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Técnicas Retrospectivas I Unidade 4 Preservação e restauração do patrimônio cultural no Brasil e no mundo. Objetivos Seção 1 de 4 UNIDADE 4. Preservação e restauração do patrimônio cultural no Brasil e no mundo OBJETIVOS DA UNIDADE Conhecer organizações internacionais que atuam na preservação do patrimônio cultural; Compreender o contexto inicial da institucionalização da preservação do patrimônio cultural brasileiro; Analisar exemplos de restauração em edificações históricas. TÓPICOS DE ESTUDO A organização dos sistemas de preservação do patrimônio histórico e artístico no Brasil e no mundo // O século XX e as organizações internacionais de preservação do patrimônio // O contexto organizacional de preservação do patrimônio cultural no Brasil Legislação de preservação do patrimônio // O Decreto-Lei nº 25 de 1937 // A ampliação da proteção ao patrimônio cultural Estudos de casos no Brasil e no mundo // Exemplos no mundo // Exemplos no Brasil A organização dos sistemas de preservação do patrimônio histórico e artístico no Brasil e no mundo Seção 2 de 4 A preservação do patrimônio cultural é uma temática que tem sido discutida já há muito tempo. Desde o século XV, por exemplo, estudiosos e outros interessados demonstraram preocupação com a destruição dos monumentos históricos, como foi o caso de alguns papas, no período denominado Quattrocento (século XV), que alertavam para as mutilações e depredações sofridas nas edificações antigas, chegando a elaborar normas de uso e de intervenção, como coloca Choay (2017, p. 56-57): É aos papas que cabe, no tempo de Gregório, o Grande, a tarefa da preservação. Mas agora se trata de uma conservação moderna, não mais apropriadora e mutilante, mas distanciada, objetiva e dotada de medidas de restauração e de proteção dos edifícios antigos contra as agressões múltiplas de que são objetos. A partir da volta de Martinho V, sucedem-se as bulas pontificais com essa finalidade, em alguns casos por várias vezes sob um mesmo pontificado. [...] Desejando conservar ‘a Cidade-mãe em sua dignidade e em seu esplendor’, ele pretende ‘empenhar-se com atenção mais vigilante’, não apenas para a ‘manutenção e preservação’ [...], mas também para que as futuras gerações encontrem intactos os edifícios da Antiguidade e seus vestígios. Entretanto, embora as iniciativas de preservação sejam antigas, no que se refere às ações institucionais e à formação de organizações nacionais para a salvaguarda de bens, estas ocorreram somente a partir do século XVIII. Na França, uma das principais motivações para a proteção sistemática dos monumentos históricos e das obras de arte foram as destruições causadas pela Revolução Francesa. Logo após este movimento, diversas instituições mobilizaram-se para promover ações que protegessem os bens culturais franceses. Além disso, os próprios revolucionários e a república instaurada passaram a buscar símbolos culturais para este novo momento político. Foram criadas diversas comissões, alguns museus e comitês para darem conta do patrimônio francês. CONTEXTUALIZANDO A Revolução Francesa ocorreu entre 1789 e 1799, e buscava maior participação da população no cenário político do País, bem como soluções para a grave crise financeira na qual a França se encontrava, devido aos altos custos de vida da monarquia, dos gastos com participação em guerras e a problemas de abastecimento no campo. As ações culminaram na queda do regime absolutista. No que se refere aos monumentos históricos, muitos deles foram depredados ou destruídos por representarem um período de riqueza, ostentação e privilégios para uma pequena parte da população francesa. (ARAUJO, 2016). Outros países, como a Inglaterra, a Itália e a Áustria, também criaram instituições nacionais para cuidar dos bens culturais, com o intuito de construir uma identidade nacional e preservar suas histórias a partir da arquitetura, dos monumentos comemorativos, dos documentos históricos e das obras de arte. No século XIX, estas ações consolidaram-se com o aprofundamento das reflexões sobre preservação e com a criação da restauração como campo disciplinar. O SÉCULO XX E AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO O século XX é marcado por uma mudança muito importante na escala das discussões e das ações de preservação, assim como no entendimento do patrimônio como bem universal. Dessa forma, foram criadas organizações internacionais para lidar com as questões de salvaguarda do patrimônio, de forma mais ampla, e com a participação de vários países. Estas organizações passaram a se reunir periodicamente, em convenções, congressos e outros eventos, para discutir situações relacionadas à preservação dos bens culturais. Uma contribuição fundamental de tais organizações são as cartas