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Tecnica da construção

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DIRETRIZES PARA A SELEÇÃO E AVALIAÇÃO DE SISTEMAS 
CONSTRUTIVOS COM BASE NOS PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO 
“ENXUTA” E DA PRODUÇÃO “LIMPA” 
Emerson de Andrade Marques FERREIRA 
Doutor em Engenharia Civil, Professor Titular da Escola Politécnica da UFBA, emerson@ufba.br 
Tiago Maia FREIRE 
Engenheiro Civil, Sarti Mendonça Engenharia Ltda, Tiago.freire@bol.com.br 
 
RESUMO 
Este documento apresenta diretrizes para seleção e desenvolvimento de sistemas construtivos, baseado na 
análise de critérios pautados nas novas filosofias de produção, com vistas a avaliar o sistema, em relação à 
sua racionalização no contexto da Produção Enxuta, e à sua vida útil e impacto ambiental através da análise 
da sua cadeia produtiva em relação aos princípios da Produção Limpa. Através da aplicação das diretrizes 
apresentadas na matriz de avaliação dos sistemas, pode-se comparar segundo os mesmos critérios 
diversos sistemas construtivos. 
ABSTRACT 
This document presents guidelines for selection and development of constructive systems. It is based on a 
critical analysis of the new production philosophies. This intends to evaluate the systems, in relation to his 
rationalization in the context of the Lean Production, and to his life and environmental impact through the 
analysis of the Clean Production principles. Through the application of the guidelines presented at the 
evaluation system tables, it can be compared according to the same criteria several constructive systems. 
Palavras-chave: Produção Enxuta, Produção Limpa, Construção Sustentável. 
Keywords: Lean Production, Clean Production, Sustainable Construction. 
 
1. INTRODUÇÃO 
A avaliação de soluções construtivas voltadas para a habitação popular permite observar a 
carência de estudos no caminho da redução de perdas, interferências entre equipes e um mínimo 
controle da qualidade. Quanto aos fatores relacionados à sustentabilidade do sistema em 
execução, estarão automaticamente deixados em segundo plano já que perda de materiais reflete 
o uso irracional dos recursos naturais e a má qualidade compromete a durabilidade do sistema 
construtivo, implicando em uso de mais materiais no sentido de compensar os problemas dos 
anteriormente utilizados. Diversos outros aspectos também não são adequadamente analisados, 
entre eles o consumo de água e de energia. 
Apesar da participação da Construção Habitacional no PIB brasileiro de 1995 de 5,8%, contra 
0,8% para o setor de Edificações Comerciais e 1,4% para o setor de obras de Infra-estrutura 
(MCT, 2000), o problema habitacional é notável na nossa sociedade, uma vez que esta 
participação expressiva dentro da Construção Civil não se destina exclusivamente às habitações 
de caráter social. 
Dentro dessa realidade surge a necessidade de agir no sentido de minimizar custos 
compatibilizando com isso a qualidade final do empreendimento e do meio ambiente como um 
todo, através das propostas das novas filosofias de produção. Vem ao encontro deste processo a 
prática de externalizar a produção (SAN MARTIN, FORMOSO, 1998), reservando ao canteiro as 
atividades de montagem de Kits pré-fabricados. 
2. FILOSOFIAS E CONCEITOS AVALIADOS 
A necessidade por obter Sistemas Construtivos racionalizados que incorporem a necessidade da 
população é notável uma vez que é importante que se compatibilize os custos da produção dentro 
da visão racional e da sustentabilidade como será discutido a seguir. 
Produção “Enxuta” 
Segundo KOSKELA (1998), a Produção Enxuta (Lean Construction) aplicada ao ambiente da 
construção civil ainda é uma inovação teórica não afirmada em função da difusão das suas 
práticas antes das teorias e da não explicitação de sua predominância teórica. 
A Nova Filosofia de Produção é concebida como um fluxo de processo de materiais e 
informações, que são controladas para obter menor variabilidade e tempo de ciclo, e aperfeiçoar 
continuamente em relação às perdas e valor, e periodicamente, com respeito à eficiência de 
implementar novas tecnologias, diferente da filosofia tradicional da produção que é concebida 
como grupo de operações ou funções, que são controladas operação por operação, para obter 
menores custos, e aperfeiçoadas periodicamente, com respeito à produtividade pela 
implementação de novas tecnologias. (KOSKELA, 1992). 
Produção “Limpa” 
A maneira de enxergar o produto final através da filosofia da Produção Limpa (Clean Production) 
é avaliando a produção de modo cíclico (JOHN, 2001), ou seja, analisando o ciclo de vida do 
material desde sua forma primitiva até o processo de “desconstrução” do produto. A observação 
dos processos desenvolvidos deve contemplar uma análise de custos e do consumo de energia, 
inviabilizando alternativas tal como a reciclagem a depender dos custos envolvidos e dos 
processos utilizados, sendo às vezes mais viável o reaproveitamento. 
Construtibilidade 
Termo que surgiu na década de 50 - nos EUA como “Constructability” e no Reino Unido como 
“Buildability”, que pode ser entendido pela tradução literal: “facilidade de construir”. 
Anderson et al. (2000) traduzem construtibilidade como a integração do conhecimento em 
construção, pesquisas, tecnologia e experiência na engenharia para execução de um projeto. 
Seria necessário utilizar toda a experiência e o conhecimento na área da construção para 
desenvolver um projeto detalhado e especificado (evitando futuras improvisações no canteiro), 
modulado (evitando desperdício de material) e racionalizado. A fase de planejamento (definição 
do empreendimento, concepção do plano e desenvolvimento do projeto) é, sem dúvida, a mais 
importante segundo esses princípios e por isso demanda um dispêndio maior de tempo nessa 
etapa. 
3. METODOLOGIA EMPREGADA 
Foi realizada uma ampla revisão da literatura e de outras fontes de referência, com vistas à 
identificação dos principais parâmetros e recomendações utilizadas para desenvolvimento e 
execução de sistemas construtivos bem como das recomendações contidas nas filosofias de 
Produção Enxuta (controle de projetos, gestão do processo de produção), Produção Limpa (ciclo 
de vida dos materiais, sustentabilidade), e outros princípios como Construtibilidade, Modulação e 
Flexibilidade da construção entre outros, com vistas ao desenvolvimento das diretrizes 
apresentadas neste trabalho. 
A proposição de diretrizes a partir das novas filosofias de produção é apresentada sob a forma de 
matrizes para avaliação de sistemas construtivos, que tem como objetivo não só realizar uma 
avaliação, mas também servir como referencial para projeto quando da proposição do sistema 
construtivo a adotar. 
4. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS 
A Avaliação qualitativa dos processos e sistemas construtivos existentes tem como base as 
matrizes desenvolvidas, com critérios adaptados a partir do Artigo: Sustainable Development 
Building Design and Construction - Twenty - Four Criteria Facing the Facts (ANGIOLETTI, 
GOBIN, WECKSTEIN). 
Matrizes: 
- Projeto 
- Componentes 
- Produção/Execução 
- Produto 
 
Vale ressaltar que além de fornecerem critérios de avaliação, as matrizes também podem ser 
usadas como diretrizes para projetos. 
5. AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESTUDADOS 
Propôs-se aqui avaliar comparativamente três sistemas construtivos comerciais, sendo os 
sistemas S1, S2 e S3 segundo os seguintes critérios: 
 
Não atende- N 
Atende parcial- P 
Atende integral- S 
Não avaliado- NA 
Características dos Sistemas 
S1 - Sistema construtivo em painéis pré-fabricados ou paredes moldadas “in loco” de concreto 
celular espumoso. 
 
S2 - Sistema construtivo composto por módulos e componentes pré-fabricados de madeira de 
reflorestamento, tendo como principais componentes a placa de madeira do tipo “Blockboard” , 
viga de madeira laminada colada e a própria madeira seca. 
 
S3 - Sistema construtivo em componentes pré-fabricados de madeira com estrutura de piso de 
vigas apoiadas sobre pilaretes, piso de assoalho(réguas), paredes empainéis e cobertura com 
estrutura de treliças. 
 
São apresentadas a seguir as avaliações destes sistemas nas Tabelas 5.1, 5.2, 5.3 e 5.4, onde 
cada uma delas representa respectivamente a Matriz Projeto, Componentes, Produção/Execução 
e Produto. Sendo as mesmas acompanhadas dos resultados percentuais relativos à cada critério 
de avaliação nas Tabelas 5.1a, 5.2a, 5.3a e 5.4a. 
 
 
 
 
Tabela 5.1- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz projeto 
 
 
Após a avaliação dos valores apresentados nas Tabelas 5.1 e 5.1a, observamos que o Sistema 2 
apresenta um índice maior de aspectos favoráveis no que se refere à avaliação do projeto como 
um todo. 
 
Tabela 5.1a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz projeto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
S1 S2 S3
NA NA NA
CONFIGURAÇÃO E ÁREA DOS COMPARTIMENTOS ADEQUADAS AO USO S S S
DEFINIÇÃO DE ABERTURAS NA S P
FACILIDADE DE EXECUÇÃO DETALHAMENTO E CLAREZA DAS INFORMAÇÕES S S S
S S NA
GESTÃO DE PROJETOS COMPATIBILIDADE ENTRE PARTES DO PROJETO S S S
S S S
COMBINABILIDADE DOS COMPONENTES P NA S
DISPOSIÇÃO DOS COMPARTIMENTOS S S S
DISPOSIÇÃO DOS ELEMENTOS DE FACHADA NA NA NA
REDUÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE COMPONENTES P N P
REDUÇÃO DO NÚMERO DE MEDIDAS UTILIZADAS NO PROJETO NA P S
PREVISÃO DE KITS DE CÔMODOS PRONTOS P S S
DEFINIÇÃO DE TOLERÂNCIAS N P NA
DETALHAMENTO E FUNCIONALIDADE DAS JUNTAS P P NA
P P P
P P P
P P P
P P P
S S S
S S NA
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
SISTEMAS CONSTRUTIVOS
ADEQUAÇÃO DIMENSIONAL, 
FÍSICA E FORMAL
CAPACIDADE PARA MUDANÇAS
EVITAR PREJUÍZOS
CAPACIDADE PARA INCORPORAÇÃO DE SERVIÇOS VIZINHOS
MODULAÇÃO
FLEXIBILIDADE DE 
EXECUÇÃO
PROJETO
IMPLANTAÇÃO DA EDIFICAÇÃO NO LOTE
LEAN DESIGN 
( GESTÃO DE 
PROJETOS, 
ESPECIFICAÇÕES E 
MÉTODOS)
MONTAGEM
PREVISÃO DE AMPLIAÇÃO E EVOLUÇÃO DA EDIFICAÇÃO
DETALHAMENTO DO MÉTODO CONSTRUTIVO
INDUSTRIABILIDADE
IMPLEMENTAÇÃO LOGÍSTICA
CAPACIDADE PARA PREENCHER A FUNÇÃO REQUERIDA
IMPACTO NO PREÇO PESSOAL
 
