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comunicação de más notícias HAM III

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D 
 
Introdução 
Existem quatro pilares que norteiam os cuidados paliativos: a 
boa comunicação entre equipe e paciente e familiares; o 
controle apropriado dos sintomas; trabalho em equipe 
multiprofissional; e apoio à família no processo de morte e 
durante o luto. 
É necessário que a equipe multiprofissional desenvolva uma 
boa comunicação com o paciente e sua família que permita 
conhecer as preocupações do paciente e conversar com ele 
sobre sua condição de saúde. 
A falta de conhecimento técnico sobre sua doença, 
possibilidades de tratamento e evolução causam angustia no 
paciente e nos cuidadores e geram expectativas falsas que, 
quando não alcançadas, levam a frustração 
Para evitar isto, os profissionais de saúde precisam informar 
sobre a doença, seus sintomas, sua gravidade, as possíveis 
formas de manejo e o prognóstico, para que o paciente tenha 
a possibilidade de planejar seu futuro. 
Nesse âmbito, a comunicação de más notícias se torna um 
desafio dentro dos cuidados paliativos, que precisa ser 
vivenciado pela equipe multiprofissional de forma a diminuir a 
dor e o sofrimento do paciente e seus acompanhantes. 
Comunicação 
O objetivo da comunicação é estabelecer uma boa 
compreensão entre as pessoas. 
Muitos fatores interferem na forma e na qualidade da 
comunicação com o paciente, como as abordagens escolhidas 
pelo serviço, a idade, o ambiente cultural, o nível de cansaço, 
a religiosidade, a expectativa, o nível de compreensão e o 
treinamento recebido pelo cuidador. 
Alguns estudos mostram que a forma como a informação é 
passada é mais lembrada pelo paciente do que a notícia em 
si. Assim, a comunicação da má notícia precisa ser feita de 
forma cautelosa. O profissional deve ser honesto, mas não 
pode deixar o paciente desesperançoso. Precisa ser solidário, 
mas ao mesmo tempo, profissional. 
Quando é necessário comunicar uma má notícia, o médico se 
encontra em uma situação complicada. A família e o paciente 
estão aguardando uma possibilidade de cura e melhoria e o 
sentimento de frustração é comum quando isto não acontece. 
Os profissionais de saúde também apresentam dificuldades 
para lidar com os sentimentos vivenciados pela família, quando 
precisam dar uma notícia desagradável e geralmente 
vivenciam desconforto, medo e ansiedade. 
 
 
 
Os médicos também apresentam certa dificuldade em lidar 
com seus próprios sentimentos. 
Existe uma confusão entre empatia e a falta de limite 
profissional, fazendo com que os sentimentos sejam vistos 
como erros cometidos, dificultando a comunicação. 
Demonstrar os sentimentos não é errado e muitos pacientes 
consideram que é o mais adequado a ser feito nesse tipo de 
situação. 
Além das dificuldades já citadas, a informação deve ser 
transmitida baseada nos princípios fundamentais da bioética: 
beneficência, autonomia, justiça e não maleficência. 
Existem duas dimensões da comunicação: a linguagem verbal 
e a linguagem não verbal. 
• Na verbal, a mensagem é transmitida de forma nítida, 
utilizando códigos que o receptor possa entender. 
• A dimensão não verbal é mais complexa e necessita 
de maior cuidado. É preciso prestar atenção ao 
ambiente onde a comunicação está acontecendo, 
buscando a privacidade do ouvinte. Na comunicação 
de más notícias, a dimensão não verbal é a mais 
importante. Os sentimentos expressados podem 
suavizar ou exacerbar as emoções e podem dar o 
tom que qualifica a notícia como boa ou má. 
As principais queixas de familiares que já passaram por esse 
tipo de situação foram: falta de disponibilidade dos médicos 
para dialogar com a família; ocultação de informações e 
criação de falsas esperanças; vocabulário inadequado e 
transmissão muito rápida de informações; informações 
contraditórias entre os membros da equipe; linguagem 
corporal incongruente com o que estava sendo falado. 
Más Notícias 
Uma má notícia é definida como qualquer informação que 
pode alterar de forma drástica a percepção que o paciente 
tem sobre seu futuro, ela é uma contradição entre as 
expectativas de futuro do paciente e seu real estado de saúde. 
São situações que ameaçam a vida, o bem-estar e as relações 
interpessoais 
A má notícia pode envolver não somente a descoberta do 
diagnóstico, mas também a evolução e agravamento da 
doença e a necessidade de encaminhamento para outros 
serviços,. no entanto, é sempre de perspectiva do paciente. 
Assim, é impossível determinar o impacto da informação sem 
ter questionado e compreendido suas expectativas. 
 
