Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 Módulo II: Biopatologia em Crustáceos no Brasil e no Mundo SU M ÁR IO 03 04 05 05 05 08 10 11 12 13 14 Apresentação 1 Introdução 1.1 Histórico de doenças em crustáceos 2 Doenças de notificação compulsória em crustáceos 2.1 Agente etiológico – vírus 2.2 Agente etiológico - bactérias 2.3 Agente etiológico – outros parasitos 3 Métodos utilizados para o diagnóstico de doenças em crustáceos 4 Estudos realizados no mundo e no Brasil e principais espécies utilizadas em estudos de patógenos 5 Considerações Finais Referências MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 3 APRESENTAÇÃO Caro(a) estudante, Seja bem-vindo ao Módulo II do curso Biopatologia em Organismos Aquáti- cos, que tem como intuito abordar sobre as principais doenças encontradas nos crustáceos e quais os métodos utilizados para o diagnóstico dessas en- fermidades. Esta apostila está dividida em quatro tópicos importantes. Inicialmente, será feita uma introdução em que será discutido brevemente, sobre o panorama da pesca e aquicultura no Brasil e no mundo. Em seguida, será falado sobre o histórico de doenças em crustáceos, de que forma ocorre a disseminação dos agentes patogênicos, as espécies utilizadas em estudos de patógenos e as enfermidades de notificação compulsória. No segundo tópico, será falado sobre as doenças de notificação compul- sória em crustáceos como aqueles causados por vírus, bactérias e outros parasitos. Em seguida estudaremos os métodos utilizados em laboratório para o diagnóstico de doenças em crustáceos, como a PCR, Histopatologia, Técnicas de ensaio de imunoabsorção enzimática ELISA, Amplificação iso- térmica mediada por loop e Ensaios bioquímicos e bacteriológicos. Por fim, será destacado onde as pesquisas estão mais concentradas e as principais espécies utilizadas em estudos de patógenos no mundo, com intuito de se ter melhor compreensão acerca da temática. Mediante a isso, espera-se que você aproveite o curso, bem como os ma- teriais disponibilizados, facilitando o processo de aprendizagem e melhor aproveitamento das questões discutidas acerca dos patógenos causado- res de doenças em crustáceos. Bons estudos! MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 4 INTRODUÇÃO A produção mundial de pescado em 2018 foi de 179 Mt, dos quais 82 Mt vie- ram exclusivamente, da aquicultura (FAO, 2020). A aquicultura está em ex- pansão por ser uma alternativa viável para ofertar peixes de qualidade para a população dos próximos anos. Esse aumento produtivo está relaciona- do ao crescimento populacional e à busca dos consumidores por produtos mais saudáveis (FAO, 2012). Essa atividade vem crescendo rapidamente, mais do que qualquer outro segmento do setor de produção de alimentos de origem animal (FAO, 2012). No Brasil, a Carcinicultura é o segmento da aquicultura mundial que mais cresceu nos países tropicais e subtropicais em desenvolvimento. No Brasil, o Rio Grande do Norte é o berço da carcinicultura brasileira, especialmente, pela produção do camarão marinho (Litopenaeus vannamei) (FERNANDES, LOPES e VIANA, 2011; SEABRA et al., 2014). No Nordeste, a atividade começou de forma tímida, mas hoje, apresenta-se na forma de escala industrial e o Maranhão é um dos estados com grande potencial para implantação e desenvolvimento da atividade econômica, principalmente devido à grande produção da soja e do milho, matéria-prima de maior potencial para substituir integralmente, a farinha de peixe em dietas de camarões, tendo em vista que o fator nutricional constitui até mais de 60% do custo de produção (MEDEIROS, G. L. 2016). O desenvolvimento de qualquer atividade econômica dessa natureza vem acompanhado pela crescente preocupação com a disseminação de doenças. 