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Teoria do Crime

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TEORIA DO CRIME 
 
Introdução 
Conceito 
• Doutrinário: conjunto de normas que regulam a infração penal e sua consequência 
jurídica, a sanção. 
• Legal: artigo 1º da LICP 
“Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou 
de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena 
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena 
de prisão simples ou de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.” 
• Material: conduta material que representa lesão ou perigo de lesão a bem jurídico 
tutelado pelo direito penal, necessitando de aplicação de sanção. 
• Formal: conduta vedada pela lei; 
• Analítico: crime é o fato típico, ilícito e culpável (teoria tripartida). 
 
Crime x Contravenção Penal 
• Infração penal = crime (pena de reclusão/detenção e/ou multa) + contravenção penal 
(pena de prisão simples e/ou multa) 
o Sistema dualista/binário; 
o Nos crimes é possível a tentativa, na contravenção não; 
o As contravenções penais somente são puníveis se praticadas em território 
brasileiro; 
o Pena máxima para crimes é de 40 anos; 
o Pena máxima para contravenções é de 5 anos; 
o Ação penal das contravenções: pública incondicionada. 
 
Conceito Analítico de Crime 
• Teorias: 
BIPARTIDA: crime é fato típico e antijurídico (Damásio de Jesus); 
 - Causalismo (teoria clássica da ação): dolo e culpa integram a culpabilidade (os 
causalistas não poderiam adotar a teoria bipartida brasileira, pois não haveria como 
conceber crime sem culpabilidade); 
 - Finalismo (Hans Welzel): culpa e dolo passam a integrar a conduta = fato típico; para 
Welzel, crime era fato típico, ilícito e culpável; com o finalismo, René Ariel Dotti e 
Damásio de Jesus passaram a defender que a culpabilidade não pertence ao conceito de 
crime, pois, sendo a culpabilidade o juízo de reprovação, sua exclusão não retiraria o 
elemento subjetivo do crime. 
 
TRIPARTIDA: crime é fato típico, antijurídico e culpável (Nelson Hungria, Nucci e 
Zaffaroni e Fragoso). 
 - Finalismo: há finalista bipartidos e tripartidos – no Brasil, a teoria tripartida prevalece. 
QUADRIPARTIDA: crime é fato típico, antijurídico, culpável e punível. 
 
Funcionalismo Penal (pós-finalismo): direito como regulador da sociedade; emprego da 
real vontade da lei. 
ROXIN JAKOBS 
Funcionalismo moderado, dualista ou de 
política criminal 
Funcionalismo radical, monista ou 
sistêmico 
Prevenção Geral Reafirmação da norma e tutela do 
ordenamento jurídico 
Fins do direito Fins da pena 
Limites internos Limites impostos pelo ordenamento 
jurídico 
Realidade da vida social Aplicar o comando contido na norma 
penal 
Conceito bipartido de crime: injusto 
penal (fato típico e ilicitude) + 
responsabilidade (culpabilidade) 
Teoria da imputação normativa: função 
preventiva geral positiva atribuída à pena 
e pelas normas jurídico-penais como 
objeto de proteção 
Redescobrimento e dotação funcional da 
teoria da imputação objetiva no marco da 
tipicidade 
Funcionalismo sistêmico: teoria do 
direito penal do inimigo 
 
 
• Direito Penal do Inimigo X Direito Penal Mínimo X Direito Penal Simbólico: 
Direito Penal do Inimigo (Jakobs): privação da liberdade e suavização ou eliminação 
de direitos e garantias penais e processuais – terceira velocidade do direito penal; 
Direito Penal Mínimo (Roxin): mínima intervenção do direito penal, com máximas 
garantias – princípios; 
Direito Penal Simbólico: não efetiva as verdadeiras funções do direito penal. 
 
Sujeitos do Crime 
• Ativo: quem pratica a conduta tipificada = autor e partícipe; 
• Passivo: quem sofre as consequências da conduta criminosa; 
o Formal, corrente, constante ou geral: Estado; 
o Material eventual, acidental ou particular: pessoa que tem seu bem jurídico 
lesado ou ameaçado de lesão (comum ou próprio). 
Obs.: não é possível que o indivíduo seja sujeito passivo e ativo ao mesmo tempo. 
Responsabilidade da Pessoa Jurídica: 
• Teoria da Ficção: a PJ não possui consciência, vontade nem finalidade, pois é uma 
ficção jurídica; 
• Teoria da Realidade: a PJ possui vontade própria e capacidade; 
• Teoria Eclética: às PJs devem ser aplicadas sanções administrativas, quase penais. 
• Teoria da Dupla imputação: a responsabilização da PJ somente será possível se 
ocorrer de forma conjunta com uma pessoa física – não é adotada. 
o STF e STJ: há a possibilidade de punição da PJ nos casos de crimes 
ambientais, INDEPENDENTEMENTE de responsabilização da pessoa física 
 
Objeto do Crime 
• Material: pessoa/coisa; 
• Jurídico: bem jurídico tutelado. 
Crime mono-ofensivo: protege apenas um objeto jurídico; 
Crime pluriofensivo: protege mais de um bem jurídico. 
Obs.: não há crime sem objeto jurídico, mas existem crimes sem objeto material. 
 
Fato Típico 
 
Conceito 
• Ação ou omissão humana que se amolda à conduta tipificada em lei. 
Elementos do Fato Típico 
• Conduta: ação/omissão humana, voluntária e consciente - elemento subjetivo: dolo 
ou culpa; 
• Nexo Causal: vínculo etiológico de causa e efeito entre a conduta e o resultado; 
• Resultado: 
o Normativo: lesão/ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado; 
o Naturalístico: modificação no mundo exterior (não está presente em todos os 
delitos. 
• Tipicidade: correspondência entre a conduta e o fato tipificado em lei. 
 
TEORIA DO TIPO PENAL 
 
Tipo Simples: um núcleo; 
Tipo Misto Alternativo: vários núcleos e UMA matéria de proibição; 
Tipo Misto Cumulativo: vários núcleos, com DIFERENTES matérias de proibição. 
• Elementos do tipo penal: 
o Objetivos/materiais: independem da intenção do indivíduo – juízo objetivo; 
o Subjetivos: elemento subjetivo especial = finalidade específica do agente 
(dolo específico); 
o Normativos: dependem de juízo de valor. 
▪ Valor jurídico: definição de natureza jurídica; 
▪ Valor cultural: conceituação cultural. 
 