patrimoniais, documentos provenientes das reuniões realizadas, que apresentam, entre outros assuntos, conceitos, normas e orientações para a restauração de monumentos, o uso de edificações antigas, as intervenções em sítios arqueológicos, entre outros. A primeira delas, a Carta de Atenas, foi elaborada em 1931 pelo Escritório Internacional de Museus da Sociedade das Nações (parte do Comitê Internacional de Cooperação Intelectual, pertencente à Sociedade das Nações) (CABRAL, 2015). Ao longo do século XX, outras organizações internacionais tornaram-se imprescindíveis para a preservação do patrimônio cultural e para incentivar a cooperação entre os diversos países. Entre as instituições, podemos destacar o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), fundado em 1965, que consiste em uma organização não-governamental que reúne especialistas de várias partes do mundo para formular e aplicar teorias e métodos científicos voltados à preservação, conservação e restauração de monumentos e sítios históricos (ICOMOS, 2021). Outra instituição importante é o Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais (ICCROM), que foi fundado em 1956, na conferência geral das Nações Unidas, em Nova Delhi. Ao longo de mais de sessenta anos, tem atuado em parceria com os diversos países membros para auxiliar nas ações de preservação e restauração, considerando o trabalho de arquitetos, arqueólogos, cientistas, curadores, arquivistas, entre outros (ICCROM, 2021) A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), braço da ONU voltado para a promoção de políticas no âmbito cultural, tem atuado de forma abrangente na valorização do patrimônio cultural e de sua conservação por meio da chancela de patrimônio cultural da humanidade, concedida a bens de significativa representatividade no contexto da identidade e da singularidade do patrimônio. EXEMPLIFICANDO No Brasil, temos 15 sítios declarados como patrimônio mundial cultural pela UNESCO: a cidade de Outro Preto (MG), as ruínas de São Miguel das Missões (RS), o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG), o Parque Nacional Serra da Capivara (PI), os centros históricos de Olinda (PE), Salvador (BA), Diamantina (MG), São Luís (MA) e Goiás (GO), o Rio de Janeiro, as paisagens cariocas entre a montanha e o mar, o Conjunto Moderno da Pampulha, o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, as cidades Paraty e Ilha Grande (RJ) e o Plano Piloto de Brasília (DF) (UNESCO, 2021). O CONTEXTO ORGANIZACIONAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO BRASIL No Brasil, as iniciativas referentes à preservação dos bens culturais foram mais tardias em comparação com os países europeus, por exemplo. Entretanto, o processo de fundação de instituições públicas brasileiras voltadas para o patrimônio possuiu algumas semelhanças com o que ocorreu em outros países no sentido de ter existido, também, uma busca de afirmação de uma identidade nacional. No século XVIII, esta tentativa de forjar o ideal nacionalista e a identidade brasileirafoi realizada pelos revolucionários da Inconfidência Mineira, movimento que lutou pela independência do Brasil do domínio colonial português e pela construção de uma nação verdadeiramente brasileira, mas que foi subjugado pela Coroa sem nem ao menos ter sido deflagrado verdadeiramente. No século XIX, ocorreu substituição da busca da identidade brasileira, por uma europeização de hábitos e aspectos culturais, principalmente com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, junto com toda a sua corte, e da chamada Missão Artística Francesa, em 1816. Desse modo, a Arquitetura, a Arte, a Moda, a Culinária, a Música, entre outros aspectos da sociedade da época, sofreram intensa influência da França. Isso continuou por quase todo o século. Paradoxalmente, ao mesmo tempo que a elite brasileira buscava abandonar as referências de um passado colonial, símbolo do atraso, sobretudo após a Proclamação da República, em 1889, foram fundados os institutos históricos, responsáveis pela construção de uma história nacional, e isto se repercutiu na preservação do patrimônio, ainda que indiretamente, como coloca Villela (2017, p. 66): Enquanto se destruíam muitas das construções coloniais, consideradas precárias, criavam-se institutos históricos que, após a Proclamação da República, em 1889, objetivavam construir a História da nação de uma forma homogênea, solidificar os mitos de sua fundação, ordenar alguns fatos históricos e exaltar os "heróis nacionais". Tudo isso para servir de exemplo de civismo, patriotismo e devoção à Pátria. Nesse contexto, foram fundados: O Museu Nacional (1818); O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1838); O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambucano (1862); O Instituto Histórico de