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DIRETRIZES PARA A SELEÇÃO E AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS COM BASE NOS PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO “ENXUTA” E DA PRODUÇÃO “LIMPA” Emerson de Andrade Marques FERREIRA Doutor em Engenharia Civil, Professor Titular da Escola Politécnica da UFBA, emerson@ufba.br Tiago Maia FREIRE Engenheiro Civil, Sarti Mendonça Engenharia Ltda, Tiago.freire@bol.com.br RESUMO Este documento apresenta diretrizes para seleção e desenvolvimento de sistemas construtivos, baseado na análise de critérios pautados nas novas filosofias de produção, com vistas a avaliar o sistema, em relação à sua racionalização no contexto da Produção Enxuta, e à sua vida útil e impacto ambiental através da análise da sua cadeia produtiva em relação aos princípios da Produção Limpa. Através da aplicação das diretrizes apresentadas na matriz de avaliação dos sistemas, pode-se comparar segundo os mesmos critérios diversos sistemas construtivos. ABSTRACT This document presents guidelines for selection and development of constructive systems. It is based on a critical analysis of the new production philosophies. This intends to evaluate the systems, in relation to his rationalization in the context of the Lean Production, and to his life and environmental impact through the analysis of the Clean Production principles. Through the application of the guidelines presented at the evaluation system tables, it can be compared according to the same criteria several constructive systems. Palavras-chave: Produção Enxuta, Produção Limpa, Construção Sustentável. Keywords: Lean Production, Clean Production, Sustainable Construction. 1. INTRODUÇÃO A avaliação de soluções construtivas voltadas para a habitação popular permite observar a carência de estudos no caminho da redução de perdas, interferências entre equipes e um mínimo controle da qualidade. Quanto aos fatores relacionados à sustentabilidade do sistema em execução, estarão automaticamente deixados em segundo plano já que perda de materiais reflete o uso irracional dos recursos naturais e a má qualidade compromete a durabilidade do sistema construtivo, implicando em uso de mais materiais no sentido de compensar os problemas dos anteriormente utilizados. Diversos outros aspectos também não são adequadamente analisados, entre eles o consumo de água e de energia. Apesar da participação da Construção Habitacional no PIB brasileiro de 1995 de 5,8%, contra 0,8% para o setor de Edificações Comerciais e 1,4% para o setor de obras de Infra-estrutura (MCT, 2000), o problema habitacional é notável na nossa sociedade, uma vez que esta participação expressiva dentro da Construção Civil não se destina exclusivamente às habitações de caráter social. Dentro dessa realidade surge a necessidade de agir no sentido de minimizar custos compatibilizando com isso a qualidade final do empreendimento e do meio ambiente como um todo, através das propostas das novas filosofias de produção. Vem ao encontro deste processo a prática de externalizar a produção (SAN MARTIN, FORMOSO, 1998), reservando ao canteiro as atividades de montagem de Kits pré-fabricados. 2. FILOSOFIAS E CONCEITOS AVALIADOS A necessidade por obter Sistemas Construtivos racionalizados que incorporem a necessidade da população é notável uma vez que é importante que se compatibilize os custos da produção dentro da visão racional e da sustentabilidade como será discutido a seguir. Produção “Enxuta” Segundo KOSKELA (1998), a Produção Enxuta (Lean Construction) aplicada ao ambiente da construção civil ainda é uma inovação teórica não afirmada em função da difusão das suas práticas antes das teorias e da não explicitação de sua predominância teórica. A Nova Filosofia de Produção é concebida como um fluxo de processo de materiais e informações, que são controladas para obter menor variabilidade e tempo de ciclo, e aperfeiçoar continuamente em relação às perdas e valor, e periodicamente, com respeito à eficiência de implementar novas tecnologias, diferente da filosofia tradicional da produção que é concebida como grupo de operações ou funções, que são controladas operação por operação, para obter menores custos, e aperfeiçoadas periodicamente, com respeito à produtividade pela implementação de novas tecnologias. (KOSKELA, 1992). Produção “Limpa” A maneira de enxergar o produto final através da filosofia da Produção Limpa (Clean Production) é avaliando a produção de modo cíclico (JOHN, 2001), ou seja, analisando o ciclo de vida do material desde sua forma primitiva até o processo de “desconstrução” do produto. A observação dos processos desenvolvidos deve contemplar uma análise de custos e do consumo de energia, inviabilizando alternativas tal como a reciclagem a depender dos custos envolvidos e dos processos utilizados, sendo às vezes mais viável o reaproveitamento. Construtibilidade Termo que surgiu na década de 50 - nos EUA como “Constructability” e no Reino Unido como “Buildability”, que pode ser entendido pela tradução literal: “facilidade de construir”. Anderson et al. (2000) traduzem construtibilidade como a integração do conhecimento em construção, pesquisas, tecnologia e experiência na engenharia para execução de um projeto. Seria necessário utilizar toda a experiência e o conhecimento na área da construção para desenvolver um projeto detalhado e especificado (evitando futuras improvisações no canteiro), modulado (evitando desperdício de material) e racionalizado. A fase de planejamento (definição do empreendimento, concepção do plano e desenvolvimento do projeto) é, sem dúvida, a mais importante segundo esses princípios e por isso demanda um dispêndio maior de tempo nessa etapa. 3. METODOLOGIA EMPREGADA Foi realizada uma ampla revisão da literatura e de outras fontes de referência, com vistas à identificação dos principais parâmetros e recomendações utilizadas para desenvolvimento e execução de sistemas construtivos bem como das recomendações contidas nas filosofias de Produção Enxuta (controle de projetos, gestão do processo de produção), Produção Limpa (ciclo de vida dos materiais, sustentabilidade), e outros princípios como Construtibilidade, Modulação e Flexibilidade da construção entre outros, com vistas ao desenvolvimento das diretrizes apresentadas neste trabalho. A proposição de diretrizes a partir das novas filosofias de produção é apresentada sob a forma de matrizes para avaliação de sistemas construtivos, que tem como objetivo não só realizar uma avaliação, mas também servir como referencial para projeto quando da proposição do sistema construtivo a adotar. 4. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS A Avaliação qualitativa dos processos e sistemas construtivos existentes tem como base as matrizes desenvolvidas, com critérios adaptados a partir do Artigo: Sustainable Development Building Design and Construction - Twenty - Four Criteria Facing the Facts (ANGIOLETTI, GOBIN, WECKSTEIN). Matrizes: - Projeto - Componentes - Produção/Execução - Produto Vale ressaltar que além de fornecerem critérios de avaliação, as matrizes também podem ser usadas como diretrizes para projetos. 5. AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESTUDADOS Propôs-se aqui avaliar comparativamente três sistemas construtivos comerciais, sendo os sistemas S1, S2 e S3 segundo os seguintes critérios: Não atende- N Atende parcial- P Atende integral- S Não avaliado- NA Características dos Sistemas S1 - Sistema construtivo em painéis pré-fabricados ou paredes moldadas “in loco” de concreto celular espumoso. S2 - Sistema construtivo composto por módulos e componentes pré-fabricados de madeira de reflorestamento, tendo como principais componentes a placa de madeira do tipo “Blockboard” , viga de madeira laminada colada e a própria madeira seca. S3 - Sistema construtivo em componentes pré-fabricados de madeira com estrutura de piso de vigas apoiadas sobre pilaretes, piso de assoalho(réguas), paredes empainéis e cobertura com estrutura de treliças. São apresentadas a seguir as avaliações destes sistemas nas Tabelas 5.1, 5.2, 5.3 e 5.4, onde cada uma delas representa respectivamente a Matriz Projeto, Componentes, Produção/Execução e Produto. Sendo as mesmas acompanhadas dos resultados percentuais relativos à cada critério de avaliação nas Tabelas 5.1a, 5.2a, 5.3a e 5.4a. Tabela 5.1- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz projeto Após a avaliação dos valores apresentados nas Tabelas 5.1 e 5.1a, observamos que o Sistema 2 apresenta um índice maior de aspectos favoráveis no que se refere à avaliação do projeto como um todo. Tabela 5.1a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz projeto S1 S2 S3 NA NA NA CONFIGURAÇÃO E ÁREA DOS COMPARTIMENTOS ADEQUADAS AO USO S S S DEFINIÇÃO DE ABERTURAS NA S P FACILIDADE DE EXECUÇÃO DETALHAMENTO E CLAREZA DAS INFORMAÇÕES S S S S S NA GESTÃO DE PROJETOS COMPATIBILIDADE ENTRE PARTES DO PROJETO S S S S S S COMBINABILIDADE DOS COMPONENTES P NA S DISPOSIÇÃO DOS COMPARTIMENTOS S S S DISPOSIÇÃO DOS ELEMENTOS DE FACHADA NA NA NA REDUÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE COMPONENTES P N P REDUÇÃO DO NÚMERO DE MEDIDAS UTILIZADAS NO PROJETO NA P S PREVISÃO DE KITS DE CÔMODOS PRONTOS P S S DEFINIÇÃO DE TOLERÂNCIAS N P NA DETALHAMENTO E FUNCIONALIDADE DAS JUNTAS P P NA P P P P P P P P