S1 S2 S3 S1 S2 S3
N 1 1 0 4,76% 4,76% 0,00%
P 8 7 6 38,10% 33,33% 28,57%
S 8 10 9 38,10% 47,62% 42,86%
NA 4 3 6 19,05% 14,29% 28,57%
CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL
MATRIZ PROJETO
Tabela 5.2- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz componentes 
 
 
 
 
 
S1 S2 S3
CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS 
DURANTE A EXTRAÇÃO
NA NA NA
UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS PARA A EXTRAÇÃO NA P P
ENERGIA EMPREGADA (POLUENTE, NÃO POLUENTE) NA NA NA
IMPACTO NO MEIO FÍSICO NA NA NA
IMPACTO NO MEIO CULTURAL NA NA NA
TRANSPORTE (DISTÂNCIA DA JAZIDA, USO DE EQUIPAMENTOS 
PESADOS, NECESSIDADE DE ABRIR CAMINHOS E OUTROS)
NA NA NA
DISTRIBUIÇÃO (JAZIDA-FÁBRICA OU JAZIDA OUTRO CENTRO) NA NA NA
DE QUE FORMA É A RENOVAÇÃO DO MATERIAL NA NA NA
VIDA ÚTIL NA NA NA
RESÍDUOS NA NA NA
CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS 
DURANTE A EXTRAÇÃO
NA P P
UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O 
PROCESSAMENTO
NA NA NA
AVALIAÇÃO DO CUSTO DE PROCESSAMENTO E O CUSTO AMBIENTAL NA NA NA
RESÍDUOS NA NA NA
RELAÇÃO ENTRE RESULTADO E INSUMO NA NA NA
REUSO DE ENERGIA RESIDUAL E PRODUTOS SECUNDÁRIOS N N N
TRANSPORTE (DISTÂNCIA DOS LOCAIS DE PROCESSAMENTOS, USO DE 
EQUIPAMENTOS PESADOS, E OUTROS)
NA NA NA
NA NA NA
NA NA NA
NA NA NA
NA NA NA
NA NA NA
NA NA NA
ORGÂNICO NA NA NA
INORGÂNICO NA NA NA
ORGÂNICO NA NA NA
INORGÂNICO NA NA NA
NA P P
NA P P
NA NA NA
NA P P
P P P
P P P
VARIEDADE DE FORNECEDORES N N N
 DISPOSIÇÃO PARA ATUAR JUNTO ÀS QUESTÕES DE MODULAÇÃO P S P
CUMPRIMENTO DOS PRAZOS DE ENTREGA PARA EVITAR ESTOQUES EM CANTEIRO P P P
N N N
P P P
FLEXIBILIDADE DE APLICAÇÃO LIBERDADE PARA REFORMULAR O ESPAÇO INTERNO P S NA
FLEXIBILIDADE DE ADAPTAÇÃO AMBIENTE ACEITA MODIFICAÇÕES SIMPLES P S NA
CONSTRUTIBILIDADE FÁCIL MONTAGEM E COMPONENTES RACIONALIZADOS P P P
ADAPTABILIDADE COMPONENTE POLIVALENTE N N N
NEUTRALIDADE PEÇAS SEM ESPECIFICAÇÃO PREVIAMENTE DEFINIDA N N N
N S S
N S S
P S S
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS
REDUÇÃO DO CUSTO ECONÔMICO
PRODUÇÃO
UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS 
APROVEITAMENTO
GERAÇÃO DE RESÍDUO OU 
POLUENTE
ENERGIA 
CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS 
TRANSPORTE (DISTÂNCIA DOS LOCAIS DE PRODUÇÃO, USO DE EQUIPAMENTOS PESADOS, E 
OUTROS)
RESÍDUOS
DISTRIBUIÇÃO
MATÉRIA -PRIMA
EXTRAÇÃO
PROCESSAMENTO
TRANSPORTE
DIMENSÕES COMPATÍVEIS COM O TRABALHO SEM EQUIPAMENTOS
USO DE EQUIPAMENTOS SIMPLES PARA PEQUENOS TRANSPORTES E MONTAGEM
LEAN SUPPLY 
(GESTÃO DA REDE DE 
SUPRIMENTOS) 
RECURSOS NATURAIS 
- APROVEITAMENTO 
DOS RECURSOS SEM 
DANOS AO MEIO
AR
GRAU DE DEPENDÊNCIA DO SISTEMA CONSTRUTIVO EM RELAÇÃO AO MERCADO FORNECEDOR
GRAU DE INDUSTRIALIZAÇÃO DOS COMPONENTES 
PESO COMPATÍVEL COM O TRABALHO SEM EQUIPAMENTOS
SOL
DURABILIDADE
ÁGUA
SOLO
COMPONENTES
VERSATILIDADE
ERGONOMIA
CARACTERÍSTICAS DO 
MERCADO FORNECEDOR
 
Tabela 5.2a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz 
componentes 
 
Novamente conforme valores apresentados nas Tabelas 5.2 e 5.2a, o Sistema 2 apresentou 
melhor resultado quanto ao aspecto componente. 
 
 
Tabela 5.3- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz produção/execução 
 
 
 
 
S1 S2 S3 S1 S2 S3
N 7 5 5 15,22% 10,87% 10,87%
P 9 10 11 19,57% 21,74% 23,91%
S 0 6 3 0,00% 13,04% 6,52%
NA 30 25 27 65,22% 54,35% 58,70%
MATRIZ COMPONENTES
CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL
 
S1 S2 S3
ORGÂNICO NA NA NA
INORGÂNICO NA NA NA
ORGÂNICO NA NA NA
INORGÂNICO NA NA NA
NA NA NA
P P P
NA P P
P P P
N NA NA
P P P
NA NA NA
N P P
N P P
P P P
TRABALHO REDUZIDO À MONTAGEM N P P
ELIMINAÇÃO DE TEMPOS MORTOS P P P
NA NA NA
P P NA
P P NA
NA NA NA
P P P
P P P
P P P
NA NA NA
P P P
NA P P
P P P
NA NA NA
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS
CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS 
ENERGIA 
GERAÇÃO DE RESÍDUO OU 
POLUENTE
RESÍDUOS
AUTO CONSTRUÇÃO
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS DE ENGENHARIA DE RENOVAÇÃO
UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS 
APROVEITAMENTO DE MÃO-DE-OBRA POUCO ESPECIALIZADA
TECNOLOGIAS
USO DE NOVOS PRODUTOS E PROCESSOS
USO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE GESTÃO
PRESENÇA DE BENCHMARKING
NECESSIDADE DE SUPERVISOR TÉCNICO
FLEXIBILIDADE DAS SAÍDAS
REDUÇÃO DAS ATIVIDADES QUE NÃO AGREGAM VALOR
RAPIDEZ DE MONTAGEM
TRANSPARÊNCIA NA EXECUÇÃO ( TODOS COMPREENDEM TODAS AS ETAPAS)
 ETAPAS SIMPLIFICADAS, ELIMINANDO INTERDEPENDÊNCIA
APROVEITAMENTO
TRANSPORTE (DISTÂNCIA DOS LOCAIS DE PRODUÇÃO, USO DE EQUIPAMENTOS PESADOS, E OUTROS)
ENERGIA UTILIZADA COMPARADA COM OS SISTEMAS TRADICIONAIS
IMPACTO NO MEIO CULTURAL
IMPACTO NO MEIO FÍSICO 
PRODUÇÃO/EXECUÇÃO
LEAN CONSTRUCTION
ELIMINAÇÃO DE PERDAS, QUEBRAS E/OU DEFEITOS
REDUÇÃO DO CUSTO DE 
MÃO-DE-OBRA
INVESTIMENTO EM OPERAÇÕES PADRÃO
ATENDIMENTO DOS DESEJOS DOS CLIENTES 
 
Tabela 5.3a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz 
produção/execução 
 
O Sistema 2 mostrou ter facilidade de execução se comparada aos outros dois sistemas como 
mostrado nas Tabelas 5.3 e 5.3a. 
 
Tabela 5.4- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz produto 
 
 
 
 
 
 
S1 S2 S3 S1 S2 S3
N 4 0 0 14,29% 0,00% 0,00%
P 12 17 15 42,86% 60,71% 53,57%
S 0 0 0 0,00% 0,00% 0,00%
NA 12 11 13 42,86% 39,29% 46,43%
MATRIZ PRODUÇÃO/EXECUÇÃO
CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL
 
S1 S2 S3
NA P P
NA P P
P P P
NA P P
FUNCIONAMENTO E RESISTÊNCIA DAS ARTICULAÇÕES NA NA NA
NECESSIDADE DE TRATAMENTO NA N N
NECESSIDADE DE ACABAMENTO P P P
P P P
SEGURANÇA ESTRUTURAL NA NA NA
SEGURANÇA AO FOGO NA NA NA
SEGURANÇA QUANTO À UTILIZAÇÃO NA NA NA
ESTANQUEIDADE AOS GASES, LÍQUIDOS E SÓLIDOS NA NA NA
CONFORTO HIGROTÉRMICO NA NA NA
CONDIÇÕES INTERNAS DO AR (PUREZA DO AR / LIMITAÇÕES DE 
ODORES)
NA NA NA
CONFORTO VISUAL NA NA NA
CONFORTO ACÚSTICO NA NA NA
CONFORTO TÁTIL NA NA NA
CONFORTO ANTROPODINÂMICO NA NA NA
HIGIENE P P P
ADAPTAÇÃOÀ UTILIZAÇÃO P P P
DURABILIDADE P P P
ECONOMIA P P P
NA NA NA
NA NA NA
NA NA NA
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS
APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS
ATENDIMENTO AOS ANSEIOS DA SOCIEDADE AO LONGO DA VIDA ÚTIL
DESTINO DOS PRODUTOS AO LONGO DA VIDA ÚTIL
ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS
FACILIDADE DE MANUSEIO DE COMPONENTES DA 
EDIFICAÇÃO
ADEQUAÇÃO DO MATERIAL ÀS CONDIÇÕES DE 
EXPOSIÇÃO
EFICIÊNCIA DOS MATERIAIS E COMPONENTES
EXIGÊNCIAS DO USUÁRIO
PRODUTO
DESCONSTRUÇÃO
USO / MANUTENÇÃO
DESTINO DOS RESÍDUOS
GERAÇÃO DE RESÍDUOS
REUSO DOS MATERIAIS
 
Tabela 5.4a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz 
produção/execução 
 
A avaliação da matriz produto apresentou o mesmo percentual para os Sistemas 2 e 3 como 
mostrado nas Tabelas 5.4 e 5.4a. 
Tabela 5.5- Avaliação geral dos sistemas 
A avaliação geral dos sistemas, apresentada na Tabela 5.5 nos mostra que o critério não se 
aplica (NA), refere-se principalmente aos aspectos da produção limpa. Onde nesta análise o 
sistema 2 apresenta, dado ao uso de madeira de reflorestamento maior compatibilidade ambiental 
e assim paralelamente mostra menores aspectos que não são atendidos. Tal resultado se justifica 
em virtude dos aspectos ambientais não serem ainda, devidamente analisados e valorizados por 
grande parte das empresas. 
 
