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Módulo 1 - Os Planos Heterodoxos: O Governo Sarney e o Plano Cruzado. A década de 1980 foi notadamente marcada pelo fim do regime militar que persistiu no Brasil por 21 anos. No período da chamada transição democrática Jose Sarney foi eleito vice´presidente da República na chapa de Tancredo Neves, por eleição indireta, Acabou assumindo a presidência em21 de março de 1985 em função do falecimento de Tancredo Neves. Sua posse foi tensa, pois havia dúvidas constitucionais sobre se era Sarney ou o presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Gumarães, quem deveria assumir a presidência da República. Seu mandato caracterizou-se pela consolidação da democracia brasileira, mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e moratória. Esse período ficou conhecido como Nova República que elegeu o combate a inflação como meta principal, vários Planos Econômicos foram feitos no período que visavam queda abrupta da inflação, intercalados por planos ortodoxos. Esse plano tinham por base descobrir e combater os mecanismos da inflação inercial, o congelamento de preços, por exemplo, tornou-se uma prática recorrente. Desde a década de 1973, principalmente após os choques do Petróleo de 1973 e 1979, e a crise dos juros de 1982, verficou-se no Brasil um constante e assustador aumento da inflação. A Nova República apresentava o seguinte quadro econômico: a) Economia em crescimento b) Balanço de pagamentos equilibrado c) Inflação elevada (em torno de 200% a.a.) No ano de 1985 o então ministro da fazenda \Francisco Dornelles, era adepto do gradualismo de cunho ortodoxo no combate a inflação, enquanto que o Ministro do Planejamento João Sayad era adepto de choques heterodoxos. A partir de junho de 1985 a inflação acelerou, O Minstro Dornelles caiu e quem assumiu a pasta fo Dilson Funaro, de caráter heterodoxo pos-Keynesiano. Assim surgiu o 1º Plano de combate a inflação heterodoxo: O Plano Cruzado. Os Planos Heterodoxos: o Plano Cruzado Leitura obrigatória: VASCONCELLOS, M. A. Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007. O Plano Cruzado introduziu uma nova moeda, substituindo o cruzeiro pelo cruzado. As principais medidas desse plano foram: a) O salário deveria ser convertido pelo poder de compra dos últimos seis meses mais um abono de 8%, foi instituído também um gatilho salarial que seria acionada cada vez que a inflação atingisse 20%. b) Os preços foram congelados, com exceção da energia elétrica e não havia prazo para o descongelamento. Vários setores foram pegos com preços defasados, já que o congelamento foi anunciado de surpresa. c) A taxa de câmbio foi fixada. d) Para os ativos financeiros foram criadas diferentes regras. As ORTNs foram substituídas pelas OTNs que ficaram com o valor congelado por 1 ano. Para os contratos pré-fixados instituiu-se a tablita, que era uma tabela de conversão diária. e) Em relação ao setor externo, não se recorreu a uma desvalorização da moeda, pois o país possuía um razoável nível de reservas. Inicialmente o Plano obteve enorme sucesso, com uma queda abrupta da inflação e grande apoio popular. O congelamento se tornou o principal elemento do Plano. O Plano Cruzado produziu um significativo aumento da demanda interna, com aumento do salário real, taxas de juros baixas. O consumo explodiu pressionando diversos setores do mercado, notadamente naqueles setores que se encontravam com os preços defasados pelo congelamento. O congelamento se tornou um problema para o governo que nada fez até as eleições de novembro com intuito de eleger uma enorme bancada governista. Em fevereiro de 1987, a inflação atingiu 16,8 % a.m. e disparou o gatilho salarial, os salários passaram a ser reajustados mensalmente, romperam-se os controles de preços. A inflação voltou em um ambiente em que os mecanismos de indexação haviam sido eliminados, isso implicou em um grande aumento das taxas de juros e restrição ao crédito. A partir de então tem-se um desaquecimento da economia e uma forte inflação volta a assustar os brasileiros. O Ministro Dilson Funaro caiu em abril de 1987 e quem assumiu a pasta foi Bresser Pereira. Módulo 2 Como vimos no Módulo 1 o Plano Cruzado teve vida efêmera. O Plano falhou ao tentar manter por um tempo extremamente logo o congelamento (9 meses). Quando o congelamento foi anunciado muitos preços estavam defasados, provocando desabastecimento e ágio. Quando em início de 1987 foi feito o descongelamento, com o chamado Plano Cruzado II, houve uma nova aceleração inflacionária. Um novo e destrutivo elemento será introduzido na vida dos brasileiros após o fracasso do Plano Cruzado: a expectativa de um novo congelamento, que levaram a população tomar medidas preventivas como, por exemplo, reajustes constantes de preços, o acelerava cada vez mais a inflação. Nesse período verifica-se cada vez mais a perda de apoio ao governo pela população brasileira. O lançamento do Cruzado