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FACULDADE DE MEDICINA DE GARANHUNS PAPEL DAS PROTEÍNAS DESACOPLADORAS E SUAS PROTEÍNAS REGULATÓRIAS NA OBESIDADE Para relacionar bem o papel das proteínas desacopladoras e sua função regulatória na obesidade, é necessário compreender antes a última etapa da respiração celular: a cadeia respiratória. Esta que, por sua vez, também pode ser chamada de cadeia transportadora de elétrons ou de fosforilação oxidativa. De modo geral, a respiração celular é um mecanismo bioquímico que ocorre nas células a fim de obter energia. Nesse processo, haverá a oxidação de uma molécula orgânica, normalmente a glicose. Cabe citar que parte dessa energia gerada será armazenada em forma de moléculas de ATP (adenosina trifosfato), e a outra parte será liberada na forma de calor. Existem três etapas que constituem a respiração celular que ocorrem na seguinte ordem: glicólise (degradação da glicose), ciclo de Krebs (oxidação completa das moléculas na matriz mitocondrial) e cadeia respiratória (transporte de elétrons na membrana mitocondrial interna). Na cadeia respiratória irá ocorrer um processo interno na membrana mitocondrial, nas chamadas cristas mitocondriais, com o fito de gerar energia em forma de ATP. É nessa etapa da respiração celular, inclusive, que se produzirá a maior parte de ATP. Durante as etapas anteriores (Glicólise e Ciclo de Krebs) haverá a formação tanto de ATP, quanto de NADH e FADH2. Por isso, vale citar que a função destes últimos é a de levar elétrons ricos em energia para a cadeia respiratória que, por sua parte, irá produzir ATP usando a energia desses elétrons transportados. Logo, ocorrem dois processos normalmente associados na fase da fosforilação oxidativa: o transporte de elétrons ao longo da cadeia respiratória mitocondrial (através do papel do NADH e do FADH2) e a síntese de ATP (pela proteína ATP-sintase). Nesse sentido, as proteínas desacopladoras (do inglês UCP, uncoupling protein) são estruturas que, como o próprio nome sugere, vão desacoplar, isto é, separar dois processos que em condições normais estão associados. Em suma, as UCP servem para que um processo possa ocorrer mesmo na ausência do outro. Figura 1. Geração de calor por mitocôndrias desacopladas. A proteína desacopladora (termogenina) nas mitocôndrias do tecido adiposo marrom, ao fornecer uma via alternativa para os prótons reentrarem na matriz mitocondrial, faz a energia conservada pelo bombeamento de prótons ser dissipada como calor. Contato para monitoria: @autora_yaxa FACULDADE DE MEDICINA DE GARANHUNS Conforme ilustrado na figura 1, as proteínas desacopladoras (UCP) atuam na membrana interna da mitocôndria, permitindo que os íons de hidrogênio (H+) acumulados no espaço intermembranar passem para a matriz sem necessariamente atravessarem a ATP-sintase (Ilustrada pelos domínios funcionais F° e F¹). Em relação aos tipos de UCP, cabe destacar o papel da UCP1 mitocondrial, também designada de termogenina, pela sua contribuição no que concerne à manutenção do calor corporal. É nesse ponto que relacionamos o papel regulador das proteínas desacopladoras com a obesidade. Existem dois tipos de tecido adiposo: o marrom (ou pardo) e o branco (ou amarelo). Em especial, o tecido adiposo marrom (TAM) tem essa denominação por causa da abundância de mitocôndrias em suas células adipócitas. Logo, sua especialidade funcional é a de produção de calor , devido a grande quantidade da proteína desacopladora UCP 1, que faz com que a produção de calor seja maior que a gerada pelo ATP no processo de fosforilação oxidativa mitocondrial. Essa termogênese (produção de calor) indica um balanço energético negativo, em que o gasto energético é maior que a ingestão de alimentos. Isto significa que a termogenina estimula a termogênese, contribuindo para a queima de calorias que irá basicamente “derreter gordura” e evitar, ou até mesmo tratar, complicações tais como a obesidade. Isto é, o TAM tem função de produzir calor (termogênese) e, portanto, possui capacidade de queimar calorias para gerar calor, estimulando o emagrecimento. Por outro lado, o tecido adiposo branco (TAB) tem por finalidade armazenar gorduras para, assim, garantir a reserva energética. Nesse viés, a obesidade se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal causado por um balanço energético positivo, ou seja, quando a ingestão de alimentos é maior que o gasto energético. Logo, essa enfermidade se destaca pelo excesso de TAB. Sendo assim, as proteínas desacopladoras, em especial a UCP1 (termogenina), que estão presentes na fase de fosforilação oxidativa, possuem a função de gerar ATP pelo aumento do transporte de íons pela membrana mitocondrial. Isso porque, tal processo irá incentivar a produção de calor (termogênese) e a formação do tecido adipócito marrom (TAM), que estimulará a regulação da gordura corporal por sua capacidade de queimar calorias. Nessa lógica, haverá a substituição do acúmulo de tecido adipócito branco (TAB), responsável pelo armazenamento de gordura, pelo TAM, que irá contribuir para o emagrecimento. Cabe destacar que isso só ocorre pelo fato da respiração celular acontecer justamente nas mitocôndrias e o TAM ser um tecido caracterizado pela abundância mitocondrial em sua composição. Por isso, é necessário entender tanto o processo da respiração celular, quanto a especialização dos tecidos adipócitos para compreender bem a relação entre o papel das proteínas desacopladoras e suas proteínas regulatórias na obesidade. Ainda, é válido comentar que uma forma de aumentar a termogênese seria estimulando tanto a ativação do TAM por meio de uma alimentação focada em obter um balanço energético negativo, quanto a rotina de exercícios físicos que promovam uma respiração celular eficiente para o emagrecimento corporal. Contato para monitoria: @autora_yaxa FACULDADE DE MEDICINA DE GARANHUNS REFERÊNCIAS Brasileiro-Filho G. Bogliolo – Patologia Geral. 9ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2016. LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 7ª Edição, 2018. Ed. Artmed. Contato para monitoria: @autora_yaxa
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