Geográfico de Alagoas (1869); O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1894), entre outros. Estas instituições eram organizadas por estudiosos de várias áreas, como História, Economia, Geografia, Arqueologia e Sociologia, os quais ajudaram a inventar uma memória nacional no fim do século XIX, consolidando-a durante grande parte do século XX. As duas primeiras décadas do século XX são marcadas por outro paradoxo, a difusão e valorização do ecletismo como linguagem arquitetônica predominante, confirmando a influência europeia em terras brasileiras e a valorização da arquitetura colonial como uma arte genuinamente nacional (embora tivesse origem portuguesa). Este reconhecimento determinou, definitivamente, as primeiras ações de preservação do patrimônio histórico brasileiro a partir da década seguinte. As primeiras iniciativas públicas de preservação dos monumentos históricos ocorreram, ainda, na década de 1920, com a criação das Inspetorias Estaduais de Monumentos Nacionais em Pernambuco e na Bahia. A arquitetura tradicional brasileira, chamada “de pedra e cal”, começa a ser inventariada, estudada e conservada por diversos arquitetos, que realizavam diversas viagens pelo País para conhecer e registrar esses bens edificados (VILLELA, 2017, p. 67). Na década de 1930, sob o comando do então presidente Getúlio Vagas, foram tomadas medidas governamentais efetivas para o reconhecimento e a preservação do patrimônio cultural brasileiro, como a nomeação da cidade de Ouro Preto como patrimônio nacional e a fundação, em 1936, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) como parte de um projeto de governo nacionalista, vinculado à construção e consolidação da identidade nacional. O SPHAN, hoje chamado de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), atuou, inicialmente, no reconhecimento da arquitetura civil, militar e religiosa proveniente do período colonial. No ano de 1938, mais de 200 monumentos e conjuntos urbanos foram tombados, considerando a sua “excepcionalidade e a representatividade de alguns momentos da história brasileira” (PINHEIRO, 2006, p. 6). Em Minas Gerais, cidades como Mariana, Tiradentes, Diamantina e Ouro Preto (Figura 1) tiveram seus conjuntos urbanos tombados já em 1938, logo após o início das atividades do SPHAN. Além disso, dezenas de edificações, sobretudo religiosas, foram tombadas individualmente. Ainda hoje, os estados de Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, expoentes dos períodos colonial e imperial, detêm a maior parte dos bens tombados pelo IPHAN. Figura 1. Cidade de Ouro Preto - MG. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 26/01/2021. O IPHAN atuou de forma centralizada durante muitas décadas, sendo o principal gestor do patrimônio cultural brasileiro e o principal definidor dos valores patrimoniais e do que deveria ser preservado. Entretanto, a partir da década de 1970, com a ampliação do entendimento quanto ao significado do patrimônio e da diversidade de valores nele inscritos, bem como de uma atualização de pensamento e de estrutura do próprio IPHAN, ocorreu uma descentralização das políticas de preservação. Nesse contexto, instituições locais, muitas das quais vinculadas às secretarias estaduais emunicipais de cultura, passaram a agir de forma mais aproximada aos bens e à própria população envolvida, implementando medidas mais efetivas e coerentes com a realidade e a singularidade de cada lugar. É o exemplo de órgãos como: O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo; O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais; A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Estas e outras organizações possuem importância fundamental no cenário da preservação e valorização do patrimônio cultural brasileiro, auxiliando, inclusive, na sua difusão, por meio de campanhas de educação patrimonial. LEGISLAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO Seção 3 de 4 As políticas de preservação do patrimônio cultural brasileiro buscam, de forma geral, salvaguardar bens materiais e imateriais relacionados à memória, à história, à cultura e à identidade coletivas, em diferentes escalas e considerando a diversidade e as dimensões do nosso País. Embora as iniciativas na escala federal tenham ficado restritas aos monumentos remanescentes do período colonial, e um pouco do imperial, atualmente a legislação e os programas existentes abrangem diversas instâncias e dimensões desse patrimônio. CURIOSIDADE O patrimônio imaterial consiste em ações diversas relacionadas a hábitos e tradições culturais que fazem parte da vida de uma determinada comunidade. O IPHAN classifica o patrimônio cultural imaterial brasileiro entre saberes e fazeres, formas de expressão, celebrações e lugares, que constituem também os livros de registro de