P P P P S S S S S NA CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS ADEQUAÇÃO DIMENSIONAL, FÍSICA E FORMAL CAPACIDADE PARA MUDANÇAS EVITAR PREJUÍZOS CAPACIDADE PARA INCORPORAÇÃO DE SERVIÇOS VIZINHOS MODULAÇÃO FLEXIBILIDADE DE EXECUÇÃO PROJETO IMPLANTAÇÃO DA EDIFICAÇÃO NO LOTE LEAN DESIGN ( GESTÃO DE PROJETOS, ESPECIFICAÇÕES E MÉTODOS) MONTAGEM PREVISÃO DE AMPLIAÇÃO E EVOLUÇÃO DA EDIFICAÇÃO DETALHAMENTO DO MÉTODO CONSTRUTIVO INDUSTRIABILIDADE IMPLEMENTAÇÃO LOGÍSTICA CAPACIDADE PARA PREENCHER A FUNÇÃO REQUERIDA IMPACTO NO PREÇO PESSOAL S1 S2 S3 S1 S2 S3 N 1 1 0 4,76% 4,76% 0,00% P 8 7 6 38,10% 33,33% 28,57% S 8 10 9 38,10% 47,62% 42,86% NA 4 3 6 19,05% 14,29% 28,57% CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL MATRIZ PROJETO Tabela 5.2- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz componentes S1 S2 S3 CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS DURANTE A EXTRAÇÃO NA NA NA UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS PARA A EXTRAÇÃO NA P P ENERGIA EMPREGADA (POLUENTE, NÃO POLUENTE) NA NA NA IMPACTO NO MEIO FÍSICO NA NA NA IMPACTO NO MEIO CULTURAL NA NA NA TRANSPORTE (DISTÂNCIA DA JAZIDA, USO DE EQUIPAMENTOS PESADOS, NECESSIDADE DE ABRIR CAMINHOS E OUTROS) NA NA NA DISTRIBUIÇÃO (JAZIDA-FÁBRICA OU JAZIDA OUTRO CENTRO) NA NA NA DE QUE FORMA É A RENOVAÇÃO DO MATERIAL NA NA NA VIDA ÚTIL NA NA NA RESÍDUOS NA NA NA CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS DURANTE A EXTRAÇÃO NA P P UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O PROCESSAMENTO NA NA NA AVALIAÇÃO DO CUSTO DE PROCESSAMENTO E O CUSTO AMBIENTAL NA NA NA RESÍDUOS NA NA NA RELAÇÃO ENTRE RESULTADO E INSUMO NA NA NA REUSO DE ENERGIA RESIDUAL E PRODUTOS SECUNDÁRIOS N N N TRANSPORTE (DISTÂNCIA DOS LOCAIS DE PROCESSAMENTOS, USO DE EQUIPAMENTOS PESADOS, E OUTROS) NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA ORGÂNICO NA NA NA INORGÂNICO NA NA NA ORGÂNICO NA NA NA INORGÂNICO NA NA NA NA P P NA P P NA NA NA NA P P P P P P P P VARIEDADE DE FORNECEDORES N N N DISPOSIÇÃO PARA ATUAR JUNTO ÀS QUESTÕES DE MODULAÇÃO P S P CUMPRIMENTO DOS PRAZOS DE ENTREGA PARA EVITAR ESTOQUES EM CANTEIRO P P P N N N P P P FLEXIBILIDADE DE APLICAÇÃO LIBERDADE PARA REFORMULAR O ESPAÇO INTERNO P S NA FLEXIBILIDADE DE ADAPTAÇÃO AMBIENTE ACEITA MODIFICAÇÕES SIMPLES P S NA CONSTRUTIBILIDADE FÁCIL MONTAGEM E COMPONENTES RACIONALIZADOS P P P ADAPTABILIDADE COMPONENTE POLIVALENTE N N N NEUTRALIDADE PEÇAS SEM ESPECIFICAÇÃO PREVIAMENTE DEFINIDA N N N N S S N S S P S S CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS REDUÇÃO DO CUSTO ECONÔMICO PRODUÇÃO UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS APROVEITAMENTO GERAÇÃO DE RESÍDUO OU POLUENTE ENERGIA CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS TRANSPORTE (DISTÂNCIA DOS LOCAIS DE PRODUÇÃO, USO DE EQUIPAMENTOS PESADOS, E OUTROS) RESÍDUOS DISTRIBUIÇÃO MATÉRIA -PRIMA EXTRAÇÃO PROCESSAMENTO TRANSPORTE DIMENSÕES COMPATÍVEIS COM O TRABALHO SEM EQUIPAMENTOS USO DE EQUIPAMENTOS SIMPLES PARA PEQUENOS TRANSPORTES E MONTAGEM LEAN SUPPLY (GESTÃO DA REDE DE SUPRIMENTOS) RECURSOS NATURAIS - APROVEITAMENTO DOS RECURSOS SEM DANOS AO MEIO AR GRAU DE DEPENDÊNCIA DO SISTEMA CONSTRUTIVO EM RELAÇÃO AO MERCADO FORNECEDOR GRAU DE INDUSTRIALIZAÇÃO DOS COMPONENTES PESO COMPATÍVEL COM O TRABALHO SEM EQUIPAMENTOS SOL DURABILIDADE ÁGUA SOLO COMPONENTES VERSATILIDADE ERGONOMIA CARACTERÍSTICAS DO MERCADO FORNECEDOR Tabela 5.2a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz componentes Novamente conforme valores apresentados nas Tabelas 5.2 e 5.2a, o Sistema 2 apresentou melhor resultado quanto ao aspecto componente. Tabela 5.3- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz produção/execução S1 S2 S3 S1 S2 S3 N 7 5 5 15,22% 10,87% 10,87% P 9 10 11 19,57% 21,74% 23,91% S 0 6 3 0,00% 13,04% 6,52% NA 30 25 27 65,22% 54,35% 58,70% MATRIZ COMPONENTES CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL S1 S2 S3 ORGÂNICO NA NA NA INORGÂNICO NA NA NA ORGÂNICO NA NA NA INORGÂNICO NA NA NA NA NA NA P P P NA P P P P P N NA NA P P P NA NA NA N P P N P P P P P TRABALHO REDUZIDO À MONTAGEM N P P ELIMINAÇÃO DE TEMPOS MORTOS P P P NA NA NA P P NA P P NA NA NA NA P P P P P P P P P NA NA NA P P P NA P P P P P NA NA NA CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS CONTROLE DE LANÇAMENTO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS/NÃO TÓXICAS ENERGIA GERAÇÃO DE RESÍDUO OU POLUENTE RESÍDUOS AUTO CONSTRUÇÃO DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS DE ENGENHARIA DE RENOVAÇÃO UTILIZA-SE AS MELHORES OPÇÕES TECNOLÓGICAS APROVEITAMENTO DE MÃO-DE-OBRA POUCO ESPECIALIZADA TECNOLOGIAS USO DE NOVOS PRODUTOS E PROCESSOS USO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE GESTÃO PRESENÇA DE BENCHMARKING NECESSIDADE DE SUPERVISOR TÉCNICO FLEXIBILIDADE DAS SAÍDAS REDUÇÃO DAS ATIVIDADES QUE NÃO AGREGAM VALOR RAPIDEZ DE MONTAGEM TRANSPARÊNCIA NA EXECUÇÃO ( TODOS COMPREENDEM TODAS AS ETAPAS) ETAPAS SIMPLIFICADAS, ELIMINANDO INTERDEPENDÊNCIA APROVEITAMENTO TRANSPORTE (DISTÂNCIA DOS LOCAIS DE PRODUÇÃO, USO DE EQUIPAMENTOS PESADOS, E OUTROS) ENERGIA UTILIZADA COMPARADA COM OS SISTEMAS TRADICIONAIS IMPACTO NO MEIO CULTURAL IMPACTO NO MEIO FÍSICO PRODUÇÃO/EXECUÇÃO LEAN CONSTRUCTION ELIMINAÇÃO DE PERDAS, QUEBRAS E/OU DEFEITOS REDUÇÃO DO CUSTO DE MÃO-DE-OBRA INVESTIMENTO EM OPERAÇÕES PADRÃO ATENDIMENTO DOS DESEJOS DOS CLIENTES Tabela 5.3a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz produção/execução O Sistema 2 mostrou ter facilidade de execução se comparada aos outros dois sistemas como mostrado nas Tabelas 5.3 e 5.3a. Tabela 5.4- Avaliação dos sistemas construtivos através da matriz produto S1 S2 S3 S1 S2 S3 N 4 0 0 14,29% 0,00% 0,00% P 12 17 15 42,86% 60,71% 53,57% S 0 0 0 0,00% 0,00% 0,00% NA 12 11 13 42,86% 39,29% 46,43% MATRIZ PRODUÇÃO/EXECUÇÃO CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL S1 S2 S3 NA P P NA P P P P P NA P P FUNCIONAMENTO E RESISTÊNCIA DAS ARTICULAÇÕES NA NA NA NECESSIDADE DE TRATAMENTO NA N N NECESSIDADE DE ACABAMENTO P P P P P P SEGURANÇA ESTRUTURAL NA NA NA SEGURANÇA AO FOGO NA NA NA SEGURANÇA QUANTO À UTILIZAÇÃO NA NA NA ESTANQUEIDADE AOS GASES, LÍQUIDOS E SÓLIDOS NA NA NA CONFORTO HIGROTÉRMICO NA NA NA CONDIÇÕES INTERNAS DO AR (PUREZA DO AR / LIMITAÇÕES DE ODORES) NA NA NA CONFORTO VISUAL NA NA NA CONFORTO ACÚSTICO NA NA NA CONFORTO TÁTIL NA NA NA CONFORTO ANTROPODINÂMICO NA NA NA HIGIENE P P P ADAPTAÇÃOÀ UTILIZAÇÃO P P P DURABILIDADE P P P ECONOMIA P P P NA NA NA NA NA NA NA NA NA CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO SISTEMAS CONSTRUTIVOS APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS ATENDIMENTO AOS ANSEIOS DA SOCIEDADE AO LONGO DA VIDA ÚTIL DESTINO DOS PRODUTOS AO LONGO DA VIDA ÚTIL ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS FACILIDADE DE MANUSEIO DE COMPONENTES DA EDIFICAÇÃO ADEQUAÇÃO DO MATERIAL ÀS CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO EFICIÊNCIA DOS MATERIAIS E COMPONENTES EXIGÊNCIAS DO USUÁRIO PRODUTO DESCONSTRUÇÃO USO / MANUTENÇÃO DESTINO DOS RESÍDUOS GERAÇÃO DE RESÍDUOS REUSO DOS MATERIAIS Tabela 5.4a- Distribuições percentuais relativas aos critério de avaliação para a matriz produção/execução A avaliação da matriz produto apresentou o mesmo percentual para os Sistemas 2 e 3 como mostrado nas Tabelas 5.4 e 5.4a. Tabela 5.5- Avaliação geral dos sistemas A avaliação geral dos sistemas, apresentada na Tabela 5.5 nos mostra que o critério não se aplica (NA), refere-se principalmente aos aspectos da produção limpa. Onde nesta análise o sistema 2 apresenta, dado ao uso de madeira de reflorestamento maior compatibilidade ambiental e assim paralelamente mostra menores aspectos que não são atendidos. Tal resultado se justifica em virtude dos aspectos ambientais não serem ainda, devidamente analisados e valorizados por grande parte das empresas. 6. CONCLUSÃO: A apresentação das matrizes aqui desenvolvidas, procurou discutir resultados quantitativos, porém seu principal valor consiste na contribuição para a elaboração de projetos de sistemas construtivos mais exeqüíveis, de acordo com princípios básicos fundamentais para todos os atores do processo. Faz-se necessária a observação sistemática dos fatores referentes à produção limpa e à produção enxuta, contemplando em paralelo aspectos fundamentais da produção de modo que se obtenha um processo de produção eficiente, porém sustentável, gerando um produto que satisfaça as exigências do usuário com valor compatível com a sua vida útil e a preservação do meio ambiente. Esta maneira de pensar e de agir é de fundamental importância também para a vida das empresas, uma vez que possibilita uma redução dos custos ambientais, com a otimização do uso dos recursos naturais, e simultaneamente uma redução dos custos da produção, ao tempo em que abre espaço para melhorar as questões referentes à disponibilidade de recursos financeiros em prol de novos empreendimentos. S1 S2 S3 S1 S2 S3 N 0 1 1 0,00% 4,00% 4,00% P 7 10 10 28,00% 40,00% 40,00% S 0 0 0 0,00% 0,00% 0,00% NA 18 14 14 72,00% 56,00% 56,00% MATRIZ PRODUTO CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL S1 S2 S3 S1 S2 S3 N 12 8 6 10,00% 6,67% 5,00% P 36 44 42 30,00% 36,67% 35,00% S 8 16 12 6,67% 13,33% 10,00% NA 64 52 60 53,33% 43,33% 50,00% CRITÉRIO ATRIBUIÇÕES PERCENTUAL AVALIAÇÃO GERAL 7. REFERÊNCIAS: ANDERSON, S. D. et al. Integrating Constructability into Process Development: A Process Approach. In: Journal of Construction Engineering and Management, v.162 n.2, p.81-88. Março/Abril, 2000. ANGIOLETTI, R.; GOBIN, C.; WECKSTEIN, M. Sustainable Development Building Design and Construction- Twenty-four Criteria Facing the Facts. Artigo CIB CIB – International Council for Research and Innovation in Building and Construction. Agenda 21 on sustainable construction. Rotterdam, CIB, 1999. (CIB Report Publication 237). JOHN, V. M. Aproveitamento de Resíduos Sólidos como Materiais de Construção. In: Reciclagem de Entulho para a Produção de materiais de Construção – Projeto Entulho Bom. Salvador, EDUFBA, 2001. KOSKELA, L. Application of the New Production Philosophy to Construction. California, Stanford University – CIFE, 1992. (Technical report72). KOSKELA, L. Lean Construction In: VII Encontro Nacional de tecnologia do Ambiente Construído, Florianópolis, 1998. Anais. Florianópolis, NPC/ECV/CTC/UFSC/ANTAC, 1998. p.1-10. MCT- Ministério da Ciência e Tecnologia. Necessidade de Ações de Desenvolvimento Tecnológico na Produção da Construção Civil e da Construção Habitacional. Documento Fórum Construção. Versão Final. 