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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI Seminário VII IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS Aluno: Leonardo Rodrigues de Lima Questões 1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI. Conforme leciona o Professor Paulo de Barros Carvalho, Direito Tributário e Método 7ª edição, a regra-matriz do IPI pode ser explicada como: Produto industrializado Antecedente: Critério Material: industrializar (verbo) produtos (complemento); Critério espacial: qualquer lugar do território nacional; Critério temporal: momento da saída do produto industrializado do estabelecimento industrial; Consequente: Critério pessoal: o sujeito ativo é a União Federal e o sujeito passivo é aquele que promoveu a operação de industrialização; Critério quantitativo: A base de cálculo é o valor da operação pela qual o produto deixou o estabelecimento industrial, enquanto a alíquota será aquela prevista na tabela do imposto. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI Importação do produto industrializado Antecedente: Critério Material: importar produto industrializado; Critério espacial: alfândegas; Critério temporal: Quando do desembaraço aduaneiro; Consequente: Critério pessoal: o sujeito ativo é a União Federal e o sujeito passivo é o importador; Critério quantitativo: A base de cálculo é o valor que servir de base para os cálculos dos tributos aduaneiros e a alíquota será aquela prevista na tabela do imposto. Arrematação de produto industrializado Antecedente: Critério Material: arrematar produto industrializado apreendido ou abandonado; Critério espacial: local do leilão; Critério temporal: Quando da arrematação; Consequente: Critério pessoal: o sujeito ativo é a União Federal e o sujeito passivo é o arrematante; Critério quantitativo: A base de cálculo é o valor do arremate e a alíquota será aquela prevista na tabela do imposto. Sendo assim, podemos detalhar a regra-matriz do IPI como: Base legal: A previsão legal está prevista no art. 153, IV da CF/88; art. 46 e seguintes do CTN; e art. 189 do Decreto 7.212/2010. Sujeito ativo (competência): União. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI Sujeito passivo (contribuinte): Conforme o rol descrito no art. 51, CTN: - o importador ou quem a lei a ele equiparar; - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Mister observar que é considerado como contribuinte autônomo qualquer estabelecimento importador, industrial, comerciante ou arrematante. Fato gerador: Conforme previsão legal trazida pelo art. 46, I - III do CTN: - Na importação (o início do desembaraço aduaneiro); - Na saída do estabelecimento industrial ou equiparado de produto industrializado; aquisição em leilão de produto abandonando ou apreendido; - Nas outras hipóteses específicas da lei, como no caso de saída de produtos de estabelecimentos equiparados a industrial ou a primeira saída por revenda de produtos importados etc. Base de cálculo: a) A base de cálculo será considerada como sendo o valor da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte. É o valor da operação, representada pelo preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário; b) o preço normal, acrescido do próprio imposto de importação, das taxas aduaneiros e dos encargos cambiais. Nesse caso, o Fisco adiciona ao valor para o despacho aduaneiro não só o quantum pago, a título de imposto de importação, mas também as taxas de entrada no País e os encargos cambiais . A inclusão do imposto de importação na base de cálculo d o IPI, embora represente a tributação de imposto sobre imposto, pode justificar-se, nesse caso, como o meio de proteção à indústria nacional; c) o próprio preço da arrematação, em face de produto apreendido, abandonado e levado a leilão. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI Alíquotas: Por se tratar de um imposto proporcional, uma vez que, em princípio, sua alíquota varia de forma constante, em função da grandeza econômica tributada. Em relação à seletividade do IPI, as alíquotas do referido imposto podem variar de 0% (zero) a 365,63% (no caso de cigarros). O IPI será calculado mediante aplicação da alíquota do produto (constante da TIPI, que tem por base a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), constante do Decreto n. 2.376/97), sobre o respectivo valor tributável. 