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Generalidades O Trichomonas vaginalis é um protozoário flagelado do filo sarcomastigofora. Existem outras espécies: T. tenax, não patogênica que é encontrada nos dentes (tártaro). E T. hominis que abita intestino. Causa tricomoníase, IST não viral curável e muito comum. De acordo com a OMS, tem 276 milhões de novos casos por ano (90% em população de baixa renda), estatística muito mais elevada que clamídia, sífilis e gonorreia. Até 1/3 das infecções femininas e masculinas são assintomáticas, e essa ISD aumenta a chance de infecção pelo HIV. Morfologia Parasitas polimorfos flagelados que possuem forma elipsoide (piriforme) ou ovais e algumas vezes esféricos. Tem comprimento de 9,7 micrometros e largura de 7,0. Possui quatro flagelos anteriores e um recorrente (aderido ao corpo celular), axóstilo (forma de fita), costa (faixa) e pelta (colarinho). Núcleo elipsoide próximo a extremidade anterior. Trichomonas vaginallis Trichomonas tenax Pentatrichomonas hominis Giardia lamblia (trofozoíta) Giardia lamblia (cisto) Chilomastix mesnili (trofozoíta) Chilomastix mesnili (cisto) Retortamonas intestinalis Enteromonas hominis Biologia Habita o homem (uretra, próstata e prepúcio) e a mulher (sobre a mucosa vaginal). Reprodução: Divisão binária longitudinal do trofozoíta. Não há formação de cistos, pseudocisto? Fisiologia: Anaeróbio facultativo / O2 - Formação de H2O2 (tóxico). pH entre 5 e 7,5 (ótimo: 5,5 e 6,0) e em temperaturas entre 20 e 40°C. Utiliza glicose, maltose e galactose como fontes de energia e não utiliza a sacarose e a manose. Faz o ciclo de Krebs incompleto. Não possui mitocôndrias, mas grânulos densos (hidrogenossomos) e é capaz de manter reserva de glicogênio e sintetizar alguns aminoácidos. Parasitologia | Sophia Cruz – M40 A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível (IST), causada pelo parasita Trichomonas sp., que pode levar ao aparecimento de sinais e sintomas que podem ser bastante desconfortáveis, como corrimento amarelado ou esverdeado, dor e ardor ao urinar e coceira na região genital. Transmissão O homem é o vetor (hospedeiro intermediário) - pela ejaculação os tricomonas são levados à vagina pelo esperma, portanto, a tricomoníase é uma DST. No homem, o parasito vai se alojar na uretra, vesículas seminais ou na próstata. As mães podem contaminar suas filhas durante o parto (neonatal). Através de roupas de cama, de assentos sanitários, de artigos de toalete, de instrumentos ginecológicos contaminados, de água de piscinas e roupas íntimas (Fômites)- RARAS. Patologia Transmissão do HIV Probabilidade 8 vezes maior de exposição e transmissão do parceiro sexual não-infectado. Indivíduos HIV-negativos: Causa um aumento da probabilidade de infecção: T. vaginalis causa uma resposta imune = ativa TCD4+ e macrófagos (células-alvo). T. vaginalis – causa pontos hemorrágicos (colpite) na mucosa (edematoso e eritematoso – aspecto morango) possibilitando a passagem do vírus para a corrente sanguínea. Indivíduos infectados (HIV): Aumenta a probabilidade de contaminação de terceiros: Os pontos hemorrágicos e a inflamação aumentam os níveis do vírus nos fluidos corporais e de macrófagos e linfócitos infectados na região genital. Outros mecanismos (indivíduos com tricomoníase): Aumento da carga viral na secreção uretral Aumento da secreção de citocinas (IL- 1, 6, 8 e 10) que elevam a susceptibilidade ao HIV. A T. vaginalis degrada o inibidor de protease leucocitária secretória que bloqueia o ataque do HIV as células. Assintomáticos propagam a infecção (aprox. 