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Introdução Dentre os diversos aspectos relacionados à piscicultura. Alimentação → representa cerca de 70% dos custos de produção Fornecimento de alimento adequado → quantidade e qualidade (sucesso econômico da piscicultura). Hábito alimentar: necessidades nutricionais de cada espécie. Exemplo: peixes carnívoros → alimentos de origem animal; peixes onívoros e herbívoros são menos exigentes em conteúdo proteico Conhecimento dos hábitos alimentares dos peixes. • Adequação da ração a ser fornecida O manejo alimentar deve levar em consideração: Hábitos do animal; Sistema de cultivo; Produtividade natural; Condições climáticas o manuseio do alimento. Performance adequada em qualquer atividade (requer gasto de energia). Reposição é realizada via ingestão de alimentos Fontes de energia: Proteínas, carboidratos e lipídios. Dieta é fator essencial para o crescimento e manutenção das funções vitais, como respostas a estressores e defesas imunológicas de peixes. Funcionamento eficiente do organismo (certos lipídios, vitaminas e minerai). Requerimento alterado → condições da água (temperatura e tensão de oxigênio) Composição da dieta → pode alterar a qualidade dos filés de peixe. Determinar os níveis ótimos de cada nutriente para as diferentes espécies Exemplo: Ausência de vitamina E na dieta gera danos à estrutura muscular Importância da nutrição na alimentação • Possibilita melhor aproveitamento do potencial de crescimento dos peixes; • Acelera o crescimento dos peixes aumentando o número de safras anuais; • Melhora a eficiência alimentar, minimizando custos de produção; • Reduz impacto poluente dos efluentes da piscicultura intensiva, contribuindo para aumento da produtividade por área de produção; • Confere adequada saúde e maior tolerância às doenças e parasitoses; • Melhora a tolerância dos peixes ao manuseio e transporte vivo; • Aumenta o desempenho reprodutivo das matrizes e a qualidade das larvas e alevinos; • Possibilita otimizar produção e maximizar as receitas da piscicultura. Hábitos Alimentares 1 PLÂNCTOFAGOS: se alimentam de plâncton. Fitoplâncton: são as algas e cianofíceas responsáveis por 98% da produção de oxigênio. Exemplo: Tilápia do Nilo – Oreochomis noloticus) Zooplâncton: cópepodos, crustáceos, alimentam-se de fitoplâncton e servem de alimento para os peixes. Exemplo: “mapará – Hypophthalmus edentatus) 2 CARNÍVOROS: se alimentam de proteína animal. Apresentam dentes fortes (caninos, incisivos) dispostos até os arcos branquiais com boca grande e mandíbulas fortes. Exemplos: turvira, traíra, tucunaré, dourado, pintado, salmão, cachorra, piranhas 3 HERBÍVOROS: se alimentam principalmente de proteína vegetal (sementes, vegetais superiores). Apresentam a boca desenvolvida e possuem pequeno n° de dentes incisivos ou esofagianos. Exemplo: carpa capim 4 ONÍVOROS: se alimentam tanto de alimentos de origem animal como de vegetal (equilíbrio). Apresentam a boca em tamanho mediano e dentes molariformes (trituras e roer). Exemplos: tambaqui, pacu, lambari, piraputanga, judiá, piracanjuba Nutrientes necessários • Principais nutrientes necessários → formulação de uma dieta para peixe. • Necessidade de muitos nutrientes pode variar conforme a espécie. Proteína e Aminoácidos, Carboidratos, Ácidos Graxos, Vitaminas, Minerais AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS Proteínas: importante fonte energética para os teleósteos. Aminoácidos: forma de gerar maior rendimento na produção de filé com menores custos. São unidades formadoras de proteínas, fundamental na formação de tecido muscular, ou seja, no crescimento. o Determinação de seus níveis ideais o A maioria das dietas → níveis de aminoácidos mais elevados em juvenis, em torno de 35%–50% OBS: Falta de AA ou deficiência de proteína: atraso no crescimento, piora no CA, redução no apetite, deformidade da coluna (triptofano) e catarata (metionina). Quase todas espécies requerem os mesmos 10 AA para o crescimento: o Arginina o Histidina o Isoleucina o Leucina o Lisina o Metionina o Fenilalanina o Treonina o Triptofano o Valina O nível ótimo de PB para cada espécie de peixe depende do balanço energético, da composição de AA, da digestibilidade da proteína, da quantidade de fonte da energia não-proteica da ração. O