalhos científicos, bem como no avanço da ética em pesquisa 
em nosso país e no aprimoramento do sistema CEP/CONEP (Motta et al., 2012). 
 A implantação da Plataforma Brasil tem como um de seus objetivos 
permitir o acompanhamento das pesquisas em todos os seus estágios, desde a 
submissão do projeto para apreciação até a aprovação pelo comitê de ética. Para 
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tanto, além dos trâmites regulares, a Plataforma também permite que sejam 
enviados relatórios parciais de pesquisa além de relatórios finais, quando essas 
são concluídas. Além disso, a postagem de toda a documentação em meio 
digital, via sistema, também permite a liberação de acesso aos dados públicos 
das pesquisas aprovadas, para consulta por parte dos membros da sociedade 
(Schuch; Víctora, 2015). 
 Uma vez que essa plataforma unifica nacionalmente os registros de 
pesquisa, uma de suas funções também diz respeito a dar suporte ao 
acompanhamento e regulação do trabalho dos CEPs em todo o país. 
 Entre as informações disponíveis para consulta no site da Plataforma 
Brasil, encontram-se os relatórios quantitativos “CEP em números” e “CONEP 
em números”, com base nos quais é possível conhecer o número de projetos 
recebidos para apreciação, o número de pareceres emitidos, o tempo médio 
decorrido entre o primeiro parecer e a aprovação e o número de pendências 
emitidas. 
 Para submissão do seu trabalho para apreciação ética, a primeira 
providência a ser tomada pelo pesquisador é a realização de seu cadastro como 
pesquisador na Plataforma Brasil. Para realizar o cadastro, o pesquisador 
precisará de um arquivo digitalizado de um documento oficial de identidade (com 
foto), o qual deve ser anexado em local apropriado indicado durante o processo 
de cadastro. Também é necessária a postagem de uma versão do currículo do 
pesquisador. O acesso à Plataforma é feito por meio do endereço: 
<http://plataformabrasil.saude.gov.br/login.jsf>. 
FINALIZANDO 
Verificamos nesta aula que a avaliação ética das pesquisas científicas 
constitui uma necessidade, sobretudo nas circunstâncias que envolvem seres 
humanos. A abordagem ética tornou-se imprescindível com base no 
conhecimento dos diversos estudos que foram conduzidos em tempos passados 
e que feriam diversos princípios morais, éticos e relacionados à dignidade 
humana. 
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 Dessa forma, com o passar dos anos a atuação dos Comitês de ética em 
todo o mundo e do sistema CEP/CONEP, especificamente no Brasil, passou a 
se tornar cada vez mais relevante. De tal forma que, hoje em dia, é possível 
argumentar que a existência e a atuação dos diversos instrumentos técnicos e 
dos comitês de regulação se prestam não somente à avaliação ética das 
pesquisas envolvendo seres humanos, mas, para além disso, agem na própria 
constituição de definições e sentidos relacionados à ética que deve ser avaliada. 
REFERÊNCIAS 
ALBUQUERQUE, A. Para uma ética em pesquisa fundada nos Direitos 
Humanos. Rev. Bioét. v. 21, n. 3, p. 412- 422, 2013. 
ANDRADE, S. M. O. de. Resolução 466/12 e Resolução 196/96: elementos 
diferenciais. Campo Grande, 2013. Disponível em: 
<file:///C:/Users/92003920/Downloads/Resolucao%20etica-
%20comparacao%20196-96%20e%20%20466.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2017. 
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e Normas de Pesquisa em 
Seres Humanos. Resolução 196/96, de 9 out. 1996. DOU de 16 out. 1996. p. 
21081-21085. 
_____. Resolução 466/12, de 12 dez. 2012. DOU n. 12, de 13 jun. 2013. p. 59. 
_____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional 
de Ética em Pesquisa. Manual operacional para comitês de ética em 
pesquisa. 4. ed. rev. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 
FIALHO, F. A.; PALACIOS, M. A participação de crianças em protocolosde 
pesquisa: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Bioética. v. 10, n. 1-
4, p. 77-91, 2014. 
