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Princípio da Inércia no Processo Civil Empresarial

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Processo Civil 
Empresarial 
 
 
 
 
 
Pós-Graduação “lato sensu” 
Prof. Ival Heckert 
Pós-Graduação “lato sensu” | Cenário Processual em Advocacia Empresarial 
Prof. Ival Heckert 
Pós-Graduação “lato sensu” | Processo Civil Empresarial 
Prof. Ival Heckert 
 
 
 
 
Unidade I 
 
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO 
PROCEDIMENTO 
Aula 3 
 
 
 
DO PROCESSO 
 
Para a devida introdução à ciência do procedimento, é necessário que nos 
debrucemos, inicialmente, sobre algumas NORMAS FUNDAMENTAIS DO 
PROCESSO, que merecem uma “verticalização” de conteúdo, notadamente para o 
EXERCÍCIO DIÁRIO DA ADVOCACIA. 
DO PRINCÍPIO DA INÉRCIA. 
 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte (...), salvo as exceções 
previstas em lei. 
Regra Normativa e Algumas Exceções no CPC 
 
Referido princípio, também conhecido como princípio da demanda, cria a 
inviabilidade, em regra, da instauração de procedimentos judiciais de ofício pelo 
magistrado. 
Segundo dita regra principiológica o processo civil começará por iniciativa da 
parte, não sendo lícito, em regra, que o procedimento tenha início por ato do juiz. 
Percebam, entretanto, que a própria lei processual civil dita a possibilidade de 
exceções, ou seja, situações em que é lícito ao juiz dar início a procedimentos de 
ofício; vamos a alguns exemplos: 
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Prof. Ival Heckert 
 
 
 
 
 
- Restauração de autos (CPC Art. 712. Verificado o desaparecimento 
dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o 
Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração.) 
- Herança Jacente (CPC Art. 738. Nos casos em que a lei considere 
jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá 
imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.) 
- Arrecadação de Bens de Ausente (CPC Art. 744. Declarada a ausência 
nos casos previstos em lei, o juiz mandará arrecadar os bens do ausente e 
nomear-lhes-á curador na forma estabelecida na Seção VI, observando-se o 
disposto em lei.) 
- Conflito de competência (CPC Art. 951. O conflito de competência 
pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo 
juiz.) 
Referida regra não é própria da jurisdição contenciosa, aplicando-se, também, 
aos procedimentos de jurisdição voluntária. 
- Procedimentos de jurisdição voluntária: Art. 720. O procedimento terá 
início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria 
Pública, cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os 
documentos necessários e com a indicação da providência judicial. 
- Justificativa Principiológica 
 
Podemos trazer três vertentes de justificativas que tornam a regra da inércia 
da jurisdição algo que respeita os valores e ditames processuais previstos na 
Constituição Federal: (i) a garantia de um processo conduzido por um juiz imparcial; 
(ii) a liberdade das partes em não instaurar formalmente a lide, evitando 
judicializações indevidas; (iii) a possível busca de meios alternativos e, diante do caso 
concreto, mais eficazes de resolução dos conflitos. 
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DANIEL AMORIM ASSUMPÇÃO NEVES: “Existem três motivos que justificam 
a inércia da jurisdição: (a) o juiz não deve transformar o conflito jurídico em um 
conflito social, ou seja, ainda que exista uma lide jurídica, as partes envolvidas, em 
especial a titular do direito material, podem não pretender, ao menos por hora, 
jurisdicionar tal conflito, mantendo uma convivência social pacífica com o outro 
sujeito. Tudo isso, naturalmente, poderá deixar de existir na hipótese de demanda 
instaurada de ofício pelo juiz; (b) seriam sacrificados os meios alternativos de solução 
dos conflitos, porque a ausência de demanda judicial pode significar que o interessado, 
apesar de pretender resolver o conflito em que está envolvido, prefere fazê-lo longe da 
jurisdição. Com a propositura da demanda de ofício, haveria automaticamente sua 
vinculação à jurisdição; (c) perda da indispensável imparcialidade do juiz, 
considerando-se que um juiz que dá início a um processo de ofício tem a percepção, 
ainda que aparente, de existência do direito, o que o fará pender em favor de uma das 
partes. É natural que, se o juiz, desde o início, desacreditasse na existência do direito 
material violado ou ameaçado, não ingressaria com a demanda de ofício.” [“Novo 
Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo”. Salvador: 
JusPodium, 2016, pág. 5] 
Princípio da inércia e a limitação da atuação jurisdicional 
 
Importante salientar que o princípio da inércia (princípio da demanda) 
também limita a atuação jurisdicional do Estado, não sendo lícito ao juiz conceder 
ao demandante aquilo que não foi por ele solicitado. 
CPC 
 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem 
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi 
demandado. 
 