2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se: a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos com alíquota zero ou imunes? E de operações decorrentes da Zona Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção? Se possível estes créditos, como quantificá-los? (Vide anexos I, II e III). Em relação ao aproveitamento de crédito de IPI, é importante mencionar que somente após o advento e vigência da Lei 9.779/99, tornou-se possível o creditamento do IPI decorrente da aquisição de insumos com alíquota zero ou imune, levando em consideração para isso, a aplicação do princípio da não-cumulatividade, com fulcro no art. 11 da referida Lei, qual seja: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. Dito isso, faz-se necessário realizar o controle trimestral, devendo ser verificado o saldo credor do IPI acumulado, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem. Referente à discussão sobre a tributação de itens provenientes da zona franca de Manaus, é necessário observar o RE 596.614. Os votos desfavoráveis ao creditamento do IPI foram os do relator Marco Aurélio e do ministro Alexandre de Moraes, ao passo que os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso decidiram de forma diversa, entendendo ser possível a utilização dos créditos. Para a União, o princípio da não- cumulatividade exige tributo cobrado na operação anterior, razão pela qual não se garante, sem lei que assim o preveja, o creditamento em caso de aquisição de insumos Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI não tributados ou tributados à alíquota zero. Por fim, por maioria, fixou-se a seguinte tese de repercussão geral da questão constitucional reconhecida no RE 592.891 (Tema 322): “Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria-prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT”. b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que não são agregados diretamente ao produto final, geram créditos do IPI? E os bens adquiridos para ativo permanente? E os materiais de teste ou protótipos? (Vide anexo IV) Em relação aos materiais consumidos no processo de produção, mesmo que não agregados diretamente ao produto final, podemos afirmar que geram créditos de IPI, com base no art. 226, I do Decreto 7.212/10, qual seja: Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditar-se(Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I - do imposto relativo a matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se, entre as matérias-primas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; Sendo assim, entendemos que, os materiais consumidos no processo de produção, mesmo que não agregados diretamente ao produto final, resultarão em créditos para compensação do IPI devido. Referente aos bens classificados como ativo permanente, como máquinas e equipamentos para a produção industrial, não há que se falar em direito ao creditamento do IPI, por clara vedação legal, conforme art. 226, I do Decreto 7.212/10 “[...] Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditar-se: I - do imposto relativo [...] salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente”. Para corroborar tal entendimento, cito trecho do anexo III do presente seminário (REsp n. 1.075.508/SC), qual seja: “componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final”, [...] não há direito ao creditamento do IPI.” Por fim, quanto aos materiais de teste ou os protótipos, cumpre ressaltar que não há possibilidade de creditamento do IPI, haja vista que o referido imposto não incide nestes casos, pois a regra é que para ter direito ao crédito, o sujeito passivo precisa Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI industrializar o produto, ou seja, necessário que seja adquirido a título onero. Para ratificar tal afirmação, vejamos a Solução de Consulta nº 614 - Cosit, da Receita Federal do Brasil, de 26/12/2017, que no caso concreto, esclareceu que munição adquirida por fabricante de armas de fogo para a realização de testes de tiro com as armas que fabrica não dá direito a crédito do IPI, uma vez que os referidos testes não se enquadram como operação de industrialização. 3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação da incidência do IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução para efeitos de problemas de classificação fiscal. Com base nessa resposta, comente: a) qual a classificação correta para Tablets (se 8471.30.12 ou 8471.3019), justificando com base nos critérios de solução identificados. (Vide anexo VI). Em relação à relevância da classificação fiscal de incidência de IPI, podemos afirmar que é imprescindível, haja vista que somente por ela é possível a apuração e quantificação do imposto devido em face dos inúmeros objetos distintos, nos mais variados itens, subitens, etc. Ademais, nos casos em que faz-se necessário a