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7 - SEMINÁRIO VII - IPI

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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VII - IPI 
 
 
Seminário VII 
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS 
 
Aluno: Leonardo Rodrigues de Lima 
 
Questões 
 
1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI. 
Conforme leciona o Professor Paulo de Barros Carvalho, Direito Tributário e Método 7ª 
edição, a regra-matriz do IPI pode ser explicada como: 
 
Produto industrializado 
Antecedente: 
Critério Material: industrializar (verbo) produtos (complemento); 
Critério espacial: qualquer lugar do território nacional; 
Critério temporal: momento da saída do produto industrializado do estabelecimento 
industrial; 
 
Consequente: 
Critério pessoal: o sujeito ativo é a União Federal e o sujeito passivo é aquele que 
promoveu a operação de industrialização; 
Critério quantitativo: A base de cálculo é o valor da operação pela qual o produto 
deixou o estabelecimento industrial, enquanto a alíquota será aquela prevista na tabela 
do imposto. 
 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VII - IPI 
 
 
Importação do produto industrializado 
Antecedente: 
Critério Material: importar produto industrializado; 
Critério espacial: alfândegas; 
Critério temporal: Quando do desembaraço aduaneiro; 
 
Consequente: 
Critério pessoal: o sujeito ativo é a União Federal e o sujeito passivo é o importador; 
Critério quantitativo: A base de cálculo é o valor que servir de base para os cálculos dos 
tributos aduaneiros e a alíquota será aquela prevista na tabela do imposto. 
 
Arrematação de produto industrializado 
Antecedente: 
Critério Material: arrematar produto industrializado apreendido ou abandonado; 
Critério espacial: local do leilão; 
Critério temporal: Quando da arrematação; 
 
Consequente: 
Critério pessoal: o sujeito ativo é a União Federal e o sujeito passivo é o arrematante; 
Critério quantitativo: A base de cálculo é o valor do arremate e a alíquota será aquela 
prevista na tabela do imposto. 
 
Sendo assim, podemos detalhar a regra-matriz do IPI como: 
Base legal: A previsão legal está prevista no art. 153, IV da CF/88; art. 46 e seguintes 
do CTN; e art. 189 do Decreto 7.212/2010. 
Sujeito ativo (competência): União. 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VII - IPI 
 
 
Sujeito passivo (contribuinte): Conforme o rol descrito no art. 51, CTN: 
- o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
- o industrial ou quem a lei a ele equiparar; 
- o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes 
definidos no inciso anterior; 
- o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. 
Mister observar que é considerado como contribuinte autônomo qualquer 
estabelecimento importador, industrial, comerciante ou arrematante. 
 
Fato gerador: Conforme previsão legal trazida pelo art. 46, I - III do CTN: 
- Na importação (o início do desembaraço aduaneiro); 
- Na saída do estabelecimento industrial ou equiparado de produto industrializado; 
aquisição em leilão de produto abandonando ou apreendido; 
- Nas outras hipóteses específicas da lei, como no caso de saída de produtos de 
estabelecimentos equiparados a industrial ou a primeira saída por revenda de produtos 
importados etc. 
 
Base de cálculo: 
a) A base de cálculo será considerada como sendo o valor da operação de saída do 
produto do estabelecimento do contribuinte. É o valor da operação, representada pelo 
preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias cobradas 
ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário; 
b) o preço normal, acrescido do próprio imposto de importação, das taxas aduaneiros e 
dos encargos cambiais. Nesse caso, o Fisco adiciona ao valor para o despacho aduaneiro 
não só o quantum pago, a título de imposto de importação, mas também as taxas de 
entrada no País e os encargos cambiais . A inclusão do imposto de importação na base 
de cálculo d o IPI, embora represente a tributação de imposto sobre imposto, pode 
justificar-se, nesse caso, como o meio de proteção à indústria nacional; 
c) o próprio preço da arrematação, em face de produto apreendido, abandonado e levado 
a leilão. 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VII - IPI 
 
 
Alíquotas: Por se tratar de um imposto proporcional, uma vez que, em princípio, sua 
alíquota varia de forma constante, em função da grandeza econômica tributada. Em 
relação à seletividade do IPI, as alíquotas do referido imposto podem variar de 0% 
(zero) a 365,63% (no caso de cigarros). O IPI será calculado mediante aplicação da 
alíquota do produto (constante da TIPI, que tem por base a Nomenclatura Comum do 
Mercosul (NCM), constante do Decreto n. 2.376/97), sobre o respectivo valor 
tributável. 
 
2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se: 
 a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição 
de insumos com alíquota zero ou imunes? E de operações decorrentes da Zona 
Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção? Se possível estes 
créditos, como quantificá-los? (Vide anexos I, II e III). 
 