➔ CONDUTA 
Conceito: comportamento humano voluntário >>> ação/omissão >>> fim 
Teorias da Conduta ou da Ação 
1. Teoria Causalista, Causal-Naturalista, Naturalística ou Clássica: 
• Positivismo – ciências naturais; 
• Ação = processo causal que a vontade, emanada de um impulso voluntário, causa no 
mundo exterior; 
• A ação humana não possui vontade ou finalidade e não abarca o dolo ou a culpa; 
• Análise objetiva do fato típico; 
• O elemento subjetivo, culpa em sentido amplo, faz parte da culpabilidade; 
• A culpabilidade pode ser dolosa ou culposa; 
• Teoria adotada no Código Penal Militar. 
 
2. Teoria Neokantista ou Casual-Valorativa: 
• Base causalista – elemento subjetivo analisado na culpabilidade; 
• Conduta = comportamento (abrange a ação e a omissão); 
• Elementos subjetivos do tipo: análise de conteúdo de vontade no fato típico; 
• Perceberam que a conduta não pode ser analisada objetivamente, pois há elementos 
subjetivos na composição da descrição típica; 
• Elementos normativos: exigem juízo de valor; 
• Tipo penal = norma de cultura (valores estabelecidos) 
• Exigibilidade de conduta diversa como elemento da culpabilidade; 
• Culpabilidade = psicológico-normativa; 
• Elementos: 
o Dolo ou culpa (elemento psicológico); 
▪ Dolo normativo (dolus malus): possui como elemento a consciência 
atual da ilicitude. 
o Exigibilidade de conduta diversa (elemento normativo); 
o Imputabilidade. 
• Ilicitude analisada sob o ponto de vista material; 
• Utilização do método axiológico = juízo de valor/forma valorativa. 
CAUSALISMO X NEOKANTISMO 
FATO TÍPICO ESTRITAMENTE 
OBJETIVO 
FATO TÍPICO COM ELEMENTOS 
NORMATIVOS E ELEMENTOS 
SUBJETIVOS ESPECIAIS 
CULPABILIDADE DOLOSA OU 
CULPOSA. IMPUTABILIDADE 
COMO PRESSUPOSTO 
CULPABILIDADE = DOLO OU 
CULPA; IMPUTABILIDADE; 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA 
DIVERSA 
 
3. Teoria Finalista 
• A ação humana é exercício da atividade final: toda a conduta humana possui 
finalidade; 
• Conduta = dolo + culpa + vontade + finalidade; 
• Ação final = 1) pensamento2) ação 3) resultado; 
• Dolo e culpa passam a integrar o fato típico; 
• Dolo é natural (dolus bonus): consciência sobre os elementos do crime; vontade; dolo 
é elemento da conduta; 
• Participação apenas nas condutas dolosas; 
• Teoria normativa pura da culpabilidade: juízo de valoração da conduta; 
• Elementos: 
o Imputabilidade; 
o Exigibilidade de conduta diversa; 
o Potencial consciência da ilicitude. 
- Teoria Cibernética 
• Variação da concepção finalista; 
• Dominada pela vontade humana: enfoque à conduta q qual o ser humano possui 
domínio. 
- Contribuição do Finalismo 
• Deslocamento do dolo para a conduta; 
• Inspirou a reforma do Código Penal e 1984 – base do código penal é finalista. 
 
4. Teoria Social da Ação 
A conduta é o comportamento humano socialmente relevante, pois, para essa teoria, 
busca-se uma maior interação entre a norma e a realidade social. 
 
5. Teoria da Ação Significativa 
Compreensão da ação como um processo simbólico que, regida por uma norma, expressa 
seu significado por sua forma linguística. Só existe uma ação criminosa porque há uma 
norma que a descreve como crime. Segundo essa teoria, a ação deve ser interpretada 
segundo as normas, pois aquela decorre destas. 
 
6. Teoria Constitucional do Direito Penal 
Controle do poder judiciário sobre as leis penais, sob a ótica da Constituição. 
 
Elementos da Conduta 
• Vontade: aspecto íntimo; 
• Exteriorização: atinge o mundo exterior com o comportamento; 
• Consciência: compreensão; 
• Finalidade: fim visado pelo agente (Hans Welzel). 
 
Excludentes da Conduta 
• Coação física irresistível (vis absoluta); 
• Caso fortuito ou força maior: forças da natureza ou evento decorrente de conduta 
humana (imprevisível e inevitável); 
• Estado de inconsciência: exclusão da conduta por ausência do elemento consciência 
– Ex.: hipnose/sonambulismo; 
• Movimentos reflexos: reflexos involuntários do corpo – reação a um estímulo 
sensorial. 
 
Formas da Conduta 
Ação: comportamento comissivo, positivo, um facere - violação de uma conduta 
tipificada como crime; 
Omissão: comportamento negativo, omissivo, um non facere – desobediência de um tipo 
mandamental. 
 