excesso de energia na dieta pode limitar o consumo de alimento, já que os peixes se alimentam para suprir suas necessidades energéticas. Relação Energia: proteína → Energia Proteína A necessidade proteica da dieta geralmente decresce com o aumento de tamanho e com a idade do peixe. A maioria das dietas → os níveis de aminoácidos são mais elevados em juvenis, em torno de 35%–50%. o Salmões quando adultos requerem 15% AA, mas quando juvenis, 50%. o Matrinxã (Brycon amazonicum) → melhor taxa de crescimento é alcançada em 29% de proteína em sua dieta, porém a adição de outros fatores não proteicos, como lipídios, pode aumentar seu crescimento. Ingrediente usados como fonte de proteína animal na ração de peixes • Farinha de carne (50% PB alto custo, alto teor de ac. graxos); • Farinha de carne e ossos (36% PB, altos níveis de Ca e P, deficiente AAE (metionina e cistina); • Farinha de peixes (50% PB, alta digestibilidade, alta palatabilidade, alto valor econômico, e pouca disponibilidade); • Farinha de aves (50-60% PB, deficiente em AAE: lisina, metionina e triptofano, menor coef. de digestibilidade). Sucesso econômico e nutricional de um ingrediente proteico substituto (depende de alguns fatores) • Tecnologia de processamento adotada para inativar e/ou remover os fatores anti-nutricionais; • Formulação adequada da ração; • Minerais, macro e micro e AA - cristalizados ou conjugados; • Estimuladores de apetite para garantir o balanceamento da ração e a sua palatabilidade, otimizando a ingestão, digestão e absorção dos alimentos; • Potencial Energético, Vitaminas → custo final da ração. Fontes de proteína de origem vegetal Farinhas base de resíduos de extração de óleo de sementes oleaginosas: o Soja o Girassol o Algodão o Canola o Coco o Dendê o Gergelim o Glúten de milho Vantagens x Desvantagens Origem Vegetal x Origem Animal VANTAGENS DESVANTAGENS − Mais barata em relação as de origem animal; − Alto teor de Lisina e Metionina; − Rica em lipídios; − Menor digestibilidade; − Deficiência em alguns AA sulforados; − Possuem fatores anti- nutricionais *A soja, dentro do reino vegetal, é a única fonte proteica vegetal a cumprir todos os requisitos comerciais de disponibilidade em larga escala, de preço e de qualidade nutricional adequada. Pode substituir a proteína nas rações de trutas em até 50% (sp carnívoras), em 94% (para sp onívoras) e até 100% para tilápias (filtradoras). − Digestibilidade elevada e balanço adequado de aminoácidos essenciais; − Cultivada em todas as regiões brasileiras; − Alta disponibilidade, Brasil é o segundo maior produtor (preço) ENERGIA Peixes são mais eficientes no uso de energia quando comparados as aves e mamíferos, precisam de menos energia que os demais animais de produção. • Peixes (1.4 a 1.8), aves (1.6 a 1.9) e suínos (2.5 a 2.9) Tilápias aproveitam bem carboidratos e gorduras como fonte de energia, poupando a proteína para ganho de peso. LIPÍDEOS São importantes fontes energéticas para peixes, como salmonídeos e trutas, assim como as proteínas, entretanto, são ainda menos custosos para o produtor. Peixes não assimilam bem os carboidratos e seu excesso na dieta pode proporcionar redução do crescimento e aumento na concentração de glicogênio no músculo. • Proporciona pior qualidade ao filéde peixe Função: • Produção de Energia, depósito primário de Energia dos animais, se acumulam sob forma de AGE (ácidos graxos ésteres) do glicerol. • Peixes reofílicos: acumulam gordura na cavidade abdominal e usam para maturação das gônadas e energia para a piracema; • Transportador de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K); • Manutenção da estrutura e função da membrana celular; • Peixes tropicais: altos níveis de W3 (ac. Linolênico) e W6 (linoléico); • Usar de 10 a 20% de lipídios na dieta de peixes; • Recomenda para peixes de água quente de 5 a 10% de óleo de peixe para suprir à quantidade de ácidos graxos na dieta (Cowey, 1988); Comparação da eficiência de utilização de proteína e energia entre diferentes espécies animais ÁCIDOS GRAXOS Dietas deficientes em ácidos graxos essenciais. • Maioria das doenças nutricionais em peixes cultivados Sinais de deficiência de ácidos graxos essenciais: redução de apetite e de crescimento. Truta arco-íris e salmão → aumento de ganho de peso quando se utilizou 30% de