Claro que essa limitação não atinge aquilo que chamamos de “pedidos 
implícitos” ou “pedidos indiretos”, bem como eventuais outras matérias de ordem 
pública que devem ser conhecidas de ofício: 
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CPC 
 
Art. 322. O pedido deve ser certo. 
 
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as 
verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. 
 
Alguns julgados do STJ: 
 
A explicitação do modo em que a correção monetária deverá incidir feita em reexame de 
ofício não caracteriza reformatio in pejus contra a Fazenda Pública, tampouco ofende o 
princípio da inércia da jurisdição. A propósito: AgRg no REsp 1.291.244/RJ, Rel. 
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 5.3.2013; e AgRg no REsp 
1.440.244/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 10.10.2014. [STJ - 
REsp 1781992 / MG - Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN - SEGUNDA 
TURMA - DJe 23/04/2019] 
 
O pronunciamento de ofício pelo Tribunal acerca de juros legais e de mora, bem como 
sobre correção monetária, não contraria o princípio da inércia da jurisdição, uma vez 
que a jurisprudência desta Corte entende que tais matérias são ordem pública, que, 
portanto, podem ser conhecidas de ofício pelo Juízo, independentemente de alegação 
das partes. [STJ - AgRg no AREsp 564676 / MS - Relator(a) Ministro LUIS 
FELIPE SALOMÃO - QUARTA TURMA - DJe 08/09/2015] 
 
PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL 
 
Art. 2º O processo (...) se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções 
previstas em lei. 
Uma visão conceitual simples 
 
Uma vez que a parte deu início ao processo, com a retirada da jurisdição da 
inércia, competirá ao próprio juiz determinar a prática dos atos processuais, 
conduzindo o processo ao seu objetivo final. Há situações que o impulso processual 
surgirá por ato dos auxiliares da justiça, notadamente na prática dos chamados atos 
ordinatórios. 
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Permissivo constitucional para a delegação de atos ordinátórios 
 
A Emenda Constitucional n. 45, de 2004, incluiu na CF o permissivo necessário 
para que os servidores recebessem, por delegação, a possibilidade de praticarem atos 
de mero expediente sem caráter decisório 
CF 
 
Art. 93. (...) 
 
(...) 
 
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e 
atos de mero expediente sem caráter decisório; 
 
Referido permissivo impacta de forma expressiva o tempo do processo, 
criando a possibilidade dos atos de mero expediente do procedimento serem 
praticados pelos servidores de ofício, sem a necessidade de despachos do 
magistrados. 
Legislação infraconstitucional sobre atos ordinatórios 
 
Podemos conceituar, portanto, os atos ordinatórios como aqueles que são 
praticados de ofício pelo servidor, sema necessidade de despacho do juiz, 
notadamente atos ligados ao regular andamento do procedimento, de natureza 
formal e sem caráter decisório. 
CPC: 
 
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: 
(...) 
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. 
 
§ 1o O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no 
inciso VI. 
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(...) 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
(...) 
 
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, 
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo 
juiz quando necessário. 
 
Lícito, também, que os tribunais, em normas internas, passem a determinar 
atos ordinatórios, com o objetivo de uniformizar o andamento procedimental. Um 
grande exemplo é o Provimento 355/2018 da Corregedoria-Geral de Justiça do 
TJMG: 
Art. 63. O ato ordinatório consiste na movimentação processual praticada de 
ofício pelos servidores da unidade judiciária, sob a responsabilidade do gerente de 
secretaria e supervisão do juiz de direito, independentemente de despacho, visando: 
I - regularizar a tramitação e promover o andamento dos processos; 
 
II - desburocratizar atividades e evitar retrabalhos ou trabalhos desnecessários; 
III - garantir efetividade na prestação jurisdicional. 
Parágrafo único. O ato ordinatório será certificado nos autos e poderá ser 
revisto pelo juiz de direito, de ofício ou por provocação. 
Art. 64. Os servidores das unidades judiciárias deverão praticar os seguintes 
atos ordinatórios: 
I - em face da petição inicial, intimar o autor para: 
 
a) fornecer cópias da petição inicial necessárias para a citação dos réus, nos 
processos que tramitam em meio físico, salvo nas ações em que a parte seja 
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representada pela Defensoria Pública, cujas cópias serão providenciadas pela secretaria 
da unidade judiciária; 
b) subscrever a petição inicial quando apócrifa; 
 