Espécies da Conduta Quanto ao Elemento Subjetivo 
Dolosa: dolo direto = vontade livre e inconsciente; dolo eventual = previsão de resultado, 
assume risco de produzi-lo; 
Culposa: quebra do dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência, imperícia); 
Preterdolosa: dolo na conduta antecedente, que produz um resultado (conduta 
subsequente) culposamente. 
1. Tipo Doloso 
Elementos do Dolo: 
- Volitivo: vontade livre; 
- Intelectivo: consciência. 
Obs.: a falta de conhecimento das circunstâncias que envolvem a atuação do agente, se 
constituírem um elemento do tipo penal, afasta o dolo, pois é necessário o conhecimento 
para que o dolo se configure. 
Teorias do dolo: 
- Teoria da vontade: vontade consciente + realizar a conduta + produzir o resultado; 
- Teoria da Representação: vontade + realizar a conduta + previsão de resultado; 
- Teoria do Assentimento ou do Consentimento: vontade + realizar a conduta + previsão 
do resultado + aceitação riscos. 
Artigo 18, CP: 
- Agente quis o resultado -> Teoria da Vontade 
- Agente assumiu o risco de produzir o resultado -> Teoria do Consentimento 
Espécies de dolo: 
Quanto à valoração: 
• Natural/neutro: elemento psicológico – componente da conduta. Elementos: vontade 
e conhecimento (teoria finalista) – compatibilidade com as teorias limitada e 
estrita/normativa pura da culpabilidade – é a teoria adotada no Brasil; 
• Normativo/híbrido/colorido: os elementos são a consciência sobre a realidade, 
vontade e consciência da ilicitude (componente da culpabilidade) – causalista e 
neokantistas - concepções psicológica e psicológico-normativa da culpabilidade: 
o Teoria estrita do dolo: consciência atual da ilicitude 
o Teoria limitada do dolo: consciência potencial da ilicitude 
Quanto ao elemento volitivo do agente: 
• Direto/determinado/intencional/imediato: resultado é diretamente almejado pelo 
agente. 
• Indireto/indeterminado: o resultado não é desejado (incerto/indeterminado); a vontade 
é de realizar a conduta. 
o Alternativo: vontade de produzir qualquer um dos resultados; 
o Eventual: não deseja o resultado, mas assume o risco de sua produção – elemento 
subjetivo. 
Quanto ao resultado: 
• De dano: vontade de lesionar o bem jurídico – crimes de dano. Ex.: lesão corporal; 
• De perigo: vontade de expor o bem jurídico a um risco de dano – crimes de perigo. 
Ex.: abandono de incapaz. 
Quanto à natureza: 
• Genérico: conduta não possui fim específico. Ex.: homicídio; 
• Específico: finalidade específica – elementar do tipo. Ex.: infanticídio; expor ou 
abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria. 
Elemento 
normativo do dolo 
Quanto a um resultado diverso: 
• Geral/erro sucessivo/aberratio causae: ocorre equívoco quanto à conduta que gerou o 
resultado, pois o agente supõe ter alcançado sua finalidade, mas só a pratica após nova 
ação – a vontade é suficiente para sua penalização – equívoco quanto á conduta que 
causou o resultado; 
• Cumulativo: dolo abrange mais de um resultado – progressão criminosa (aplicação do 
princípio da consunção. 
Quanto ao critério cronológico: 
• Antecedente/inicial/preordenado: dolo antes da conduta – o dolo anterior à ação não 
pode ensejar penalização; 
• Concomitante: surge no momento da conduta – relevância para o direito penal; 
• Subsequente: dolo posterior à conduta – não torna a ação dolosa, pois a conduta típica 
já está encerrada, sem possibilidade de intervenção do agente. 
o Dolo subsequente X superveniente 
 
Quanto ao grau: 
Primeiro grau: vontade de produzir o resultado inicialmente pretendido; 
Segundo grau: vontade que abrange os efeitos colaterais – dolo de consequência 
necessárias, ou seja, aquele que aceita/abrange os efeitos decorrentes da conduta principal 
como necessário para ocorrência do dolo principal (consequência necessária do meio 
escolhido) – abrange o resultado mais gravoso; 
Terceiro grau: efeito decorrente de outro efeito indireto da ação do agente, em virtude do 
meio por ele escolhido. 
Obs.: Cegueira deliberada – o agente ignora os fatos de forma proposital para evitar ser 
punido – divergência doutrinária, mas foi utilizada pelo STJ – dolo eventual. 
Requisitos: 
• O agente tem ciência da elevada probabilidade de que os bens envolvidos 
tinham origem delituosa. 
• O agente age de forma indiferente quanto à ciência dessa elevada 
probabilidade. 
• O agente escolhe deliberadamente manter-se ignorante a respeito dos fatos, 
em sendo possível a alternativa. 
 
2. Tipo Culposo 
- Artigo 18, II, CP – somente é punível com previsão expressa em lei e com a 
demonstração da culpa no caso concreto. 
- Não admite tentativa, salvo se culpa imprópria; 
Surge durante a ação típica – 
torna a conduta dolosa, pois o 
agente podia agir para evitar o 
resultado 
- Inadmissível a compensação de culpas; 
- Não há concurso de pessoas (cada um responde por sua culpabilidade). 
Elementos: 
• Conduta humana voluntária; 
• Resultado naturalístico involuntário e previsível: previsibilidade objetiva; 
o Previsível (combinação dos critérios): 
▪ Critério da generalização: capacidade do homem médio; 
▪ Critério da individualização: capacidade individual. 
o Imprevisível – culpa inconsciente; 
o Previsto, mas não aceito = culpa consciente. 
• Nexo causal: vínculo de causa e efeito – conduta e resultado; 
• Tipicidade; 
• Violação de um dever objetivo de cuidado: culpa em sentido estrito – negligência, 
imprudência ou imperícia. 
Modalidade de Culpa: 
• Imprudência: ação descuidada (culpa in agendo); 
• Negligência: ausência de precaução – omissão (culpa in omittendo); 
• Imperícia: falta de aptidão técnica no exercício da profissão/atividade/culpa 
profissional. 
Excludentes da Culpa: 
• Casofortuito ou força maior; 
• Agente age na legítima expectativa de que os outros também atuem conforme o dever 
objetivo de cuidado (princípio da confiança); 
• Risco criado pelo autor é tolerado; 
• Risco criado pelo agente não desborda do seu âmbito de disponibilidade (princípio da 
alteridade); 
• Utilização de todos os recursos científicos disponíveis – falha científica = ausência de 
responsabilização penal (erro profissional X falha científica). 
Espécies de Culpa: 
Com relação à previsibilidade do resultado: 
o Consciente/com previsão/ex lascivia: previsão do resultado, mas sem aceitação – 
espera que não ocorra; 
o Inconsciente/sem previsão/ex ignorantia: não prevê o resultado, mas este era 
objetivamente previsível; 
Com relação à vontade do agente: 
o Própria/propriamente dita: prática de conduta previsível que o agente não 
aceita/espera que ele não ocorra; 
o Imprópria/por equiparação/por assimilação/por extensão: acredita estar acobertado 
por excludente de ilicitude/erro de tipo inescusável – afasta dolo, mas há punição 
por culpa se houver previsão legal – admite tentativa; 
Outra classificação: 
• Culpa mediata/indireta: produz um segundo resultado, por culpa. 
 
