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Fls.: 1 Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região Ação Trabalhista - Rito Ordinário 0000789-98.2021.5.13.0026 Processo Judicial Eletrônico Data da Autuação: 03/11/2021 Valor da causa: R$ 101.719,31 Partes: AUTOR: OZIEL ALVES SILVA ADVOGADO: FERNANDO DE OLIVEIRA SOUZA RÉU: MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. ADVOGADO: RENATA LINS AZI RÉU: MSC CRUISES S.A. ADVOGADO: RENATA LINS AZI RÉU: MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED ADVOGADO: RENATA LINS AZI PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 13ª REGIÃO 9ª VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA ATOrd 0000789-98.2021.5.13.0026 AUTOR: OZIEL ALVES SILVA RÉU: MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA. E OUTROS (3) AÇÃO TRABALHISTA N° 0000789-98.2021.5.13.0026 RITO ORDINÁRIO AUTOR: OZIEL ALVES SILVA RÉU: MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA RÉU: MSC CRUISES S.A. RÉU: MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED SENTENÇA I – RELATÓRIO Ação trabalhista ajuizada por OZIEL ALVES SILVA em face de MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA; MSC CRUISES S.A; MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED, todos qualificados nos autos, na qual a parte autora alega haver sido contratado pela rés, nos períodos de 17.05.2018 a 15.12.2018 e de 17.08.2019 a 13.03.2020, para prestar serviços na função de garçom, perseguindo nulidade dos contratos por prazo determinado e o pagamento do labor em sobrejornada com seus consectários. Pugna, ainda, por ressarcimento de descontos indevidos, multas dos art. 477, § 8º, e 467da CLT, honorários advocatícios e justiça gratuita. Deu valor ao feito, digitalizou procuração e documentos. Regularmente citadas, as demandadas não conciliaram e apresentaram defesa única (ID. 7aab46f). Contestação centrada nas preliminares de incompetência da Justiça do Trabalho, propalando a não aplicação da lei trabalhista brasileira; de inépcia da inicial quanto ao reconhecimento do vínculo, ante a ausência de pedido nesse sentido, pugnando, pela ocorrência de prescrição total e defendendo o correto pagamento das verbas postuladas na exordial, pugnando, ao fecho, pela improcedência dos pedidos. Digitalizou procuração, preposição e documentos. Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 2 Em mesa (ID. c8f7db0), foram colhidos os depoimentos dos litigantes e interrogada uma testemunha. Instrução encerrada. As partes aduziram razões finais e não conciliaram. Relatei. Decido. II- FUNDAMENTAÇÃO Da preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para conhecer e julgar a presente lide A questão ora em exame encontra-se pacificada no âmbito do nosso E. TRT. De fato, ambas as turmas do nosso E. TRT repelem a preliminar em exame, reconhecendo e declarando a competência da Justiça do Trabalho para conhecer e julgar matérias de igual naipe. Ilustrando o afirmado no parágrafo anterior, elenco ementas de precedentes do nosso E. TRT, precedentes, aliás, mencionados pelo Desembargador Ubiratan Moreira Delgado em voto proferido em sede de recurso ordinário, processo nº 0000303-32.2020.5.13.0032 (ROT), quando a preliminar ora em exame também restou repelida. No voto em comento, o Desembargador Ubiratan Moreira Delgado citou as seguintes ementas: "RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS. APLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA PÁTRIA. TRABALHO A BORDO DE NAVIOS DE CRUZEIROS MARÍTIMOS. EMPREGADO CONTRATADO EM TERRITÓRIO BRASILEIRO. Na forma do artigo 3º, inciso II, da Lei n. 7.064/1982, o conflito de direito internacional privado, concernente à aplicação da norma trabalhista, resolve-se pelo princípio da norma mais favorável, consideradas, em conjunto, as disposições regulativas de cada matéria ou (...) (TRT13, 1ª T., ROinstituto, consagrando-se a teoria do conglobamento mitigado 0000005-71.2019.5.13.0033, Des. Eduardo Sérgio de Almeida, DJe 23/11/2020) RECURSO DA RECLAMADA. MARÍTIMO. TRABALHO EM CRUZEIRO. COMPETÊNCIA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Tratando-se de vínculo de emprego com execução em águas nacionais e internacionais e havendo tanto a contratação e quanto o início do labor ocorridos em águas brasileiras, considera-se competente a justiça brasileira para análise da questão, bem como aplicável ao caso a legislação , da qual senacional, por observância ao disposto no art. 3º, II, da Lei nº 7.064/1982 extrai o princípio do centro de gravidade da relação jurídica, considerando aplicável a norma mais favorável ao empregado e não a Lei do Pavilhão" (TRT13, 2ª T., RO 0000397- 10.2019.5.13.0001, Des. Edvaldo de Andrade, DJe 01/02/2021) Grifos nossos. Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 3 Firme nos precedentes do nosso E. TRT, repilo a preliminar em exame, inclusive no tocante à legislação a ser aplicada. Da preliminar de inépcia da inicial Dentre as alegações lançadas em defesa pelas demandadas, quanto a preliminar ora em exame, especificamente, colho e transcrevo os trechos abaixo: "Pois bem. Em que pese o reclamante formular o pleito de reconhecimento de vínculo empregatício “entre as partes - Autor e MSC - (ou quaisquer das rés, pois integrantes de grupo econômico”, não indicou, na causa de pedir, com qual das duas rés firmou o contrato de trabalho. Mas a inépcia não para por aí. É que no rol de pedidos, no lugar de retificar o equívoco, vindicou a condenação de forma solidárias das reclamadas, sem indicar os períodos nos quais cada uma delas deveria ser condenada." Ora, a alegação autoral é da existência de contrato de trabalho com o grupo econômico demandado, desse modo, deve-se ter em consideração, inclusive, que, ante ao princípio da primazia da realidade, o contrato de trabalho, se existente, é firmado com a empresa (empresa em sentido lato) e não com determinado pessoa jurídica, pontuo. Nesse contexto, postulado o reconhecimento da existência de grupo econômico, não vislumbro a ocorrência de inépcia, neste tocante. Outrossim, quanto a segunda alegação de inépcia, a defesa propalou: “O reclamante afirma que não gozava de folga semanal, contudo, na petição inicial não consta o pleito correlato, razão pela qual requer, com supedâneo no art. 330, §1º, I c/c 485, I, ambos do CPC e aplicáveis subsidiariamente ao processo do trabalho, nos termos do art. 769 da CLT, a extinção, sem resolução do .”mérito, da pretensão ao descanso semanal remunerado Ora, se não há pleito do autor nesse tocante, o juízo não poderá, por conseguinte, conhecer e analisar qualquer questão relativa a tal alegação. Desse modo, acolho a preliminar, neste tocante. Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 4 Outrossim, de ofício, a inépcia da inicial, por ausência de pedido, da questão relativa ao o ressarcimento dos descontos indevidos e de verbas rescisórias, pois faz-se impossível confundir, sob pena de ofensa ao princípio do devido processo legal e da ampla defesa, causa de pedir e pedido. Sem que a parte autora tenha definido os limites objetivos da pretensão, não há segurança para a incidência da coisa julgada. Nesse caminho, decreto a inépcia parcial da petição inicial dos pleitos de folga semanal e de ressarcimento dos descontos indevidos, para, nos termos do artigo 330, I, c/c o artigo 485, IV, ambos do CPC, extinguir o processo sem resolução do mérito, no particular. MÉRITO Da prescrição bienal O primeiro contrato de trabalho noticiado nos autos, segundo narrado pela parte autora em sua peça vestibular, perdurou de 17.05.2018 a 15.12.2018. Por outro lado, a presente lide foi ajuizada em 03.11.2021. Desta feita, nos termos dos artigos art.7º, XXIX, da CF e 11 da CLT, declaro prescritos e extintos, com resolução de mérito, os pleitos de caráter não declaratórios referentes aos serviços prestados entre 17.05.2018 a 15.12.2018. Nesse passo, em arremate as conclusões lançadas no parágrafo anterior, transcrevo trecho de ementa do acórdão proferidonos autos do processo 0000208-55.2021.5.13.0003 (ROT): RECURSO DO RECLAMANTE. CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO. CRUZEIROS MARÍTIMOS. TRANSITORIDADE DO SERVIÇO PRESTADO. VALIDADE. UNICIDADE CONTRATUAL NÃO RECONHECIDA. INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO BIENAL RELATIVAMENTE AOS TRÊS PRIMEIROS CONTRATOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. Considerando que a atividade preponderante da primeira demandada visa a atender temporadas específicas de cruzeiros marítimos, tem-se que a natureza e a transitoriedade do serviço prestado