KIPPER, D. J. Breve história da ética em pesquisa. Revista da AMRIGS. v. 54, 
n. 2, p. 224-228, 2010. 
KOTTOW, M. História da ética em pesquisa com seres humanos. R. Eletr. de 
Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. Sup.7- Sup.18, 2008. 
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LOBATO, L. et al. Conhecimento de crianças sobre o termo de assentimento livre 
e esclarecido. Rev. bioét. (Impr.). v. 24, n. 3, p. 542-556, 2016. 
MOTTA, L. C. de S. et al. Bioética: afinal, o que é isto? RevBrasClin Med. v. 10, 
n. 5, p. 431 – 439, 2012. 
NEVES JÚNIOR, W. A. das. et al. Ensino de bioética nas faculdades de medicina 
no Brasil. Rev. bioét. (Impr.). v. 24, n. 1, p. 98-107, 2016. 
OLIVEIRA, J. A. et al. Perfil dos integrantes dos Comitês de Ética em Pesquisa 
em Seres Humanos no Estado de Santa Catarina, Brasil. Revista Bioetikos. v. 
7, n. 2, p. 129-138, 2013. 
SOFFIATTI, N. R. T.; FRANCA, B. H. S. Principais mudanças ocorridas na 
Resolução 466/12 revogando a Resolução 196/96. In: XXI Seminário de 
Iniciação Científica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (SEMIC), 
2013, Curitiba. Anais. Curitiba: PUC-PR, 2013. PPGB05. 
 
 
 
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METODOLOGIA CIENTÍFICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! Nesta aula veremos quais são os passos a serem seguidos para a 
escolha de um assunto a ser pesquisado e desenvolvido, como também para a 
escolha da forma de condução da pesquisa, por meio da formulação dos 
questionamentos que nortearão os estudos. 
Trataremos, nesta aula, dos seguintes assuntos: 
 Bases de dados para pesquisa. 
 Descritores para utilização em pesquisas. 
 Escolha do tema e delimitação do tema. 
 Formulação de hipóteses. 
 Tipos de hipóteses. 
CONTEXTUALIZANDO 
Antes de iniciarmos a redação de um projeto de pesquisa, precisamos nos 
preocupar com uma série de fatores. Após o advento da internet e com os 
avanços proporcionados por ela, pesquisar a respeito de diversos assuntos 
tornou-se tarefa relativamente fácil. Entretanto, a preocupação com a 
veracidade, a confiabilidade e a aplicabilidade daquilo que se encontra em uma 
pesquisa on-line tem que estar sempre em nosso cotidiano. 
Além disso, uma pesquisa científica não pode ser concebida e conduzida 
de qualquer maneira; há que se buscar seguir um método. O método científico é 
composto por uma série de etapas que podem ser assim resumidas: 
1. Definição e delimitação de um problema de pesquisa; 
2. Formulação de uma hipótese a partir desse problema de pesquisa; 
3. Obtenção de dados relacionados ao problema de pesquisa; 
4. Realização da análise, interpretação e discussão dos resultados, visando 
à comprovação ou refutação da hipótese levantada. 
Como pudemos perceber, o problema de pesquisa é o ponto central, pois 
é ele quem vai embasar a formulação da hipótese, a obtenção dos dados e a 
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condução da pesquisa. Dessa forma, para conseguir elaborar boas discussões 
e tirar conclusões, o problema de pesquisa deve ser relevante. 