 
Dolo eventual X Culpa Consciente 
 
 
 
 
3. Tipos Qualificados Pelo Resultado 
• Fato antecedente e fato consequente. Necessária a previsibilidade. 
Antecedente Consequente Hipótese 
Dolo Dolo Lesão e incapacidade 
permanente para o 
trabalho 
Dolo Culpa Crime preterdoloso 
Culpa Culpa Incêndio com resultado 
morte 
Culpa Dolo Lesão culposa com 
omissão de socorro 
CTB 
 
• Crime Preterdoloso: conduta dolosa (antecedente) + resultado praticado 
culposamente (consequente). 
o Não admite tentativa; 
o Reincidente = reincidente em crime doloso 
 
4. Tipo Omissivo 
• Ausência de um comportamento – voluntária e consciente – exigido (e por isso 
esperado) pela norma jurídica. 
Teorias da Omissão 
Teoria Naturalística: omissão produz resultado naturalístico – mudança no mundo 
exterior - relação de causalidade. 
Assume o risco da 
produção do resultado – 
indiferente (aceita o risco e 
realiza a conduta). 
Confia que o resultado 
não ocorrerá, pois 
acredita que pode evitar. 
PREVISÃO DO RESULTADO 
Teoria Normativa: omissão = nada – punição apenas para quem teve comportamento 
negativo quando possuía o dever jurídico de agir. 
 
▪ Conduta omissiva (non facere) + quod debeatur (dever jurídico de agir) – 
exige norma/tipo mandamental – causalidade hipotética/quase-causalidade; 
▪ Resultado naturalístico vinculado à omissão. 
Espécies de Crime Omissivo 
Próprio/puro: descumprimento de norma imperativa – previsão de conduta omissiva. Ex.: 
omissão de socorro (art. 135, CP) – crimes de mera conduta; 
Impróprio/impuro/comissivo por omissão/omissão de ação: cláusula geral (art. 13, §2º, 
CP) – crimes naturalmente comissivos que podem ser praticados por omissão. 
▪ Deve haver possibilidade real e efetiva de agir; 
▪ Responsabilização dolosa ou culposa; 
▪ Hipóteses de dever específico de agir: 
▪ Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever 
legal) – decorre da lei; 
▪ De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado 
(dever por assunção ou dever de garantidor): obrigou-se por vontade 
própria – dever específico de cuidado decorrente da cláusula geral. 
Ex.: salva-vidas; 
▪ Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
resultado (dever por ingerência na norma ou por situação 
precedente): criou o risco e não evitou. 
 
POSICIONAMENTO DE MIGUEL REALE JÚNIOR: 
▪ Omissivo impróprio: omissão = componente do tipo penal e elemento causal – 
omissão como causa do resultado = omitente é autor; 
▪ Dever de agir = elemento normativo do tipo; 
▪ Poder agir = desnecessário ou hipótese de inexigibilidade de conduta 
diversa. 
• Omissivo próprio: dever de comunidade de vida e perigo – se configura 
independentemente do resultado. 
Omissivo por comissão: crime omissivo provocado por uma ação – naturalmente 
omissivo, praticado por conduta positiva. 
▪ Ex.: sujeito encontre uma criança abandonada e, podendo prestar socorro sem 
risco pessoal, vá fazê-lo, quando surge um indivíduo que, imbuído de 
sentimento perverso, o impede de socorrer a criança; 
▪ Divergência doutrinária – não é reconhecido por parte da doutrina: seria 
crime comissivo. 
Requisitos da omissão 
• Capacidade física de agir e evitar o resultado; 
TEORIA ADOTADA NO BRASIL 
• Conhecimento dos fatos; 
• Conhecimento da situação que causa perigo (consciência) – conhecimento do risco; 
• Possibilidade real, física, de impedir o resultado/executar ação exigida- agente 
poderia evitar o resultado. 
 
5. Crimes de Conduta Mista 
• Ação seguida de omissão – todos comportamentos necessários; 
o Ex.: art. 169, II, CP – Apropriação de coisa achada: 
▪ Ação de se apropriar; 
▪ Omissão de restituir ou entregar à autoridade competente. 
 
Erro de Tipo 
• Recai sobre elementares ou circunstâncias do tipo ou outros dados acessórios. 
Espécies: 
▪ Essencial: erro sobre elementar do tipo. Ex.: caçador que atira em uma pessoa 
achando se tratar de um animal; 
▪ Acidental: 
o Sobre o objeto material: error in persona e error in objecto; 
o Sobre o modo de execução: aberratio ictus e aberratio criminis; 
o Sobre o nexo causal: aberratio causae e dolo geral. 
▪ Psiquicamente condicionado: alucinação/ilusão. 
 
Erro de Tipo Essencial 
o Impede que o agente saiba que está cometendo uma infração penal – artigo 20, CP 
– matéria de tipicidade (agente se equivoca sobre a realidade). 
o Formas: 
▪ Invencível, inevitável, desculpável ou escusável: imprevisível = afasta o dolo 
e a culpa; 
▪ Vencível, evitável, indesculpável ou inescusável: previsível – afasta o dolo, 
mas pune-se a culpa, se houver previsão legal. 
o Definição: 
▪ Evitável 
▪ Inevitável 
 