1 Após breve introdução desse conteúdo tão rico, convido-o (a) a assistir ao vídeo “Manejo para evitar doenças na carcinicultura” produzido no estado do Maranhão e disponível através do link e em seguida, continue seus estudos compreendendo como surgiram as doenças que acometem os crustáceos e quais as patologias de maior importância no subtópico a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=SRSDb61h7XI SAIBA MAIS https://www.youtube.com/watch?v=SRSDb61h7XI MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 5 1.1 Histórico de doenças em crustáceos As doenças que acometem os crustáceos podem ser causadas por bactérias, vírus e fungos (NEGREIROS; SANTOS, 2015). As enfermidades de maior importância são as de origem viral, bacteriana ou a associação delas (NEGREIROS e SANTOS, 2015). De acordo com Boyd et al. (2001) diversos impactos ambientais favorecem a disseminação de agentes etiológicos causadores de doenças em animais aquáticos, entre eles: deterioração da qualidade de água; poluição biológica das populações nativas e, surtos de doenças infecciosas nas populações. Devido a estes fatores, muitas doenças começaram a surgir no mundo, acometendo principalmente o camarão, sendo eles; a Síndrome da Mancha Branca (WSSD), apresentando alta taxa de mortalidade e virulência, com primeiro relato de surto na Ásia em 1992; Síndrome da Taura (TS), causando colapso no Equador em 1993, Vírus da Necrose hipodérmica e hematopoiética infecciosa (IHHNV) em 1981; Vírus de cabeça Amarela (YHV) em 1991; Vírus da necrose hematopoiética infecciosa (IHNV) em 2000 dentre outros (OLIVEIRA- NETO, 2009; BANDEIRA, 2019). Aprofunde seus conhecimentos a partir do site: lá você encontrará estudo específico sobre o estado de saúde de camarões marinhos na Engorda. https://panoramadaaquicultura.com.br/avaliando-o- estado-de-saude-de-camaroes-marinhos-na-engorda/, DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA EM CRUSTÁCEOS 2.1 Agente etiológico - Vírus Por volta dos anos de 94 e 95 a Síndrome de Taura alcançou maior parte da América. O vírus dessa síndrome tem como espécie alvo o camarão marinho 2 SAIBA MAIS https://panoramadaaquicultura.com.br/avaliando-o-estado-de-saude-de-camaroes-marinhos-na-engorda/ https://panoramadaaquicultura.com.br/avaliando-o-estado-de-saude-de-camaroes-marinhos-na-engorda/ MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 6 Fonte: Aquavietnam, 2016. Síndrome da Mancha branca: O vírus pertence à família Nimaviridae do gênero Whispovirus. Podem afetar caranguejos, camarões, siris e lagostas. Os indivíduos afetados apresentam coloração avermelhada, na fase aguda, o camarão apresenta manchas brancas na cutícula, e na fase crônica ausência de manchas (BANDEIRA, 2019). Indicamos a leitura mais aprofundada do artigo “Susceptibility to infection and pathogenicity of White Spot Disease (WSD) in non-model crustacean host taxa from temperate regions” de Bateman et al. (2012). Figura 2. Síndrome da Mancha Branca (WSSV). Camarão peneídeo com manchas brancas circulares no exoesqueleto. Litopenaeus vannamei. Como características dessa doença na fase crônica, o camarão apresenta melanização da carapaça, conforme observado na figura 1, e na fase aguda possui a descoloração da carapaça e dos tecidos (FIGUEREDO et al., 1998). Figura 1. Síndrome de Taura (TS). Melanização na superfície do corpo de um