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Unidade I PRÁTICA DE ENSINO DE LITERATURAS EM LÍNGUA INGLESA Profa. Cielo Festino O processo de ensino e aprendizado das literaturas de língua inglesa: o conceito de narrativa, a pluralidade estética, a leitura de narrativas literárias como processos de construção de significados, a leitura de narrativas literárias canônicas e não canônicas nas diferentes culturas onde a língua inglesa é falada, as narrativas literárias e as narrativas em outras linguagens. Apresentacao da Disciplina: Objetivos Como ler Shakespeare hoje? Momento de grandes mudanças: Estudos Culturais Pós-colonialismo Multiletramentos As novas tecnologias, O conceito de literatura, o que é considerado como literariedade e, como consequência, o ensino de literatura precisa ser reconsiderado. Os Estudos Literários em ruínas? Como era lido Shakespeare na sua época? Como era lido no século XIX? Como é lido hoje na Inglaterra? No Brasil? Shakespeare no cinema: tirar sua obra do pedestal ou tirar ele do afastamento? Franco Zefirelli: I have always felt sure I could break the myth that Shakespeare on stage and screen is only an exercise for the intellectual. I want his plays to be enjoyed by ordinary people. (Boose & Burt, 1995 apud Hammond, 1993, p. 2). Os Estudos Literários em ruínas? Fonte: www.google.com.br/search?q=imagens+william+shakespeare http://obviousmag.org/archives/2005/06/william_shakesp_1.html https://pedrotavars.wordpress.com/category/teatro/page/2/ William Shakespeare no cinema: encurtar a distância entre uma obra canônica de língua inglesa e do Renascimento com os leitores de hoje, do momento do pós-modernismo e da globalização. Isso não significa não ler Shakespeare, mas aproximar ele de todos nós Como ler Shakespeare hoje? Múltiplas tradições nacionais em língua inglesa que surgiram após o momento de descolonização na segunda metade do século vinte, como na Índia em Ásia, na Nigéria na África, na Jamaica no Caribe, na Austrália e na Nova Zelândia em Oceania. Versões vernáculas da língua relacionadas com as experiências culturais dos lócus de enunciação de cada uma delas. A língua inglesa no “resto” do mundo Narrativas em contraponto Qual é o modelo de profissional que requer a disciplina quando vista dessa perspectiva plural? Que conhecimento de mundo e de estética precisa ter? Como introduzir aos alunos narrativas de outras partes do mundo que em alguns momentos falam de costumes diferentes aos nossos, em uma língua que nem sempre dominamos e em estilos literários que, as vezes, nos custa reconhecer como literários? Ensino de Literatura: a proposta Reconsiderar o programa de estudos das literaturas de língua inglesa, para nível de graduação. “Línguas nacionais europeias” (inglês, francês, espanhol, alemão, português): inscritas pela metáfora racial da diferença (GATES,1992, p. 89): Tradições literárias que tentam mostrar que as narrativas literárias que as compõem são “absolutas e essenciais” e, por isso, não abertas a qualquer tipo de discussão ou crítica. Problematização das Literaturas Inglesa e Norte-americana As literaturas de língua inglesa hoje As novas literaturas em Inglês Como elas entram nos programas de estudos? Como ensinar as literaturas canônicas e não canônicas? Qual a perspectiva crítica a partir da qual essas literaturas serão estudadas? As narrativas literárias podem encurtar a distância entre culturas ou reproduzir as diferenças sociais? As novas literaturas em inglês Guillory (1993, p. 54): “A seleção de textos incluídos nos programas de estudo implicam uma seleção de valores e é uma maneira de reafirmar determinadas ideologias”. Mudar os programas de estudo e a maneira como são abordados significa nos tornar cientes de como o conhecimento é construído e como influi no nosso contexto social e cultural. As novas literaturas em inglês Programas escolares: “modos de produção semiótica” porque implicam um processo continuo de criação de significados (Simon,1992, p. 37). inclusão de algumas narrativas e tradições e a exclusão de outras que vai além de questões estéticas. ferramentas institucionalizadas de categorização e exclusão devido a motivos culturais, de classe, raciais, étnicos ou de gênero. Gee (2004, p. 117): “o conteúdo fetiche” Exemplo clássico: estudar literaturas em inglês significa estudar William Shakespeare, Jane Austen ou Charles