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Fisot. Traumatologia Funcional - Unid. II (1)

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77
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
Unidade II
5 TRAUMATOLOGIA DO JOELHO
A articulação do joelho envolve três ossos: o fêmur, a tíbia e a patela. Essas três estruturas ósseas 
formam duas articulações: a femoropatelar e a tibiofemoral, que funcionalmente não podem ser sempre 
consideradas separadas, já que existe entre elas uma relação mecânica. O seu delimitador é formado 
pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia com meniscos interpostos, dando 
simetria à articulação.
A articulação do joelho é rodeada por músculos, ligamentos, meniscos e cápsula articular, que agem 
em conjunto para dar harmonia aos movimentos, que são de flexão e extensão, com pouca rotação 
quando flexionado. Sua função está relacionada à sua atividade muscular integrada e às suas estruturas 
ligamentosas restritivas e precisas.
Com certeza você conhece alguém que tem ou teve problemas no joelho. O joelho é a articulação 
mais complexa e a mais acometida do corpo humano pelo fato de as pessoas usarem seus joelhos como 
pivô; independentemente da prática de esportes, os joelhos são alvos de lesões. Assim, essas são as 
lesões que todos temem, atletas ou não, elas são comuns em indivíduos ativos. Ocorrem lesões tanto 
agudas quanto por uso excessivo (overuse).
Os traumas de joelho podem levar a muitas consequências, principalmente na marcha, e podem 
requerer um tempo longo do processo de reabilitação. A experiência e a habilidade do fisioterapeuta são 
fundamentais para o sucesso do tratamento.
5.1 Lesões meniscais
Os meniscos são duas cunhas de fibrocartilagem em formato de meia-lua (crescente) situados 
entre os côndilos femorais e o platô tibial. A borda externa está fixada à cápsula e à tíbia, adjacentes 
(ligamento coronário). O menisco é mais espesso perifericamente, afilando-se centralmente. Há firmes 
fixações ósseas anterior e posterior que resistem à extrusão do menisco em decorrência do peso do 
corpo. Os 10% a 30% periféricos do menisco geralmente constituem sua zona vascularizada; essa zona 
é irrigada por ramos provenientes das artérias geniculares medial e lateral.
As fibras circunferenciais e radiais dos meniscos opõem resistência a estresses arciformes e de 
cisalhamento, respectivamente. O menisco medial é menos móvel que o menisco lateral, sendo, portanto, 
mais suscetível a lesões.
78
Unidade II
Funções dos meniscos:
• Aumentam congruência e estabilidade da articulação: faz parte do complexo estabilizador, 
centralizando os côndilos durante os movimentos e evitando sobrecarga ligamentar.
• Têm papel importante como meios de união elástica transmissores das forças de compressão 
entre a tíbia e o fêmur.
• Distribuem pressões, fazendo com que o peso corporal não seja transmitido diretamente ao ponto 
de contato entre o fêmur e a tíbia.
• Amenizam as pressões quando o joelho é submetido a forças excessivas.
• Facilitam a nutrição da cartilagem, promovendo melhor distribuição do líquido sinovial.
O menisco medial está preso à borda superior do platô por pequenos ligamentos coronários. 
Esses ligamentos são de difícil palpação; no entanto, quando o menisco se solta (por causa da 
ruptura dos ligamentos coronários), a área da linha articular pode se achar sensível. A margem anterior 
do menisco medial é palpada com dificuldade, profundamente no interior do espaço articular. O menisco 
possui alguma mobilidade e, quando a tíbia é rodada internamente, seu bordo medial se torna mais 
saliente e acessível à palpação; contrariamente, quando se retrai, não é mais palpável. Quando o menisco 
se rompe, a área medial da linha articular se mostra sensível à palpação.
O menisco lateral é palpado mais facilmente quando o joelho está levemente fletido, desaparecendo 
completamente quando o membro se estende ao máximo. O menisco lateral é preso à borda do platô 
tibial pelos ligamentos coronários, que, quando rompidos, levam o menisco a se desprender. O menisco 
está ligado ao músculo poplíteo, e não ao ligamento colateral lateral, sendo, portanto, mais móvel do 
que o menisco medial.
As lesões do menisco medial são 20 vezes mais frequentes que as lesões do menisco lateral. O menisco 
medial adere firmemente à cápsula articular e ao ligamento colateral medial, de modo a ficar mais 
exposto aos traumatismos.
As lacerações são classificadas com base em sua localização com relação à irrigação sanguínea 
situada perifericamente (e seu potencial de cicatrização). O menisco é dividido em terços circunferenciais, 
e as lacerações ocorrentes no terço periférico são consideradas lesões na zona vascularizada ou zona 
vermelha-vermelha. Devido a sua proximidade com relação à circulação arterial, o maior potencial 
de cura se situa nessa zona. Lacerações na zona central avascularizada, ou zona branca-branca, têm 
limitado potencial de cura, a menos que sejam utilizadas técnicas especiais. Lacerações na zona média, 
ou zona vermelha-branca, têm potencial de cura intermediário.
As lacerações também podem ser classificadas com base em sua orientação, como exemplificado 
na imagem a seguir, tendo sido descritas como longitudinais, oblíquas, radiais, horizontais ou de 
caráter degenerativo.
79
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
A) B) C)
D) E)
Figura 32 – Tipos de lesões meniscais: (A) vertical ou longitudinal; (B) oblíquo; 
(C) radial ou transverso; (D) horizontal; (E) complexo degenerativo
Fonte: Camanho (1996, p. 235).
Podem ocorrer ainda lacerações complexas que são combinações desses tipos. Os termos que têm 
sido utilizados para descrever o aspecto dos diferentes tipos de lacerações são: em alça de balde, em 
pedículo (flape) e em bico de papagaio.
As desigualdades morfológicas e funcionais dos compartimentos medial e lateral do joelho 
proporcionam diferenças nos aspectos das lesões, no menisco medial predominam lesões no corpo 
posterior e lesões longitudinais, como “alça de balde”; no menisco lateral a grande incidência é de 
lesões horizontais e transversas (radiais), tendo também presença e combinações dessas lesões e 
processo degenerativo.
5.1.1 Lesões do menisco medial
O menisco medial faz parte do complexo ligamentar medial, isso permite menor mobilidade durante 
os movimentos articulares. É considerado o menisco da estabilidade. Podemos ter três tipos de causas 
para as lesões do menisco medial: traumáticas, degenerativas e congênitas.
As lesões de origem traumática são decorrentes de traumas rotacionais ou axiais, que rompem a 
estrutura meniscal. Podem estar associadas com a presença ou não de instabilidade articular. Os indivíduos 
portadores dessas lesões relatam a data do início dos sintomas e a relacionam com o trauma. Nos casos 
com instabilidade articular, prévia ao trauma, a lesão meniscal é descrita como um agravamento dos 
episódios anteriores de instabilidade.
O quadro inicial tem a presença de dor que pode ser pior na subida de escadas ou rampas, derrame 
articular, falseios (brusco e repentino bloqueio da contração muscular) e bloqueios (comum nas lesões 
em alça de balde por interposição do fragmento meniscal). A atividade física é fator desencadeante 
de sintomas. Nos portadores de instabilidade, os derrames articulares são mais frequentes após os 
episódios clínicos.
80
Unidade II
• Lesão longitudinal em alça de balde: a causa geralmente é uma força de torção sobre o joelho 
fletido ou em semiflexão. É caracterizada por fenda longitudinal, que se estende através de todo o 
menisco, na qual os fragmentos estão presos pelas extremidades. Nessa lesão, o fragmento central 
se desloca para o meio da articulação de forma que o côndilo femural rola sobre a tíbia com o 
fragmento meniscal interposto. Como a forma do côndilo faz com que ele ocupe mais espaço 
dentro da articulação com o joelho extendido, a principal consequência dessa lesão é a limitação 
ou bloqueio para extensão.
• Lesões de etiologia degenerativa: ocorrem devido aos processos degenerativos articulares 
decorrentes do envelhecimento ou de sequelas traumáticas ou inflamatórias.É o desgaste do 
menisco por overuse, torções repetitivas da articulação ou mau alinhamento biomecânico. Os pacientes 
portadores de lesões degenerativas não sabem precisar o início dos sintomas, a não ser em raros 
casos de pequenos traumas em flexão que lesam os meniscos degenerados. Os sintomas são 
basicamente noturnos e o paciente adota atitude em flexão. A presença de derrame articular é 
frequente, pois a meniscopatia degenerativa está frequentemente associada a lesões condrais.
• Lesões de causa congênita: conhecido como menisco discoide, ocorre em meniscos congenitamente 
malformados. Os sintomas são semelhantes aos das lesões de causa traumática, porém, sem 
história de trauma proporcional. As alterações congênitas são raras no menisco medial.
5.1.2 Lesão do menisco lateral
O menisco lateral também poderá apresentar lesões traumáticas, degenerativas e congênitas.
As lesões traumáticas são decorrentes de traumas rotacionais, as degenerativas são representadas 
pelos cistos de menisco externo, e as congênitas, pelo menisco externo discoide.
Lesões traumáticas do menisco lateral
• Lesão tipo “bico de papagaio” (parrot-beak): é uma lesão comum no menisco lateral, é 
caracterizada por uma associação de uma lesão horizontal com uma transversal. As lesões 
horizontais são as mais clássicas encontradas nesse menisco. Elas ocorrem por causa da própria 
estrutura e organização das fibras colágenas horizontais, que permeiam os 2/3 externos do menisco 
sob ação do componente cinemático de fricção sobre a sua superfície e da maior mobilidade 
fisiológica do menisco lateral.
• Lesões transversas ou radiais: são mais encontradas na borda livre do menisco lateral, podendo 
se estender até o meio do menisco. Essa lesão tem suporte anatomopatológico na presença 
de fibras de colágeno que ocorrem transversalmente ao menisco e predominam nessa região. 
Ela é mais comum no terço médio do menisco e pode evoluir para lesões mais complexas com 
frequência de traumas.
• Lesões longitudinais: não são comuns no menisco lateral, normalmente estão relacionadas com 
instabilidade anterior do joelho e se localizam no terço posterior. O menisco lateral apresenta 
81
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
algumas lesões ditas especiais ou diferentes: lesões císticas do menisco lateral, intersticiais e do 
menisco discoide.
