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ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA SÍNTESE DE PAREDE • Compreender o uso clínico dos principais antibióticos, baseado nos diferentes mecanismos de ação e empregabilidade clínica • Compreender a farmacodinâmica, farmacocinética, bem como efeitos colaterais e interações medicamentosas destes fármacos • Quais as principais classes de fármacos inibidores da síntese de parede? Exemplifique com os respectivos fármacos. • Explique a vantagem da associação entre amoxicilina e clavulanato. • Quais as principais diferenças entre cefalosporinas de primeira e quarta geração? • Quais os principais efeitos colaterais associados ao uso de vancomicina, e quais cuidados se deve ter durante seu uso? OBJETIVOS QUESTÕES NORTEADORAS Bibliografias recomendadas Capítulo 20 – Princípios gerais no uso de antibacterianos Capítulos 50 e 51 – Princípios básicos da quimioterapia antimicrobiana e Fármacos antibacterianos BACTÉRIAS Bactérias de importância clínica N. meningitidis C. botulium; C. difficile Bactérias de importância clínica Antibióticos - Histórico Dogmak sintetizou o Prontosil (pró-fármaco) metabolizado em sulfanilamida 1928 Alexander Fleming e a penicilina: Ação inibitória do Penicillium notatum 1941 Uso da penicilina em humanos. 1945-1960 A era dos antibióticos -“Golden age” Cart. Florey, Chain e col. demonstraram que a Penicilina não era tóxica. 1940 Paul Ehrlich – “salvarsan” Arsênico na Sífilis 1909 1936 Sec. XXI • BACTERICIDAS: Agem matando os microrganismos • BACTERIOSTÁTICOS: Agem inibindo o crescimento dos microrganismos. Tipos de Antibióticos ▪ Atividade concentração dependente – quanto > [ ] plasmática > taxa de erradicação. Ex. aminoglicosídeos, fluorquinolonas. ▪ Atividade tempo dependente – quanto + tempo a [ ] plasmática fica acima da concentração inibitória mínima, + eficaz é o fármaco. Ex. beta-lactâmicos, macrolídeos e glicopeptídeos BACTERICIDAS BACTERIOSTÁTICOS Reduzem o número de microrganismos viáveis: erradicação da infecção depende menos do hospedeiro; Ex. Beta-lactâmicos Impedem o crescimento dos microrganismos: depende mais do hospedeiro sua erradicação; Ex. Tetraciclinas Tratamento mais rápido; Tratamento mais lento; ”Efeito pós-antibiótico”; ex: penicilina liga-se irreversivelmente à enzima ligadora de penicilina. Necessária manutenção de concentrações inibitórias durante todo o tratamento De escolha nas infecções graves Tipos de Antibióticos Conceitos sobre terapia com antibióticos - Tratamento empírico – uso inicial baseado nos agentes mais prevalentes sem ainda identificação. Diminuir assim que possível - Tratamento específico – após identificação do agente ou quando a manifestação clínica é característica do microrganismo - Profilaxia – pode causar resistência ou diminuir suscetibilidade. Usado em cirurgias contaminadas (colorretal, apendicectomia), cirurgias eletivas como cardíaca, torácica, vascular, neurológica, odontológica. Mais usados cefazolina e amoxicilina - Espectro estreito – Atuam somente em um grupo único ou limitado. Ex. isoniazida em Mycobacterium tuberculosis - Espectro estendido - eficazes contra Gram-positivos e um grande número de Gram-negativos. Ex. ampicilina, amoxicilina - Amplo espectro – Atuam sobre uma variedade muito grande de espécies, mas podem alterar a microbiota e causar superinfecções (Clostridium difficile). Ex. tetraciclinas, fluorquinolonas, carbapenêmicos De acordo com a Organização Mundial de Saúde (Nairóbi, Quênia, 1985), entende-se que há uso racional de medicamentos quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS Microorganismos recorrentes x localização Bactericida ou bacteriostático Espectro bacteriano: preferência por espectro estreito (menor efeito na microbiota) Esquema posológico Via de administração Idade ESCOLHA DOS ANTIMICROBIANOS CIM = concentração inibitória mínima CBM = concentração bactericida mínima Mecanismos de resistência bacteriana 