Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário VII – Imposto sobre Produtos Industrializados 1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI. Regra-matriz de incidência do IPI: Hipótese: Critério Material: realizar operações com produtos industrializados Critério Espacial: qualquer ponto do território nacional Critério Temporal: o mesmo da saída dos produtos industrializados dos respectivos estabelecimentos industriais. Consequente: Critério pessoal: sujeito ativo: União; sujeito passivo: estabelecimento industrial ou equiparado Critério quantitativo: base de cálculo: valor da operação; alíquota: prevista na tabela do IPI. Segunda regra-matriz de incidência do IPI: Hipótese: Critério material: realizar operações com produtos industrializados estrangeiros / realizar operações de reimportação de produtos industrializados brasileiros Critério espacial: repartições aduaneiras Critério temporal: momento do desembaraço aduaneiro Consequente: Critério pessoal: sujeito ativo: União; sujeito passivo: reimportador Critério quantitativo: base de cálculo: valor da operação; alíquota: prevista na tabela do IPI. Quanto ao IPI na arrematação de produtos de leilões (art. 46, III, CTN): não mencionado como hipótese de incidência no art. 29 do Regulamento do IPI, mas tem-se a regra-matriz da seguinte forma: Hipótese: Critério material: arrematar em leilão produto industrializado apreendido ou abandonado Critério Espacial: lugar do leilão Critério temporal: momento da arrematação Consequente: Critério pessoal: sujeito ativo: União; sujeito passivo: arrematante Critério quantitativo: base de cálculo: valor arrematado; alíquota: porcentagem prevista em lei. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se: a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos com alíquota zero ou imunes? E de operações decorrentes da Zona Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção? Se possíveis estes créditos, como quantificá-los? (Vide anexos I, II e III). Essa discussão já é uma discussão histórica do STF e surge do fato que a constituição federal não prever expressamente a não possibilidade deste creditamento como fez no tocante ao ICMS no art. 155, §2º, inciso II, da CF. Quanto a quantificação, dada ao produto isento, “retirava-se” a isenção, e aplicava-se a alíquota prevista na TIPI para aquele produto. O início da discussão deu-se com produtos provenientes da Zona Franca de Manaus, que segundo o entendimento, poderiam ser creditados. Nesta seara, no julgamento do RE nº 353.668-1/PR, em 18/12/2002 o plenário do STF reconheceu o direito ao aproveitamento do crédito do IPI nas aquisições de insumos sujeitos a isenção e sujeitos à alíquota zero. Entretanto o STF rediscute o tema e veda o direito ao crédito de IPI tanto para produto isento, com alíquota zero ou imunes. Atualmente, retornou-se esta discussão no RE 592891 SP, firmando o entendimento de que em operações decorrentes da Zona Franca de Manaus, há direito ao crédito. Recentemente, também houve entendimento no sentido de que quando vende-se produtos com isenção existe direito ao aproveitamento do crédito. No meu entendimento, deve ser possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos imunes e de operações decorrentes da Zona Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção devido a não-cumulatividade do IPI. Sendo autorizado pelo artigo 11 da lei nº 9.779/99, conforme abaixo transcrito: Art. 11. O saldo credito do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, acumulado em casa trimestre-calendário, decorre de aquisição de matéria- prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei n. 9.430, de 27 de novembro de 1996, observadas normas expedidas pela secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. Nesse sentido, a quantificação dar-se-á a partir dos créditos decorrentes de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização. b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que não são agregados diretamente ao produto final, geram créditos do IPI? E os bens adquiridos para ativo permanente? E os materiais de teste ou protótipos? (Vide anexo IV) Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário O IPI permite o creditamento de tudo o que engloba o processo industrial, permitindo, portanto, o creditamento dos materiais consumidos no processo de produção que não são agregados diretamente ao produto final, que são os chamados créditos financeiros, devido à amplitude do princípio da não-cumulatividade. Entretanto, não permite