Erro de Proibição 
o Substrato da Culpabilidade (agente interpreta a norma de forma equivocada: sabe 
o que faz, mas imagina que não a conduta não é contrária a lei) – artigo 21, caput, 
CP; 
▪ Inevitável: exclui a culpabilidade; 
Tradicional: homem médio 
Moderna: circunstância do próprio agente da conduta 
▪ Evitável: diminuição da pena 1/6 a 1/3. 
Erro de Tipo Acidental 
o Recai sobre elementos secundário do tipo penal – há responsabilização criminal. 
o Hipóteses: 
▪ Sobre o objeto (error in objeto): confunde o objeto material – sem previsão 
legal – in dubio pro reo – punição menos gravosa; 
▪ Sobre a pessoa (error in persona): atinge pessoa diversa – responde como se 
tivesse atingido a vítima desejada; 
▪ Sobre a execução (aberratio ictus – crime aberrante): falha na execução 
(acidente/erro) – artigo 63, CP: responde pela vítima que pretendia atingir; 
Obs.: não alcança o direito processual penal. 
▪ Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou aberratio delicti): 
artigo 74, CP – erro na execução/acidente: provoca lesão diversa da pretendida 
– responde por culpa, se houver precisão legal; se atinge resultado pretendido 
e outro diverso, responde por ambos em concurso formal; 
▪ Sobre o nexo causal: pratica uma conduta visando à produção do resultado, 
mas não o atinge como imaginava; 
• Em sentido estrito: único ato = responde por dolo; 
• Dolo geral (aberratio causae): mais de um ato = responde por dolo. 
Obs.: erro sobre circunstância qualificadora – não incide, pois é desconhecida pelo 
agente. 
 
Erro de Tipo Causado por Terceiro 
o Teoria do domínio do fato – responde aquele que provoca/induz. 
 
Descriminantes putativas 
o Excludente de ilicitude imaginária, irreal – agente supõe estar acobertado pela 
excludente de ilicitude, mas não está; 
o Espécies: 
▪ Por erro de tipo permissivo: erro sobre pressuposto fático – interpreta mal a 
realidade; 
• Inevitável: afasta dolo e culpa; 
• Evitável: responde por culpa, se houver previsão legal – culpa 
imprópria, ou seja, admite tentativa. 
▪ Por errode proibição/permissão/proibição indireto: erro de interpretação da 
norma. Ex.: legítima defesa da honra. 
• Inevitável: não responde criminalmente – isento de pena (afasta 
consciência da ilicitude – culpabilidade); 
• Evitável: pena diminuída de um sexto a um terço (afasta consciência 
atual da ilicitude). 
 
➔ RESULTADO 
Conceito: É aquilo que a conduta produz. 
Teorias 
1) Teoria Naturalística: o resultado é a modificação do mundo exterior ocasionada pela 
conduta – nem toda infração possui resultado naturalístico (majoritária); 
a. Crime material: possui resultado naturalístico, imprescindível para sua 
consumação. Ex.: homicídio; 
b. Crime formal: possui previsão do resultado naturalístico, mas a sua produção 
é irrelevante. Ex.: extorsão mediante sequestro; 
c. Crime de mera conduta: não prevê resultado naturalístico. Ex.: omissão de 
socorro. 
2) Teoria Jurídica/Normativa: resultado = a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico 
tutelado (todo crime possui – princípio da ofensividade) – adotada no CP. 
a. Crime de dano; 
b. Crime de perigo – abstrato (tráfico) ou concreto (incêndio). 
 
➔ NEXO CAUSAL 
Conceito: relação de causalidade entre conduta e resultado – relevante para os crimes 
materiais. 
Teorias: 
1) Teoria da Equivalência dos Antecedentes (conditio sine qua non): causa = todo e 
qualquer fato que tenha contribuído para o resultado; 
a. Crítica: 
i. regressus ad infinitum; 
ii. Dupla causalidade alternativa: a eliminação da condição poderia tornar 
impunes ações que efetivamente deram causa ao resultado – utilizar a 
eliminação hipotética de ambas, conjuntamente, para verificar se o 
resultado seria eliminado; 
Ex.: Café envenenado com doses letais por duas pessoas diferentes, 
sem vínculo subjetivo entre eles. 
b. Causalidade cumulativa: Ex.: cada pessoa, sem saber da ação da outra, coloca 
uma dose de veneno no café. A morte só teria sido provocada pela soma das 
doses. Assim, eliminada uma dose, o resultado morte desaparece. Por isso, as 
condutas são consideradas, pela teoria da equivalência, causa da morte. 
c. Eliminação hipotética dos antecedentes causais: causa = fato que, se 
eliminado, leva à exclusão do resultado. 
i. Crítica: causalidade objetiva/efetiva do resultado; 
ii. Somente a causalidade psíquica impede o regresso infinito. 
 
Sanches Cunha 
2) Teorias da Casualidade Adequada ou da Adequação e da Relevância – Johannes 
von Kries: causa = condição idônea para produzir o resultado; Causa X condição (não 
possui idoneidade); 
a. Limitação aos antecedentes causais que possuam capacidade de efetivamente 
causa o resultado; 
b. Não é possível a responsabilização culposa; 
c. Causa = conduta que produz o resultado típico – as condições são irrelevantes; 
d. Elimina o regresso ao infinito; 
e. Crítica: imputação objetiva – critério normativo; 
i. Mezger (teoria da relevância): causa = condição relevante para o 
Direito; 
▪ Conceito causal (científico geral) X conceito de 
responsabilidade (critérios jurídicos-penais – tipos penais); 
▪ Consideração da tipicidade para responsabilizar o agente. 
f. Complemento da teoria da equivalência. 
 
3) Teoria da Condição INUS – John Leslie Mackie: an insufficient but non-redundant 
part of an unnecessary but sufficient condition = parte insuficiente, mas não 
redundante, de uma condição desnecessária, mas suficiente; 
a. Resultado provocado por diversas causas – cada efeito provocado por fatores 
distintos; 
b. Condição suficiente (provoca o resultado) X condição necessária 
(imprescindível para o resultado, mas depende de outros fatores); 
i. Elementos do fenômeno causal: 
▪ Necessidade; 
▪ Suficiência. 
c. Ingeborge Puppe (alemã): dupla causalidade e causalidade cumulativa – 
possibilidade de responsabilização do agente por um resultado se sua conduta 
foi parte necessária de uma condição (soma dos fatos). 
 
