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FARMACOLOGIA CIRÚRGICA 1 RAFAELLY MOREIRA DOS SANTOS SARAIVA EXODONTIAS POR VIA ALVEOLAR (UNITÁRIAS OU MÚLTIPLAS) E PEQUENAS CIRURGIAS DE TECIDOS MOLES EXPECTATIVA DO OPERADOR Desconforto ou dor de intensidade leve no período pós- operatório. SEDAÇÃO MÍNIMA Considerar para pacientes cuja ansiedade e apreensão não podem ser controladas por métodos não farmacológicos. Administrar midazolam 7,5 mg ou alprazolam 0,5 mg, 30 min antes do atendimento. ANTISSEPSIA INTRABUCAL Orientar o paciente a bochechar vigorosamente com 15 mL de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina 0,12%, por ~ 1 min. ANTISSEPSIA EXTRABUCAL Solução aquosa de digluconato de clorexidina 2%. ANALGESIA PREVENTIVA Administrar dipirona 500 mg a 1 g (20-40 gotas) ao término da intervenção, ainda no ambiente do consultório. Prescrever as doses de manutenção, com intervalos de 4h, por um período de 24 h pós-operatórias. Caso a dor persista, orientar o paciente para que entre em contato com o dentista e receba novas orientações ou compareça ao consultório. O paracetamol 750 mg (a cada 6 h) ou o ibuprofeno 200 mg (a cada 6 h) são analgésicos alternativos no caso de intolerância à dipirona. EXODONTIAS POR VIA NÃO ALVEOLAR (OSTECTOMIA E ODONTOSSECÇÃO) E CIRURGIAS PRÉ-PROTÉTICAS COM DESCOLAMENTO TECIDUAL EXTENSO, REMOÇÃO DE DENTES INCLUSOS E/OU IMPACTADOS EXPECTATIVA DO OPERADOR dor moderada a intensa, acompanhada de edema inflamatório e limitação da função mastigatória. SEDAÇÃO MÍNIMA considerar para pacientes cuja ansiedade e apreensão não podem ser controladas por métodos não farmacológicos. Administrar midazolam 7,5 mg ou alprazolam 0,5 mg, 30 min antes do atendimento. PROFILAXIA ANTIBIÓTICA SISTÊMICA Não é necessária para a grande maioria dos pacientes imunocompetentes. Pode ser indicada quando há relato de história prévia de pericoronarite. Nesse caso, administrar 1 g de amoxicilina, 1 h antes da intervenção. Clindamicina 300 mg para alérgicos à penicilina. ANTISSEPSIA INTRABUCAL Orientar o paciente a bochechar vigorosamente com 15 mL de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina 0,12%, por ~ 1 min. ANTISSEPSIA EXTRABUCAL Solução aquosa de digluconato de clorexidina 2%. ANALGESIA PERIOPERATÓRIA Prescrever 4-8 mg de dexametasona (1-2 comprimidos de 4 mg), a serem tomados 1 h antes da intervenção. Administrar 1 g (40 gotas) de dipirona sódica imediatamente após o final do procedimento. Prescrever 500 mg (20 gotas) a cada 4 h, pelo período de 24 h. Caso a dor persista após esse período, prescrever nimesulida 100 mg por via oral ou cetorolaco 10 mg sublingual, a cada 12 h, pelo período máximo de 48 h. CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS Orientar a higienização do local, por meio de escovação cuidadosa. Bochechar 15mL de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina 0,12%, pela manhã e à noite, iniciando após 24h de PO sendo de leve a moderado nos primeiros dias, seguindo com bochecho normal até a remoção da sutura (~ 5-7 dias). CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS Quando o tempo de duração da cirurgia for além do planejado (consequentemente, com maior trauma aos tecidos moles), pode-se prescrever uma dose adicional de 4 mg de dexametasona ou betametasona, na manhã seguinte ao procedimento. 