c) apresentar o instrumento do mandato conferido ao advogado, ressalvadas as 
hipóteses legais; 
d) efetuar o preparo quando a inicial não vier acompanhada do comprovante do 
recolhimento das custas e da verba indenizatória do oficial de justiça, caso devidas; 
e) indicar o valor da causa; 
 
f) indicar o estado civil, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - 
CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ, o endereço eletrônico, a 
profissão do autor e outros requisitos objetivos e formais da petição inicial, em caso de 
omissão; 
g) esclarecer divergência entre a qualificação constante na petição inicial e os 
documentos que a instruem; 
II - em face da resposta do réu, exceto no Sistema dos Juizados Especiais: 
(...) 
Da irrecorribilidade dos atos ordinatórios 
 
Os despachos, e consequentemente os atos ordinatórios, são manifestações 
irrecorríveis, já que não são considerados decisões judiciais. 
CPC: 
 
Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. 
 
O despacho que determina a intimação da parte recorrente para realizar o recolhimento 
do preparo, em conformidade com o art. 1.007, § 4º, CPC/2015, não é ato decisório 
passível de ser atacado por meio de recurso, já que a sua natureza jurídica é de mero 
impulso oficial, e não de decisão, a teor do que dispõe o art. 1.001 do CPC/2015 [STJ - 
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AgInt no AREsp 1398132 / PE - Relator(a) Ministro BENEDITO GONÇALVES 
- PRIMEIRA TURMA - DJe 20/11/2019] 
 
O ato judicial que determina a intimação da parte recorrente para regularizar o 
preparo, nos termos do art. 1.007, §§ 2o. e 4o. do Código Fux, tem natureza jurídica de 
despacho de mero impulso oficial, e não de decisão, não sendo assim recorrível, a teor 
do que dispõe o art. 1.001 do mesmo diploma processual, segundo o qual dos 
despachos não cabe recurso. [STJ - AgInt no REsp 1805772 / PA - Relator(a) 
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - PRIMEIRA TURMA - DJe 
19/11/2019] 
 
Nos termos da legislação processual civil, assim como prelecionado pela doutrina, 
porque destituído de conteúdo decisório, revelando-se, por conseguinte, insuscetível de 
causar gravame às partes, é inadmissível a interposição de recurso contra despacho de 
mero expediente. [STJ - AgInt nos EDcl no REsp 1686382 / SP - Relator(a) 
Ministro MARCO BUZZI - QUARTA TURMA - DJe 12/11/2019] 
 
Da relativização do princípio do impulso oficial 
 
Não podemos afirmar, entretanto, que esse princípio é absoluto, existindo 
situações em que o correto andamento processual depende de atos a serem 
praticados pelas partes. 
NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY: “Uma vez 
iniciado o processo, o processo se desenvolve por impulso oficial, isto é, por atos do juiz 
e dos auxiliares da justiça. Há, contudo, atos que devem ser praticados pelas partes ou 
que exigem sua provocação. Nestes casos, se a parte não der andamento ao processo, 
praticando ato cuja iniciativa lhe competia, ocorre a contumácia, que, se for do autor, 
pode ensejar a extinção do processo sem resolução do mérito.” [“Comentários ao 
Código de Processo Civil”. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, pág. 187] 
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No tocante às situações de exceção, em que o andamento processual 
dependerá de ato de solicitação da(s) parte(s), podemos dividi-los em: (a) situações 
de não cooperação; (b) situações de ordem econômica. Vejamos exemplos: 
- não cooperação 
 
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade 
da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará 
prazo razoável para que seja sanado o vício. 
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na 
instância originária: 
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; 
(...) 
Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu 
advogado constituirá, no mesmo ato, outro que assuma o patrocínio da 
causa. 
Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador no 
prazo de 15 (quinze) dias, observar-se-á o disposto no art. 76. 
Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer 
tempo, provando, na forma prevista neste Código, que comunicou a 
renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor. 
§ 1o Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a 
representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo 
§ 2o Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a 
procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte continuar 
representada por outro, apesar da renúncia. 
(...) 
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Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os 
requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e 
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, 
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a 
complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou 
completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz 
indeferirá a petição inicial. 
(...) 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
(...) 
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por 
negligência das partes; 
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, 
o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
- situações econômicas 
 
Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do 
Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de processo 
prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de 
advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no 
Brasil bens imóveisque lhes assegurem o pagamento. 
(...) 
 
Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que 
revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de todas as 
despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as relativas ao 
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recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo 
de aplicação das sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será 
extinto sem resolução de mérito, tratando-se do autor, e, nos demais 
casos, não poderá ser deferida a realização de nenhum ato ou diligência 
requerida pela parte enquanto não efetuado o depósito. 
(...) 
 