Dickens, entre outros nomes significativos da tradição. Programas escolares Algumas narrativas são continuamente lidas e ensinadas em vez de outras Escolhas de narrativas são feitas pelos que elaboram os programas e não são arbitrárias mas dependem do tipo de ideologias que o sistema de ensino e aprendizado quer repassar. Entender as motivações que deram origem ao programa de estudos e analisar em detalhe de que maneira essas escolhas e motivações se traduzem em processos de ensino e aprendizado Quais narrativas literárias entram nos programas de estudos? A prova do tempo Escritores homens, brancos e mortos Hoje: obras de escritores contemporâneos, homens e mulheres, que são parte da nossa comunidade Exemplo: J. M. Coetzee, Escritor sul-africano; recebeu o Prêmio Nobel em 2003; um dos temas centrais de sua literatura é a luta contra o apartheid. Olhar além da prática para entender a epistemologia que informa o conteúdo e a pedagogia aplicada para o desenvolver Critérios de inclusão O programa de literatura: legitima algumas produções literárias como canônicas, e os modos de vida articulados por meio deles como os que devem ser seguidos e respeitados, enquanto os que ficam de fora são reduzidos à condição de marginalizados e não canônicos. Verdades incontestáveis O valor pedagógico e ideológico dos programas de literatura Critérios de inclusão Considere as alternativas abaixo a respeito da inclusão de temas e narrativas nos programas de estudos. I. Implica uma seleção de valores. II. Afirma determinadas ideologias. III. As escolhas são feitas pelos que elaboram os programas. IV. É importante entender as motivações detrás das escolhas. Escolha a alternativa certa: a) I, II. b) III, IV. c) II, IV. d) I, II, III. e) I, II, III, IV. Interatividade Resposta: e As escolhas de narrativas são feitas pelos que elaboram os programas e não são arbitrárias mas dependem do tipo de ideologias que o sistema de ensino e aprendizado quer repassar. Entender as motivações que deram origem ao programa de estudos e analisar em detalhe de que maneira essas escolhas e motivações se traduzem em processos de ensino e aprendizado. Resposta Ahmad (2007, p. 19) Colônias de assentamento: Estados Unidos, Canadá ou África do Sul e Austrália; a linguagem assumiu novas formas quando os colonos começaram a desenvolver sua vida nas novas circunstâncias. Postos comerciais: em Índia ou Nigéria surgiram línguas pidgin, da relação entre o inglês e as línguas locais. Caribe e no sul dos Estados Unidos: uma nova forma da língua West African English quando os escravos chegaram nas plantações dos estados sulistas e suas línguas foram banidas. A língua inglesa no mundo Grã Bretanha levou a língua inglesa ao redor do mundo, como se essa tivesse tido somente uma única forma na Grã Bretanha. Eles impuseram um dialeto da língua inglesa como se essa fosse a única forma possível da linguagem. Ahmad (2007 p. 18): dialeto pertencia a uma elite intelectual que era responsável pela edição de gramáticas e dicionários. Um dialeto da língua inglesa Século XVII e XVIII: forças opostas afetaram a língua inglesa Inglaterra: Samuel Johnson (1709-1784) e nos Estados Unidos Noah Webster (1758-1843) tentavam padronizar a língua por meio das gramáticas e os dicionários Grande variedade da língua inglesaescapava ao seu controle e florescia tanto na Grã Bretanha, como no resto do mundo, dando origem a novas formas da língua inglesa e tradições literárias. A língua inglesa no mundo O inglês, como o francês, o português, o espanhol, não está limitado a uma cultura em particular, mas que pertence a todos os que são usuários da linguagem. Processo de renacionalização da língua inglesa, em vez de desnacionalização. Novas formas da língua inglesa foram transformadas em línguas oficiais nas ex-colônias desafiaram a divisão entre “língua padrão e não padrão” e “língua e dialeto”; Hierarquia linguística e cultural: A forma da língua dos falantes nativos As novas formas da língua nas colônias A língua inglesa no mundo The man with fine shirt stood up. And begin to talk in English. Fine fine English. Big big words. Grammar. ‘Fantastic. Overwhelming. Generally. In particular and in general’. Haba, God no go vex. But he did not stop there. The big grammar continued. “Odious. Destruction. Fighting”. I understand that one. “Henceforth. General Mobilisation. All citizens. Ablebodied. Join