camarão na fase crônica. Fonte: Ciba, 2014. MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 7 Necrose infecciosa Hipodermal e Hematopoiética (IHHN): O causador dessa doença é um Densovirus pertencente à família Parvoviridae. Teve seu primeiro registro no Brasil em 1991. Afeta principalmente as espécies de camarão como: Penaeus monodon, Litopenaeus vannamei, Penaeus stylirostris. Como aspectos da doença, o camarão atrofia os músculos abdominais, e apresenta deformidade no rostro (OLIVEIRA-NETO, 2009). Figura 3. Necrose Infecciosa Hipodermal e Hematopoiética (IHHVN). Juvenil de Litopenaeus vannamei infectado por IHHVN. Animal com deformidade no rostro. Fonte: Sitto Vietnam, 2011. Mionecrose infecciosa: Causadapelo vírus da necrose infecciosa (IMNV), vírus pertencente à família Totiviridae. As espécies afetadas são: Litopenaeus vannamei Litopenaeus stylirostris Penaeus monodon. Na fase aguda, ocorre a opacidade do sexto segmento abdominal, já na fase crônica, possui pigmentação avermelhada nos últimos segmentos abdominais (NUNES, MARTINS e GESTEIRA, 2004). SAIBA MAIS Conheça um pouco mais sobre o assunto, lendo o texto publicado no site: https://panoramadaaquicultura.com.br/carcinicultura-ameacada/ Lá você conhecerá um pouco mais sobre as mortalidades decorrentes do vírus da Mionecrose infecciosa (IMNV). https://panoramadaaquicultura.com.br/carcinicultura-ameacada/ MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 8 Fonte: NUNES, MARTINS e GESTEIRA, 2004. Doença da cabeça amarela: atinge principalmente a espécie de camarão Penaeus monodon. Essa doença é conhecida desta forma, devido o vírus atingir estruturas como o hepatopâncreas e brânquias, fazendo com que sua coloração se torne amarelada (MEDEIROS, 2016). Figura 5. Doença da Cabeça Amarela (YHD). Camarões com cefalotórax e brânquias amareladas. Figura 4. Camarão com cauda em estágio avançado do IMNV. Apodrecimento do músculo nos dois últimos segmentos abdominais e leque caudal. Fonte: Songsok et al., 2008. 2.2 Agente etiológico - bactérias A Hepatopancreatite Necrosante bacteriana (NHP) é uma bactéria intracelular obrigatória do tipo Rickettsia, que ataca principalmente as células do hepatopâncreas dos crustáceos. Em camarões juvenis pode atrofiar e reduzir o hepatopâncreas até 50% de seu volume normal (FIGUEIRÔA, 2013). MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 9 Fonte: CRL, 2016. Necrose Hepatopancreática Aguda (AHPND): é causada pela bactéria Vibrio parahaemolyticus, onde produz uma toxina que causa a destruição dos tecidos. As espécies afetadas são: Litopenaeus vannamei, Litopenaeus stylirostris, Farfantepenaeus californiensis. O animal saudável tem o hepatopâncreas escuro e de tamanho normal, já o animal doente possui o hepatopâncreas atrofiado e despigmentado (GE et al., 2017). Figura 7. Síndrome da mortalidade precoce (EMS) ou Síndrome aguda da necrose hepatopancreática (AHPNS). Juvenis de Litopenaeus vannamei. Animal doente com hepatopâncreas atrofiado e despigmentado (esquerda), e animal saudável com hepatopâncreas escuro e de tamanho normal (direita). Figura 6. Hepatopancreatite Necrosante (NHP). Camarão e hepatopâncreas (HS) saudáveis (acima). Camarão e hepatopâncreas (HD) infectados pelo vírus da hepatopancreatite necrosante (abaixo). Fonte: Lightner et al., 2013. MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 0 Aprofunde seus conhecimentos sobre doenças causadas por vírus e bactérias a crustáceos através da leitura do artigo “Doenças microbianas na carcinicultura brasileira: uma revisão” de Negreiros