4) Teoria da Imputação Objetiva: análise jurídica e normativa do resultado 
a. Posições doutrinárias: 
i. Substitui as teorias da causalidade; 
ii. Causalidade como elemento da imputação objetiva; 
iii. Causalidade é pressuposto da imputação objetiva – constatado o nexo 
de causalidade, deve-se analisar se há imputação objetiva (majoritária 
no BR). 
b. Causa = risco proibido. 
i. Nexo causal com conteúdo jurídico, e não só naturalístico; 
ii. Antecedentes causais = verificar se o antecedente foi necessário + 
análise do conteúdo jurídico do antecedente. 
c. Aceitação da teoria: 
i. fato típico depende de: 
Tipicidade do resultado 
▪ Imputação objetiva: análise de causa e efeito + análise jurídica 
baseada no risco proibido; 
▪ Imputação subjetiva: dolo ou culpa. 
d. Teoria da imputação objetiva = conduta que cria risco proibido 
i. Risco proibido = resultado que esteja na linha de desdobramento 
normal da sua conduta (não há responsabilização se o comportamento 
é socialmente aceito). 
e. Identificação do risco – prognose póstuma objetiva: 
i. Prognose: conhecimento que o agente podia ter à época da conduta; 
ii. Póstumo: realizado pelo juiz, depois de a conduta já ter sido praticada 
e ter sido possível analisar se o risco veio ou não a se concretizar; 
iii. Objetivo: dados conhecidos do ponto de vista de um comportamento 
de um homem prudente. 
Claus Roxin: 
▪ Resultado causado pelo agente -> perigo para o bem jurídico -> não coberto 
por um risco permitido; 
▪ Análise da finalidade da norma (dispensa desse passo); 
▪ Ligação entre o desvalor da conduta e o desvalor do resultado – não há 
separação entre conduta típica e a imputação do resultado. 
 
 
 
 
5) O Nexo Causal e o Direito Penal Brasileiro: CP adota a Teoria da Equivalência das 
Condições: 
a. Causa = comportamento que, se ausente, não produz o resultado; 
b. Imputação objetiva = limitação da imputação do resultado. 
 
Perigo concretizado 
no resultado 
Teoria do fim de proteção da norma. 
Gunther Jacobs 
Teoria da elevação do risco ▪ Auto colocação dolosa em perigo; 
▪ Colocação em perigo da pessoa com o seu consentimento; 
▪ Resultado cujo impedimento esteja na esfera de 
responsabilidade alheia. 
Concausas 
1) Absolutamente independentes: rompimento do nexo causal – um antecedente não 
dependia do outro para ocorrer: responde pelos atos que já praticou; 
2) Relativamente independentes: a causa origina-se da conduta do agente, mesmo que 
de forma indireta – em regra, não rompe o nexo causal. Ex.: A atira em B, que é 
encaminhado com vida para o hospital, mas morre em razão de uma infecção 
hospitalar. 
• Causa relativamente independente superveniente que, por si só, produziu o 
resultado – rompe o nexo causal = exclui a imputação, mas responde pelo que 
praticou. 
 
➔ TIPICIDADE 
Conceito/Espécies: 
1) Doutrina Tradicional: correspondência formal (tipicidade formal) – silogismo; 
2) Doutrina Moderna: aspecto formal + aspecto material (juízo de valor – relevância 
da lesão/ameaça de lesão); 
3) Teoria da Tipicidade Conglobante: tipicidade formal + tipicidade material + 
antinormatividade (fato contrário ao ordenamento jurídico). 
• Exclusão da ilicitude: estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do 
direito e consentimento do ofendido passam a integrar a antinormatividade. 
 
Tipicidade Formal 
• Imediata/direta: não depende de outra norma; 
• Mediata/indireta: depende de norma de extensão: 
• Extensão temporal: iter criminis. Ex.: crimes tentados (art. 14, II, CP); 
• Extensão pessoal e especial: concurso de pessoas – art. 29, CP; 
• Extensão causal: comportamento omissivo – crimes omissivos impróprios (art. 
13, §2º, CP). 
 
Relação entre Tipicidade e Ilicitude 
• Fases do tipo penal: 
• Fase da independência ou da autonomia do tipo: o fato típico não possui relação 
com a ilicitude – a prova do fato típico e a demonstração de sua ilicitude ocorrem 
em momentos diferentes – teoria causalista; 
• Fase do caráter indiciário do tipo/ratio cognoscendi (“onde há fumaça, háfogo”): vínculo entre fato típico e ilicitude – teoria finalista – adotada no Brasil; 
• Fase da absoluta dependência/ratio essendi/tipo legal como essência da 
ilicitude/teoria da identidade: injusto penal (tipo total de injusto) = fato típico + 
antijuridicidade – estrutura bipartida do crime: injusto e culpável; 
• Teoria dos elementos negativos do tipo: análise sobre a ocorrência ou não de uma 
causa justificante – tipo global ou total de injusto = fato típico + ilicitude: 
▪ Elementos positivos: lei penal incriminadora descreve; 
▪ Elementos negativos: ausência das descriminantes/excludentes de 
ilicitude. 
 
Ilicitude 
 
Conceito: conduta X ordenamento jurídico – análise da conformidade ou não da conduta 
ao ordenamento jurídico; 
• Critério/caráter subjetivo: conduta contrária ao ordenamento é aquela praticada 
com vontade livre e consciente por quem possui capacidade; 
• Forma objetiva: mera contrariedade da conduta ao ordenamento jurídico, sem 
valoração subjetiva (adotada no Brasil). 
Presunção de que o fato típico é ilícito: teoria da ratio cognossendi/caráter indiciário 
do tipo. 
Injusto penal: tipo legal (fato típico) + ilicitude = tipo total do injusto 
Tipos de conceito: 
o Material: enfoque sociológico – ilicitude = contrariedade moral, social e 
política; 
o Formal: mera contrariedade da conduta à norma penal; 
o Unitário: contrariedade do fato à norma. 
Elementos do injusto penal: fato típico + ilicitude 
 
 
 