Art. 290. Será cancelada a distribuição do feito se a parte, 
intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das 
custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias. 
 
 
 
DO PROCEDIMENTO 
 
Delimitados acima dois dos princípios nitidamente ligados a propositura das 
demandas cognitivas e ligados, também, ao desenvolvimento do procedimento, 
devemos observar que todo processo se inicia com a apresentação da petição inicial 
 
 
 
DA PETIÇÃO INICIAL 
 
Ato formal devidamente regulado em lei representa ela, petição inicial, o ato 
da parte suficiente para retirar a jurisdição da inércia que se encontra, carregando 
esse ato a pretensão material e processual externada pelo autor. 
Como ato formal que é tem a sua devida regulação legal, notadamente nos 
artigos 319 e 320 do código de processo civil. 
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Dos requisitos legais, destacamos alguns: 
 
A – Nominação das partes e devida qualificação 
 
Além da apresentação ao juízo competente, torna-se necessário que ela, 
petição inicial, indique quem seriam as partes legítimas (autor e réu) apresentando as 
suas qualificações. Destacamos entre os elementos de qualificação das partes o inciso 
II, do artigo 319, CPC: o endereço das partes, inclusive o endereço eletrônico. 
Um dos grandes problemas enfrentados pela advocacia, muitas vezes, é da 
parte autora não possuir todos os dados de identificação e qualificação do réu, 
inclusive o seu correto endereço. 
Um dos embates sempre travados entre a advocacia e o poder judiciário (e 
equacionado pelo CPC/2015) é, justamente a busca de dados cadastrais necessários 
para o devido ato citatório daquele que é o réu no processo. 
Em evolução a atual lei processual delimita nos parágrafos do artigo 319, que é 
sim função e obrigação do Estado, que é função do poder judiciário e, claro, do 
magistrado disponibilizar às partes os meios necessários para que se obtenha os 
elementos cadastrais do réu, viabilizando a sua devida citação. 
Não é obrigação da parte apresentar o endereço quando ela, parte, não dispõe 
desse dado; é sim função do poder judiciário, na medida em que a atividade 
jurisdicional é uma atividade substitutiva. Novamente, basta uma leitura dos 
parágrafos do art. 319 para que essa questão seja devidamente verificada. 
B – Da opção pela autocomposição 
 
Um dos princípios basilares do atual direito processual é o princípio da 
autocomposição. Em razão disso a lei (CPC, 319, VII) estabelece que o autor deverá, 
na petição inicial, externar ter ou não interesse na audiência para uma tentativa de 
autocomposição. 
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Assim, é necessário, também que, uma maior análise desse princípio; na 
verdade, é necessária PARA A ADVOCACIA ATUAL, a devida análise do art. 3º do 
CPC em sua integralidade e interfases com o processo como um todo. 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos 
conflitos. 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros 
do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
 
 
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO 
 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
 
Referido princípio deriva da própria constituição federal: 
 
Art. 5º (...) 
 
(...) 
 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
 
NELSON NERY JÚNIOR: “Embora o destinatário principal dessa norma seja o 
legislador, o comando constitucional atinge a todos indistintamente, vale dizer, não 
pode o legislador nem ninguém mais impedir que o jurisdicionado vá a juízo deduzir 
pretensão. (...) Isto quer dizer que todos têm acesso à justiça para postular tutela 
jurisdicional preventiva ou reparatória relativamente a um direito. Estão aqui 
contemplados não só os direitos individuais, como também os direitos difusos e 
coletivos.” [“Princípios do Processo na Constituição Federal”. 12ª ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, págs. 208 e 209] 
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Não podemos, entretanto, limitar a visão conceituação do princípio da 
inafastabilidade somente no seu aspecto formal. A essência do princípio não reside, 
apenas, no permissivo do cidadão ter acesso à atividade jurisdicional do Estado 
levando sua pretensão. 
DANIEL AMORIM ASSUMPÇÃO NEVES: “Trata-se de um sistema processual 
fundado em quatro vigas mestras voltado a tornar concreta a promessa constitucional 
que também está prevista no art. 3º, caput, do Novo CPC: (a) amplo acesso ao 
processo, em especial para os hipossuficientes econômicos e para os direitos 
transindividuais; (b) ampla participação e efetiva influência no convencimento do juiz, 
que serão obtidas com a adoção do contraditório real e do princípio da cooperação; (c) 
decisão com justiça, com aplicação da lei sempre levando-se em consideração os 
princípios constitucionais de justiça e direitos fundamentais; e (d) eficácia da decisão, o 
que se obtém com um processo mais célere, com a tutela de urgência, com sanções pelo 
descumprimento e com a adoção de formas executivas indiretas e de sub-rogação, 
inclusive atípicas.” [“Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por 
Artigo”. Salvador: JusPodium, 2016, págs. 6-7] 
 
 
 
SOBRE A ARBITRAGEM 
 
Art. 3º (...) 
 