e Santos (2015) disponível no link 2.3 Agente etiológico - Outros parasitos Existem também outros parasitos que causam doenças em crustáceos, no entanto, estes ainda são poucos estudados. Podem-se destacar os rotíferos, protozoários, nematoides, como também parasitos dinoflagelados, metazoários e dentre outros (FLEGEL et al, 2004; LIGHTNER, 1996; 2005). O aparecimento de doença depende de diversos fatores, incluindo o ambiente, patógeno e hospedeiro. A simples presença do patógeno, a princípio, não acarretaria em doença, podendo as espécies conviver com inúmeros patógenos até o fim do cultivo sem acarretar perdas (LIGHTNER; REDMAN, 1998). Na carcinicultura podem ocorrer doenças não infecciosas, causadas por agentes abióticos (má nutrição, toxinas e efeitos genéticos), como também podem ocorrer doenças infecciosas, causada por agentes patógenos como bactérias, vírus, fungos e parasitos. Com destaque para os vírus como principal responsável pelo prejuízo econômico e limitante para o desenvolvimento da carcinicultura (FLEGEL et al, 2004; LIGHTNER, 1996; 2005). As doenças infecciosas em geral são o principal limitador da criação de camarão em muitos países, como está evidenciado desde a década de 1980, quando houve a rápida expansão das criações e favorecimento à dispersão de agentes patogênicos, e consequentemente, surgimento de surtos (LIGHTNER, 1996; 2005; BARRACCO, 2004; FLEGEL et al. 2004). Junto com o surgimento das doenças na carcinicultura veio a necessidade de identificar quais os agentes patógenos a fim de prevenir perdas significativas no cultivo. A seguir apresentamos os principais métodos desenvolvidos para o diagnóstico de enfermidades em crustáceos. SAIBA MAIS https://periodicos.unifacex.com.br/Revista/article/view/640/pdf. Boa leitura! https://periodicos.unifacex.com.br/Revista/article/view/640/pdf MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 1 MÉTODOS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS EM CRUSTÁCEOS Alguns métodos são utilizados para o diagnóstico de doenças em crustáceos, sendo eles: Testes moleculares - PCR (Reação em Cadeia Polimerase) é uma técnica de biologia molecular utilizada no diagnóstico de doenças infecciosa. Nessa técnica, utilizam-se sequências específicas para cada espécie o que confere especificidade a técnica (MOLINA; TOBO, 2004). Vamos conhecer alguns dos métodos abordados? Histopatologia: É um tipo de método que tem como característica a identificação morfológica do núcleo das células como também a necrose das mesmas. Para isso, é utilizado o microscópio óptico para a visualização das células (Tang et al., 2000). A Técnica de ensaio de imunoabsorção enzimática: conhecida mais como ELISA é usado no diagnóstico de várias doenças. Assim, o agente bacteriano se presente no espécime, se liga ao anticorpo específico e pode ser demonstrado por um anticorpo marcado por uma enzima. Assim, essa técnica permite a detecção de anticorpos específicos. É considerado também como um teste de grande sensibilidade (VAN HULTEN et al., 2001; YOGANANDHAN et al., 2004). A Amplificação isotérmica mediada por loop-LAMP: também é utilizada na detecção de diversos patógenos. Constitui outra alternativa para amplificação do DNA em um curto período de tempo. Utiliza enzima que permite à amplificação isotérmica. Essa técnica apresenta alta especificidade, sensibilidade, rapidez e custo reduzido (OIE, 2012). Ensaios bioquímicos e bacteriológicos: os ensaios bioquímicos são utilizados com a finalidade de avaliar a multiplicidade de funções metabólicas desempenhadas pelos órgãos e tecidos do animal. Já o Bacteriológico é realizado pelo isolamento e identificação do agente bacteriano a partir de materiais colhidos adequadamente do sítio de infecção (OIE, 2012). 