the military. His Excellency. Powers conferred on us. Volunteers. Conscription”. Big big words. Long long grammar. “Ten Heads. Vandals. Enemy”. Everybody was silent. Everywhere was silent like burial ground. Then they begin to interpret all that long grammar plus big words in Kana. In short, what the man is saying is that all those who can fight will join the army. A Novel in Rotten English (1985) de Ken Saro-Wiwa. Processo de vernacularização trouxe mudanças a nível gramatical, lexical, fonológico e discursivo, como também pode ser notado no trecho acima. Contestar a hierarquia linguística significava também contestar a hierarquia cultural e social porque estar exposto a essas novas formas da língua inglesa significava estar exposto a diferenças culturais e linguísticas. McKay (2002, p. 81): a nova relação entre língua e cultura significou também uma reconsideração do ensino e aprendizado da língua inglesa desde que considera não somente a perspectiva linguística, mas também a cultural. A língua inglesa no mundo Programa de literaturas estrangeiras em inglês: variado para incluir as diferentes metáforas produzidas em culturas e tradições literárias diferentes e articuladas em diferentes versões da língua inglesa. Como o literário é entendido nos diferentes contextos culturais? Eagleton (1983, p. 9): “literature is not some inherent quality or set of qualities displayed by certain kinds of writing[…] but the way in which people relate themselves to writing”. O que entendemos por literatura não é algum valor eterno e universal, que qualquer leitor em qualquer comunidade reconhece dessa maneira, mas o resultado das convenções de uma comunidade interpretativa a nível literário e social. O literário e as novas literaturas em inglês Experiência de ler uma narrativa que todo mundo acha maravilhosa mas, pelo fato de ter sido escrita em outra época ou em outra cultura, a achamos estranha e não conseguimos gostar dela porque não a entendemos Peça de teatro de William Shakespeare. Geoffrey Chaucer, The Canterbury Tales. A poesia metafísica de John Donne. Romances indianos em língua inglesa. Por que, as vezes, não gostamos das narrativas literárias? Epistemologias estéticas, grupos mainstream ou minorias, hegemônicos ou periféricos articuladas em uma língua comum, neste caso a inglesa, o que leva a agrupá-las dentro da mesma tradição e epistemologia estética. Epistemologias e culturas que as articulam: marcadas pela diferença, cultural e literária; Relação de contraponto umas com as outras, por meio de uma relação hierárquica de poder. Literatura da Inglaterra ou dos Estados Unidos: canônicas, enquanto: conceito de cultura universal. Literaturas da Nigéria ou de Jamaica em língua inglesa seria consideradas como uma literaturas menores: conceito de cultura étnico. Os programas literários de línguas multiculturais Narrativas literárias adquirem novos significados cruzam as fronteiras culturais e nacionais dependendo da relação entre os diferentes contextos culturais de origem e destino. Relação de conflito entre todas elas Estranhamento por parte dos alunos Os programas literários de línguas multiculturais Desconhecimento dessas epistemologias: a apagar seu diferencial quando passadas pelo cerne das nossas epistemologias desqualificar as metáforas dessas narrativas como sendo inferiores pelo fato de não se assemelharem às próprias Reduzir as narrativas literárias do outro diferente a narrativas biográficas, sociais ou antropológicas, como se elas não tivessem valor estético ou literário, simplesmente porque não o sabemos reconhecer. Os programas literários de línguas multiculturais A estética coloniza a nossa imaginação e, muitas vezes, nos impossibilita enxergar outras maneiras artísticas de narrar e compreender o mundo. Porém, a estética pode desafiar essas maneiras canônicas de ler o mundo. Os programas literários de línguas multiculturais O texto literário pode ser considerado como um local que articula diferentes maneiras de entender o mundo; o texto literário torna-se em “janelas para novos mundos”. A qualidade estética da metáfora literária: bem mais efetiva do que narrativas em outros gêneros para introduzir temas de relevância como identidade, gênero, raça, do que narrativas abstratas que fazem bem mais difícil entender essas problemáticas. Narrativa literária: nos sensibiliza frente as