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
 
A inafastabilidade da jurisdição, por seu turno, não exclui a possibilidade das 
partes, de comum acordo, nos limites da lei, optarem por submeter a relação material 
litigiosa à resolução através de um procedimento arbitral. 
E qual é o limite da lei? – No âmbito do privado exige-se os seguintes fatores: 
(i) que a relação jurídico material se desenvolva entre pessoas capazes; (ii) a livre e 
válida exteriorização de vontade para submissão de eventual lide ao regime do 
procedimento arbitral; (iii) que o direito material controvertido seja direito 
patrimonial; e (iv) a disponibilidade desse direito. 
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LEI 9.307/1996 
 
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para 
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem 
para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (Incluído pela Lei 
nº 13.129, de 2015). 
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para 
a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou 
transações. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015). 
 
Avanço no procedimento arbitral passa a ser a lei expressamente permitir que 
a administração pública direta e indireta, possa se valer da arbitragem para resolver 
eventuais conflitos, desde que versem sobre,também, direitos patrimoniais 
disponíveis; ou seja, os critérios exigidos dos particulares para a adoção da 
arbitragem como meio de solução do conflito, também se estendem à administração 
pública. 
Entretanto podemos afirmar que a doutrina e a jurisprudência, antes mesmo 
da inserção dos parágrafos 1º e 2º no art. 1º da Lei de Arbitragem, já permitiam, à 
administração pública, por livre disposição e nos limites da lei 9.307/1996, submeter 
direitos litigiosos à solução pelo procedimento arbitral. 
6. A doutrina do tema sustenta a legalidade da submissão do Poder Público ao juízo 
arbitral, calcado em precedente do E. STF, in litteris: "Esse fenômeno, até certo ponto 
paradoxal, pode encontrar inúmeras explicações, e uma delas pode ser o erro, muito 
comum de relacionar a indisponibilidade de direitos a tudo quanto se puder associar, 
ainda que ligeiramente, à Administração." Um pesquisador atento e diligente poderá 
facilmente verificar que não existe qualquer razão que inviabilize o uso dos tribunais 
arbitrais por agentes do Estado. Aliás, os anais do STF dão conta de precedente muito 
expressivo, conhecido como 'caso Lage', no qual a própria União submeteu-se a um 
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juízo arbitral para resolver questão pendente com a Organização Lage, constituída de 
empresas privadas que se dedicassem a navegação, estaleiros e portos. A decisão nesse 
caso unanimemente proferida pelo Plenário do STF é de extrema importância porque 
reconheceu especificamente 'a legalidade do juízo arbitral, que o nosso direito sempre 
admitiu e consagrou, até mesmo nas causas contra a Fazenda.' Esse acórdão encampou 
a tese defendida em parecer da lavra do eminente Castro Nunes e fez honra a acórdão 
anterior, relatado pela autorizada pena do Min, Amaral Santos. Não só o uso da 
arbitragem não é defeso aos agentes da administração, como, antes é recomendável, 
posto que privilegia o interesse público." (in "Da Arbitrabilidade de Litígios 
Envolvendo Sociedades de Economia Mista e da Interpretação de Cláusula 
Compromissória", publicado na Revista de Direito Bancário do Mercado de Capitais e 
da Arbitragem, , Editora Revista dos Tribunais, Ano 5, outubro - dezembro de 2002, 
coordenada por Arnold Wald, esclarece às páginas 398/399).” [STJ - MS 11308 - 
Relator(a) Ministro LUIZ FUX - PRIMEIRA SEÇÃO - DJe 19/05/2008] 
 