6. CONCLUSÃO: 
A apresentação das matrizes aqui desenvolvidas, procurou discutir resultados quantitativos, 
porém seu principal valor consiste na contribuição para a elaboração de projetos de sistemas 
construtivos mais exeqüíveis, de acordo com princípios básicos fundamentais para todos os 
atores do processo. 
Faz-se necessária a observação sistemática dos fatores referentes à produção limpa e à 
produção enxuta, contemplando em paralelo aspectos fundamentais da produção de modo que 
se obtenha um processo de produção eficiente, porém sustentável, gerando um produto que 
satisfaça as exigências do usuário com valor compatível com a sua vida útil e a preservação do 
meio ambiente. 
Esta maneira de pensar e de agir é de fundamental importância também para a vida das 
empresas, uma vez que possibilita uma redução dos custos ambientais, com a otimização do uso 
dos recursos naturais, e simultaneamente uma redução dos custos da produção, ao tempo em 
que abre espaço para melhorar as questões referentes à disponibilidade de recursos financeiros 
em prol de novos empreendimentos. 
 
 
S1 S2 S3 S1 S2 S3
N 0 1 1 0,00% 4,00% 4,00%
P 7 10 10 28,00% 40,00% 40,00%
S 0 0 0 0,00% 0,00% 0,00%
NA 18 14 14 72,00% 56,00% 56,00%
MATRIZ PRODUTO
CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL
 
S1 S2 S3 S1 S2 S3
N 12 8 6 10,00% 6,67% 5,00%
P 36 44 42 30,00% 36,67% 35,00%
S 8 16 12 6,67% 13,33% 10,00%
NA 64 52 60 53,33% 43,33% 50,00%
CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL
AVALIAÇÃO GERAL
 
7. REFERÊNCIAS: 
ANDERSON, S. D. et al. Integrating Constructability into Process Development: A Process 
Approach. In: Journal of Construction Engineering and Management, v.162 n.2, p.81-88. 
Março/Abril, 2000. 
ANGIOLETTI, R.; GOBIN, C.; WECKSTEIN, M. Sustainable Development Building Design and 
Construction- Twenty-four Criteria Facing the Facts. Artigo CIB 
CIB – International Council for Research and Innovation in Building and Construction. 
Agenda 21 on sustainable construction. Rotterdam, CIB, 1999. (CIB Report Publication 
237). 
JOHN, V. M. Aproveitamento de Resíduos Sólidos como Materiais de Construção. In: 
Reciclagem de Entulho para a Produção de materiais de Construção – Projeto Entulho Bom. 
Salvador, EDUFBA, 2001. 
KOSKELA, L. Application of the New Production Philosophy to Construction. California, 
Stanford University – CIFE, 1992. (Technical report72). 
KOSKELA, L. Lean Construction In: VII Encontro Nacional de tecnologia do Ambiente 
Construído, Florianópolis, 1998. Anais. Florianópolis, NPC/ECV/CTC/UFSC/ANTAC, 1998. p.1-10. 
MCT- Ministério da Ciência e Tecnologia. Necessidade de Ações de Desenvolvimento 
Tecnológico na Produção da Construção Civil e da Construção Habitacional. Documento 
Fórum Construção. Versão Final. 2000. 
SAN MARTIN, A. P.; FORMOSO, C. T. Método de Avaliação de Sistema Construtivo para a 
Habitação de Interesse Social sob o Ponto de Vista da Gestão de Processo de Produção. In: 
VII Encontro Nacional de tecnologia do Ambiente Construído, Florianópolis, 1998. Anais. 
Florianópolis, NPC/ECV/CTC/UFSC/ANTAC,1998. p.19-26. 
ZORDAN,S. E.; HESPANHOL, I. Proposta de Metodologia para Avaliação Ambiental dos 
Processos de reciclagem de resíduos Industriais na Construção Civil. In: II SIBRAGEC - 
Simpósio Brasileiro de Gestão da Qualidade e Organização do Trabalho no Ambiente Construído. 
Fortaleza, 2001. Anais. Fortaleza, ANTAC/UFC, 2001. p.503-515. 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradecemos à Universidade Federal da Bahia e ao CNPq, que através do PIBIC – Programa 
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica apoiou a realização desta pesquisa. 
 
 39
3.4. Terraplenagem para plataformas 
 
 
 Esta será uma aplicação do método das seções transversais na área de terraplenagem. RICARDO; 
CATALANI (1977) definem a terraplenagem ou movimentos de terra, como o conjunto de operações 
necessárias para remover a terra, dos locais em que se encontra em excesso para aqueles em que há falta, 
tendo em vista um determinado projeto a ser executado. Diversos trabalhos de engenharia necessitam da 
utilização da terraplenagem, como a construção de rodovias, aeroportos, fábricas, ou mesmo a construção de 
uma residência. Como esta operação envolve a movimentação de terra, é necessário que conheçamos o 
volume de terra a ser trabalhado. 
 Neste item estaremos abordando uma forma de cálculo do volume de material a ser movimentado 
para a construção de plataformas horizontais e inclinadas. Logicamente que para calcular este volume teremos 
que conhecer previamente o terreno, ou seja, ter um levantamento topográfico do mesmo. Nos exemplos que 
se seguem o terreno foi quadriculado e as cotas dos pontos da malha foram determinadas por um método de 
nivelamento qualquer, cuja precisão deve ser compatível com as necessidades do usuário. O espaçamento 
entre os pontos da malha dependerá das características do terreno. Terrenos acidentados requerem uma malha 
com espaçamento menor. 
 De acordo com BORGES (1994, p.66), o projeto de terraplenagem poderá solicitar da topografia o 
planejamento para uma das quatro hipóteses: 
 
 1 – plano horizontal, sem a imposição de uma cota final 
 2 – plano final horizontal com a imposição de uma cota final 
 3 – plano inclinado sem a imposição da altura em que este plano deva estar. 
 4 – plano inclinado impondo uma determinada altura para o mesmo, através da escolha da cota de 
um determinado ponto. 
 
 Vamos mostrar um exemplo de cálculo. Este exemplo estará baseado nos dados apresentados por 
BORGES (1994 – p.67). Inicialmente é dada uma malha de pontos com as suas respectivas cotas. O 
espaçamento da malha é de 20 m. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 22 – Malha de pontos 
 
 
 
36,3 
36,4 
34,8 
34,9 
33,5 
33,6 
36,6 35,5 34,4 
37,2 36,3 35,8 
30,8 
32,1 
32,9 
33,9 
32,2 
32,3 
33,5 
35,1 
A 
B 
C 
D 
1 2 3 4 5 
 40
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 23 – Vista em perspectiva da malha. 
 
Hipótese 01 
 
 Neste caso a topografia poderá escolher uma altura do plano final. Assim vamos escolher uma altura 
em que o volume de corte seja igual ao volume de aterro, compensando a movimentação de terra. A primeira 
coisa a fazer é determinar a cota de passagem para a malha dada, que pode ser determinada conforme visto 
anteriormente, através do cálculo da média ponderada das cotas da malha. Os cálculos são apresentados a 
seguir. 
 
Ponto Cota Peso Peso x Cota 
A1 36.3 1 36.3 
A2 34.8 2 69.6 
A3 33.5 2 67.0 
A4 32.2 2 64.4 
A5 30.8 1 30.8 
B1 36.4 2 72.8 
B2 34.9 4 139.6 
B3 33.6 4 134.4 
B4 32.3 4 129.2 
B5 32.1 2 64.2 
C1 36.6 2 73.2 
C2 35.5 4 142.0 
C3 34.4 4 137.6 
C4 33.5 4 134.0 
C5 32.92 65.8 
D1 37.2 1 37.2 
D2 36.3 2 72.6 
D3 35.8 2 71.6 
D4 35.1 2 70.2 
D5 33.9 1 33.9 
 Σ 48 1646.4 
 
 
 
 
A1 
A2 
A3 
A4 
A5 
B1 
B2 
B3 
B4 
B5 
C1 
C2 
C3 
C4 
C5 
D1 
D2 
D3 
D4 
D5 
∑
∑ ⋅
=
Pesos
PesoCota
Cp
 41
 
 
 
Cp = 34,3 m 
 
 Então se utilizarmos um plano de referência com cota 34,3 m, o volume de corte será igual ao 
volume de aterro. Passamos então para o cálculo do volume de corte e aterro. Utilizaremos o método das 
seções transversais. Serão trabalhadas as seções A, B, C e D. O primeiro passo é construir o perfil da seção 
que iremos trabalhar. Neste perfil devem constar o perfil do terreno e a indicação do plano final em que o 
terreno ficará após a terraplenagem. Todas as medidas estarão representadas em metros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 24 – Perfil “A” do terreno. 
 