TEMA 1 – BASES DE DADOS PARA PESQUISA 
Para a composição da introdução, da revisão de literatura, da discussão 
e dos resultados em trabalhos científicos, é de suma importância buscar por 
fontes confiáveis de informação. Consideramos como confiável o conhecimento 
científico, obtido em pesquisas que seguiram determinado método e alcançaram 
conclusões que podem ser consideradas como uma boa aproximação da 
verdade. Falamos em “aproximação da verdade”, pois a ciência é dinâmica e o 
conhecimento científico está em constante aprimoramento e, dessa forma, 
alcançar a verdade absoluta em ciência é algo considerado virtualmente 
impossível. Ao fazer uma busca simples a respeito de um determinado assunto 
em saúde, é possível localizar uma quantidade enorme de informações, sendo 
inclusive muitas delas, por vezes, contraditórias. Esse fato também acaba por 
obrigar os leitores a desenvolverem um comportamento mais crítico para 
avaliação das informações obtidas. 
Por conta disso, as buscas por informações para utilização em pesquisas 
científicas costumam ser compostas principalmente por artigos científicos já 
publicados por outros pesquisadores e que falam a respeito do tema central ou 
problema de pesquisa sobre o qual se pretende tratar. 
A busca por artigos científicos, para uso em sua pesquisa, pode ser feita 
em alguns locais on-line chamados de bases de dados para pesquisa. Entre eles, 
podemos citar Scielo, LILACS, Highwire Press, Biblioteca Cochrane e PubMed. 
Esses sites agrupam uma série de revistas científicas importantes em 
nível nacional ou mesmo internacional. Algumas dessas revistas são 
disponibilizadas exclusivamente on-line, enquanto outras têm edições on-line e 
impressas. 
Na área da saúde, também há uma espécie de biblioteca on-line que 
agrupa material científico proveniente de mais de uma dessas bases de dados, 
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conhecida como Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), cujo endereço de acesso é: 
http://bvsalud.org/. 
As pesquisas nessas bases de dados costumam ser feitas utilizando 
determinados descritores ou termos específicos. Os descritores utilizados nas 
Ciências da Saúde são o assunto do nosso próximo tópico. 
TEMA 2 – USO DE DESCRITORES EM PESQUISAS 
Na busca por artigos nas bases de dados, uma preocupação que poderia 
se apresentar aos pesquisadores seria a forma como a pesquisa deveria ser feita 
para que se obtenha realmente a informação que se está procurando. É nesse 
contexto que se encaixam os descritores de pesquisa. 
 Um descritor de pesquisa seria uma palavra ou termo que é usado para 
indexação dos artigos nas bases de dados (Pompei, 2010). Sendo assim, a 
utilização de descritores padronizados para realizar a busca favorece a obtenção 
das informações desejadas. 
 As bases de dados de pesquisa costumam ter diretórios nos quais 
constam os termos ou descritores a serem usados para pesquisa. Por exemplo, 
ao acessar o PubMed, que é uma ferramenta de acesso ao MEDLINE, os 
descritores constam no MeSH Database (Medical Subject Headings), o qual está 
dentro do próprio PubMed e contém os descritores que devem ser usados para 
pesquisa dentro da MEDLINE. O MeSH foi criado em 1963 pela U.S. National 
Library of Medicine (Brandau; Monteiro; Braile, 2005). 
Ao acessar o site da PubMed1, o MeSH Database aparece logo na página 
inicial, à direita da tela e abaixo do item More resources (Pompei, 2010). Após 
acessar esse link, deve-se acessar o MeSH browser, página na qual é possível 
digitar um assunto e verificar como ele consta indexado. 
Para se fazer uma boa pesquisa em bases de dados, é necessário 
acessar inicialmente esses diretórios de termos e digitar o assunto que se 
pretende buscar. Assim, com base no assunto que foi inserido, o diretório vai 
indicar quais são os descritores que você deve usar para pesquisa. Por exemplo: 
 
1 Disponível em: <http://www.pubmed.com>. Acesso em: 21 dez. 2017. 
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ao digitar no campo de busca a expressão uterine cancer, verifica-se que o 
MeSH heading seria uterine neoplasms e que, além deste, os termos que podem 
ser usados para busca seriam: Cancer of Uterus; Cancer of the Uterus; 
Neoplasms, Uterine; Neoplasms, Uterus; Uterine Cancer; Uterus Cancer e 
Uterus Neoplasms. A utilização de descritores específicos evitaque seja 
recuperada uma quantidade excessiva de artigos e, dessa forma, otimiza a 
busca e a seleção das informações. 