ácidos graxos. Ácidos graxos Eicosapentanóico (EPA) e docohexanóico (DHA) são essenciais para o crescimento ótimo e desenvolvimento de peixes marinhos. Tilápias requerem ácidos graxos da família n-6. • Suplementação da dieta com óleos vegetais (milho e soja) CARBPOIDRATOS Maioria das espécies de peixes é onívora ou carnívora → não são a principal fonte de energia. São necessários na formulação das dietas de peixes. Destino de energia dietética nos peixes (Estando categorizada as perdas que ocorrem a digestão e o metabolismo, e a fração que permanece para a formação de novos tecidos) Concentrações requeridas por cada espécie podem variar. Principais fontes energéticas de peixes são as proteínas e os lipídios. • Poucos estudos foram realizados a fim de se conhecer o requerimento diário; Em bagres, os carboidratos são uma fonte importante de energia e não requerem tanto lipídio na dieta quanto os salmonídeos. Em casos de estresse como o jejum → mobilizam os lipídios como fonte de energia ao invés dos carboidratos. Truta arco-íris absorve cerca de 90% da glicose, mas a glicose digestível não apresenta o mesmo efeito de poupador de proteínas que os lipídios em casos de estresse. VITAMINAS Necessários em quantidades pequenas para o crescimento, reprodução e saúde normais. Classificadas como hidrossolúveis (vitaminas do complexo B e a vitamina C) e lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K). OBS: Deficiência em vitaminas: função imune e a demanda por elas também pode se elevar durante algumas condições fisiológicas como reprodução e estresse. Temperaturas elevadas → maior concentração de vitaminas. Vitaminas do complexo B: ativadores de enzimas e têm importante papel no metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos. Vitamina C ou ácido ascórbico: formação de colágeno, hematopoiese, desintoxicação de compostos, bem como de funções metabólicas, como o sistema antioxidante. OBS: Altas doses de vitamina C aumentam a resistência a algumas bactérias e alguns patógenos (capaz de reduzir os efeitos deletérios de estresse ambiental ou de manejo). Peixes alimentados com dietas pobres em vitamina C são mais susceptíveis ao estresse causado por alterações na qualidade da água. Quantidade superior a 300 mg/kg Vitamina A e outras vitaminas lipossolúveis: envolvidas no metabolismo celular. Vitamina E: parte das defesas antioxidantes e tem função de proteção de membranas biológicas e lipoproteínas contra oxidação. • Administrada na dieta de animais em cultivo, já que estão sujeitos a diversas situações de estresse OBS: Redução na ingestão da vitamina E → o hematócrito e a fragilidade dos eritrócitos (sinais de perda da estabilidade das membranas causada pela ação dos radicais livre). Ausência de vitamina E causa distrofia muscular, degeneração de gorduras do fígado, anemia, hemólise eritrocitária, hemorragias e despigmentação. Quantidade 150 a 400 mg/kg MINERAIS Fontes de minerais: manutenção da estrutura, osmorregulação e como cofatores em diversas reações metabólicas. As dietas de salmões e trutas são suplementadas com alguns microelementos essenciais (cobre/ Cu, manganês/Mn, selênio/Se e zinco/Zn) a fim de garantir que o peixe receba quantidades suficientes destes, já que sua biodisponibilidade é reduzida pela complexação com outros componentes da ração (farinha de osso). Desbalanceamento nutricional excesso ou falta de nutriente A - Goldfish apresentando deformidade da coluna vertebral e emagrecimento acentuado devido à ausência em aminoácidos essenciais. B - Alevino de carpa com grave deformidade na coluna vertebral e perda da resistência das escamas, características associadas à deficiência na dieta. Exemplares de carpa húngara (Cyprinus carpio) com escoliose, lordose e amolecimento dos ossos cranianos comparados a um exemplar saudável. Os danos foram causados pela subnutrição e alta densidade de estocagem. Formas físicas da ração RAÇÃO FARELADA Os ingredientes da ração são apenas moídos e misturados. Sua utilização não é recomendada → perdas de nutrientes muito grandes, causando problemas aos peixes e a poluição da água dos tanques. RAÇÃO PELETIZADA Através da combinação de umidade, calor e pressão, as partículas menores são aglomeradas, dando origem a partículas maiores. Sua estabilidade na superfície da água