 Teremos então que calcular as áreas de corte e aterro para a seção acima. Por exemplo, para 
calcularmos a área de aterro total para a seção apresentada basta somarmos as áreas do triângulo PMS, 
trapézio MNRS e trapézio NOQR. Não nos esqueçamos que a abertura da malha é de 20 m, ou seja, a 
distância entre os pontos MN é de 20m e assim por diante. Porém teremos que calcular por interpolação a 
distância PM, para podermos calcular a área do triângulo PMS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 25 – Interpolação. 
 
 Se em vinte metros (distância TM) o terreno sobe 1,3 m (desnível SU), em “X” metros (distância 
MP) o terreno sobre 0,8 m (desnível MS). Basta resolver por regra de três. 
 
 
 
48
40,1646
Cp =
Perfil do terreno 
Plano horizontal 
de cota 34,3 m 
34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.3 34.8 33.5 32.2 30.8 
P 
0,8 
2,1 
3,5 
0,5 
2,0 
Cota do 
terreno 
Cota do 
plano 
Diferença entre a 
cota do plano e 
do perfil 
M N O 
Q 
R 
S 
U 
T 
0,8 m 
0,5 m P M 
S 
U 
T 
X 
20 m 
0,8mXm
1,3m20m
→
→
 42
 
 
 
 
 
X = 12,31 m 
 
 A representação final do perfil da seção A é mostrada a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 26 – Perfil seção A. 
 
 Cálculo da área de aterro da seção A ( SAA ): 
 
 
 
 
 
SAA = 89,9240 m
2 
 
 
Cálculo da área de corte da seção A ( SCA ): 
 
 
 
 
SCA = 26,9225 m
2 
 
 
 Para todas as outras seções vamos fazer o mesmo procedimento. Não vamos apresentar os cálculos, 
os quais podem ser facilmente verificados pelos alunos, mas tão somente as seções e os resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3,1
8,020
X
⋅
=
Perfil do terreno 
Plano horizontal 
de cota 34,3 m 
34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.3 34.8 33.5 32.2 30.8 
0,8 
2,1 
0,5 
2,0 P 
3,5 
12,31 7,69 
( ) ( )
2
1,25,320
2
8,01,220
2
8,031,12
SAA
+⋅
+
+⋅
+
⋅
=
( )
2
5,069,7
2
5,00,220
SCA
⋅
+
+⋅
=
 43
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 27 – Perfil seção B. 
 
 
 
Área de aterro da seção B ( SAB ): 
 
SAB = 72,7695 m
2 
 
Área de corte da seção B ( SCB ): 
 
SCB = 29,769 m
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 28 – Perfil seção C. 
 
 
 
Área de aterro da seção C ( SAC ): 
SAC = 29,1120 m
2 
 
Área de corte da seção C ( SCC ): 
SCC = 48,1110 m
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
0,7 
2,0 
0,6 
2,1 
P 
2,2 
10,77 9,23 
34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.4 34.9 33.6 32.3 32.1 
0,1 0,8 
1,2 2,3 P 
1,4 
17,78 2,22 
34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.6 35.5 34.4 33.5 32.9 
 44
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 29 – Perfil seção D. 
 
 
 
Área de aterro da seção D ( SAD ): 
SAD = 1,3340 m
2 
Área de corte da seção D ( SCD ): 
SCD = 112,332 m
2 
 
 Tendo todas as áreas de corte e aterro calculadas podemos então calcular o volume final de corte e 
aterro. Começaremos pelo volume de aterro. O valor de “d” na fórmula é a distância entre duas seções 
consecutivas. 
 
 
 
 
VAterro = 2950,210 m
3 
 
 
 O volume de corte será dado por: 
 
 
 
 
 
Vcorte = 2950,145 m
3 
 
 Como era de se esperar o volume de corte e de aterro foram praticamente iguais. A diferença de 
0,065 m3 encontrada deve-se a questões de arredondamento e na prática seria insignificante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1,5 0,8 
2,0 2,9 
P 
0,4 
6,67 13,33 
34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 37.2 36.3 35.8 35.1 33.9 
 45
A figura seguir representa graficamente o que foi feito. Primeiro tínhamos o terreno natural (figura 30-a). 
Foi então calculada a cota de passagem. Na figura 30-b está representada a curva com valor da cota de 
passagem. Calculamos então um volume de corte (figura 30-c) e um de aterro (figura 30-d) para esta cota. 
Após realizados os trabalhos de terraplenagem o terreno ficaria plano (figura 30-e), estando na cota 34,3m. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 30 – Representação esquemática da hipótese 1. 
 
 
 
 
 
(a) 
(b) 
(c) (d) 
(e) 
 46
 
Hipótese 02 
 
 
 O projeto de terraplenagem define um plano horizontal com uma cota dada qualquer. Os cálculos são 
feitos da mesma forma que no exemplo anterior, somente que agora o plano vai estar numa cota pré 
determinada. Supondo que para o terreno do exemplo anterior o projeto solicite um plano horizontal na cota 
34,0 m. De antemão, em função dos dados do exemplo anterior, podemos calcular a diferença entre o volume 
de corte e aterro para este caso. Temos nosso terreno plano na cota 34,3 m. Se queremos então deixá-lo na 
cota 34,0 m significa que teremos que rebaixar o terreno 0,30m. Como a área do terreno é conhecida (60 x 
80m), podemos então calcular o volume de material que deverá ser retirado. Basta multiplicar a área do 
terreno pela altura de rebaixamento. 
 
Volume = 0.30m . 4800 m2 
 
Volume = 1440 m3 
 
 Então quando fizermos os cálculo para este exemplo veremos que a diferença entre os volumes de 
corte e aterro será de 1440 m3. Fazendo os cálculos encontramos um volume de corte igual a 3730,265 m3 e 
um volume de aterro de 2290,210 m3. A diferença entre os dois é de 1440,055 m3, bem próxima do calculado. 
A figura a seguir ilustra este raciocínio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 31 – Representação esquemática da hipótese 2. 
 
 
 
 
Plano de cota 
34,3 m 
Plano de cota 
34,0 m 
Terreno na cota 
34,0 m 
A = 4800 m2 
V = 1140 m3 
0,30 m 
 47
Hipótese 03 
 
 O projeto solicita um plano inclinado na direção 1-5, com inclinação de 1%, sem determinar a altura 
do plano. Vamos então posicionar o plano inclinado de forma que a altura do mesmo, na linha média do 
terreno, seja igual à altura do plano que foi calculado para a hipótese 01. Desta forma teremos também para o 
plano inclinado, volumes de corte e aterro iguais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 32 – Posicionamento do plano na hipótese 03. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
B 
C 
D 
1 2 3 4 5 
Nesta linha o plano terá 
cota igual à cota de 
passagem calculada para o 
terreno = 34,30m 
inclinação de 1% 
34,30 m 
1 2 3 5 4 
Corte 
Aterro 
 48
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 33 – Representação em perspectiva do plano da hipótese 03. 
 
 Determinada a posição do plano necessitamos calcular as demais cotas dos pontos do plano 
inclinado, para depois podermos desenhar os perfis transversais e calcular as áreas de corte e aterro. O plano 
terá uma inclinação de 1%, ou seja, para cada 100m o terreno “sobe” ou “desce” 1m. Em 20 m (tamanho da 
abertura da malha) o terreno então vai variar a sua cota em 0,20m. Como conhecemos a cota da linha 3 
(34,30m), para calcular a cota das demais linhas basta somar ou diminuir 0,20m, conforme o sentido de 
inclinação do plano. Uma vez que a inclinação se dá no sentido X da malha, todos os pontos localizados na 
linha 1 terão a mesma cota, sendo o mesmo válido para as linhas 2, 3, 4 e 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 34 – Perfil transversal do plano inclinado. 
 
 Calculadas as cotas dos pontos do plano inclinado podemos esquematizar os perfis, conforme visto 
na hipótese 01 e calcular as áreas de corte e aterro. Será apresentado a seguir como realizar a interpolação do 
ponto P (interseção entre o planoinclinado e o terreno). 
 
 
 
 
 
 
A 
1% 
Linha de cota 
34,30m 
1 
D 
C 
B 
2 
3 
4 
5 
34,30 m 
1 2 
34,10 m 
3 
33,90 m 
5 
34,50 m 
34,70 m 
4 
 49
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 35 – Interpolação do ponto P para o plano inclinado. 
 
 Nesta interpolação não podermos obter o valor de x1 e x2 diretamente. Teremos que efetuar os 
cálculos por partes. Iniciaremos determinando o valor de x1. Sabemos que em 100m o terreno sobe 1m, então 
em x1 metros o terreno subirá “hp” metros. Como não conhecemos este valor teremos uma primeira equação 
em função de x1 e hp. 
 
 
 
 
 
 
x1 = hp . 100 (1) 
 
 
 
 Podemos escrever uma outra equação em função de x1. Sabe-se que do ponto S até o ponto U 
(distantes 20m) o terreno sobe 1,3 m, então em x1 metros o terreno subirá 0,8m + hp. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (2) 
 
 
 Agora podemos igualar as equações (1) e (2) e obteremos o valor de hp: 
 
 
 
 
 
 
130.hp = 16 + 20.hp 
 
hp = 0,145454 
hp =0,145 m 
hp1x
1m0m10
→
→
( )
3,1
hp8,020
1x
+⋅
=
hpm8,01x
m3,1m20
+→
→
3,1
hp.2016
1x
+
=
3,1
hp.2016
100.hp
+
=
1,3 m 
0,8 m 
P 
M 
S 
U 
T 
x1 
20 m 
x2 
hp 
0,8 m 
0,5 m 
 50
 
 
 Uma vez obtido o valor de hp, podemos substituí-lo tanto na equação (1) como na (2) para obter o 
valor de x1. O valor de x2 será igual ao valor da abertura da malha (20 m) menos o valor de x1. 
 
x1 = hp.100 
 
x1 = 14,55 m 
 
x2 = 20 – x1 
 
x2 = 5,45 m 
 
 Não vamos detalhar o procedimento de cálculo, o qual pode ser encontrado em BORGES (1994), 
uma vez que segue o mesmo princípio exposto na hipótese 01. A figura seguir representa graficamente o que 
foi feito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 36 – Esquema do plano inclinado de 1%. 
 
