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DESENHO BÁSICO AULA 1 Profª Eliza Yukiko Sawada Timm 2 CONVERSA INICIAL Ao longo desta aula, começaremos a apresentar de que maneira o desenho contribui para tornar visíveis as manifestações dos processos criativos mentais do designer, além de tornar palpável uma ideia do campo das ideias. Todo designer desenha, seja com um lápis, caneta, pincel ou com ferramentas digitais. O desenho pode ser livre, representacional, pictórico ou abstrato. No entanto, o desenho, quando utilizado como ferramenta no processo produtivo do design, deve seguir algumas regras e normas já preestabelecidas. E é isso que veremos a seguir. CONTEXTUALIZANDO Independentemente da área de design (gráfico, produto, animação, moda, interiores, etc.), é fundamental que você domine as ferramentas representacionais do desenho. A representação técnica do desenho permite que o produto ou serviço concebido pelo designer seja corretamente entendido e possa ser reproduzido de maneira rápida e clara, pois, em um processo de produção industrial, o tempo é fundamental, ou seja, quanto menor for o tempo empregado no processo, mais competitivo será o seu produto ou serviço. TEMA 1 – DESENHO BÁSICO O homem é um ser social, sempre viveu em grupos, daí a necessidade da comunicação entre os semelhantes. Basicamente a comunicação se dá de duas formas: a verbal, que é a palavra escrita e falada, e a comunicação não verbal, que é a representada pelo desenho, pelo gestual, som, etc., ou seja, toda forma de comunicação que não utiliza o verbo. A linguagem verbal não é apropriada para descrever forma, tamanho e localização espacial. Essa descrição é feita de forma mais eficiente por meio da linguagem gráfica do desenho. Os primeiros desenhos do ser humano são de até 40.000 anos a.C., já a escrita Suméria data de aproximadamente 4.000 anos a.C. (Gomes, 1996). O desenho poder até ser considerado como uma capacidade inata de comunicação do homem. Desde que nascemos, antes de aprendermos a escrever, já temos uma apurada percepção espacial e visual, conseguimos nos localizar na frente, 3 atrás, do lado, acima e abaixo, longe e perto, assim como a percepção de tamanho, pequeno e grande. Se entregarmos para uma criança lápis e papel, ela facilmente consegue representar por meio do desenho o mundo que está à sua volta. O desenho compreende, na história, o realismo, o desenho figurativo, como das pinturas do Renascimento; o desenho técnico-geométrico de fundamentação matemática; os desenhos etnoculturais em cerâmicas e tapeçarias; o desenho não projetivo como diagramas, esquemas, fluxogramas, organogramas, gráficos que dão suporte à comunicação técnica; e o desenho projetual, empregado na arquitetura, engenharias, design de produto e visual. (Bortolucci, 2005) O desenho é uma das formas mais rápidas e eficazes de comunicação, e uma das ferramentas básicas do designer. TEMA 2 – PONTO, LINHA E FORMA Quando desenhamos, sempre partimos de uma lista básica de elementos, os quais constituem a essência do que vemos e são compostos pelo ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento. Por poucos que sejam, são a base de toda informação visual. 2.1 Ponto O ponto é a unidade mais simples do desenho. Quando marcamos o papel com um pingo de tinta, a ponta do lápis ou então furamos o papel com a ponta seca do compasso, pensamos nessa marca como um ponto de referência espacial. Qualquer ponto tem grande poder de atração sobre o olhar, seja ele natural ou artificial (Figura 1) (Dondis, 1997). 4 Figura 1 – Ponto natural e artificial Os pontos, quando em grande número e justapostos, podem dar a ilusão de tom e cor. Esse fenômeno foi amplamente utilizado no Impressionismo, movimento artístico que surgiu na França do século XIX, que valorizava a sensação de luz e movimento em oposição à descrição pura da realidade e do academismo. As pinceladas são rápidas, como pequenos pontos, e as cores não são misturadas na paleta para dar profundidade ou nuances, e sim na própria tela (Figura 2). Figura 2 – Jardim em arcos de Giverny - Claude Monet Fonte: MONET, C. 1900. Hoje, vários processos de impressão utilizam o mesmo conceito do pontilhismo (Figura 3) na impressão de revistas, embalagens, estamparia, etc. com a utilização das retículas (Figura 4). 