Reforçando a importância moderna não apenas do princípio da 
autocomposição, mas também, da utilização de meios outros que não a atividade 
jurisdicional do Estado, destacamos o julgado abaixo: 
V - O CPC/2015 trouxe nova disciplina para o processo judicial, exortando a 
utilização dos meios alternativos de solução de controvérsia, razão pela qual a 
solução consensual configura dever do Estado, que deverá promovê-la e incentivá-la 
(art. 3º, §§ 1º e 2º). A parte tem direito de optar pela arbitragem, na forma da lei (art. 
42). VI - A Lei n. 13.129/15 introduziu no regime jurídico da arbitragem importantes 
inovações, com destaque para os princípios da competência-competência, da 
autonomia da vontade e da cláusula compromissória (arts. 1º, 3º e 8º, parágrafo 
único). VII - No âmbito da Administração Pública, desde a Lei n. 8.987/95, 
denominada Lei Geral das Concessões e Permissões de Serviços Públicos, com a 
redação dada pela Lei n. 11.196/05, há previsão expressa de que o contrato poderá 
dispor sobre o emprego de mecanismos privados para resolução de conflitos, 
inclusive a arbitragem. No mesmo sentido a Lei n. 9.478/97, que regula a 
política energética nacional, as atividades relativas à extração de petróleo e a 
instituição da ANP (art. 43, X) e a Lei n. 13.129/15, que acresceu os §§ 1º e 2º, ao art. 
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1º da Lei n. 9.307/96, quanto à utilização da arbitragem pela Administração Pública. 
VIII - A jurisdição estatal decorre do monopólio do Estado de impor regras aos 
particulares, por meio de sua autoridade, consoante princípio da inafastabilidade 
do controle judicial (art. 5º, XXXV, da Constituição da República), enquanto a 
jurisdição arbitral emana da vontade dos contratantes. IX - A jurisdição arbitral 
precede a jurisdição estatal, incumbindo àquela deliberar sobre os limites de suas 
atribuições, previamente a qualquer outro órgão julgador (princípio da 
competência-competência), bem como sobre as questões relativas à existência, à 
validade e à eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a 
cláusula compromissória (arts. 8º e 20, da Lei n. 9.307/96, com a redação dada pela 
Lei n. 13.129/15). X - Convivência harmônica do direito patrimonial disponível 
da Administração Pública com o princípio da indisponibilidade do interesse 
público. A Administração Pública, ao recorrer à arbitragem para solucionar litígios 
que tenham por objeto direitos patrimoniais disponíveis, atende ao interesse 
público, preservando a boa-fé dos atos praticados pela Administração Pública, em 
homenagem ao princípio da segurança jurídica. [CC 139519 / RJ - Relator(a) 
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - Relator(a) p/ Acórdão 
Ministra REGINA HELENA COSTA - PRIMEIRA SEÇÃO - DJe 10/11/2017] 
 
 
 
A ARBITRAGEM NOS CONTRATOS DE ADESÃO E NO DIREITO DO 
CONSUMIDOR 
 
Tema que merece destaque, e que apresentamos da análise do julgado abaixo: 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO 
CONTRATUAL CUMULADA COM REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS 
E COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. PREQUESTIONAMENTO. 
AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM. 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. CONTRATO 
DE ADESÃO. 1. Ação ajuizada em 05/03/2012. Recurso especial concluso ao 
gabinete em 26/09/2016. Julgamento: CPC/73. 2. O propósito recursal é definir 
se é válida cláusula compromissória arbitral inserida em contrato de adesão, 
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notadamente quando há relação de consumo, qual seja, a compra e venda de imóvel 
residencial. 3. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pela 
recorrente em suas razões recursais impede o conhecimento do recurso especial. 4. 
Com a promulgação da Lei de Arbitragem, passaram a conviver, em harmonia, três 
regramentos de diferentes graus de especificidade: (i) a regra geral, que obriga a 
observância da arbitragem quando pactuada pelas partes, com derrogação da 
jurisdição estatal; (ii) a regra específica, contida no art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96 e 
aplicável a contratos de adesão genéricos, que restringe a eficácia da cláusula 
compromissória; e (iii) a regra ainda mais específica, contida no art. 51, VII, do CDC, 
incidente sobre contratos derivados de relação de consumo, sejam eles de adesão ou 
não, impondo a nulidade de cláusula que determine a utilização compulsória da 
arbitragem, ainda que satisfeitos os requisitos do art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96. 5. 
O art. 51, VII, do CDC limita-se a vedar a adoção prévia e compulsória da 
arbitragem, no momento da celebração do contrato, mas não impede que, 
posteriormente, diante de eventual litígio, havendo consenso entre as partes (em 
especial a aquiescência do consumidor), seja instaurado o procedimento arbitral. 6. Na 
hipótese sob julgamento, a atitude da recorrente (consumidora) de promover o 
ajuizamento da ação principal perante o juízo estatal evidencia, ainda que de forma 
implícita, a sua discordância em submeter-se ao procedimento arbitral, não podendo, 
pois, nos termos do art. 51, VII, do CDC, prevalecer a cláusula que impõe a sua 
utilização, visto ter-se dado de forma compulsória. 7. Recurso especial parcialmente 
conhecido e, nesta parte, provido. [STJ - REsp 1628819 / MG - Relator(a) Ministra 
NANCY ANDRIGHI - TERCEIRA TURMA - DJe 15/03/2018] 
PRINCÍPIO DA AUTOCOMPOSIÇÃO 
Art. 3º (...) 
 