Em relação ao aproveitamento de crédito de IPI, é importante mencionar que 
somente após o advento e vigência da Lei 9.779/99, tornou-se possível o creditamento 
do IPI decorrente da aquisição de insumos com alíquota zero ou imune, levando em 
consideração para isso, a aplicação do princípio da não-cumulatividade, com fulcro no 
art. 11 da referida Lei, qual seja: 
Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados - 
IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de aquisição 
de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, 
aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado 
à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI 
devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de 
conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 
de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da 
Receita Federal do Ministério da Fazenda. 
Dito isso, faz-se necessário realizar o controle trimestral, devendo ser verificado 
o saldo credor do IPI acumulado, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto 
intermediário e material de embalagem. 
Referente à discussão sobre a tributação de itens provenientes da zona franca de 
Manaus, é necessário observar o RE 596.614. Os votos desfavoráveis ao creditamento 
do IPI foram os do relator Marco Aurélio e do ministro Alexandre de Moraes, ao passo 
que os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso decidiram de forma diversa, 
entendendo ser possível a utilização dos créditos. Para a União, o princípio da não-
cumulatividade exige tributo cobrado na operação anterior, razão pela qual não se 
garante, sem lei que assim o preveja, o creditamento em caso de aquisição de insumos 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VII - IPI 
 
 
não tributados ou tributados à alíquota zero. Por fim, por maioria, fixou-se a seguinte 
tese de repercussão geral da questão constitucional reconhecida no RE 592.891 (Tema 
322): “Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria-prima e 
material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da 
isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da 
Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT”. 
 
b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que não são agregados 
diretamente ao produto final, geram créditos do IPI? E os bens adquiridos para 
ativo permanente? E os materiais de teste ou protótipos? (Vide anexo IV) 
 
Em relação aos materiais consumidos no processo de produção, mesmo que não 
agregados diretamente ao produto final, podemos afirmar que geram créditos de IPI, 
com base no art. 226, I do Decreto 7.212/10, qual seja: 
Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são 
equiparados poderão creditar-se(Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): 
I - do imposto relativo a matéria-prima, produto intermediário e 
material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização 
de produtos tributados, incluindo-se, entre as matérias-primas e os 
produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao 
novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, 
salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; 
Sendo assim, entendemos que, os materiais consumidos no processo de 
produção, mesmo que não agregados diretamente ao produto final, resultarão em 
créditos para compensação do IPI devido. 
Referente aos bens classificados como ativo permanente, como máquinas e 
equipamentos para a produção industrial, não há que se falar em direito ao creditamento 
do IPI, por clara vedação legal, conforme art. 226, I do Decreto 7.212/10 “[...] Art. 226. 
Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditar-se: I - do 
imposto relativo [...] salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente”. Para 
corroborar tal entendimento, cito trecho do anexo III do presente seminário (REsp n. 
1.075.508/SC), qual seja: “componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que 
sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de 
custos do produto final”, [...] não há direito ao creditamento do IPI.” 
Por fim, quanto aos materiais de teste ou os protótipos, cumpre ressaltar que não 
há possibilidade de creditamento do IPI, haja vista que o referido imposto não incide 
nestes casos, pois a regra é que para ter direito ao crédito, o sujeito passivo precisa 
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Seminário VII - IPI 
 
 
industrializar o produto, ou seja, necessário que seja adquirido a título onero. Para 
ratificar tal afirmação, vejamos a Solução de Consulta nº 614 - Cosit, da Receita Federal 
do Brasil, de 26/12/2017, que no caso concreto, esclareceu que munição adquirida por 
fabricante de armas de fogo para a realização de testes de tiro com as armas que fabrica 
não dá direito a crédito do IPI, uma vez que os referidos testes não se enquadram como 
operação de industrialização. 
 