bens. Até 2018, foram registrados 48 bens; como exemplo, temos a roda de capoeira, o frevo, o Círio de Nazaré, os modos de fazer o acarajé, o queijo mineiro da Serra da Canastra, os doces tradicionais de Pelotas e a Festa do Divino Espírito Santo, em Pirenópolis.. As leis de preservação do patrimônio são de extrema importância para proteger os bens culturais de possíveis mutilações, depredações ou alterações indevidas em seus aspectos históricos e/ou estéticos. Além disso, diversos programas de fomento à preservação e à restauração são imprescindíveis para a recuperação de edificações e/ou conjuntos urbanos deteriorados, de modo a valorizar esse patrimônio. Os estados e, principalmente, os municípios, também podem, ou devem elaborar leis, programas e projetos que reconheçam o valor do patrimônio cultural local e viabilizem o seu reconhecimento e a sua proteção por parte da população. O plano diretor, por exemplo, pode ser um instrumento importantíssimo para a elaboração de diretrizes de salvaguarda de áreas de interesse histórico e/ou cultural, definindo zonas de maior ou menor rigor para preservação, listar os bens tombados e/ou de interesse e estipular medidas para a valorização dos bens. DO PATRIMÔNIOINDIVIDUAL AO PATRIMÔNIO COLETIVO A primeira lei federal que oficializou a proteção ao patrimônio cultural brasileiro foi O Decreto-Lei nº 25 de 1937. Esse documento trata da conceituação do patrimônio histórico e artístico brasileiro, considerando tudo o que foi produzido em território nacional e, principalmente, regulamenta condições para o seu tombamento. Seu texto, elaborado por Rodrigo Franco Melo de Andrade, aborda, sobretudo, os bens materiais de valores excepcionais, como expressa o artigo primeiro: Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico (BRASIL, 1937). Por bens móveis, entende-se os vestígios e as coleções arqueológicas, os acervos de museus, os arquivos e documentos, tais como a declaração da independência do Brasil, documentos audiovisuais e fotográficos e videográficos, as obras de arte, como pinturas e esculturas, entre outros. Os bens imóveis são compostos por edificações, conjuntos urbanos, sítios arqueológicos, sítios paisagísticos, monumentos e outras construções, tais como fontes, chafarizes, pontes, aquedutos, entre outros (IPHAN, 2021a). O segundo parágrafo do artigo 1º do Decreto especifica que, para que um bem seja considerado patrimônio nacional, é necessário que seja feito o seu registro pelo SPHAN (atual IPHAN) em um dos livros do tombo, a saber: Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico - Onde são inscritos os bens culturais em função do valor arqueológico, relacionado a vestígios da ocupação humana pré-histórica ou histórica; de valor etnográfico ou de referência para determinados grupos sociais; e de valor paisagístico, englobando tanto áreas naturais, quanto lugares criados pelo homem aos quais é atribuído valor à sua configuração paisagística. Livro do Tombo Histórico - Neste livro são inscritos os bens culturais em função do valor histórico. É formado pelo conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no Brasil e cuja conservação seja de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil. Livro do Tombo das Belas Artes - Reúne as inscrições dos bens culturais em função do valor artístico. O termo belas artes é aplicado às artes de caráter não utilitário, opostas às artes aplicadas e às artes decorativas. Livro do Tombo das Artes Aplicadas - Onde são inscritos os bens culturais em função do valor artístico, associado à função utilitária (IPHAN, 2021b). EXPLICANDO Na história da arte, existem diferenças significativas entre as belas artes e as artes aplicadas. As primeiras buscam a imitação da beleza natural. Seu surgimento e desenvolvimento estão relacionados ao ensino acadêmico e tradicional das escolas de belas artes. As segundas se referem a objetos de caráter utilitário, como mobiliário e objetos decorativos. Desde o século XVI, as artes aplicadas estão presentes em bens de diferentes estilos arquitetônicos. No Brasil, as artes aplicadas se manifestam fortemente no Movimento Modernista de 1922, com pinturas, tapeçarias e objetos de vários artistas (IPHAN, 2021b). Embora cada livro tenha suas especificidades, um mesmo bem pode ser inscrito em mais de um livro do tombo, a depender de seus valores simbólicos agregados. É o caso, por exemplo, da Igreja do Carmo, em Salvador. Esta edificação religiosa foi construída com uma linguagem barroca bastante típica, tanto em sua concepção arquitetônica e espacial, na composição dos elementos de fachada e em sua planta baixa, como também nos bens artísticos integrados, como as pinturas nos forros, os retábulos revestidos a ouro e as imagens sacras, como pode ser observado na Figura 2. Por tudo isso, esta