2000. SAN MARTIN, A. P.; FORMOSO, C. T. Método de Avaliação de Sistema Construtivo para a Habitação de Interesse Social sob o Ponto de Vista da Gestão de Processo de Produção. In: VII Encontro Nacional de tecnologia do Ambiente Construído, Florianópolis, 1998. Anais. Florianópolis, NPC/ECV/CTC/UFSC/ANTAC,1998. p.19-26. ZORDAN,S. E.; HESPANHOL, I. Proposta de Metodologia para Avaliação Ambiental dos Processos de reciclagem de resíduos Industriais na Construção Civil. In: II SIBRAGEC - Simpósio Brasileiro de Gestão da Qualidade e Organização do Trabalho no Ambiente Construído. Fortaleza, 2001. Anais. Fortaleza, ANTAC/UFC, 2001. p.503-515. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Universidade Federal da Bahia e ao CNPq, que através do PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica apoiou a realização desta pesquisa. 39 3.4. Terraplenagem para plataformas Esta será uma aplicação do método das seções transversais na área de terraplenagem. RICARDO; CATALANI (1977) definem a terraplenagem ou movimentos de terra, como o conjunto de operações necessárias para remover a terra, dos locais em que se encontra em excesso para aqueles em que há falta, tendo em vista um determinado projeto a ser executado. Diversos trabalhos de engenharia necessitam da utilização da terraplenagem, como a construção de rodovias, aeroportos, fábricas, ou mesmo a construção de uma residência. Como esta operação envolve a movimentação de terra, é necessário que conheçamos o volume de terra a ser trabalhado. Neste item estaremos abordando uma forma de cálculo do volume de material a ser movimentado para a construção de plataformas horizontais e inclinadas. Logicamente que para calcular este volume teremos que conhecer previamente o terreno, ou seja, ter um levantamento topográfico do mesmo. Nos exemplos que se seguem o terreno foi quadriculado e as cotas dos pontos da malha foram determinadas por um método de nivelamento qualquer, cuja precisão deve ser compatível com as necessidades do usuário. O espaçamento entre os pontos da malha dependerá das características do terreno. Terrenos acidentados requerem uma malha com espaçamento menor. De acordo com BORGES (1994, p.66), o projeto de terraplenagem poderá solicitar da topografia o planejamento para uma das quatro hipóteses: 1 – plano horizontal, sem a imposição de uma cota final 2 – plano final horizontal com a imposição de uma cota final 3 – plano inclinado sem a imposição da altura em que este plano deva estar. 4 – plano inclinado impondo uma determinada altura para o mesmo, através da escolha da cota de um determinado ponto. Vamos mostrar um exemplo de cálculo. Este exemplo estará baseado nos dados apresentados por BORGES (1994 – p.67). Inicialmente é dada uma malha de pontos com as suas respectivas cotas. O espaçamento da malha é de 20 m. Figura 22 – Malha de pontos 36,3 36,4 34,8 34,9 33,5 33,6 36,6 35,5 34,4 37,2 36,3 35,8 30,8 32,1 32,9 33,9 32,2 32,3 33,5 35,1 A B C D 1 2 3 4 5 40 Figura 23 – Vista em perspectiva da malha. Hipótese 01 Neste caso a topografia poderá escolher uma altura do plano final. Assim vamos escolher uma altura em que o volume de corte seja igual ao volume de aterro, compensando a movimentação de terra. A primeira coisa a fazer é determinar a cota de passagem para a malha dada, que pode ser determinada conforme visto anteriormente, através do cálculo da média ponderada das cotas da malha. Os cálculos são apresentados a seguir. Ponto Cota Peso Peso x Cota A1 36.3 1 36.3 A2 34.8 2 69.6 A3 33.5 2 67.0 A4 32.2 2 64.4 A5 30.8 1 30.8 B1 36.4 2 72.8 B2 34.9 4 139.6 B3 33.6 4 134.4 B4 32.3 4 129.2 B5 32.1 2 64.2 C1 36.6 2 73.2 C2 35.5 4 142.0 C3 34.4 4 137.6 C4 33.5 4 134.0 C5 32.92 65.8 D1 37.2 1 37.2 D2 36.3 2 72.6 D3 35.8 2 71.6 D4 35.1 2 70.2 D5 33.9 1 33.9 Σ 48 1646.4 A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 B5 C1 C2 C3 C4 C5 D1 D2 D3 D4 D5 ∑ ∑ ⋅ = Pesos PesoCota Cp 41 Cp = 34,3 m Então se utilizarmos um plano de referência com cota 34,3 m, o volume de corte será igual ao volume de aterro. Passamos então para o cálculo do volume de corte e aterro. Utilizaremos o método das seções transversais. Serão trabalhadas as seções A, B, C e D. O primeiro passo é construir o perfil da seção que iremos trabalhar. Neste perfil devem constar o perfil do terreno e a indicação do plano final em que o terreno ficará após a terraplenagem. Todas as medidas estarão representadas em metros. Figura 24 – Perfil “A” do terreno. Teremos então que calcular as áreas de corte e aterro para a seção acima. Por exemplo, para calcularmos a área de aterro total para a seção apresentada basta somarmos as áreas do triângulo PMS, trapézio MNRS e trapézio NOQR. Não nos esqueçamos que a abertura da malha é de 20 m, ou seja, a distância entre os pontos MN é de 20m e assim por diante. Porém teremos que calcular por interpolação a distância PM, para podermos calcular a área do triângulo PMS. Figura 25 – Interpolação. Se em vinte metros (distância TM) o terreno sobe 1,3 m (desnível SU), em “X” metros (distância MP) o terreno sobre 0,8 m (desnível MS). Basta resolver por regra de três. 48 40,1646 Cp = Perfil do terreno Plano horizontal de cota 34,3 m 34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.3 34.8 33.5 32.2 30.8 P 0,8 2,1 3,5 0,5 2,0 Cota do terreno Cota do plano Diferença entre a cota do plano e do perfil M N O Q R S U T 0,8 m 0,5 m P M S U T X 20 m 0,8mXm 1,3m20m → → 42 X = 12,31 m A representação final do perfil da seção A é mostrada a seguir. Figura 26 – Perfil seção A. Cálculo da área de aterro da seção A ( SAA ): SAA = 89,9240 m 2 Cálculo da área de corte da seção A ( SCA ): SCA = 26,9225 m 2 Para todas as outras seções vamos fazer o mesmo procedimento. Não vamos apresentar os cálculos, os quais podem ser facilmente verificados pelos alunos, mas tão somente as seções e os resultados. 3,1 8,020 X ⋅ = Perfil do terreno Plano horizontal de cota 34,3 m 34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.3 34.8 33.5 32.2 30.8 0,8 2,1 0,5 2,0 P 3,5 12,31 7,69 ( ) ( ) 2 1,25,320 2 8,01,220 2 8,031,12 SAA +⋅ + +⋅ + ⋅ = ( ) 2 5,069,7 2 5,00,220 SCA ⋅ + +⋅ = 43 Figura 27 – Perfil seção B. Área de aterro da seção B ( SAB ): SAB = 72,7695 m 2 Área de corte da seção B ( SCB ): SCB = 29,769 m 2 Figura 28 – Perfil seção C. Área de aterro da seção C ( SAC ): SAC = 29,1120 m 2 Área de corte da seção C ( SCC ): SCC = 48,1110 m 2 0,7 2,0 0,6 2,1 P 2,2 10,77 9,23 34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.4 34.9 33.6 32.3 32.1 0,1 0,8 1,2 2,3 P 1,4 17,78 2,22 34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 36.6 35.5 34.4 33.5 32.9 44 Figura 29 – Perfil seção D. Área de aterro da seção D ( SAD ): SAD = 1,3340 m 2 Área de corte da seção D ( SCD ): SCD = 112,332 m 2 Tendo todas as áreas de corte e aterro calculadas podemos então calcular o volume final de corte e aterro. Começaremos pelo volume de aterro. O valor de “d” na fórmula é a distância entre duas seções consecutivas. VAterro = 2950,210 m 3 O volume de corte será dado por: Vcorte = 2950,145 m 3 Como era de se esperar o volume de corte e de aterro foram praticamente iguais. A diferença de 0,065 m3 encontrada deve-se a questões de arredondamento e na prática seria insignificante. 1,5 0,8 2,0 2,9 P 0,4 6,67 13,33 34.3 34.3 34.3 34.3 34.3 37.2 36.3 35.8 35.1 33.9 45 A figura seguir representa graficamente o que foi feito. Primeiro tínhamos o terreno natural (figura 30-a). Foi então calculada a cota de passagem. Na figura 30-b está representada a curva com valor da cota de passagem. Calculamos então um volume de corte (figura 30-c) e um de aterro (figura 30-d) para esta cota. Após realizados os trabalhos de terraplenagem o terreno ficaria plano (figura 30-e), estando na cota 34,3m. Figura 30 – Representação esquemática da hipótese 1. (a) (b) (c) (d) (e) 46 Hipótese 02 O projeto de terraplenagem define um plano horizontal com uma cota dada qualquer. Os cálculos são feitos da mesma forma que no exemplo anterior, somente que agora o plano vai estar numa cota pré determinada. Supondo que para o terreno do exemplo anterior o projeto solicite um plano horizontal na cota 34,0 m. De antemão, em função dos dados do exemplo anterior, podemos calcular a diferença entre o volume de corte e aterro para este caso. Temos nosso terreno plano na cota 34,3 m. Se queremos então deixá-lo na cota 34,0 m significa que teremos que rebaixar o terreno 0,30m. Como a área do terreno é conhecida (60 x 80m), podemos então calcular o volume de material que deverá ser retirado. Basta multiplicar a área do terreno pela altura de rebaixamento. Volume = 0.30m . 