autorizam o reconhecimento da validade dos contratos por prazo determinado, nos termos do art. 452 da CLT, ainda que tenha havido a sucessão de contratos em tempo inferior a 6 meses. Assim, não havendo contrato único e tendo em vista que alguns contratos foram extintos mais de dois anos Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 5 antes do ajuizamento da ação, mantém-se a sentença que declarou a incidência da prescrição bienal quanto aos referidos períodos contratuais, nos termos do art. 7º, inciso XXIX, da CF/1988. Recurso não provido. Passo ao exame dos pleitos expressamente formulados pela parte autora em sua peça vestibular. Do exame da alegação de existência de grupo econômico Como é cediço, no Direito do Trabalho, a caracterização de grupo econômico não exige o rigor da tipificação constante do Direito Civil. No caso dos autos, vários elementos de identificação do grupo econômico mencionado na doutrina mostram-se presentes. De fato, além de terem apresentado defesa única e de se fazerem representar por um mesmo preposto, o Sr. (a) SHIRLEI CARDOSO COUTO, há o consórcio firmado entre as demandadas para execução dos serviços no empreendimento, conforme contratos, tendo como Administradores os Senhores ELBER ALVES JUSTO, CPF 709.777.611-00, e o senhor ELMER ALVES JUSTO (ID. 864d3cd - Pág. 13), sendo notória a integração dos objetivos de ambas. Tratando-se de grupo econômico, nos moldes previsto pelo artigo 2º, § 2º, da CLT, devem as empresas responder solidariamente pelas obrigações decorrentes dos contratos de trabalho dos seus subordinados. Do exame dos pleitos de horas extras e reflexos. Há pedido de horas extras e reflexos. Examino tais pleitos, tendo em conta a defesa central dos demandados, neste particular, qual seja, a de labor a de labor dentro da carga horária legal, com regular concessão do intervalo intra e interjornada, e pagamento das horas extras efetivamente laboradas. Pois bem. Considerando que a empresa ré digitalizou aos autos os controles de jornada, o ônus de comprovar a inveracidade desses registros é do autor (artigo 818, II, da CLT). Analiso a prova oral colhida. Ao depor, o autor asseverou, entre outras coisas, o seguinte: Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 6 “…que a bordo do navio assinou apenas a carta de embarque; que tinha o sistema de ponto no navio mas quando passava das 11 horas de trabalho registravam o horário e voltavam para trabalhar; que todos os dias de trabalho ultrapassavam essas 1 horas; que trabalhava em média 14 horas por dia; que trabalhava no ponto das 07hs até às 21/21h30h; que esse era o horário registrado; que mesmo no horário de almoço permanecia de plantão e era demandado para outro ,…”serviço; que largava de fato entre às 23h30/00h00 Por seu turno, a preposta afirmou o seguinte: “…;que o contrato estabelece uma jornada máxima de 10 /11horas com até 3 intervalos intrajornadas sendo um não inferior a 6 horas; que o reclamante não trabalhou além da jornada , além das 10/11horas, e se o fez recebeu as horas extras esclarecendo que o contrato já previa a possibilidade de se trabalhar 90 horas suplementares, pagando essas horas se o serviço extraordinário fosse feito;que essas 90 horas era por todo o contrato de trabalho que dura em média de 6 a 7 meses; ”… Por fim, em seu interrogatório, a testemunha trazida aos autos pelo autor informou o seguinte, neste particular: “….;que ela depoente trabalhava no restaurante dos tripulantes; que era uma assistente Waiter; que ela depoente começava a trabalhar por volta das 6hs, da manhã; que ela depoente parava de trabalhar às 21hs, aproximadamente;que tinha cerca de 30mins /1 hora de intervalo intrajornada ; que registrava o horário em um papel mas que o maitre alterava no fim do dia; que o reclamante trabalhava no mesmo horário; PERGUNTAS DO ADVOGADO DO RECLAMANTE: que o reclamante também trabalhava no restaurante dos passageiros ; que quando o reclamante trabalhava no de tripulante e ficava à disposição do maitre e podia ser deslocado para o restaurante dos passageiros; que com frequência o reclamante parava de trabalhar no restaurante dos tripulantes e ia trabalhar no restaurante dos passageiros; que não tinha horário fixo para o maitre determinar que o reclamante saísse do restaurante dos tripulantes