 
 
 A hipótese 04 também segue a mesma linha de raciocínio apresentada, somente que agora será 
imposta uma cota de um ponto para o plano inclinado. BORGES (1994) apresenta um exemplo para este caso, 
com uma plano tendo uma inclinação de 2% em uma direção e 1% na outra. 
 Adicionalmente a estas seções poderiam ser introduzidos taludes de corte e aterro. O procedimento 
de cálculo do volume transcorreria da mesma forma, somente que agora teríamos que levar em consideração 
estes elementos. 
 
Plano Inclinado 
de 1% 
Corte 
Aterro 
Linha de interseção entre o 
plano e o terreno. Não tem 
cota constante 
 
 
 
PROPOSTA DE RACIONALIZAÇÃO NA 
CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE 
CASO EM UMA CONSTRUTORA NA 
CIDADE DO NATAL/RN. 
 
Mariana Torres Correia de Mello (CEFET-RN) 
marianatcm@yahoo.com.br 
Israel Sammy Bandeira de Souza (UFRN) 
israelsammy@gmail.com.br 
Dyanna Karla Pinheiro Tavares (SENAI-RN) 
dyanna@rn.senai.br 
Handson Cláudio Dias Pimenta (CEFET-RN) 
handson@cefetrn.br 
Reidson Pereira Gouvinhas (UFRN) 
reidson@ct.ufrn.br 
 
 
 
O presente trabalho explana sobre a racionalização do processo e de 
resíduos na indústria da construção civil. O objetivo geral foi 
desenvolver um estudo de caso em uma construtora na cidade do 
Natal/RN propondo melhorias para ineficiênciass detectadas ao longo 
da análise de um dos vários processos na construção do 
empreendimento. O estudo foi baseado no método de racionalização do 
tipo R1, proposto por Gehrbauer (2004), visando a redução dos custos 
no fluxo de material, na minimização das distâncias de transporte, na 
otimização das máquinas empregadas e na melhoria do fluxo de 
informações e da capacitação das pessoas envolvidas. Para tanto, foi 
considerados fatores como a qualidade e o tempo que colocado 
efetivamente no processo da produção e do canteiro de obras. A etapa 
selecionada foi a produção de argamassa para reboco interno e 
externo. Para melhores análises, foram efetuados medições e o 
preenchimento de formulários para demonstrar resultados no 
diagrama de balanço de equipes. O desenvolvimento do estudo contou 
com total contribuição dos funcionários, desde o diretor até o 
betoneiro e seus auxiliares. Constatou-se uma demora demasiada na 
entrega da argamassa aos pavimentos fazendo com que o “lead time” 
de produção dos traços de argamassa enfrentasse pontos de estoque 
longos, fato que prejudica a qualidade do produto e o ritmo de 
trabalho nos pavimentos. Porém, propostas de racionalização 
estudadas levariam a uma redução de 28% o “lead time” atual. 
 
Palavras-chaves: Ecoeficiência, Racionalização de Processos, 
Desenvolvimento Sstentável 
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. 
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 
 
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. 
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 
 
 
 
 
 
 
 
2
Seção 1.01 
1. Introdução 
Em tempos não muito distantes, viam-se os recursos naturais, a sociedade e a economia 
separadamente. Essa idéia hoje vem se modificando. Percebe-se que para gerir uma sociedade 
torna-se necessária a economia e para dinamizar esta, os recursos naturais são fundamentais, 
já que são eles que fornecem subsídios – matéria prima – para se produzir os bens de 
consumo. 
Nesse contexto, o termo Ecoeficiência surgiu e se consolidou a partir da publicação do Livro 
Changing Course da World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), em 
1991. Este livro apontou que embora a indústria contribua para a degradação ambiental ela faz 
parte igualmente da solução. Enfatiza também que uma indústria acoplando melhorias 
econômicas e ambientais podem se tornar sustentáveis (CÔTÉ, BOOTH; LUISE, 2006). 
Segundo WBCSD (2000), a Ecoeficiência é entendida como a entrega competitiva de bens e 
serviços que satisfaz as necessidades humanas e traz qualidade de vida, quando 
progressivamente reduz os impactos ambientais e a intensidade do uso de recursos ao longo 
de todo ciclo de vida, respeitando a capacidade de suporte. Para Glavic e Lukman (2007) a 
ecoeficiência significa produzir mais com menos. 
Vale destacar também a real necessidade de intervenções frente ao setor da construção civil, 
devido aos seus impactos ambientais e riscos aos trabalhadores envolvidos. Assim, uma 
ferramenta que vem de encontro a esta demanda é a R1 – Racionalização de Processos 
Construtivos que busca esforços de racionalização que colocam o processo da produção e o 
canteiro de obras no centro das atenções, considerando os fatores qualidade e tempo através 
de ações sobre o fluxo de material, percurso, estoques e otimização de mão-de-obra e 
equipamentos. 
Diante dessa conjuntura, o presente estudo visa implementar a metodologia R1 em uma 
construtora da cidade do Natal/RN, mais precisamente, um estudo da etapa da produção de 
argamassa para reboco interno e externo efetuando as medições necessárias para se propor 
melhorias a serem implantadas visando à racionalização de resíduos. 
2. Construção sustentável e insustentável 
A idéia de construção sustentável surgiu em meados do século XX depois da crise do 
petróleo. Com isso seu preço subiu exacerbadamente fazendo com que se repensassem acerca 
do processo da época, daí surgiam novos modelos e novas ferramentas na gestão da produção. 
Na indústria da construção civil não foi diferente, ocorreram mudanças não só no processo, 
mas também na mentalidade, a idéia da geração de poucos impactos surgiu, por conseguinte o 
termo “construção sustentável” (IDHEA, 2008). 
Quando se fala em sustentabilidade, fala-se em produzir de maneira a minimizar os possíveis 
impactos que ocorram no meio ambiente. A construção sustentável não é diferente, é se 
construir evitando desperdícios que prejudiquem a natureza, em outras palavras, ter respeito e 
compromisso com o meio ambiente, evitar gastos energéticos, a má disposição dos resíduos 
gerados, clandestinidade em seu destino final, alto consumo de recursos naturais,a 
ineficiência dos mesmos, o descumprimento das legislações vigentes ao setor, ou seja, atender 
a demanda habitacional da cidade sem agredir ao meio ambiente (IDHEA, 2008). 
 
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. 
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 
 
 
 
 
 
 
 
3
Já uma construção insustentável, é o paradoxo da construção sustentável, o desmoronamento 
do dito conceito de construção sustentável. É trabalhar no setor da construção civil sem quase, 
ou nenhuma, preocupação com a sustentabilidade do processo produtivo até o produto final. É 
fazer com que a obra não esteja em adequação as leis vigentes, é a mesma, trabalhar em 
fatores informais. 
3. Ferramentas de Gestão Ambiental 
Como dito anteriormente, as empresas devem se adequar às exigências ambientais impostas 
atualmente, para essa adequação, um sistema de gestão ambiental (SGA) pode ser adotado na 
empresa, ele é a maneira que ela tem de conseguir uma qualidade ambiental almejada 
atingindo uma meta com o menor custo. 
O SGA age corretivamente nos devidos impactos que esteja ocorrendo ao meio ambiente, trás 
medidas preventivas e viáveis econômica e ambiental para a empresa e, principalmente para 
sua imagem. Pode-se citar como instrumentos utilizados: educação ambiental; monitoramento 
ambiental; responsabilidade sócio-ambiental; minimização de resíduos e reciclagem; auditoria 
ambiental; análise de riscos; leis, normas e regulamentos, dentre outros. Destaca-se a 
minimização de resíduos no qual dispõe de ferramenta, a produção mais limpa (P+L), e dentro 
da abrangência desta, dispõe-se da racionalização de resíduos. Uma outra ferramenta é a R1 
que otimiza fluxos de materiais e também reduz impactos ambientais. 
3.1 Produção mais Limpa 
Uma das questões mais levantadas hoje em dia é a ambiental, fala-se de todos os problemas 
que possam vir a levar a um efeito maléfico que prejudique a natureza em si, mais o debate 
que deve ser levantado é: Por que destruir o meio ambiente se, é ele quem me fornece a 
matéria prima necessária à minha produção? 
Para isso, o empresário, no caso construtor, paga por esse subsídio para que possa agregar 
valor e, por conseguinte, renda. Mas, será que já se parou para pensar que na medida em que a 
demanda por esses recursos naturais cresce numa velocidade maior que a capacidade de auto-
regeneração do planeta, tem se caracterizado um desequilíbrio? Outra questão também 
solicitada é: como diminuir esse desequilíbrio? 
Integra-se aí o conceito de ecoeficiência que, de acordo com o WBCSD, a ecoeficiência é 
obtida pela "entrega de bens e serviços com preços competitivos que satisfazem as 
necessidades humanas e trazem qualidade de vida, progressivamente reduzindo impactos 
ambientais dos bens e serviços através de todo o ciclo de vida para um nível, no mínimo, em 
linha com a capacidade estimada da Terra em suportar" (WBCSD, 2000). Este conceito 
descreve uma visão para a produção de bens e serviços que possuam valor econômico 
enquanto reduzem os impactos ecológicos da produção. Em outras palavras, "ecoeficiência 
significa produzir mais com menos". 
E é nesse contexto que a produção mais limpa (P+L) aparece como uma ferramenta 
interligada com os conceitos da ecoeficiência. 
Inicialmente, o processo produtivo será o ponto chave para se abordar, conhecê-lo é 
identificar ineficiências para posteriormente trazer propostas de melhoria que aumentem a 
produtividade, o lucro e a redução de custos, além de propiciar uma melhor imagem da 
empresa. 
 