3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação da incidência do 
IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução para efeitos de problemas de 
classificação fiscal. Com base nessa resposta, comente: 
 a) qual a classificação correta para Tablets (se 8471.30.12 ou 8471.3019), 
justificando com base nos critérios de solução identificados. (Vide anexo VI). 
Em relação à relevância da classificação fiscal de incidência de IPI, podemos 
afirmar que é imprescindível, haja vista que somente por ela é possível a apuração e 
quantificação do imposto devido em face dos inúmeros objetos distintos, nos mais 
variados itens, subitens, etc. Ademais, nos casos em que faz-se necessário a utilização 
de mais de uma interpretação para a solução referente aos efeitos de problemas de 
classificação fiscal, devem prevalecer os aspectos mais específicos sobre os mais 
genéricos. 
Conforme a Solução de Consulta DIANA/SRRF05 Nº 2, DE 05/06/2014, 
conforme anexo VI do presente seminário, a classificação correta para o referido item é 
o código NCM 8471.30.19. 
Máquina automática para processamento de dados portátil, 
comercialmente denominada “tablet”, com peso de 380 gramas, tela 
de visualização de 7 polegadas sensível ao toque, área de tela de 
137,91 cm2, provida de bateria interna, capaz de funcionar sem fonte 
externa de energia. 
DISPOSITIVOS LEGAIS: Regra Geral para Interpretação do Sistema 
Harmonizado - RGI/SH nº 1 (Nota 3 da Seção XVI, Nota 5A do 
capítulo 84 e texto da posição 8471), RGI/SH nº 6 (texto da 
subposição 8471.30), RGC-1 (texto do subitem 8471.30.19) da TEC 
(Tarifa Externa Comum do Mercosul), publicada pela Resolução 
CAMEX nº 94, de 12/12/2011, e da TIPI (Tabela de Incidência do 
IPI), aprovada pelo Decreto nº 7.660, de 26 de dezembro de 2011, 
Pareceres de Classificação nos 2, 3 e 4 da subposição 8471.30, 
expedidos pela Organização Mundial de Aduanas (OMA) e 
publicados pela IN RFB nº 1.459/2014. Subsídios extraídos das Notas 
Explicativas do Sistema Harmonizado - NESH da posição 8471 
(aprovadas pelo Decreto nº 435/92, regulamentadas pela IN/RFB nº 
807/2008). 
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Seminário VII - IPI 
 
 
Ante o exposto, diante da regra geral para Interpretação do Sistema 
Harmonizado - RGI/SH nº 1, RGI/S H nº 6, RGC-1 da TEC, e da TIPI, não restam 
dúvidas quanto à classificação do dispositivo eletrônico “tablet” quanto ao IPI. 
 
 b) Contribuinte sediado no Estado de São Paulo, realiza importação de 
sabonetes “antiacne”. Sucedendo o impasse segundo o qual a ANVISA define a 
mercadoria como cosmético, e a legislação tributária, à classe dos medicamentos e 
tratando-se de termo não definido pela Constituição Federal, qual definição deve 
prevalecer: a fixada pela agência reguladora ou aquela prescrita pela legislação 
tributária? (Vide Anexo XII) 
Referente à operação de importação de sabonetes “antiacne”, diante do impasse 
em relação a definição da mercadoria classificada como cosmético pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), enquanto classificada como medicamento 
pela legislação tributária, a definição que deverá prevalecer deverá ser a da ANVISA, 
haja vista tratar-se de Agência Reguladora especializada na matéria em questão, não 
devendo a legislação tributária se sobrepor sobre uma classificação especializada. 
Isso porque a imcumbencia de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e 
serviços que envolvam à saúde pública são da referida Agência Reguladora, conforme 
art. 8º da Lei 9.782/99: 
Art. 8º Incumbe à Agência, respeitada a legislação em vigor, 
regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que 
envolvam risco à saúde pública. 
O entendimento de que a classificação do referido item não pertence às 
autoridades fiscais e aduaneiras, se justifica pelo fato de que tais autoridades e seus 
agentes não dispõem de conhecimento técnico-científico que prevaleça sobre a 
classificação da ANVISA. 
Tal entendimento pode ser ratificado pelo REsp 1.555.004 / SC, constante do 
anexo Anexo XI do presente seminário. 
REsp 1.555.004 / SC 
DJe 25/02/2016 
TRIBUTÁRIO. PRODUTO IMPORTADO. SABÃO ANTIACNE. 
CLASSIFICAÇÃO PERANTE À ANVISA COMO COSMÉTICO. 
AUTORIDADE ADUANEIRA QUE ENTENDE SER 
MEDICAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ATRIBUIÇÃO DA 
AUTORIDADE SANITÁRIA (ANVISA) NA CLASSIFICAÇÃO 
DO PRODUTO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Incumbe à 
ANVISA regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços 
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Seminário VII - IPI 
 
 
que envolvam à saúde pública (art. 8º. da Lei 9.782/99). 2. Não 
pertence às atribuições fiscais e aduaneiras, alterar a classificação de 
um produto, inclusive porque os seus agentes não dispõem do 
conhecimento técnico-científico exigido para esse mister. 3. Produto 
classificado pela ANVISA como cosmético. Atribuição privativa da 
Autoridade Sanitária, que refoge à competência da Autoridade 
Aduaneira. 4. Recurso Especial do contribuinte provido para 
restabelecer a sentença de fls. 974/975. (REsp 1555004 / SC. STJ- 1ª 
Turma. Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, publ. DJe 
25/02/2016) 
 