4800 m2 Volume = 1440 m3 Então quando fizermos os cálculo para este exemplo veremos que a diferença entre os volumes de corte e aterro será de 1440 m3. Fazendo os cálculos encontramos um volume de corte igual a 3730,265 m3 e um volume de aterro de 2290,210 m3. A diferença entre os dois é de 1440,055 m3, bem próxima do calculado. A figura a seguir ilustra este raciocínio. Figura 31 – Representação esquemática da hipótese 2. Plano de cota 34,3 m Plano de cota 34,0 m Terreno na cota 34,0 m A = 4800 m2 V = 1140 m3 0,30 m 47 Hipótese 03 O projeto solicita um plano inclinado na direção 1-5, com inclinação de 1%, sem determinar a altura do plano. Vamos então posicionar o plano inclinado de forma que a altura do mesmo, na linha média do terreno, seja igual à altura do plano que foi calculado para a hipótese 01. Desta forma teremos também para o plano inclinado, volumes de corte e aterro iguais. Figura 32 – Posicionamento do plano na hipótese 03. A B C D 1 2 3 4 5 Nesta linha o plano terá cota igual à cota de passagem calculada para o terreno = 34,30m inclinação de 1% 34,30 m 1 2 3 5 4 Corte Aterro 48 Figura 33 – Representação em perspectiva do plano da hipótese 03. Determinada a posição do plano necessitamos calcular as demais cotas dos pontos do plano inclinado, para depois podermos desenhar os perfis transversais e calcular as áreas de corte e aterro. O plano terá uma inclinação de 1%, ou seja, para cada 100m o terreno “sobe” ou “desce” 1m. Em 20 m (tamanho da abertura da malha) o terreno então vai variar a sua cota em 0,20m. Como conhecemos a cota da linha 3 (34,30m), para calcular a cota das demais linhas basta somar ou diminuir 0,20m, conforme o sentido de inclinação do plano. Uma vez que a inclinação se dá no sentido X da malha, todos os pontos localizados na linha 1 terão a mesma cota, sendo o mesmo válido para as linhas 2, 3, 4 e 5. Figura 34 – Perfil transversal do plano inclinado. Calculadas as cotas dos pontos do plano inclinado podemos esquematizar os perfis, conforme visto na hipótese 01 e calcular as áreas de corte e aterro. Será apresentado a seguir como realizar a interpolação do ponto P (interseção entre o planoinclinado e o terreno). A 1% Linha de cota 34,30m 1 D C B 2 3 4 5 34,30 m 1 2 34,10 m 3 33,90 m 5 34,50 m 34,70 m 4 49 Figura 35 – Interpolação do ponto P para o plano inclinado. Nesta interpolação não podermos obter o valor de x1 e x2 diretamente. Teremos que efetuar os cálculos por partes. Iniciaremos determinando o valor de x1. Sabemos que em 100m o terreno sobe 1m, então em x1 metros o terreno subirá “hp” metros. Como não conhecemos este valor teremos uma primeira equação em função de x1 e hp. x1 = hp . 100 (1) Podemos escrever uma outra equação em função de x1. Sabe-se que do ponto S até o ponto U (distantes 20m) o terreno sobe 1,3 m, então em x1 metros o terreno subirá 0,8m + hp. (2) Agora podemos igualar as equações (1) e (2) e obteremos o valor de hp: 130.hp = 16 + 20.hp hp = 0,145454 hp =0,145 m hp1x 1m0m10 → → ( ) 3,1 hp8,020 1x +⋅ = hpm8,01x m3,1m20 +→ → 3,1 hp.2016 1x + = 3,1 hp.2016 100.hp + = 1,3 m 0,8 m P M S U T x1 20 m x2 hp 0,8 m 0,5 m 50 Uma vez obtido o valor de hp, podemos substituí-lo tanto na equação (1) como na (2) para obter o valor de x1. O valor de x2 será igual ao valor da abertura da malha (20 m) menos o valor de x1. x1 = hp.100 x1 = 14,55 m x2 = 20 – x1 x2 = 5,45 m Não vamos detalhar o procedimento de cálculo, o qual pode ser encontrado em BORGES (1994), uma vez que segue o mesmo princípio exposto na hipótese 01. A figura seguir representa graficamente o que foi feito. Figura 36 – Esquema do plano inclinado de 1%. A hipótese 04 também segue a mesma linha de raciocínio apresentada, somente que agora será imposta uma cota de um ponto para o plano inclinado. BORGES (1994) apresenta um exemplo para este caso, com uma plano tendo uma inclinação de 2% em uma direção e 1% na outra. Adicionalmente a estas seções poderiam ser introduzidos taludes de corte e aterro. O procedimento de cálculo do volume transcorreria da mesma forma, somente que agora teríamos que levar em consideração estes elementos. Plano Inclinado de 1% Corte Aterro Linha de interseção entre o plano e o terreno. Não tem cota constante PROPOSTA DE RACIONALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA CONSTRUTORA NA CIDADE DO NATAL/RN. Mariana Torres Correia de Mello (CEFET-RN) marianatcm@yahoo.com.br Israel Sammy Bandeira de Souza (UFRN) israelsammy@gmail.com.br Dyanna Karla Pinheiro Tavares (SENAI-RN) dyanna@rn.senai.br Handson Cláudio Dias Pimenta (CEFET-RN) handson@cefetrn.br Reidson Pereira Gouvinhas (UFRN) reidson@ct.ufrn.br O presente trabalho explana sobre a racionalização do processo e de resíduos na indústria da construção civil. O objetivo geral foi desenvolver um estudo de caso em uma construtora na cidade do Natal/RN propondo melhorias para ineficiênciass detectadas ao longo da análise de um dos vários processos na construção do empreendimento. O estudo foi baseado no método de racionalização do tipo R1, proposto por Gehrbauer (2004), visando a redução dos custos no fluxo de material, na minimização das distâncias de transporte, na otimização das máquinas empregadas e na melhoria do fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas. Para tanto, foi considerados fatores como a qualidade e o tempo que colocado efetivamente no processo da produção e do canteiro de obras. A etapa selecionada foi a produção de argamassa para reboco interno e externo. Para melhores análises, foram efetuados medições e o preenchimento de formulários para demonstrar resultados no diagrama de balanço de equipes. O desenvolvimento do estudo contou com total contribuição dos funcionários, desde o diretor até o betoneiro e seus auxiliares. Constatou-se uma demora demasiada na entrega da argamassa aos pavimentos fazendo com que o “lead time” de produção dos traços de argamassa enfrentasse pontos de estoque longos, fato que prejudica a qualidade do produto e o ritmo de trabalho nos pavimentos. Porém, propostas de racionalização estudadas levariam a uma redução de 28% o “lead time” atual. Palavras-chaves: Ecoeficiência, Racionalização de Processos, Desenvolvimento Sstentável XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 2 Seção 1.01 1. Introdução Em tempos não muito distantes, viam-se os recursos naturais, a sociedade e a economia separadamente. Essa idéia hoje vem se modificando. Percebe-se que para gerir uma sociedade torna-se necessária a economia e para dinamizar esta, os recursos naturais são fundamentais, já que são eles que fornecem subsídios – matéria prima – para se produzir os bens de consumo. Nesse contexto, o termo Ecoeficiência surgiu e se consolidou a partir da publicação do Livro Changing Course da World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), em 1991. Este livro apontou que embora a indústria contribua para a degradação ambiental ela faz parte igualmente da solução. Enfatiza também que uma indústria acoplando melhorias econômicas e ambientais podem se tornar sustentáveis (CÔTÉ, BOOTH; LUISE, 2006). Segundo WBCSD (2000), a Ecoeficiência é entendida como a entrega competitiva de bens e serviços que satisfaz as necessidades humanas e traz qualidade de vida, quando progressivamente reduz os impactos ambientais e a intensidade do uso de recursos ao longo de todo ciclo de vida, respeitando a capacidade de suporte. Para Glavic e Lukman (2007) a ecoeficiência significa produzir mais com menos. Vale destacar também a real necessidade de intervenções frente ao setor da construção civil, devido aos seus impactos ambientais e riscos aos trabalhadores envolvidos. Assim, uma ferramenta que vem de encontro a esta demanda é a R1 – Racionalização de Processos Construtivos que busca esforços de racionalização que colocam o processo da produção e o canteiro de obras no centro das atenções, considerando os fatores qualidade e tempo através de ações sobre o fluxo de material, percurso, estoques e otimização de mão-de-obra e equipamentos. Diante dessa conjuntura, o presente estudo visa implementar a metodologia R1 em uma construtora da cidade do Natal/RN, mais precisamente, um estudo da etapa da produção de argamassa para reboco interno e externo efetuando as medições necessárias para se propor melhorias a serem implantadas visando à racionalização de resíduos. 