e fosse trabalhar no restaurante dos passageiros; que esses deslocamentos poderiam acontecer durante o intervalo intrajornada e também quando acabava o …”serviço no restaurante dos tripulantes; Nesse contexto, transcrevo a causa de pedir do tópico em exame, ei-la: “A parte Autora detinha a jornada média de trabalho, de segunda-feira a domingo (sem folga mensal), em horário médio (por escalas) abrangido .”entre 7h00 às 20h00/21h00, com intervalo para descanso e alimentação Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 7 Ora, a jornada declinada na inicial é condizente com os registros de horário trazido aos autos pelos demandados e com o horário de labor exposto nos depoimentos, pois o autor, em sua peça de ingresso, é silente quanto ao gozo do intervalo intrajornada, presumindo-se verdadeira a alegação de usufruto destes intervalos intrajornada. . Nessa ordem de ideias, destaco que os controles de jornada de todo período laboral, consignam jornadas variadas e há registro de labor extraordinário. Por seu turno, os contracheques adunados evidenciam o correto pagamento das horas extras especificadas (ID. 5db879d), indicando a veracidade dos cartões de ponto, inclusive no tocante ao labor aos domingos. Isto posto, diante do contexto acima apresentado, reconheço a validade dos registros de ponto apresentados pelas demandadas, como prova da real jornada de trabalho do autor, deferindo as horas extras com adicional previsto nas normas coletivas e, na ausência, adicional legal, devendo estas serem calculadas em consonância com as horas trabalhadas declinadas nos cartões de horário trazidos nos autos. Nesse sentido, valho-me, uma vez mais, do brilhante voto do relator UBIRATAN MOREIRA DELGADO proferido nos autos do processo nº 0000208- 55.2021.5.13.0003 (ROT) , em que as rés figuraram no polo passivo. (…) Dos pedidos relacionados à jornada de trabalho As reclamadas pedem a observância dos cartões de ponto para fins de eventual apuração de horas extras, defendendo que estes apresentam a indicação precisa dos horários de entrada e saída do autor. A sentença determinou a apuração das horas extras conforme cartão de ponto de 21 a 30/09/2018 e, quanto ao restante do período, de acordo com a jornada alegada na petição inicial (07h00 às 10h30, das 11h30 às 15h00 e das 17h00 às 00h00, todos os dias, sem folgas semanais), reputando inválidos os relatórios mensais de horas de trabalho e descanso por não conterem a indicação precisa dos horários de entrada e saída do autor. Analisando a documentação anexada pelas reclamadas, observa- se que os relatórios mensais anexados indicam a quantidade de horas de descanso e de labor em cada jornada diária, podendo-se extrair a partir daí os horários de entrada e saída do autor (ID. b05dce5 - Pág. 28). Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 8 Ademais, observa-se que os horários apontados revelam uma jornada bastante variável, sem folga semanal e demonstrandouma quantidade de horas laboradas bem próxima da que pode ser extraída da jornada alegada na petição inicial (14h) em alguns dias, a exemplo do dia 27/11/2018, quando o autor laborou 13h37 (ID. b05dce5 - Pág. 30). Em outros dias, vê-se que a jornada extrapola em muito a quantidade de horas alegadas na inicial, a exemplo do dia 04/10/2018, no qual foram computadas 18h58 de trabalho (ID. b05dce5 - Pág. 29). Em vista disso, considerando que o autor sequer impugnou a documentação ou produziu prova capaz de desconstituí-la, tenho por válidos os relatórios mensais de horas de trabalho e de descanso anexados pelas reclamadas e defiro o pedido para que as horas extras sejam apuradas de acordo com as horas trabalhadas indicadas na respectiva documentação, retificando-se os cálculos nesse aspecto.” Nos cálculos serão observadas as ausências ao serviço (férias, atestados, etc), além do disposto na súmula 264 do TST. Autorizo a dedução de valores pagos a idêntico título. Outrossim, o critério para conversão da moeda estrangeira deve ser a data do pagamento da parcela, e não a cotação da data da contratação, devendo- se observar a cotação do dólar do quinto dia útil subsequente ao mês de trabalho, considerando o dia em que a parcela deveria ser ordinariamente paga. Dos demais pedidos Considerando que o valor que a parte ré entendeu