diferenças culturais. As narrativas literárias são bem mais efetivas para cruzar barreiras não somente linguísticas, mas também culturais, no sentido que ajudam a problematizar estereótipos culturais. As narrativas literárias e a ação social Chamberlin (2004, p. 218) as nossas histórias: dão significado às nossas vidas porque articulam os nossos valores e crenças, nos mantendo juntos. nos separam das histórias deles, dos outros diferentes. Quando confrontados com as histórias de outras culturas, nos tornamos cientes das diferenças culturais e imediatamente instala-se um contraponto entre as histórias deles e as nossas. Nossas histórias e as histórias dos outros O texto literário torna-se uma “zona de contato”. Pratt (1992, p. 43): “an area where culturally and geographically distant people get in contact in a relationship of difference and conflict”. Relação não é harmoniosa, no sentido que elimina as diferenças culturais, mas dialógica, no sentido que considera o conflito entre culturas como uma maneira de repensar e revalorizar a diferença a nível linguístico, literário e cultural. Nossas histórias e as histórias dos outros As muitas versões da língua inglesa (englishes) por meio das quais as narrativas literárias são articuladas tornam-se em “linguagens de contato”. As narrativas literárias tornam-se “narrativas de contato” porque ajudam a desconstruir os clichês e os estereótipos culturais e promove a agência linguística e social. Processo de familiarização e desfamiliarização reconsidera a relação entre narrador, texto e leitor. Leitor torna-se em um novo narrador permeado pela agência social, levando o aluno à criação de novos significados expressados na língua de chegada. Nossas histórias e as histórias dos outros A narrativa literária, nas palavras de Freire (2005), nos ajuda a conectar a palavra (word) com o mundo (world). Essa abordagem das narrativas literárias ajuda o aluno a: desenvolver suas habilidades linguísticas, contribuir para a comunicação, promover mudanças sociais e culturais. Literatura e ação social Analise o trecho abaixo do poema “Inglan is a bitch” de Linton Kwesi Johnson: Inglan is a bitch Deres no escapin it Inglan is a bitchYu haffi know how fi survive in it Interatividade Poder-se-ia dizer que: a) O poema ilustra uma estética alternativa. b) O poema apresenta a relação entre colonizador e colonizado como sendo pacífica. c) O poema é um exemplo de narrativa canônica. d) O poema usa o registro formal da língua inglesa. e) O poema segue o estilo da poesia clássica inglesa. Interatividade Resposta: a Por que poder-se-ia dizer que o poema ilustra a estética da Jamaica? Utiliza o registro oral da língua inglesa da Jamaica. O tema é a relação conflituosa com Inglaterra, o ex-colonizador. O poema tem a cadência das narrativas orais e populares. Resposta Dificuldade do professor das literaturas de língua inglesa: a impossibilidade de ensinar todas as narrativas de todas essas culturas onde a língua inglesa é falada. Qual o critério de seleção das narrativas a serem ensinadas? O paradigma nacional. Novas nações: adotaram o mesmo paradigma. Uma das maneiras de mostrar que sua cultura estava apta para se tornar independente era por meio da organização de suas narrativas literárias em uma literatura nacional que mostrava, por meio dessas narrativas, a historiografia da nação. Modelo tem sido criticado porque replica o modelo colonialista e essencialista. O currículo escolar Ensinar as narrativas literárias em contraponto. A ideia não é cobrir a tradição na sua completude; mas descobrir as narrativas mais relevantes para o programa de estudos, por meio de combinações e justaposições criativas diretamente relacionadas com o fio condutor escolhido para o curso. Quebrar a hierarquia imposta pela Literatura Comparada a partir de uma comparação entre as narrativas das chamadas literaturas maiores e menores. O que falar nas aulas de literatura: o contraponto é uma maneira de criar um espaço para o aluno criar novos significados. O currículo escolar Novas metáforas a partir das quais organizar o currículo ajudam a renovar o cânone literário introduzem novas narrativas e novas pesquisas desenvolvidas na área de estudos, fazendo que os programas de estudo não se fossilizem, mas seja sempre dinâmicos. Perspectiva crítica. O currículo escolar Chambers & Gregory (2006, p. 63): No one believes