crédito dos bens adquiridos para ativo permanente, conforme dispõe a súmula 495 do STJ. 3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação da incidência do IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução para efeitos de problemas de classificação fiscal. Com base nessa resposta, comente: Segundo a teoria do Professor Paulo de Barros Carvalho, a tabela de incidência de IPI é segmento de linguagem prescritiva inserta e que se destina a oferecer elementos para a identificação dos produtos alcançados pela percussão do gravame, conferindo-lhes um valor percentual, a título de alíquota, atuando no critério material da hipótese normativa, precisando o complemento do verbo, e no consequente, no critério quantitativo. Desta feita, a relevância da classificação fiscal para fins de incidência de IPI é a verificação da ocorrência da hipótese de incidência, estes produtos estão listados na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), que indica a alíquota aplicável a cada grupo. a) qual a classificação correta para Tablets (se 8471.30.12 ou 8471.3019), justificando com base nos critérios de solução identificados. (Vide anexo VI). Ocorre que, por esta tabela prever alíquotas diferentes para cada grupo de produtos, alguns contribuintes, munidos de má-fé ou não, classificam o produto de forma diversa da sua classificação correta a fim de pagar menos impostos. Quanto à classificação dos Tablets na NCM, temos que a correta é a 8471.30.19, senão vejamos: 84.71: Máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades; leitores magnéticos ou ópticos, máquinas para registrar dados em suporte sob forma codificada, e máquinas para processamento desses dados, não especificadas nem compreendidas noutras posições. 8471.30: Máquinas automáticas para processamento de dados, portáteis, de peso não superio a 10kg, que contenham pelo menos uma unidade central de processamento, um teclado e uma tela (ecrã). 8471.30.1: capazes de funcionar sem fonte externa de energia. 8471.30.11: de peso inferior a 350g, com teclado alfanumético de no mínimo 70 teclas e com uma tela de área não superior a 140 cm2. 8471.30.12: de peso inferior a 3,5 kg, com teclado alfanumérico de no mínimo 70 teclas e com uma tela de área superior a 140 cm2 e inferior a 560 cm2. 8471.30.19: outras. b) Contribuinte sediado no Estado de São Paulo, realiza importação de sabonetes “antiacne”. Sucedendo empasse segundo o qual a ANVISA define a mercadoria como cosmético, e a legislação Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário tributária, à classe dos medicamentos e tratando-se de termo não definido pela Constituição Federal, qual definição deve prevalecer: a fixada pela agência reguladora ou aquela prescrita pela legislação tributária? (Vide Anexo XIV) Deverá prevalecer a definição da ANVISA, que detém capacidade técnico-cientifico para promover a avaliação do produto queenvolvam à saúde pública, não podendo a legislação tributária dispor de forma diversa a fim de arrecadar mais tributos. 4. Que é produto industrializado? O processo de salga do bacalhau constitui aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero modo de conservação para fins de transporte? Em outros termos, o bacalhau (seco e salgado) é tido produto industrializado para fins de incidência do IPI? Caso o bacalhau seja de espécie não contemplada na tabela do IPI (TIPI), mesmo que seja seco, salgado ou em salmoura ou, ainda, defumado, pode-se falar em incidência do IPI? (Vide anexo VII) O conceito de produto industrializado está definido no parágrafo único do art. 46 da CF: “é o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo”. O processo de salga do bacalhau é um processo de industrialização, uma vez que modifica as qualidades naturais do peixe e o aperfeiçoam para consumo, ainda que seja um processo que beneficie a preservação do produto durante o transporte este não é o fim do processo de salga do bacalhau. Neste caso ocorre o processo de industrialização denominado beneficiamento, a que importe em modificar, aperfeiçoar, ou de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto. 5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores podem ser incluídos em sua BC: (i) valores relativos juros das vendas financiadas? (ii) os descontos incondicionais ou de produtos bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) O frete integra o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and freight)? Fundamente suas respostas. A base de cálculo do IPI está definida no art. 47 do