1. Intrínseca – naturalmente resistentes. Ex Mycoplasma à beta-lactâmicos 2. Adquirida – desenvolvimento de mecanismos frente a exposição contínua Alteração das proteínas ligadoras de penicilina gerou resistência aos beta-lactâmicos Alteração nas porinas Espessamento da parede celular = resistência a β-lactâmicos Proteínas que promovem efluxo do fármaco = tetraciclinas β-lactamase Amento da produção de PABA = sulfonamidas Revista Fapesp https://agencia.fapesp.br/estudo-elucida-mecanismo-que-torna-as-bacterias-mais-resistentes-a-antibioticos/23327/ Classificação e mecanismo de ação dos antibióticos https://www.youtube.com/ watch?v=Cj9UADDIidI https://www.youtube.com/watch?v=Cj9UADDIidI https://www.youtube.com/watch?v=Cj9UADDIidI CLASSIFICAÇÃO CLASSES Inibidores da parede celular 1. Betalactâmicos a. Penicilinas – penicilina, amoxicilina b. Cefalosporinas – cefalexina, ceftriaxona c. Carbapenêmicos - imipenem, ertapenem d. Monobactâmicos - aztreonam 2. Glicopeptídeos – vancomicina e teicoplanina 3. Outros - Fosfomicina, Bacitracina, Nitrofurantoína Inibidores de membrana Polimixinas, daptomicina Inibidores metabólicos 1. Sulfonamidas - sulfametoxazol 2. Trimetoprima Inibidores de ácidos nucléicos 1. Fluorquinolonas – ciprofloxacino, levofloxacino, moxifloxacino 2. Rifamicinas – rifampicina Inibidores da síntese protéica 1. Macrolídeos (50S) – azitromicina, claritromicina, eritromicina 2. Aminoglicosídeos (30S) – gentamicina, estreptomicina, amicacina 3. Tetraciclinas (30S) – Tetraciclina, doxiciclina 4. Anfenicóis (50S) – cloranfenicol 5. Lincosamidas (50S) – clindamicina, lincomicina 6. Oxazolidinonas – Linezolida INIBIDORES DE PAREDE CELULAR INIBIDORES DE PAREDE CELULAR BETALACTÂMICOS Anel betalactâmico pode ser clivado por lactamases, como a penicilinase do S. aureus INIBIDORES DE PAREDE - BETALACTÂMICOS http://www3.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/imagens/estrutura%20dos%20antibiticos.jpg Inibem a síntese da parede celular via inibição das proteínas de ligação de penicilina (PBP) entre os polímeros de peptideoglicano (mureína) RESULTADO: Bactéria com parede defeituosa sofre lise osmótica = efeito bactericida (Não associar com bacteriostáticos) https://www.youtube.com/watch?v=8KlXDMo3WXM https://www.youtube.com/watch?v=Pm_bOH48tXE 𝛃-lactâmicos INIBIDORES DE PAREDE - BETALACTÂMICOS Possuem toxicidade seletiva máxima (mamíferos não possuem parede celular); https://www.youtube.com/watch?v=8KlXDMo3WXM https://www.youtube.com/watch?v=Pm_bOH48tXE PENICILINAS Classificação das penicilinas (Guia de Antibioticoterapia-Medcel) Penicilinas naturais ou Benzilpenicilinas (obtidas por fermentação do Penicillium chrysogenum.) Penicilina G cristalina IV, IM Instáveis em meio ácido = uso parenteral Espectro melhor para (G+) Suscetíveis às penicilinases Penicilina G procaína IM Penicilina G benzatina IM Penicilina V VO Espectro inferior a penicilina G, mais resistente às penicilinases Aminopenicilinas Ampicilina VO (jejum), IM, IV Espectro ampliado (por cobrir Gram-negativos) Associadas com inibidores da betalactamase Amoxicilina VO Penicilinas resistentes à penicilinases (contra S. aureus) Oxacilina IV MSSA ou ORSA (Staphylococcus aureus meticilina ou oxacilina sensíveis) Meticilina IV Penicilinas de amplo espectro (contra Pseudomonas) Piperacilina, ticarcilina IV Infecções graves do trato geniturinário, respiratório, ósseo, tecido conjuntivo BETALACTÂMICOS - PENICILINAS Antibióticos e quimioterápicos para o clínico/Walter Tavares. 