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Bibiana Lima – 4° período – APG 4 Intestinos delgado e grosso Delgado Possui três funções principais: a digestão final dos alimentos, a absorção de nutrientes e a secreção endócrina. Contém 5 a 6 metros de comprimento enorme superfície de contato (boa digestão e absorção) Vilosidades intestinais: projeções do epitélio e da lâmina própria. Enterócitos: formam um epitélio colunar simples, possuindo microvilosidades em seus ápices, o que forma a “borda em escova” contendo algumas enzimas importantes para a digestão (peptidases, dissacaridases, lipases). Caliciformes: produzem glicoproteínas ácidas que são hidratadas e formam ligações cruzadas entre si, originando um muco que lubrifica e protege o revestimento do intestino. Criptas intestinais: são compostas por um epitélio colunar simples, por células caliciformes, que compõem as glândulas intestinais. Células de Paneth (exócrinas): produzem lisozima (controle de população de bactérias lácteas) e defensina (atividades antimicrobianas). Células-tronco: presentes no terço basal da cripta. Células enteroendócrinas: secretam GIP (polipeptídeo inibidor gástrico) e GLP1 (glicentina), ambos atuam inibindo a secreção de HCl no estômago e estimulando a insulina. Além disso, secretam colecistoquinina (secreção de enzimas pancreáticas e contração de vesícula biliar), motilina (aumenta a motilidade intestinal) e secretina (estimula a secreção pancreática). Células M: são células epiteliais especializadas que recobrem os folículos linfoides das placas de Peyer (capta os antígenos, apresenta aos macrófagos e para as células linfoides, essas células migram para os órgãos linfoides e orquestram uma resposta imunológica). Bibiana Lima – 4° período Glândulas duodenais: são glândulas tubulares enoveladas ramificadas mucosas que produzem um muco alcalino que protege a mucosa duodenal contra a acidez do suco gástrico e neutraliza o Ph do quimo. Plexo nervoso submucoso (de Meissner): controlam a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local além de auxiliar no processo de absorção e contração do músculo submucoso. Agregado de células linfoides (GALT): formam o tecido linfoide associado ao trato digestivo. Circular interna Plexo nervoso mioentérico (Auerbach): coordena principalmente as contrações no trato gastrintestinal. Longitudinal externa Formada pelo Mensentério + T.C. * na parte duodenal não há serosa, apenas adventícia. Possui vilosidades em forma de folha e possui mais células endócrinas. Muitas dobras da mucosa e da submucosa e as vilosidades adquirem o formato de “dedos”. Possui mais células caliciformes nas vilosidades e há as placas de Peyer (nódulos linfoides na mucosa). Grosso Possui aproximadamente 1,5 m de comprimento e três funções principais: absorção passiva de água (formação do bolo fecal), fermentação, produção de muco. Bibiana Lima – 4° período Não possui nem dobras nem vilosidades, sendo formada por epitélio colunar simples com microvilos curtos e irregulares. Há criptas intestinais longas, com glândulas exócrinas que possuem abundância de células caliciformes. Possui a lâmina própria rica em células linfoides e nódulos (GALT) por se tratar de uma região que contém muitas bactérias. Pode apresentar células e nódulos linfoides. Subdividida em circular interna e externa, sendo que a união dessas fibras longitudinais dessas células musculares formam as tênias do cólon. Recobre o ceco e parte do cólon, sendo que o restante é recoberto pela adventícia. Possui colunas retais que são dobras longitudinais da camada mucosa. Doenças inflamatórias intestinais As DII são distúrbios inflamatórios crônicos que podem acometer qualquer parte do intestino. Epidemiologia O número de indivíduos afetados por DII em todo o mundo aumentou de 3,7 milhões em 1990 para 6,8 milhões em 2017. A idade de início para muitos pacientes com colite ulcerativa e doença de Crohn é entre 15 e 30 anos, embora a DII possa se apresentar em qualquer idade Há uma leve predominância do sexo feminino na doença de Crohn de início na idade adulta, o que sugere que fatores hormonais podem desempenhar um papel na expressão da doença. Em contraste, pode haver uma leve predominância masculina na colite ulcerativa. Tanto a colite ulcerativa quanto a doença de Crohn são mais comuns em judeus, em contrapartida, a incidência de DII é menor em populações hispânicas e populações negras em comparação com populações