II, apenas duas semanas após as eleições colocou a população frontalmente contra o governo. Luiz Carlos Gonçalves Bresser-Pereira foi ministro da Fazenda de 29 de abril de 1987 a 21 de dezembro de 1987, durante o governo de José Sarney. Cursou a Faculdade de Direito da USP, é mestre em Administração de Empresas Pela Michigan State University e doutor e livre docente em Econom ia pela FEA (USP). Seu 1° livro, Desenvolvimento e Crise no Brasil , lançado em 1968, teve a 5ª edição publicada atualizada em 2003. Vários dos seus livros foram traduzidos para o onglês, o espanhol e o francês. Quando o Ministro Bresser Pereira assumiu, assinalou claramente uma preferência pela ortodoxia com uma minidesvalorização de 7,5% do cruzado e prometendo uma austeridade fiscal, mas a população andava muito desconfiada e temia novos congelamentos, assim a inflação aumentava a cada dia. Por ortodoxia devemos entender: a inflação é decorrente do processo de emissão monetária devido aos déficits públicos, assim para combater a inflação deve-se praticar um política monetária restritiva, que só é conseguido através da retração da demanda. Já a heterodoxia a inflação não decorre de excesso de moeda e de demanda, a inflação para essa corrente de pensamento pode ser combatida sem que haja uma retração da demanda. O Plano que foi anunciado em junho de 1987, não tinha como objetivo a inflação zero e continha tanto elementos ortodoxos como heterodoxos. A ideia principal do plano era deter um processo hiperinflacionário, retirando o gatilho e reduzindo o déficit público. O Plano Bresser foi considerado um plano de emergência O Plano Bresser Leitura obrigatória: VASCONCELLOS, M. A. Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007. O Plano Bresser anunciado em junho de 1987 tinha diretrizes tanto de caráter ortodoxo como heterodoxo, apesar do Ministro se dizer ortodoxo ainda assim foi feito o congelamento de salários e preços. Abaixo seguem as principais medidas do Plano: a) Congelamento de salários por três meses. b) Congelamento de preços por três meses, alguns preços públicos foram aumentados antes do Planoser colocado em prática. c) Mudança da base do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), sendo que os aumentos foram incorporados à inflação de junho. d) Desvalorização cambial de 9,5%, mantendo minidesvalorizações diárias. e) Aluguéis foram congelados f) Contratos pré-fixados eram corrigidos pela Tablita. g) Criação da Unidade Referencial de Preços (URP) que corrigiria o salário dos três meses seguintes. A taxa de juros rela foi mantida positiva (diferentemente do Plano Cruzado), isso foi feito para inibir a especulação com estoques e aumento do consumo, como ocorreu durante o Plano anterior. A princípio o Plano logrou sucesso com queda inicial da inflação e recuperação da Balança Comercial, mas o Plano provocou uma queda na produção industrial, além disso, com o tempo a pressão pela recomposição salarial em diversos setores da sociedade e o descongelamento de preços, assim como ocorreu com o Plano Cruzado a inflação voltou. A contenção do déficit público fracassou também, houve aumento nos gastos com o funcionalismo, além da concessão de subsídios à diversas empresas estatais. Em dezembro de 1987 Bresser Pereira deixou o ministério e quem assumiu a pasta foi o Ministro Maílson da Nóbrega. Módulo 3 - O Plano Verão Leitura obrigatória: VASCONCELLOS, M. A. Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007. Como estudamos no módulo 2 o Plano Bresser fracassou na contenção do déficit público, esse aumento acabou impedindo a adoção de medidas de austeridade fiscal, assim em Ministro Bresser Pereira pediu demissão e quem assumiu o ministério foi o economista Maílson da Nóbrega. O economista Maílson Ferreira da Nóbrega foi Ministro da fazenda entre janeiro de 1988 a março de 1989, após longa carreira no Banco do Brasil e na administração direta do governo federal. Entre 1983 e 1984, foi secretário-geral do Ministério da Fazenda, coordenou um grupo de estudos para modernização institucional das finanças públicas que reuniu cerca de 150 profissionais dos altos escalões do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento, Banco Central e Banco do Brasil e outros órgãos e entidades federais. Como Ministro da fazenda contribuiu para o último passo desse amplo conjunto de avanços institucionais: a extinção do orçamento monetário um orçamento paralelo que não passava pela aprovação do Congresso. No decorrer do ano de 1988, Maílson da Nóbrega adotou a chamada política “feijão com arroz”, que significa a rejeição às políticas heterodoxas de combate à inflação. O Plano visava estabilizar a inflação em torno de 15% a.m., além de reduzir o déficit do governo de 8% do PIB para 4%. O Plano adotou o congelamento de empréstimos ao setor público, contenção salarial e redução no prazo de recolhimento de impostos, além disso, em março de 1988 suspendeu a moratória que fora decretada em