Causas Excludentes de Ilicitude 
• Caráter indiciário da tipicidade = presunção de ilicitude. 
1) Estado de Necessidade: dois bens jurídicos em perigo – sacrifício de um deles em 
detrimento do outro; 
Teoria Unitária: juízo de razoabilidade – estado de necessidade = causa excludente de 
ilicitude (adotada no CP); 
Teoria Diferenciadora: 
- Estado de necessidade justificante: bem jurídico sacrificado com valor menor ao 
do protegido – excludente de ilicitude; 
- Estado de necessidade exculpante: bem jurídico sacrificado com valor 
igual/maior ao do protegido – excludente de culpabilidade; 
- Equidade. 
Conduta 
Nexo causal 
Resultado 
Tipicidade 
Análise excludentes de 
ilicitude – critério negativo 
 
Requisitos: 
a) Perigo atual e inevitável; 
b) Não provocação voluntária do perigo; 
c) Ameaça a direito próprio ou alheio; 
d) Inevitabilidade do comportamento lesivo; 
e) Inexigibilidade do sacrifício do interesse ameaçado (se razoável o 
sacrifício = causa de diminuição de pena); 
f) Finalidade de salvar o bem do perigo, conhecimento da situação de fato 
exculpante (elemento subjetivo); 
g) Ausência do dever legal de enfrentar o perigo. 
 
Existe estado de necessidade recíproco? Sim. 
 
Furto famélico = estado de necessidade: 
▪ Praticado para matar a fome; 
▪ Único recurso do agente; 
▪ Situação de emergência; 
▪ Hipossuficiência financeira. 
 
Crimes habituais e permanentes? Não. 
 
Reiteração? Pode haver. 
 
Classificação: 
- Quanto à titularidade do interesse protegido: 
▪ De interesse próprio; 
▪ De interesse alheio. 
- Quanto ao elemento subjetivo: 
▪ Real; 
▪ Putativo. 
- Quanto à titularidade do interesse sacrificado: 
▪ Defensivo; 
▪ Agressivo: sacrifício de bem jurídico alheio – atinge direito de terceiro 
inocente (há responsabilidade civil do agente, garantido o direito de regresso 
contra quem causou o risco). 
 
2) Legítima Defesa: repelir injusta agressão de outrem, atual ou iminente. 
Requisitos: 
a) Agressão injusta; 
b) Agressão atual ou iminente; 
c) Proteção de direito próprio ou alheio; 
d) Uso moderado dos meios necessários; 
e) Conhecimento da situação de fato justificante (elemento subjetivo – animus 
defendendi). 
 
“Inovação” do Pacote Anticrime: agente de segurança pública que repele agressão 
ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
 
Classificações: 
▪ Real/própria; 
▪ Putativa; 
▪ Sucessiva: agente que prova a injusta agressão, mas busca repelir o excesso 
de quem se defende dele; 
▪ Subjetiva: erro de tipo escusável/inevitável – a vítima se excede, ao se 
defender de uma injusta agressão, por interpretar a realidade de forma 
equivocada, pensando necessitar de meios mais gravosos do que realmente 
necessita. 
 
Erro de Execução (aberratio ictus): acobertado pela legítima defesa. 
 
Legítima defesa recíproca: não há, exceto se putativa ou sucessiva. 
 
Agressão omissa: 
1ª posição: impossibilidade; 
2ª posição: qualquer omissão pode configurar uma agressão injusta; 
3ª posição (majoritária): há agressão injusta por omissão quando parte de alguém 
que está na posição de garante. Ex.: carcereiro que não libera executado ao final 
da pena. 
 
Possível a ocorrência conjunta de estado de necessidade e legítima defesa. 
 
3) Estrito Cumprimento do Dever Legal: aquele imposto por lei – o agente deve ter 
conhecimento da situação, bem como os coautores e partícipes (abrange particulares 
e funcionário público). 
 
4) Exercício Regular de Direito: conduta de qualquer cidadão que é autorizada por lei 
(deve ter presença do elemento subjetivo). 
 
Requisitos: 
▪ Proporcionalidade; 
▪ Indispensabilidade; 
▪ Elemento subjetivo. 
 
 
Ofendículos 
Visíveis = exercício regular de um direito; 
Não visível = legítima defesa (defesa mecânica predisposta). 
 
5) Consentimento do Ofendido (causa supralegal): anuência do titular do bem 
jurídico ao fato típico praticado por alguém, é atualmente aceito como supralegal de 
exclusão da ilicitude. 
Requisitos: 
▪ Expresso (admite-se presumido se razoável); 
▪ Livre (sem coação/ameaça); 
▪ Moral (respeitar bons costumes); 
▪ Ofendido plenamente capaz; 
Excesso punível: 
▪ Doloso; 
▪ Culposo; 
▪ Intensivo/próprio: desproporcionalidade com os meios utilizados; 
▪ Extensivo/impróprio: a conduta que visa repelir a agressão dura mais tempo a injusta 
agressão. 
Descriminantes putativas: 
 
 
Culpabilidade 
 
Conceito de Culpabilidade: Juízo de reprovação, censura; 
• Formal: legislador -> abstrato -> fixação de sanções; 
• Material: juiz -> caso concreto -> individualização da pena – circunstâncias 
judiciais. 
Obs.: a culpabilidade é do fato, mesmo que seus elementos se relacionem ao autor, pois 
o agente somente pode ser reprovado por aquilo que efetivamente realizou ou deixou de 
fazer. 
 
Concepção finalista 
 
Teorias sobre a culpabilidade 
1) Teoria Psicológica da Culpabilidade: relação psíquica entre o autor e o resultado; 
a. Teoria causalista da conduta: culpabilidade = dolo ou culpa + imputabilidade 
como pressuposto; 
2) Teoria Psicológico-Normativa ou Normativa da Culpabilidade: juízo de censura 
e uma valoração psicológica – culpabilidade como juízo de valor e relação psíquica 
entre o autor e o resultado; 
a. Teoria neokantista da conduta: culpabilidade = dolo/culpa (elemento 
psicológico) + imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa (elemento 
normativo: teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes) E 
elementos subjetivos e normativos do tipo penal; 
b. Dolo normativo ou dolus malus: atual consciência da ilicitude. 
3) Teoria Normativa Pura ou Estrita da Culpabilidade: juízo de censura recai sobre 
o dolo = reprova-se o que o agente fez porque ele sabia que era ilícito, que era 
proibido; 
a. Teoria normativa da conduta: dolo/culpa passam a integrar o fato típico = 
conteúdo puramente normativo: juízo de reprovabilidade/censurabilidade; 
b. Elementos: imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial 
consciência da ilicitude; 
c. Erro quanto a ilicitude da conduta (interpretação da realidade ou abrangência 
da norma) = erro de proibição (afeta a consciência da ilicitude – teoria 
extrema/extremada/estrita da culpabilidade). 
4) Teoria Limitada da Culpabilidade: adotada no CP. 
a. Variação da teoria normativa pura; 
b. Concepção normativa pura do finalismo; 
c. Diferenças: natureza jurídica das descriminantes putativas; 
i. Erro sobre fatos= erro de tipo permissivo; 
ii. Incorreta interpretação da norma = erro de proibição indireto/erro de 
permissão. 
 