5 Figura 3 – Pontilhismo (1) Figura 4 – Pontilhismo (2) Quanto maior o número de pontos, maior será a percepção de forma ou direção (Figura 5). Figura 5 – Pontos organizados Fonte: Elaborado pela autora. O ponto é a síntese máxima de todo desenho e o início de toda representação visual. 2.2 Linha Pontos muito próximos entre si aumentam a sensação de forma e direção, podendo dar origem a outro elemento visual, a linha. Podemos ainda considerar a linha como o ponto em movimento (Figura 6) (Dondis, 1997). 6 Figura 6 – Ponto em movimento = linha Fonte: Elaborado pela autora. A linha pode ser observada na natureza nos galhos de uma árvore, nas rachaduras do solo e nas teias de aranha (Figura 7), e no ambiente na forma de fios de luz, nas grades de um jardim e em pontes (Figura 8). Figura 7 – Linha na natureza Figura 8 – Linha no ambiente A linha não é estática, pode ser fluida e livre, mas também rigorosa e técnica. É o elemento essencial do desenho e pode assumir as mais diversas formas, das mais delicadas às mais agressivas, e tão pessoal quanto a própria personalidade de cada indivíduo (Figura 9). Figura 9 – Linha agressiva Linha delicada Fonte: Elaborado pela autora. 2.3 Forma O ponto em movimento cria a linha e a união das linhas criam as formas. Na linguagem do desenho, existem três formas básicas: o quadrado, o triângulo equilátero e a circunferência. Cada forma tem características específicas, tanto 7 formais quanto conceituais. O quadrado tem quatro lados e ângulos iguais e, de acordo com a psicologia da forma, representa a seriedade, a honestidade, a exatidão e é estático. O triângulo equilátero tem três lados ângulos iguais e representa a ação, tensão e conflito, pode ser equilibrado eu desequilibrado, dependendo da posição. A circunferência tem um ponto central e o mesmo raio em toda a sua extensão, e representa a proteção, o aconchego, o infinito e o constante movimento (Figura 10). Figura 10 – Formas básicas do desenho Fonte: Elaborado pela autora. Da combinação das três formas básicas do desenho, o quadrado, o triângulo equilátero e a circunferência derivam todas as outras formas. As formas planas são limitadas por linhas conceituais que definem o seu formato, e podem ser classificadas como (Wong, 1998): • Geométricas: construídas matematicamente; • Orgânicas: limitadas por formas curvas e fluidas; • Retilíneas: limitados por linhas retas de construção não matemática; • Irregulares: limitados por linhas retas e curvas de construção não matemática; • Feitas à mão: caligráficas ou criadas sem o auxílio de réguas ou compasso; • Acidentais: obtidas por meio de efeitos de processos ou materiais, ou, como o próprio nome diz, de forma acidental. 8 Figura 11 – Classificação das formas Fonte: Elaborado pela autora. As formas planas são bidimensionais, isto é, são compostas por duas dimensões, o comprimento e a largura. O mundo bidimensional é essencialmente uma criação humana (a pintura, a fotografia e o desenho são alguns deles). Já o mundo que habitamos é tridimensional: tem comprimento, largura e profundidade física. Para entender um objeto, é necessário examiná-lo de diversos ângulos e recompor as informações em nossa mente para poder compreendê-lo em suarealidade tridimensional (Wong, 1998) TEMA 3 – INSTRUMENTOS DE DESENHO BÁSICO Agora que já conhecemos os elementos e as formas básicas do desenho, poderemos começar a falar de desenho geométrico, mas antes de iniciarmos, será necessário conhecer os instrumentos necessários para as construções geométricas. Apesar do uso cada vez maior dos softwares gráficos, os procedimentos ainda são utilizados e importantes para que o aluno entenda o processo construtivo e a lógica do desenho geométrico. Vamos conhecer os principais instrumentos utilizados, os cuidados com os materiais e o seu correto manuseio. 3.1 Lápis ou lapiseira A consistência do grafite, tanto do lápis quanto da lapiseira varia desde os moles, que são B, 2B, 3B, 4B, 5B, 6B, etc. Assim, quanto maior o número, mais macio será o grafite. O grafite médio é representado pelas letras HB, e os grafites mais duros são designados de H, 2H, 3H, etc. Quanto maior o número, maior será a dureza do grafite (Figura 12). 