fevereiro de 1987. A nova Constituição que foi promulgada em outubro de 1988 elevava os custos governamentais, aumentando a transferência de impostos para Estados e Municípios, desequilibrando o orçamento federal. O Plano Verão conseguiu manter a inflação abaixo dos 20% no primeiro semestre de 1988, mas a partir do segundo semestre a recomposição das tarifas públicas e a promulgação da nova Constituição elevou a inflação. O Plano Verão tinha elementos tanto ortodoxos como heterodoxos, os elementos ortodoxos visavam conter a demanda, através da diminuição dos gastos públicos e da elevação da taxa de juros e os heterodoxos tentavam acabar a indexação da economia, para isso foi feito novamente congelamento dos preços. O Câmbio foi desvalorizado em 18% e foi feita uma nova reforma monetária com corte de três zeros do Cruzado que passou a se chamar Cruzado Novo. O Plano Verão assim como seu antecessor o Plano Bresser durou pouco tempo, o governo não realizou nenhum ajuste fiscal, assim os déficits públicos permaneciam muito altos, isso levava a um descontrole monetário. A inflação se acelerou rapidamente, atingindo a impressionante marca de 80% no último mês do governo de José Sarney. O Plano Verão Leitura obrigatória: VASCONCELLOS, M. A. Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007. Durante todo governo de José Sarney, como vimos, o descontrole das contas públicas e uma inflação altíssima foram as principais características desse período. Todos os Planos do período fracassaram terrivelmente, pois não conseguiam conter o processo inflacionário que cada vez mais se acelerava. Vamos estudar com um pouco mais de profundidade o significado de inflação: Conceito de inflação: aumento persistente e generalizado no índice de preços. As fontes de inflação diferem das condições em cada país, dependendo, por exemplo, do tipo de estrutura de mercado, o grau de abertura da economia e a estrutura das organizações trabalhistas. A curva de Phillips é aquela que mostra uma relação inversa entre as taxas de salários e as taxas de desemprego, esse recurso é extremamente útil para medir os impactos inflacionários. Os tipos de Inflação: Inflação de demanda: Esse tipo de inflação refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. Isso pode ocorrer quando a economia está próxima do pleno emprego. Se a economia está a plena capacidade pode não conseguir atender a demanda o que pode conduzir a uma elevação de preços. Inflação de custos: É uma inflação de oferta, nesse caso a demanda permanece a mesma, mas os custos de fatores importantes aumentam com isso ocorre uma retração do produção, deslocando a curva da oferta do produto para trás, provocando um aumento de preços no mercado. Entre as causas mais comuns dessa inflação estão: aumentos salariais, aumento do custo de insumos ou existência de monopólios e oligopólios. Inflação Inercial: É o processo que torna a alimentação de preços automática, ou seja, a inflação decorre da inflação passada, perpetuando-se uma memória inflacionária, ela é provocada por mecanismos de indexação de salários, aluguéis, impostos, tarifas públicas, mas também do aumento de preços em geral. A inflação brasileira tornou-se crônica desde a década de 1950 e assumiu níveis assustadores durante a décadas de 1980, ela apresentava tanto elementos de inflação de custos como inercial tornando seu combate extremamente difícil como vimos até agora. Módulo 4 - O Governo Collor e o confisco de liquidez Leitura obrigatória: BRESSER, L.C.P . Desenvolvimento e crise no Brasil . São Paulo: ED 34, 2003. VASCONCELLOS, M. A. Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007. Após o fracasso dos Planos para conter o processo inflacionário a campanha para a Presidência da República de 1989 pautava-se em dois aspectos principais: acabar com a inflação e modernizar o país através da abertura de mercado. Fernando Collor de Mello eleito por um pequeno partido prometia as duas coisas, modernizar o mercado seguindo a tendência mundial pós-queda do Muro de Berlim e combater a inflação utilizando a experiência proporcionada pela heterodoxia dos planos anteriores. A tese que ganha forças era que um dos maiores repuxáveis pela inflação era a crescenteliquidez dos haveres financeiros não monetários. Para evitar a especulação o governo deveria manter a taxa de juros alta. A necessidade de manter a taxa de juros alta levava a uma política monetária passiva, impedindo o controle dos agregados monetários. Nessa época o Banco Central contava para controle do mercado as operações de mercado aberto com formação de taxas diárias no overnight que era calculado com base na expectativa de inflação corrente, o que aumentava cada vez mais a indexação da economia. Quando o Plano Collor foi anunciado pela então Ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo causou surpresa geral e suas medidas principais eram as seguintes: a) Reforma monetária o Cruzado Novo perdeu 3 zeros e virou