Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Antifúngicos Paciente do sexo feminino, de 55 anos, com história clínica de hipertensão, diabetes, transplantada, foi internada há 2 meses devido a um quadro infeccioso significativo no trato gastrointestinal, sendo nesse período administrado antibióticos de amplo espectro e fazendo uso de cateter vesical de demora. A paciente evolui com febre, taquicardia, leucocitose, taquipneia, confusão mental, fraqueza intensa e tontura. A hipótese diagnóstica foi sepse bacteriana, mas a administração de antibióticos não resultou melhora. Foi realizado hemocultura para microscopia direta, utilizando o meio de cultura Sabouraud-Dextrose-Ágar para o isolamento, purificação e identificação das culturas. A identificação do agente etiológico foi realizada através da análise de características taxonômicas, onde observou-se colônias macroscópicas cremosas em formato de blastoconídios e pseudohifas na análise microscópica. A paciente veio a óbito antes do tratamento adequado. CASO CLÍNICO http://www.youtube.com/watch?v=wqrOUj4gaVI • Reino Fungi • Eucariotos • Estrutura celular - parede celular, membrana citoplasmática, núcleo, membrana nuclear, DNA dupla fita, ribossomos, mitocôndrias, complexo de Golgi e retículo endoplasmático MORFOLOGIA Manoproteínas Mananas β 1, 3 β 1, 6 glucanas Membrana celular β 1, 3 glucano sintase Ergosterol Quitina PAREDE CELULAR DOS FUNGOS Análise macroscópica Placa de petri contendo ágar Sabourad Colônia leveduriforme (pastosa) Análise microscópica Fungo levedura células ovais (blastoconídios) Pseudo-hifas Análise macroscópica Placa de petri contendo ágar Sabourad Colônia filamentosa (algodonosa) A B MORFOLOGIA Análise microscópica Fungo filamentosos hifas e esporos C MORFOLOGIA Dimorfos – leveduras a 36° C e filamentosos a temperatura ambiente 7 Biomediação: Descontaminação de solos e rios; Micorrizas: Associação entre fungos e raízes de plantas; Fermentação alimentar; Produção de ácidos orgânicos (ex.: ácido cítrico - Coca cola); Maturação de queijos (Brie, gorgonzola); Fungos comestíveis (Shimeji, shitake) Produção de medicamentos O lado bom dos fungos O lado ruim dos fungos Micotoxinas em alimentos; Decomposição alimentar; Decomposição de matéria orgânica Fungos venenosos e alucinógenos; Doenças em animais e homens: MICOSES 8 FUNGOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA ● Infecções fúngicas = MICOSES ● São classificadas como superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistêmicas e oportunistas ● Candidíase e dermatofitoses são de maior incidência ● Acometem principalmente hospedeiros com comprometimento da resposta imune ● Compartilham genes homólogos, produtos gênicos e vias metabólicas com humanos dificultando alvos específicos para terapia medicamentosa. FUNGOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA ANTIFÚNGICOS ● Os antifúngicos tiveram avanço quantitativo e qualitativo menor que os antibacterianos: ● Desenvolvimento dessas drogas aumentou na década de 80: ↑ Infecções fúngicas sistêmicas Incremento dos métodos diagnósticos Mais procedimentos invasivos Doenças imunossupressoras (HIV, câncer) ● Pressão nas indústrias farmacêuticas para desenvolvimento de novos compostos mais específicos e com menos efeitos colaterais ANTIFÚNGICO IDEAL ● Toxicidade seletiva ● Amplo espectro de ação ● Baixo mecanismo de resistência - evitando seleção de cepas resistentes ● Não alergênico ● Boa estabilidade ● Boa farmacocinética (absorção, distribuição, excreção) ● Baixo custo FUNGICIDAS OU FUNGISTÁTICOS ANTIFÚNGICOS – MECANISMOS DE AÇÃO Parede celular ✔ Equinocandinas – caspofungina, micafungina Membrana celular ✔ Polienos – Anfotericina B e nistatina ✔ Azóis – cetoconazol, fluconazol ✔ Alilaminas – terbinafina, amorolfina Mitose – inibe tubulina ✔ Griseofulvina Em