• Lesões intersticiais: são lesões intrínsecas dos meniscos, isso acontece pois o menisco lateral 
sofre constantes pressões de deslizamento entre suas superfícies. O trauma provoca um foco de 
mucina, que é hipocelular, condrócito deficiente e com produção de mucopolissacárides, que 
elevam a intensidade do sinal da ressonância magnética (RM).
• Lesões no menisco discoide: ocorrem com frequência no menisco lateral e têm prevalência 
em alguns grupos étnicos. Os meniscos discoides são encontrados na sua forma completa ou 
incompleta e também no chamado tipo Wrisberg (ligamento meniscofemoral posterior). São 
basicamente de dois tipos:
— O primeiro tipo de lesão é o menisco discoide com uma estrutura muito espessa nas suas 
bordas e uma parte central fina que se movimenta em forma de ondas quando o joelho faz 
flexo-extensão. Podem ocorrer lesões na parte central (horizontais e/ou degenerativas) ou na 
periferia (lesões longitudinais).
— O segundo tipo é o de lesão no menisco discoide, quer na parte central, quer na periferia; o 
menisco é uniformemente espesso e apresenta um processo de degeneração mucoide na sua 
parte central. Na periferia são comuns as lesões longitudinais que interferem na função do 
joelho e produzem sintomas e bloqueios. O menisco tipo Wrisberg é espesso e largo, parecendo 
um menisco de forma normal, mas consideravelmente volumoso. O que ocorre nesse tipo de 
menisco é a ausência de sua fixação do corno posterior.
Lesões degenerativas do menisco lateral
• Lesão cística do menisco lateral: é uma lesão complexa, de características horizontal e radial, 
com componente degenerativo; acomete o menisco na sua parte média e através de um foco 
do tecido degenerado ocorre o extravazamento de massa degenerativa e de líquido sinovial 
para a periferia do menisco, formando um cisto. Pode ocorrer após um trauma sobre a região 
lateral do joelho, possivelmente com rotação, provocando deslocamento da superfície superior 
do menisco lateral, que é menos fixa, sobre a inferior apoiada na tíbia e com menor capacidade 
de deslizamento.
O paciente com lesão cística no menisco lateral tem queixas de dor ao longo da face lateral do joelho 
e exibe, ao exame clínico, uma massa tipo cística ao nível da interlinha lateral, dolorosa à palpação e que 
melhora com repouso. Apresenta também o clássico “sinal de desaparecimento”, que é um sinal físico de 
diminuição do tamanho do cisto quando o joelho é fletido.
Alterações congênitas do menisco lateral
• Menisco lateral discoide: é condição rara, ocorrendo com mais frequência no compartimento 
lateral do joelho, normalmente é unilateral. Não há predileção por sexo, sendo essa condição 
raramente diagnosticada na infância.
82
Unidade II
A síndrome de snapping knee é descrita como manifestação típica do menisco discoide lateral. 
A provável causa é a falha no desenvolvimento embrionário.
As classificações para o menisco discoide são baseadas em aspectos embriológicos (tipos primitivos, 
intermediário e infantil de Smillie), artrográficos (os seis tipos de Hall) e artroscópicos (tipos completo, 
incompleto e ligamento de Wrisber e de Watanabe). O tratamento é a meniscectomia total.
A)
B)
C)
Figura 33 – Tipos de menisco discoide. A) Incompleto; B) Completo; C) Wrisberg
Fonte: Camanho (1996, p. 247).
Nas lesões meniscais, os pacientes podem apresentar no exame físico atrofia do quadríceps, 
derrame articular e dor na palpação na interlinha articular (teste de Smile), principalmente nos cantos 
posteromedial e posterolateral. Deve-se sempre comparar o grau de extensão entre ambos os joelhos 
para se detectar algum sinal de bloqueio ou travamento articular. A sintomatologia é característica: 
dor ao agachar, dor ao se movimentar após um repouso prolongado, dor durante longas caminhadas e 
bloqueios ou sensação de travamento.
O ortopedista e o fisioterapeuta podem aplicar testes diagnósticos específicos, como o teste de 
McMurray, teste do estalido redutor, teste de compressão de Apley e o teste do “final de extensão” abrupto.
Podem ser realizados exames complementares, como a radiografia nas incidências de frente, perfil 
e axial de patela, utilizados para descartar outras patologias; e ressonância nuclear magnética para 
diagnóstico preciso do tipo de lesão e artroscopia diagnóstica.
O tratamento vai desde uma fisioterapia (tratamento conservador), quando a lesão é diagnosticada 
na fase aguda e possível cicatrização, até uma artroscopia, cirurgia (tratamento cirúrgico).
O tratamento conservador é indicado nas lesões menores que 1 centímetro e nas lesões estáveis 
(desvio menor que milímetros). Assim, o joelho deve ser imobilizado com uma perneira ou órtese por 
83
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
4 a 6 semanas, e a carga parcial com muletas liberada. Durante a imobilização são realizados exercícios 
isométricos, e após a retirada, exercícios de fortalecimento e amplitude articular.
O tratamento cirúrgico envolve dois tipos de procedimento: meniscectomia parcial e total. Na parcial, 
apenas os fragmentos soltos e instáveis são removidos, preservando o anel periférico e a irrigação do 
menisco. Na total, todo ele é retirado, sendo só utilizada em raros casos, como em alguns tipos de 
menisco discoide.
A reabilitação fisioterapêutica após esse procedimento deve ser realizada da seguinte forma: 
durante as duas primeiras semanas, o objetivo é diminuir a dor e o processo inflamatório, além de 
manter a amplitude de movimento (ADM) e força muscular. Podem ser utilizados recursos de crioterapia, 
mobilizações ativas e passivas, exercícios de alongamento, fortalecimento com isometria e exercícios em 
cadeia cinética aberta.Na terceira e na quarta semanas, o tratamento evolui para recuperação funcional 
do indivíduo, sendo inseridos exercícios de propriocepção, exercícios em cadeia cinética aberta e fechada 
e exercícios proprioceptivos.
As indicações para sutura meniscal são lesões isoladas do menisco maiores que 1 centímetro, 
lesões na periferia do menisco (área vascularizada) e em pacientes com menos de 45 anos sem lesão 
ligamentar do joelho ou após reconstrução ligamentar.
No pós-operatório, o joelho fica 1 semana imobilizado, após esse período se inicia a mobilização 
ativa do joelho, porém a marcha deve ser sem carga, com auxílio de muletas, na marcha por até 6 semanas. 
Com 4 a 6 semanas, carga total é permitida, e após 4 meses o retorno ao esporte.
O quadro a seguir mostra a diferença entre o período da evolução do tratamento de acordo com o 
tempo de pós-operatório e o tipo de cirurgia realizada.
Quadro 1 – Quadro comparativo entre o período 
de reabilitação pós-cirurgia de lesões meniscais
Meniscectomia Reparo/sutura
Carga (proteção) 1 semana 3 a 6 semanas
Alongamento/trabalho dinâmico 2 semanas 4 a 8 semanas
Fortalecimento 3 semanas 9 a 12 semanas
Propriocepção 4 semanas 10 a 12 semanas
Retorno ao esporte 5 semanas 13 semanas
 Observação
A meniscectomia promove um período de reabilitação menor do que 
a sutura meniscal, porém no longo prazo sempre é melhor preservar o 
menisco para evitar evolução de processo degenerativo.
84
Unidade II
5.2 Lesões ligamentares: cruzado anterior, cruzado posterior, colaterais 
e combinadas
As lesões ligamentares são as mais conhecidas e faladas pela população de uma forma geral. 
Com certeza você conhece alguém que rompeu um dos ligamentos do joelho. Já ouviram falar do 
Ronaldo Fenômeno? E vários outros jogadores de futebol profissional e amador. Essas lesões serão 
constantes no seu consultório, e para o adequado tratamento precisamos entender como funciona 
a biomecânica da estabilização estática da articulação do joelho.
Os ligamentos são compostos por tecido conjuntivo do tipo fibroso, estão dispostos sobre uma 
articulação com o objetivo de impedir uma movimentação excessiva ou anormal da articulação 
do joelho. São ricos em receptores nervosos sensitivos, que percebem a velocidade, o movimento, 
a posição da articulação e eventuais estiramentos e dores. Eles transmitem permanentemente tais 
informações ao cerebelo, que responde com ordens motoras aos músculos, o que conhecemos 
como sensibilidade proprioceptiva.
Os ligamentos da articulação do joelho formam um elo entre as peças articulares e os moduladores 
dos movimentos. Tais ligamentos podem ser divididos em dois grupos principais: o pivô central, que é 
constituído pelos ligamentos LCP (ligamento cruzado posterior) e LCA (ligamento cruzado anterior), e 
as estruturas capsuloligamentares periféricas, constituídas pelos ligamentos capsulares LCM (ligamento 
colateral medial) e LCL (ligamento colateral lateral).
A) 
Trôclea femural
Côndilo interno
Ligamento 
cruzado posterior
Patela ou rótula
Tíbia
Côndilo externo
Menisco externo
Fíbula (perônio)
Menisco interno
Ligamento 
cruzado anterior
 B) 
Fêmur
Fíbula (perônio)
Ligamento 
lateral interno
Tíbia
Menisco
Ligamento 
pateliano 
(rotuliano)
Patela ou 
rótula
Figura 34 – Posicionamento anatômico das estruturas ligamentares e meniscos do joelho
Fonte: Dangelo e Fattini (1995, p. 123).
Os ligamentos cruzados recebem esses nomes devido as suas inserções: o ligamento cruzado anterior 
se fixa embaixo, na área intercondilar anterior, e em cima, na face medial do côndilo femoral lateral; 
o ligamento cruzado posterior se fixa embaixo, na área intercondilar posterior, e em cima, na face 
lateral do côndilo femural medial. Sua principal função é evitar que os dois ossos façam movimentos 
anteroposteriores chamados gavetas. O LCA impede que a tíbia deslize para frente, isto é, gaveta 
anterior, e que o LCP deslize para trás, gaveta posterior.