brancas. Fatores de risco Fumar é um fator de risco para doença de Crohn (também aumenta o risco de complicações da doença de Crohn -por exemplo, estenoses, fístula- e a necessidade de cirurgia), mas não para colite ulcerativa, inclusive, sendo sugerido por alguns estudos como fator protetivo (A cessação do tabagismo em pacientes com colite ulcerativa está associada a um aumento na atividade da doença e risco de hospitalização). Bibiana Lima – 4° período Fibras: A alta ingestão de fibra dietética, particularmente de frutas e vegetais crucíferos, tem sido associada a uma diminuição no risco de doença de Crohn, mas não de colite ulcerativa. Gorduras: O aumento da ingestão dietética de gordura total tem sido correlacionado com um aumento da incidência de colite ulcerativa e doença de Crohn. Vitamina D: Os dados sugerem que a ingestão de vitamina D está inversamente associada ao risco de doença de Crohn e que a deficiência de vitamina D é comum entre pacientes com DII. A privação do sono tem sido associada a um risco aumentado de colite ulcerativa (risco para <6 ou >9 horas por dia), em contraste, a duração do sono não modificou o risco de doença de Crohn. Antibióticos: a exposição a antibióticos foi associada a um risco aumentado de doença de Crohn, mas não colite ulcerativa. AINEs: podem aumentar o risco de desenvolver DII, mas a magnitude do risco parece pequena. Embora os AINEs estejam associados à lesão da mucosa intestinal, alguns pacientes com DII podem os tolerar, particularmente quando administrados em doses baixas. Contraceptivos orais e reposição hormonal: podem aumentar o risco de desenvolver DII; no entanto, o risco parece ser pequeno. O mecanismo pelo qual os contraceptivos orais ou a terapia de reposição hormonal aumentam o risco de DII não é claro, mas pode envolver efeitos trombóticos na microvasculatura ou o efeito do estrogênio no aumento da resposta inflamatória. O estresse pode ter um papel na exacerbação dos sintomas em pacientes com DII estabelecida, possivelmente através da ativação do sistema nervoso entérico e da produção de citocinas pró- inflamatórias. O acúmulo de gordura intra-abdominal pode contribuir para a inflamação da mucosa, afetando assim o curso clínico em pacientes com DII estabelecida. Etiopatogenia 2 Foi encontrado um gene relacionado à patogênese da doença de Crohn: o NOD2. Esse gene codifica uma proteína (NFkB) que atua como receptor intracelular para um antígeno de parede bacteriana e que auxilia no controle da resposta inflamatória. Com o NOD2 defeituoso, a resposta inflamatória fica mais descontrolada. Todavia, ele não explica isoladamente a doença de Cronh: nem todos os portadores de DII o têm defeituoso, e nem todos os indivíduos que têm esse gene defeituoso terão DII. -23 Há relações com o polimorfismo no gene que produz o receptor da IL-23. Em condições normais, essa citocina ajuda a regular a inflamação crônica, a Barreira intestinal Genética Fatores luminais Imunidade inata/ adaptativa Disfunção da imunorregulação Microbiota resposta contra agentes bacterianos e atua no Crohn. Um defeito no seu receptor, localizado em linfócitos e macrófagos, ocasiona amplificação da inflamação Há evidênciasde que pacientes com DII apresentam defeitos relacionados à barreira epitelial intestinal, causando uma resposta imunológica defeituosa contra antígenos da flora facilitando a colonização e o estímulo dos produtos bacterianos e da formação de citocinas. Também foram reportados defeitos epiteliais entre pacientes com essa condição, o que promove uma Bibiana Lima – 4° período disfunção da barreira epitelial, com alterações nas junções oclusivas intercelulares. Há alterações quantitativas e qualitativas na flora intestinal dos portadores de DII. Na DC, a concentração de gram-positivas e gram-negativas está aumentada. Na RCU, foram descritas bactérias cujos metabólitos são lesivos à mucosa intestinal. A evidência empírica disso é que o tratamento dessa doença é feito com imunossupressores e imunomoduladores. Além disso, a ação de linfócitos T, a partir de resposta TH1, TH2 e TH17 se apresenta aberrante nos indivíduos com DII. Fisiopatologia Ainda não se conhece a etiologia exata das doenças inflamatórias intestinais, mas acredita-se em uma incapacidade do organismo em regular efetivamente as respostas imunes contra antígenos aos quais o trato digestivo está constantemente sendo exposto. Sendo assim, é explicada por defeitos na barreira epitelial