Cruzeiro b) bloqueio de cerca de metade dos depósitos a vista, c) bloqueio de 80% das aplicações de overnight e fundos de curto prazo, d) bloqueio de cerca de 1/3 dos depósitos de poupança. e) Reforma administrativa e fiscal, suspensão dos subsídios, incentivos fiscais e isenções, ampliação da base tributária pela incorporação dos ganhos da agricultura, do setor exportador e dos ganhos nas bolsas, além da tributação sobre grandes fortunas. f) Congelamento de preços e desindexação dos salários. g) Regime cambias de taxas flutuantes h) Abertura comercial com redução das tarifas de importação. O governo visava com essas drásticas medidas as pressões de consumo e fazer com que o Banco Central voltasse a ter uma política monetária ativa. O confisco da liquidez foi a grande âncora do plano. O impacto imediato foi uma imensa desestruturação do sistema produtivo, com paralisação da produção, demissões, redução da jornada de trabalho, redução dos salários e deflação. Tudo isso provocou uma retração do PIB em 8% no segundo trimestre de 1990. O Governo Collor e o confisco de liquidez Leitura obrigatória: BRESSER, L.C.P . Desenvolvimento e crise no Brasil . São Paulo: ED 34, 2003. VASCONCELLOS, M. A. Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007. Após a colocação do Plano Collor em ação a pergunta eras: conseguiria plano tão duro e ousado deter a inflação e modernizar o país Logo após o plano ser colocado em prática iniciou-se uma devolução de liquidez pelo BACEN, devido as várias pressões e o medo de uma grande recessão, isso levou a uma grande expansão da liquidez. A partir de maio iniciou-se um processo de relaxamento do congelamento do controle de preços e salários, o que juntamente com o aumento da liquidez levou novamente a uma aceleração inflacionária, principalmente no segundo semestre. O governo também não conseguiu fazer as demissões necessárias no funcionalismo, pois para isso seria necessário contar com ao menos 2/3 da bancada parlamentar, algo impossível de se conseguir, pois como falamos anteriormente Collor se elegeu por um partido muito pequeno. Quanto a abertura comercial prometida pelo governo, esta foi posta em prática, eliminando os incentivos às exportações, estímulo as importações e a adoção do câmbio flutuante, porém com a aceleração da inflação, a taxa de câmbio sofreu grande valorização o que levou rapidamente a uma deterioração no saldo da Balança Comercial. Por conta desse saldo negativo na Balança Comercial o governo se viu obrigado a intervir no mercado cambial, desvalorizando o cruzeiro o que contribuiu para aumentar ainda mais a inflação. O Plano Collor I havia fracassado O Plano Collor II foi lançado ainda sob o comando de Zélia Cardoso de Melo, e pretendia acabar com o overnight e outras formas de indexação, além de novo congelamento de preços e salários. A inflação caiu entre os meses de fevereiro e maio de 1991, porém as resistências políticas à equipe econômica, acompanhadas de uma série de escândalos envolvendo o nome do Presidente Collor levaram a queda da Ministra Zélia em maio de 1991. O novo Ministro da Fazenda era Marcílio Marques Moreira, ex-embaixador em Washington, tinha posições diferentes da equipe anterior e era totalmente contra a tratamentos de choque para conter a inflação, era uma volta a ortodoxia e uma tentativa de combate gradual a inflação. A política econômica do novo Ministro não conseguiu deter o processo inflacionário e ainda por cima alimentou uma grande recessão no ano de 1992 em função dos constantes aumentos da taxa de juros. O Plano fracassou aliado a uma situação interna instável principalmente em função do processo de impeachment a qual o presidente Collor foi submetido. Módulo 5 - As Transformações nos anos recentes Leitura obrigatória: MOURA, A.R. Paeg e Real: dois planos que mudaram a economia brasileira . São Paulo: FGV, 2007. Nesse módulo iremos faremos uma breve contextualização e antecedentes históricos do novo momento em que a economia brasileira estava inserida a partir da década de 1990. A partir da década de 1990 não só o Brasil vinha sofrendo profundas mudanças na sua economia, o mundo passava por um processo que chamamos de globalização que modificou toda estrutura sócio-político-econômica dos países. Faremos agora uma breve contextualização histórico-econômica desse período Para alguns historiadores, globalização se refere ao período iniciado com o término da Guerra Fria, sendo seu ato fundador a queda do Muro de Berlim e a capitulação final do socialismo à superioridade do capitalismo ocidental. Outros preferem situá-la na década de cinquenta quando, após o término da II Guerra, os Estados Unidos iniciaram sucessivas intervenções militares na Ásia, na América Central e no Oriente Médio, todas elas com o objetivo de defender os interesses do capitalismo ocidental. Outros ainda alegam que o processo de globalização se iniciou durante o século XVI, com as grandes navegações e a ação