4. Que é um produto industrializado? O processo de salga do bacalhau constitui 
aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero modo de conservação para 
fins de transporte? Em outros termos, o bacalhau (seco e salgado) é tido como 
produto industrializado para fins de incidência do IPI? Caso o bacalhau seja de 
espécie não contemplada na tabela do IPI (TIPI), mesmo que seja seco, salgado ou 
em salmoura ou, ainda, defumado, pode-se falar em incidência do IPI? (Vide anexo 
VII) 
Com fulcro na redação do art. 4º do Decreto nº 7.212/2010, industrialização é: 
“qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a 
apresentação ou finalidade do produto, ouo aperfeiçoe para consumo”. Dito isso, o 
produto industrializado pode ser definido como o resultado de qualquer operação 
definida pelo RIPI como industrialização, mesmo que incompleta, parcial ou 
intermediária. 
Em relação ao processo de salga do bacalhau, considero que seja um processo de 
industrialização do produto, resultando em um aperfeiçoamento do mesmo, haja vista 
que altera a característica original do pescado. Uma forma de conservação para fins de 
transporte poderia ser o congelamento, diferentemente da salga, que resulta inclusive 
em alteração do sabor. 
Isso posto, o bacalhau seco e o salgado não se apresenta no mesmo estado que 
fora retirado da natureza. Isso porque o pescado passou por operações consideradas 
como “industrialização”, podendo ser: evisceração, retirada de cabeça, limpeza, 
secagem e, finalmente, a salga. Não há que se negar que após esses processos, sua 
apresentação e aparência foram modificados de maneira relevante. Desse modo, o 
bacalhau seco e eviscerado, sem cabeça e salgado deve ser considerado como produto 
industrializado, tendo em vista que as referidas operações resultaram em alteração na 
apresentação que o peixe tinha quando pescado, resultando na incidência do IPI. 
Sendo assim, por se tratar de produto industrializado, deverá ser considerado 
como mercadoria com incidência de IPI. Submete-se ao recolhimento do IPI quando do 
 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Seminário VII - IPI 
 
 
desembaraço aduaneiro do produto (peixe seco salgado) de procedência estrangeira, nos 
termos do artigo 2º da Lei nº 4.502/1964 e artigo do Decreto nº 4.544/2002. 
Cumpre ressaltar que o STF, nos autos do RE 627280, decidiu pelo 
reconhecimento da repercussão geral da presente controvérsia, a fim de reconhecer que 
sua resolução depende do reexame do acervo probatório dos autos e da legislação 
infraconstitucional pertinente, razão pela qual devem ser aplicados os efeitos da 
ausência de repercussão geral; e (ii) não conheceu do recurso extraordinário. 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, apreciando o tema 502 da 
repercussão geral: (i) reviu, conforme o art. 323-B do RI/STF, o 
reconhecimento da repercussão geral da presente controvérsia, a fim 
de reconhecer que sua resolução depende do reexame do acervo 
probatório dos autos e da legislação infraconstitucional pertinente, 
razão pela qual devem ser aplicados os efeitos da ausência de 
repercussão geral; e (ii) não conheceu do recurso extraordinário. Foi 
Foi fixada a seguinte tese: "É infraconstitucional, a ela se aplicando os 
efeitos da ausência de repercussão geral, a controvérsia relativa à 
incidência de IPI sobre o bacalhau seco e salgado oriundo de país 
signatário do GATT". Tudo nos termos do voto do Relator. Falou, 
pela recorrida, a Dra. Luciana Miranda Moreira, Procuradora da 
Fazenda Nacional. Plenário, Sessão Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022. 
infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de 
repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência de IPI sobre o 
bacalhau seco e salgado oriundo de país signatário do GATT". Tudo 
nos termos do voto do Relator. Falou, pela recorrida, a Dra. Luciana 
Miranda Moreira, Procuradora da Fazenda Nacional. Plenário, Sessão 
Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022. 
Referente ao enquadramento do bacalhau na TIPI, cumpre observar que a 
referida tabela inclui os peixes secos e salgados como produtos resultantes de um 
processo de industrialização. Sendo assim, verifica-se a incidência do IPI, contudo, 
considerando o princípio da seletividade, uma das características do IPI, o qual leva em 
conta a essencialidade do produto, para alguns peixes secos e salgados, a alíquota 
aplicada é zero. Dito isso, é possível concluir que haverá a incidência do IPI, mesmo 
que a referida espécie não esteja especificada na TIPI. 
 
5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores podem ser 
incluídos em sua BC: (i) valores relativos aos juros das vendas financiadas? (ii) os 
descontos incondicionais ou de produtos bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) 
O frete integra o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada 
cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and freight)? Fundamente 
suas respostas. 
 