que permitem o influxo de componentes bacterianos, cujo reconhecimento de seus antígenos gera uma estimulação inflamatória, que provoca a liberação de mediadores inflamatórios que aumentam a permeabilidade epitelial. Desse modo, há uma perpetuação do ciclo da doença, que tem como consequência a lesão tecidual. Diagnóstico é feito combinando as manifestações clínicas, que variam de acordo com o tipo de doença (doença de Chron ou retocolite ulcerativa) com os achados laboratoriais, colonoscopia e histopatológico. As manifestações extraintestinais da DII incluem eritema nodoso, uveíte, espondilite anquilosante, poliartrite migratória e colangite esclerosante (mais comum na RCU). Nos exames laboratoriais, a detecção do p-ANCA (anticorpo perinuclear contra estruturas citoplasmáticas do neutrófilo) está mais relacionada com a RCU e a detecção do ASCA (anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae) está mais associada à doença de Crohn. Na colonoscopia e análise histopatológica, é possível encontrar achados sugestivos de RCU/Doença de Crohn, e permite o diagnóstico diferencial de colites infecciosas, como por citamegalovírus (CMV) e TB intestinal. Doença de Crohn É caracterizada por inflamação transmural que pode levar a fibrose e estenoses e pode resultar em tratos sinusais, dando origem a microperfurações e formação de fístulas. Envolve mais comumente o íleo e o cólon proximal. No entanto, qualquer parte do trato gastrointestinal pode ser afetada. Manifestações clínicas É variável, e pode cursar com episódios recorrentes de febre, diarreia e dor abdominal, sendo episódios agudos intercalados com períodos assintomáticos. Diarreia: Má absorção – de nutrientes, fluidos ou eletrólitos – ou por exsudação de fluido intersticial para o lúmen devido ao processo inflamatório. Dor abdominal: Quando no quadrante inferior direito e de duração mais constante, pode ser resultado da estimulação de receptores na serosa pela inflamação. Além disso, o aumento da contratilidade e distensão das alças pode ocasionar cólicas. Anorexia e náuseas: causadas por mediadores da inflamação no SNC. Bibiana Lima – 4° período Anemia megaloblástica: quando a doença acomete o íleo, onde ocorre a absorção de vitamina B12. São observadas lesões segmentares e bem demarcadas, sendo essas áreas lesadas intercaladas por segmentos normais (lesões saltatórias); as lesões são transmurais; e há erosões e úlceras aftosas, que podem evoluir para úlceras profundas e estreitas coalescentes (muito características da doença), ou formar fissuras lineares, tortuosas, dispostas ao longo do eixo do intestino. Há alterações da mucosa adjacente, com hiperplasia das células caliciformes, hiperprodução de muco e alteração da arquitetura vilositária, caracterizando a chamada mucosa de “pedra em calçamento”. Também ocorre um espessamento da parede intestinal (por conta do edema e da inflamação transmural, bem como hipertrofia da camada muscular e fibrose da submucosa - padrão cicatricial), que pode inclusive provocar estenose. Presença de infiltrado inflamatório misto transmural com agregados linfoides; criptite e abscessos de cripta; ulcerações; granulomas epitelióides presentes em 35% dos casos; e lesões crônicas apresentam distorção das criptas, metaplasia pseudopilórica ou de células de Paneth (quando aparecem no cólon esquerdo, por exemplo), e atrofia da mucosa. Em 25% a 30% dos casos ocorre obstrução do intestino delgado. Em 10% a 15% dos casos, há fístulas com alças intestinais, bexiga, vagina ou pele da região perineal. Além disso, é comum a má- absorção por comprometimento do intestino delgado, abscessos e peritonite. Tratamento A terapia ambulatorial com medicamentos orais é apropriada para pacientes com doença de Crohn leve, e a escolha do tratamento dependerá em parte da distribuição da doença. Recomendada como tratamento de primeira linha e trata-se de um corticosteroide de alto metabolismo hepático de primeira passagem. É iniciada em 9 mg por dia durante pelo menos quatro semanas, mas não mais de oito semanas. A budesonida é então reduzida em incrementos de 3 mg Bibiana Lima – 4° período a cada duas a quatro semanas para um total de oito a 12 semanas de terapia. Os efeitos colaterais sistêmicos são menos comuns com a budesonida em comparação com os glicocorticóides convencionais, como a prednisona. Os glicocorticóides orais (ou seja, prednisona e prednisolona) são alternativas como terapia inicial para