 
Comunicação de Más Notícias 
HAM III 
@juliaa_soare 
Uma má notícia é uma informação que muda negativamente 
a vida do paciente. Pode ser a impossibilidade de alimentação 
oral, necessidade de gastrostomia, prescrição de medicação 
injetável como insulina, diagnóstico de doença incurável, entre 
outras situações. 
O médico precisa estar preparado para dar a má notícia e 
precisa elaborar uma estratégia para abordar os sentimentos 
de tristeza e frustração do paciente. 
E, assim, possibilitar que com porte das informações sobre sua 
condição, o paciente possa participar nas tomadas de decisão 
sobre o tratamento. 
Uma comunicação de qualidade estabelecida entre o médico 
e o paciente possibilita que o doente se sinta mais encorajado 
e faça mais perguntas sobre sua situação, diminuindo o 
sofrimento causado pelo medo de uma doença e um 
tratamento desconhecido. 
Quando o médico explica mais detalhadamente e instrui 
melhor o paciente, ele tem uma compreensão melhor e 
torna-se mais colaborativo, com uma melhor adesão 
terapêutica. 
O sofrimento que uma má notícia causa é reduzido quando o 
médico demonstra consideração pelos sentimentos do 
paciente e conversa com ele de forma clara, possibilitando o 
questionamento e tirando um tempo para responder suas 
dúvidas. Isso traz ao doente uma sensação de apoio da equipe 
médica mesmo quando a cura não é alcançável. 
Os profissionais de saúde podem elaborar algumas estratégias 
antes de iniciar a conversa com o paciente e devem prestar 
atenção a alguns pontos: 
• Estabelecer uma relação médico- -paciente-família 
adequada, demonstrando interesse e respeito pelos 
anseios do paciente; 
• Conhecer os detalhes da história médica do paciente, 
permitindo uma comunicação mais clara e fluída; 
• Preparar a si próprio para a conversar, repassar os 
pontos mais importantes que precisam ser 
conversados e observar as reações; 
• Ver o paciente como uma pessoa, conhecer suas 
motivações, seus medos, seus projetos de vida, suas 
formas de enfrentar as dificuldades; 
• Entender quanto o paciente deseja saber; 
• Entender que existem questões que não podem ser 
respondidas pela ciência e que é possível que o 
paciente faça perguntas que não tenham respostas; 
• Usar a sinceridade e falar sempre a verdade para não 
criar esperanças irreais; 
• Demonstrar empatia e confiança; 
• Agir com segurança e de maneira assertiva; 
• Ter uma escuta atenta ao paciente, prestando 
atenção a sua linguagem verbal e não verbal; 
• Permitir que o paciente expresse suas emoções; 
• Respeitar os valores e as crenças do paciente; 
• Trabalhar os próprios sentimentos, entender suas 
próprias reações e preocupações. 
Informar ao paciente sua real situação, suas possibilidades 
terapêuticas e responder seus questionamentos é permitir 
que ele exerça sua autonomia. A autonomia é um dos 
princípios norteadores da bioética e é a capacidade de se 
autogovernar, de poder fazer escolhas autônomas. Ela só pode 
ser exercida caso o paciente tenha conhecimento técnico o 
suficiente para refletir e fazer suas escolhas. 
Protocolo Spikes 
A maioria dos médicos, no entanto, utiliza sua experiência na 
prática clínica para decidir como se comportar ao transmitir 
uma má notícia. Sabemos que o resultado nem sempre é 
satisfatório. Apesar de ser objeto de estudo em muitos cursos 
de Medicina em nível internacional, o tema ainda é pouco 
abordado por professores e estudantes no Brasil.O protocolo Spikes descreve seis passos de maneira didática 
para comunicar más notícias: 
 