in innocent readings any more, or theory-free readings either. And no one thinks any longer that just the words on the page are transparent with regard to anything, whether semantics, gender, politics, ethnicity or any other issue that might (or might not) be explicitly referred to in a particular work of literature. O ensino de teoria Graduação e pós-graduação: Pesquisa por parte dos alunos. Relação entre narrativas literárias e abordagens críticas Reading Guides Conscientizar os alunos da perspectiva crítica do professor Ensino Fundamental e Médio: narrativas literárias de língua inglesa são lecionadas nas disciplinas de língua inglesa. Teoria e crítica literária: Os movimentos literários (Romantismo, Realismo, Modernismo, Pós-Modernismo) As estratégias retóricas empregadas pelos autores (metáfora, metonímia; tipo de verso, ponto de vista etc.). O ensino de teoria Terry Eagleton reconhece como “as três revoluções na teoria literária” (1983, p. 74) que tem enfatizado: o papel do autor, como no caso do Romantismo, o papel do texto, central para a Nova Crítica, o papel do leitor, na estética da recepção. Historiografia da disciplina Literatura Inglesa Alvores do século vinte em “Oxbridge” (Oxford e Cambridge): a literatura de língua inglesa era vista como o novo interesse acadêmico de diletantes e cavalheiros. Década de 1930: F. R. Leavis definiu a literatura como uma poderosa arma contra a vulgaridade e a corrupção da sociedade urbana industrial. Impulso Civilizatório Décadas de 1940 e 1950: os Novos Críticos nos Estados Unidos separaram o texto literário da análise social e da protesta e criaram uma metodologia quase científica para abordar a literatura como se fosse uma ciência. O poema. Décadas de 1960 e 1970: o ensino de literatura tornou-se um ato político para as minorias radicais nas universidades: Literatura Afro-Americana, Feminista etc. Historiografia da disciplina Literatura Inglesa Mudança significativa na formação do cânone e nos estudos de teoria literária: uma rejeição da abordagem da literatura a partir de uma perspectiva formal leitura mais engajada politicamente que entendia o objetivo dos estudos literários como a formação da identidade e a luta política. Historiografia da disciplina Literatura Inglesa Década de 1980: a partir das teorias de Jacques Derrida e Michel Foucault, à desconstrução da literatura como uma essência e a sua re-interpretação como um construto culturalmente situado. Década de 1990 até o presente: estudos pós-coloniais, o ensino de literatura tem adquirido uma perspectiva crítica e transcultural, considerando o texto literário (neste caso de língua inglesa) escrito em culturas etnocêntricas, como Inglaterra e os Estados Unidos, em contraponto com os textos produzidos nas ex-colônias. Historiografia da disciplina Literatura Inglesa Letramento Crítico e Transcultural: a teoria literária e o ensino de literatura é entendido como uma prática cultural e social no sentido que permite nos familiarizar com outras línguas e culturas. O professor de literatura não é simplesmente uma pessoa com um vasto conhecimento da cultura de elite, mas um sujeito que fala de uma certa perspectiva e pode ser entendido como um trabalhador social. O ensino de literatura não é uma prática estética elitista, mas contribui para o desenvolvimento do conceito de cidadania, dependendo das diferentes ideologias e dos diferentes loci de enunciação onde tem sido formulada em diferentes momentos históricos sempre sujeitos aos jogos de poder. Historiografia da disciplina Literatura Inglesa Quais são os pressupostos por trás do programa de ensino? Quais são as implicâncias desses pressupostos para a escola e os alunos? Como o elaborador do programa entende a realidade e a literatura? Quem decide o que incluir ou excluir? No nome de quem? No benefício de quem? Os interesses de quem estão representados no programa de estudos? Qual a lógica que relaciona as narrativas literárias dos programa de estudos? Letramento crítico Prática de letramento: “social, situada e múltipla” (De Souza, 2007, p. 1) Gates (1992, p. 15): a educação como uma prática cultural que pode: encurtar distâncias entre comunidades, desconstruir estereótipos, prevenir que diferenças étnicas, raciais, de classe e de gênero se tornem em discriminação. Programa de estudos amplo que faz espaço para todas as tradições literárias e as