pacientes com doença de Crohn leve envolvendo o íleo e/ou cólon proximal. A prednisona pode ser administrada a pacientes de baixo risco que não respondem à budesonida. A dose inicial de prednisona é de 40 mg por dia durante uma semana, e muitos pacientes responderão a essa dose. Nesse ponto, uma redução gradual de 5 a 10 mg por semana deve ser iniciada com o objetivo de descontinuar a prednisona em um a dois meses. Colite ulcerativa É uma condição inflamatória crônica caracterizada por episódios recorrentes e remitentes de inflamação limitados à camada mucosa do cólon. Quase invariavelmente envolve o reto, e a extensão frequentemente envolve porções mais proximais do cólon de forma contínua. Manifestações clínicas Diarreia com perda de sangue nas fezes: decorrentes diretamente da inflamação do reto e/ou cólon. Essa mesma inflamação também altera a permeabilidade do epitélio, causando extravasamento do fluido intersticial rico em proteínas. Anemia ferropriva: as erosões da mucosa colônica, características da RCU, ocasiona a perda de sangue nas fezes. Tenesmo e urgência fecal: o limiar sensorial do reto inflamado é diminuído, o que faz com que a presença de qualquer quantidade de fluido na ampola retal desencadeie o reflexo da defecação. Dores: por conta de alterações de motilidade do intestino grosso, com aumento do tônus muscular e da amplitude das contrações. Possui inflamação limitada à mucosa e submucosa. Pode aparecer criptite e abscessos nas criptas, há redução de células caliciformes e alterações arquiteturais, relacionadas à cronicidade da lesão – essas alterações incluem encurtamento, distorção e fusão das criptas. Não são observados granulomas na RCU, e na remissão, ocorre regeneração da mucosa e fibrose na lâmina própria e submucosa. A mucosa na RCU se apresenta hiperêmica, granular e friável, cuja transição para mucosa normal pode ser abrupta. Há ulcerações rasas que, em geral, não chegam até a camada muscular(diferente da doença de Crohn, na qual as úlceras são profundas). Podem estar presentes pseudopólipos, que são ilhas de mucosa regenerativa que se projetam para o lúmen, sendo frequentemente imóveis e múltiplos. Além disso, aqui não há comprometimento transmural, nem envolvimento da serosa e estenose. Em lesões crônicas, ocorre atrofia da mucosa, que se Bibiana Lima – 4° período torna aplainada, com desaparecimento das pregas mucosas. A principal complicação da RCU é o megacólon tóxico, caracterizado pelo dano da muscular própria pelos mediadores inflamatórios, provocando a dilatação colônica. Essa complicação apresenta risco de perfusão intestinal. Tratamento O tratamento inicial da CU é baseado na gravidade e extensão da doença. A maioria dos pacientes com CU leve a moderada responde ao ácido 5- aminossalicílico (5-ASA) com ou sem um curso de indução de glicocorticóides orais ou tópicos. Doença celíaca A doença celíaca é uma enteropatia autoimune, que pode se iniciar na infância, cujas manifestações são geradas pela ingestão de alimentos com glúten. Nessa patologia, ocorre uma atrofia das vilosidades intestinais, que resulta em diminuição da superfície absortiva e consequente má absorção intestinal e síndrome disabortiva. A retirada do glúten da alimentação promove o desaparecimento das manifestações clínicas e das lesões morfológicas na mucosa intestinal. Bibiana Lima – 4° período Epidemiologia A doença celíaca não se limita a indivíduos etnicamente derivados de populações europeias e tem sido cada vez mais encontrada em populações do norte da África, Oriente Médio, Índia e norte da China. A prevalência global estimada da doença celíaca com base em estudos sorológicos é de aproximadamente 1% e localmente pode estar bem acima de 1%. Fisiopatologia O glúten é uma proteína que está presenta no trigo e cereais similares, como centeio, cevada e aveia. Normalmente, essa proteína é digerida por enzimas luminais e da borda em escova, sendo quebrado em peptídeos e aminoácidos, como a gliadina. A gliadina é resistente à degradação por proteases gástricas, pancreáticas e intestinais, e o reconhecimento de seus antígenos gera estimulação da resposta imunitária, que é uma das bases da doença celíaca. Inicialmente, as moléculas de gliadina são incorporadas pelas células intestinais, pela lâmina própria, onde essas moléculas passam por um processo de desaminação pela transglutaminase. Depois disso, as moléculas de gliadina interagem com moléculas HLA, DQ2 e DQ8 (células