(...) 
 
§ 2º O Estado promoverá,sempre que possível, a solução consensual 
dos conflitos. 
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Um dos preceitos básicos do direito processual atual, o princípio da 
autocomposição passa a ser linha mestra adotada pelo CPC/2015, devendo dito 
princípio reger a forma interpretativa da lei processual atual. 
Viemos de uma “escola” onde a atuação do estado para a resolução das 
situações litigiosas era a regra, ou seja, fomos “educados “ a pensar que a função 
maior do processo era de permitir ao Estado resolver a situação litigiosa de forma 
imperativa, afirmando (ou não) a existência de determinado direito de um cidadão 
em face de outro. Hoje, primariamente, o processo é um mecanismo dado ao Estado 
para a tentativa de aproximar as partes, para que elas, diante dos mecanismos 
próprios, atinjam por ato de vontade a solução do conflito, só atuando o Estado-Juiz 
de forma impositiva na afirmação do direito secundariamente, caso as partes não 
cheguem a um bom termo ou nas hipóteses em que a autocomposição não seria 
permitida. 
Necessária a percepção da mudança de paradigma, deixando o processo de 
ser, primariamente, o meio pelo qual o Estado, de forma impositiva, declarava, 
diante de uma situação litigiosa, a existência (ou não) de um direito, para ser visto, 
primariamente, como o meio pelo qual o Estado tentará resolver a lide por técnicas 
autocompositivas. 
Alguns dispositivos do CPC que demonstram a quebra paradigmática acima 
delineada: 
Art. 90. (...) 
 
§ 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, 
estas serão divididas igualmente. 
§ 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do 
pagamento das custas processuais remanescentes, se houver. 
§ 4º Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir 
integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade. 
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(...) 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
(...) 
 
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com 
auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; 
(...) 
 
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça: 
 
(...) 
 
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por 
qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber. 
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso 
VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 
(cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio 
como recusa. 
(...) 
 
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de 
conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação 
e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a 
autocomposição. 
(...) 
 
Art. 221. (...) 
 
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa 
instituído pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos 
tribunais especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos. 
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(...) 
 
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso 
de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de 
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com 
pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. 
(...) 
 
§ 4º A audiência não será realizada: 
 
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição 
consensual; 
II - quando não se admitir a autocomposição. 
(...) 
Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a 
solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais 
de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação. 
Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a 
suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou 
a atendimento multidisciplinar. 
 
 
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O PRINCÍPIO DA AUTOCOMPOSIÇÃO 
 
Seguindo a linha já trilhada, das situações autocompositivas e dos meios 
alternativos de resolução dos conflitos, serem a tendência moderna de solução dos 
litígios, inclusive quando envolve a administração pública, trazemos o julgado 
abaixo para análise: 
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INICIATIVA DO ESTADO DE REDUZIR DEMANDAS - A BUSCA PELA 
CONCILIAÇÃO...13. Ademais, é fato notório que a presença do Estado é 
desproporcional nas lides trazidas ao Poder Judiciário. Em março de 2011, o 
Conselho Nacional de Justiça elaborou a lista com os 100 (cem) maiores litigantes e, 
quanto à Justiça Federal, apontou que o INSS respondia por 22,33% de todos os 
processos examinados, seguido por outros entes ligados à Administração Pública 
(Caixa Econômica Federal, União, Banco do Brasil e Estado do Rio Grande do Sul). 
Todos esses entes estão presentes em 53,73% .14. Vive-se um tempo em que é 
imperativo repensar o modo excessivamente litigioso de resolução das 
controvérsias. Na elaboração do Anteprojeto de Código de Processo Civil, deixou-se 
expressa a linha de trabalho a ser adotada: resolver problemas. Isso equivale, no dizer 
da exposição de motivos, a "deixar de ver o processo como teoria descomprometida 
de sua natureza fundamental de método de resolução de conflitos, por meio do qual 
se realizam valores constitucionais".A EXISTÊNCIA DE NORMA ESCRITA É 
PRESSUPOSTO PARA A CONCILIAÇÃO 15. Não há melhor forma de resolver 
conflitos do que aquela oriunda das próprias partes. A conciliação entre partes em 
conflito é a forma mais legítima de pacificação, pois nela há a presença insofismável 
do consenso.16. Nessa linha de pensamento, não se olvida que o Poder Público pode 
buscar e realizar medidas consensuais, como se observa nos textos das Leis 
9.469/1997 (acordo) e 13.140/2015 (mediação), mas é necessário autorização expressa 
do órgão competente, que normalmente é o órgão máximo da estrutura 
administrativa, o qual deve fixar objetivamente as balizas da transação, evitando, 
assim, violações aos princípios da isonomia e da impessoalidade.17. Desse modo, 
sempre que houver movimento direcionado à realização de acordos pelo Poder Público 
haverá atos normativos que lhe darão suporte e limites. Tais atos não devem, pois, ser 
interpretados como reconhecimento de direito, mas como meios de viabilizar a 
pacificação de uma controvérsia, ainda que o Estado não a reconheça, como no caso 
concreto, em que a medida somente teve lugar, conforme Exposição de Motivos, 
diante da jurisprudência desfavorável e da dificuldade financeira verificada. [STJ - 
REsp 1670907 / RS - Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN - SEGUNDA 
TURMA - DJe 06/11/2019] 
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O ESTÍMULO À AUTOCOMPOSIÇÃO 
 