2 RAFAELLY MOREIRA DOS SANTOS SARAIVA Quando houver contraindicação do uso da dexametasona ou da betametasona (herpes, infecções fúngicas sistêmicas, história de alergia ao medicamento, etc.), empregar um AINE: nimesulida 100 mg, ibuprofeno 600 mg ou cetorolaco 10 mg (este por via sublingual). A primeira dose é administrada ao final do procedimento cirúrgico, mantendo-se a mesma dosagem a cada 12 h, pelo período máximo de 48 h. Quando houver restrição ou contraindicação do uso de benzodiazepínicos, a valeriana (fitoterápico que dispensa a notificação de receita do tipo B), na dose de 100 mg (2 comprimidos de 50 mg), administrada 1 h antes da cirurgia, pode ser uma boa alternativa para a sedação mínima de pacientes adultos. Pacientes com dor pulsátil e persistente a partir do terceiro dia pós-cirúrgico podem estar desenvolvendo o quadro de alveolite. Uma nova consulta deve ser agendada para o diagnóstico e tratamento. A profilaxia antibiótica cirúrgica não deve ser instituída de forma rotineira em cirurgias de terceiros molares inclusos. Mas seria precipitado dizer para nunca empregá-la. A conduta mais coerente é que o cirurgião- dentista analise as particularidades do caso, como o grau de complexidade e o tempo de duração da cirurgia, a história prévia de pericoronarite e o perfil do paciente, entre outros fatores, para que possa avaliar o risco/benefício do uso profilático de antibióticos. Quando a decisão for favorável ao uso, administrar 1-2 g de amoxicilina, em dose única pré-operatória, 1 h antes da intervenção. Para os alérgicos à penicilina, clindamicina 300 mg. As cirurgias de terceiros molares nunca devem ser realizadas na presença de pericoronarite em fase aguda. Nesses casos, a descontaminação do local e a terapia antimicrobiana sistêmica devem ser instituídas e a intervenção agendada após a remissão dos sintomas, ainda na vigência da terapia antibiótica. PERICORONARITE Processo inflamatório de caráter agudo ou crônico, que se desenvolve nos tecidos gengivais que recobrem as coroas dos dentes em erupção ou parcialmente erupcionados, decorrente do desenvolvimento de colônias bacterianas nos espaços entre a coroa do dente e os tecidos que a recobrem. PROTOCOLO DE TRATAMENTO DA PERICORONARITE Anestesia local por bloqueio regional AI (> incidência em molares inferiores); Remover os depósitos grosseiros de cálculo e placa dentária, por meio de cuidadosa instrumentação das áreas envolvidas, supra e subgengival, limitando-a de acordo com a tolerância do paciente, já que muitas vezes não se consegue uma anestesia adequada da área inflamada em toda a sua extensão; Irrigar e orientar os cuidados pós-operatórios (clorexidina 0,12% 15mL 12/12h durante 1 semana). Para o alívio da dor, prescrever dipirona (500 mg a 1 g) com intervalos de 4 h, pelo período de 24 h. Se a dor persistir, prescrever um AINE (p. ex., nimesulida 100 mg ou cetorolaco 10 mg por via sublingual, a cada 12 h). Persistir = antibióticos. USO DE ANTIBIÓTICOS NO TRATAMENTO DA PERICORONARITE Quando o processo já se encontra bastante evoluído, com a presença de sinais de disseminação local e de manifestações sistêmicas da infecção (dor espontânea, edema, limitação de abertura bucal, linfadenite e até mesmo febre). REGIME PRECONIZADO PARA ADULTOS Amoxicilina 500 mg a cada 8 h+Metronidazol 250 mg a cada 8h Alérgicos às penicilinas ou intolerantes ao metronidazol Claritromicina 500 mg a cada 12h ou Clindamicina 300 mg a cada 8h. DURAÇÃO DO TRATAMENTO Prescrever inicialmente por um período de três dias. Antes de completar 72 h de tratamento, reavaliar o quadro clínico. Com base na remissão dos sintomas, manter ou não a terapia antibiótica, pelo tempo necessário. Em geral, a duração do tratamento dificilmente irá ultrapassar o período de cinco dias. Casos avançados de pericoronarite, com a presença de celulite considerável, disfagia (dificuldade de deglutição), anorexia (falta de apetite) e mal-estar geral, devem ser encaminhados aos cuidados de um cirurgião bucomaxilofacial.