devido ao autor, conforme termo de rescisão de contrato de trabalho acostado aos autos, foi pago dentro do prazo previsto na alínea a do § 6º do artigo 477 da CLT, indefiro o pedido de pagamento da multa a que se refere o § 8º do mesmo artigo. Não vislumbro verba incontroversa cuja natureza justifique a aplicação da multa prevista no artigo 467 da CLT. Ante o valor da remuneração do autor, acolho o pedido de justiça gratuita (art. 790, § 3º, da CLT, (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017). Quanto ao pedido de honorários advocatício procede, nos termos do art. 791-A, §§ 1º e 2º da CLT, vigente ao tempo da prolação da sentença, aplicável ao caso frente o disposto no art. 14 do CPC. Arbitro o percentual em 10% (dez por cento) do valor objeto da condenação, em prol do advogado do autor. Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 9 Da contribuição previdenciária A respeito da contribuição previdenciária, aplico o disposto no artigo 30, I, c/c com § 5º do artigo 33 da Lei 8.212/91, bem como a jurisprudência retratada no v. Acórdão proferido no RE 569.056 pelo Excelso Supremo Tribunal Federal, publicado oficialmente em 12/12/2008, que tratou da competência para determinar a incidência da contribuição previdência sobre tempo de serviço, sob o enfoque de questão constitucional de repercussão geral, no sentido de que: A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança apenas a execução das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir. Com efeito, na hipótese dos autos a contribuição previdenciária deverá incidir sobre as parcelas de natureza salarial deferidas, em razão do alcance conferido pela Excelsa Corte ao artigo 114, inciso VIII, da Constituição Federal, bem como no disposto na Súmula nº 368 do C. TST. IV – DECISÃO ISTO POSTO, decido: 1.Conceder os benefícios da justiça gratuita à parte autora; 2.rejeito a preliminar de incompetência material dessa especializada; 3.declarar prescritos e extintos, com resolução de mérito, os pleitos de caráter não declaratórios referentes ao primeiro contrato de trabalho havido entre as partes. De 17.05.2018 a 15.12.2018. 4.julgar PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulados na petição inicial da ação trabalhista ajuizada por OZIEL ALVES SILVA em face de MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA; MSC CRUISES S.A; MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED, para condenar as rés, de forma solidária, a pagar à parte autora, no prazo de 15 dias após intimação (CLT, artigo 832, § 1o), os valores relativos aos seguintes títulos: horas extras, com adicional previsto nas normas coletivas e, na ausência, adicional legal, devendo estas serem calculadas em consonância com as horas trabalhadas declinadas nos cartões de ponto adunados aos autos, nos termos da fundamentação supra. 3.1.Arbitro o percentual em 10% (dez por cento) do valor objeto da condenação, em prol do advogado do autor. Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f Fls.: 10 O valor da condenação será atualizado com a incidência de juros e correção monetária, na forma da lei e tendo em conta a hodierna jurisprudência do STF. Autorizo a dedução de valores pagos a idêntico título. Outrossim, o critério para conversão da moeda estrangeira deve ser a data do pagamento da parcela, e não a cotação da data da contratação, devendo- se observar a cotação do dólar do quinto dia útil subsequente ao mês de trabalho, considerando o dia em que a parcela deveria ser ordinariamente paga. A liquidação dar-se-á após o trânsito em julgado. Custas pela ré, no importe de R$ 600,00, calculadas sobre R$ 30.000,00, valor atribuído a condenação para fins recursais, exclusivamente. (assinado eletronicamente) ARNALDO JOSÉ DUARTE DO AMARA JUIZ DO TRABALHO JOAO PESSOA/PB, 16 de junho de 2022. ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL Juiz do Trabalho Titular Assinado eletronicamente por: ARNALDO JOSE DUARTE DO AMARAL - Juntado em: 16/06/2022 08:54:16 - 8c7ca2f https://pje.trt13.jus.br/pjekz/validacao/22051710371812500000018744626?instancia=1 Número do processo: 0000789-98.2021.5.13.0026 Número do documento: 22051710371812500000018744626 Fls.: 11 03/11/2021 - Capa 1. 16/06/2022 - Sentença - 8c7ca2f
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