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NOTA Pediatria se manifesta em defesa do respeito à dignidade humana de crianças e adolescentes Ao tomar conhecimento, por meio da mídia, sobre o tratamento dispensado a uma criança, em Santa Catarina, que havia sido vítima de crime de estupro, com consequente gravidez indesejada, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Academia Brasileira de Pediatria (ABP) vêm se manifestar publicamente em solidariedade à pequena paciente e sua família. Por tratar-se de crime bárbaro e hediondo, esperava-se que todas as instâncias legalmente constituídas e procuradas pela vítima e sua família fossem acolhedoras, empáticas, protetoras e cumpridoras da lei. Ao contrário, negligenciaram princípios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Código Penal Brasileiro. O tratamento dispensado à menina e à sua mãe tangenciou a iniquidade e revelou uma sequência de agressões à dignidade do ser humano. Ao procrastinar os procedimentos legais e éticos à disposição da vítima, exacerbou-se a violência sexual ocorrida inicialmente, acrescentando-lhe um novo e perverso calvário de sofrimento. É injustificável seguirmos convivendo com um número alarmante de crianças sendo alvos diários de violência, negligência e abandono. Urge que todos os segmentos da sociedade se unam com objetivo imediato de exterminar a chaga social do desrespeito à infância, assegurando que o Estado – em todas as suas esferas e instâncias – atue de forma acolhedora, humanizada e ativa ao prestar o apoio necessário em cada caso. Ao externar inconformidade com a condução e a repercussão desse caso saturado de desumanidade, a SBP e a ABP conclamam os Poderes da República e a sociedade brasileira ao enfrentamento de todas as formas de desigualdades e vulnerabilidades com as quais as crianças e adolescentes do nosso País são obrigadas a conviver diariamente. Rio de Janeiro, 24 de junho de 2022. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP) ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA (ABP)
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