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A previsão legal referente à base de cálculo do IPI encontra abrigo no art. 153, 
IV da CF/88; art. 46 e seguintes do CTN; e art. 189 do Decreto 7.212/2010. Em 
resumo, pode ser definida como valor total da saída da mercadoria do estabelecimento 
industrial ou equiparado. 
Como dito na questão anterior, a base de cálculo do IPI pode ser definida como 
o valor total da saída de mercadoria do estabelecimento. Segundo o STJ, por meio do 
REsp 1.586.158-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/5/2016 e do 
informativo nº 584, existe uma diferença em relação ao tratamento dos valores 
recebidos a título de juros, referente a tributação do IPI, considerando dois momentos 
distintos, quais sejam a venda a prazo e a venda financiada. 
TRIBUTÁRIO. VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO DO IPI. 
VALOR TOTAL DA OPERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE 
CONSIDERAR QUE PARCELA DO PREÇO CORRESPONDERIA 
A JUROS E NÃO SOFRERIA A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. 
PRECEDENTE RELATIVO AO ICMS JULGADO SOBRE A 
SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS. 
[...] 
4. A "venda a prazo" e a "venda financiada" não se confundem. Nesta, 
o comprador obtém recursos de instituição financeira para pagar a 
aquisição da mercadoria e o IPI incide apenas sobre o valor 
efetivamente pago ao vendedor da mercadoria, não englobando os 
juros pagos ao financiador, sobre o qual incidirá apenas o IOF. Na 
venda a prazo, porém, em que o vendedor recebe o preço em parcelas, 
o IPI incide sobre a soma de todas essas, ainda que o valor seja maior 
do que o cobrado em operações de venda à vista, pois esse total 
corresponde ao valor da operação. 
No caso de venda a prazo, o STJ entende que sobre o valor recebido pelo 
estabelecimento vendedor em parcela deve ser integralmente considerado como base de 
cálculo para incidência do IPI, haja vista que esse total corresponde ao valor da 
operação. De acordo com esse entendimento, tanto o valor da mercadoria quanto o valor 
dos juros recebidos deverão ser tributados pelo IPI. 
Já na ocasião da venda financiada, o entendimento é de que o comprador da 
mercadoria capta recursos para custear a operação por meio de recursos de instituição 
financeira. Nesse caso, o vendedor recebe o valor efetivo da venda à vista, enquanto a 
instituição financeira auferirá os juros pela concessão do numerário ao tomador do 
financiamento. Sendo assim, o valor que será oferecido pelo estabelecimento vendedor 
será o da venda a vista da mercadoria, desconsiderando os juros pagos pelo comprador. 
Sendo assim, os valores auferidos a título de juros recebidos pela venda a prazo 
deverão ser oferecidos para tributação do IPI, haja vista que o estabelecimento vendedor 
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receberá o valor da venda acrescido dos juros, enquanto os juros referentes à venda 
financiada não serão oferecidos para tributação do IPI, tendo em vista o estabelecimento 
vendedor receberá o valor da operação como venda à vista. 
O conceito de desconto incondicional pode ser resumido como aquele concedido 
independente de qualquer condição, ou seja, não é necessário que o comprador cumpra 
qualquer requisita para obtenção do benefício. Sendo assim, o tratamento dado aos 
descontos incondicionais é o de parcela redutora do valor da operação de venda. Desse 
modo, o valor referente aos descontos incondicionais deverá constar na nota fiscal de 
venda dos bens, ou da fatura de serviços e não pode depender de evento posterior à 
emissão desses documentos. Nesse caso, os descontos incondicionais não integram o 
valor tributável para fins de incidência do IPI. Para ratificar tal afirmação, recorremos à 
Solução deConsulta DISIT/SRRF10 nº 10003 de 20/04/2020: 
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI 
BASE DE CÁLCULO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. 
Os descontos incondicionais consideram-se parcelas redutoras do 
preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens 
ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à 
emissão desses documentos. 
Os descontos incondicionais não integram o valor tributável para fins 
de incidência do IPI. 
Referente aos produtos entregues como bonificação em mercadorias 
gratuitamente, a título de mera liberalidade do estabelecimento e sem nenhuma 
vinculação à operação de venda, ou seja, quando não se caracterizar como descontos 
incondicional, deverá ser enquadrado no conceito de doação. Nesse caso, o valor da 
operação de entrega de produtos bonificados deverá ser oferecido para tributação do IPI. 
Para corroborar essa ideia, vejamos a solução de consulta 266 de 2019 da RFB: 
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI 
BONIFICAÇÕES EM MERCADORIAS A TÍTULO GRATUITO 
SEM VINCULAÇÃO À OPERAÇÃO DE VENDA. DOAÇÃO. 
Bonificações em mercadorias entregues gratuitamente, a título de 
mera liberalidade, sem vinculação à operação de venda, não são 
consideradas descontos incondicionais, enquadrando-se no conceito de 
doação. 
ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. SAÍDA DE PRODUTO 
TRIBUTADO A TÍTULO GRATUITO. REGRA GERAL. 
INCIDÊNCIA. 
Regra geral, haverá incidência do IPI sempre que houver saída de 
produto tributado do estabelecimento industrial, mesmo em operação a 
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título gratuito, como no caso mercadorias fornecidas em bonificação 
que não se caracterizarem como descontos incondicionais, devendo-se 
nessa situação calcular o imposto sobre o valor tributável determinado 
conforme os arts. 192, 195 e 196 do Ripi/2010. 
Em relação ao valor do frete, existe um entendimento de que deverá ser 
oferecido para tributação do IPI quando for efetivamente repassado ao consumidor final, 
resultando no valor da operação, de acordo com o art. 190, § 1º do Decreto 7.212/2010: 
Art. 190. Salvo disposição em contrário deste Regulamento, constitui 
valor tributável: 
§ 1º - O valor da operação referido na alínea “b” do inciso I e no 
inciso II compreende o preço do produto, acrescido do valor do frete e 
das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo 
contribuinte ao comprador ou destinatário (Lei nº 4.502, de 1964, art. 
14, § 1º, Decreto-Lei n o 1.593, de 1977, art. 27 , e Lei n o 7.798, de 
1989, art. 15 ). 
Por outro lado, existe outro entendimento de que os valores relativos ao frete não 
correspondem ao valor da mercadoria industrializada, sendo considerado como fator 
externo ao fato gerador e base de cálculo do imposto. Essa corrente entende que o que 
se tributa efetivamente é o produto fruto de modificação/industrialização, e não a mera 
circulação. 
Entendo que o frete deve ser considerado como despesa de transporte e não deve 
integrar o ciclo de produção, restando impossível, portanto, considerar tal valor na 
apuração do IPI. Para ratificar esse entendimento, a jurisprudência do STF assevera que 
o frete não integra o ciclo de produção e não compõe a base de cálculo do IPI, 
configurando-se como despesa de transporte que não se apresenta como componente da 
operação da qual decorre o fato gerador do imposto. Decisão tomada por base na ofensa 
ao teor do art. 47 do CTN. 
Nos contratos FOB, que significa "livre a bordo", é o comprador que assume os 
riscos custos do transporte da mercadoria. CIF, que em português significa "custo, 
seguro e frete", é um termo comercial que significa que o vendedor deve pagar os custos 
necessários para transportar mercadorias para um destino final. Para quem acredita na 
incidência de IPI, caso o frete seja repassado ao comprador, nos contratos com a 
cláusula CIF incidirá imposto, enquanto que para os contratos com a cláusula FOB não. 
 