entende como práticas sociais literárias e abertas que ganham diferentes significados ao cruzar fronteiras culturais. Prática de letramento: social Quais conhecimentos são necessários para quem e onde? De que maneira os programas de literaturas estrangeiras, neste caso de língua inglesa, irão variar de um contexto para outro? O mesmo texto literário é ensinado em contextos diferentes sem levar em conta a relação dessas comunidades com essas narrativas. De que maneira o conhecimento repassado por meio desses textos influencia os contextos onde são ensinados? Quais novos significados essas narrativas adquirem ao serem ensinadas em diferentes contextos. Prática de letramento: situada Exemplo Mark Twain: The Adventures of Huckleburry Finn (1884) Acesso em 29/04/2015 - Fonte: https://www.google.com.br/search?q=the+adventures+of+huckleberry+finn&espv= https://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.gutenberg.org/files/76/76-h/images/c14-112.jpg&imgrefurl=http://www.gutenberg.org/files/76/76-h/76-h.htm&docid=JcXVD8N8UcBjdM&tbnid=ftDAiZVWm6CxrM:&w=605&h=459&ei=XLZAVcWUBIeVNpv2gCA&ved=0CAIQxiAwAA&iact=c Aceitar diferentes tipos de metáforas produzidas por diferentes culturas e tradições literárias, articulados em todas as formas da língua inglesa e em diferentes estilos literários. Prática de letramento múltipla A respeito do Letramento Crítico pode se afirmar que: I. Social: uma prática cultural que pode encurtar distâncias entre comunidades. II. Situado: deve ser considerado de maneira que o conhecimento repassado por meio desses textos influencia os contextos onde são ensinados e, ainda mais importante, quais novos significados essas narrativas adquirem ao serem ensinadas em diferentes contextos. III. Múltiplo: aceitar diferentes tipos de metáforas produzidas por diferentes culturas e tradições literárias, articulados em todas as formas da língua inglesa e em diferentes estilos literários. Interatividade Escolha a alternativa correta: a) I, II, III. b) I. c) II. d) III. e) II, III. Interatividade Resposta a Social: uma prática cultural que pode encurtar distâncias entre comunidades. Situado: deve ser considerado de maneira que o conhecimento repassado por meio desses textos influencia os contextos onde são ensinados e, ainda mais importante, quais novos significados essas narrativas adquirem ao serem ensinadas em diferentes contextos. Múltiplo: aceitar diferentes tipos de metáforas produzidas por diferentes culturas e tradições literárias, articulados em todas as formas da língua inglesa e em diferentes estilos literários. Resposta Relação entre a obra literária apresentada e seu contexto literário e cultural evitar reduzir a obra literária aos princípios estéticos do leitor. Narrativas em contraponto ao redor de um tema em comum. As obras literárias são intertextuais: elas se reescrevem as umas com as outras. It is equally valuable to show how writers have always reached across borders to find resources for their own work and open up new avenues not available in their own traditions (Damrsoch, 2009, p. 197). Conexão cultural Rabindranath Tagore: The Home and the World (1916) Charlotte Bronte: Jane Eyre (1847) Nathaniel Hawthorne: The Scarlet Letter (1850) Hawthorne e Tagore: reescrita da tradição inglesa Personagem principal: feminina Tagore os interesses da comunidade sempre se impõem ao do indivíduo. Austen e Hawthorne: embora uma forte pressão social, é o indivíduo quem decide seu destino. Por meio de cada uma dessas narrativas podemos ler muitas outras narrativas de seus contextos culturais; logo, todas elas se relacionam pelo diálogo e o conflito, propondo novos significados. Exemplo A relação entre narrativas pelo conflito: “Texts [are brought] together not to initiate preconceived resolution of differences but instead to put those differences into play” (Harrison, 2009, p. 208). A relação pelo diálogo e a conversa: Extrapolating from Mikhail Bakhtin’s recognition that texts are permeated with heterogeneity and that they anticipate responses from other texts, [the ideia is] to realize, as well as to orchestrate, cross-cultural conversations in order to promote a dialogic and reflexive understanding of the works under discussion (Harrison, 2009, p. 208). Conexão cultural O Ato de Narrar: Tsíts´tsi´nako” ou “Thought-woman” (Ceremony de Marmon Silko) She thought of her sisters, Nau’ts’ity’i