2. Construção sustentável e insustentável A idéia de construção sustentável surgiu em meados do século XX depois da crise do petróleo. Com isso seu preço subiu exacerbadamente fazendo com que se repensassem acerca do processo da época, daí surgiam novos modelos e novas ferramentas na gestão da produção. Na indústria da construção civil não foi diferente, ocorreram mudanças não só no processo, mas também na mentalidade, a idéia da geração de poucos impactos surgiu, por conseguinte o termo “construção sustentável” (IDHEA, 2008). Quando se fala em sustentabilidade, fala-se em produzir de maneira a minimizar os possíveis impactos que ocorram no meio ambiente. A construção sustentável não é diferente, é se construir evitando desperdícios que prejudiquem a natureza, em outras palavras, ter respeito e compromisso com o meio ambiente, evitar gastos energéticos, a má disposição dos resíduos gerados, clandestinidade em seu destino final, alto consumo de recursos naturais,a ineficiência dos mesmos, o descumprimento das legislações vigentes ao setor, ou seja, atender a demanda habitacional da cidade sem agredir ao meio ambiente (IDHEA, 2008). XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 3 Já uma construção insustentável, é o paradoxo da construção sustentável, o desmoronamento do dito conceito de construção sustentável. É trabalhar no setor da construção civil sem quase, ou nenhuma, preocupação com a sustentabilidade do processo produtivo até o produto final. É fazer com que a obra não esteja em adequação as leis vigentes, é a mesma, trabalhar em fatores informais. 3. Ferramentas de Gestão Ambiental Como dito anteriormente, as empresas devem se adequar às exigências ambientais impostas atualmente, para essa adequação, um sistema de gestão ambiental (SGA) pode ser adotado na empresa, ele é a maneira que ela tem de conseguir uma qualidade ambiental almejada atingindo uma meta com o menor custo. O SGA age corretivamente nos devidos impactos que esteja ocorrendo ao meio ambiente, trás medidas preventivas e viáveis econômica e ambiental para a empresa e, principalmente para sua imagem. Pode-se citar como instrumentos utilizados: educação ambiental; monitoramento ambiental; responsabilidade sócio-ambiental; minimização de resíduos e reciclagem; auditoria ambiental; análise de riscos; leis, normas e regulamentos, dentre outros. Destaca-se a minimização de resíduos no qual dispõe de ferramenta, a produção mais limpa (P+L), e dentro da abrangência desta, dispõe-se da racionalização de resíduos. Uma outra ferramenta é a R1 que otimiza fluxos de materiais e também reduz impactos ambientais. 3.1 Produção mais Limpa Uma das questões mais levantadas hoje em dia é a ambiental, fala-se de todos os problemas que possam vir a levar a um efeito maléfico que prejudique a natureza em si, mais o debate que deve ser levantado é: Por que destruir o meio ambiente se, é ele quem me fornece a matéria prima necessária à minha produção? Para isso, o empresário, no caso construtor, paga por esse subsídio para que possa agregar valor e, por conseguinte, renda. Mas, será que já se parou para pensar que na medida em que a demanda por esses recursos naturais cresce numa velocidade maior que a capacidade de auto- regeneração do planeta, tem se caracterizado um desequilíbrio? Outra questão também solicitada é: como diminuir esse desequilíbrio? Integra-se aí o conceito de ecoeficiência que, de acordo com o WBCSD, a ecoeficiência é obtida pela "entrega de bens e serviços com preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e trazem qualidade de vida, progressivamente reduzindo impactos ambientais dos bens e serviços através de todo o ciclo de vida para um nível, no mínimo, em linha com a capacidade estimada da Terra em suportar" (WBCSD, 2000). Este conceito descreve uma visão para a produção de bens e serviços que possuam valor econômico enquanto reduzem os impactos ecológicos da produção. Em outras palavras, "ecoeficiência significa produzir mais com menos". E é nesse contexto que a produção mais limpa (P+L) aparece como uma ferramenta interligada com os conceitos da ecoeficiência. Inicialmente, o processo produtivo será o ponto chave para se abordar, conhecê-lo é identificar ineficiências para posteriormente trazer propostas de melhoria que aumentem a produtividade, o lucro e a redução de custos, além de propiciar uma melhor imagem da empresa. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 4 Em linhas muito superficiais, a metodologia da P+L para obter sucesso é estabelecida pelo comprometimento com o programa, para isto, uma visita técnica terá que ser feita apresentando suas vantagens, logo após, conscientização das dificuldades que serão encontradas deve ser executado, para formar o ecotime - um grupo de trabalho formado por profissionais da empresa que tem por objetivo conduzir o programa de Produção mais Limpa (CNTL 2005). Logo após, o conhecimento do processo produtivo é de fundamental importância, assim, a identificação das opções de P+L será feita e junto a elas, a causa da geração dos resíduos, as soluções mais viáveis aparecerão para serem implantadas e posteriormente monitoradas. Deve-se levar em consideração que, análises de riscos, medições e viabilidade da implantação das soluções devem ser feitas, uma das características primordiais do P+L é o estudo e, por conseguinte, análise da empresa, desde seu processo produtivo, até a logística da empresa e seu financeiro (OLIVEIRA, 2006). 3.2 Racionalização Mesmo sem conceito consensual, pode-se dizer que, a racionalização na construção civil. Segundo Gehbauer (2004), é analisar metodicamente as estruturas e processos existentes, com a finalidade de descobrir pontos fracos, como exemplo, tempos de espera desnecessários, falhas na preparação e transmissão de informações, estoques intermediários evitáveis e percursos de transporte demasiadamente longos, depois, é perceber as possibilidades de melhoria, analisá-las e introduzi-las para assim testa-las e serem aceitas pelos envolvidos. A melhoria no sistema é a principal evolução da racionalização implantada. No contexto de limitações de recursos, aumento destes e a concorrência, é que, para um empreendimento ter sucesso é necessário usar como fonte de sobrevivência o raciocínio, e utilizar fatores simples dentro da empresa como estratégias marcantes para o sucesso. Para isso, é-se necessário o máximo de racionalidade na realização de projetos ou das atividades produtivas, com o menor dispêndio de trabalho visando os custos mais favoráveis possíveis, com a mais alta taxa de produtividade e um máximo de segurança no ambiente de trabalho. A união do planejamento, aquisição, administração, marketing e postura orientada ao cliente é o caminho para o sucesso almejado (GEHBAUER, 2004). Em linhas básicas, a racionalização possui três passos, sendo eles a verificação dos pontos falhos da empresa, análise da possibilidade de melhorias e, por fim, implantação destas, e cada um desses passos têm métodos de se trabalhar. E na indústria da construção civil, a racionalização é um dos fatores preponderantes para o sucesso no ramo, por ser altamente visada pela quantidade de resíduos sólidos produzidos e pela imagem de agressora ao meio ambiente. Para uma melhor eficácia do sistema, são estabelecidos três tipos de racionalização, a do tipo 1, tipo 2 e tipo 3. A do tipo 1 é a racionalização que visa a redução dos custos no fluxo de material, na minimização das distâncias de transporte, na otimização das máquinas empregadas e na melhoria do fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas levando como fatores, a qualidade e o tempo que colocam efetivamente o processo da produção e do canteiro de obras no centro das atenções. A do tipo 2 são estudos na área da gerência da empresa em que as ineficiências são mais transparentes e o seu tratamento exige um procedimento mais complexo. A do tipo 3 são as limitações inerentes à indústria da construção civil de influenciar os fornecedores da cadeia produtiva para que cooperem na perspectiva de uma otimização do produto, nesse caso, pode ser inserido, os arquitetos e projetistas (GEHBAUER, 2004). Neste estudo de caso, será visado a aplicação da XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 5 racionalização do tipo 1, pela atenção maior a etapa da betonagem e a dinâmica no canteiro de obras. 4. Metodologia Para desenvolver o estudo de caso foi necessário analisartoda a obra e seus processos separadamente para poder dar o passo inicial da racionalização. Sendo realizadas análises macro dos processos de construção do empreendimento, determinou-se a produção de argamassa para reboco como foco por este processo apresentar gargalos durante a sua realização, comprometendo atividades posteriores. Assim, vários ciclos foram realizados a fim de detectar possíveis problemáticas. Baseado em GEHBAUER (2004), o procedimento geral que foi adotado foi o seguinte: observar, medir, registrar, pensar e corrigir. Num período de duas semanas de observações de ciclos foram efetuadas 4 (quatro) coletas e medições, e neles vídeos foram feitos para melhor observar sucessivamente cada traço executado. Logo em seguida o canteiro foi analisado e medições de distâncias foram realizadas dos insumos necessários à produção de argamassas para reboco interno e externo, além da duração do lead time médio de produção de cada traço de argamassa requisitada e os tempos de espera. Com as medidas em mãos, passou-se ao preenchimento de formulários: a ficha de atividades individuais, diagrama de barras e o diagrama de processo. A ficha de atividades individuais registra a cronologia da atividade que cada operário faz para um ciclo da produção de argamassa seguido do tempo gasto para cada atividade, também registra o tempo que a máquina opera. O diagrama de barras proporciona uma melhor visualização da ficha de atividades individuais. O diagrama de processo auxilia na análise do processo de trabalho, é o registro de atividades de operação, transporte e espera, representados por símbolos. Buscou-se no desenvolvimento deste trabalho a análise da produção de argamassa para apresentar apenas soluções para os problemas detectados, pois o foco foi determinar justamente essas dificuldades que interferem na produção e por conseqüência na eficiência da empresa, trazendo soluções cabíveis. Acredita-se que situações simples resolvidas provocam uma grande diferença que auxilia a empresa a obter o pleno sucesso. 