85
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
Os ligamentos colaterais medial e lateral estabilizam medial e lateralmente, ou seja, de se abrirem em 
qualquer dos lados. O LCM é o mais resistente desses ligamentos, pois o eixo do membro inferior forma 
um valgo, ou seja, um afastamento da linha média do corpo, distal à articulação considerada, sendo 
normal com 3 graus acima do joelho, por esse motivo há maior tendência de lesão ligamentar lateral.
Os ligamentos estão tensos em praticamente todos os movimentos do joelho e, além de impedir seu 
cisalhamento, atuam de maneira a guiar a flexão e a rotação.
Durante a flexão, os ligamentos colaterais estão frouxos e os ligamentos cruzados, que fornecem 
estabilidade para a articulação ao longo de toda amplitude de movimento, estão forçando a ocorrência 
de movimento de deslizamento das superfícies condilares, o LCA irá se desenrolar e relaxar, enquanto o 
LCP estará tenso.
Os ligamentos colaterais estão tensos durante a extensão, assegurando a estabilidade lateral do 
joelho, já o LCP está frouxo, enquanto o LCA está tenso, limitando assim a hiperextensão.
Na rotação externa da tíbia sobre o fêmur, que ocorre quando a articulação está flexionada, os 
ligamentos colaterais estão frouxos e os ligamentos cruzados tendem a se tornar paralelos entre si, 
permitindo o movimento de rotação. O LCA está frouxo e o LCP tenso. Durante a rotação interna, os 
ligamentos estão enrolados um em relação ao outro e tensionados, portanto a rotação encontra-se 
bloqueada. Os ligamentos colaterais estão tensos, o LCA tenso e o LCP frouxo.
Os ligamentos do joelho são vulneráveis a qualquer movimento que force a articulação a mover-se 
em planos anormais, e tais lesões são relativamente comuns em esportes com grande esforço físico 
(futebol, corridas, maratonas, triátlon, entre outros).
Um ligamento pode ser distorcido (distendido com ruptura de poucas fibras) ou pode ser rompido 
parcial ou até completamente.
Indivíduos que praticam esportes eventualmente são os principais candidatos às lesões, por falta de 
preparo físico. Mudanças de direção, arrancadas ou freadas rápidas durante corridas e saltos são fatores 
comuns de lesões ligamentares.
A maioria das lesões ocorre no ligamento cruzado anterior, que pode ser uma lesão isolada ou 
associada a outras estruturas, como os meniscos e os ligamentos colaterais.
Em caso de atletas, é praticamente obrigatória a reconstrução do ligamento através de uma cirurgia 
que utiliza uma parte do tendão da patela.
5.2.1 Rupturas do ligamento colateral medial
O lado externo do joelho é o mais exposto e o mais frequentemente lesado. O ligamento colateral 
medial é o mais rompido que qualquer outro ligamento do joelho.
86
Unidade II
Lesões do LCM raramente causam qualquer problema a longo prazo, desde que consiga ser restaurada 
a completa amplitude de movimento. Essas lesões podem ocorrer em qualquer parte do ligamento.
Uma violenta batida sobre o lado lateral, forçando o joelho em valgo, pode levar à ruptura ou 
distensão desse ligamento, particularmente durante a sustentação do peso e quando o pé está fixo 
no chão. Os mecanismos não envolvendo contato são provenientes de lesões dos tipos de rotação 
valga ou vara.
O paciente se queixará de dor na parte medial do joelho, particularmente com estresse em valgo, e 
ocasionalmente com a sustentação de peso. O paciente pode relatar que o “joelho dobrou para a parte 
interna”. Pode ocorrer edema no local da lesão e uma equimose surgirá em 1 a 3 dias depois da lesão.
O exame físico revelará dor localizada ao longo do LCM. O paciente pode caminhar claudicando e o 
joelho fica parcialmente flexionado. Haverá sensibilidade sobre o ligamento e pode ocorrer afrouxamento 
no teste do estresse em valgo, quando o ligamento é testado com 20° a 30° de flexão do joelho.
Para o diagnóstico, há a necessidade de radiografias convencionais para que seja descartada alguma 
lesão ou fratura associada. A ressonância nuclear magnética confirma a extensão completa da lesão.
Figura 35– Imagem de ressonância magnética com LCM normal e lesionado
Fonte: Nicoletti (2018, rID: 51725).
Geralmente as lesões isoladas do LCM se curam, independentemente do grau de lesão. Atletas 
com lesões envolvendo a origem femoral tendem a ter maior incidência de enrijecimento do joelho. 
Além disso, lesões proximais no LCM tendem a cicatrizar promovendo um afrouxamento residual, em 
comparação com lesões envolvendo a inserção tibial.
87
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
Nas rupturas parciais, o único tratamento necessário é a aspiração da hemartrose, se houver, e a 
imobilização do joelho com órtese articulada por 6 semanas. Dessa forma é permitida a mobilização 
precoce, realização de crioterapia e exercícios isométricos do quadríceps e isquiotibiais. Assim que os 
sinais inflamatórios agudos cederem, é possível iniciar utilização de bicicleta ergométrica.
Nas rupturas completas do ligamento colateral medial (em especial às ligadas ao ligamento cruzado 
anterior), certamente a articulação do joelho está instável, sendo necessária em jovens e atletas a 
exploração cirúrgica imediata da articulação, fazendo o reparo cirúrgico do ligamento rompido e da 
cápsula (caso esteja rompida). Após cirurgia, será necessária imobilização do joelho por 6 semanas e 
tratamento fisioterapêutico intensivo para recuperação funcional completa.
O paciente poderá retornar à atividade esportiva integral quando o ligamento não estiver mais 
sensível, não houver dor durante um estresse em valgo, o afrouxamento durante o teste de estresse 
em valgo for mínimo ou não residual, a amplitude de movimentos for completa, o atleta tiver força e 
resistência muscular normal e uso funcional completo.
5.2.2 Rupturas do ligamento colateral lateral
Esse é o ligamento do joelho que com menor frequência sofre lesão. A lesão do LCL ocorre 
normalmente em conjunto com outras lesões ligamentares. A lesão isolada desse ligamento em 
atletas é incomum, porque um golpe direto ao lado medial do joelho é uma ocorrência rara em esportes. 
Uma complicação única das rupturas do ligamento lateral é a lesão por tração do nervo fibular 
comum, que pode ser irrecuperável.
Lesões do LCL são resultantes de um estresse em varo direto ao joelho, geralmente com o pé fixo no 
solo e o joelho em extensão. Um estresse em varo aplicado ao joelho também pode ocorrer durante a 
fase de apoio da marcha, com um súbito desequilíbrio do centro de gravidade, que se afasta do lado da 
lesão – isso resulta em uma tensão incidente nas estruturas laterais do joelho. A lesão vara do joelho 
envolve normalmente um componente rotacional. Lesões em varo diretas resultam em lesões do LCL. 
Essas lesões tendem a ser lacerações da parte fibular, envolvendo fratura com ou sem avulsão, mas 
podem ocorrer em qualquer região do LCL.
O paciente pode relatar o mecanismo de lesão mencionado ou relatar que ouviu ou sentiu um “pop” 
no joelho associado de dor na região lateral da articulação.
Na fase aguda, há dor localizada à palpação ao longo do LCL no joelho. O indivíduo pode caminhar 
claudicando ou, nos casos crônicos, pode haver um impulso lateral na fase de apoio da marcha. Pode 
ocorrer edema intra-articular, significando lesão capsular, lesão meniscal ou condral associada. Como 
o LCL é extra-articular, lesões isoladas não resultam comumente em edema do joelho. Um exame 
neurovascular deve ser realizado, pois muitas vezes está associada a uma lesão do nervo fibular. O teste 
de estresse em varo apresentará abertura do espaço articular.
88
Unidade II
As radiografias convencionais são necessárias para a pesquisa de fraturas por avulsão da cabeça da 
fíbula e para descartar qualquer lesão ou fratura associada. A ressonância nuclear magnética evidencia 
a lesão em sua extensão completa.
Figura 36 – Imagem de ressonância magnética com LCL normal e lesionado
As lacerações parciais do LCL cicatrizam satisfatoriamente sem necessidade de cirurgia seguindo os 
mesmos padrões de tratamento do LCM. As rupturas completas não ocorrem de forma isolada, então 
serão tratadas cirurgicamente com as demais estruturas lesionadas. As avulsões ósseas com desvio serão 
tratadas com redução e fixação cirúrgicas. O tratamento fisioterapêutico pós-cirúrgico é fundamental 
para recuperação funcional completa.
O retorno à prática esportiva ocorrerá quando a dor ligamentar durante a palpação tiver desaparecido, 
quando o paciente não referir dor e não apresentar abertura do espaço articular no teste de estresse 
em varo, quando houver ADM completa, força e resistência muscular satisfatória e utilização funcional 
articular completa. Para os pacientes que foram submetidos à fixação óssea, esse período poderá ser de 
3 meses ou mais. No caso de reparo para instabilidade em varo (agudo ou crônico), esse tempo pode ser 
de até 6 meses de reabilitação pós-operatória.
5.2.3 Ruptura do ligamento cruzado anterior
O LCA é o principal estabilizador na resistência à translação anterior da tíbia em relação ao fêmur. 
Também funciona como estabilizador secundário para resistência à rotação interna da tíbia em relação 
ao fêmur e para o estresse em varo e valgo do joelho. É um dos ligamentos mais lesionados do joelho, 
podendo ocorrer de forma isolada ou em associação às lesões dos ligamentos medial e lateral.
O LCA pode ser separado anatomicamente em três feixes:
• feixe ântero-interno (o mais longo, o primeiro visível e o mais exposto a traumatismo);
89
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
• feixe póstero-externo (recoberto pelo precedente, sendo o mais resistente nas rupturas parciais);
• feixe intermediário.
O LCA pode ser lesionado por mecanismos envolvendo, ou não, contato. A patomecânica consiste 
em uma força valga aplicada a um joelho em flexão e rotação externa com o pé fixo no chão; ou por 
hiperextensão frequentemente associada com rotação interna. Esse mecanismo comum ocorre quando 
o atleta está aterrissando de um salto. Alguns mecanismos menos comuns de lesão são a hiperflexão ou 
uma força valga direta.