colonizadora da Europa na América, na África e na Ásia. Após a grande crise de 1929, com a quebra da bolsa de valores de Nova York, o mundo passou a questionar os dogmas liberais clássicos do capitalismo, ou seja, a ideia de que uma economia bem sucedida é aquela que aposta nos princípio do laissez-faire. A teoria Keynesiana utilizada para solucionar a grande depressão da década de 1930 nos EUA, fazia uma proposta inversa às teorias clássicas: era necessário a intervenção governamental para que a economia atingisse o equilíbrio. Após a II Guerra Mundial, a grande crescimento econômico característico desse período que persistiu até a década de 1970, foi caracterizado por uma forte e constante presença do Estado na economia. Nos países desenvolvidos criou-se uma rede de proteção social conhecida como o Estado de Bem-Estar Social. A dinâmica das economias nesse período era interna tanto nos países desenvolvidos como nos menos desenvolvidos através dos seus modelos de industrialização por substituição de importações Leitura obrigatória: MOURA, A.R. Paeg e Real: dois planos que mudaram a economia brasileira. São Paulo: FGV, 2007 A década de 1970 assistirá a uma mudança de pensamento interventor para liberal vai ocorrer devido às crises do petróleo promovida pelo cartel da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) entre os anos de 1973 e 1979, fez com que diversas economias capitalistas entrassem em uma espiralinflacionária, em função dos elevados endividamentos gerados pela subida dos preços desse fator de produção. Com a subida dos preços do barril do petróleo, diversos países passaram por crises recorrentes em balanço de pagamentos devido à maior quantidade de dólares que eram requeridos para pagamento de importações de petróleo, insumo de produção utilizado de forma intensa por empresas. Outro motivo de fundamental importância que levou a mudança da mentalidade intervencionista foi o rompimento com o padrão monetário imposto por Bretton Woods após a II Guerra Mundial. A partir da década de 1970 o mundo assiste um forte fluxo de capitais a qual o sistema dólar-ouro não conseguia se adaptar. Já durante a década de 1970 às crises estavam associadas a ineficiência dos Estados em gerir suas economias. A questão da competitividade é colocada em pauta, pois considerava-se que os monopólios estatais são incapazes de criar sistemas competitivos eficientes. Os anos 1980 chamado por muitos de Década Perdida foi caracterizado pela elevação do endividamento público e de uma enorme inflação em muitas partes do mundo e como vimos até aqui do Brasil também. Durante essa década (1980) várias propostas foram sendo impostas pelo Banco Mundial e o FMI aos países mais pobres e menos desenvolvidos, esse conjunto de proposições ficou conhecido como Consenso de Washington, que propunha basicamente: disciplina fiscal, reforma fiscal, estabelecimento de taxas de câmbio competitivas, desregulamentação, liberalização comercial, privatizações e eliminação de barreiras ao investimento estrangeiro. Como se nota reformas de caráter profundamente liberais. Essas reformas serão adotadas pelo Brasil, como vimos a partir da década de 1980 a 1990 e atingem seu ápice durante o governo de Fernando Henrique cardo como veremos nos próximos módulos A década de 1990 será o período de reajustes foram feitos ajustes fiscais, monetários e administrativos. Tais ajustes requererão certo distanciamento do Estado enquanto produtor de mercadorias que, para tanto, adotará a privatização como regra dominante. A queda do Muro de Berlim foi o símbolo de uma nova era econômica em que o neoliberalismo passa a ser considerado a melhor forma de condução econômica. A crença de que problemas recorrentes com subdesenvolvimento, inflação e endividamento público são consequências da ineficiência da gestão governamental, é levada a cabo diante das políticas de privatização e transferência ao capital privado de empresas estatais, até então por uns consideradas não rentáveis e, por outros, verdadeiros “elefantes”. Somam-se a isso políticas fiscais contracionistas, como a elevação de tributação e a diminuição de despesas e investimentos e as políticas monetárias também restritivas (caracterizadas pela elevação das taxas de juros com o interesse de diminuir investimentos produtivos e de aumentar a expansão do crédito favorável ao capital especulativo). Módulo 6 - A Economia brasileira pós-estabilização: Plano Real Leitura obrigatória: GIAMBIAGI, F. Economia brasileira contemporânea . RJ: Campus, 2005 Nesse módulo estudaremos o Plano Real colocado em vigor no final de 1993 e que finalmente acabou com o processo inflacionário no país. Durante o governo Collor um dos mais importantes pontos, além do combate a inflação e a abertura do mercado nacional foi o programa de privatizações que era colocado como um elemento central no processo de ajuste fiscal e patrimonial do setor público, esse programa terá profunda influência no período