6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e equipamentos. 
No meio de seu processo de produção, envia seus produtos a outra empresa, 
Galvanomix Ltda, para que esta efetue a galvanização desses produtos. Feita a 
galvanização, os produtos voltam à linha de produção da Tudex, onde esta 
concluirá seu processo de produção e, posteriormente, os venderá aos 
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consumidores finais. Pergunta-se: a atividade realizada pela Galvanomix é uma 
industrialização por encomenda ou prestação de serviço? Incidirá ISS, IPI ou ISS e 
IPI? Justifique (vide anexos VIII, IX e X). 
 
Diante do questionamento se o procedimento de galvanização executado pela 
Galvanomix, deve ser considerado como industrialização por encomenda ou prestação 
de serviço, devemos esclarecer alguns pontos. 
Para o STJ, conforme AgRg no ARESP nº 330.870, o entendimento é pela 
incidência do ISS sobre a galvanoplastia, quando o serviço tiver sido realizado em bem 
de terceiro, afastando-se a incidência do IPI e prevalecendo a cobrança do ISS, de 
acordo com o subitem 14.05 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 
116/2003. 
Com a máxima vênia, entendo ser um processo de industrialização por 
encomenda, tendo em vista tratar-se de uma etapa da cadeia de produção da empresa 
Tudex, devendo ser tributado somente pelo IPI, com base no art. 4º, II do Decreto 
7.212/2010: 
Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique 
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a 
finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como ( Lei nº 
5.172, de 1966, art. 46, parágrafo único , e Lei nº 4.502, de 1964, art. 
3º, parágrafo único) : 
II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, 
alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do 
produto (beneficiamento); 
Cumpre ressaltar que o serviço de galvanoplastia está contemplado como fato 
gerador para incidência de ISS, conforme item 14.05 da Lista de serviços anexa à Lei 
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. Contudo, o fato do serviço de 
galvanoplastia ser contemplado como item sujeito à tributação do ISS, por si só, não é 
suficiente para determinação da incidência do referido tributo, devendo ser analisado o 
cerne do caso concreto. 
Para corroborar o entendimento de que deverá incidir somente o IPI sobre a 
operação da empresa Tudex, cito um trecho da Consulta Estadual n. 178/2004 – MG, 
qual seja: 
As atividades citadas no subitem 14.05 [...] constituem etapas de 
beneficiamento e não se inserem no campo de incidência do ISS, 
porque ainda não se completou o ciclo de circulação da mercadoria, 
ou seja, não foi prestado um serviço constante na citada Lista para 
usuário final e, sim, realizada industrialização por conta de terceiro, 
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conforme previsto no inciso II do artigo 222, Parte Geral do 
RICMS/2002. 
Como se não bastasse, coaduno o entendimento da Consulta Federal nº 
350/2004, da 10ª Região Fiscal, de 19/10/2004, ao asseverar que as operações de 
restauração, conserto e beneficiamento de produtos, realizadas mediante galvanoplastia, 
classificam-se como industrialização, consoante o art. 4º do RIPI/2002, somente 
escapando ao campo de incidência do IPI nos casos em que restar configurada alguma 
das hipóteses plasmadas no art. 5º do mesmo regulamento. 
 