Lesões do LCA ocorrem como resultado da prática de esportes como basquete, futebol e futebol 
americano, que exigem muito do joelho (pulos, movimentos em pivô e mudanças bruscas de direção) e 
de contato direto.
O paciente relata ter ouvido ou percebido um “pop” no joelho na hora da lesão e notará um edema 
intra-articular nas 2 a 6 horas subsequentes ao momento da lesão. Normalmente a lesão é incapacitante, 
e o indivíduo é incapaz de continuar a prática do esporte que estiver realizando. O paciente pode se 
queixar de instabilidade ou falseio do joelho.
O exame físico irá variar dependendo do tempo transcorrido desde a lesão. No quadro agudo, o 
joelho está muito edemaciado, enquanto em uma laceração crônica do LCA pode ou não haver derrame. 
O paciente pode caminhar claudicando. O teste de Lachman e o teste da gaveta anterior são indicativos 
fáceis e reprodutíveis de um LCA rompido. A amplitude de movimentos pode estar limitada pelo derrame 
articular ou pela lesão associada do LCM e a lesão meniscal.
As radiografias simples eliminam a possibilidade de lesão ou fratura associada. A ressonância nuclear 
magnética é fundamental para determinar a lesão em sua total extensão.
Figura 37 – Ressonância nuclear magnética, evidenciando a ruptura do LCA no terço médio
Fonte: Pinheiro (2015, p. 325).
90
Unidade II
O LCA rompido não cicatriza e a sua deficiência leva à instabilidade anterior e rotatória combinada, 
resultando em incapacitação funcional. Esse quadro pode ocorrer em atividades da vida diária, em 
atividades esportivas como a corrida, mudanças bruscas de direção ou algumas pessoas não apresentarem 
instabilidade funcional. Episódios repetidos de um joelho que falseia podem resultar em lacerações 
meniscais, lesão da cartilagem articular e posterior artrose pós-traumática.
As rupturas parciais podem ser tratadas conservadoramente, desde que, durante o exame, seja 
percebida uma articulação estável. Nesse caso, o tratamento fisioterapêutico será o de,na fase aguda, 
diminuir a dor e o processo inflamatório, manter a ADM e retirar a carga por 2 semanas. Na fase crônica, 
será reforçar o ganho de força muscular dos agonistas (grupo dos isquiotibiais), para que os músculos 
auxiliem na estabilidade articular e treinar a propriocepção.
As rupturas totais devem ser reconstruídas principalmente nos atletas, indivíduos jovens, com 
grande instabilidade e quando houver lesões meniscais associadas. A reconstrução do LCA é realizada 
com enxerto coletado de outra região (terço central do tendão patelar, ou tendão do grupo dos 
isquiotibiais) ou de um doador cadáver (aloenxerto de tendão patelar ou do tendão calcâneo), que 
possui características teciduais e funcionais diferentes de um ligamento. Porém, durante o período de 
cicatrização, há uma mudança tecidual para que esse enxerto tenha a função de um ligamento.
O tratamento conservador nas rupturas totais pode ser uma opção quando o paciente for um atleta 
ocasional, tiver mais do que 50 anos e com pouca instabilidade.
Durante o processo de reabilitação, o fisioterapeuta deve estar atento à técnica cirúrgica utilizada e 
ao tempo de cicatrização do enxerto.
Cicatrização do enxerto
• 2 semanas: início da resposta vascular;
• 4 semanas: sinovialização em volta do enxerto;
• 6 semanas: necrose central do “tendão” para formação de um novo ligamento;
• 8/10 semanas: crescimento de vasos intrínsecos;
• 18/20 semanas: revascularização total do enxerto com modificação do tecido
 Lembrete
O enxerto utilizado para reconstrução normalmente é um tendão, que 
possui características teciduais e funcionais diferentes de um ligamento. 
Durante o período de cicatrização, há uma mudança tecidual para que esse 
enxerto tenha função de um ligamento.
91
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
O retorno à prática esportiva ocorrerá quando tiver ocorrido completa restauração da amplitude de 
movimento, quando o paciente não sentir mais dor, demonstrar força e resistência muscular satisfatória 
e puder fazer uso integral das funções da parte afetada. Para que essas metas sejam atingidas, deverão 
ter transcorrido de 6 a 9 meses após a reconstrução do LCA, e de 3 a 6 meses para joelhos tratados de 
modo conservador.
Reabilitação pós-reconstrução de LCA: proposta de um protocolo pós-operatório imediato
• Posicionamento no leito em extensão de joelho e elevação do membro.
• Crioterapia.
• Exercícios isométricos e metabólicos.
Após a retirada do dreno:
• Exercícios ativo-assistidos de quadril e joelho.
• Treino de marcha com descarga parcial de peso e com brace.
Após a alta hospitalar (1ª e 2ª semanas):
• Mobilização da patela e massagem cicatricial.
• Exercícios ativo-assistidos e ativos de quadril e joelho.
• Fortalecimento de isquiotibiais (caso tenha sido enxerto de tendão patelar ou de banco de tecidos).
• Alongamentos musculares (ísquiotibiais, gastrocnêmios e flexores de quadril).
• Treino de marcha com descarga total de peso e sem brace.
• Hidroterapia (caso os pontos já tenham sido retirados).
Entre a 3ª a 6ª semana:
• ADM de 0 a 110 graus (bicicleta estacionária).
• Evolução do fortalecimento de isquiotibiais.
• Início do fortalecimento de quadríceps (CCF).
92
Unidade II
De 2 a 4 meses (após a 8ª semana):
• Exercícios em CCF e em CCA.
• Marcha progressiva: caminhada, trote, corrida, esteira (linha reta).
• Treino de propriocepção progressivo (evitando rotações).
De 5 a 7 meses:
• Evoluir com ganho de resistência, força e potência muscular (principalmente do quadríceps).
• Iniciar corridas em diferentes planos.
• Evoluir com treino de propriocepção.
• Treino do gestual desportivo.
• Para atletas de alto nível: retorno ao esporte.
De 8 a 10 meses:
• Para atletas amadores ou não atletas: retorno às atividades específicas e/ou normais.
 Saiba mais
Sugerimos a leitura do seguinte artigo científico:
PINHEIRO, A. Lesão do ligamento cruzado anterior: apresentação clínica, 
diagnóstico e tratamento. Rev. Port. Ortop. Traum., Lisboa, v. 23, n. 4, dez. 
2015. Disponível em: https://cutt.ly/SnyY3Jh. Acesso em: 26 maio 2021.
5.2.4 Ruptura do ligamento cruzado posterior
O LCP é o maior e mais forte ligamento do joelho. O LCP resiste à translação posterior da tíbia em 
relação ao fêmur e funciona controlando a hiperextensão do joelho.
Há necessidade de muita força para que o LCP sofra ruptura. O mecanismo da maioria das lesões 
esportivas é uma queda sobre o joelho flexionado, com o pé em flexão plantar. Esse mecanismo implica 
a aplicação de uma força posteriormente dirigida na parte proximal da tíbia, que rompe o ligamento 
tenso (da mesma forma que a lesão pelo choque com o painel do carro em um acidente automobilístico). 
Outro mecanismo de lesão do LCP é uma força aplicada à coxa em uma direção inferior, enquanto o 
93
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
joelho encontra-se hiperflexionado – por exemplo, como ocorre quando o atleta aterrissa depois de 
ter dado um salto. Um estresse em varo ou valgo significativo lesiona o LCP apenas depois de ter sido 
lesionado o ligamento colateral correlacionado ao movimento.
O joelho apresentará edema intra-articular após 2 a 6 horas do momento da lesão. O atleta pode ou 
não ser capaz de continuar a atividade logo após o trauma, mas terá dificuldade para jogar nas semanas 
seguintes. Normalmente essas lesões são consideradas pouco importantes e vários meses depois os 
indivíduos podem se queixar de dor patelofemoral e instabilidade.
O exame físico irá variar, dependendo do tempo transcorrido desde a lesão. Nos casos agudos pode 
haver derrame articular. O paciente pode apresentar claudicação e apresentar depressão posterior da 
tíbia sobre o fêmur. O teste da gaveta posterior é o indicador de realização mais fácil, reprodutível, 
acurado e sensível de um LCP rompido. A ADM pode estar limitada pelo derrame, lesão associada do 
LCM ou lesão meniscal.
As radiografias simples eliminam a possibilidade de alguma lesão ou fratura associada. A ressonância 
nuclear magnética identifica a real extensão da lesão.
Figura 38 – Imagens de ressonância magnética com LCP normal e lesionado (nesta ordem)
Rupturas isoladas do LCP podem ser tratadas conservadoramente, visto que muitos pacientes 
não apresentam grande instabilidade. As rupturas completas podem ser tratadas com modificação da 
atividade esportiva, reabilitação e reconstrução. A reconstrução do LCP é realizada com enxerto coletado 
de outra região (terço central do tendão patelar, ou tendão do grupo dos isquiotibiais) ou de um doador 
cadáver (aloenxerto de tendão patelar ou do tendão calcâneo). Devido à complexidade da anatomia do 
LCP, a reconstrução cirúrgica raramente restaura o grau de estabilidade normal da articulação.
O tratamento pós-operatório segue os mesmos padrões da reabilitação do LCA, porém de forma 
mais conservadora, demorando mais tempo para liberação do atleta às atividades esportivas.
94
Unidade II
O atleta retornará à prática esportiva quando não estiver mais sentindo dor, quando tiver recuperado 
a amplitude completa de movimento, bom nível de força e resistência muscular (dentro de 90% do 
quadríceps contralateral) e o uso funcional integral. Habitualmente terão que transcorrer 9 a 12 meses 
depois da reconstrução do LCP e de 1 a 2 meses para joelhos tratados de maneira conservadora.
5.2.5 Lesões combinadas
Uma força valga de grande intensidade diretamente aplicada ao joelho frequentemente causa lesões 
combinadas no LCM e LCA e do menisco medial. Essa lesão é descrita por O`Donoghue (1950) como 
“tríade infeliz do joelho”.