a seguir. O Vice- Presidente Itamar Franco assumiu a presidência após o Impeachment de Fernando Collor de Mello de forma interina entre outubro e dezembro de 92, e em caráter definitivo em 29 de dezembro de 1992. O Brasil vivia um dos momentos mais difíceis de sua história: recessão prolongada, inflação aguda e crônica, desemprego, etc. Durante o governo de Itamar vários foram os Ministros da Fazenda, como por exemplo, Gustavo Krause e Eliseu Rezende. O último Ministro na gestão de Itamar foi Fernando Henrique Cardoso, que assumiu a pasta em maio de 1993. Ao longo do ano de 1993 foi aprovado o IPMF (Imposto Provisório sobre a Movimentação financeira) que pretendia melhorar as contas públicas e o PAI (Plano de Ação Imediata) que pretendia a redução de despesas em todas as esferas do governo. Durante esse período retornou-se a indexação da economia. Durante todo governo de Itamar não houve choques para deter o processo inflacionário como no período anterior. A melhora das contas públicas adicionada à indexação da economia somada à abertura de mercado, que aumentava o fluxo de capitais, ampliando as reservas do país, levou a uma gradual estabilização econômica Em 19 de maio de 1993 Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda, cargo que ocupou até o dia 30 de março de 1994. Nesse período começou a implantar Plano Real, que foi dividido em três etapas, sendo as duas primeiras implantadas enquanto FHC era Ministro e a terceira etapa pelo então Ministro da Fazenda Rubens Ricupero. Fernando Henrique deixa o cargo de Ministro da Fazendo em meados de março de 1994, para cumprir o prazo de desincompatibilização para disputar a Presidência. A Economia brasileira pós-estabilização: Plano Real Leitura obrigatória: GIAMBIAGI, F. Economia brasileira contemporânea . RJ: Campus, 2005 Economia Brasileira Pós Estabilização – Plano Real O Plano real partiu do princípio de que o diagnostico de que a inflação tinha um caráter inercial. Fernando Henrique Cardoso assume o Ministério da Fazenda em 1993 e prepara um Plano de estabilização, esse Plano seria adotado gradualmente (não de surpresa como os anteriores). Não congelaria preços e haveria uma “substituição natural” da moeda, a preocupação maior seria com a correção dos desequilíbrios na economia. Nesse período havia um volume significativo de reservas, abertura comercial. Plano Real dividiu o ataque ao processo inflacionário em 3 fases: a- Ajuste fiscal. b- Indexação completa da economia – a URV (unidade real de valor). c- Reforma monetária – URV - Real. O Aumento da arrecadação se daria pela criação do IPMF- imposto provisório sobre movimentação financeira o chamado “imposto do cheque”. A segunda fase do Plano começou em fevereiro de 1994, período em que Fernando Henrique Cardoso já se elegera presidente do país, substituindo Itamar Franco. Essa fase correspondia a um novo sistema de indexação e a substituição parcial da moeda, para tal o governo criou um novo indexador chamado URV, cujo valor em cruzeiros reais seria corrigido diariamente pela taxa de inflação. O valor da URV nessa fase mantinha a paridade fixa de um para um com o dólar. Alguns preços foram convertidos imediatamente em URV, como salários, impostos, contratos e preços oficiais, outros preços iam sendo convertidos paulatinamente, assim instituía-se um sistema bi monetário. Quando praticamente todos os preços já estavam expressos em URV, o governo instituiu o Real, cujo valor era igual da URV Houve uma substituição parcial da moeda em 1º de julho de 1994, nascia o Real.Os juros foram mantidos elevados, para que a demanda não expandisse funcionando como uma âncora monetária . A taxa de câmbio foi valorizada, isso poderia ser feito, pois como vimos anteriormente o país nessa época possuía uma grande reservas na ordem de US$ 40 bilhões. Em vez de acumular reservas, o que pressionaria a expansão monetária, O Banco Central deixou o câmbio flutuante, assim o câmbio se valorizou e as importações aumentaram, essa foi a âncora cambial. Módulo 7 - O Brasil Pós-Real Leitura obrigatória: GREMAUD, A.P . Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007 Com o Plano Real a inflação caiu rapidamente, em agosto de 1994 a inflação estava em 3%a.m, com tendência a queda. Em 1995 a inflação anual foi de 14,8%, em 1996 estava em 9,3%, em 1997 estava em 7,5% e 1998 em 1,7%. Apesar da manutenção as taxa de juros alta, ainda assim, nesse período assistimos uma expansão da demanda, isso em função do aumento do poder aquisitivo da população brasileira e a recomposição do crédito, através da concessão de parcelas fixas em crediários. O aumento da demanda provocou expansão da atividade econômica, principalmente na atividade de bens de consumo duráveis e bens de capital. A manutenção da taxa de câmbio em paridade Real com o dólar (apesar da flutuação do câmbio) fez aumentar o volume de importações. A valorização cambial somada à abertura comercial levou ao aparecimento de