A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) permite acesso à MEDLINE e 
também a algumas outras bases de dados. Para pesquisa na BVS, utilizam-se 
os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). O DeCS foi criado, em 1986, pela 
Bireme, a partir do MeSH (Brandau; Monteiro; Braile, 2005). Esses descritores 
podem ser consultados em site próprio2 ou então diretamente dentro do site da 
BVS, clicando em “Consulta ao DeCS”. 
 Os bancos de descritores, tanto DeCS quanto MeSH, são atualizados 
periodicamente. Sendo assim, mesmo quando se fizer uma nova pesquisa sobre 
um mesmo assunto, o qual já se pesquisou anteriormente, é importante consultar 
novamente os descritores. Como exemplo desse fato, podemos citar a situação 
apontada por Brandau, Monteiro e Braile (2005, p. VIII), que evidenciaram que o 
DeCS em uma atualização de versão para 2004 “teve o acréscimo de 664 novos 
termos, alteração de 109 e exclusão de 20. Além disso, foram acrescentados 
3.266 sinônimos, sendo 484 em descritores MeSH e 710 em qualificadores”. 
 O uso de descritores, portanto, permite que seja realizada uma busca 
mais precisa e que, dessa forma, encontre-se exatamente aquilo que se procura. 
Tendo isso em vista, é importante ressaltar que a consulta a esses 
descritores é igualmente importante ao escrever um artigo com o intuito de 
encaminhá-lo para publicação. Escolher descritores padronizados para serem 
colocados como palavras-chave (logo abaixo do resumo) no artigo que está 
sendo escrito permite que, após ser publicado, esse artigo possa ser localizado 
nas bases de dados e citado por outros autores em suas pesquisas. 
 
2 Disponível em: <http://decs.bvs.br>. Acesso em: 21 dez. 2017. 
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TEMA 3 – ESCOLHA DO TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA 
No início da produção de uma pesquisa científica, é natural ter apenas 
uma ideia vaga do que se pretende estudar. Nesse momento, em geral, já está 
delineado um assunto de interesse e já existe a preocupação de que o trabalho 
e os resultados apresentados sejam úteis. No entanto, ainda não se tem de fato 
um tema. Uma das melhores formas de determinar um tema para início de um 
projeto de pesquisa é elaborar o que chamamos de “questão inicial”. A questão 
inicial constitui uma dúvida ou questionamento por meio do qual o pesquisador 
busca expressar da maneira mais precisa possível aquilo que realmente 
pretende conhecer ou explicar a respeito do assunto escolhido. Entretanto, para 
exercer seu papel como norteadora do processo de pesquisa, a questão inicial 
deve ser clara, exequível e pertinente (Gerhardt; Silveira, 2009). 
 A escolha do tema é, então, o passo inicial a ser tomado para delinear o 
seguimento da pesquisa. Dentro do tema proposto, deve ser selecionada uma 
questão de pesquisa, a qual corresponde à dúvida que será investigada pelo 
pesquisador dentro do tema proposto. Após estruturada a questão, devem ser 
selecionados os descritores a serem utilizados para busca nas bases de dados. 
Caso o pesquisador não esteja com sua questão de pesquisa bem delimitada ou 
caso escolha os descritores de modo inadequado, corre-se o risco de não 
encontrar a informação desejada ou de se deparar com uma imensa quantidade 
de informações, que por vezes estão relacionadas ao assunto, mas não 
diretamente ao tema delimitado. Isso confere uma dificuldade na busca de 
embasamento teórico para a pesquisa. 