É uma lesão grave no joelho resultante de uma aplicação de força exorbitante no local. Esse tipo de 
força extensiva geralmente ocorre com o rúgbi e outros esportes de contato como o futebol. Também 
pode ocorrer devido a acidentes de carro ou outras lesões traumáticas. Se o joelho realizar uma rotação 
enquanto o pé está fixo no solo, também resulta nessa lesão. Cerca de 10% dos casos envolvem força 
no lado oposto do joelho.O paciente apresenta sintomas de lesão traumática causando dor severa no joelho, edema 
instantâneo e agudo, lesão audível ou ruptura no momento da lesão, dificuldade nos movimentos do 
local, especialmente durante toda a amplitude de movimento, rigidez, dor ao realizar movimentos, 
instabilidade ou falseio e bloqueio do joelho afetado.
As radiografias simples eliminam a possibilidade de alguma lesão ou fratura associada. A ressonância 
nuclear magnética identifica a real extensão da lesão.
No tratamento conservador da fase aguda, pode-se realizar aplicação de compressas de gelo, no 
protocolo Price (protection, rest, ice, compression e elevation), e utilização de órteses de estabilização. 
Na evolução do processo de reabilitação, será necessário fortalecimento da musculatura estabilizadora 
do joelho para ganho de estabilidade articular.
Alguns fatores devem ser levados em consideração antes de decidir sobre a cirurgia, como o nível de 
atividade do paciente, o seu envolvimento em esportes ou ocupação de trabalho intensivo. As opções 
cirúrgicas incluem reconstrução do LCA com um enxerto que é comumente retirado do tendão dos 
isquiotibiais, do tendão quadricipital e do tendão patelar. O tratamento para o menisco rompido é a 
meniscectomia, sutura meniscal ou transplante do menisco. O LCM geralmente cicatriza sozinho.
Após a cirurgia, o membro deve ser imobilizado com uma órtese inicialmente bloqueada para 
cicatrização tecidual. Um extenso programa de reabilitação deve ser realizado pelo paciente, a fim de 
recuperar a força completa e o movimento do joelho.
O atleta retornará à prática esportiva quando não estiver mais sentindo dor, quando tiver recuperado 
a amplitude completa de movimento, bom nível de força e resistência muscular (dentro de 90% do 
quadríceps contralateral) e o uso funcional integral. As lesões ligamentares combinadas envolvendo um 
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FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
ligamento cruzado e um ligamento colateral permitem que o atleta retorne à prática esportiva dentro 
de prazos iguais aos da reconstrução do ligamento cruzado anterior.
5.3 Plica sinovial patológica
A plica sinovial é uma dobra na bainha sinovial do joelho. Em outras palavras, é uma prega 
da membrana fibrosa que se projeta para a cavidade articular. Essa anormalidade congênita deriva de um 
remanescente de pregas formadas durante o estágio embriológico do desenvolvimento. Durante a 
maturação, essas pregas são absorvidas pela cápsula articular; mas em uma parcela da população, 
isso não ocorre e deixa uma área espessada ou uma ruga no interior da membrana.
A plica sinovial é um tecido embrionário presente no joelho de mais de 70% da população e que 
geralmente não atrapalha a função da articulação. Normalmente ela permanece assintomática 
até que tenha sido traumatizada por um golpe direto à cápsula (macrotrauma) ou que tenha ficado 
inflamada secundariamente à fricção causada (microtrauma) pelo retesamento da plica através do 
côndilo femoral durante a flexão. O processo inflamatório causa edema nos dois reservatórios do líquido 
sinovial: um reservatório suprapatelar e a cavidade da própria articulação do joelho.
Figura 39 – Corte axial de ressonância magnética da plica sinovial
Fonte: Dixon (rID: 18022).
O paciente que apresenta plica sinovial patológica refere quadro clínico de dor (pior pela manhã), 
crepitação, derrame articular e desequilíbrio muscular. A plica reage a uma agressão hipertrofiando-se 
por meio do espessamento do tecido frouxo, perdendo sua elasticidade, consequentemente inicia-se o 
96
Unidade II
atrito entre estruturas vizinhas, surgindo sinovite. Pode ocorrer dor na região anteromedial que piora a 
flexão do joelho, ou quando se permanece por períodos prolongados com o joelho flexionado e quando 
se sobe escadas.
O diagnóstico é clínico e baseado na história e no exame físico do paciente. O diagnóstico diferencial é 
essencial e compreende: síndrome femoropatelar, bursite da pata de ganso, osteocondrite dissecante e lesão 
meniscal. O diagnóstico por imagem pode ser realizado através da radiografia simples (AP, P e infrapatelar) e 
ressonância magnética.
Existem quatro tipos de plicas sinoviais: a suprapatelar (a mais frequente), a medial, a inferior e a 
lateral, que é raríssima.
A suprapatelar tem muitas formas, pode ser completa ou incompleta. É sintomática quando está 
perfurada, dividindo em dois a cavidade articular; isso impede o funcionamento normal do músculo 
articular do joelho e se produz em dor suprapatelar.
A plica medial se origina na parede interna da articulação na região suprapatelar e pode emergir 
de uma plica principal, dirige-se oblíqua e distalmente cruzando sobre o côndilo femoral medial, de 
maneira que se interpõe entre a patela e o côndilo. Essa plica medial é a que produz mais sintomas, 
como dor, pseudobloqueios e crepitação.
A plica infrapatelar se divide em dois compartimentos; quando se apresenta essa eventualidade, 
pode-se associar ao menisco discoide externo.
Destaca-se que a plica quase sempre está associada à ruptura do menisco, ao desalinhamento 
patelar ou à osteoartrite.
A presença da síndrome da plica medial pode ser confirmada através de três testes:
• Teste para a síndrome da plica medial: o paciente deve estar sentado com o joelho flexionado 
em 90°. Envolve o estiramento da cápsula articular, ao mesmo tempo que o joelho é flexionado e 
estendido, com a tíbia em rotação interna. Se for positivo, o examinador pode sentir a plica quando 
esta cruza o côndilo femoral medial.
• Teste da interrupção do movimento: paciente deve estar sentado com o joelho flexionado. 
Na avaliação, o paciente estende lentamente o joelho. Tenta-se identificar a presença de uma 
plica medial, por meio da palpação do movimento irregular. Se for positivo, a plica colide contra 
o côndilo femoral medial, isso pode causar uma desorganização momentânea no movimento 
patelar, na faixa dos 40° a 60°, interrompendo o movimento.
• Teste de palpação da plica medial e lateral: consiste em empurrar a patela medialmente e 
procurar um “cordão” por baixo desta para tentar localizar a plica patológica medial, e para a plica 
lateral deve-se empurrar a patela lateralmente.
97
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
O tratamento inicial geralmente é conservador, no qual o paciente é afastado de suas atividades para 
tratamento médico à base de anti-inflamatórios e fisioterapêutico. Se o problema persistir, é indicada a 
artroscopia da plica sinovial.
Os objetivos do tratamento conservador para a plica sinovial patológica compreendem diminuir a 
dor e a inflamação local; diminuir forças compressivas anterior ao joelho; aumentar flexibilidade geral; 
normalizar a mobilidade patelar; crioterapia como tratamento anti-inflamatório e analgésico (gelo, 
2-3 vezes ao dia, por 15-20 minutos); fortalecer o vasto medial oblíquo e a musculatura do quadríceps; 
e exercícios de propriocepção para restabelecer o controle neuromuscular.
A isometria em múltiplos ângulos e as elevações da perna estendida são indicadas para restaurar 
a função muscular e os exercícios de cadeia cinética fechada compõem o tratamento mais adequado 
por reduzir as forças de compressão patelofemorais. Se o joelho estiver com processo inflamatório 
ou edema, deve-se evitar subir escadas, correr e praticar esportes com muito impacto e mudanças 
bruscas de direção.
O critério para realizar o tratamento cirúrgico de ressecção da plica sinovial é a persistência dos 
sintomas após 2 meses de tratamento conservador. Os pacientes tratados por via artroscópica têm o 
tempo de reabilitação mais curto, a amplitude de movimento completo é conseguida em 15 dias e os 
operados por via aberta levam de 4 a 5 semanas para recuperar o movimento total.
Os objetivos do tratamento pós-operatório seriam: diminuir dor, edema e inflamação; promover 
regeneração da cartilagem; diminuir forças compressivas na articulação patelofemoral; promover nutrição 
das superfícies articulares; restaurar ADM completae força muscular.
O tratamento pós-operatório compreende: imobilização breve com curativo compressivo; sem apoio 
de peso por 4 a 6 semanas de pós-operatório, pois pode aumentar as forças compressivas no joelho 
e inibir a regeneração da cartilagem; evitar apoio de peso completo por 8 a 12 semanas e enfatizar 
movimentos precoces de baixa intensidade em cadeia cinética aberta, sem apoio de peso completo 
em atividades de cadeia cinética fechada por 6 a 12 semanas de pós-operatório. Evitar exercícios que 
causam forças compressivas na patela que aumentam a crepitação, dor e efusão articular.
5.4 Síndromes femoropatelares
Para a compreensão das síndromes femoropatelares, é fundamental o conhecimento da biomecânica 
da articulação patelofemoral, uma vez que auxiliará na prescrição de exercícios para o joelho em um 
programa de reabilitação e na orientação da prática esportiva.
A articulação femoropatelar é muito acometida em movimentos de desaceleração, funcionando 
como uma “pastilha de freio”, sendo um fulcro para o movimento de extensão do joelho, ou seja, a 
patela tem a função de ponto de apoio para transferência de força do músculo quadríceps. É um osso 
sesamoide que está posicionado no meio do tendão quadricipital/patelar.
98
Unidade II
A principal função mecânica da articulação femoropatelar é suportar muita carga, sendo propensa a 
degeneração, lesões e sobrecarga, por isso apresenta a cartilagem hialina mais espessa do corpo humano.
Durante os movimentos mais comuns, recebe cargas elevadas da seguinte forma:
• 0,5 × peso corpóreo a 9° de flexão do joelho ao caminhar;
• 3,3 × peso corpóreo a 60° ao subir escadas;
• 7,8 × peso corpóreo a 130° ao fazer flexões em leg press.
A função do mecanismo da articulação patelofemoral é influenciada de modo vigoroso por 
estabilizadores tanto dinâmicos (estruturas contráteis) quanto estáticos (estruturas não contráteis) da 
articulação. Essa estabilidade baseia-se na interação entre a geometria óssea, as contenções ligamentares 
e retinaculares e os músculos.