CTN: Art. 47. A base de cálculo do imposto é: I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação. (i) valores relativos juros das vendas financiadas: diferentemente do que entende o STJ, entendo que não constitui fato gerador do IPI, portando não devem ser incluídas na base de cálculo do imposto (ii) os descontos incondicionais ou de produtos bonificados: não devem ser incluídas na base de cálculo do imposto, uma vez que não há alteração no valor da operação que decorre a saída da mercadoria (iii) o valor do frete: expressa previsão legal de inclusão à base de cálculo, vide art. 190, §1º. (iii. a) O frete integra o ciclo de produção (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and freight): Não, a clausula FOB “free on board” ocorre quando o produto é retirado por transporte próprio ou de terceiro alugado, não havendo intervenção da indústria e CIF “ cost, insurance and freight”o transporte é realizado pela própria indústria ou empresa coligada. 6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e equipamentos. No meio de seu processo de produção, envia seus produtos a outra empresa, Galvanomix Ltda, para que esta efetue a galvanização desses produtos. Feita a galvanização, os produtos voltam à linha de produção da Tudex, onde esta concluirá seu processo de produção e, posteriormente os venderá aos consumidores finais. Pergunta-se: a atividade realizada pela Galvanomix é uma industrialização por encomenda ou prestação de serviço? Incidirá ISS, IPI ou ISS e IPI? Justifique (vide anexos VIII, IX e X). Quando a obrigação tributária consiste em dar um produto industrializado pelo próprio realizador da operação jurídica, é tributada por IPI. Por sua vez, quando trata-se de uma prestação de serviço, descrita na lista anexa a LC 116/03, é tributada por ISS. A atividade realizada pela Galvanomix de galvanização dos produtos enviados pela Tudex, trata-se de uma industrialização por encomenda, destinadas a integração ou utilização direta em processo de industrialização, nos termos do art. 4º do RIPI. 7. Uma entidade religiosa, devidamente cadastrada nos órgãos competentes como tal, para gozo da imunidade tributária (além de cumprir todos os requisitos previstos no artigo 9º e 14, do Código Tributário Nacional), pretende realizar a importação de bens para uso próprio. Todavia, a Receita Federal do Brasil não autorizou a realização do desembaraço aduaneiro diante da exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (desconsidere a exigência de outros tributos). Na hipótese em questão, a entidade religiosa está sujeita a tal exigência? A imunidade religiosa está prevista no art. 150, VI, b da CF, em que dispõe, em síntese, que as entidades religiosas estão imunes de pagar tributos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados ao proposito religioso. Quanto aos tributos indiretos, o STF entende que Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário quando as igrejas forem o importador (contribuinte) estende-se a imunidade prevista na CF e afasta-se a incidência do imposto. 8. Nos termos da Constituição Federal (artigo 159, I), cinquenta por cento da receita com do IPI deverá ser entregue pela União, sendo 21,5% ao fundo de participação dos estados e do Distrito Federal e 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios. Como é de conhecimento público, o Governo Federal, por meio do Decreto nº 10.979, de 25 de fevereiro de 2022, reduziu as alíquotas de diversos produtos. Considerando que essa redução foi feita pelo Poder Executivo, o que afeta diretamente a receita dos Estados e dos Municípios, esse decreto pode ser declarado inconstitucional em eventual medida ajuizada perante o STF? Não, uma vez que o IPI trata-se de um imposto de caráter extrafiscal, ou seja, não se basta na função precípuo dos tributos de arrecadação, podendo ser utilizados pelo Poder Executivo como reguladores de mercado, o que foi feito no caso ilustrado acima em que o Governo Federal, por meio do Decreto nº 10.979 de 25 de fevereiro de 2022, reduziu as alíquotas de diversos produtos. No caso em tela, percebe-se que o decreto foi criado para abaixar as alíquotas aplicadas nos produtos com o fim de regulação de mercado, o que consequentemente reduziu a arrecadação do Estado no tocante a estes produtos, não foi alterado a porcentagem repassada ao fundo de participação dos estados e do distrito federal, tão pouco ao fundo de participação dos municípios, o que seria inconstitucional. Pós graduanda: Ana Elisa Zambonato Macluf
Compartilhar