5. Discussão e propostas – Estudo de Caso 5.1 Descrição geral da empresa e do empreendimento A empresa em estudo classifica-se como médio porte e possui 07 (sete) obras em construção, sendo sua principal operacionalização a construção de edifícios residenciais na capital. A construtora é constituída por nível Direção, Corpo Técnico e Setor Operacional como um todo. O empreendimento analisado possui as seguintes características: Apto tipo com 94,34m² de área privativa, 02 apartamentos por andar, 02 vagas de garagem por apartamento, hall de serviço, estar/jantar, banheiro social, cozinha, 03 quartos sendo 01 suíte com closet, escritório/quarto reversível, varanda, área de serviço, wc empregada. 5.2 Descrição geral da etapa da betonagem e produção de argamassa para reboco interno e externo 5.2.1 Dinâmica do canteiro XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 6 Primeiramente, para qualquer empresário, seja do ramo da construção civil ou não, os custos são, talvez, um dos fatores mais importantes levantados em questão. Para isso, a falta de planejamento adequado a qualquer obra, significa perda de lucros. Especificando mais a questão que será abordada, um mau planejamento num canteiro de obras possibilita geração futura de problemas. A dinâmica básica que deve ser adotada num canteiro de obras é a facilitação da produção, é a execução do trabalho de forma contínua. De acordo com GEHBAUER (2002), o objetivo principal de um canteiro de obras é a minimização dos percursos dos transportes mais volumosos e freqüentes dentro do canteiro. As instalações do canteiro dependem principalmente de fatores como: condições locais da obra, tipo e tamanho da obra, métodos de produção, técnicas de transporte, tempo de construção e planejamento da execução da obra e os recursos operacionais disponíveis, em linhas mais precisas, são as possibilidades de abastecimento, área disponível, possibilidades de acesso, volume total e tipos de insumos, produção em seqüência, dimensões e pesos dos materiais a serem transportados, distribuição no tempo dos transportes maiores e número de trabalhadores, máquinas e equipamentos (GERBAUER, 2002). 5.2.2 Descrição do layout do canteiro de obras e posição dos materiais básicos A figura 1 mostra na planta na baixa do layout do canteiro no empreendimento. Neste, estão posicionados a betoneira e os insumos utilizados para fabricação do reboco interno e externo, além dos tubos, barrote, linha, madeirite, escoras metálicas, dentre outros, e ao lado se encontra o almoxarifado, ou seja, o local ideal para armazenamento dos materiais na obra. As distâncias são mostradas na figura abaixo: XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 7 Figura 1 – Layout do Canteiro de obras Fonte: Autores O posicionamento dos materiais utilizados na produção de argamassa estão acessíveis ao betoneiro e sua equipe. A brita, a areia fina e grossa, o cimento, o aditivo de cal, o impermeabilizante de argamassa, a água, a peneira, as padiolas, os carrinhos de mão e a betoneira estão posicionadas em locais estratégicos que facilitam a produção de argamassa para reboco interno e externo. 5.2.3 Descrição da betonagem no empreendimento para produção de reboco interno e externo Cada pavimento do empreendimento tem uma equipe de pedreiros e serventes. O fluxo de informações de solicitação de argamassa (para reboco interno e/ou externo) é dado da seguinte forma: antes do início da jornada efetiva de trabalhos do dia, cada pedreiro responsável pelo seu pavimento solicita a quantidade de argamassa necessária ao betoneiro chefe. Da mesma forma acontece quando há necessidade de mais argamassa para ser utilizado no pavimento do pedreiro, porém é o servente quem solicita pessoalmente indo até o local da produção de argamassa, ou em momento oportuno quando cruza com algum colaborador da produção da argamassa, ou mesmo pede para alguém que passar pelo canteiro e fazer a solicitação. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 8 No processo da produção de argamassa, o betoneiro possui dois auxiliares que o ajudam com serviços do tipo: transportar insumos para produção, peneirar a areia e retirar os pedregulhos da peneira (a areia fornecida não vem peneirada), varrer o chão ao redor da betoneira, encher padiolas de areia, transporte de argamassa até o guincho, etc. Na situação encontrada, os materiais básicos estavam estocados próximo do local da produção de argamassa, como demonstrado no layout do canteiro, sendo o mais inconveniente o pessoal desta estar de um lado da betoneira para colocar o cimento, areia, água, aditivo de cal (reboco interno) ou impermeabilizante para argamassa (reboco externo) e ter que passar para o outro lado para encher as padiolas de areia e carregar a betoneira. A produção de argamassa é dada início pelo menos 30 minutos mais cedo que o início efetivo da jornada de trabalho. Com isso, a grande quantidade de argamassa produzida na betoneira era também armazenada em seu interior ou descarregada a argamassa no chão, porque a quantidade de carrinhos de mão não era suficiente para o transporte total da betonada. Esse fato pode ser explicado não só pela alta demanda inicial de argamassa, mas também pela alta taxa de espera no guincho. A argamassa, depois de carregada da betoneira para os carrinhos de mão, (transportado para o guincho para ser levado ao pavimento onde se realizava o trabalho de reboco), era descarregadono andar pelo próprio servente do pavimento no chão, próximo de onde estavam sendo realizados os trabalhos no pavimento. Na maioria das observações, os serventes estavam em plena atividade, e não percebiam a chegada do guincho em seu andar. Além da capacidade limitada de carregamento do guincho, a demora no descarregamento contribui mais ainda para o tempo de espera pelo guincho. As medidas utilizadas para a fabricação do concreto na obra são fornecidas pelo projetista, e são elas as seguintes: Tabela 1 - Instrumentos de dosagem Material Quantidade/traço Unidade Material Quantidade/traço Unidade Areia 7 padiolas = 238 l Areia 5 padiolas = 136 l Cimento 50 kg Cimento 50 kg Aditivo de cal 200 ml Impermeabilizante de argamassa 1 kg Água 36 l Água 36 l Tabela 2 - Produção do reboco interno Tabela 3 - Produção do reboco externo Porém, as observações in loco das quantidades de insumos adicionados na betoneira para a fabricação do traço não seguiram a precisão do projetista, o que mostra uma ineficiência em medições mais exatas. Em outras palavras, as medidas são feitas através da experiência do betoneiro, como conseqüência, nem todas as massas serão exatamente iguais, o “ponto” dado Material Instrumento Areia Padiola de 34l (35x45x22 cm) Cimento saco de 50 kg Aditivo de cal recipiente de 300 ml Impermeabilizante de argamassa 1 pacote de 1 kg Água balde de 10l XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 9 ao traço pode variar fazendo com que insumos se percam e materiais extras sejam desperdiçados deliberadamente. 5.3 Qualificação e quantificação das medições 5.3.1 Fluxograma do processo 5.3.1.1 Reboco interno Figura 2 – Fluxograma do reboco interno 5.3.1.2 Reboco externo Figura 3 – Fluxograma reboco externo 5.3.2 Coleta de dados e análises das medições Como considerações iniciais serão definidas os objetos de apresentação dos dados coletados, porém somente será demonstrado o diagrama de balanço de equipes. O diagrama de balanço de equipes ou diagrama de barras consiste num diagrama representado por barras verticais, estas são subdivididas em blocos de tempo que correspondem às respectivas atividades ou “não-atividades” dos componentes observados e medidos. Os blocos podem ser denominados e representados pelo analista conforme o que foi observado. Por exemplo: “carregar a betoneira”, “espera”, “realizar trabalhos de limpeza”, “transportar o material da betoneira até o guincho”, etc (GERBAUER, 2002). O diagrama de processo é outro instrumento que nos auxiliou na análise de processos de trabalho. As diferentes etapas de trabalho são listadas segundo a seqüência cronológica do fluxo de materiais e identificadas por símbolos, é indicado a trabalhar com cinco atividades principais: operação, transporte, inspeção, esperas e estocagem. Estes símbolos são utilizados para representar o fluxo de material a ser preparado e processado ao longo da cadeia de trabalho. O ponto central deste registro é o fluxo de materiais. É importante entender a diferença entre metros de transporte e homens-metro e máquinas-metro e aplicar estes conceitos de forma conseqüente. Os metros de transporte representam as distâncias percorridas por uma unidade de material entre um lugar e outro. Homens-metro e máquinas- metro representam as distâncias que uma pessoa ou máquina percorre ao transportar o material (GERBAUER, 2002). A partir das duas semanas de medições