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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. 
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 
 
 
 
 
 
 
 
4
Em linhas muito superficiais, a metodologia da P+L para obter sucesso é estabelecida pelo 
comprometimento com o programa, para isto, uma visita técnica terá que ser feita 
apresentando suas vantagens, logo após, conscientização das dificuldades que serão 
encontradas deve ser executado, para formar o ecotime - um grupo de trabalho formado por 
profissionais da empresa que tem por objetivo conduzir o programa de Produção mais Limpa 
(CNTL 2005). Logo após, o conhecimento do processo produtivo é de fundamental 
importância, assim, a identificação das opções de P+L será feita e junto a elas, a causa da 
geração dos resíduos, as soluções mais viáveis aparecerão para serem implantadas e 
posteriormente monitoradas. Deve-se levar em consideração que, análises de riscos, medições 
e viabilidade da implantação das soluções devem ser feitas, uma das características 
primordiais do P+L é o estudo e, por conseguinte, análise da empresa, desde seu processo 
produtivo, até a logística da empresa e seu financeiro (OLIVEIRA, 2006). 
3.2 Racionalização 
Mesmo sem conceito consensual, pode-se dizer que, a racionalização na construção civil. 
Segundo Gehbauer (2004), é analisar metodicamente as estruturas e processos existentes, com 
a finalidade de descobrir pontos fracos, como exemplo, tempos de espera desnecessários, 
falhas na preparação e transmissão de informações, estoques intermediários evitáveis e 
percursos de transporte demasiadamente longos, depois, é perceber as possibilidades de 
melhoria, analisá-las e introduzi-las para assim testa-las e serem aceitas pelos envolvidos. A 
melhoria no sistema é a principal evolução da racionalização implantada. 
No contexto de limitações de recursos, aumento destes e a concorrência, é que, para um 
empreendimento ter sucesso é necessário usar como fonte de sobrevivência o raciocínio, e 
utilizar fatores simples dentro da empresa como estratégias marcantes para o sucesso. Para 
isso, é-se necessário o máximo de racionalidade na realização de projetos ou das atividades 
produtivas, com o menor dispêndio de trabalho visando os custos mais favoráveis possíveis, 
com a mais alta taxa de produtividade e um máximo de segurança no ambiente de trabalho. A 
união do planejamento, aquisição, administração, marketing e postura orientada ao cliente é o 
caminho para o sucesso almejado (GEHBAUER, 2004). 
Em linhas básicas, a racionalização possui três passos, sendo eles a verificação dos pontos 
falhos da empresa, análise da possibilidade de melhorias e, por fim, implantação destas, e 
cada um desses passos têm métodos de se trabalhar. E na indústria da construção civil, a 
racionalização é um dos fatores preponderantes para o sucesso no ramo, por ser altamente 
visada pela quantidade de resíduos sólidos produzidos e pela imagem de agressora ao meio 
ambiente. 
Para uma melhor eficácia do sistema, são estabelecidos três tipos de racionalização, a do tipo 
1, tipo 2 e tipo 3. A do tipo 1 é a racionalização que visa a redução dos custos no fluxo de 
material, na minimização das distâncias de transporte, na otimização das máquinas 
empregadas e na melhoria do fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas 
levando como fatores, a qualidade e o tempo que colocam efetivamente o processo da 
produção e do canteiro de obras no centro das atenções. A do tipo 2 são estudos na área da 
gerência da empresa em que as ineficiências são mais transparentes e o seu tratamento exige 
um procedimento mais complexo. A do tipo 3 são as limitações inerentes à indústria da 
construção civil de influenciar os fornecedores da cadeia produtiva para que cooperem na 
perspectiva de uma otimização do produto, nesse caso, pode ser inserido, os arquitetos e 
projetistas (GEHBAUER, 2004). Neste estudo de caso, será visado a aplicação da 
 
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racionalização do tipo 1, pela atenção maior a etapa da betonagem e a dinâmica no canteiro de 
obras. 
4. Metodologia 
Para desenvolver o estudo de caso foi necessário analisartoda a obra e seus processos 
separadamente para poder dar o passo inicial da racionalização. Sendo realizadas análises 
macro dos processos de construção do empreendimento, determinou-se a produção de 
argamassa para reboco como foco por este processo apresentar gargalos durante a sua 
realização, comprometendo atividades posteriores. Assim, vários ciclos foram realizados a 
fim de detectar possíveis problemáticas. Baseado em GEHBAUER (2004), o procedimento 
geral que foi adotado foi o seguinte: observar, medir, registrar, pensar e corrigir. 
Num período de duas semanas de observações de ciclos foram efetuadas 4 (quatro) coletas e 
medições, e neles vídeos foram feitos para melhor observar sucessivamente cada traço 
executado. Logo em seguida o canteiro foi analisado e medições de distâncias foram 
realizadas dos insumos necessários à produção de argamassas para reboco interno e externo, 
além da duração do lead time médio de produção de cada traço de argamassa requisitada e os 
tempos de espera. 
Com as medidas em mãos, passou-se ao preenchimento de formulários: a ficha de atividades 
individuais, diagrama de barras e o diagrama de processo. A ficha de atividades individuais 
registra a cronologia da atividade que cada operário faz para um ciclo da produção de 
argamassa seguido do tempo gasto para cada atividade, também registra o tempo que a 
máquina opera. O diagrama de barras proporciona uma melhor visualização da ficha de 
atividades individuais. O diagrama de processo auxilia na análise do processo de trabalho, é o 
registro de atividades de operação, transporte e espera, representados por símbolos. 
Buscou-se no desenvolvimento deste trabalho a análise da produção de argamassa para 
apresentar apenas soluções para os problemas detectados, pois o foco foi determinar 
justamente essas dificuldades que interferem na produção e por conseqüência na eficiência da 
empresa, trazendo soluções cabíveis. Acredita-se que situações simples resolvidas provocam 
uma grande diferença que auxilia a empresa a obter o pleno sucesso. 
5. Discussão e propostas – Estudo de Caso 
5.1 Descrição geral da empresa e do empreendimento 
A empresa em estudo classifica-se como médio porte e possui 07 (sete) obras em construção, 
sendo sua principal operacionalização a construção de edifícios residenciais na capital. A 
construtora é constituída por nível Direção, Corpo Técnico e Setor Operacional como um 
todo. 
O empreendimento analisado possui as seguintes características: Apto tipo com 94,34m² de 
área privativa, 02 apartamentos por andar, 02 vagas de garagem por apartamento, hall de 
serviço, estar/jantar, banheiro social, cozinha, 03 quartos sendo 01 suíte com closet, 
escritório/quarto reversível, varanda, área de serviço, wc empregada. 
5.2 Descrição geral da etapa da betonagem e produção de argamassa para reboco 
interno e externo 
5.2.1 Dinâmica do canteiro 
 
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Primeiramente, para qualquer empresário, seja do ramo da construção civil ou não, os custos 
são, talvez, um dos fatores mais importantes levantados em questão. Para isso, a falta de 
planejamento adequado a qualquer obra, significa perda de lucros. Especificando mais a 
questão que será abordada, um mau planejamento num canteiro de obras possibilita geração 
futura de problemas. 
A dinâmica básica que deve ser adotada num canteiro de obras é a facilitação da produção, é a 
execução do trabalho de forma contínua. De acordo com GEHBAUER (2002), o objetivo 
principal de um canteiro de obras é a minimização dos percursos dos transportes mais 
volumosos e freqüentes dentro do canteiro. 
As instalações do canteiro dependem principalmente de fatores como: condições locais da 
obra, tipo e tamanho da obra, métodos de produção, técnicas de transporte, tempo de 
construção e planejamento da execução da obra e os recursos operacionais disponíveis, em 
linhas mais precisas, são as possibilidades de abastecimento, área disponível, possibilidades 
de acesso, volume total e tipos de insumos, produção em seqüência, dimensões e pesos dos 
materiais a serem transportados, distribuição no tempo dos transportes maiores e número de 
trabalhadores, máquinas e equipamentos (GERBAUER, 2002). 
5.2.2 Descrição do layout do canteiro de obras e posição dos materiais básicos 
A figura 1 mostra na planta na baixa do layout do canteiro no empreendimento. Neste, estão 
posicionados a betoneira e os insumos utilizados para fabricação do reboco interno e externo, 
além dos tubos, barrote, linha, madeirite, escoras metálicas, dentre outros, e ao lado se 
encontra o almoxarifado, ou seja, o local ideal para armazenamento dos materiais na obra. As 
distâncias são mostradas na figura abaixo: 
 
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Figura 1 – Layout do Canteiro de obras 
Fonte: Autores 
O posicionamento dos materiais utilizados na produção de argamassa estão acessíveis ao 
betoneiro e sua equipe. A brita, a areia fina e grossa, o cimento, o aditivo de cal, o 
impermeabilizante de argamassa, a água, a peneira, as padiolas, os carrinhos de mão e a 
betoneira estão posicionadas em locais estratégicos que facilitam a produção de argamassa 
para reboco interno e externo. 
 
5.2.3 Descrição da betonagem no empreendimento para produção de reboco interno e 
externo 
Cada pavimento do empreendimento tem uma equipe de pedreiros e serventes. O fluxo de 
informações de solicitação de argamassa (para reboco interno e/ou externo) é dado da 
seguinte forma: antes do início da jornada efetiva de trabalhos do dia, cada pedreiro 
responsável pelo seu pavimento solicita a quantidade de argamassa necessária ao betoneiro 
chefe. Da mesma forma acontece quando há necessidade de mais argamassa para ser utilizado 
no pavimento do pedreiro, porém é o servente quem solicita pessoalmente indo até o local da 
produção de argamassa, ou em momento oportuno quando cruza com algum colaborador da 
produção da argamassa, ou mesmo pede para alguém que passar pelo canteiro e fazer a 
solicitação. 
 