utilização de mais de uma interpretação para a solução referente aos efeitos de problemas de classificação fiscal, devem prevalecer os aspectos mais específicos sobre os mais genéricos. Conforme a Solução de Consulta DIANA/SRRF05 Nº 2, DE 05/06/2014, conforme anexo VI do presente seminário, a classificação correta para o referido item é o código NCM 8471.30.19. Máquina automática para processamento de dados portátil, comercialmente denominada “tablet”, com peso de 380 gramas, tela de visualização de 7 polegadas sensível ao toque, área de tela de 137,91 cm2, provida de bateria interna, capaz de funcionar sem fonte externa de energia. DISPOSITIVOS LEGAIS: Regra Geral para Interpretação do Sistema Harmonizado - RGI/SH nº 1 (Nota 3 da Seção XVI, Nota 5A do capítulo 84 e texto da posição 8471), RGI/SH nº 6 (texto da subposição 8471.30), RGC-1 (texto do subitem 8471.30.19) da TEC (Tarifa Externa Comum do Mercosul), publicada pela Resolução CAMEX nº 94, de 12/12/2011, e da TIPI (Tabela de Incidência do IPI), aprovada pelo Decreto nº 7.660, de 26 de dezembro de 2011, Pareceres de Classificação nos 2, 3 e 4 da subposição 8471.30, expedidos pela Organização Mundial de Aduanas (OMA) e publicados pela IN RFB nº 1.459/2014. Subsídios extraídos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado - NESH da posição 8471 (aprovadas pelo Decreto nº 435/92, regulamentadas pela IN/RFB nº 807/2008). Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI Ante o exposto, diante da regra geral para Interpretação do Sistema Harmonizado - RGI/SH nº 1, RGI/S H nº 6, RGC-1 da TEC, e da TIPI, não restam dúvidas quanto à classificação do dispositivo eletrônico “tablet” quanto ao IPI. b) Contribuinte sediado no Estado de São Paulo, realiza importação de sabonetes “antiacne”. Sucedendo o impasse segundo o qual a ANVISA define a mercadoria como cosmético, e a legislação tributária, à classe dos medicamentos e tratando-se de termo não definido pela Constituição Federal, qual definição deve prevalecer: a fixada pela agência reguladora ou aquela prescrita pela legislação tributária? (Vide Anexo XII) Referente à operação de importação de sabonetes “antiacne”, diante do impasse em relação a definição da mercadoria classificada como cosmético pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), enquanto classificada como medicamento pela legislação tributária, a definição que deverá prevalecer deverá ser a da ANVISA, haja vista tratar-se de Agência Reguladora especializada na matéria em questão, não devendo a legislação tributária se sobrepor sobre uma classificação especializada. Isso porque a imcumbencia de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam à saúde pública são da referida Agência Reguladora, conforme art. 8º da Lei 9.782/99: Art. 8º Incumbe à Agência, respeitada a legislação em vigor, regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública. O entendimento de que a classificação do referido item não pertence às autoridades fiscais e aduaneiras, se justifica pelo fato de que tais autoridades e seus agentes não dispõem de conhecimento técnico-científico que prevaleça sobre a classificação da ANVISA. Tal entendimento pode ser ratificado pelo REsp 1.555.004 / SC, constante do anexo Anexo XI do presente seminário. REsp 1.555.004 / SC DJe 25/02/2016 TRIBUTÁRIO. PRODUTO IMPORTADO. SABÃO ANTIACNE. CLASSIFICAÇÃO PERANTE À ANVISA COMO COSMÉTICO. AUTORIDADE ADUANEIRA QUE ENTENDE SER MEDICAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ATRIBUIÇÃO DA AUTORIDADE SANITÁRIA (ANVISA) NA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Incumbe à ANVISA regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI que envolvam à saúde pública (art. 8º. da Lei 9.782/99). 2. Não pertence às atribuições fiscais e aduaneiras, alterar a classificação de um produto, inclusive porque os seus agentes não dispõem do conhecimento técnico-científico exigido para esse mister. 3. Produto classificado pela ANVISA como cosmético. Atribuição privativa da Autoridade Sanitária, que refoge à competência da Autoridade Aduaneira. 4. Recurso Especial do contribuinte provido para restabelecer a sentença de fls. 974/975. (REsp 1555004 / SC. STJ- 1ª Turma. Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, publ. DJe 25/02/2016) 4. Que é um produto industrializado? O processo de salga do bacalhau constitui aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero modo de conservação para fins de transporte? Em outros termos, o bacalhau (seco e salgado) é tido como produto industrializado para fins de incidência do IPI? Caso o bacalhau seja de espécie não contemplada na tabela do IPI (TIPI), mesmo que seja seco, salgado ou em salmoura ou, ainda, defumado, pode-se falar em incidência do IPI? (Vide anexo VII) Com fulcro na redação do art. 4º do Decreto nº 7.212/2010, industrialização é: “qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou finalidade do produto, ouo aperfeiçoe para consumo”. Dito isso, o produto industrializado pode ser definido como o resultado de qualquer operação definida pelo RIPI como industrialização, mesmo que incompleta, parcial ou intermediária. Em relação ao processo de salga do bacalhau, considero que seja um processo de industrialização do produto, resultando em um aperfeiçoamento do mesmo, haja vista que altera a característica original do pescado. Uma forma de conservação para fins de transporte poderia ser o congelamento, diferentemente da salga, que resulta inclusive em alteração do sabor. Isso posto, o bacalhau seco e o salgado não se apresenta no mesmo estado que fora retirado da natureza. Isso porque o pescado passou por operações consideradas como “industrialização”, podendo ser: evisceração, retirada de cabeça, limpeza, secagem e, finalmente, a salga. Não há que se negar que após esses processos, sua apresentação e aparência foram modificados de maneira relevante. Desse modo, o bacalhau seco e eviscerado, sem cabeça e salgado deve ser considerado como produto industrializado, tendo em vista que as referidas operações resultaram em alteração na apresentação que o peixe tinha quando pescado, resultando na incidência do IPI. Sendo assim, por se tratar de produto industrializado, deverá ser considerado como mercadoria com incidência de IPI. Submete-se ao recolhimento do IPI quando do Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI desembaraço aduaneiro do produto (peixe seco salgado) de procedência estrangeira, nos termos do artigo 2º da Lei nº 4.502/1964 e artigo do Decreto nº 4.544/2002. Cumpre ressaltar que o STF, nos autos do RE 627280, decidiu pelo reconhecimento da repercussão geral da presente controvérsia, a fim de reconhecer que sua resolução depende do reexame do acervo probatório dos autos e da legislação infraconstitucional pertinente, razão pela qual devem ser aplicados os efeitos da ausência de repercussão geral; e (ii) não conheceu do recurso extraordinário. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, apreciando o tema 502 da repercussão geral: (i) reviu, conforme o art. 323-B do RI/STF, o reconhecimento da repercussão geral da presente controvérsia, a fim de reconhecer que sua resolução depende do reexame do acervo probatório dos autos e da legislação infraconstitucional pertinente, razão pela qual devem ser aplicados os efeitos da ausência de repercussão geral; e (ii) não conheceu do recurso extraordinário. Foi Foi fixada a seguinte tese: "É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência de IPI sobre o bacalhau seco e salgado oriundo de país signatário do GATT". Tudo nos termos do voto do Relator. Falou, pela recorrida, a Dra. Luciana Miranda Moreira, Procuradora da Fazenda Nacional. Plenário, Sessão Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022. infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência de IPI sobre o bacalhau seco e salgado oriundo de país signatário do GATT". Tudo nos termos do voto do Relator. Falou, pela recorrida, a Dra. Luciana Miranda Moreira, Procuradora da Fazenda Nacional. Plenário, Sessão Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022. Referente ao enquadramento do bacalhau na TIPI, cumpre observar que a referida tabela inclui os peixes secos e salgados como produtos resultantes de um processo de industrialização. Sendo assim, verifica-se a incidência do IPI, contudo, considerando o princípio da seletividade, uma das características do IPI, o qual leva em conta a essencialidade do produto, para alguns peixes secos e salgados, a alíquota aplicada é zero. Dito isso, é possível concluir que haverá a incidência do IPI, mesmo que a referida espécie não esteja especificada na TIPI. 5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores podem ser incluídos em sua BC: (i) valores relativos aos juros das vendas financiadas? (ii) os descontos incondicionais ou de produtos bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) O frete integra o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and freight)? Fundamente suas respostas. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI A previsão legal referente à base de cálculo do IPI encontra abrigo no art. 153, IV da CF/88; art. 46 e seguintes do CTN; e art. 189 do Decreto 7.212/2010. Em resumo, pode ser definida como valor total da saída da mercadoria do estabelecimento industrial ou equiparado. Como dito na questão anterior, a base de cálculo do IPI pode ser definida como o valor total da saída de mercadoria do estabelecimento. Segundo o STJ, por meio do REsp 1.586.158-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/5/2016 e do informativo nº 584, existe uma diferença em relação ao tratamento dos valores recebidos a título de juros, referente a tributação do IPI, considerando dois momentos distintos, quais sejam a venda a prazo e a venda financiada. TRIBUTÁRIO. VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO DO IPI. VALOR TOTAL DA OPERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CONSIDERAR QUE PARCELA DO PREÇO CORRESPONDERIA A JUROS E NÃO SOFRERIA A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. PRECEDENTE RELATIVO AO ICMS JULGADO SOBRE A SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS. [...] 4. A "venda a prazo" e a "venda financiada" não se confundem. Nesta, o comprador obtém recursos de instituição financeira para pagar a aquisição da mercadoria e o IPI incide apenas sobre o valor efetivamente pago ao vendedor da mercadoria, não englobando os juros pagos ao financiador, sobre o qual incidirá apenas o IOF. Na venda a prazo, porém, em que o vendedor recebe o preço em parcelas, o IPI incide sobre a soma de todas essas, ainda que o valor seja maior do que o cobrado em operações de venda à vista, pois esse total corresponde ao valor da operação. No caso de venda a prazo, o STJ entende que sobre o valor recebido pelo estabelecimento vendedor em parcela deve ser integralmente considerado como base de cálculo para incidência do IPI, haja vista que esse total corresponde ao valor da operação. De acordo com esse entendimento, tanto o valor da mercadoria quanto o valor dos juros recebidos deverão ser tributados pelo IPI. Já na ocasião da venda financiada, o entendimento é de que o comprador da mercadoria capta recursos para custear a operação por meio de recursos de instituição financeira. Nesse caso, o vendedor recebe o valor efetivo da venda à vista, enquanto a instituição financeira auferirá os juros pela concessão do numerário ao tomador do financiamento. Sendo assim, o valor que será oferecido pelo estabelecimento vendedor será o da venda a vista da mercadoria, desconsiderando os juros pagos pelo comprador. Sendo assim, os valores auferidos a título de juros recebidos pela venda a prazo deverão ser oferecidos para tributação do IPI, haja vista que o estabelecimento vendedor Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI receberá o valor da venda acrescido dos juros, enquanto os juros referentes à venda financiada não serão oferecidos para tributação do IPI, tendo em vista o estabelecimento vendedor receberá o valor da operação como venda à vista. O conceito de desconto incondicional pode ser resumido como aquele concedido independente de qualquer condição, ou seja, não é necessário que o comprador cumpra qualquer requisita para obtenção do benefício. Sendo assim, o tratamento dado aos descontos incondicionais é o de parcela redutora do valor da operação de venda. Desse modo, o valor referente aos descontos incondicionais deverá constar na nota fiscal de venda dos bens, ou da fatura de serviços e não pode depender de evento posterior à emissão desses documentos. Nesse caso, os descontos incondicionais não integram o valor tributável para fins de incidência do IPI. Para ratificar tal afirmação, recorremos à Solução deConsulta DISIT/SRRF10 nº 10003 de 20/04/2020: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI BASE DE CÁLCULO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. Os descontos incondicionais consideram-se parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. Os descontos incondicionais não integram o valor tributável para fins de incidência do IPI. Referente aos produtos entregues como bonificação em mercadorias gratuitamente, a título de mera liberalidade do estabelecimento e sem nenhuma vinculação à operação de venda, ou seja, quando não se caracterizar como descontos incondicional, deverá ser enquadrado no conceito de doação. Nesse caso, o valor da operação de entrega de produtos bonificados deverá ser oferecido para tributação do IPI. Para corroborar essa ideia, vejamos a solução de consulta 266 de 2019 da RFB: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI BONIFICAÇÕES EM MERCADORIAS A TÍTULO GRATUITO SEM VINCULAÇÃO À OPERAÇÃO DE VENDA. DOAÇÃO. Bonificações em mercadorias entregues gratuitamente, a título de mera liberalidade, sem vinculação à operação de venda, não são consideradas descontos incondicionais, enquadrando-se no conceito de doação. ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. SAÍDA DE PRODUTO TRIBUTADO A TÍTULO GRATUITO. REGRA GERAL. INCIDÊNCIA. Regra geral, haverá incidência do IPI sempre que houver saída de produto tributado do estabelecimento industrial, mesmo em operação a Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI título gratuito, como no caso mercadorias fornecidas em bonificação que não se caracterizarem como descontos incondicionais, devendo-se nessa situação calcular o imposto sobre o valor tributável determinado conforme os arts. 192, 195 e 196 do Ripi/2010. Em relação ao valor do frete, existe um entendimento de que deverá ser oferecido para tributação do IPI quando for efetivamente repassado ao consumidor final, resultando no valor da operação, de acordo com o art. 190, § 1º do Decreto 7.212/2010: Art. 190. Salvo disposição em contrário deste Regulamento, constitui valor tributável: § 1º - O valor da operação referido na alínea “b” do inciso I e no inciso II compreende o preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, § 1º, Decreto-Lei n o 1.593, de 1977, art. 27 , e Lei n o 7.798, de 1989, art. 15 ). Por outro lado, existe outro entendimento de que os valores relativos ao frete não correspondem ao valor da mercadoria industrializada, sendo considerado como fator externo ao fato gerador e base de cálculo do imposto. Essa corrente entende que o que se tributa efetivamente é o produto fruto de modificação/industrialização, e não a mera circulação. Entendo que o frete deve ser considerado como despesa de transporte e não deve integrar o ciclo de produção, restando impossível, portanto, considerar tal valor na apuração do IPI. Para ratificar esse entendimento, a jurisprudência do STF assevera que o frete não integra o ciclo de produção e não compõe a base de cálculo do IPI, configurando-se como despesa de transporte que não se apresenta como componente da operação da qual decorre o fato gerador do imposto. Decisão tomada por base na ofensa ao teor do art. 47 do CTN. Nos contratos FOB, que significa "livre a bordo", é o comprador que assume os riscos custos do transporte da mercadoria. CIF, que em português significa "custo, seguro e frete", é um termo comercial que significa que o vendedor deve pagar os custos necessários para transportar mercadorias para um destino final. Para quem acredita na incidência de IPI, caso o frete seja repassado ao comprador, nos contratos com a cláusula CIF incidirá imposto, enquanto que para os contratos com a cláusula FOB não. 6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e equipamentos. No meio de seu processo de produção, envia seus produtos a outra empresa, Galvanomix Ltda, para que esta efetue a galvanização desses produtos. Feita a galvanização, os produtos voltam à linha de produção da Tudex, onde esta concluirá seu processo de produção e, posteriormente, os venderá aos Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI consumidores finais. Pergunta-se: a atividade realizada pela Galvanomix é uma industrialização por encomenda ou prestação de serviço? Incidirá ISS, IPI ou ISS e IPI? Justifique (vide anexos VIII, IX e X). Diante do questionamento se o procedimento de galvanização executado pela Galvanomix, deve ser considerado como industrialização por encomenda ou prestação de serviço, devemos esclarecer alguns pontos. Para o STJ, conforme AgRg no ARESP nº 330.870, o entendimento é pela incidência do ISS sobre a galvanoplastia, quando o serviço tiver sido realizado em bem de terceiro, afastando-se a incidência do IPI e prevalecendo a cobrança do ISS, de acordo com o subitem 14.05 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003. Com a máxima vênia, entendo ser um processo de industrialização por encomenda, tendo em vista tratar-se de uma etapa da cadeia de produção da empresa Tudex, devendo ser tributado somente pelo IPI, com base no art. 4º, II do Decreto 7.212/2010: Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como ( Lei nº 5.172, de 1966, art. 46, parágrafo único , e Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único) : II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); Cumpre ressaltar que o serviço de galvanoplastia está contemplado como fato gerador para incidência de ISS, conforme item 14.05 da Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. Contudo, o fato do serviço de galvanoplastia ser contemplado como item sujeito à tributação do ISS, por si só, não é suficiente para determinação da incidência do referido tributo, devendo