3. Ed, 2014. Usos: - Pneumonia e meningite (crianças) por S. pneumoniae sensível à penicilina - Meningite por Neisseria meningitidis (crianças) - Faringite, endocardite (penicilina+estreptomicina)- Infecções de tecidos moles por estreptococos (erisipela, celulite) - Sífilis BENZILPENICILINAS • Para gestantes com alergia à penicilina: dessensibilização e tratamento com penicilina benzatina. Na impossibilidade de realizar a dessensibilização: ceftriaxona. • Usadas também para tratar sífilis congênita USO DAS PENICILINAS NA SÍFILIS AMINOPENICILINAS Espectro de ação - S. pneumoniae, pyogenes, viridians - Haemophilus influenzae - Alguma atividade contra Proteus, E. coli Usos: - PAC, ambulatorial e pacientes previamente hígidos - Sinusite, faringite, otite - ITU principalmente Enterococcus faecalis RESISTÊNCIA RELACIONADA COM A PRODUÇÃO DE BETALACTAMASE/PENICINILASE: Associar a inibidores irreversíveis da betalactamase: Ácido clavulânico (clavulanato). Ex Amoxicilina + clavulanato; Ticarcilina + clavulanato Sulbactam. Ex Ampicilina + sulbactam Tazobactam. Ex Piperacilina + tazobactam Avibactam. Ex Ceftazidima + avibactam 𝛃-lactamase AMINOPENICILINAS PENICILINAS RESISTENTES À PENICILINASE Espectro de ação - Atividade excelente contra S. aureus sensíveis a meticilina/oxacilina (MSSA/OSSA) - Atividade satisfatória contra estreptococos Usos: - Infecções de pele e tecidos moles (furúnculo, abscesso, celulite) - Endocardite e osteomielite. - Gastrenterite, síndrome da pele escaldada e síndrome do choque tóxico. Existem várias cepas de Staphylococcus aureus resistentes a essas penicilinas: MRSA – Resistentes à meticilina ou ORSA – Resistentes à oxacilina Em alguns hospitais ultrapassam 50 % dos isolados de Staphylococcus. Resistência – síntese de receptores que não tem afinidade aos beta-lactâmicos Para tratar MRSA/ORSA são usados glicopeptídeos (vancomicina e teicoplanina), a linezolida e a tigeciclina. 2002 nos EUA foram identificadas S. aureus com elevada resistência à vancomicina (VRSA) ou à teicoplanina (GRSA) • Infecções ósseas e articulares (p. ex., por S. aureus) - oxacilina • Infecções da pele e dos tecidos moles (p. ex., por S. pyogenes ou S. aureus) - oxacilina • Faringite (S. pyogenes) e otite média (S. pyogenes , H. influenzae): amoxicilina; • Bronquite e pneumonia (S. pneumoniae): amoxicilina ou ampicilina; • Endocardite (por S. viridans ou Enterococcus faecalis): benzilpenicilina combinada com um aminoglicosídeo (penicilina+estreptomicina); • Infecções por Pseudomonas aeruginosa: ticarcilina, piperacilina, betalactâmicos + aminoglicosídeos • Sífilis (Treponema pallidum) - benzilpenicilinas PENICILINAS – USOS CLÍNICOS Regra simplificada: Penicilinas naturais e resistentes à penicilinases usadas para organismos Gram-positivos Aminopenicilinas e de amplo espectro para cobrir Gram-negativos • Distúrbios gastrintestinais - destruição da microbiota e infecções secundárias (candidíase, colite pseudomembranosa) • Alergias – 1 a 10 % dos pacientes, principalmente Penicilina G procaína • Agudas: choque anafilático (30 seg) • Imediatas (mais graves): angioedema, broncoconstrição, distúrbios TGI e choque • Tardias (2 ou + dias, 80 a 90 % dos casos): erupções bolhosas, língua marrom, estomatite grave com perda da mucosa oral PENICILINAS – EFEITOS ADVERSOS Homem, 16 anos, estudante. Paciente refere indisposição geral e dores no corpo. Fez uso de analgésico, sem melhora e horas após queixa-se de cefaléia, forte indisposição e sudorese profusa. Temperatura axilar de 39,6º C. Foi levado à emergencial hospitalar onde evidenciou-se rigidez de nuca, sinal de Kerning. Punção lombar levemente purulenta com diagnóstico de provável meningite bacteriana. Iniciou-se então terapia empírica com antimicrobiano. CASO CLÍNICO CASO CLÍNICO GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE – 3ª Ed, 2019. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude -volume-unico-3ed.pdf https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf CEFALOSPORINAS BETALACTÂMICOS - CEFALOSPORINAS • Mecanismo: semelhante às penicilinas, inibem a formação da parede bacteriana (bactericida) • Espectro: varia de acordo com a classificação, aumentando de acordo com a geração. O mesmo acontece com a resistência às penicilinases • Alta toxicidade seletiva: usado na gravidez, lactação e pediatria • Reações alérgicas – 1 a 3 %, certa taxa de reação cruzada com penicilina CLASSES ESPECTRO DE AÇÃO USOS Primeira geração Cefalexina (vo) Cefadroxila (vo) Cefazolina (im, iv) S. pyogenes e agalactiae, S. aureus; E.coli, Proteus, Klebisella Não cobre Pseudomonas e S. pneumoniae Não atravessa a BHE (não usar para meningite) Infecções de pele e tecidos moles Infecções causadas por MSSA Profilaxia cirúrgica perioperatória Segunda geração Cefuroxima (vo) Cefaclor (vo) Cefoxitina (iv) E. coli, Klebisella, Proteus, H. influenzae, Moraxella catarrhalis Ação menor que de 1ª geração para Gram-positivas Não cobre Pseudomonas Infecções de vias respiratórias superiores (sinusite, otite média) ITU - especialmente em grávidas Terceira geração (im. iv) Ceftriaxona Cefotaxima Ceftazidima E. coli, Kleibisella, Proteus, H. influenzae, Moraxella catarrhalis, Enterobacter, Neisseria gonorrhea e meningitidis Atividade contra S. aureus, S. pneumoniae e pyogenes Atravessam a BHE PAC em internados (enfermaria e UTI) Meningite; Gonorréia Endocardite estreptocócica ITUs complicadas Quarta geração (im, iv) Cefepima Atividade igual 3ª geração, porém mais resistente a betalactamase (especialmente de Pseudomonas e Enterobacter) Infecções nosocomiais PAC em internados Infecções intra-abdominais ITUs complicadas Quinta geração (iv) Ceftarolina Atividade igual 3ª geração, porém cobre MRSA/ORSA o mesmo da 4ª geração PROTOCOLO SOBRE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO – (ITU). HOSPITAL MUNICIPAL INFANTIL MENINO JESUS. PROTOCOLO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR - INFECÇÕES URINÁRIAS https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_ITU_1254773676.pdf Tratamento de ITU https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_ITU_1254773676.pdf Tratamento de PAC CARBAPENÊMICOS E MONOBACTÂMICOS BETALACTÂMICOS - CARBAPENÊMICOS IMIPENEM (+cilastatina), MEROPENEM, ERTAPENEM • Espectro muito amplo de atividade antimicrobiana (Gram +, Gram - aeróbios e anaeróbios). • Reservado para infecções hospitalares graves causadas por bactérias altamente resistentes aos outros β-lactâmicos (i.v ou i.m. - ertapenem) • Boa penetração em tecidos abdominais, respiratórios, bile, trato geniturinário, LCR • Efeitos adversos semelhantes aos de outros β-lactâmicos; mais frequentes são náuseas e vômitos. Pode ocorrer neurotoxicidade com concentrações plasmáticas elevadas (convulsões). BETALACTÂMICOS - MONOBACTÂMICOS AZTREONAM • Efetivo apenas contra Gram-negativos aeróbios, como as espécies de Pseudomonas, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. Não tem ação contra organismos Gram-positivos ou anaeróbios • Resistentes maioria das β-lactamases (i.v.). Usado em alérgicos a penicilina (custo elevado) • Administração i.v. com ½ vida de 2 h. Geralmente associado com aminoglicosídeo • Efeitos adversos semelhantes aos de outros β-lactâmicos, sem necessariamente reação imunológica cruzada com penicilinas INIBIDORES DE PAREDE CELULAR GLICOPEPTÍDEOS VANCOMICINA (i.v.) TEICOPLANINA (i.v./i.m.) Mecanismo de ação: altera síntese de parede (inibe a síntese dos polímeros) e a permeabilidade da membrana Monitorar seus níveis séricos (vancocinemia) - ototoxicidade, nefrotoxicidade e hipersensibilidade (reação anafilactóide) Síndrome do pescoço vermelho - infusão rápida = urticária, exantema, febre INIBIDORES DE PAREDE - GLICOPEPTÍDEOS Espectro de ação estreito - Streptococcus - Staphylococcus Usos: - Bacteremia, endocardite por Gram-positivas - Infecções por MRSA - Infecções cutâneas e de tecidos moles - Infecções emalérgicos à penicilina ou cefalosporina - Tratar colite pseudomembranosa (vo) - Profilaxia cirúrgica com alto risco de MRSA Restringir o uso INIBIDORES DE PAREDE CELULAR BACITRACINA E FOSFOMICINA NITROFURANTOÍNA INIBIDORES DE PAREDE CELULAR BACITRACINA • Reservada para uso tópico de infecções na pele ou oculares • Efeitos adversos: potente nefrotóxico • Em raras circunstâncias, é usada por via parenteral para tratar infecções sistêmicas causadas por estafilococos