constantes déficits na balança comercial, tanto pelo aumento das importações como pelo baixo desempenho das exportações. Como essa situação poderia se configurar em crise, em outubro de 1994, quando FHC se elegeu Presidente da República, houve uma tentativa de controle da demanda por meio da imposição de restrições ao crédito (diminuição nos prazos de financiamento, aumento dos depósitos compulsórios e as empresas de cartões de crédito forma proibidas de promover financiamentos). A manutenção da âncora cambial deteriorava as contas externas do país. A crise mexicana (efeito tequila), que tinha uma situação econômica muito parecida com a brasileira levou o governo no início de 1995 a ampliar o controle sobre a demanda, elevando a taxa de juros e controlando o crédito. Além disso, promoveu-se uma mudança na política cambial, com alargamento das bandas de flutuação e uma minidesvalorização de 6% da taxa de câmbio. Enquanto isso as exportações foram estimuladas por meio de adiantamentos dos contratos de câmbio (ACC). A política econômica adotada pelo governo a partir de 1995 levou a uma grande retração da atividade econômica e, portanto um grande volume de inadimplência que levou a quebra de dois bancos privados. A crise só não se espalhou mais porque o banco central entrou no mercado socorrendo as instituições financeiras do país. O Brasil Pós-Real Leitura obrigatória: GREMAUD, A.P . Economia brasileira contemporânea . São Paulo: Atlas, 2007 Em 1996 a taxa de juros continuava bastante elevada em torno de 20% a.a. e o governo sempre usava esse recurso diante de crises, como Fo o caso da crise asiática de 1997 e na crise russa de 1998. Desde a crise mexicana, outro problema da economia brasileira foi o constante desemprego, em 1998 o desemprego atingiu o patamar de 8%. As eleições de 1998 fizeram com m que o governo mantivesse a política econômica da 1ª fase do Plano real levando a um agravamento dos desajustes dessa economia. Havia a necessidade de uma urgente correção cambial, os indicadores macroeconômicos mostravam a deturpação do sistema econômico: o desemprego aumentava, déficit público, desequilíbrios no bálano de pagamentos. O país recorreu ao FMI, essa ajuda estava vinculada a limitação de pode do Banco Central Brasileiro em defender a taxa de câmbio. No início de 1999, alguns problemas políticos, como por exemplo, a moratória decretada pelo estado de Minas Gerais, essa crise somada à fuga de capitais criou um ambiente adequado para uma mudança na política cambial do país. Com a entrada de Francisco Lopes substituindo Gustavo Franco como diretor do Banco Central , levou a 1ª desvalorização do câmbio desde a implantação do Plano Real, mas ainda assim manteve-se o sistema de bandas. Armínio Fraga substituiu Francisco Lopes na direção do Banco Central e substituiu o sistema de banda cambial e adotou o sistema de câmbio flutuante, o impacto foi à desvalorização do câmbio em 70% . Apesar da crise no câmbio o Brasil ainda assim teve um desempenho econômico satisfatório no ano de 1999. A fim de evitar que a pressão cambial se transformação em inflação o país adotou uma política monetária restritiva, a elevação da taxa de juros foi da ordem de 45% a.a. em 1999, uma das maiores do mundo. Com a manutenção das taxas de juros elevadas, estancou-se o processo de desvalorização da taxa de câmbio, ainda assim o Brasil teve um fraco desempenho nas exportações, assistimos nesse período também um grande aumento da dívida pública, pois grande parte dos títulos públicos estavam atrelados ao dólar. Módulo 8 - O GOVERNO LULA Leitura obrigatória: VASCONCELLOS, M.A. S. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2007 O Governo de Luiz Inácio Lula da Silva se iniciou em 2003, após vencer José Serra com 61, 3% dos votos e se encerrou em 2010 fazendo sua sucessora Dilma Rousseff. Foram dois mandatos de 2003-2006 e 2007-2010. O governo de Lula teve como característica além de uma política de continuidade do Plano Real, um governo voltado para as questões sociais e a retomada do crescimento do país. Após a saída de FHC a situação econômica era marcada pela fuga de capitais, como verificamos no módulo anterior. O Primeiro Ministro da Fazenda no governo Lula foi Antônio Palocci e em 2006 foi substituído por Guido Mantega. Durante o governo Lula a inflação se manteve controlada através de uma política monetária bastante conservadora, com a manutenção de altas taxas de juros. Durante o período houve também redução do desemprego e uma balança comercial favorável. A classe média do país aumentou e a demanda cresceu em 8%. Inflação Em 2004, depois de o governo estipular uma meta de inflação acumulada de 5,5% para aquele ano, com tolerância de 2,5 pontos porcentuais para baixo ou para cima o IPCA atingiu uma taxa final de 7,60%,. Em 2005, a inflação oficial do País fechou o período com uma alta acumulada de 5,69%, dentro da meta de 4,5%, com tolerância de 2,5 pontos para cima ou para baixo. A