da etapa da produção de argamassa para reboco interno e externo, foi possível estruturar as atividades dos colaboradores envolvidos. São apresentados os tempos médios de trabalho observados na etapa e descrição das principais atividades. O operário 1 é o betoneiro chefe, responsável pela recepção do pedidos, das medições de insumos do processo para fabricação da argamassa e coordenação das atividades. Os operários 2 e 3 são os auxiliares, e estão encarregados de transportar matéria prima para a betoneira e transportar a argamassa pronta para o guincho, entre outras competências. Água Aditivo de cal Cimento Areia Água Água Impermea- bilizante Cimento Areia Água XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 10 O layout do canteiro revela que os materiais de insumos para a fabricação de reboco interno e/ou externo são de fácil e rápido acesso. Isso pode ser mais bem observado com a elaboração de um diagrama de fluxo. A seguir, na figura 4, é mostrado o registro dos tempos parciais dos componentes da situação encontrada. Os tempos de espera dentro do processo de fabricação de argamassa estão em faixa considerada normal. Procurou-se estender os dados do diagrama desde o processo de produção de argamassa em si, até o transporte para o elevador, por ser este o fator limitante observado empiricamente pelos próprios funcionários do canteiro e, agora, pelas medições e na apresentação das tabelas. 14 13,5 13 12,5 12 11,5 11 10,5 10 9,5 9 8,5 8 7,5 7 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 Tempo (min) Op.1 Op.2 Op.3 Op.4 Betonei ra Operários e máquinas observados Legenda: Coloca água aditivo de cal (reboco interno) / impermeabilizante (reboco externo) Limpeza Transporta CM para guincho Por cimento Despejar traço nos carros de mão Encher padiolas (arenoso) Descarregar areia na betoneira Espera do guincho Outras atividades Dosar água Carrega guincho Operando XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 11 Figura 4 – Diagrama de balanço de equipes Na coluna referente ao diagrama do operário 1, a cor que reapresenta “Outras Atividades” na legenda, poderia estar preenchido com a cor que representa “Espera do guincho”. Porém, levou-se em consideração o fato de somente os operários 2 e 3 serem os responsáveis por carregar e descarregar os carrinhos no guincho. A espera do guincho é um fator determinante no lead time (tempo de processamento mais tempo de entrega da argamassa ao pavimento solicitante) do processo. Neste caso, a problemática não está na operação da produção de argamassa propriamente dita, é bem claro que a espera pelo guincho e sua demora no descarregamento são longas, o que prejudica a produção e a agilidade no andamento da obra. Ou seja, o tempo de espera no processamento da argamassa está na faixa normal de processamento, porém o tempo de entrega da argamassa para o pavimento preenche uma faixa de tempo maior. Além disso, mesmo sendo o processo de fabricação da argamassa para reboco com pouco tempo de espera, onde todos os colaboradores estão praticamente ocupados, esse não é necessariamente um processo eficiente e racionalizado. Analisando-se o layout do canteiro, percebe-se que o percurso da betoneira onde sai a argamassa pronta até o guincho que levará aos pavimentos, é consideravelmente longa. O agravante é que a capacidade do guincho suporta em seu espaço físico apenas dois carrinhos- de-mão e cada traço da betoneira é suficiente para encher quatro desses. Ou seja, para cada traço é necessário a realização de duas viagens para escoar todo o traço para o(s) pavimento(s) solicitante(s).Sendo o tempo de espera dos carrinhos para a carga no guincho maior o suficiente para que haja tempo suficiente para a fabricação de outro traço, acontecerá da betoneira ter material estocado em seu interior ou mesmo teria de despejar no chão, pois ainda há uma espera pela volta dos carrinhos de mão. Por não ser permitido o transporte humano no guincho com a presença de materiais (NR 11) para descarregar a argamassa no pavimento-destino, a demora na espera do guincho se dá também pelo fato de nem sempre ter alguém no pavimento de destino esperando para a recepção do guincho. Reiterando, esse processo foi analisado somente o ciclo completo para a fabricação de um traço (tempo de processamento mais tempo de entrega da argamassa ao pavimento solicitante). As análises dos diagramas possibilitam tirar as seguintes conclusões: a) Sendo um ciclo único completo em média de 14 minutos e o tempo intrínseco de processamento completo de insumos na betoneira para fabricação da argamassa de 6 minutos, pode-se fazer uma projeção para um ciclo contínuo (fabricação de traços de argamassa seguidamente), e conclui-se que haverá estoque de argamassa ou na própria betoneira, aguardando o carregamento nos carrinhos de mão ou mesmo estoque no chão, próximo a betoneira no caso em que se queira dar continuidade ao processo da produção sem que tenha sido feita a carga do carrinho de mão; b) Há necessidade de utilização de equipamento de transporte de argamassa para reboco com capacidade suficiente para ocupar exatamente o espaço físico do guincho com uma betonada; XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 12 c) Com relação ao local do canteiro, pela topografia do terreno, não há possibilidade de aproximá-lo do guincho, pois os materiais como areia cimento e não disponibilizariam de espaço físico para estocagem. d) O fluxo de informações no canteiro para a solicitação de argamassa e o descarregamento no local de uso, dificulta a eficiência do processo. 5.4 Propostas de melhoria Como propostas de melhoria visando à racionalização do processo, têm-se: a) O processo de planejamento e controle de produção para ajudar a racionalizar o número de atividades do processo que não agregam valor, ou seja, aquelas atividades que consomem tempo, recursos e espaço e não somam para o andamento e agilidade do processo, como as identificadas; b) Realizar um estudo de local do canteiro de obras com arranjo físico que facilite o processo de fabricação de argamassa e a distribuição para os pavimentos; c) Melhor adequação dos materiais de medição e exposição de procedimento operacional padrão para a elaboração da argamassa (seja para reboco interno como para externo), a fim de diminuir a variabilidade da qualidade da argamassa, tanto por questão de segurança como de racionalização de materiais pelo não desperdício. d) Considere o seguinte fato: a solicitação de argamassa pelos pavimentos se deu na maioria das observações o mínimo de meio traço e o máximo de um, e que os equipamentos para transporte usados eram carrinhos de mão (relação traço-carro de mão foi de 1:4). Propõe-se a utilização de “giricas” para o transporte de argamassa para os pavimentos, tendo em vista a relação “traço-girica” ser de 1:2. Isso acarretará em uma redução lead time (mais especificamente no tempo de transporte para os pavimentos) da média de 14 minutos para uma média de 10 minutos (deduzido o tempo de mais um carregamento e transporte de argamassa para o pavimento), ou seja, diminuição em aproximadamente 28 % do lead time atuais. e) O servente descarregar a argamassa transportada pelo guincho no rol do pavimento com o intuito de disponibilizar mais rapidamente possível, o guincho. f) O terceiro operário ser um real facilitador das atividades do betoneiro, realizado a movimentação para próximo da betoneira os insumos a serem utilizados pouco antes do instante da utilização e, além disso, nos tempos de folga, realizar o peneiramento para granulação de areia fina (considerando o fato de a areia chegar até a obra, ainda não estar pronta para o uso). g) A demora para o descarregamento dos carrinhos de mão no pavimento poderia ser resolvida mudando-se o canal de fluxo de informações: sistema de rádios transmissores para comunicação entre o betoneiro e os pedreiros de cada pavimento; sinal sonoro do elevador para informar a chegada do guincho ao pavimento. Essas seriam soluções racionais, que diminuiriam o tempo de descarregamento e distribuição da argamassa aos setores. h) Treinamento com o pessoal envolvido em todo processo para esclarecimentos de perdas de tempo em movimentos ou ações improdutivas. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 13 i) Com relação ao tempo de atividade ao processo da produção de argamassa, sugere-se a aproximação dos instrumentos de dosagens do aditivo de cal e utilização de equipamentos com maior precisão nas atividades. 