7. Uma entidade religiosa, devidamente cadastrada nos órgãos competentes como 
tal, para gozo da imunidade tributária (além de cumprir todos os requisitos 
previstos no artigo 9º e 14, do Código Tributário Nacional), pretende realizar a 
importação de bens para uso próprio. Todavia, a Receita Federal do Brasil não 
autorizou a realização do desembaraço aduaneiro diante da exigência do Imposto 
sobre Produtos Industrializados (desconsidere a exigência de outros tributos). Na 
hipótese em questão, a entidade religiosa está sujeita a tal exigência?A imunidade tributária conferida aos templos religiosos é garantida pela nossa 
Carta Magna, conforme art. 150, VI; e requisitos previstos nos arts. 9º e 14 do CTN. No 
caso em tela, a RFB não autorizou a realização do desembaraço aduaneiro, alegando ser 
devido o recolhimento do IPI. Cumpre ressaltar que o enquadramento de bens 
importados como relacionados aos fins essenciais da entidade religiosa. Para tanto, 
deverá pautar-se em análise objetiva em cada caso concreto, levando-se em 
consideração as finalidades da instituição conforme previstas em seus atos constitutivos, 
a qualidade e quantidade dos bens importados, assim como outros critérios que 
fundamentem a relação com os objetivos inerentes à própria natureza do ente. 
A RFB, por meio de Soluções de Consulta Cosit nº 109, entende que a 
imunidade constitucional para entidades religiosas alcança o IPI vinculado à importação 
e ao Imposto de Importação: 
Solução de Consulta Cosit nº 109, 29/05/2014 
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI 
Ementa: A imunidade religiosa não alcança o IPI incidente sobre bens 
adquiridos no mercado interno, ainda que relacionados com as 
finalidades essenciais da respectiva entidade, visto que o contribuinte 
desse tributo, na espécie, é o industrial ou comerciante que promove a 
saída dos mesmos. Por outro lado, a importação direta de 
equipamentos de audiovisual, promovida pelo ente religioso, para 
transmissão de cultos devocionais pela internet, não se sujeita à 
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incidência do IPI vinculado à importação, vez que, neste caso, o 
importador se apresenta como contribuinte de direito, não havendo 
que se falar em repercussão tributária, tendo em vista a citada 
imunidade religiosa, preconizada pela Constituição. 
Como se não bastasse, o STF, por unanimidade, apreciando o tema 336 da 
repercussão geral, conheceu do recurso extraordinário e deu-lhe provimento, a fim de 
reformar o acórdão recorrido e reconhecer a imunidade tributária da recorrente de II e 
de IPI nas operações de importação tratadas nos presentes autos, nos termos do voto do 
Relator. Foi fixada a seguinte tese: 
“As entidades religiosas podem se caracterizar como instituições de 
assistência social a fim de se beneficiarem da imunidade tributária 
prevista no art. 150, VI, c, da Constituição, que abrangerá não só os 
impostos sobre o seu patrimônio, renda e serviços, mas também os 
impostos sobre a importação de bens a serem utilizados na consecução 
de seus objetivos estatutários”. O Ministro Alexandre de Moraes 
acompanhou o Relator com ressalvas. Falaram: pela recorrente, o Dr. 
Mozart Thomas Branchi Gualtiero; e, pela recorrida, o Dr. Paulo 
Mendes, Procurador da Fazenda Nacional. Plenário, Sessão Virtual de 
11.3.2022 a 18.3.2022. 
Ante o exposto, entendo ser improcedente a exigência do recolhimento do IPI 
como condição para desembaraço da mercadoria importada por templo religioso, tendo 
em vista que o referido ente goza da imunidade tributária prevista na CF, além de 
cumprir todos os requisitos previstos no artigo 9º e 14, do CTN. 
 