edificação e os bens móveis a ela pertencentes estão inscritos nos livros do tombo histórico e de belas artes. Figura 2. Igreja Nossa Senhora do Carmo, Salvador (BA). Fonte: Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em: 26/01/2021. Outro aspecto importante do Decreto é a sua aplicação a todas as coisas pertencentes ao domínio público e ao privado, ou seja, as obras particulares também estão sujeitas ao tombamento. Entretanto, a lei exclui as obras de origem estrangeira, como especificado a seguir: 1 Que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no País; 2 Que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam carreira no País; 3 Que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código Civíl, e que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário; 4 Que pertençam as casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; 5 Que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais; 6 Que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adôrno dos respectivos estabelecimentos (sic) (BRASIL, 1937). O tombamento pode ser realizado de forma voluntária, ou seja, quando o próprio proprietário do bem solicita o seu registro em um dos livros do tombo, perante valores históricos e/ou artísticos reconhecidos, ou aceita sem impedimentos a sua inscrição, quando solicitada pelo IPHAN. Entretanto, também pode ser compulsório, quando o proprietário se recusa a aceitar o registro. Nesse caso, o dono do bem tem um prazo para impugnar a notificação do IPHAN, cujo processo passará pelo Conselho Consultivo do IPHAN, que tomará a decisão final sobre o tombamento ou não (não cabendo recurso posterior. Um dos artigos que causa certa controvérsia ainda nos dias de hoje, mas, principalmente, por falta de conhecimento mais específico da população em geral, trata das restrições quanto às possíveis alterações, ou pior, destruições infligidas aos bens tombados. De forma equivocada, muitas pessoas ainda acreditam que o registro como patrimônio impede toda e qualquer intervenção. Entretanto, o que ocorre, na verdade, é uma atenção maior quanto às descaracterizações que podem acontecer em caso de obras aleatórias e sem orientação de especialistas da área. O artigo 17 menciona, inclusive, a penalidade de multa no valor de 50% do dano causado ao bem caso sejam feitas obras sem autorização do IPHAN (BRASIL, 1937). Já no artigo 19, esta lei coloca que, caso o proprietário do bem tombado não disponha de recursos para promover as melhorias necessárias à restauração ou à conservação, ele deve comunicar ao IPHAN a necessidade das obras e a sua indisponibilidade. Caso o IPHAN entenda que as obras são necessárias e urgentes, poderá realizá-las dentro de um prazo de seis meses. Caso a resposta do órgão seja negativa, o dono do bem pode solicitar o cancelamento do tombamento, livrando-se das obrigações de preservação. É interessante observar em um trecho do Decreto-Lei aqui tratado a preocupação com a preservação do entorno dos bens imóveis, sobretudo edificações, monumentos e conjuntos urbanos, como parte integrante da paisagem, proibindo, inclusive, que sejam feitas alterações nas proximidades do bem sem a devida autorização do IPHAN, incorrendo no pagamento de multa pelos responsáveis, como esclarece o artigo 18: Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objeto (sic). O tombamento ainda é, atualmente, um dos principais instrumentos legais para a proteção do patrimônio cultural no Brasil. Entretanto, a sua abrangência ainda é limitada, pois restringe-se aos bens materiais. Na Constituição Federal de 1988, o entendimento tornou-se mais abrangente quanto aos artefatos dopatrimônio cultural, como colocado no artigo 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - As formas de expressão; II - Os modos de criar, fazer e viver; III - As criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico- culturais; V - Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico . (BRASIL, 1988). A AMPLIAÇÃO DA PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO CULTURAL A partir da década de 1970, houve um grande avanço no sentido das políticas de preservação do patrimônio cultural brasileiro a partir da inclusão dos bens imateriais, bem como a ampliação dos grupos representados. A partir dos anos 2000, diversos programas foram lançados pelo Governo Federal como forma de reconhecer e proteger as referências culturais brasileiras, considerando a sua diversidade como, por exemplo, o programa Legados da Imigração, os tombamentos de áreas indígenas e de remanescentes de quilombos. Em uma escala menor, estados e municípios também podem redigir leis que visem a proteção de bens de reconhecido valor, seja ele estético, histórico, etnográfico, arqueológico, entre outros. Cada localidade administrativa possui autonomia