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Comunicação de más notícias

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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO
Habilidades Médicas
Comunicação de Más Notícias
Introdução
 Apesar dos avanços tecnológicos, a comunicação continua
sendo a ferramenta primária e indispensável com a qual
médico e paciente trocam informações.
 Elementos como a ética, empatia, compreensão, interesse,
desejo de ajuda e bom humor são indispensáveis para
conseguir um ambiente de conforto emocional.
 É muito importante ter uma boa comunicação com o
paciente, com o familiar. Afinal, não adianta ser um
excelente médico e ter falha na comunicação.
 COMUNICAÇÃO: é um processo complexo, que envolve a
dimensão verbal e não verbal, envolvendo aspectos
conscientes e inconscientes, de todos os personagens
envolvidos; “não é a família, nem o paciente, nem a equipe,
muitas vezes, que decide... Mas sim, aquilo que às vezes
não é dito, aquilo que se capta (ou é captado) de
inconsciente para inconsciente” (Cassorla, 26/06/2002,
durante arguição da tese de livre docência da Profa. Maria
Júlia Kovács).
 Isso permite que o paciente tenha um conhecimento de
sua doença e diagnóstico, e o médico aja segundo seus
conhecimentos, experiência clínica e suas capacidades
humanas.
 Neste sentido, o intercâmbio de informações engloba não
apenas aquilo que o paciente necessita saber como
também informá-lo apropriadamente e reassegurar de
que ele tenha compreendido a informação.
 Assim, é necessário que se trabalhe em dois polos:
- Verificar que a informação sehja compreendida corretamente
e se necessário corrigi-la (com ênfase na tarefa); Ser claro e
objetivo; Se precisar, mostrar imagens, explicar novamente...
- Preocupar-se com a reação afetiva envolvida na passagem de
informações.
 Esta última implica em considerar os sentimentos e
expectativas que o paciente tem em relação ao
profissional de saúde (transferência), bem como os
sentimentos e expectativas que o profissional de saúde
tem do paciente (contratransferência).
 Comunicar más notícias é, provavelmente, uma das
tarefas mais difíceis que os profissionais de sáude têm que
enfrentar, pois implica em um forte impacto psicológico
do paciente e sua rede de apoio.
 Deficiente preparação das equipes de saúde em termos de
habilidades gerais de comunicação.
 “Quem recebe uma má notícia dificilmente esquece
onde, como e quando ela foi comunicada...” - Marca
para o resto da vida da pessoa;
O que são Más Notícias?
 Má notícia pode ser compreendida como aquela que altera
drástica e negativamente a perspectiva do paciente em
relação ao seu futuro;
 Transmissão de diagnóstico de doenças terminais,
diagnóstico que imporá mudanças na vida do paciente,
como diabetes num adolescente ou cardiopatia num atleta,
uma resposta inadequada a determinada terapêutica, uma
necessidade de tratamento ou procedimento em momento
inoportuno na vida do paciente, etc...
Quais as dificuldades encontradas ao
comunicar más notícias?
 O código de ética médica, desde 1847 já declarava: A vida
de uma pessoa doente pode ser diminuída não apenas
pelos atos, mas também pelas palavras ou maneiras do
médico.
 Isto é, portanto, uma obrigação sagrada a de guardá-lo
cuidadosamente a este respeito e evitar todas as coisas
que tenham a tendência de desencorajar o paciente e
deprimir seu espírito.
 Compreensão dos pacientes sobre ela e o seu ajustamento
à mesma, assim como a sua satisfação com seu médico.
 Os fatores mais importantes para pacientes quando
recebem más notícias são a competência do médico, sua
honestidade e atenção, o tempo para permitir as
perguntas, um diagnóstico direto e compreensível e o uso
de um linguajar claro.
 Conhecer bem o médico e o uso do toque pelo médico
(por exemplo, segurar a mão do paciente) são fatores que
impactam menos. Já os familiares buscam privacidade,
uma atitude positiva do médico, sua competência, clareza
e tempo para perguntas.
 Estes estariam relacionados ao receio de causar dor ao
paciente, de sentir incômodo no momento de comunicar
uma má notícia, de ser culpado pelo paciente e familiares
(culpar o mensageiro), de falha terapêutica, de problema
judicial, do desconhecido, de dizer “não sei”, de expressar
as emoções e, por fim, da própria morte.
Como comunicar más notícias
 A função de comunicar más notícias ao paciente e seus
familiares é uma das tarefas mais difíceis relacionadas à
assistência e, por essa razão, muitos autores procuraram
resumir as principais recomendações para esse momento.
 O protocolo SPIKES é um exemplo do novo modelo de
comunicação com o paciente.
 É um mnemônico de 6 passos que pode proporcionar
mais segurança ao médico e que apresenta 4 objetivos
principais:
1. Saber o que o paciente e seus familiares estão entendendo
da situação como um todo (ajuda o médico a saber por
onde começar);
O que você conhece da doença do seu pai? (Conhecimento da doença); Qual
doença que seu filho tem? (Até onde entende a situação; Explicar de maneira
clara e objetiva). O que você entende sobre sua doença? Ou familiar?
Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO
2. Fornecer as informações de acordo com o que o paciente
e sua família suportam ouvir;
Marcar outro momento, outra hora. Ir até onde seu paciente suporta ouvir...