O principal estabilizador dinâmico, o músculo quadríceps femoral, é constituído por quatro músculos 
(vasto lateral, vasto intermédio, vasto medial e reto femoral), eles produzem um torque de extensão da 
articulação do joelho, e o vasto medial (na sua porção oblíqua) estabiliza a patela contra deslocamentos 
laterais. Os músculos da pata de ganso e o bíceps femoral auxiliam na estabilidade dinâmica controlando 
a rotação interna e externa da tíbia, que influenciam o deslocamento patelar.
Vetor Q = força muscular do quadríceps
Vetor L = força do tendão patelar
Vetor RR = força resultante
Vetor RC = força resultante
 RcRr
L L
QQ
Figura 40 – Vetores de força resultantes na patela de acordo com os estabilizadores estáticos e dinâmicos
Fonte: Kapandji (1999, p. 95).
Os estabilizadores estáticos da articulação patelofemoral são: a parte lateral projetada mais 
anteriormente do sulco femoral, o retináculo extensor, o trato iliotibial, o tendão quadricipital e o 
tendão patelar.
99
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
O tendão patelar controla as forças que agem sobre a patela para produzir um deslocamento superior, 
ao passo que o tendão quadricipital resiste às forças que causam o deslocamento inferior da patela.
 Lembrete
A patela tem a função de ponto de apoio (fulcro) para transferência de 
força do músculo quadríceps. É um osso sesamoide que está posicionado 
no meio do tendão quadricipital/patelar.
A força de compressão é conhecida como força de reação da articulação patelofemoral (RAPF). Durante 
as atividades de reabilitação, a gravidade exerce profunda influência sobre as forças do quadríceps.
Nas atividades de cadeia cinética aberta, a força da gravidade age através do centro de gravidade 
encontrado no lado do segmento que se movimenta. Na posição sentada com o joelho em 90°, o centro 
de gravidade é alinhado ao eixo do joelho, de forma a não criar qualquer rotação. Durante o exercício de 
extensão do joelho na posição sentada, enquanto ele está sendo estendido, a patela está movimentando-se 
superiormente no sulco femoral; a área de contato entre o fêmur e a patela diminui à medida que a 
extensão progride. O estresse de contato máximo atinge um pico com aproximadamente 35° a 40° e, 
em seguida, declina à medida que a extensão prossegue, por causa do ângulo do joelho reduzido.
A análise de uma atividade em cadeia fechada do tipo agachamento revela um resultado diferente. 
Durante esse movimento, o centro de gravidade passa a localizar-se pela femoral do joelho. Ao realizar-se 
o agachamento, a linha de força da gravidade cairá atrás do eixo do joelho, acarretando sua flexão. 
O maior momento de flexão criado pela força da gravidade ocorrerá quando esta ficar mais afastada do 
eixo da articulação do joelho. Isso ocorre, especialmente, quando o fêmur fica paralelo ao solo em 90°. 
Para controlar a flexão do joelho, a força do quadríceps terá que aumentar com o momento de flexão da 
gravidade. Isso acarreta ampliação na RAPF, que, proporcionalmente, aumenta a área de contato entre a 
patela e o fêmur. As atividades de cadeia fechada produzem uma carga mais fisiológica da articulação, 
em comparação à carga que ocorreu durante as atividades de cadeia aberta.
Às causas dos problemas femoropatelares são relacionadas a patela alta, o sulco femoral raso, o 
côndilo lateral pequeno, o aumento do ângulo Q, o geno valgo, a insuficiência do músculo vasto medial 
oblíquo, o aumento da tensão dos restritores laterais e o encurtamento dos músculos posteriores de coxa.
Podem ser classificados em:
• síndromes dolorosas:
— hiperpressão patelar lateral: aumento da pressão da patela na tróclea do fêmur;
— condromalácia da patela: essa denominação simplesmente significa cartilagem mole; indica 
deterioração da cartilagem que pode se manifestar como crepitação ou rachaduras;
100
Unidade II
• displasias luxantes:
— subluxação: deslocamento temporário da patela de sua localização normal no interior do 
sulco troclear;
— luxação recidivante de patela: a patela está luxada se estiver completamente deslocada, fora 
da tróclea. Acontece de forma recorrente.
O diagnóstico é realizado por exame radiográfico para identificar fatores anatômicos predisponentes: 
na incidência anteroposterior (Â varo/valgo, ângulo Q), no perfil (altura patelar), na axial (sulco troclear, 
congruência patelar e inclinação lateral da patela). Já a ressonância magnética mostrará as lesões 
cartilaginosas e ligamentares.
O quadro clínico comum aos pacientes com as síndromes dolorosas são dor, crepitação, derrame e 
bloqueio; já nas displasias luxantes, podemos encontrar falseio e sensação de instabilidade.
O termo síndrome de dor patelofemoral é utilizado para descrever os vários tipos de sintomas 
relacionados com a articulação patelofemoral. Tipicamente, esse tipo de dor é considerado como uma 
síndrome de uso excessivo, apesar da etiologia exata e a natureza da dor continuarem sendo pouco 
compreendidas. A síndrome de dor patelofemoral representa a sensação dolorosa com origem nas 
estruturas anteriores do joelho, na ausência de uma lesão aguda identificável (traumatismo contuso, 
luxação ou subluxação da patela).
O tratamento depende da idade, da sintomatologia do paciente, se há a presença de alterações 
físicas e radiográficas ou se existe instabilidade ou não. Nas luxações deve sempre ocorrer a redução e 
imobilização do paciente para posterior início do processo de reabilitação.
O tratamento conservador envolve um processo de reabilitação específico com alongamento dos 
músculos posteriores de coxa, gastrocnêmios, trato iliotibial e retináculo lateral da patela e flexores 
de quadril, fortalecimento muscular com ênfase no vasto medial oblíquo (pode ser associado com os 
adutores de quadril), com isometria do quadríceps (elevação da perna estendida) e eletroestimulação, 
uso de taping patelar ou joelheiras para estabilização.
 Lembrete
Os exercícios isotônicos em cadeia cinéticaaberta e cadeia 
cinética fechada devem seguir as amplitudes seguras de acordo com a 
biomecânica articular.
O tratamento cirúrgico será uma opção para as luxações recidivantes e correção dos fatores ósseos 
predisponentes. Os procedimentos mais realizados são o release lateral, realinhamento proximal, 
realinhamento distal, abaixamento da patela e osteotomia em casos de valgo excessivo.
101
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
5.4.1 Condromalácia patelar
Essa é uma condição também muito comum na fisioterapia. É um desafio grande reabilitar o paciente 
com condromalácia e conseguir promover boa qualidade de vida.
A palavra condromalácia é utilizada com frequência como forma de descrição da dor no 
compartimento anterior do joelho, embora essa descrição não seja apropriada. A designação 
condromalácia patelar deve servir apenas para descrever o problema patológico de amolecimento 
da cartilagem na parte inferior (posterior) da patela. Geralmente, só pode ser diagnosticada pela 
observação cirúrgica ou ressonância magnética. A presença de amolecimento da cartilagem nem 
sempre resulta no sintoma clínico de dor.
As causas podem ser de origem traumática, por esforço repetitivo, alterações biomecânicas e de 
caráter idiopático.
Pode ser dividida em 4 fases:
• I – amolecimento;
• II – frangeamento;
• III – fragmentação;
• IV – erosão.
A) B) 
C) D) 
Figura 41 – Fases da lesão da cartilagem patelar observadas por artroscopia: 
(A) amolecimento; (B) frangeamento; (C) fragmentação; (D) erosão
102
Unidade II
Os pacientes apresentam queixas de dor patelar (região anterior do joelho) que piora ao descer e 
subir escadas, ao praticar atividades de impacto, ao sentar-se e levantar-se, ao permanecer sentado com 
joelho dobrado e ao agachar-se e ajoelhar-se, relatam crepitação, sensação de areia/crocante/estalos e 
atrito em cartilagem irregular, além de outros tecidos inflamados.
As causas são multifatoriais:
• Sobrecarga na patela:
— excesso de peso;
— fraqueza/desequilíbrio muscular;
— ativação muscular inadequada;
— padrões de movimentos/postura inadequados;
— falta de alongamento;
— exagero nos exercícios;
— trauma (queda sobre patela ou desaceleração excessiva).
• Fator predisponente:
— alteração de congruência (encaixe) patelar.
Os principais déficits encontrados são:
• fraqueza no quadril;
• abdutores, rotadores externos, extensores;
• fraqueza no quadríceps;
• fraqueza no core;
• falha na ativação;
• encurtamento;
• trato iliotibial, adutores de quadril, isquiotibiais.
103
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
O tratamento engloba alguns passos necessários para a resolução da queixa do paciente.
• 1º passo:
— fazer a avaliação médica;
— identificar causas e fatores predisponentes;
— definir plano de tratamento.
• 2º passo:
— entender o problema: o paciente precisa aceitar restrições e modificações na rotina (que podem 
ser temporárias ou definitivas).
• 3º passo (auxílio do fisioterapeuta, preparador físico e nutricionista):
— corrigir problemas;
— perder peso;
— fortalecer;
— alongar;
— fazer treinamentos funcionais.
Nas fases I/II o tratamento é conservador para analgesia e alívio das pressões sobre a patela, 
com recursos fisioterapêuticos. Podem ser utilizados recursos de termofototerapia, exercícios para 
alongamento dos músculos do trato iliotibial, adutores de quadril e isquiotibiais e fortalecimento 
muscular dos abdutores, rotadores externos e extensores do quadril, quadríceps e músculos do core 
(abdominais, paravertebrais e glúteos).
O médico ortopedista pode ainda indicar algumas terapias auxiliares, como a suplementação com 
glucosamina, condroitina e colágeno; realizar infiltrações com corticoides e ácido hialurônico (para 
lubrificação da cartilagem); indicar órteses de estabilização e tratamento com pulsed signal therapy 
(PST – ondas eletromagnéticas). Os pulsos PST atuam na reconstrução do campo elétrico fisiológico, 
estimulando o metabolismo e a atividade dos condrócitos (células das cartilagens), reativando, assim, o 
processo inato e biológico de regeneração dos tecidos.
