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AVALIAÇÃO CLÍNICA Padrão Respiratório: Frequência Respiratória (FR): Normal entre 30-60 ipm. Taquipneia: FR >60ipm. Respiração Periódica: 10-15 segundos de movimentos respiratórios rápidos (FR 50-60 ipm), intercalados por pausas respiratórias de 5-10 segundos -> sem repercussão cardiovascular. Apneia: Pausa respiratória > 20 segundos ou entre 10-15 segundos, se acompanhada de bradicardia, cianose ou queda de saturação. Trabalho Respiratório: Batimento de asas nasais (BAN): Abertura e fechamento das narinas. Gemido expiratório: Fechamento parcial da glote durante a expiração, com o objetivo de aumentar a pressão expiratória final (PEEP), prevenindo o colapso alveolar. Head bobbing: Movimento para cima e para baixo da cabeça, a cada respiração, pela contração da musculatura acessória do pescoço. Retrações torácicas: Podem ser: intercostais, subcostais, supraesternais e esternais (ou xifoideas). Sinais de Gravidade: Gasping/Estridor: Obstrução das vias aéreas. Apneia/esforço respiratório débil: Falência respiratória. Bradicardia, hipotensão arterial e má perfusão periférica: Colapso circulatório. Cianose: Hipoxemia. Cianose: Acrocianose: Cianose em regiões plantares e palmares. Cianose Central: Em mucosa oral, em decorrência de uma hipoxemia grave. ETIOLOGIA Diversas doenças, inclusive não pulmonares, podem originar sinais e sintomas de desconforto respiratório no RN. Diagnóstico diferencial: Exame físico do RN, dados da história gestacional e do parto e achados de exames complementares (RX de tórax). CAROLINA ELMAUER BORGES | MEDICINA MAUÁ décimo semestre, internato, 2022. Imaturidade Pulmonar: Síndrome do desconforto respiratório. Intercorrências no processo de nascimento: Síndrome de aspiração meconial, taquipneia transitória do RN, síndrome de escape de ar, síndrome da hipertensão pulmonar persistente neonatal e pneumonias. Alteração no desenvolvimento e crescimento pulmonar antenatal: Malformação adenomatoide cística, hipoplasia pulmonar, hérnia diafragmática congênita, derrame pleural congênito e enfisema lobar congênito. SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO – SURFACTANTE PULMONAR 10% de proteína e 90% de lipídios (dipalmitoil fosfatidilcolina). Reduz a tensão superficial dos alvéolos. Produção a partir da 20ª semana (pneumócitos tipo II), mas a partir da 35ª semana é que está presente em quantidade adequada. Alteração na produção: ♥ Asfixia, hipoxemia, hipotensão e hipovolemia -> supressão da síntese do surfactante. ♥ Situações de estresse (RPMO, RCIU e pré-eclâmpsia) que causa aumento do cortisol e acelera a produção do surfactante. A Síndrome do Desconforto Respiratório é uma doença qualitativa e quantitativa do surfactante, causando aumento da tensão superficial e da força de retração elástica, instabilidade alveolar e formação progressiva de atelectasias. Com isso há diminuição da complacência pulmonar e da capacidade residual funcional, diminuindo a relação ventilação/perfusão. O líquido pulmonar piora a complacência pulmonar e inativa o surfactante da superfície. Quadro Clínico: Desconforto respiratório progressivo, com sinais de aumento do trabalho respiratório logo após o nascimento. Há piora nas primeiras 24 horas, pico em 48/72 horas e melhora gradativa ou deterioração clínica. Quadro Radiológico: Infiltrado reticulogranular difuso (em vidro moído) – aspecto típico, porém não patognomônico. Presença de broncogramas aéreos e aumento de líquido pulmonar. Tratamento: Suporte: Estabilização metabólica (tratamento da acidose) e circulatória (tratamento da hipotensão), controle da hipotermia e terapêutica nutricional. Oxigenoterapia e suporte ventilatório: Mínima FiO2 possível para atingir saturação de O2 alvo entre 31% e 35%. Reposição precoce de surfactante: Protocolo INSURE (Intubar, surfactante e extubar) e Protocolo LISA (menos invasivo – através de sonda) Administração de Surfactante: Profilática: RNPTe e/ou peso de nascimento <1000g (variando de serviço para serviço). Terapêutica: após os primeiros sinais clínicos de SDR. Profilaxia da SDR - Corticoide Antenatal Para todas as gestantes entre 24-34 semanas de gestação com risco