3. Acolher qualquer reação que pode vir a acontecer;
4. E, por último, ter um plano.
S - Setting up: Preparando-se para o encontro
 Treinar antes é uma boa estratégia. Apesar de a notícia
ser triste, é importante manter a calma, estar seguro, pois
as informações dadas podem ajudar o paciente a planejar
seu futuro.
 Procure por um lugar calmo e que permita que a conversa
seja particular. Nunca se dá dentro da enfermaria,
corredor de hospital, porta de consultório.
 Mantenha um acompanhante com seu paciente, isso
costuma deixá-lo mais seguro.
 Sente-se e procure não ter objetos entre você e o paciente.
 Escute atentamente o que o paciente diz e mostre atenção
e carinho (empatia).
P - Perception: Percebendo o paciente
 Investigue o que o paciente já sabe do que está
acontecendo.
 Procure usar perguntas abertas.
I - Invitation: Convidando para o diálogo
 Identifique até onde o paciente quer saber do que está
acontecendo, se quer ser totalmente informado ou se
prefere que um familiar tome as decisões por ele. Isso
acontece! Se o paciente deixar claro que não quer saber
detalhes, mantenha-se disponível para conversar no
momento que ele quiser.
K - Knowledge: transmitindo as informações
 Introduções como “infelizmente não trago boas notícias”
podem ser um bom começo. “Como você sabe, a doença
do senhor....”
 Use sempre palavras adequadas ao vocabulário do
paciente (evite diminuitivos).
 Use frases curtas e pergunte, com certa frequência, como
o paciente está e o que está entendendo (“está
entendendo? Tem alguma dúvida?”)
 Se o prognóstico for muito ruim, evite termos como “não
há mais nada que possamos fazer”. Sempre deve existir
um plano!
E - Emotions: Expressando emoções
 Aguarde a resposta emocional que pode vir, dê tempo ao
paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, em choque.
Aguarde e mostre compreensão.
 Mantenha sempre uma postura empática.
 Pode acontecer: agressividade.
S - Strategy and Summary: Resumindo e
organizando estratégias
 É importante deixar claro para o paciente que ele não será
abandonado, que existe um plano ou tratamento, curativo
ou não.
Estratégias
 Estabelecer uma relação médic0-equipe de sáude-
paciente adequado: A construção de uma interação
apropriada, desde o primeiro contato, implica por em
prática a capacidade de empatia, compreensão e desejo de
ajuda.
 Conhecer cuidadosamente a história médica: Isto dará
consistência às decisões clínicas e permitirá uma
comunicação mais clara e fluida. Neste sentido, quem irá
revelar as más notícias deverá ser preferencialmente o
médico responsável pelo caso.
 Ver o paciente como pessoa: É importante que se vá
além do conhecimento formal e saber quem é a pessoa a
quem se oferece os cuidados. Nesses momentos questões
como: de onde vem esse paciente? Quais são suas
motivações? Seus medos? Projetos?- são importantes
para que se possa lidar com outras dificuldades que não
somente aquelas impostas pelo adoecimento.
 Organizar o tempo: É necessário que se garanta um
tempo razoável para preparar o paciente, comunicar a
informação, permitir um breve espaço para reflexão e
possibilitar um intercâmbio entre perguntas e respostas
programando, apropriadamente, o seguimento e
abordando os procedimentos terapêuticos por fazer, antes
de concluir a entrevista. (É um bom dia? A agenda do
médico está disponível? Não falar de maneira rápida,
organizar o momento mais oportuno, chamar os
familiares, marcar um horário...)
 Aspectos específicos da comunicação: É muito
importante compreender o paciente, ter uma expressão
neutra (ter cuidado com expressão facial, gestos, postura)
e, em seguida, informar as más notícias de maneira clara
e direta. Usar um tom de voz suave, claro, objetivo,
pausado e usar uma linguagem sincera.
 Reconhecer o que e quanto o paciente quer saber:
Existe discordância entre o que o paciente quer dizer e o
que o paciente quer saber. Perguntar ao paciente o que ele
quer saber dará a oportunidade deste colocar sua vontade.
Se o paciente mostrar que não quer falar sobre a
informação, devemos deixar a porta aberta para falar em
outra hora.
 Encorajar e validar as emoções: Mesmo que se possa
identificar algumas expressões emocionais é importante
que o profissional verifique continuamente com o
Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO
paciente como ele se sente, não antecipando a reação
emocional do mesmo. Oferecer períodos de silêncio
permite que os pacientes processem a má notícia e
ventilem as emoções.
 Atenção e cuidado com a família: Face à comunicação
de uma má notícia o profissional deverá ficar atento à
situação familiar do paciente e levar em conta as
necessidades particulares da família em função de seus
antecedentes culturais e religiosos. No caso de más
notícias previstas (antecipadas), pergunte antes quem ele
quer que esteja presente e o quanto ele gostaria que os
outros fossem envolvidos.
 Planejar o futuro e o seguimento: Após ter recebido a
má notícia, um paciente pode experimentar sentimentos
de isolamento e incerteza.
Conclusão
 Comunicar más notícias não é uma tarefa fácil.
 As evidências mostram que a atitude do profissional e a
capacidade de comunicação desempenham um papel
fundamental e decisivo no modo que o paciente enfretará
seu problema.
 O objetivo do protocolo SPIKES é, de alguma maneira,
organizar este momento, ajudando profissionais e
pacientes a manter uma comunicação clara e aberta.
 Verificar se houve a compreensão e formular um
planejamento ou “próximos passos” com o paciente.

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