• O primeiro passo (Setting up) se refere à preparação do 
médico e do espaço físico para o evento. 
Deve-se identificar um local privado e confortável para a 
conversa. Desligar os celulares para minimizar interrupções. 
Retirar barreiras físicas entre o médico e o paciente como 
mesas, tentando sentar lado a lado com o paciente. Reler o 
prontuário e se assegurar da história médica do paciente. 
Envolver amigos e parentes na conversa caso seja desejo do 
paciente. 
• O segundo (Perception) verifica até que ponto o paciente 
tem consciência de seu estado. 
É quando o médico faz perguntas abertas para identificar 
quanto o paciente já sabe sobre sua condição. Nesse 
momento, baseando-se nas informações que o paciente traz 
é possível corrigir desinformações e levar a nortear a 
conversa para uma melhor compreensão do paciente. Nesta 
etapa é possível perceber se o paciente sabe o que está 
acontecendo, se está em processo de negação da doença, 
se tem algum pensamento mágico, ou se tem expectativas 
não realistas de tratamento. 
• O terceiro (Invitation) procura entender quanto o paciente 
deseja saber sobre sua doença. 
@juliaa_soare 
Deve-se dar espaço para o paciente pedir ao médico para 
compartilhar as informações. Alguns pacientes se calam nesse 
momento e não convidam o médico para explicar a sua 
doença, nesses casos o paciente precisa de mais tempo para 
processar as informações que já tem e entender o que está 
acontecendo. Se isso acontecer, o protocolo não precisa ser 
finalizado. Pode-se retomar em outra oportunidade. Assim 
como o paciente tem o direito de saber da própria saúde, ele 
também tem o direito de não querer receber a informação. 
O paciente tem autonomia para escolher uma pessoa para 
receber a notícia por ele. 
• O quarto (Knowledge) será a transmissão da informação 
propriamente dita. 
Nesse passo o médico informa sobre a doença em quantidade, 
qualidade e velocidade adequadas para que o paciente entenda 
e tome decisões sobre seu tratamento. É necessário ter 
clareza e precisão e evitar detalhes dispensáveis e excesso 
de informação. Deve-se respeitar a vontade do paciente de 
conhecer sua doença, dando os detalhes que ele questionar, 
o nome do diagnóstico, o prognóstico, as opções terapêuticas, 
os riscos de cada uma delas. Caso o paciente apresente 
alguma doença ameaçadora da vida, como câncer, deve-se 
evitar informar com exatidão os meses ou anos de vida 
esperados, pois os médicos tendem a superestimar a 
expectativa e dar falsas esperanças ao paciente. 
• O quinto passo (Emotions) é reservado para responder 
empaticamente à reação demonstrada pelo paciente. 
É o tempo reservado para que o paciente expresse suas 
emoções após saber da notícia. Após a revelação da notícia, 
o paciente precisa de um tempo para compreende-la e reagir 
as informações. Deixe que o paciente expresse suas emoções 
e acolha as reações negativas, faça com que o paciente se 
sinta acolhido. É importante ter lenços de papel disponíveis na 
sala. 
• O sexto (Strategy and Summary) diminui a ansiedade do 
paciente ao lhe revelar o plano terapêutico e o que pode 
vir a acontecer 
Repasse de forma resumida o que foi dito. Confira se o 
paciente se sente preparado para discutir opções de 
tratamento. Ofereça as opções terapêutica e planeje com ele 
os próximos passos. 
Referências: 
LINO, Carolina Arcanjo et al. Uso do protocolo Spikes no 
ensino de habilidades em transmissão de más notícias. Revista 
Brasileira de Educação Médica, v. 35, p. 52-57, 2011. 
Sombra Neto, Luis Lopes, Silva, Vanessa Lauanna Lima, Lima, 
Carolina Dornellas Costa, Moura, Hannah Torres de Melo, 
Gonçalves, Ana Luiza Mapurunga, Pires, Adriana Pinheiro 
Bezerra, & Fernandes, Veruska Gondim. (2017). Habilidade de 
Comunicação da Má Notícia: o Estudante de Medicina Está 
Preparado? Revista Brasileira de Educação Médica, 41(2), 260-
268. 
Victorino, AB, Nisenbaum, EB, Gibello, J, Bastos, MZN, & 
Andreoli, PBA. (2007). Como comunicar más notícias: revisão 
bibliográfica. Revista da SBPH, 10(1), 53-63. 
 
 
 
 
 
 
 
@juliaa_soare

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