104
Unidade II
 Saiba mais
O tratamento PST consiste no envio à articulação afetada de campos 
eletromagnéticos pulsáteis de baixa intensidade e frequência variável. Você 
pode se aprofundar no assunto com o seguinte artigo:
GOBBI, G. R. et al. Clinical results of pulsed signal therapy on 
patellofemoral syndrome with patellar chondropathy. Bioelectromagnetics, 
v. 40, n. 2, p. 83-90, 2019.
Nas fases III/IV o tratamento é cirúrgico (artroscopia), se os fatores predisponentes são muito 
acentuados para corrigir a altura patelar, realizar realinhamento do mecanismo extensor, trocleoplastias 
e para correção das lesões condrais; sempre é fundamental a reabilitação fisioterapêutica pós-operatória.
5.5 Osteocondrites e lesões condrais
5.5.1 Osteocondrite dissecante (OCD)
Essa é uma lesão do osso e da cartilagem articular, com etiologia incerta, e que resulta na separação 
de quantidades variáveis de osso subcondral e da cartilagem articular suprajacente. A lesão pode ficar 
parcialmente aderida ou pode se soltar totalmente.
Comumente a lesão está localizada na região lateral (que não sustenta peso) do côndilo femoral 
medial. É provável que lesões laterais estejam localizadas na área central do côndilo. A tróclea 
femoral lateral está envolvida em poucos pacientes.
A classificação dessas lesões se baseia na localização do fragmento, seu tamanho, extensão do 
envolvimento e grau de separação. Essas classificações ajudam no planejamento do tratamento. As divisões 
são: in situ, separação precoce e deslocamento incompleto. Alguns autores acreditam na existência de 
uma forma juvenil de OCD (OCDJ), que tem melhor prognóstico que a forma adulta, ela é diferenciada 
por sua presença em pacientes com placas de crescimento ainda abertas.
Esse distúrbio é resultante de estresse cumulativo sobre o osso subcondral, resultando em fraturas.
A OCDJ tem um pico de ocorrência no início da adolescência, a predominância do sexo masculino é 
de 4/1. É rara em crianças com menos de 10 anos de idade. A bilateralidade varia entre 20% e 30% dos 
casos. A incidência da OCD em adultos é ainda desconhecida.
O paciente relata dor, rigidez articular e edema. Pode descrever sensações de travamento, “articulação 
presa” e de um joelho que “falseia”. Pode ocorrer a formação de corpos livres depois da separação do 
fragmento, acompanhada dos sintomas específicos.
105
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
Durante o exame físico, o fisioterapeuta deve avaliar a amplitude de movimento do joelho, atrofia 
muscular do quadríceps e fraqueza muscular. Ocasionalmente pode-se palpar um corpo livre. Alguns 
pacientes podem apresentar um sinal de Wilson positivo (dor com rotação interna e extensão do joelho; 
a dor é aliviada com a rotação externa).
O diagnóstico é realizado inicialmente por uma radiografia com uma área bem circunscrita de osso 
subcondral separado do côndilo femoral restante por uma linha radiolucente em forma de lua crescente. 
O aspecto posterolateral do côndilo femoral medial (área mais comum) fica retratado nas incidências 
com flexão do joelho e sustentação do peso. A ressonância nuclear magnética ajuda na identificação de 
lesões iniciais e auxilia na avaliação da cartilagem suprajacente.
Os pacientes com OCDJ evoluem e não apresentam complicações a longo prazo associadas à lesão 
original, enquanto pacientes adultos com OCD exibem progressão para artropatia degenerativa precoce.
Em pacientes com OCDJ, sem corpo livre no interior da articulação, o tratamento inicial deve 
ser conservador. As medidas conservadoras são uso de muletas durante 4 a 6 semanas associadas à 
fisioterapia, para alívio de dor e edema, com recursos de eletrotermoterapia associados a exercícios de 
alongamento e fortalecimento muscular para manutenção do trofismo.
O tratamento cirúrgico é realizado quando as medidas conservadoras fracassam ou quando a lesão 
está descolada ou solta.Entre as opções, temos:
• Microfraturas: pequenas perfurações ósseas para provocar sangramento e formação de tecido 
cicatricial no local da lesão.
• Mosaicoplastia: enxerto de pequenos plugs de osso com cartilagem retirados de locais que não 
suportam carga do osso.
• Outras:
— transplante autólogo condrócitos (não disponível no meio);
— aloenxerto (doadores): enxerto de banco de tecido.
Para a reabilitação pós-operatória, o fisioterapeuta deve ter conhecimento específico do método 
cirúrgico realizado e do local da lesão. Esse conhecimento permite que tenhamos segurança na liberação 
de carga no membro e da evolução do ganho de ADM. Os principais objetivos do tratamento são: 
diminuição da dor e do processo inflamatório e ganho de ADM e força muscular; a restrição de carga 
será pelo período entre 3 e 6 semanas (dependendo do tipo de cirurgia) e é de fundamental importância 
a utilização do aparelho de movimentação passiva contínua (CPM).
106
Unidade II
 Observação
O equipamento de CPM permite movimentação de flexo-extensão do 
joelho em velocidade e angulação controladas durante longo período, que 
além de auxiliar na não formação de aderências, estimula a produção do 
líquido sinovial para nutrir a cartilagem no pós-operatório.
5.5.2 Lesões condrais e fratura osteocondral
Essas lesões são complicadas devido ao limitado potencial de cura dos defeitos. A ausência de 
vascularização da cartilagem articular impede esse tipo de resposta, nos casos em que ocorre apenas lesão 
da cartilagem. Quando o osso subcondral está lesionado, a resposta inflamatória produz principalmente 
tecido fibrocartilaginoso. Esse tecido se compõe basicamente de colágeno do tipo I, e não de colágeno do 
tipo II, observado na cartilagem normal. A fibrocartilagem do tipo I não é durável, tendo sido associada 
a eventual processo degenerativo articular.
Quase todas as lesões condrais estão situadas na área de sustentação do peso da cartilagem articular, 
normalmente no compartimento medial. As lesões osteocondrais podem ocorrer em qualquer parte do 
joelho, e se localizam principalmente na faceta medial da patela ou no côndilo femoral lateral.
As lesões osteocondrais patelofemorais são resultantes de luxação de patela. Impactação, avulsão, 
cisalhamento e força rotacionais em traumatismo direto são as causas mais comuns de lesão da cartilagem 
articular femoral. Também podem ocorrer fraturas exógenas secundárias ao traumatismo direto.
As fraturas osteocondrais tendem a ocorrer principalmente em adolescentes. No que diz respeito à 
articulação patelofemoral, a incidência fica muito perto da incidência da instabilidade patelar recorrente.
O paciente lesionado relata trauma torsional ou de instabilidade patelofemoral. Quase todos os 
pacientes apresentam dor e edema, podendo ocorrer bloqueio articular e crepitação.
Os achados radiográficos serão normais em casos isolados de lesão condral, sendo então necessário 
um exame de ressonância nuclear magnética. No caso de lesões osteocondrais, o componente ósseo fica 
visível na radiografia.
Deve ser tentado um tratamento conservador de redução da sustentação de peso, medicamentos 
anti-inflamatórios e exercícios contínuos de amplitude de movimento (ADM), por 4 a 6 semanas. 
Fragmentos soltos de cartilagem articular devem ser removidos. Parafusos, pinos e materiais adesivos de 
fibrina têm sido utilizados para promover fixação e cura em casos de grandes fragmentos que necessitem 
de reparo. As outras técnicas cirúrgicas e tratamento pós-operatório são iguais aos descritos na OCD.
107
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
5.6 Lesão do tendão patelar
As lesões do tendão patelar fazem parte de um grupo maior de doenças que causam o que os 
ortopedistas chamam de dor anterior do joelho. A função do tendão é ligar a patela à tíbia, fazendo 
parte do mecanismo extensor.
A tendinite patelar ocorre por uma sobrecarga com estresse crônico, que resulta em lesões 
microscópicas do tendão com cicatrização incompleta.
A tendinite patelar é uma lesão por uso excessivo comum que afeta mais tipicamente a inserção 
proximal do ligamento patelar no polo inferior da patela (devido ao mecanismo de cisalhamento que 
ocorre durante a desaceleração no esporte), mas que pode atingir também a extremidade distal do 
tendão. Recebe a designação de “joelho do saltador” (jumper’s knee), pois ocorre frequentemente em 
atletas que precisam realizar contrações concêntricas repetitivas do quadríceps, como é comum àqueles 
que praticam saltos e desacelerações bruscas, como no vôlei, no basquete, no atletismo e no futebol.
 Observação
Para os anatomistas, a estrutura é chamada ligamento da patela pelo 
fato de unir dois ossos (polo inferior da patela e tuberosidade da tíbia), porém 
funcionalmente a estrutura é chamada tendão patelar, pois transmite força 
do tendão quadricipital, gerando movimento da articulação do joelho.
É uma das doenças do joelho mais comuns que afetam atletas. Ocorre em até 20% dos atletas que 
praticam salto.
Se não tratada adequadamente, pode se tornar crônica e diminuir consideravelmente o rendimento 
do atleta. Em casos extremos, o joelho pode até ser completamente rompido (como aconteceu com o 
jogador de futebol Ronaldo).
Fatores predisponentes incluem maior peso corporal, geno varo e geno valgo, um ângulo Q aumentado 
do joelho, patela alta, diferença no comprimento do membro, encurtamento das cadeias musculares, 
principalmente da posterior (isquiotibiais), desequilíbrio muscular e alteração do tipo de pisada.
Fatores ligados ao treino incluem falta de preparo físico direcionado ao esporte, técnica inadequada 
e aumento importante da intensidade e frequência da prática do esporte (overtraining).
Nos esportes que envolvem as articulações dos membros inferiores, o joelho é a principal articulação 
envolvida na absorção e transmissão da energia cinética gerada pelo contato do pé ao solo e transmissão 
do movimento aos demais segmentos do corpo. Isso se deve a dois mecanismos básicos: a chamada 
contração muscular excêntrica, em que a fibra muscular contrai e é alongada, resistindo ao movimento 
sob tensão, e a concêntrica.