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No processo da produção de argamassa, o betoneiro possui dois auxiliares que o ajudam com 
serviços do tipo: transportar insumos para produção, peneirar a areia e retirar os pedregulhos 
da peneira (a areia fornecida não vem peneirada), varrer o chão ao redor da betoneira, encher 
padiolas de areia, transporte de argamassa até o guincho, etc. 
Na situação encontrada, os materiais básicos estavam estocados próximo do local da produção 
de argamassa, como demonstrado no layout do canteiro, sendo o mais inconveniente o pessoal 
desta estar de um lado da betoneira para colocar o cimento, areia, água, aditivo de cal (reboco 
interno) ou impermeabilizante para argamassa (reboco externo) e ter que passar para o outro 
lado para encher as padiolas de areia e carregar a betoneira. A produção de argamassa é dada 
início pelo menos 30 minutos mais cedo que o início efetivo da jornada de trabalho. Com isso, 
a grande quantidade de argamassa produzida na betoneira era também armazenada em seu 
interior ou descarregada a argamassa no chão, porque a quantidade de carrinhos de mão não 
era suficiente para o transporte total da betonada. Esse fato pode ser explicado não só pela alta 
demanda inicial de argamassa, mas também pela alta taxa de espera no guincho. A argamassa, 
depois de carregada da betoneira para os carrinhos de mão, (transportado para o guincho para 
ser levado ao pavimento onde se realizava o trabalho de reboco), era descarregadono andar 
pelo próprio servente do pavimento no chão, próximo de onde estavam sendo realizados os 
trabalhos no pavimento. Na maioria das observações, os serventes estavam em plena 
atividade, e não percebiam a chegada do guincho em seu andar. Além da capacidade limitada 
de carregamento do guincho, a demora no descarregamento contribui mais ainda para o tempo 
de espera pelo guincho. 
As medidas utilizadas para a fabricação do concreto na obra são fornecidas pelo projetista, e 
são elas as seguintes: 
 
 
 
 
 
Tabela 1 - Instrumentos de dosagem 
 
Material Quantidade/traço Unidade Material Quantidade/traço Unidade 
Areia 7 padiolas = 238 l Areia 5 padiolas = 136 l 
Cimento 50 kg Cimento 50 kg 
Aditivo de 
cal 
200 ml 
 
Impermeabilizante de 
argamassa 
1 kg 
Água 36 l Água 36 l 
Tabela 2 - Produção do reboco interno Tabela 3 - Produção do reboco externo 
Porém, as observações in loco das quantidades de insumos adicionados na betoneira para a 
fabricação do traço não seguiram a precisão do projetista, o que mostra uma ineficiência em 
medições mais exatas. Em outras palavras, as medidas são feitas através da experiência do 
betoneiro, como conseqüência, nem todas as massas serão exatamente iguais, o “ponto” dado 
Material Instrumento 
Areia Padiola de 34l (35x45x22 cm) 
Cimento saco de 50 kg 
Aditivo de cal recipiente de 300 ml 
Impermeabilizante de 
argamassa 
1 pacote de 1 kg 
Água balde de 10l 
 
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ao traço pode variar fazendo com que insumos se percam e materiais extras sejam 
desperdiçados deliberadamente. 
5.3 Qualificação e quantificação das medições 
5.3.1 Fluxograma do processo 
5.3.1.1 Reboco interno 
 
 
Figura 2 – Fluxograma do reboco interno 
5.3.1.2 Reboco externo 
 
 
 
Figura 3 – Fluxograma reboco externo 
5.3.2 Coleta de dados e análises das medições 
Como considerações iniciais serão definidas os objetos de apresentação dos dados coletados, 
porém somente será demonstrado o diagrama de balanço de equipes. 
O diagrama de balanço de equipes ou diagrama de barras consiste num diagrama representado 
por barras verticais, estas são subdivididas em blocos de tempo que correspondem às 
respectivas atividades ou “não-atividades” dos componentes observados e medidos. Os blocos 
podem ser denominados e representados pelo analista conforme o que foi observado. Por 
exemplo: “carregar a betoneira”, “espera”, “realizar trabalhos de limpeza”, “transportar o 
material da betoneira até o guincho”, etc (GERBAUER, 2002). 
O diagrama de processo é outro instrumento que nos auxiliou na análise de processos de 
trabalho. As diferentes etapas de trabalho são listadas segundo a seqüência cronológica do 
fluxo de materiais e identificadas por símbolos, é indicado a trabalhar com cinco atividades 
principais: operação, transporte, inspeção, esperas e estocagem. Estes símbolos são utilizados 
para representar o fluxo de material a ser preparado e processado ao longo da cadeia de 
trabalho. O ponto central deste registro é o fluxo de materiais. É importante entender a 
diferença entre metros de transporte e homens-metro e máquinas-metro e aplicar estes 
conceitos de forma conseqüente. Os metros de transporte representam as distâncias 
percorridas por uma unidade de material entre um lugar e outro. Homens-metro e máquinas-
metro representam as distâncias que uma pessoa ou máquina percorre ao transportar o 
material (GERBAUER, 2002). 
A partir das duas semanas de medições da etapa da produção de argamassa para reboco 
interno e externo, foi possível estruturar as atividades dos colaboradores envolvidos. São 
apresentados os tempos médios de trabalho observados na etapa e descrição das principais 
atividades. O operário 1 é o betoneiro chefe, responsável pela recepção do pedidos, das 
medições de insumos do processo para fabricação da argamassa e coordenação das atividades. 
Os operários 2 e 3 são os auxiliares, e estão encarregados de transportar matéria prima para a 
betoneira e transportar a argamassa pronta para o guincho, entre outras competências. 
Água 
Aditivo 
de cal Cimento 
Areia Água 
Água Impermea-
bilizante Cimento Areia 
Água 
 
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O layout do canteiro revela que os materiais de insumos para a fabricação de reboco interno 
e/ou externo são de fácil e rápido acesso. Isso pode ser mais bem observado com a elaboração 
de um diagrama de fluxo. A seguir, na figura 4, é mostrado o registro dos tempos parciais dos 
componentes da situação encontrada. Os tempos de espera dentro do processo de fabricação 
de argamassa estão em faixa considerada normal. Procurou-se estender os dados do diagrama 
desde o processo de produção de argamassa em si, até o transporte para o elevador, por ser 
este o fator limitante observado empiricamente pelos próprios funcionários do canteiro e, 
agora, pelas medições e na apresentação das tabelas. 
 14 
13,5 
13 
12,5 
 
 
 
 
12 
11,5 
11 
10,5 
 
 
 
 
10 
9,5 
9 
8,5 
 
 
 
 
8 
7,5 
7 
6,5 
 
 
 
 
6 
5,5 
5 
4,5 
 
 
 
 
4 
3,5 
3 
2,5 
 
 
 
 
2 
1,5 
1 
0,5 
 
 
 
 
Tempo 
(min) 
Op.1 Op.2 Op.3 Op.4 Betonei
ra 
 
Operários e máquinas observados 
Legenda: 
 Coloca água aditivo de cal (reboco 
interno) / impermeabilizante (reboco 
externo) 
 Limpeza Transporta CM para 
guincho 
 Por cimento Despejar traço nos carros de 
mão 
 Encher padiolas 
(arenoso) 
 Descarregar areia na betoneira Espera do guincho Outras atividades 
 Dosar água Carrega guincho Operando 
 
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Figura 4 – Diagrama de balanço de equipes 
Na coluna referente ao diagrama do operário 1, a cor que reapresenta “Outras Atividades” na 
legenda, poderia estar preenchido com a cor que representa “Espera do guincho”. Porém, 
levou-se em consideração o fato de somente os operários 2 e 3 serem os responsáveis por 
carregar e descarregar os carrinhos no guincho. 
A espera do guincho é um fator determinante no lead time (tempo de processamento mais 
tempo de entrega da argamassa ao pavimento solicitante) do processo. Neste caso, a 
problemática não está na operação da produção de argamassa propriamente dita, é bem claro 
que a espera pelo guincho e sua demora no descarregamento são longas, o que prejudica a 
produção e a agilidade no andamento da obra. 
Ou seja, o tempo de espera no processamento da argamassa está na faixa normal de 
processamento, porém o tempo de entrega da argamassa para o pavimento preenche uma faixa 
de tempo maior. Além disso, mesmo sendo o processo de fabricação da argamassa para 
reboco com pouco tempo de espera, onde todos os colaboradores estão praticamente 
ocupados, esse não é necessariamente um processo eficiente e racionalizado. 
Analisando-se o layout do canteiro, percebe-se que o percurso da betoneira onde sai a 
argamassa pronta até o guincho que levará aos pavimentos, é consideravelmente longa. O 
agravante é que a capacidade do guincho suporta em seu espaço físico apenas dois carrinhos-
de-mão e cada traço da betoneira é suficiente para encher quatro desses. Ou seja, para cada 
traço é necessário a realização de duas viagens para escoar todo o traço para o(s) pavimento(s) 
solicitante(s).Sendo o tempo de espera dos carrinhos para a carga no guincho maior o 
suficiente para que haja tempo suficiente para a fabricação de outro traço, acontecerá da 
betoneira ter material estocado em seu interior ou mesmo teria de despejar no chão, pois ainda 
há uma espera pela volta dos carrinhos de mão. 
Por não ser permitido o transporte humano no guincho com a presença de materiais (NR 11) 
para descarregar a argamassa no pavimento-destino, a demora na espera do guincho se dá 
também pelo fato de nem sempre ter alguém no pavimento de destino esperando para a 
recepção do guincho. 
Reiterando, esse processo foi analisado somente o ciclo completo para a fabricação de um 
traço (tempo de processamento mais tempo de entrega da argamassa ao pavimento 
solicitante). As análises dos diagramas possibilitam tirar as seguintes conclusões: 
a) Sendo um ciclo único completo em média de 14 minutos e o tempo intrínseco de 
processamento completo de insumos na betoneira para fabricação da argamassa de 6 minutos, 
pode-se fazer uma projeção para um ciclo contínuo (fabricação de traços de argamassa 
seguidamente), e conclui-se que haverá estoque de argamassa ou na própria betoneira, 
aguardando o carregamento nos carrinhos de mão ou mesmo estoque no chão, próximo a 
betoneira no caso em que se queira dar continuidade ao processo da produção sem que tenha 
sido feita a carga do carrinho de mão; 
b) Há necessidade de utilização de equipamento de transporte de argamassa para reboco com 
capacidade suficiente para ocupar exatamente o espaço físico do guincho com uma betonada; 
 
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c) Com relação ao local do canteiro, pela topografia do terreno, não há possibilidade de 
aproximá-lo do guincho, pois os materiais como areia cimento e não disponibilizariam de 
espaço físico para estocagem. 
d) O fluxo de informações no canteiro para a solicitação de argamassa e o descarregamento no 
local de uso, dificulta a eficiência do processo. 
 