para gerenciar e implementar políticas e outras ações de preservação de bens culturais inseridos em seus territórios, desde que as leis não contradigam a legislação federal. No que se refere à restauração de bens tombados, o IPHAN possui diversos documentos que orientam as práticas de intervenção, tais como o guia Intervenções em bens culturais móveis e integrados à arquitetura: manual para elaboração de projetos (2019) e o Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural (2005). Além disso, cada município e estado, representados por suas secretarias e outros órgãos específicos, também podem elaborar manuais e orientações com as premissas para a intervenção em bens materiais. Entretanto, alguns princípios essenciais relacionados à restauração ou qualquer outra intervenção em bens culturais materiais – móveis e imóveis – devem ser observados em todas as escalas (federal, estadual e municipal) para a elaboração de projetos, conforme o Quadro 1. QUADRO 1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA RESTAURAÇÃO DE BENS MATERIAIS Estudos de casos no Brasil e no mundo Seção 4 de 4 No mundo inteiro existem milhares de bens culturais que representam a memória e a identidade de comunidades diversas, sejam elas locais ou a própria humanidade como um todo. São, muitas vezes, fragmentos com milhares de anos, como os sítios arqueológicos, que guardam indícios de nossos ancestrais mais primitivos, ou também podem ser grandes estruturas edificadas, construídas pelos egípcios há milhares de anos e que ainda hoje intrigam os estudiosos e a população em geral. Os romanos também legaram um acervo arqueológico e edificado extraordinário, dada a longa duração e a extensão do império, que abrangeu partes da Europa, da África e da Ásia. Muitas de suas construções foram adaptadas às necessidades contemporâneas e são utilizadas até hoje. Outras, muitas vezes em ruínas, testemunharam acontecimentos grandiosos, como o Coliseu romano, mas também cenas cotidianas e até tragédias, como a cidade de Pompeia, destruída pelo vulcão Vesúvio no ano 79 d.C. Podemos, portanto, reiterar a importância da preservação do patrimônio cultural por razões diversas, tais como culturais, a partir de aspectos estéticos, simbólicos e de memória e científicos, pois os bens podem guardar informações em diferentes áreas do conhecimento, e éticas, pois não se deve destruir as marcas das civilizações passadas. A preservação de muitos desses bens envolve, em boa parte dos casos, intervenções diretas em sua materialidade, ou seja, ações de manutenção, como limpeza de superfícies, aplicação de produtos para proteção contra umidade, extinção de animais xilófagos (que se alimentam de madeira, como os cupins), reparos nas coberturas, entre outras. Também podem ser realizadas obras de conservação, como o reforço estrutural ou a amarração das paredes com grampos metálicos. A depender da situação do bem, pode ser necessária também uma restauração, ou seja, uma intervenção que visa recuperar elementos essenciais da obra, visando devolver ou preservar a sua unidade potencial sem interferir em seus aspectos históricos e estéticos, valorizando toda a sua trajetória no tempo. EXEMPLOS NO MUNDO Um exemplo bem-sucedido de intervenção em ruínas consiste no Museu Kolumba, situado na cidade de Colônia, na Alemanha. O projeto é do arquiteto Peter Zunthor e foi realizado nos vestígios de uma antiga igreja gótica, que foi quase completamente destruída na Segunda Guerra Mundial. O museu foi construído para abrigar a coleção de arte da Arquidiocese Católica Romana, que contém itens com mais de mil anos (ARCHDAILY, 2012). Sua edificação “abraça” as ruínas na antiga igreja medieval, deixando evidente a intervenção contemporânea, que possui uma linguagem completamente distinta. A alvenaria construída em tijolos na cor cinza proporciona um pouco de neutralidade à composição, embora a parte nova tenha ares monumentais. Zumthor foi bastante atencioso em vários aspectos, como por exemplo, no emprego de tijolos vazados na fachada da antiga nave, o que permite a entrada de uma luz difusa (como pode ser observado na Figura 5), cuja intensidade e a formação de sombras mudam ao longo do ano, fazendo referência ao significado simbólico que a luz tinha na arquitetura religiosa gótica. Outro aspecto é a utilização, em algumas partes internas, de tijolos confeccionados artesanalmente, e “inflamados com carvão”, para que ficassem com uma tonalidade mais aconchegante (Figura 4). Figura 4. Museu Kolumba. Destaque para os tijolos confeccionados artesanalmente. Fonte: DELAQUA, 2012. Considerando a sua funcionalidade enquanto museu, o projeto apresenta, também, alguns aspectos técnicos e pragmáticos necessários, como a instalação de uma escada de incêndio externa e de elevadores tanto para as obras