108
Unidade II
Em uma corrida, por exemplo, a força de reação ao solo, que chega a ser quatro vezes o peso do 
indivíduo, é absorvida pela flexão do joelho, entre 50 e 60 graus, e pela resistência do quadríceps, ou 
músculo anterior da coxa, e o restante é dissipado pelo quadril e pela coluna vertebral. A doença ocorre 
da perda desse equilíbrio. De uma certa maneira, o quadríceps deixaria de absorver toda a energia 
cinética e o tendão patelar, com sobrecarga, sofreria microrruptura e degeneração em sua região de 
inserção na patela.
Os pacientes referem dor na região anterior do joelho, que muitas vezes piora após as atividades 
físicas que provocam a patologia. Normalmente, o envolvimento é infrapatelar ou perto do polo inferior 
da patela (parte de baixo da patela). Dependendo da duração dos sintomas, a tendinite patelar pode ser 
classificada em quatro fases:
• Fase 1: dor apenas após a atividade, sem prejuízo funcional.
• Fase 2: dor durante e após a atividade, embora o paciente ainda seja capaz de executar 
satisfatoriamente em seu esporte.
• Fase 3: prolongada durante e após a atividade, com a dificuldade crescente na realização de um 
nível satisfatório.
• Fase 4: ruptura completa do tendão, exigindo reparação cirúrgica.
O exame físico pode revelar os seguintes achados: ponto de dor no polo inferior da patela, polo 
superior da patela ou tuberosidade tibial; encurtamento dos isquiotibiais e quadríceps; estabilidade 
ligamentar normal do joelho; derrame intra-articular do joelho (raro).
A ultrassonografia e a ressonância magnética são altamente sensíveis para a detecção de anomalias 
do tendão em ambos os atletas sintomáticos e assintomáticos. Portanto um número significativo de 
resultados falso-positivos pode ocorrer se o médico não realizar a correlação clínico-radiográfica. 
As radiografias também são de extremaimportância, já que podem fornecer com clareza se houve 
ossificação do polo inferior da patela ou se existem anormalidades ósseas na patela, que podem estar 
associadas à sobrecarga do tendão patelar.
O tratamento é conservador e constitui a modalidade mais importante para a tendinite. O tratamento 
primário enfatiza o aprimoramento da força do quadríceps e a flexibilidade da articulação do joelho, 
reduzindo os exercícios excêntricos repetitivos de contração do quadríceps e voltando a introduzi-los 
de maneira ritmada.
Na fase aguda, a reabilitação é fundamental e deve incluir:
• Modificação ou adaptação de atividade, que seria diminuir as atividades que aumentam a pressão 
femoropatelar (por exemplo, pular, agachar).
• Para os atletas, um programa específico e individualizado com o auxílio do preparador físico.
109
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
• Crioterapia, que seria aplicar gelo por 20-30 minutos, 4-6 vezes por dia, especialmente após 
a atividade.
• Melhoria do alongamento, incluindo os flexores do quadril e joelho (isquiotibiais, gastrocnêmio, 
iliopsoas, reto femoral, adutores), extensores de quadril e joelho (quadríceps, glúteos), da banda 
iliotibial e retináculo patelar.
• Reforço muscular, fortalecimento com exercícios em cadeia cinética fechada e exercício excêntrico.
• Avaliação isocinética, detectando possíveis desequilíbrios musculares através da análise do 
dinamômetro isocinético e tratamento.
• Treinamento proprioceptivo específico, pliometria e retorno programado e assistido ao esporte
Nos casos crônicos podem ser utilizados a terapia por ondas de choque (nessa técnica, uma máquina 
emite pulsos sobre o tendão doente, promovendo estímulos à cicatrização da lesão) e a aplicação de 
plasma rico em plaquetas (PRP), novo procedimento, baseado na injeção de um concentrado de células 
reparadoras do sangue do próprio paciente. Esse concentrado, que é principalmente de plaquetas (daí o 
nome plasma rico em plaquetas), contém as substâncias que ajudam a reparar tecidos, os fatores de 
regeneração tecidual, fatores de cicatrização individuais e crescimento celular.
A cirurgia será necessária para o paciente com doença recorrente. Os dois principais procedimentos 
cirúrgicos incluem a retirada de parte da ossificação por cirurgia de artroscopia (minimamente invasiva) 
e tratamento cirúrgico artroscópico da lesão tendínea.
A complicação mais comum é a dor persistente durante o esporte. A mais temida é a ruptura 
espontânea do tendão, que em geral ocorre após uma contração abrupta do músculo quadríceps, 
levando à ascensão súbita da patela e incapacitação imediata à deambulação. Essa condição leva à 
necessidade imediata de reparo cirúrgico.
5.6.1 Doença de Hoffa
A doença de Hoffa também é conhecida como síndrome do coxim adiposo infrapatelar, síndrome 
do coxim adiposo e lipomatose sinovial. Caracteriza-se por hipertrofia e inflamação do local que dá 
o seu nome.
Esse problema é causado por traumatismo direto (um golpe na região anterior do joelho) ou por 
repetidas lesões do coxim adiposo infrapatelar durante atividades que exijam máxima e repetida 
extensão/hiperextensão do joelho. O coxim adiposo fica preso e comprimido entre os côndilos femorais 
e platô tibial durante a extensão do joelho, resultando em dor na região anterior dessa articulação. 
O processo pode ter início após a ocorrência de um trauma maior agudo (direto ou indireto) ou de 
microtraumas repetitivos crônicos, causando hemorragia e edema na gordura infrapatelar.
110
Unidade II
É observado com maior frequência em esportes que envolvam saltos ou chutes e associado à tendinite 
patelar. Algumas alterações mecânicas como genu recurvatum, microinstabilidade rotacional ou outras 
condições que reduzam os espaços femorotibial e femoropatelar podem predispor a essa síndrome.
São sintomas patognomônicos específicos. Em sua maioria, os atletas sentirão dor abaixo do polo 
inferior da patela, que é exacerbada pela atividade física ou extensão do joelho.
No exame físico o edema pode ser percebido de cada lado do ligamento patelar. Podemos causar dor 
localizada na região com palpação do coxim adiposo profundamente ao ligamento patelar ou ao longo 
de sua borda. Ocasionalmente, o joelho fica edemaciado e com a amplitude de movimento reduzida. 
A dor na região anterior pode ser reproduzida pela hiperextensão passiva do joelho (teste do salto). 
Utilizamos também o sinal de Hoffa (dor à extensão do joelho ao se aplicar compressão digital sobre a 
gordura infrapatelar).
O diagnóstico pode ser realizado por radiografia simples, nos casos mais crônicos (pois há necrose 
dos adipócitos e proliferação fibroblástica, com acentuada fibrose, ficando visível no exame), e com a 
ultrassonografia e ressonância nuclear magnética, que evidenciará sinais de processo inflamatório.
A) B) 
Figura 42 – Imagem radiográfica (A) e de ressonância magnética (B) de inflamação da gordura de Hoffa
Fonte: Lourenço e Rodrigues (2007, p. IX).
Palmilhas aplicadas no sapato para elevação do calcanhar reduzem ou impedem a hiperextensão do 
joelho, e assim evitam lesões repetidas ao coxim adiposo, sendo um bom instrumento para prevenção.
O tratamento é conservador, com um intenso programa de reabilitação. Na fisioterapia devem ser 
utilizados recursos para analgesia e diminuição do processo inflamatório associado a exercícios de 
alongamento dos músculos dos grupos isquitobial e quadríceps. Caso haja persistência dos sintomas, o 
111
FISIOTERAPIA TRAUMATOLÓGICA FUNCIONAL
médico ortopedista pode indicar uma infiltração com corticoesteroide no coxim adiposo, para reduzir a 
inflamação. A ressecção cirúrgica do coxim adiposo fica reservada para os casos que não respondem 
a medidas conservadoras dentro de 6 meses.
O retorno à prática esportiva depende dos sintomas do atleta. O uso de uma palmilha de elevação 
do calcanhar pode permitir que ele retorne à atividade física, ao mesmo tempo que evita novas lesões 
ao coxim adiposo.
5.7 Fraturas e lesões traumáticas do joelho
5.7.1 Fratura supra/intercondiliana de fêmur
O termo supracondiliana agrupa todas as fraturas que se produzem no terço distal do fêmur. 
Geralmente se originam por um traumatismo (acidente de tráfego) e afetam principalmente 
indivíduos jovens.
É característico que, devido à ação dos gastrocnêmios, o fragmento distal tem a tendência a 
deslocar-se em sentido posterior.
A classificação pode ser realizada por sua localização, intra-articulares e extra-articulares, e afetar 
um só côndilo (unicondilianas) ou os dois (bicondilianas). Por sua morfologia, podem ser: transversas, 
longitudinais, com traço em Y, ou cominutivas, e, dependendo da disposição dos fragmentos, teremos 
fraturas com ou sem desvio.
Figura 43 – Fratura de terço distal de fêmur (A e B); fixação com osteossíntese (C e D)
Fonte: Volpon (2013, p. 219).
O tratamento ortopédico conservador consiste em tração esquelética para manter a redução da 
fratura seguida de um gesso articulado até a evidência de consolidação. O objetivo do fisioterapeuta 
nessa fase vai se concentrar na prevenção de deformidades e das sequelas devido à imobilização. 
112
Unidade II
Os exercícios respiratórios e a mobilização das articulações livres são fundamentais durante o período 
em que o paciente ficar acamado. No membro lesionado, são possíveis movimentos leves de tornozelo, 
isometria de quadríceps e isquiotibiais. O fortalecimento de membros superiores deve ser realizado, já 
que o paciente deverá usar muletas por algumas semanas.
Após retirada a tração, o paciente receberá um gesso longo ou órtese articulada. Nesse momento, 
os objetivos serão o aumento da amplitude articular e o início do treino de marcha. Inicialmente 
será possível evoluir até 90°, a marcha deverá ocorrer com carga parcial e o dispositivo bloqueado. 
Após consolidação radiográfica, o dispositivo será retirado e os objetivos serão a prevenção do edema 
pós-imobilização, ganho de toda a amplitude de movimento, ganho de força

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