3 MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 2 Veja mais detalhadamente alguns dos métodos descritos acima através da leitura do artigo “Shrimp diseases and current diagnostic methods” de Lightner e Redman (1998) e “A Handbook of shrimp pathology and diagnostic procedures for diseases of cultured penaeid shrimp” de Lightner (1996). Após compreender alguns métodos mais utilizados para o diagnóstico de doenças em crustáceos, vamos agora conhecer os principais estudos e espécies de patógenos encontrados no Brasil e no mundo. ESTUDOS REALIZADOS NO BRASIL E NO MUNDO E AS PRINCIPAIS ESPÉCIES UTILIZADAS EM ESTUDOS DE PATÓGENOS Em nosso estudo, realizado nas bases de dados Science Direct, PubMed, Web of Science, Scopus, Scielo (Scientific Eletronic Library Online), Períodicos Capes e Google Scholar durante o período correspondido entre 2010 e 2020 obteve-se um total 127 artigos com relato sobre patógenos em crustáceos. Veja a seguir alguns dos resultados dessa pesquisa. O continente com maior quantitativo de estudos foi a América (43), da qual se destaca o Brasil (14), seguido da Ásia (34), destacando-se a China (16). Na Europa (30), o destaque foi para o Reino Unido (6) e na Oceania, o país em que se encontrou estudos realizados,foi apenas a Austrália (2). Os crustáceos estudados variaram de espécies com alto impacto econômico a espécies não comerciais, em que as famílias Penaeidae, Astacidae, Varunidae foram as mais citadas nos estudos. As principais espécies utilizadas em estudos de patógenos são: Acartia longiremis, Acartia tonsa, Acetes spp., Artemesia longinaris, Artemia franciscana, Astacus astacus, Astacus leptodactylus, Austropotamobius pallipes, Austropotamobius torrentium, Bosmina sp., Callinectes arcuatus, Callinectes sapidus, Cambarellus montezumae, Cambarellus patzcuarensis. No Brasil foi constatado a realização de 14 estudos sobre patógenos em crustáceos, nos estados de São Paulo (14,29%), Santa Catarina (14,29%), Distrito Federal (7,14%), Pará (7,14%), Ceará (28,57%), Rio Grande do Norte (7,14%), Paraíba (14,29%) e Maranhão (7,14%). 4 MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 3 Esse cenário no Brasil é reflexo do fortalecimento da atividade econômica devido a vantagens naturais, como disponibilidade de água com boas características físico-químicas para o cultivo de camarão, bem como a geração de empregos pela atividade. Além disso, outros fatores como mão-de-obra barata, boa aceitação do produto no mercado, incentivos governamentais e perspectivas de crescimento da demanda também colaboram para este cenário (CAMPOS; CAMPOS, 2006; OLIVEIRA, 2014). Diante disso, é compreensível que o Nordeste concentre a maior parte dos estudos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A intensa produção de camarão e o crescimento de fazendas têm resultados em uma grande degradação do ambiente, devido à falta de tratamento de efluentes e degradação de manguezais, contribuindo assim, para o surgimento de inúmeras doenças infecciosas, na sua maioria de origem viral em crustáceos, gerando grande impacto sobre as espécies e sobre o setor na produção. Os estudos no Brasil sobre patógenos em crustáceos ainda são incipientes, e no estado do Maranhão há um déficit e há a necessidade de mais pesquisas na área, uma vez que os crustáceos apresentam importância econômica e social. 