deve estar em torno de 15 minutos, o que garante sua qualidade. Características: • Reduz as perdas de nutrientes na água; • Pode eliminar alguns compostos tóxicos; • Diminui a seleção de alimento pelos peixes; • Reduz o volume no transporte e armazenamento da ração; • Tem um custo de produção mais elevado quando comparada à ração farelada. RAÇÃO EXTRUSADA A extrusão consiste num processo de cozimento em alta temperatura, pressão e umidade controlada. Sua estabilidade na superfície da água é de cerca de 12 horas, tornando o manejo alimentar mais fácil. Atualmente, tem sido a forma de ração mais indicada para a piscicultura. Parâmetros Ração peletizada Ração extrusada Estabilidade na água Baixa a média Alta Flutuabilidade Afunda Flutua Possibilidade de perdas na água Alta Baixa Observação do consumo pelos peixes Difícil Fácil Quantidade fornecida/ tanque % da biomassa À vontade Impacto negativo na água Médio a grande Pequena Eficiência alimentar Média a baixa Alta Granulometria da ração A escolha da ração a ser fornecida deve levar em consideração o tamanho dos peixes, sobretudo o tamanho da boca do peixe, para que este consiga capturar a ração e ingeri-la. Frequentemente, utiliza-se uma relação entre o tamanho do grânulo da ração e o tamanho da boca do peixe, que dever ser a mais próxima de 1:1 possível. Parâmetros de desempenho BIOMETRIA: ferramenta • Objetivo: realizar medições para identificar problemas no desenvolvimento dos peixes (alimentação – taxa de arroçamento x ganho de peso) e melhorar seu desempenho; Deficiência do selênio + deficiência de vitamina E = distrofia muscular e redução no crescimento. Excesso de selênio reduz o crescimento e a eficiência alimentar e pode causar mortalidade. Excesso de cobre pode causar anemia em catfish e favorecer a infecção por Vibrio anguillarum. Ausência de vitamina C na dieta: desenvolvimento de lordose, escoliose, redução de colágeno dos ossos. Deformidade na nadadeira atribuída a problemas de síntese de colágeno. • Acompanhamento da produção (crescimento e saúde); • Periódica (± 15 dias);• Amostra representativa do total do viveiro; • Realizar 3 vezes – amostras; • Jejum. Monitoramento sanitário; Otimização do uso da ração; Previsibilidade. O que é preciso para realizar a biometria? • Rede / tarrafa; • Baldes; • Balança; • Fichas de controle; • Ictiômetro. Amostragem • Realizar 3 amostragens, 1 a 2% da biomassa; • Pode fazer utilizando 20%. • De forma aleatória; • Antes da alimentação. Pesagem • Calcular a biomassa total presente no tanque. Medição • Paquímetros OBS: Aproveitar para a analisar os animais, como as características físicas dos animais, como anorexia ou emagrecimento progressivo, escamas eriçadas, coloração, brânquias, nadadeiras, pele, olhos. Além de observar se há presença de ectoparasitas, sintomas de doenças e enfermidades e/ou machucados que podem indicar problemas, como superlotação ou baixa densidade, qualidade da água e qualidade do alimento. Tipos de biometrias N° de peixes no viveiro (total) → controle Peso Médio (g) Biomassa no viveiro (Kg) Ganho em peso (g) Conversão alimentar (Kg) Não considera o consumo de alimento natural e incorporação passiva de água. Ração, CA, Lucratividade Parâmetros que interferem no desempenho Qualidade de água; Densidade; Alimentação. PM = Peso total da amostra N° de peixes amostrados BV = N° de peixes x PM 1.000 GP = peso médio final (g) - peso médio inicial (g) CA = Quantidade de ração fornecida (Kg) biomassa final (Kg)−biomassa inicial (Kg) Exemplo: Qual a minha CA sabendo que gastei 1500kg de ração, 900 peixes com PM de 1kg e inicialmente com PM de 5g e 1.000 animais? CA = 1500 900−5 CA = 1,67 Cálculo da quantidade Exemplo: Qual a quantidade de ração terei que oferecer para alimentar 5.000 peixes? 1° passo: calcular o peso médio (g) PM = 200g 50 PM = 4g 2° passo: calcular a biomassa (Kg) BV = 5.000 . 4g 1.000 = 20.000 1.000 BV = 20Kg 3° passo: calcular em função da % de PV Ração = BV . PV% = 20 . 15% Ração = 3kg 4° passo: calcular por refeições Ração = Quantidade em Kg por dia N° de refeições no dia Ração = 300 5 Ração = 600g por refeição Tabelas de Acompanhamento pelo Fabricante Cuidados na Estocagem • Evitar estocagem longa • Umidade o Fungos • Insetos • Roedores
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