quanto para visitantes. Outra solução interessante foi a colocação de uma passarela de madeira sobre os fragmentos da antiga igreja que estão expostos no grande salão onde era a nave. Estes fragmentos não puderam ser recolocados em seus lugares originais, mas permaneceram como registros da edificação original (Figura 5). Figura 5. Museu Kolumba. Destaque para a passarela de madeira e para os tijolos vazados. Fonte: DELAQUA, 2012. O segundo exemplo de intervenção em uma edificação histórica consiste em uma galeria de arte localizada na cidade de Angers, na França. A antiga igreja da Abadia Toussaint foi construída em meados do século XIII, com linguagem arquitetônica do gótico. De lá para cá, passou por diversos eventos como incêndios, bombardeios e abandono, o que causou diversos estragos em sua edificação. Somente no final da década de 1970 que a cidade decidiu restaurar as ruínas da igreja e transformá-las em uma galeria para abrigar obras do escultor Pierre-Jean David (chamado David d’Angers), que viveu na cidade no século XIX. São diversas esculturas, como medalhas, bustos e estátuas. O projeto de restauração foi realizado pelo arquiteto francês Pierre Prunet, que priorizou a permanência dos vestígios remanescentes da edificação original, valorizando-os e respeitando suas características essenciais. Além disso, optou por empregar materiais contemporâneos para construir ou reparar os elementos faltantes, deixando evidente a diferença entre o antigo e o novo. Algumas ações podem ser destacadas nestaintervenção. A primeira consiste na implantação de uma coberturafeita em estrutura metálica e vidro, recuperando a volumetria essencial da edificação medieval. Além disso, essa solução remete, também à relação íntima que as igrejas góticas desenvolveram com a luz, uma vez que ela incide generosamente nos espaços da galeria, banhando as obras expostas na nave e produzindo diferentes jogos de luz e de sombra, como pode ser observado na Figura 6. Figura 6. Galeria Davi d’Angers. Cobertura em estrutura metálica e vidro. Fonte: Patrimoine-histoire. Acesso em: 27/01/2021. O segundo aspecto a ser destacado é a nova espacialidade criada a partir da colocação de uma estrutura em madeira e aço, que aproveita o desnível já existente da antiga sacristia e cria uma segunda sala de exposições. Além disso, essa solução em madeira e aço é uma estrutura independente, portanto, não produz nenhum esforço sobre as antigas paredes da edificação (Figura 7). Figura 7. Galeria Davi d’Angers. Subsolo criado para exposições. Fonte: Patrimoine-histoire. Acesso em: 27/01/2021. Por fim, o terceiro aspecto interessante é a convivência harmoniosa entre o antigo e o novo, expresso em elementos contemporâneos inseridos por Prunet, como as novas esquadrias de vidro e a rosácea da fachada posterior. Ao mesmo tempo, permaneceram as marcas da passagem do tempo na edificação, como algumas manchas nas paredes e os fragmentos deteriorados dos frisos que emolduram as janelas, como pode ser observado na Figura 8. Figura 8. Galeria Davi d’Angers. Fonte: Patrimoine-histoire. Acesso em: 27/01/2021. EXEMPLOS NO BRASIL O Brasil também possui ótimos exemplos de intervenções em edificações antigas que foram realizadas de forma coerente com as práticas atuais da restauração e tornaram-se experiências bem-sucedidas. Destacamos aqui dois projetos excelentes, cujos idealizadores atentaram para vários dos princípios essenciais da restauração comentados anteriormente. O primeiro exemplo consiste na Cinemateca Brasileira, situada no bairro Vila Mariana, na cidade de São Paulo. Esta instituição foi implantada nas instalações do antigo matadouro municipal. O projeto de restauração e readequação foi realizado pelo escritório do arquiteto Nelson Dupré, em 2007. A edificação antiga consistia em um conjunto de galpões construídos em alvenaria de tijolos cerâmicos aparentes situados em um amplo terreno (Figura 9). Para a implementação da cinemateca, foram necessários alguns ajustes, como a construção de edificações específicas para abrigar “laboratórios de restauro de filmes, depósitos, arquivos de matrizes e áreas administrativas” (DUPRÉ, 2007). Figura 9. Cinemateca Brasileira. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/01/2021. Nos galpões existentes, diversas soluções interessantes foram utilizadas como, por exemplo, a manutenção de trechos em ruínas com a devida contenção utilizando uma estrutura metálica e vidro, a colocação de vidro em algumas esquadrias para privilegiar a entrada de luz natural, de uma cobertura em um dos galpões, cujo lanternim preserva a volumetria original da edificação e de beirais transparentes, também em aço e vidro, que conferem leveza à estrutura e proporcionam diversos caminhos cobertos. A sala de espetáculos recebeu tratamento acústico com forro de gesso e lã de rocha para assegurar o isolamento necessário. Além disso, esse espaço tem “dupla funcionalidade”, podendo funcionar como um moderno cinema ou permanecer com seu aspecto de antigo galpão, pois foram inseridas “cortinas” móveis, como pode ser visto na Figura 10. Figura 10. Cinemateca Brasileira. Fonte: Dupré Arquitetura, 2007. Um dos aspectos mais positivos dessa intervenção foi a opção por manter os traços antigos da edificação, inclusive da própria deterioração sofrida, convivendo com um uso contemporâneo, houve a conservação de parte dos trilhos da antiga doca e das marcas de desgaste na alvenaria. O segundo exemplo de intervenção em uma edificação antiga consiste no Museu Rodin, em Salvador, a única filial do museu francês fora da França. Sua instalação foi realizada em um antigo palacete de princípios do século XX, que possui a linguagem arquitetônica do ecletismo. O projeto foi realizado em 2002 pelo escritório Brasil Arquitetura, que elaborou diversas soluções técnicas e artísticas para a adaptação da edificação para receber o museu. Figura 12. Museu Rodin, Salvador. Fonte: Deville. Acesso em: 28/01/2021. O palacete foi restaurado e recebeu intervenções pontuais para que pudesse abrigar de forma adequada as peças a serem expostas. Foram recuperados o piso e os forros dos ambientes, além das pinturas nas paredes de algumas salas. Também foram realizadas atualizações na parte elétrica, com a instalação de luzes direcionais, bem como a implantação de um sistema de controle de temperatura e umidade do ambiente. Para permitir a acessibilidade e a segurança de todos os usuários, além de uma circulação mais eficiente, foram instalados elevador e escada de emergência em um bloco de concreto e madeira construído na parte posterior da edificação (VITRUVIUS, 2006). O palacete possui espaços para as exposições das peças do Rodin, ação educativa, recepção e atividades administrativas. Já os espaços da reserva técnica, das exposições temporárias e do café-restaurante foram criados em uma nova edificação, construída na parte posterior do jardim. Esta edificação foi desenvolvida inteiramente com uma linguagem arquitetônica contemporânea e é constituída por dois pavimentos e um subsolo. Sua horizontalidade e os usos de materiais neutros, como o concreto aparente, o vidro e a madeira, garantem o destaque para a edificação do palacete, como pode ser observado na Figura 14. Uma discreta passarela em concreto armado une as duas edificações. Figura 14. Museu Rodin, Salvador. Na imagem inferior, uma elevação apresenta a relação entre o antigo palacete e a nova construção, demonstrando como esta segunda foi inserida de forma respeitosa ao lado da primeira. Fonte: KON, 2002. Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO A preservação do patrimônio cultural é uma atitude e uma responsabilidade de todos. Sabe-se que, desde tempos muito remotos, as comunidades se preocupam em guardar elementos importantes de sua cultura, como a comida, as tradições religiosas e as edificações, para transmiti- las para as futuras gerações. Esse processo tornou-se mais efetivo a partir do século XIX, com a institucionalização das ações de preservação. Mas foi a partir do século XX que tais ações ganharam a escala internacional. Observamos que diversas organizações no mundo têm atuado diretamente na salvaguarda dos bens culturais da humanidade, a partir do entendimento de sua importância simbólica para todos de uma forma geral. Seja por meio de recomendações internacionais, seja por financiamentos ou orientações, instituições como a UNESCO e o ICOMOS têm alcançado resultados muito positivos no sentido de fomentar a perpetuação dos bens culturais para as futuras gerações. Vimos ainda que, no Brasil, as ações de preservação no âmbito nacional foram iniciadas a partir da fundação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1936, e da criação de um Decreto- Lei, em 1937, que visa regulamentar o reconhecimento e o registro dos bens materiais como patrimônio nacional e orientar quanto a sua preservação. Além disso, pudemos compreender aspectos importantes do Decreto-Lei nº 25/1937, como a obrigatoriedade do tombamento, as restrições quanto às alterações nos bens materiais e as possíveis punições para casos de descaracterização, ou mesmo destruição de bens tombados. Por fim, vimos alguns estudos de caso de intervenções e restaurações em edificações históricas, na França, na Alemanhae no Brasil. Observamos que cada processo envolveu escolhas distintas quanto ao tipo de intervenção e que cada solução escolhida produziu resultados diferentes, mas em acordo com a necessidade de cada lugar, considerando os princípios essenciais da restauração difundidas em diversos países.
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