5 MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 4 REFERÊNCIAS AQUAVIETNAM. Taura Syndrome – TSV: American Aqua Viet Nam CO., Ltda. 2016. ARRACCO, M.A. Mecanismos de resistência a doenças em crustáceos. In: RanzaniPaiva, M.J.T.; Takemoto, R.M.; Lizama, M.L.A.P. Sanidade de organismos aquáticos. São Paulo: Varela, 2004. p. 51-74. BANDEIRA, de T. Jéssica et al. Síndrome da Mancha Branca: Revisão de literatura. Medicina Veterinária (UFRPE), v. 12, n. 3, p. 202-211, 2019. BOYD, C.E.; HARGREAVES, J. A; CLAY, J. W. Codes of conduct for marine shrimp aquaculture. In: Proceedings of the special session on sustainable shrimp culture, aquaculture. Abstracts Word Aquaculture Society, USA. P.303-321. 2001. CIBA, C. I. O. B. A. I.-. Ensuring WSSV Free Sediment and Water for Prevention of White Spot Disease. BioAqua 2014. CRL. The University of Southern Mississippi Gulf. Shrimp Disease Research: Coast Research Laboratory 2016. FAO, W. F. P. IFAD (2012) The State of Food Insecurity in the World 2012: Economic FERNANDES, J. A. L.; LOPES, F. D.; VIANA, F. L. E. Compreendendo relações entre a dinâmica evolutiva do campo da carcinicultura do Rio Grande do Norte e as estratégias adotadas por seus atores. RAM. Revista de Administração Mackenzie, v. 12, p. 109-139, 2011. FIGUEIRÔA, L. V. de A. Bacterioses em viveiros de camarão marinho em Mossoró-RN. 2013. 73 f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) - Universidade Federal FIGUEREDO, H. C. P.; LEAL, C. A. G.; COSTA F. A. A. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG. N.24- 28 1998-1999 - Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, FEP MVZ Editora. MVZ Editora. 1998-1999. MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 5 FLEGEL, T. W.; NIELSEN, L.; THAMAVIT, T.; KONGTIM, S.; e PASHARAWIPAS, T. Presence of multiple viruses in non-diseased, cultivated shrimp at harvest. Aquaculture, Amsterdam, v. 240, p. 55-68, jun. 2004. FLEGEL, T. W.; NIELSEN, L.; THAMAVIT, T.; KONGTIM, S.; e PASHARAWIPAS, T. Presence of multiple viruses in non-diseased, cultivated shrimp at harvest. Aquaculture, Amsterdam, v. 240, p. 55-68, jun. 2004. FLEGEL, T. W.; NIELSEN, L.; THAMAVIT, T.; KONGTIM, S.; e PASHARAWIPAS, T. Presence of multiple viruses in non-diseased, cultivated shrimp at harvest. Aquaculture, Amsterdam, v. 240, p. 55-68, jun. 2004. Food and Agriculture Organization (FAO), 2020. Sustainability in action. Roma. Dispo/nível em https://doi.org/https://doi.org/10.4060/ca9229en. Acesso em 07 de jul. de 2021. GE, Q.; LI, J.; WANG, J.; LI, J.; GE, H.; ZHAIN, Q. Transcriptome analysis of the hepatopancreas in Exopaleaemon carinicauda infected with an AHPND-causing strain of Vibrio parahaemolyticus. Fish & Shellfish Immunology, v.26, 2017. LIGHTNER D.V., REDMAN C.R., PANTOJA B.L., NOBLE L.M., NUNAN, LOC TRAn (2013). Documentation of an Emerging Disease (Early Mortality Syndrome) in SE Asia & Mexico. OIE Reference Laboratory for Shrimp Diseases, Department of Veterinary Science & Microbiology, School of Animal and Comparative Biomedical Sciences. LIGHTNER, D. V. A Handbook of shrimp pathology and diagnostic procedures for diseases of cultured penaeid shrimp. World Aquaculture Society. Baton Rouge. 1996. LIGHTNER, D. V. A Handbook of shrimp pathology and diagnostic procedures for diseases of cultured penaeid shrimp. World Aquaculture Society. Baton Rouge. 1996. LIGHTNER, D. V. Biosecurity in shrimp farming: pathogen exclusion through use of SPF stock and routine surveillance. Journal of the world aquaculture society, v. 36, p. 229-248. 