24% das infecções de HIV são atribuídas a tricomoníase. Resistência (imunidade) ao parasito Algumas alterações do meio vaginal podem favorecer a infecção: modificações da flora, diminuição da acidez (aumento do pH > 5,0), diminuição do glicogênio nas células do epitélio e descamação acentuada do epitélio. Pode ser encontrado em mulheres com pH entre 4 e 8, mas incide com maior frequência em um pH de 6 – 6,5. Sintomas Mulher: corrimento vaginal claro e purulento, dor no baixo abdome, disúria. Algumas complicações podem ser: neoplasia cervical intraepitelial, ruptura prematura de membranas, parto prematuro e recém- nascidos de baixo peso. Causa colpite (inflamação da vagina e do colo do útero provocada por bactérias, fungos ou protozoários e que leva ao surgimento de corrimento vaginal branco e leitoso) difusa ou local com aspecto de morango Homem: uretrite com corrimento, disúria e mais de 5 leucócitos por campo no esfregaço. Complicações: prostatite, epididimite e infertilidade. Leucorreia: é o corrimento vaginal espesso e de cor branca ou amarelada, que pode provocar coceira e irritação genital. Cervicite: é a inflamação do colo uterino Vaginite: é uma inflamação infecciosa ou não, da mucosa vaginal, e as vezes da vulva. CURIOSIDADE: O New England lançou uma revisão sobre vaginose bacteriana e vaginite inflamatória descamativa, que apesar de muito comuns, ainda são subdiagnosticadas. A vaginose bacteriana é um desequilíbrio da flora vaginal que resulta em uma infecção com corrimento leitoso de mau odor, irritação e ausência de inflamação (leucócitos), frequentemente causada por G. vaginalis. A vaginite descamativa é um desequilíbrio da flora com inflamação e corrimento purulento sem odor e edema vulvovaginal. A coloração por gram não é capaz de diferenciar e por isso não é recomendada. A vaginite não responde ao metronidazol e a falha de tratamento com ele na vaginose pode sugerir vaginite. Diagnóstico Se a clínica fosse utilizada isoladamente: 88% das mulheres não seriam diagnosticadas e 29% das não infectadas seriam falsamente indicadas como infectadas. Exame a fresco: secreção vaginal e uretral na mulher e secreção uretral ou prostática no homem. Cultura, imunofluorescência (visualização de antígenos com anticorpos marcados), ELISA (reações enzimáticas antígeno-anticorpo) e imunocromatográfico (OSOM – detecta IgG e IgM). Coleta das amostras Homem: pela manhã sem urinar e sem uso de medicamentos, colhe o material com uma alça de platina ou com swab de algodão (stuart ou solução salina). Colhe esperma, primeiro jato de urina e esfregaços uretrais. Mulher: não devem realizar a higiene vaginal durante 18 a 14 horas anterior a coleta do material e nem usar medicamentos (cremes). O material usualmente é coletado na vagina com swab de algodão com o auxílio de um especulo não lubrificado. Maior abundância de material nos primeiros dias após a menstruação. Epidemiologia Com uma frequência maior em uma faixa etária entre 16 e 35 anos, é uma infecção cosmopolita presente em 20 a 40% das mulheres examinadas e 70% com leucorreia. Muito autolimitada em homens devido as secreções prostáticas serem tricomonicidas e terem ajuda da eliminação mecânica da uretra. Profilaxia: educação sanitária, diagnostico precoce e tratamento, medidas higiênicas e preservativos. Tratamento Metronidazol, tinidazol e secnidazol. Nas mulheres, simultaneamente com o uso de medicação local. Em gestantes, somente aplicações locais com clotrimazol (creme vaginal). Caso clínico 27 anos, solteira, apresentou corrimento espumoso, esverdeado, com ardor, prurido e eritema da vulva e vagina. Relatou na anamnese ter tido relações sexuais com vários parceiros sem preservativos nos últimos 20 dias. Hipóteses diagnósticas? R= Gonorreia, candidíase, Gardnerella vaginalis, displasia e tricomoníase. Quais exames complementares que poderiam ser solicitados? R= Exame de conteúdo vaginal direto a fresco, citologia oncótica, coloração de gram e exame colposcópico. Resultado: tricomoníase / Tratamento?R= Metronidazol por via oral (também para os parceiros), além do uso diário e local de comprimido ou creme de metronidazol.
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