9 Figura 12 – Grafite Fonte: Elaborado pela autora. Os grafites mais moles são indicados para ilustrações e sketchs; para o desenho técnico e geométrico, os mais indicados são os grafites médios, HB e os duros, H e 2H. Ao utilizar o lápis ou lapiseira, sempre incline um pouco e puxe na direção do traço, nunca empurre o grafite. Para apagar o grafite, as borrachas mais moles são mais indicadas, pois as duras podem danificar ou até mesmo rasgar o papel (Bortolucci, 2005). 3.2 Escalímetro e régua graduada O escalímetro (Figura 13) é uma régua triangular que apresenta seis escalas diferentes, duas por face, como 1:10*, 1:25, 1:50, 1:100, 1:125, entre outras. O que facilita a construção e a leitura de projetos sem precisar fazer vários cálculos matemáticos. Já a régua graduada em centímetros (Figura 15) apresenta apenas uma escala, a escala 1:1** * lê-se: um para dez e assim por diante ** lê-se: um para 1 Figura 13 – Escalímetro Figura 14 – Régua graduada 10 O escalímetro e a régua graduada devem ser utilizadas apenas para tomar medidas, nunca para traçar retas ou cortar o papel com estilete. Para traçar retas, o esquadro deverá ser utilizado; para o corte de papel, a régua de metal. 3.3 Compasso O compasso é utilizado para traçar circunferências e arcos. Quando utilizado, este deverá estar perpendicular à mesa, já com a abertura marcada com o auxílio do escalímetro ou régua. Deve-se marcar a localização da ponta seca do compasso (agulha) no papel, posicionar o compasso e girá-lo no sentido horário (Figura 15). O que deve girar é o compasso, nunca o papel. Figura 15 – Utilização do compasso Fonte: Elaborado pelo autor. Alguns compassos de melhor qualidade possuem extensor, o que permite o traçado de circunferências e arcos de raio maior. 11 Figura 16 – Compasso com extensor 3.4 Par de esquadros Um par de esquadros é composto por duas réguas em formato triangular, um conhecido como de 45º e outro de 60º. Os mais utilizados são os de 30cm de comprimento. Figura 17 – Par de esquadros de 45º e 60º Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 18 – Par de esquadros de 30cm 12 Fonte: Elaborado pela autora. De preferência, utilize esquadros de acrílico transparente, sem graduação e cantos retos, sem chanfro, que prejudicam a execução do desenho (Figura 19). Figura 19 – Tipo de esquadro com graduação e chanfro, não aconselhado para desenho técnico Fonte: Elaborado pela autora. 3.5 Transferidor O transferidor serve para medir e construir ângulos. Ele é geralmente utilizado para a construção de ângulos quebrados, pois alguns ângulos podem ser construídos com o par de esquadros e o compasso. O transferidor deve ser preferencialmente transparente e de um tamanho médio de 15cm de diâmetro. Figura 20 – Transferidor 13 TEMA 4 – TRAÇADO DE LINHAS PARALELAS E OBLÍQUAS COM O PAR DE ESQUADROS Os esquadros são utilizados para traçar retas paralelas, perpendiculares e inclinadas com o apoio de uma régua T, de uma paralela ou do seu par. No traçado de retas paralelas verticais, a mão fixa um esquadro enquanto o outro é movimentado com a outra mão. No traçado de perpendiculares, um esquadro serve de apoio, e o outro desliza sobre este no ângulo de 90º (Bortolucci, 2005). Figura 21 – Posicionamento dos esquadros para traçar retas paralelas inclinadas Fonte: Elaborado pela autora. Com o par de esquadros é possível traçar retas inclinadas com 15º, 30º, 45º, 60º e 75º apenas com a combinação dos ângulos dos esquadros, acompanhe no esquema a seguir (Figura 22). Figura 22 – Combinação dos esquadros para os traçados das retas em ângulos de 15º, 30º, 45º, 60º e 75º 14 Fonte: Elaborado pela autora. Ainda é possível, com o par de esquadros, traçar retas paralelas verticais e horizontais utilizando os ângulos de 90º dos esquadros (Figura 23). Figura 23 – Posicionamento dos esquadros para traçar retas paralelas verticais e horizontais Fonte: Elaborado pela autora. Figura 24 – Posicionamento dos esquadros para traçar retas paralelas inclinadas, verticais e horizontais 15 Fonte: Elaborado pela autora. TEMA 5 – DESENHO GEOMÉTRICO O desenho geométrico é o estudo de problemas da geometria plana. Foram os egípcios que receberam o crédito por uma das primeiras aplicações conhecidas da geometria prática quando se defrontaram com problemas causados pelas enchentes do Rio Nilo, mas foram os gregos que desenvolveram as bases da geometria que utilizamos, e o nome é derivado de duas palavras gregas: ge, que significa terra, e métron, que significa medir. A estrutura técnico- científica desses conhecimentos ocorreu