2005. LIGHTNER, D. V. Biosecurity in shrimp farming: pathogen exclusion through use of SPF stock and routine surveillance. Journal of the World Aquaculture Society, v. 36, p. 229-248. 2005. MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 6 LIGHTNER, D.V.; REDMAN, R.M. Shrimp diseases and current diagnostic methods. Aquaculture, 164: 201-220, 1998. malnutrition. FAO, Rome, 2014. MEDEIROS, G. L. Prospecção de vírus de importância comercial para a carcinicultura no estado do Maranhão. 2016. 68 f. Dissertação. (Mestrado em Recursos Aquáticos e Pesca) - Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, 2016. MOLINA, A. L.; TOBO, P. R. Série Biologia Molecular Parte 2- Uso das Técnicas de biologia molecular para diagnóstico. Hospital Israelita Albert Einstein. São Paulo-SP. 2004. NEGREIROS, L. M. S.; SANTOS, D. B. Doenças microbianas na carcinicultura brasileira: uma revisão. CARPE DIEM: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX, 13(1), 107-124. (2015). NUNES, A. J. P.; MARTINS, P. C. C.; GESTEIRA, T. C. V. Produtores sofrem com as mortalidades decorrentes do vírus da mionecrose infecciosa (IMNV). Panorama da Aqüicultura, v. 5, p. 37-51, 2004. NUNES, A. J.P.; MARTINS, P. P. C.; GESTEIRA, T. C. V. Carcinicultura ameaçada: Produtores sofrem as mortalidades decorrentes do Vírus da Mionecrose infecciosa (IMVV). Pan Aquic. v 14 p 37-51. 2004. OIE, 2012. Wold Organization for Animal Healt. Disponível em: http://www,oie. int/ acesso em: 06 setembro 2020. OLIVEIRA, A. G. J. Documento encaminhado ao Banco do Nordeste. Levantamento dos Criadores de Camarão nas margens do Rio Paraíba – PB. 2014. OLIVEIRA-NETO, J. M. Investigação da ocorrência dos Vírus da Síndrome da Mancha Branca (WSSV) e da Infecção Hipodermal e Necrose Hematopoiética (IHHNV) em camarões coletados em área sob influência de efluentes da carcinicultura. 2009. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) – Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, 2009. MÓDULO II : BIOPATOLOGIA EM CRUSTÁCEOS NO BRASIL E NO MUNDO 1 7 OLIVEIRA-NETO, J. M. Investigação da ocorrência dos Vírus da Síndrome da Mancha Branca (WSSV) e da Infecção Hipodermal e Necrose Hematopoiética(IHHNV) em camarões coletados em área sob influência de efluentes da carcinicultura. 2009. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) – Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, 2009. SEABRA, L. M. J. et al. Carotenoides totais em resíduos do camarão Litopenaeus vannamei. Revista Ceres, v. 61, n. 1, p. 130-133, 2014. SITTO VIETNAM. Disease by viral pathogen 2011. SONGSOK, A.; LIMSUWAN, C.; CHUCHIRD, N. Infection in Litopenaeus vannamei by experimental injection and feeding at different salinity levels. Thailand. 2008. TANG , K. F. J.;DURAND S. V.; WHITE, B. L.; REDMAN, R. M.; PANTOJA, C. R. & LIGHTNER, D. V. Postlarvae and juveniles of a selected line of Penaeus stylirostris are resistant to Infectious Hypodermal and Hematopoietic Necrosis Virus Infection. Aquaculture, v. 90, p.203-210, 2000. VAN HULTEN, M. C.; WITTEVELDT, J.; PETERS, S.; KLOOSTERBOER, N.; TARCHINI, R.; FIERS, M.; SANDBRINK, H.; LANKHORST, R. K.; VLAK J. M. The white spot syndrome virus DNA. genome sequence. Virology 286, 7–22. 2001. YOGANANDHAN, K.; SYED MUSTHAQ, S.; NARAYANAN, R .B.; SAHUL HAMEED, A. S. Production of polyclonal antiserum against recombinant VP28 protein and its application for the detection of white spot syndrome virus in crustaceans. Journal of Fish Diseases, 27, 517–522, 2004. Av. Oeste Externa, 2220 - São Cristovao, São Luís - MA www.uemanet.uema.br
Compartilhar