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Tricomoníase: Agente, Ciclo, Transmissão e Sintomas

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TRICOMONÍASE
Agente etiológico: Trichomonas vaginalis.
Formas evolutivas: apenas trofozoítos.
CICLO BIOLÓGICO: apenas trofozoíto, habita o trato geniturinário de homens e mulheres e não
sobrevive no ambiente externo (morre por dessecação). A reprodução se dá por divisão binária
longitudinal (criptopleuromitose - o envoltório nuclear se mantém e os cromossomos se separam sem
que fibras de fuso adentrem o núcleo).
TRANSMISSÃO: é uma infecção sexualmente transmissível - a transmissão por fômites é relatada,
mas é de ocorrência menos importante. A transmissão vertical pode ocorrer de mãe para filha → ação
estrogênica da mãe altera a fisiologia da vagina da bebê, permitindo a colonização do parasita.
Homens são importantes na transmissão por serem em sua grande maioria portadores assintomáticos.
PATOGENIA: proliferam-se com a elevação do pH vaginal, com o aumento da população de
bactérias anaeróbias, redução de glicogênio no epitélio e processos descamativos. Em casos agudos,
há formação de uma resposta inflamatória contra o parasita na mucosa vaginal.
FISIOPATOLOGIA:
Problemas ligados à gravidez: ruptura prematura de membrana, parto prematuro, endometrite
pós-parto, baixo peso ao nascer, natimorto, morte neonatal.
Problemas ligados à fertilidade: duas vezes mais comum em mulheres com tricomoníase, pois T.
vaginalis pode induzir a doença inflamatória pélvica, infectando o trato urinário superior e
danificando células ciliadas da mucosa tubária, devido à intensa resposta inflamatória (impede a
passagem de espermatozoides).
Transmissão do HIV: aumenta a porta de entrada para o vírus HIV em pacientes sem o vírus, pois
induz micro hemorragias frequentes na mucosa vaginal (via de acesso do vírus à corrente sanguínea)
assim como uma agressiva resposta imune celular, que aumenta a população de linfócitos TCD4 e
macrófagos, aos quais o HIV pode se ligar. Ao mesmo tempo, em pacientes infectados com o HIV, há
ampliação da porta de saída, as micro hemorragias e intensa resposta inflamatória na mucosa também
aumenta a quantidade de fluidos infectados no trato geniturinário, pelo aumento de vírus livre e ligado
aos leucócitos, facilitando a transmissão a um parceiro não infectado.
Sintomas na mulher: 80% é assintomática, podendo evoluir à vaginite aguda. A incubação vai de 3 a
20 dias. Há um corrimento vaginal fluido, abundante, amarelo-esverdeado, bolhoso, fétido e comum
no período pós-menstrual. A infecção acompanha prurido e irritação vulvovaginal, dores no baixo
ventre, dor e dificuldade nas relações sexuais (dispaurenia de introito), dor ao urinar e poliúria. Vagina
e colo do útero podem estar edematosos e eritematosos, com erosão e pontos hemorrágicos.
Sintomas no homem: comumente assintomática. Pode ocorrer uretrite com fluxo leitoso ou purulento
e prurido uretral. Ao amanhecer, com a passagem da urina, pode ocorrer um corrimento claro, viscoso
e pouco abundante, com desconforto, ardência e hiperemia ao urinar. Outros: prostatite, balanopostite
e cistite.
DIAGNÓSTICO:
Clínico: não pode ser usado isoladamente, pois não é conclusivo (lesões do colo do útero em aspecto
de morango só são visíveis em 2% das infectadas, e o corrimento espumoso, em 20%).
Parasitológico:
I. Coleta:
A. Homens: devem comparecer ao local de coleta pela manhã, sem terem urinado e sem
administração de tricomonicida nos últimos 15 dias. A coleta pode ser feita por swab
de algodão. Mais presente no sêmen (amostra fresca após masturbação), podendo ser
realizada também coleta dos primeiros 20 mL da urina matinal.
B. Mulheres: não devem realizar higiene vaginal de 18h a 24h e não devem ter feito uso
de tricomonicidas há 15 dias antes da coleta. Trichomonas estão mais presentes na
mucosa vaginal nos primeiros dias pós-menstruação. Coleta feita por swab de algodão
com auxílio de um espéculo.
II. Exames: microscópico, exame direto à fresco e microscopia após cultivo (padrão-ouro).
Imunológico: complementam o parasitológico (microscopia e cultivo). Têm maior significado em
assintomáticos. Ex.: Técnica imunocromatográfica, hemaglutinação, ELISA, RIFI.
EPIDEMIOLOGIA: IST não viral mais comum do mundo. Incidência depende de idade, atividade
sexual, número de parceiros sexuais, outras ISTs, fase do ciclo menstrual, técnicas diagnósticas e
condições socioeconômicas - promiscuidade, baixa higiene. Pouco prevalente em neonatos (5%
adquirem verticalmente) e crianças (1 a 10 anos). Ocorre por via sexual uma maior incidência em
adolescentes (10 a 18 anos), também pelas mudanças hormonais, anatômicas e fisiológicas dos órgãos
sexuais.
PROFILAXIA: prática de sexo seguro, com aconselhamentos que ajudem a população a fazer
escolhas sexuais com menos risco; uso de preservativos; abstinência de contato sexual com pessoas
infectadas; tratamento simultâneo dos dois parceiros para evitar reinfecção (mesmo que o diagnóstico
tenha sido positivo apenas para um).
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