que são sensíveis a estes fármacos e resistentes a outros antibióticos INIBIDORES DE PAREDE CELULAR FOSFOMICINA • Inibe síntese de parede e a aderência às células uroepiteliais • Amplo espectro, baixa toxicidade, v.o. e ½ vida longa (dose única) • Usado para infecções do trato urinário, principalmente cistite aguda. • Seguro na gravidez Inibe síntese de parede, processos bioquímicos vitais de síntese protéica, síntese de RNA e DNA, metabolismo aeróbio Amplo mecanismo de ação = ausência de resistência Específico para infecções do trato urinário, principalmente por E. coli Uso oral a cada 6 h INIBIDORES DE PAREDE CELULAR NITROFURANTOÍNA INIBIDORES DE MEMBRANA PLASMÁTICA POLIMIXINAS E DAPTOMICINA INIBIDORES DE MEMBRANA POLIMIXINAS B e E (colistimetato) • Detergentes catiônicos que desestabilizam a membrana externa das Gram-negativas • Ação bactericida seletiva e rápida em bacilos Gram-negativos, principalmente Pseudomonas e enterobactérias (uso IV, IM, IT). Também neutralizam o lipídeo A do LPS • Uso clínico limitado pela toxicidade = esterilização intestinal (IV), tópico em ouvidos, olhos ou pele (sem absorção intestinal). • Efeitos adversos: Neuro (bloqueio neuromuscular) e nefrotoxicidade INIBIDORES DE MEMBRANA DAPTOMICINA •Liga-se a membrana – forma poros - efluxo de K+ - perda do potencial de membrana - morte bacteriana • Espectro de ação semelhante à vancomicina: S. agalactiae, MRSA e enterococos resistentes à vancomicina • Uso clínico (i.v.) para infecções complicadas de pele e tecidos moles. Também bacteremia complicada e endocardite • Efeitos adversos: lesões musculoesqueléticas – Dosar CK; colite pseudomembranosa INIBIDORES METABÓLITOS Sulfametoxazol, Sulfadiazina, Sulfadoxina, sulfacetamida • Prontosil®: 1o quimioterápico eficaz (sulfonamidas) na década de 1930:; • Inibem a síntese de folato no interior da bactéria - Podem ser definidos como falsos-substratos ● São bacteriostáticos; ● Amplo espectro - contra Gram-positivas e negativas; protozoários e fungos – uso reduzido devido a resistência ● Ácidos fracos, com hidrossolubilidade limitada; problema para excreção em urina ácida; ANTIMETABÓLITOS - SULFONAMIDAS SULFADIAZINA SULFAMETOXAZOL SULFACETAMIDA PABA - Essencial na síntese de Ácido Fólico TRIMETOPRIMA Inibe a di-hidrofolato redutase - reduz a síntese de tetra-hidrofolato. As enzimas bacterianas são mais sensíveis à trimetoprima, enquanto as humanas mais ao metotrexato SULFONAMIDAS- Competem com o PABA e interrompem a biossíntese do folato O sulfametoxazol é utilizado em associação com a trimetoprima: sulfametoxazol + trimetoprima (Cotrimoxazol) Amplia o espectro de ação Reduz concentração necessária Gera ação bactericida Bloqueio sequencial da mesma via biossintética ANTIMETABÓLITOS Locais com pus têm aumento do PABA - pode antagonizar efeito do antibiótico Alguns anestésicos locais (ex: procaína) - biotransformados em PABA também podem ter efeito antagônico. Amplamente ligada às proteínas plasmáticas – interação com varfarina, AINEs e sulfonilureias Usos clínicos USOS CLÍNICOS - COTRIMOXAZOL • Sulfadiazina Toxoplasmose (+pirimetamina) - v.o; Feridas infectadas ou queimaduras (sulfadiazina de prata) - tópica • Sulfadoxina +pirimetamina (v.o.) - Malária • Sulfacetamida (tópica) – Queimaduras, feridas ou infecções na pele e mucosas; conjuntivites USOS CLÍNICOS - OUTRAS SULFAS ● Produção excessiva de PABA para competir com as sulfonamidas na síntese de ácido fólico. ● Desenvolvimento uma via metabólica alternativa para a síntese de ácido fólico. ● Redução da captação bacteriana desses fármacos. ANTIMETABÓLITOS - RESISTÊNCIA ANTIMETABÓLITOS - EFEITOS COLATERAIS Evento Sintomas ou condições Gastrointestinal Náusea e diarréia Hepático Hepatite colestática - maior incidência em AIDS Icterícia Exantema Reações de hipersensibilidade tipo 1 - anafilaxias Dermatite esfoliativa Síndrome de Stevens-Johnsons - maior incidência em AIDS Medula óssea Anemia, neutropenia, trombocitopenia (mais comum em AIDS) Renal Cristalúria, nefrotoxicidade, insuficiência renal Outros Febre, cefaléia, tremores, flebite, vasculite, fotossensibilidade INIBIDORES DE ÁCIDOS NUCLEICOS FLUORQUINOLONAS Mecanismo de ação: Inibem a topoisomerase bacteriana II e/ou IV Topoisomerase II (DNA girase) – responsável pelo relaxamento do DNA superenovelado Topoisomerase IV – responsável pela separação do DNA na célula filha Resultado: inibição da síntese de ácidos nucléicos = bactericida As enzimas semelhantes dos mamíferos são várias centenas de vezes menos sensíveis a essas drogas. https://www.youtube.com/watch?v=hyjKWF7yvrE FLUORQUINOLONAS https://www.youtube.com/watch?v=hyjKWF7yvrE FLUORQUINOLONAS • 1ª geração: ácido nalidíxico (v.o.) – apenas para ITU • 2ª geração: ciprofloxacino (v.o., i.v., intra-ocular), norfloxacino (v.o.) e ofloxacino (intra-ocular) • 3ª geração: levofloxacino (v.o., i.v.), moxifloxacino (v.o., i.v.) •4ª geração: gemifloxacino (v.o): cerca de 32 vezes mais potente que levofloxacino contra pneumococo. • Amplo espectro de ação As quinolonas de 3ª geração são conhecidas como quinolonas respiratórias: boas opções de tratamento para infecções respiratórias altas e pneumonias adquiridas na comunidade FLUORQUINOLONAS: USOS CLÍNICOS FLUORQUINOLONAS NA ITU FLUORQUINOLONAS NA PAC EFEITOS COLATERAIS Gastrintestinais: anorexia, náuseas, vômitos e diarréia. SNC: cefaléia, tontura, insônia e alterações do humor. Alucinações, delírios e convulsões são raras (idosos) Alergias e reações cutâneas: Reações fototóxicas (evitar exposição excessiva ao sol) Artropatias e erosões de cartilagem: tendinite, mialgia, dores articulares e ruptura de tendão. Prolongamento do intervalo QT (moxifloxacino) e dissecção da aorta CONTRA-INDICADAS em gravidez, lactação, insuficiência renal e hepática e em menores de 17 anos (artropatia) FLUORQUINOLONAS “risco suplanta o benefício de seu uso em pacientes com sinusite aguda, exacerbação aguda de bronquite crônica e infecções urinárias não complicadas, onde outras opções terapêuticas, como os antibióticos betalactâmicos, estão disponíveis” ALERTA PARA FLUORQUINOLONAS Mecanismos de resistência: • Alteração na enzima DNA girase • Mutação cromossômica nos genes que são responsáveis pelas enzimas alvo (DNA girase e topoisomerase IV) • Alteração da permeabilidade à droga pela membrana celular bacteriana (porinas). • Bomba de efluxo FLUORQUINOLONAS Mulher, 47 anos, procurou o pronto-socorro municipal da cidade, com queixa de dificuldade miccional e disúria. Relatou que há mais ou menos 1 semana observou diminuição do jato urinário e aumento da frequência urinária, que evoluiu nos últimos dias com sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e necessidade de esforço abdominal às micções. Nas últimas 24 horas, percebeu piora acentuada dos sintomas, apresentando micção em gotas, polaciúria, disúria e desconforto na região suprapúbica, sem febre. Após exames clínico e laboratoriais, o diagnóstico foi cistite e iniciou-se antibioticoterapia empírica. Sobre o caso: Quais os 3 principais agentes causadores de ITU? Qual antibiótico você prescreveria? Quais os principais agentes etiológicos causadores de ITU? PROTOCOLO SOBRE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO – (ITU). HOSPITAL MUNICIPAL INFANTIL MENINO JESUS. PROTOCOLO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR- INFECÇÕES URINÁRIAS https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_ITU_1254773676.pdf https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_ITU_1254773676.pdf INIBIDORES DE ÁCIDOS NUCLEICOS RIFAMICINA RIFAMICINA RIFAMPICINA – v.o. Mecanismo de ação: liga-se e inibe a enzima RNA-polimerase DNA dependente dos procariotos = inibe a síntese de RNA = efeito bactericida Uso restrito por conta da resistência 2RHZE (fase de ataque) (2 - meses) - TB Rifampicina (R) Isoniazida (H) Pirazinamida (Z) Etambutol (E) 4RH (fase de manutenção) (4 - meses) - TB Rifampicina (R) Isoniazida (H) •Tratamento da tuberculose associada a outros antibióticos • Quimioprofilaxia de meningite por N. meningitidis e H. influenzae • Tratamento da osteomielite • Urina, suor e lágrimas ficam alaranjadas INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA RIBOSSOMO BACTERIANO INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA MACROLÍDEOS MACROLÍDEOS Claritromicina e Azitromicina (mais usadas); Eritromicina Mecanismo de ação: inibem a síntese das proteínas bacterianas bloqueando a porção ribossômica 50 S São de amplo espectro e bacteriostáticos ou bactericidas (depende da dose) ● Alternativa terapêutica em alérgicos à penicilina ● Primeira escolha no tratamento de pneumonias por bactérias atípicas (Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumophila, Chlamydia spp.) https://www.youtube.com/watch?v=_JbWikFj7Ao https://www.youtube.com/watch?v=_JbWikFj7Ao MACROLÍDEOS Claritromicina e Azitromicina (mais usadas); Eritromicina Mecanismo de ação: inibem a síntese das proteínas bacterianas impedindo a translocação ribossômica (50 S) São de amplo espectro e bacteriostáticos ou bactericidas (depende da dose) • https://www.youtube.com/watch?v=_JbWikFj7Ao https://www.youtube.com/watch?v=_JbWikFj7Ao Espectro de ação dos macrolídeos Eritromicina (vo, iv, tópica) Amplo espectro de ação - gram +, treponema, micoplasma, clamídias Inativa contra enterobactérias e Pseudomonas spp 4x/dia Claritromicina (vo, iv) Altamente ativa contra gram + (maioria dos estreptococos e estafilococos); na erradicação de H.pylori Atividade contra gram-negativas semelhante à eritromicina 2x/dia Azitromicina (vo,iv) Espectro ampliado: maior atividade contra gram negativas Meia-vida tecidual ampliada = menor dose 1x/dia MACROLÍDEOS Acne (IV) MACROLÍDEOS 1 ou 2 semanas: ▪ Terapia tripla: Omeprazol + claritromicina + amoxicilina Lansoprazol + claritromicina + amoxicilina Esomeprazol + claritromicina + amoxicilina Lansoprazol + levofloxacino + amoxicilina Omeprazol + metronidazol + amoxicilina ▪ Terapia quadrúpla: Omeprazol + bismuto + tetraciclina + metronidazol TRATAMENTO DA H. pylori TRATAMENTO DA PAC MACROLÍDEOS EFEITOS COLATERAIS: ● Mais comuns: cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia (em até 1/3 dos pacientes). ● Hepatite e icterícia colestática ● Prolongamento do intervalo QT ● Raramente ocorrem reações alérgicas graves. ● Com azitromicina e claritromicina as alterações são bem mais discretas e ● em menor frequência. MECANISMO DE RESISTÊNCIA ● Diminuição da permeabilidade da célula ao antimicrobiano ● Alteração no sítio receptor da porção 50S do ribossomo (metilação) ● Inativação enzimática ● Bomba de efluxo MACROLÍDEOS Inibidores enzimáticos (CYP3A4): INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA TETRACICLINAS TETRACICLINAS Tetraciclina, doxiciclina, limeciclina, minociclina (v.o.) Tigeciclina (i.v.) Mecanismo de ação: • As tetraciclinas ligam-se, de maneira reversível, à porção 30S do ribossomo, bloqueando a ligação do RNA transportador e impedindo a síntese protéica. • Bacteriostáticas • Amplo espectro de ação Mecanismo de resistência: • Reduz o acúmulo da droga no interior da célula usando bomba de efluxo • Alteração nas proteínas da membrana externa dificultam penetração TETRACICLINAS • São quelantes de cátions divalentes: menor absorção; deposição. • Atravessam a barreira transplacentária e são excretadas no leite materno. Evitar o uso concomitante com alimentos, antiácidos, preparações com ferro TETRACICLINAS USOS CLÍNICOS: • Amplo espectro - bactérias gram-positivas, gram-negativas aeróbias e anaeróbias, espiroquetas, riquétsias, micoplasma, clamídias e alguns protozoários. • Alternativas no tratamento de infecções causadas por Mycoplasma pneumoniae, N. gonorrhea, Treponema pallidum e em pacientes com traqueobronquites e sinusites. • Doxiciclina – alternativa para MRSA e Treponema pallidum Contra-indicações: gestantes, lactantes e menores de 8 (12) anos