5) Teoria Extremada Sui Generis da Culpabilidade: 
a. Variação da teoria normativa pura; 
b. Elementos da culpabilidade: imputabilidade, a exigibilidade de conduta 
diversa e a potencial consciência da ilicitude; 
c. Diferenças: natureza jurídica das descriminantes putativas; 
i. Erro inevitável: isenção de pena = erro de proibição; 
ii. Erro evitável: punição por culpa = erro de tipo. 
6) Teoria da Coculpabilidade: responsabilidade estatal pelos delitos praticados pelos 
sujeitos excluídos e marginalizados – artigo 66, CP (atenuante genérica inominada); 
 
Obs.: O Superior Tribunal de Justiça não tem admitido a aplicação da teoria da 
coculpabilidade 
 
a. Teoria da Coculpabilidade às avessas: se os pobres, excluídos e 
marginalizados merecem um tratamento penal mais brando, porque o caminho 
da ilicitude lhes era mais atrativo, os ricos e poderosos não têm razão nenhuma 
para o cometimento de crimes; 
b. Teoria da Vulnerabilidade de Zaffaroni: redução da culpabilidade (da 
responsabilidade) para aquelas pessoas que têm as maiores chances de sofrer 
punições do direito penal 
 
Elementos da Culpabilidade 
1) Imputabilidade: é presumida a partir dos 18 anos e idade – critério cronológico. 
a) capacidade de compreender o caráter ilícito da conduta e; 
b) determinar-se conforme esse entendimento. 
Momentos (Hans Welzel): 
• Cognoscitivo/intelectivo: capacidade de entender; 
• Volitivo: capacidade de querer; 
Critérios/Sistemas de Aferição: 
• Biológico (adotado no Brasil para constatar a inimputabilidade de menores de 
idade): desenvolvimento mental (doença mental, idade); 
• Psicológico: capacidade de entendimento e de autodeterminação 
• Biopsicológico (adotada no Brasil): condição mental + capacidade de 
entendimento/autodeterminação do sujeito; 
o Requisitos: 
✓ Causal: inexistência de doença mental/desenvolvimento mental 
incompleto/retardado; 
✓ Consequencial: momento cognoscitivo + volitivo; 
✓ Cronológico: constatada a imputabilidade ao tempo do crime. 
 
2) Potencial Consciência da Ilicitude (teoria limitada): compreensão de que uma 
conduta é proibida pela lei – basta que seja plenamente capaz de compreender – 
valoração paralela na esfera do profano; 
a. Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece (exceção: 
contravenção penal – se escusável); 
b. Desconhecimento da lei não afasta a responsabilização, mas pode atenuar a 
pena. 
3) Exigibilidade de Conduta Diversa: a conduta só é reprovável se o agente podia agir 
de modo diverso. 
a. Teoria da normalidade das circunstâncias (Reinhart Frank): reconhecimento 
da individualização da pena na medida da culpabilidade do agente. 
 
Causas excludentes de culpabilidade 
Hipóteses de Inimputabilidade 
✓ Doença mental ou anomalia psíquica: critério biopsicológico; 
o Ex.: esquizofrenia, neurose, paranoias e demais outras desordens psíquicas, 
dependência de drogas, embriaguez patológica. 
o Se não for totalmente incapaz de entender o caráter ilícito da conduta e de se 
determinar de acordo com essa compreensão? Semi-imputável/fronteiriço = 
redução de pena de 1/3 a 2/3 OU substituição da pena por medida de 
segurança. 
✓ Desenvolvimento mental retardado: mesma coisa da hipótese acima; 
✓ Desenvolvimento mental incompleto: critério biológico; 
✓ Embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior: teoria da actio 
libera in causa – é imputável quem se coloca em estado de inconsciência ou de 
incapacidade de autocontrole, de forma dolosa ou culposa, e, nessa situação, comete 
delito; 
✓ Menoridade: critério biológico. 
o Presunção absoluta (iuris et de iure); 
o Menor emancipado continua inimputável; 
o Possibilidade de redução? Há duas posições: 
▪ Nova CF (cláusula pétrea); 
▪ Emenda constitucional. 
 
Sentença Absolutória Imprópria = medida 
de segurança (periculosidade) 
Imputabilidade Semi-imputabilidade 
Inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento 
O agente não possui a “plena capacidade” 
de entender a ilicitude do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
 
Erro de Proibição: falta de potencial consciência da ilicitude; incorreta interpretação da 
norma – erro sobre a reprovabilidade /proibição de sua conduta; 
• Direto: agente interpreta a própria norma penal de forma equivocada – imagina 
que sua conduta não é alcançada pela lei penal incriminadora; 
• Indireto: descriminante putativa por erro de proibição ou erro de permissão – 
pensa que está acobertado por excludente de ilicitude, sem estar; 
• De mandamento/mandamental: crime omissivo. 
Somente o erro inevitável/escusável/desculpável afasta a culpabilidade. 
 
 
Coação Moral Irresistível: exclui a exigibilidade de conduta diversa 
 
 
Obediência a ordem não manifestadamente ilegal: ordem proferida por superior 
hierárquico que não seja manifestadamente ilegal; 
 
 
Causa supralegais 
• STJ: as causas de exclusão da culpabilidade são previstas em lei por um rol 
exemplificativo: 
o Desobediência civil; 
o Cláusula de consciência; 
o Situação financeira da sociedade empresária e crimes tributários.

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