ser analisado o cerne do caso concreto. Para corroborar o entendimento de que deverá incidir somente o IPI sobre a operação da empresa Tudex, cito um trecho da Consulta Estadual n. 178/2004 – MG, qual seja: As atividades citadas no subitem 14.05 [...] constituem etapas de beneficiamento e não se inserem no campo de incidência do ISS, porque ainda não se completou o ciclo de circulação da mercadoria, ou seja, não foi prestado um serviço constante na citada Lista para usuário final e, sim, realizada industrialização por conta de terceiro, Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI conforme previsto no inciso II do artigo 222, Parte Geral do RICMS/2002. Como se não bastasse, coaduno o entendimento da Consulta Federal nº 350/2004, da 10ª Região Fiscal, de 19/10/2004, ao asseverar que as operações de restauração, conserto e beneficiamento de produtos, realizadas mediante galvanoplastia, classificam-se como industrialização, consoante o art. 4º do RIPI/2002, somente escapando ao campo de incidência do IPI nos casos em que restar configurada alguma das hipóteses plasmadas no art. 5º do mesmo regulamento. 7. Uma entidade religiosa, devidamente cadastrada nos órgãos competentes como tal, para gozo da imunidade tributária (além de cumprir todos os requisitos previstos no artigo 9º e 14, do Código Tributário Nacional), pretende realizar a importação de bens para uso próprio. Todavia, a Receita Federal do Brasil não autorizou a realização do desembaraço aduaneiro diante da exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (desconsidere a exigência de outros tributos). Na hipótese em questão, a entidade religiosa está sujeita a tal exigência?A imunidade tributária conferida aos templos religiosos é garantida pela nossa Carta Magna, conforme art. 150, VI; e requisitos previstos nos arts. 9º e 14 do CTN. No caso em tela, a RFB não autorizou a realização do desembaraço aduaneiro, alegando ser devido o recolhimento do IPI. Cumpre ressaltar que o enquadramento de bens importados como relacionados aos fins essenciais da entidade religiosa. Para tanto, deverá pautar-se em análise objetiva em cada caso concreto, levando-se em consideração as finalidades da instituição conforme previstas em seus atos constitutivos, a qualidade e quantidade dos bens importados, assim como outros critérios que fundamentem a relação com os objetivos inerentes à própria natureza do ente. A RFB, por meio de Soluções de Consulta Cosit nº 109, entende que a imunidade constitucional para entidades religiosas alcança o IPI vinculado à importação e ao Imposto de Importação: Solução de Consulta Cosit nº 109, 29/05/2014 Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ementa: A imunidade religiosa não alcança o IPI incidente sobre bens adquiridos no mercado interno, ainda que relacionados com as finalidades essenciais da respectiva entidade, visto que o contribuinte desse tributo, na espécie, é o industrial ou comerciante que promove a saída dos mesmos. Por outro lado, a importação direta de equipamentos de audiovisual, promovida pelo ente religioso, para transmissão de cultos devocionais pela internet, não se sujeita à Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI incidência do IPI vinculado à importação, vez que, neste caso, o importador se apresenta como contribuinte de direito, não havendo que se falar em repercussão tributária, tendo em vista a citada imunidade religiosa, preconizada pela Constituição. Como se não bastasse, o STF, por unanimidade, apreciando o tema 336 da repercussão geral, conheceu do recurso extraordinário e deu-lhe provimento, a fim de reformar o acórdão recorrido e reconhecer a imunidade tributária da recorrente de II e de IPI nas operações de importação tratadas nos presentes autos, nos termos do voto do Relator. Foi fixada a seguinte tese: “As entidades religiosas podem se caracterizar como instituições de assistência social a fim de se beneficiarem da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição, que abrangerá não só os impostos sobre o seu patrimônio, renda e serviços, mas também os impostos sobre a importação de bens a serem utilizados na consecução de seus objetivos estatutários”. O Ministro Alexandre de Moraes acompanhou o Relator com ressalvas. Falaram: pela recorrente, o Dr. Mozart Thomas Branchi Gualtiero; e, pela recorrida, o Dr. Paulo Mendes, Procurador da Fazenda Nacional. Plenário, Sessão Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022. Ante o exposto, entendo ser improcedente a exigência do recolhimento do IPI como condição para desembaraço da mercadoria importada por templo religioso, tendo