and I’tcts’ity’i, and together they created the Universe this world and the four worlds below. Thought-Woman, the spider, named things and as she named them they appeared. O ato de narrar torna-se uma cerimônia, pela qual são repassadas as verdades e sofrimentos da comunidade. Exemplo “Happy Endings” (Margaret Atwood) John and Mary meet. What happens next? If you want a happy ending, try A. há uma resistência a nos deixar levar pelo poder da narrativa; nós queremos ser os narradores e não o objeto da narração; seguindo uma lógica diferentes a dos Índios Pueblo, conforme a qual a comunidade está sobre o indivíduo, nós sempre queremos estar em controle das nossas narrativas, especialmente da maneira como elas acabam. Exemplo Dificuldade na leitura de obras literárias de outros momentos históricos: formas linguísticas diferentes, gêneros literários que já não tem circulação e temas, com os que não temos familiaridade. Exemplo Beowulf Triple processo de tradução: linguística, inglês arcaico ou medieval para o inglês moderno; cultural: da cultura de partida para a de chegada, ou seja, da cultura escandinava dinamarquesa, adaptada pela cultura anglo-saxã, para a nossa cultura brasileira; discurso ou gênero literário: oral para escrito A relação através do tempo e do espaço Obras clássicas em contraponto com obras mais modernas por meio de um tema comum, por exemplo, a guerra. Beowulf: épico da tradição inglesa: o guerreiro era a figura central da sua cultura e ele era o padrão das virtudes, valor e coragem. “Half of a Yellow Sun” de Chimananda Ngozi Adichie (Guerra em Biafra):o guerreiro é um romântico moderno, um moço belo e inteligente, um estudante que sonha ver sua gente, a comunidade Igbo, ter sua própria nação, Biafra. “Road Work” (2015) de James Lewis (Guerra em Afeganistão): não há heróis; todos são vitimas da violência e incompreensão entre culturas. A figura do guerreiro Vera Wielewicki (2014, p. 86) relação muito interessante entre as narrativas multimodais e a educação pluralista. diferentes formas de contar histórias e também diferentes formas de pensar; privilegiar apenas o livro escrito, leva a excluir outras possibilidades. questionar a relação hoje entre o aluno e as narrativas escritas. usar as novas ferramentas digitais para aproximar as narrativas do dia a dia dos alunos. A relação através de diferentes suportes “[…] what we mean by the term ‘literature’ in the twenty-first century, as we see a reduction in use of printed, published books through the rise of visual and multi-media texts, e-books, and self- publishing. For today’s literature classroom to mirror what and how students are reading outside the academy, instructors need to include film; graphic novels; online multimedia; and social media such as blogs, wikis, and social networking sites in the study of literary texts. New technology-mediated reading and writing practices are transforming how we write, read, interpret, understand, and relate to ‘literature’”. (Bernstein, 2013, p. 55) A relação através de diferentes suportes Romeo and Juliet Franco Zeffirelli (1968) Baz Luhrmann (1996) Zeffirelli: jovens sintem-se refletidos no conflito de Romeu e Julieta: “a generation of young people, like Romeo and Juliet, estranged from their parents, torn by the conflict between their youthful cult of passion and the military traditions of their elders” (Hammond,2013, p. 4). Luhrmann: a miséria e o sofrimento que traz o envolvimento com as drogas. Exemplo: Romeo and Juliet no cinema Qual é a proposta deste livro texto para o ensino das literaturas de língua inglesa? a) Apresentar as narrativas em ordem cronológica. b) Considerar os aspectos formais das narrativas unicamente. c) Considerar somente narrativas escritas. d) Apresentar as narrativas em uma ordem de hierarquia. e) Apresentar as narrativas a partir de uma metáfora comum. Interatividade Resposta: e A proposta não é apresentar as narrativas em ordem cronológica, mas a partir de metáforas e temas em comum, que viabilizem a leituras das narrativas em contraponto, quebrando qualquer ordem hierárquica entre elas. Para essa abordagem foram sugeridos três eixos: a conexão cultural, a conexão através do tempo e do espaço e a conexão através da tradução para outros suportes. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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