 Vamos exemplificar essa sequência de escolhas com um autor que se 
interesse em pesquisar sobre Qualidade de vida (esse seria o assunto), e dentro 
da Qualidade de vida ele se interesse especificamente pela Qualidade de vida 
em idosos (esse seria o tema), cuja questão inicial seria: há alterações na 
qualidade de vida com o envelhecimento? Dentro desse tema, seu interesse diz 
respeito à diminuição da qualidade de vida em idosos institucionalizados (essa 
seria a delimitação do tema), cuja questão de pesquisa seria: há diminuição da 
qualidade de vida em idosos que passam a viver em asilos?. O procedimento de 
delimitação do tema direciona todos os procedimentos a serem seguidos ao 
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longo do estudo, os quais devem ser determinados com o intuito de dar solução 
ou esclarecer a questão de pesquisa. 
As características necessárias a uma questão de pesquisa podem ser 
resumidas na sigla “FINER”, indicando que ela deve ser factível, interessante, 
nova (inovadora), ética e relevante (Fontelles et al., 2009). 
Quadro 1 – Critério FINER para uma boa questão de pesquisa 
Características Requisitos 
Factível Número adequado de sujeitos 
Domínio técnico adequado 
Viável em termos de tempos e custos 
Escopo manejável 
Interessante Para o investigador 
Nova (inovadora) Confirma ou refuta achados anteriores 
Expande os achados anteriores 
Fornece novos achados 
Ética Cumpre as normas da resolução CNS196/96 
Cumpre as normas das demais resoluções 
do CNS 
Relevante Para o conhecimento científico 
Para diretrizes clínicas e de saúde 
Para direcionamentos futuros de pesquisa 
Fonte: Fontelles et al., 2009. 
A relevância da questão de pesquisa está atrelada à sua contribuição para 
o avanço científico e o desenvolvimento social. 
Para definição e delimitação do tema, é importante iniciar o trabalho de 
forma organizada, selecionando alguns textos de base que pareçam relevantes 
e que realmente contribuam para um aprofundamento do assunto escolhido. 
A delimitação do tema é de suma importância para que a pesquisa seja 
factível e para que se possam delimitar objetivos específicos que nortearão as 
considerações finais e conclusões do estudo. Ela consiste em indicar e 
determinar a abrangência desse estudo. Se houver falha na delimitação do tema, 
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o autor corre o risco de tratar de algo muito abrangente, e que não permite que 
se chegue a nenhuma conclusão plausível. Por exemplo, ao realizar uma 
pesquisa no campo do direito, não é possível realizar uma revisão de literatura 
sobre um tema geral como “direito tributário”. Seria algo extremamente amplo, 
sendo então necessário indicar o que especificamente se pretende pesquisar 
dentro do direito tributário. 
Antes de iniciar de fato uma pesquisa, deve-se verificar uma série de 
quesitos, como a existência de recursos para sua realização, a experiência da 
equipe de pesquisadores e o conhecimento deles sobre o tema proposto, além 
da verificação da real possibilidade de desenvolvimento do tema escolhido. 
Suponhamos o seguinte exemplo: um pesquisador determina, como período 
máximo, um ano para coleta e análise de dados para uma pesquisa na qual se 
pretende determinar a equivalência terapêutica e comprovar a eficácia de um 
medicamento novo em relação a um já existente no mercado no tratamento de 
determinada doença. Dificilmente o desenvolvimento dessa pesquisa será 
factível, pois estudos de equivalência e eficácia desse tipo demandam, em geral, 
coleta, análise de dados e observação dos voluntários submetidos ao tratamento 
por um período muito mais longo do que um ano para obtenção de resultados 
confiáveis. 
Há muitos casos em que a pesquisa idealizada não precisa ser 
necessariamente inédita, mas é importante levar em consideração que se deve 
ter algum grau de inovação ou “novidade”. A menos que se trate de uma revisão 
bem estruturada, a elaboração de uma pesquisa a qual apenas confirma dados 
que já estão bastante consolidados por publicações anteriores constitui, na 
verdade, um desperdício de tempo e de recursos. Pode-se trabalhar com dados 
que já foram obtidos em pesquisas anteriores, mas ao elaborar um novo projeto 
deve-se buscar expandir

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