somente com Euclides no século III a.C. As construções geométricas são largamente utilizadas no desenho técnico e nos projetos de engenharia, arquitetura e design (Bortolucci, 2005). A geometria surgiu principalmente das necessidades do dia a dia como medir terras, construir casas, prever os movimentos dos astros e construir pontes. Os grandes nomes da geometria são Euclides, Arquimedes, Apolônio, Pitágoras, Tales de Mileto. Pitágoras é o responsável por um importante teorema sobre o triângulo retângulo, que inaugurou um novo conceito matemático, contribuindo para o progresso da ciência aplicada. As primeiras referências de medida tiveram como base o corpo humano, como o palmo, o pé, o passo, o braço e o cúbito. Posteriormente foram utilizadas 16 as medidas de apenas um corpo humano, geralmente a do rei, e com essas medidas construíram-se réguas ou cordas com nós. Apesar das origens da geometria terem 5000 anos, ainda utilizamos os conceitos básicos desenvolvidos, que são a base do desenho geométrico e da matemática de hoje. A geometria ainda pode ser subdividida em duas partes: • Geometria plana: trata de figuras sobre superfície plana, bidimensional; • Geometria espacial: trata dos objetos sólidos tridimensionais. 5.1 Definições e convenções da geometria plana 5.1.1 Ponto Não tem dimensão. É obtido pela intersecção de duas linhas. Figura 25 – Ponto formado pela intersecção de duas linhas Fonte: Elaborado pela autora. 5.1.2 Linha É formada por uma sequência de pontos, ou o arresto de um ponto. Uma linha é reta quando liga dois pontos com o menor comprimento possível. Figura 26 – Linha 17 Fonte: Elaborado pela autora. A linha reta (r) é infinita em ambas as direções. Ao se considerar um ponto qualquer que pertença à reta (r), esta se divide em duas semirretas com origem neste ponto (P). (Bortolucci, 2005) Figura 27 – Linha reta com ponto P Fonte: Elaborado pela autora. Denomina-se segmento de reta o trecho de reta (r) compreendido entre dois pontos. Figura 28 – Segmento de retaAB Fonte: Elaborado pela autora. 5.1.3 Ângulo Se duas linhas se encontram em um ponto, temos aí um ângulo. Na figura a seguir, temos um ângulo designado ABC, cujo ponto B é o vértice. O ângulo é definido por um arco com centro no vértice. Figura 29 – Ângulo 18 Fonte: Elaborado pela autora. Uma circunferência completa tem 360º. Se o dividirmos por uma reta passando pelo centro, teremos duas semicircunferências, cada uma com 180º. Se passarmos mais uma reta pelo centro, perpendicular à primeira, teremos quatro quadrantes, cada um com 90º. Figura 30 – Semicircunferência e quadrante Fonte: Elaborado pela autora. 19 Os ângulos também podem ser denominados de agudo, reto, obtuso e raso. Figura 31 – Ângulos agudo, reto, obtuso e raso Fonte: Elaborado pela autora. O termo ângulos complementares na geometria refere-se a dois ângulos que somados totalizam 90º e ângulos suplementares refere-se a dois ângulos que somados totalizam 180º. TROCANDO IDEIAS Que tal trocar ideias com seus colegas e tentar identificar exemplos de comunicação visual não verbal e de que modo ela pode contribuir com a sociedade nos dias de hoje? NA PRÁTICA Entender a linguagem do desenho geométrico é essencial para o arquiteto, o engenheiro e o designer, tanto para projetar um determinado produto quanto para ler e interpretar um desenho para produção. Isso se aplica às mais diversas áreas do design. FINALIZANDO Nesta aula entramos em contato com os conceitos iniciais de desenho e geometria. É importante para o designer compreender as bases do desenho para detalhar e compreender projetos. Sem essas bases, o profissional não tem total desenvoltura para a criação e desenvolvimento de projetos profissionais e atuar junto à indústria e a produção seriada. 20 21 REFERÊNCIAS BORTOLUCCI, M. A. Desenho: teoria & prática. São Carlos; USP, 2005. DONDIS, D A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo; Martins Fontes, 1997. GOMES, L. A. V. N. Desenhismo. 2. ed. Santa Maria: Ed. da Universidade Federal de Santa Maria, 1996. WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Conversa inicial 3.1 Lápis ou lapiseira 3.2 Escalímetro e régua graduada 3.3 Compasso 3.4 Par de esquadros 3.5 Transferidor 5.1.1 Ponto 5.1.2 Linha 5.1.3 Ângulo Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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