6. Considerações finais O presente trabalho realizou um estudo de caso na etapa de fabricação de argamassa para reboco interno e externo de um empreendimento da cidade do Natal/RN propondo a racionalização do tipo R1. Ao longo do estudo do processo de produção de argamassa, foram detectadas longas demoras no transporte final da argamassa pronta para os pavimentos, seja de reboco interno ou externo, e o objetivo foi desenvolver propostas de melhoria para solucionar a problemática. Neste ponto, vale salientar a diminuição do lead time médio para distribuição aos pavimentos de 14 minutos para cerca de 10 minutos, caracterizando uma notável redução de 28%, que possibilita um prontidão no uso da argamassa e o amento na produtividade e eficiência no serviço executado. Desta forma, o trabalho visou propostas de melhorias diante da análise da etapa selecionada baseando-se em GEHBAUER (2002), fazendo uso das suas tabelas e gráficos de diagrama de balanço, preenchidos baseando-se em dados colhidos ao longo de duas semanas de análises dos ciclos de produção, no qual cada um fabricava cerca de 1 traço de argamassa. O estudo realizado na construtora teve total apoio da direção e dos colaboradores envolvidos na fabricação de argamassa para reboco. Seguindo os passos iniciais da produção mais limpa, o ecotime foi formado no qual se incluíam o diretor, engenheiro, arquiteto, mestre e contra- mestre, um consultor ambiental e, por fim, os estagiários. Uma seqüência de propostas de melhorias foi elaborada para que a implantação fosse o próximo passo do trabalho na construtora. Espera-se dedicação substancial por parte do ecotime e do corpo geral de funcionários na empresa, com a internalização destes acerca da preocupação ambiental que se deve ter, pois, deveras, é essencial para que todos possam juntos desfrutar de um mundo melhor. Portanto, o presente estudo buscou apresentar oportunidades que viabilizasse um fortalecimento do setor da construção civil no Estado do Rio Grande do Norte, em busca da sustentabilidade e competitividade através de métodos racionalizados. Referências ARAÚJO, A.F. A aplicação da metodologia de produção mais limpa: estudo em uma empresa do setor da construção civil. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós Graduação em Engenharia de produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. BERNARDES, M.M. Planejamento e controle da produção para empresas de construção civil. LTC Editora, 2003. CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. 2007. CNTL. Curso de Formação de Consultores em Produção Mais Limpa para Pequena e Microempresa. Módulo 1, Porto Alegre, CNTL, 2003. CÔTÉ, R; BOOTH,A; LOUIS B. Eco-efficiency and SMEs in Nova Scotia, Canada. In: Journal of Cleaner Production 14 (2006) 542 – 550. GEHBAUER, F. Racionalização na construção civil. Recife: Projeto COMPETIR (SENAI, SEBRAE, GTZ), 2004. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 14 GEHBAUER, F. Planejamento e gestão de obras: um resultado prático da cooperação técnica Brasil – Alemanha. Curitiba: CEFET-PR, 2002. GLAVIC, P.; LUKMAN, R. Review of sustainability terms and their definitions. Journal of Cleaner Production, v. 15, p. 1875 – 1885, February 2007. INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA HABITAÇÃO ECOLÓGICA. Materiais ecológicos e tecnologias sustentáveis : teoria e prática das construções sustentáveis. IDHEA, 2008. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais. Disponível em: < http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_11.asp> Acesso em: 10/02/2008. OLIVEIRA, J.M. Dossiê técnico: Produção mais Limpa no Setor da Construção Civil. Centro Nacional de Tecnologias Limpas. CNTL. Rio Grande do Sul: SENAI, 2006. WBCSD. Eco-efficiency: creating more value with less impact. Geneva, Switzerland: World Business Council for Sustainable Development; 2000. P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 1, p. 1-14, 2011 Método de racionalização no canteiro de obras: um estudo de caso na indústria da construção civil da cidade do Natal/RN Rationalization method on construction site: a case study in the construction industry from Natal/RN 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) israelsammy@gmail.com; marianatcm@yahoo.com.br; handson@cefetrn.br Israel Sammy Bandeira Souza1 Mariana Torres Correia de Mello1 Handson Cláudio Dias Pimenta1 1. INTRODUÇÃO Em tempos não muito distantes, viam-se os recursos naturais, a sociedade e a economia separadamente, sabendo que para gerir uma sociedade, a economia é necessária, levando como fator de dinamização da mesma, os recursos naturais, sendo estes, matéria-prima necessária para produção dos bens de consumo, subsidiando assim, a potencialidade econômica do mercado e o giro de capital. Essa concepção acaba relevando a preocupação que todos os setores devem ter com o meio ambiente, integralizando-se a ele. Como responsável pela mobilização de capital, as atividades produtivas não poderiam se separar das causas ambientais, principalmente o setor da construção civil que é considerado um dos maiores RESUMO: O presente trabalho explana sobre a tecnologia ambiental da racionalização do processo na indústria da construção civil, com o objetivo de realizar um estudo de caso para a implantação do método de racionalização no canteiro de obras do tipo R1 proposto por Gehbauer (2004) na etapa da fabricação de argamassa para reboco interno e externo. Foram observadas oportunidades de melhoria relacionadas com a redução dos custos no fluxo de material, a minimização das distâncias de transporte, a otimização das máquinas empregadas e a melhoria do fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas, levando como fatores a qualidade e o tempo que colocam efetivamente o processo da produção e do canteiro de obras no centro das atenções, além de ganhos ambientais, como a redução da geração de resíduos. Para isso, medições de tempos e movimentos e do fluxo de materiais foram realizados, possibilitando a elaboração do diagrama de balanço de equipes. O desenvolvimento do estudo contou com total comprometimento da direção e empenho do setor operacional. Constatou-se uma demora demasiada no fluxo de saída da argamassa para os pavimentos prejudicando o ritmo de trabalho. Palavras-chave: Racionalização R1; Indústria da construção civil; Produção de argamassa; Ecoeficiência. ABSTRACT: This paper explains about the environmental technology on saving resources in the process in the construction industry, with the purpose of conducting a case study in order to carry out the method of saving resource in the site works type R1 proposed by Gehbauer (2004) in stage of manufacturing mortar for internal and external plaster. It was observed opportunity for improvement related to reducing costs with materials, minimizing the distances of transport, the optimization of machinery used and the improvement in the flow of information and the training of people involved, taking as factors the quality and time that effectively highlights the process production of and site works, as well as, environmental issues, such as reduction of waste generation. Thus, measures of time and movement and flow materials of were noted, enabling the development of the balance of teams diagram. The development of this study had total commitment of the management and operating sector. It was seen an excessive delay in the flow of the mortar to the floors disturbing the effectiveness of work. Keywords: R1 saving resources, Construction industry, Production of mortar, Ecoeficiency. 2 Souza, Mello e Pimenta P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 1, p. 1-14, 2011 causadores pelo uso de matérias-primas retiradas da própria natureza, sendo assim, a solidariedade ao meio ambiente incluindo em sua estrutura organizacional em uma gestão específica ao manuseio correto da natureza - minimização dos impactos que a empresa gera ao meio ambiente – vem à tona com um novo caráter e faz do marketing e o benefício empresarial fatores vantajosos para não mais se conflitar com essa nova exigência, fazendo dela uma aliada, uma oportunidade de negócios. Estabelecendo esses conceitos e questionamentos, focaliza-se o trabalho à problemática dos impactos ambientais da construção civil remetendo-se a sua característica de poluidor/degradador e estabelecendo a necessidade do estabelecimento de programas de gestão ambiental, visando a promoção de uma construção sustentável, sem alterar a produção e custos na empresa. Desta forma, merece destacar algumas ferramentas de gestão ambiental, dentro de uma abordagem preventiva e estratégica, por exemplo, a produção mais limpa e dentro da mesma, a racionalização de processos construtivos – R1, sendo o clímax do presente artigo. A racionalização apresenta-se como um processo dinâmico que se desenvolve e se aperfeiçoa sistematicamente e que tem por objetivo a otimização ao utilizar os recursos humanos, materiais e organizacionais que intervém na construção. O Fato da R1 também objetivar uma otimização do uso de recursos naturais, evitando a geração de poluentes, principalmente resíduos sólidos, esta pode ser enquadrada como uma prática da ecoeficiência, entendida como uma filosofia de gestão que encoraja o mundo empresarial a procurar melhorias ambientais que potenciem, paralelamente, benefícios econômicos. Esta filosofia concentra-se em oportunidades de negócios e permitam as empresas tornarem-se mais responsáveis do ponto de vista ambiental, além de incentivar a inovação e, por conseguinte, o crescimento e a competitividade. Enfatiza também que uma indústria acoplando melhorias econômicas e ambientais podem se tornar sustentáveis (CÔTÉ, BOOTH e LUISE, 2006). Nessa conjuntura, o presente estudo visa implementar a metodologia R1 em uma construtora da cidade do Natal/RN, especificamente nos processos de produção de argamassa para reboco interno e externo, visando a otimização dos processos em relação a redução de desperdícios e redução de resíduos conforme técnicas de melhoria da produção da racionalização na construção civil. O estudo de caso foi realizado em uma construtora de médio porte da cidade do Natal/RN e o empreendimento
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