8. Nos termos da Constituição Federal (artigo 159, I), cinquenta por cento da 
receita com do IPI deverá ser entregue pela União, sendo 21,5% ao fundo de 
participação dos estados e do Distrito Federal e 22,5% ao Fundo de Participação 
dos Municípios. Como é de conhecimento público, o Governo Federal, por meio do 
Decreto nº 10.979, de 25 de fevereiro de 2022, reduziu as alíquotas de diversos 
produtos. Considerando que essa redução foi feita pelo Poder Executivo, o que 
afeta diretamente a receita dos Estados e dos Municípios, esse decreto pode ser 
declarado inconstitucional em eventual medida ajuizada perante o STF? 
 
O IPI é imposto de competência da União, conforme previsto no art. 153, IV da 
CF/88 e art. 46 do CTN, cabendo a esse ente Político decidir quanto aos seus 
desdobramentos. Além disso, é necessário discorrer sobre a função extrafiscal do IPI. 
Para tanto, vejamos o que leciona Carrazza, 2008: 
“A extrafiscalidade, consiste no uso de instrumentos do Direito 
Tributário – cuja finalidade principal é a arrecadação para os cofres 
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públicos (a que se chama de finalidade fiscal) – com fins diversos, ou 
seja, com fins não-fiscais ou extrafiscais. No caso, o uso extrafiscal 
dos tributos tem por objetivo disciplinar, favorecer ou desestimular os 
contribuintes a realizar determinadas ações, por considerá-las 
convenientes ou nocivas ao interesse público”. 
Dito isso, quando a União aumenta ou diminui o IPI, está utilizando a função 
primária do referido tributo, qual seja o de manter o equilíbrio da economia. 
Contudo, é preciso analisar o impacto da decisão trazida pelo Decreto nº 10.979, 
de 25/02/2022, que reduziu as alíquotas de IPI de diversos produtos, traduzindo-se na 
prática a função extrafiscal do IPI. Um impacto relevante de tal medida foi a redução do 
repasse previsto no art. 151 da CF, o fundo de participação dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios. Tal medida está diretamente ligada ao pacto federativo, 
referente a gestão, arrecadação e distribuição de receitas entre a União, estados e 
municípios. 
Como consequência, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) criticou a 
decisão do governo federal. A entidade afirma que a medida resultará na perda de R$ 
4,8 bilhões em receita para as prefeituras. Alega que o montante representa 40% de um 
mês do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) destinado aos 5.568 municípios 
brasileiros. Segundo a confederação, a perda de receita vai prejudicar ações de custeio e 
investimento nas áreas sociais das prefeituras. O FPM é abastecido com recursos do IPI 
e do Imposto de Renda. O governo federal estima em R$ 19,5 bilhões a renúncia fiscal 
em 2022 com a redução do imposto sobre produtos industrializados. 
No âmbito estadual, o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados 
e do Distrito Federal (Comsefaz), divulgou nota criticando a decisão do governo. Alega 
que a medida vai gerar perda de arrecadação e não deve ter benefício aos consumidores. 
Tal debate resultou na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7153, 
promovida no STF pelo Partido Solidariedade. A alegação de inconstitucionalidade da 
redução de alíquota do IPI prejudica as indústrias da Zona Franca de Manaus, que 
possuem incentivo fiscal para alguns produtos. O Ministro Alexandre de Moraes 
proferiu decisão cautelar suspendendo os efeitos dos Decretos 11.047/2022, 
11.052/2022 e 11.055/2022 no tocante à redução das alíquotas do IPI para os produtos 
fabricados na Zona Franca de Manaus (ZFM) que possuem o Processo Produtivo Básico 
Entendo não haver inconstitucionalidade do referido decreto, tendo em vista que 
a União possui competência sobre o IPI e também pela função extrafiscal do referido 
imposto. Não há que se negar que tal medida resultará em aquecimento da economia 
pela redução no valor final de alguns produtos industrializados, mas em contrapartida, 
impactará diretamente em um repasse menor ao Fundo de Participação dos Estados e 
Municípios. Buscando um equilíbrio entre o incentivo ao mercado e a redução no 
repasse do Fundo de Participação dos Estados e Municípios, entendo ser coerente uma 
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compensação por parte da União. Aqueles entes que comprovarem efetivamente um 
impacto negativo na arrecadação causada pela redução das alíquotas do IPI poderiam 
receber uma compensação por parte da União.

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