apresentadoras de antígenos) e são apresentadas a linfócitos TCD4, induzindo a produção de IL-15 pelos enterócitos. Após a apresentação, ocorre a uma ativação e proliferação de linfócitos TCD8 (linfócitos intraepiteliais), além da produção de citocinas e anticorpos. Esses anticorpos são importantes para o diagnóstico da doença celíaca, como o anti-gliadina, o anti-endomísio e anti-tTG. A ativação dos linfócitos intraepiteliais provoca a morte de enterócitos e todo esse ambiente estressor leva à expressão da proteína MIC-A em enterócitos e reconhecimento por NKG2D dos linfócitos T, o que promove a perpetuação do ciclo da doença, ou seja, ocorre a lesão epitelial, incorporação da gliadina, que sofre a ação da anti-glutaminase e ativação dos linfócitos. Manifestações clínicas Clinicamente, a doença celíaca cursa com uma síndrome disabsortiva, com má absorção de carboidratos, lipídios e proteínas, associado à diarreia, perda de peso, distensão e dor abdominal, náuseas, vômitos, constipação, irritabilidade, anorexia e até mesmo hipertrofia muscular nas crianças. Em adultos, essa desarbsorção gera sinais e sintomas um pouco diferentes, como diarreia, dor ou desconforto abdominal, anemia, osteoporose e emagrecimento. Vale pontuar que a maioria dos indivíduos com doença celíaca são diagnosticados com mais de 20 anos. Diagnóstico O diagnóstico dessa doença leva em consideração as manifestações clínicas, que caracteristicamente desaparecem com a retirada do glúten da dieta, associadas com a detecção de anticorpos, que deve ser feita antes da restrição ao glúten. Os anticorpos pesquisados são o anti- transglutaminase, anti-gliadina e anti-endomísio, além da pesquisa de HLA DQ2/8, que são as células apresentadoras de antígenos que realizam a apresentação da gliadina para a produção dos anticorpos pelos linfócitos. Outro exame que pode ser realizado no diagnóstico da doença celíaca é a biópsia endoscópica. A mucosa intestinal apresenta atrofia (apagamento das vilosidades), fissuras, pode apresentar serrilhamento das pregas, aspecto nodular e vasos submucosos visíveis. Bibiana Lima – 4° período Há um espectro de alterações que podem ocorrer na doença celíaca, desde poucas alterações até atrofia e desaparecimento das vilosidades, tornando o epitélio irreconhecível enquanto mucosa entérica. Esse espectro inclui atrofia e achatamento das vilosidades intestinais, alongamento/hiperplasia das criptas, enterócitos cuboides e sem borda em escova, e aumento das mitoses nas criptas. Também são visualizados aumento do número de linfócitos intra- epiteliais, que são os linfócitos T citotóxicos CD8, e infiltrado rico em plasmócitos e linfócitos TCD4 na lâmina própria. Essas alterações microscópicas da mucosa na doença celíaca são classificadas pela Classificação Marsh, que vai de 0 a 3. Marsh 0, a mucosa se apresenta normal, ou seja, com a presença dos vilos, revestidos pelos enterócitos com a borda em escova característica, com relação vilo/cripta 3-5:1 e poucos linfócitos intraepiteliais (< 20 linfócitos/100 enterócitos). Marsh 1: a atrofia está ausente, com a mucosa preservada, com relação vilo/cripta 3-5:1, mas há linfocitose intraepitelial (> 30 linfócitos/100 enterócitos). Marsh 2: há uma linfocitose epitelial com hiperplasia das criptas, cuja extensão está associada à atividade mitótica, a relação é de > 30 linfócitos/100 enterócitos. Marsh 3a, existe atrofia leve dos vilos, associada à linfocitose intraepitelial (> 30 linfócitos/100 enterócitos). Marsh 3b, a atrofia é moderada, com relação vilo/cripta 2:1. Marsh 3c, a atrofia dos vilos é acentuada, com a mucosa totalmente aplanada. A doença celíaca se associa a algumas condições, especialmente a dermatite herpertiforme. Essa é uma desordem bolhosa autoimune, que, normalmente, sofre remissão com dieta com restrição ao glúten. A dermatite herpertiforme é caracterizada por pápulas e vesículas pruriginosas, e bolha subepidérmica com agregados e microabscessos neutrofílicos, e depósitos granulares de IgA na junção dermoepidérmica microscopicamente. Além disso, a doença celíaca gera um risco maior para neoplasias malignas, como linfoma de células T enteropático e adenocarcinoma de intestino delgado. Referências JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2013. KUMAR, Vinay, et al. Robbins & Cotran. Bases patológicas das doenças. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2013.
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