em vista que o referido ente goza da imunidade tributária prevista na CF, além de cumprir todos os requisitos previstos no artigo 9º e 14, do CTN. 8. Nos termos da Constituição Federal (artigo 159, I), cinquenta por cento da receita com do IPI deverá ser entregue pela União, sendo 21,5% ao fundo de participação dos estados e do Distrito Federal e 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios. Como é de conhecimento público, o Governo Federal, por meio do Decreto nº 10.979, de 25 de fevereiro de 2022, reduziu as alíquotas de diversos produtos. Considerando que essa redução foi feita pelo Poder Executivo, o que afeta diretamente a receita dos Estados e dos Municípios, esse decreto pode ser declarado inconstitucional em eventual medida ajuizada perante o STF? O IPI é imposto de competência da União, conforme previsto no art. 153, IV da CF/88 e art. 46 do CTN, cabendo a esse ente Político decidir quanto aos seus desdobramentos. Além disso, é necessário discorrer sobre a função extrafiscal do IPI. Para tanto, vejamos o que leciona Carrazza, 2008: “A extrafiscalidade, consiste no uso de instrumentos do Direito Tributário – cuja finalidade principal é a arrecadação para os cofres Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI públicos (a que se chama de finalidade fiscal) – com fins diversos, ou seja, com fins não-fiscais ou extrafiscais. No caso, o uso extrafiscal dos tributos tem por objetivo disciplinar, favorecer ou desestimular os contribuintes a realizar determinadas ações, por considerá-las convenientes ou nocivas ao interesse público”. Dito isso, quando a União aumenta ou diminui o IPI, está utilizando a função primária do referido tributo, qual seja o de manter o equilíbrio da economia. Contudo, é preciso analisar o impacto da decisão trazida pelo Decreto nº 10.979, de 25/02/2022, que reduziu as alíquotas de IPI de diversos produtos, traduzindo-se na prática a função extrafiscal do IPI. Um impacto relevante de tal medida foi a redução do repasse previsto no art. 151 da CF, o fundo de participação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Tal medida está diretamente ligada ao pacto federativo, referente a gestão, arrecadação e distribuição de receitas entre a União, estados e municípios. Como consequência, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) criticou a decisão do governo federal. A entidade afirma que a medida resultará na perda de R$ 4,8 bilhões em receita para as prefeituras. Alega que o montante representa 40% de um mês do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) destinado aos 5.568 municípios brasileiros. Segundo a confederação, a perda de receita vai prejudicar ações de custeio e investimento nas áreas sociais das prefeituras. O FPM é abastecido com recursos do IPI e do Imposto de Renda. O governo federal estima em R$ 19,5 bilhões a renúncia fiscal em 2022 com a redução do imposto sobre produtos industrializados. No âmbito estadual, o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), divulgou nota criticando a decisão do governo. Alega que a medida vai gerar perda de arrecadação e não deve ter benefício aos consumidores. Tal debate resultou na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7153, promovida no STF pelo Partido Solidariedade. A alegação de inconstitucionalidade da redução de alíquota do IPI prejudica as indústrias da Zona Franca de Manaus, que possuem incentivo fiscal para alguns produtos. O Ministro Alexandre de Moraes proferiu decisão cautelar suspendendo os efeitos dos Decretos 11.047/2022, 11.052/2022 e 11.055/2022 no tocante à redução das alíquotas do IPI para os produtos fabricados na Zona Franca de Manaus (ZFM) que possuem o Processo Produtivo Básico Entendo não haver inconstitucionalidade do referido decreto, tendo em vista que a União possui competência sobre o IPI e também pela função extrafiscal do referido imposto. Não há que se negar que tal medida resultará em aquecimento da economia pela redução no valor final de alguns produtos industrializados, mas em contrapartida, impactará diretamente em um repasse menor ao Fundo de Participação dos Estados e Municípios. Buscando um equilíbrio entre o incentivo ao mercado e a redução no repasse do Fundo de Participação dos Estados e Municípios, entendo ser coerente uma Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII - IPI compensação por parte da União. Aqueles entes que comprovarem efetivamente um impacto negativo na arrecadação causada pela redução das alíquotas do IPI poderiam receber uma compensação por parte da União.
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