de parto prematuro. Duas doses de betametasona IM (com 24 horas de intervalo entre as doses) OU quatro doses de dexametasona IM a cada 12 horas. Os efeitos são mais evidentes 24 horas após o início da terapia e perduram por até 7 dias. *O uso de corticoide antenatal reduz a gravidade da SDR, mas também de uma série de outras complicações da prematuridade, como hemorragia peri-intraventricular (HPIV), persistência de canal arterial (PCA), pneumotórax e enterocolite necrosante. PNEUMONIA NEONATAL Trata-se de um processo inflamatório pulmonar, que pode ter origem infecciosa (bacteriana, viral ou fúngica) ou química. Congênita: Pela passagem transplacentária de agentes etiológicos de origem materna ou por aspiração de líquido amniótico infectado. Neonatal: Aquisição perinatal (pela passagem pelo canal de parto) ou pós- natal. Classificação por Tempo de Aparecimento: Precoce: Primeiras 48-72 horas de vida, predomínio de bactérias gram- negativas -> estreptococo do grupo B (Streptococcus agalactiae). Tardia: Decorrente da infecção pós- natal por germes hospitalares, com predomínio de gram-positivos. Ocorre depois da primeira semana de vida. Quadro Clínico: Inespecífico. Quadro Radiológico: Indistinguível da SDR. Diagnóstico: Qualquer RN com desconforto respiratório acompanhado de hemocultura positiva ou de 2 ou mais critérios: Tratamento: Suporte ventilatório e oxigenoterapia. Suporte nutricional (enteral ou parenteral). ATB: Cobertura das bactérias de canal de parto (Streptococcus do grupo B, E. coli ou Listeria monocytogenes), Penicilina cristalina + Amicacina ou Ampicilina + Gentamicina, e com tempo de tratamento baseado na clínica e laboratório (7-10 dias). TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN Causa desconforto respiratório leve a moderado, geralmente de evolução benigna. *Líquido pulmonar: Essencial para o crescimento das vias aéreas no período intraútero. Retardo na reabsorção do líquido pulmonar: Taquipneia transitória do RN. Fatores de Risco: Principal – Cesárea eletiva fora de trabalho de parto, já que o trabalho de parto desencadeia uma série de hormônios que fazem o líquido pulmonar ser absorvido; Quando em RNPT (prematuro): Síndrome do Pulmão Úmido (SPU). Quadro Clínico: Taquipneia com início nas primeiras horas após o nascimento. Com ou sem esforço respiratório. Melhora rápida (e espontânea) em 24-48 horas -> resolução total dos sintomas em 3-5 dias. Quadro Radiológico: Excesso de líquido + acentuação da vascularização -> congestão peri-hilar radiada e simétrica, espessamento de cisuras interlobares (cisurite). Tratamento: É apenas de suporte, uma vez que o paciente evolui com melhora espontânea da sintomatologia. NÃO DEVEM SER UTILIZADOS DIURÉTICOS. SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL Apesar de presente no TGI desde a 16ª semana, apenas a partir do 34ª semana é que o mecônio se localiza no cólon descendente. Liberação do mecônio intraútero: NÃO OCORRE EM CONDIÇÕES NORMAIS, somente em maturidade fetal e sofrimento fetal (pelo relaxamento do esfíncter anal). O sofrimento fetal desencadeia gasping (esforços respiratórios irregulares), causando a aspiração meconial. Fisiopatologia: Obstrução completa: Origina áreas de atelectasia. Obstrução parcial: Gera um mecanismo valvular que leva ao aprisionamento de ar, causando áreas de hiperinsuflação com risco de pneumotórax. Inflamação: Pneumonite química e maior risco deinfecção secundária. Inativação do surfactante. Quadro Clínico: RN de termo ou pós-termo, história de asfixia perinatal e líquido amniótico meconial. Sinais de desconforto respiratório precoces e progressivos. Mecônio é gradativamente absorvido, com melhora do processo inflamatório e resolução do quadro em 5-7 dias. Quadro Radiológico: Áreas de atelectasia e opacidades de aspecto granular grosseiro alternadas com áreas de hiperinsuflação, em ambos os campos pulmonares. Tratamento Suporte ventilatório e oxigenoterapia. Surfactante exógeno -> Uso controverso. Antibioticoterapia: Mecônio= meio de cultura para gram-negativos; aspecto radiológico pode mimetizar pneumonia neonatal. Na dúvida, iniciar ATB empírica.
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