Art. 3º (...) 
 
(...) 
 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução 
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, 
defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial. 
Na visão da lei processual antiga (CPC/73) tinha o juiz o “dever” da tentativa 
de conciliação das partes, quando, por exemplo, aberta a audiência de instrução e 
julgamento, ele conclamava as partes a uma possível conciliação. Na verdade, 
colocando os olhos na realidade, o que sempre ocorreu no CPC/73 era um arremedo 
de técnica conciliatória. 
Hoje, com a adoção da autocomposição como meio primário de resolução dos 
conflitos dentro da esfera jurisdicional,possamos a ter uma efetiva busca pelo acordo 
de vontades para colocar fim à lide, sendo que não fica apenas a cargo do magistrado 
estimular as partes à autocomposição. 
NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY: “No 
CPC/1973, apenas o juiz tinha o estrito dever de promover e estimular a conciliação 
das partes. Todavia, esse dever, por imperativo ético, também se estende a todo e 
qualquer operador do direito envolvido em determinado feito. A solução deve ser o 
mais harmônica possível para todas as partes, e apenas em caso de grave desacordo 
deve ser depositada sobre os ombros do juiz – isso contribui para um maior grau de 
satisfação das partes e maior celeridade na distribuição da justiça.” [“Comentários ao 
Código de Processo Civil”. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, pág. 192] 
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Vale a leitura e discussão do julgado abaixo, oriundo do STJ, onde destacamos 
a primazia do princípio da autocomposição e sua incidência, mesmo depois da causa 
já julgada em 2a instância e mesmo com recurso especial inadmitido: 
II - Na origem, trata-se de ação civil pública promovida pela Defensoria Pública. 
Alega-se, em síntese, que o município demandado anulou, de forma indevida, o 
concurso público realizado em 2012 (Edital n. 1/2012). Na sentença, julgou-se 
parcialmente procedente o pedido para decretar a nulidade do decreto que anulou o 
concurso restabelecendo os efeitos do decreto que homologou o resultado do concurso e 
determinando a nomeação dos aprovados e a exoneração de servidores não 
concursados.III - No Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, a sentença foi 
reformada para julgar totalmente improcedente o pedido da parte autora. Negou-se 
seguimento ao recurso especial. Nesta Corte não se conheceu do agravo em recurso 
especial. A petição de acordo foi juntada aos autos antes do julgamento dos embargos 
de declaração por esta Segunda Turma, razão pela qual é de rigor a sua apreciação.IV - 
No caso dos autos, a Defensoria Pública estadual juntou transação realizada com o 
Prefeito e o Procurador Municipal, em que ficou consignado: (...)V - O Código de 
Processo Civil de 2015 dispensou especial tratamento, pelo Poder Judiciário, da 
solução consensual de conflitos. Nesta medida, determina o art. 3º, § 3º, do Código, 
que a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos 
deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do 
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. VI - Assim, deve ser 
homologada a transação para que gere os efeitos previstos no art. 487, III, b, do 
CPC/2015.VII - Embargos de declaração acolhidos para sanar a omissão e considerar 
homologado o acordo juntado com a petição de fls. 1.017-1.020. [STJ - EDcl nos EDcl 
no AgInt no AREsp 1345423 / AL - Relator(a) Ministro FRANCISCO FALCÃO - 
SEGUNDA TURMA - DJe 23/08/2019]

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