desuso ANTIFÚNGICOS INIBIDORES DE PAREDE EQUINOCANDINAS ANTIFÚNGICOS – EQUINOCANDINAS Caspofungina, micafungina, anidulafungina ✔ Inibem a síntese da beta (1, 3)-glucana da parede celular = ruptura e morte - fungicida (inibição se dá na enzima beta (1,3) glucana sintase) The Role of Echinocandins http://www.youtube.com/watch?v=FSH52CmN114 https://www.youtube.com/watch?v=FSH52CmN114&t=2s ANTIFÚNGICOS – EQUINOCANDINAS Caspofungina, micafungina, anidulafungina ✔ Uso exclusivo i.v., 1x/dia ✔ Candida – candidíase esofágica, invasiva e candidemia ✔ Aspergillus – aspergilose pulmonar, invasiva e refratária ✔ Micoses resistentes aos azóis ✔ Pouca interação com outros fármacos Efeitos adversos: febre, flebite, náusea, cefaléia MECANISMO DE RESISTÊNCIA - EQUINOCANDINAS Raros casos de resistência Mecanismos: ● Mutação no gene FKS1 (β1,3 glucana sintase) ● Bomba de efluxo. Ex Candida glabrata ANTIFÚNGICOS INIBIDORES DE MEMBRANA: POLIENOS AZÓIS ALILAMINAS ANTIFÚNGICOS – POLIENOS Anfotericina e Nistatina Ligam-se ao ergosterol – formação de poros na membrana - extravasamento de íons = rompimento – efeito fungicida The Role of Amphotericin http://www.youtube.com/watch?v=H11LP48mbTI https://www.youtube.com/watch?v=H11LP48mbTI&t=28s ANTIFÚNGICOS – POLIENOS Anfotericina B ✔ I.V. ou tópica (cremes e pomadas) ✔ Sem absorção oral, mas podem ser usados para infecções TGI ✔ Pouca resistência ✔ Infecções refratárias ou potencialmente fatais ✔ Espectro de ação: Candida spp, Crytococcus, Aspergillus, Fungos dimórficos (Histoplasma capsulatum, , Coccidioides immitis, Paracoccidiodes braziliensis ) Fungos negros ✔ Anfotericina B desoxicolato - alta toxicidade = febre, calafrios, hipotensão, vômitos, cefaléia, nefrotoxicidade, anemia hemolítica Toxicidade - reação cruzada com colesterol ANTIFÚNGICOS – POLIENOS Anfotericinas B Anfotericina B desoxicolato - muito tóxica e amplo espectro Anfotericina B lipossomal Anfotericina B dispersão coloidal Anfotericina B complexo lipídico Eficácia semelhante Menos efeitos colaterais ANTIFÚNGICOS – POLIENOS Nistatina ✔ Tópica – cremes, pomadas, pastilhas. ✔ Solução oral e comprimidos para candidíase oral e esofágica. ✔ Altamente tóxico ✔ Tratamento de dermatofitoses (tíneas) e infecções mucocutâneas – Candida ✔ Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarréia em doses elevadas MECANISMOS DE RESISTÊNCIA - POLIENOS Resistência é rara ✔ Diminuição da quantidade de ergosterol ✔ Acúmulo de outro esterol com baixa afinidade pelos poliênicos ANTIFÚNGICOS – INIBIDORES DO ERGOSTEROL Alilaminas: Inibidores da enzima esqualeno-epoxidase – fungicidas Azóis: Inibidores da enzima C14-α-lanosterol demetilase – fungistáticos INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Inibição da enzima 14-α-lanosterol demetilase – inibe conversão de lanosterol a ergosterol - Fungistático Enzima CYP microssomal dos fungos The Role of Azoles http://www.youtube.com/watch?v=T-dwE11AhqA https://www.youtube.com/watch?v=T-dwE11AhqA INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Imidazóis Miconazol Cetoconazol Clotrimazol Triazóis Itraconazol Fluconazol Voriconazol Posaconazol Mais efeitos adversos (hepatotoxicidade) e interações medicamentosas por maior ação nas enzimas CYP humanas Introduzidos nas década de 80 = nova era na terapia sistêmica Maior espectro de ação e menor interação medicamentosa e efeitos colaterais INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Cetoconazol ✔ Uso tópico – pomadas, cremes e xampus ✔ Dermatite seborreica e Ptiríase versicolor ✔ Uso oral para inibir produção excessiva de cortisol na síndrome de Cushing Miconazol e clotrimazol ✔ Uso tópico – creme, pomada, spray ✔ Dermatofitoses (tíneas), candidiase oral e vulvovaginal Efeitos colaterais: ardência, prurido e irritação INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Itraconazol ✔ Uso oral (junto a refeição) - substituiu o cetoconazol = menos interação com CYP, maior espectro ✔ Dermatofitoses e onicomicoses (alta afinidade a queratina) ✔ Histoplasmose, coccidioidomicose, paracoccidioidomicose, esporoticose Fluconazol ✔ Alta biodisponibilidade oral e atravessa a BHE✔ Criptococose meníngea, micose pulmonar, óssea, de pele ✔Candidemia i.v.; candidíase vulvovaginal v.o. Efeitos colaterais: alterações gastrintestinais, hepatopatia INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Voriconazol ✔ Uso oral e i.v. ✔ Aspergilose pulmonar invasiva e Candida não-albicans ✔ Uso acima de 12 semanas – fotossensibilidade, câncer de pele (imunossuprimidos ou expostos ao sol) Posaconazol ✔ Uso oral (junto a refeição) ✔ Aspergilose invasiva, candidíase orofaríngea, histoplasmose, coccidioidomicose, paracoccidioidomicose Espectro de ação INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Farmacocinética INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS Interações medicamentosas INIBIDORES DO ERGOSTEROL - AZÓIS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA - AZÓIS Mutação do gene ERG 11(C14𝞪-lanosterol demetilase) Menor afinidade ao fármaco Aumento da expressão da C14𝞪-lanosterol demetilase Menor efeito do fármaco Aumento de bomba de efluxo Menor concentração do fármaco INIBIDORES DO ERGOSTEROL - ALILAMINAS Terbinafina (vo e tópico) Butenafina (tópico) Amorolfina (tópico) Inibição da enzima esqualeno-epoxidase = acúmulo de esqualeno – tóxico para o fungo - fungicida ✔ Efeito sinérgico aos azóis ✔ Dermatofitoses (tíneas) e onicomicoses ✔ Com azóis para esporotricose Terbinafina Efeitos colaterais Distúrbios TGI (diarreia, indispepsia e náuseas), cefaleia e urticária. Foram relatados distúrbios de paladar e visão. ● A terbinafina - ligada às proteínas plasmáticas e se deposita na pele, nas unhas e no tecido adiposo. ● Acumula no leite e, por isso, não deve ser administrada a lactantes. Farmacocinética INIBIDORES DO ERGOSTEROL - ALILAMINAS ANTIFÚNGICOS INIBIDORES DE MITOSE GRISEOFULVINA INIBIDORES DA MITOSE Griseofulvina Inibe a mitose por se ligar a tubulina e inibir a polimerização dos microtúbulos – fungistática ✔ Uso oral e tópico ✔ Substituídos pelos azóis e terbinafina ✔ Tíneas da cabeça, pele e unhas ✔ tratamento de longa duração: 6-12 meses para onicomicose Efeito colateral: cefaléia. Contra-indicados para gestantes Como minimizar a seleção de cepas resistentes? ✔ Evitar o uso indiscriminado ✔ Diagnóstico correto e tratamento adequado ✔ Utilizar dosagens adequadas e suficientes ✔ Mudar o antifúngico tão logo se observa sinais de resistência ✔ Fazer teste de susceptibilidade à droga quando necessário ANTIFÚNGICOS INIBIDORES DE DNA FLUCITOSINA INIBIDOR DO DNA - FLUCITOSINA Março 2021 CONITEC “O tratamento é dividido 3 fases (indução, consolidação e manutenção) e o Guia preconiza a utilização de anfotericina B, flucitosina, fluconazol e itraconazol. Contudo, a flucitosina atualmente não possui registro na Anvisa e não se encontra incorporada ao SUS” Devido a resistências importantes a terapia com o medicamento foi abandonada em 1990. Pacientes HIV-positivos com meningite criptocócica - anfotericina B e flucitosina (por 2 semanas) reduziu em 34% risco de morte quando comparado ao uso só de anfotericina B. Efeito colateral = neutropenia FLUCITOSINA PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM MENINGITE CRIPTOCÓCICA E DEMAIS FORMAS DE NEUROCRIPTOCOCOSE Ação contra leveduras sistêmicas - convertido ao antimetabólito 5-fluoruracila, inibe a timidilato sintetase e a síntese de DNA http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2021/Sociedade/ReSoc249_flucitosina_meningite.pdf http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2021/Sociedade/ReSoc249_flucitosina_meningite.pdf
Compartilhar