TETRACICLINAS EFEITOS COLATERAIS: • Efeitos gastrintestinais: náuseas, vômitos, diarréia; colite pseudomembranosa • Alterações na cor dos dentes em crianças, hipoplasia do esmalte dentário e crescimento ósseo anormal, principalmente se utilizadas durante a gestação; • Reações alérgicas: urticárias, exantemas, edema periorbital , reações anafiláticas; fotossensibilidade • Cefaléia, incapacidade de concentração e, em raros casos, hipertensão intracraniana. INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA AMINOGLICOSÍDEOS AMINOGLICOSÍDEOS Estreptomicina, Gentamicina, Neomicina, Amicacina, Tobramicina Mecanismo de ação: • Ligam-se à subunidade 30S dos ribossomos inibindo a síntese protéica ou produzindo proteínas defeituosas. • O transporte do fármaco pela membrana plasmática bacteriana depende de oxigênio – ineficazes contra anaeróbios ou em condições de anaerobiose • Cátions polares; baixa absorção por v.o.; não atravessa BHE • Bactericidas • Administração 1x/dia = efeito pós-antibiótico • AMINOGLICOSÍDEOS EFEITOS COLATERAIS: • Acumulam-se no ouvido interno e no córtex renal: ○ Ototoxicidade vestibular a auditiva; Nefrotoxicidade • Bloqueio Neuromuscular/apnéia: infusões rápidas ou doses i.p. Ou paciente curarizados com succinilcolina, com miastenia, hipocalcemia, outros. Revertido com sais de cálcio MECANISMOS DE RESISTÊNCIA (raros): ● alteração dos sítios de ligação no ribossomo; ● alteração na permeabilidade da droga; ● modificação enzimática da droga. Rara resistência bacteriana, pouca alergia e baixo custo = uso mantido INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA ANFENICÓIS ANFENICÓIS Cloranfenicol (v.o., tópico, i.v.) Mecanismos de ação semelhante aos macrolídeos • Bacteriostáticos de amplo espectro - Gram positivas e negativas • Usos terapêutico: conjuntivites e otites bacterianas; feridas ou queimaduras na pele (tópico); epiglotite aguda em crianças; febre tifóide (v.o.); bacteremias e infecções graves no SNC (i.v.). Efeitos adversos: • Alterações hematológicas: pancitopenia; • Síndrome do bebê cinzento: distensão abdominal, emese ocasional, progressiva palidez cianótica, colapso vasomotor e respiratório e morte. USO RESTRITO INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA LINCOSAMINAS LINCOSAMINAS Clindamicina (vo, gel, creme, iv, im), lincomicina (iv, im) • Mecanismos de ação semelhante aos macrolídeos • Bacteriostáticos ou bactericidas • Boa atividade contra S. pneumoniae, S. pyogenes, Streptococcus viridans • Alguma atividade contra S. aureus, Bacteroides, Toxoplasma e outras produtoras de penicilinases • Boa penetração em abscessos, porém baixa no SNC Efeitos adversos: • Distúrbios gastrointestinais – diarréia, colite pseudomembranosa (raramente) LINCOSAMINAS Clindamicina (v.o., gel, creme, i.v, i.m) Indicações principais: Infecções causadas por anaeróbios gram-positivos e negativos, incluindo produtores de penicilinases (v.o, parenteral) ➔ Abscesso pulmonar (parenteral) ➔ Faringite estreptocócica (v.o, parenteral) ➔ Infecções de ossos, articulações e tecidos moles por S. aureus (v.o, parenteral) ➔ Síndrome compartimental por S. pyogenes (v.o, parenteral) ➔ Tratamento de acne (gel) ➔ Vaginose bacteriana (creme vaginal) INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA OXAZOLIDINONAS LINEZOLIDA , TEDIZOLIDA (V.O./I.V) • Mecanismos de ação: inibe o ribossomo 70S (RNAt) • Espectro: Grande variedade de gram +:MRSA e VRSA; pneumococo resistente à penicilina; enterococos resistente à vancomicina, C. difficile. • Gram negativos mais comuns não são suscetíveis • Bacteriostática contra enterococos e estafilococos, bactericida contra estreptococos. • Indicações principais: pneumonia, sepse, infecções de pele e tecidos moles, tuberculose para organismos multirresistentes Efeitos adversos: • Trombocitopenia, diarreia, náuseas, raramente eritema e tonturas • Inibidor não seletivo da MAO OXAZOLIDINONAS
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