5.4 Propostas de melhoria 
Como propostas de melhoria visando à racionalização do processo, têm-se: 
a) O processo de planejamento e controle de produção para ajudar a racionalizar o número de 
atividades do processo que não agregam valor, ou seja, aquelas atividades que consomem 
tempo, recursos e espaço e não somam para o andamento e agilidade do processo, como as 
identificadas; 
b) Realizar um estudo de local do canteiro de obras com arranjo físico que facilite o processo 
de fabricação de argamassa e a distribuição para os pavimentos; 
c) Melhor adequação dos materiais de medição e exposição de procedimento operacional 
padrão para a elaboração da argamassa (seja para reboco interno como para externo), a fim de 
diminuir a variabilidade da qualidade da argamassa, tanto por questão de segurança como de 
racionalização de materiais pelo não desperdício. 
d) Considere o seguinte fato: a solicitação de argamassa pelos pavimentos se deu na maioria 
das observações o mínimo de meio traço e o máximo de um, e que os equipamentos para 
transporte usados eram carrinhos de mão (relação traço-carro de mão foi de 1:4). Propõe-se a 
utilização de “giricas” para o transporte de argamassa para os pavimentos, tendo em vista a 
relação “traço-girica” ser de 1:2. Isso acarretará em uma redução lead time (mais 
especificamente no tempo de transporte para os pavimentos) da média de 14 minutos para 
uma média de 10 minutos (deduzido o tempo de mais um carregamento e transporte de 
argamassa para o pavimento), ou seja, diminuição em aproximadamente 28 % do lead time 
atuais. 
e) O servente descarregar a argamassa transportada pelo guincho no rol do pavimento com o 
intuito de disponibilizar mais rapidamente possível, o guincho. 
f) O terceiro operário ser um real facilitador das atividades do betoneiro, realizado a 
movimentação para próximo da betoneira os insumos a serem utilizados pouco antes do 
instante da utilização e, além disso, nos tempos de folga, realizar o peneiramento para 
granulação de areia fina (considerando o fato de a areia chegar até a obra, ainda não estar 
pronta para o uso). 
g) A demora para o descarregamento dos carrinhos de mão no pavimento poderia ser 
resolvida mudando-se o canal de fluxo de informações: sistema de rádios transmissores para 
comunicação entre o betoneiro e os pedreiros de cada pavimento; sinal sonoro do elevador 
para informar a chegada do guincho ao pavimento. Essas seriam soluções racionais, que 
diminuiriam o tempo de descarregamento e distribuição da argamassa aos setores. 
h) Treinamento com o pessoal envolvido em todo processo para esclarecimentos de perdas de 
tempo em movimentos ou ações improdutivas. 
 
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i) Com relação ao tempo de atividade ao processo da produção de argamassa, sugere-se a 
aproximação dos instrumentos de dosagens do aditivo de cal e utilização de equipamentos 
com maior precisão nas atividades. 
6. Considerações finais 
O presente trabalho realizou um estudo de caso na etapa de fabricação de argamassa para 
reboco interno e externo de um empreendimento da cidade do Natal/RN propondo a 
racionalização do tipo R1. 
Ao longo do estudo do processo de produção de argamassa, foram detectadas longas demoras 
no transporte final da argamassa pronta para os pavimentos, seja de reboco interno ou externo, 
e o objetivo foi desenvolver propostas de melhoria para solucionar a problemática. Neste 
ponto, vale salientar a diminuição do lead time médio para distribuição aos pavimentos de 14 
minutos para cerca de 10 minutos, caracterizando uma notável redução de 28%, que 
possibilita um prontidão no uso da argamassa e o amento na produtividade e eficiência no 
serviço executado. 
Desta forma, o trabalho visou propostas de melhorias diante da análise da etapa selecionada 
baseando-se em GEHBAUER (2002), fazendo uso das suas tabelas e gráficos de diagrama de 
balanço, preenchidos baseando-se em dados colhidos ao longo de duas semanas de análises 
dos ciclos de produção, no qual cada um fabricava cerca de 1 traço de argamassa. 
O estudo realizado na construtora teve total apoio da direção e dos colaboradores envolvidos 
na fabricação de argamassa para reboco. Seguindo os passos iniciais da produção mais limpa, 
o ecotime foi formado no qual se incluíam o diretor, engenheiro, arquiteto, mestre e contra-
mestre, um consultor ambiental e, por fim, os estagiários. 
Uma seqüência de propostas de melhorias foi elaborada para que a implantação fosse o 
próximo passo do trabalho na construtora. Espera-se dedicação substancial por parte do 
ecotime e do corpo geral de funcionários na empresa, com a internalização destes acerca da 
preocupação ambiental que se deve ter, pois, deveras, é essencial para que todos possam 
juntos desfrutar de um mundo melhor. 
Portanto, o presente estudo buscou apresentar oportunidades que viabilizasse um 
fortalecimento do setor da construção civil no Estado do Rio Grande do Norte, em busca da 
sustentabilidade e competitividade através de métodos racionalizados. 
Referências 
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Tecnologias Limpas. CNTL. Rio Grande do Sul: SENAI, 2006. 
WBCSD. Eco-efficiency: creating more value with less impact. Geneva, Switzerland: World Business Council 
for Sustainable Development; 2000. 
 
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 1, p. 1-14, 2011 
 
Método de racionalização no canteiro de obras: um 
estudo de caso na indústria da construção civil da 
cidade do Natal/RN 
 
Rationalization method on construction site: a case study in 
the construction industry from Natal/RN 
 
 
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) 
israelsammy@gmail.com; marianatcm@yahoo.com.br; handson@cefetrn.br 
Israel Sammy Bandeira Souza1 
Mariana Torres Correia de Mello1 
Handson Cláudio Dias Pimenta1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Em tempos não muito distantes, viam-se os recursos naturais, a sociedade e a economia separadamente, 
sabendo que para gerir uma sociedade, a economia é necessária, levando como fator de dinamização da 
mesma, os recursos naturais, sendo estes, matéria-prima necessária para produção dos bens de consumo, 
subsidiando assim, a potencialidade econômica do mercado e o giro de capital. Essa concepção acaba 
relevando a preocupação que todos os setores devem ter com o meio ambiente, integralizando-se a ele. 
Como responsável pela mobilização de capital, as atividades produtivas não poderiam se separar das 
causas ambientais, principalmente o setor da construção civil que é considerado um dos maiores 
RESUMO: O presente trabalho explana sobre a tecnologia ambiental da racionalização do processo 
na indústria da construção civil, com o objetivo de realizar um estudo de caso para a implantação 
do método de racionalização no canteiro de obras do tipo R1 proposto por Gehbauer (2004) na 
etapa da fabricação de argamassa para reboco interno e externo. Foram observadas 
oportunidades de melhoria relacionadas com a redução dos custos no fluxo de material, a 
minimização das distâncias de transporte, a otimização das máquinas empregadas e a melhoria do 
fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas, levando como fatores a qualidade e 
o tempo que colocam efetivamente o processo da produção e do canteiro de obras no centro das 
atenções, além de ganhos ambientais, como a redução da geração de resíduos. Para isso, medições 
de tempos e movimentos e do fluxo de materiais foram realizados, possibilitando a elaboração do 
diagrama de balanço de equipes. O desenvolvimento do estudo contou com total 
comprometimento da direção e empenho do setor operacional. Constatou-se uma demora 
demasiada no fluxo de saída da argamassa para os pavimentos prejudicando o ritmo de trabalho. 
Palavras-chave: Racionalização R1; Indústria da construção civil; Produção de argamassa; 
Ecoeficiência. 
ABSTRACT: This paper explains about the environmental technology on saving resources in the 
process in the construction industry, with the purpose of conducting a case study in order to carry out 
the method of saving resource in the site works type R1 proposed by Gehbauer (2004) in stage of 
manufacturing mortar for internal and external plaster. It was observed opportunity for improvement 
related to reducing costs with materials, minimizing the distances of transport, the optimization of 
machinery used and the improvement in the flow of information and the training of people involved, 
taking as factors the quality and time that effectively highlights the process production of and site 
works, as well as, environmental issues, such as reduction of waste generation. Thus, measures of time 
and movement and flow materials of were noted, enabling the development of the balance of teams 
diagram. The development of this study had total commitment of the management and operating 
sector. It was seen an excessive delay in the flow of the mortar to the floors disturbing the effectiveness 
of work. 
Keywords: R1 saving resources, Construction industry, Production of mortar, Ecoeficiency. 
2 Souza, Mello e Pimenta P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 1, p. 1-14, 2011 
 
 
 
causadores pelo uso de matérias-primas retiradas da própria natureza, sendo assim, a solidariedade ao 
meio ambiente incluindo em sua estrutura organizacional em uma gestão específica ao manuseio correto 
da natureza - minimização dos impactos que a empresa gera ao meio ambiente – vem à tona com um novo 
caráter e faz do marketing e o benefício empresarial fatores vantajosos para não mais se conflitar com 
essa nova exigência, fazendo dela uma aliada, uma oportunidade de negócios. 
Estabelecendo esses conceitos e questionamentos, focaliza-se o trabalho à problemática dos impactos 
ambientais da construção civil remetendo-se a sua característica de poluidor/degradador e estabelecendo 
a necessidade do estabelecimento de programas de gestão ambiental, visando a promoção de uma 
construção sustentável, sem alterar a produção e custos na empresa. Desta forma, merece destacar 
algumas ferramentas de gestão ambiental, dentro de uma abordagem preventiva e estratégica, por 
exemplo, a produção mais limpa e dentro da mesma, a racionalização de processos construtivos – R1, 
sendo o clímax do presente artigo. A racionalização apresenta-se como um processo dinâmico que se 
desenvolve e se aperfeiçoa sistematicamente e que tem por objetivo a otimização ao utilizar os recursos 
humanos, materiais e organizacionais que intervém na construção. 
O Fato da R1 também objetivar uma otimização do uso de recursos naturais, evitando a geração de 
poluentes, principalmente resíduos sólidos, esta pode ser enquadrada como uma prática da ecoeficiência, 
entendida como uma filosofia de gestão que encoraja o mundo empresarial a procurar melhorias 
ambientais que potenciem, paralelamente, benefícios econômicos. Esta filosofia concentra-se em 
oportunidades de negócios e permitam as empresas tornarem-se mais responsáveis do ponto de vista 
ambiental, além de incentivar a inovação e, por conseguinte, o crescimento e a competitividade. Enfatiza 
também que uma indústria acoplando melhorias econômicas e ambientais podem se tornar sustentáveis 
(CÔTÉ, BOOTH e LUISE, 2006). 
Nessa conjuntura, o presente estudo visa implementar a metodologia R1 em uma construtora da cidade do 
Natal/RN, especificamente nos processos de produção de argamassa para reboco interno e externo, 
visando a otimização dos processos em relação a redução de desperdícios e redução de resíduos conforme 
técnicas de melhoria da produção da racionalização na construção civil. O estudo de caso foi realizado em 
uma construtora de médio porte da cidade do Natal/RN e o empreendimento

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