partir de 2006, o governo manteve o ponto central da meta inflacionária do Brasil em 4,5%, mas reduziu as margens para 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. Foi exatamente nesse ano que o IPCA atingiu a marca de 3,14%, a menor taxa desde o início de implantação das metas, em 1999. Em 2007 e 2008, a inflação acumulada avançou para os níveis de 4,46% e de 5,90%, respectivamente, mas ainda continuaram dentro do intervalo estipulado pelo Banco Central. Em 2009, em virtude principalmente da alta menor no preços dos alimentos, o IPCA acumulado desacelerou para a marca de 4,31%. No último ano do governo Lula, a inflação apresentou importante aceleração, registrandoalta de 5,91%. Apesar de ainda ter ficado dentro da meta do de 4,5%, com tolerância de 2 pontos para cima ou para baixo, o IPCA foi o maior desde 2004. O PIB no Governo Lula apresentou expansão média de 4% ao ano, entre 2003 e 2010. Esse desempenho superou o do governo anterior O resultado médio melhor da segunda metade do Governo Lula foi beneficiado especialmente pelo número do último ano de mandato, já que a economia brasileira apresentou, em 2010 expansão de 7,5% ante 2009, o maior crescimento desde 1986, quando o PIB também cresceu 7,5%, segundo o IBGE. Desemprego O desemprego médio do último ano do Governo Lula foi de 6,7%, também o menor da série histórica. Em 2009, essa mesma taxa era de 8,9%. CPMF Em 2007, houve uma tentativa de se prorrogar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), embora o Governo estivesse batendo recordes de arrecadação. O Governo Lula lutou pela manutenção da CPMF. Mas, posteriormente, o Senado extinguiu o imposto. Dívida Externa Durante a gestão de Lula, a liquidação do pagamento das dívidas com o FMI contraídas em governos anteriores foram antecipadas, fato criticado por economistas por se tratar de dívida com juros baixos. Dívida Interna Em dezembro de 2010, o valor referente ao estoque da dívida pública mobiliária federal interna atingiu nível recorde, depois de subir para R$ 1,603 trilhão ante o valor de R$ 1,574 trilhão de novembro do mesmo ano. Taxa de Juros A condução da política de juros do governo é considerada conservadora É provável que os números positivos obtidos pelo Brasil durante o mandato de Lula eram consequência do bom resultado do sistema financeiro internacional; uma delas era a forte demanda asiática por produtos primários brasileiros, aumentando a sua cotação e consequentemente inflando o superávit comercial, que poderia mudar a qualquer momento, e que o país não disporia de um plano de desenvolvimento claro. O GOVERNO LULA Leitura obrigatória: VASCONCELLOS, M.A. S. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2007 Leitura de aprofundamento: MOURA, A.R. PAEG E Real: dois planos que mudaram a economia brasileira. São Paulo: FGV, 2007 Privatizações Durante o governo Lula também foi marcado pelo fim do ciclo de privatizações das empresas estatais. Um dos pontos controversos das privatizações ocorridas no governo anterior foi a venda da companhia Vale do Rio Doce, a um valor menor que o lucro obtido no primeiro ano de gestão dos novos donos Redução da pobreza e distribuição de renda Em 2010, o BIRD afirmou que o país avançou na redução da pobreza e distribuição de renda. Segundo a entidade, apesar da desigualdade social ser ainda elevada, conseguiu-se reduzir a taxa de pobreza de 40% em 1990 para 9,1% em 2006, Os maiores motivos para a redução teriam sido a inflação baixa e os programas sociais de transferência de renda. Índice de Desenvolvimento Humano Entre 2002 e 2007, o Brasil, embora tenha melhorado seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,790 para 0,813, caiu da 63º posição para a 75ª posição no ranking dos países do mundo. Alguns Programas Sociais: ● Bolsa Família Um programa social bastante conhecido do governo Lula é o Bolsa Família. Ele foi criado através do Decreto Nº 5.209 de 17 de Setembro de 2004. A finalidade do programa, que atende cerca de 12,4 milhões de habitantes, é a transferência direta de renda do governo para famílias pobres (renda mensal por pessoa entre R$ 69,01 e R$ 137,00) e em extrema miséria (renda mensal por pessoa de até R$ 69,00). O programa foi uma reformulação e ampliação do programa Bolsa-Escola do governo de Fernando Henrique, que tinha uma abrangência de 5,1 milhões de famílias. ● O Fome Zero O Programa Fome Zero foi a principal plataforma eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Nessa campanha eleitoral, ele pregava a eliminação da fome no Brasil. O programa Fome Zero começou como uma tentativa do Presidente da República de mobilizar as massas em favor dos pobres em estado de extrema miséria ainda muito presente no Brasil. O programa Fome Zero não deu certo. O programa hoje é considerado extinto e substituído pelo Bolsa-Família Na área do ensino superior, o Pro Uni (Programa Universidade Para Todos).Em 2005, o Pro Uni ofereceu 112 mil bolsas de estudo em 1.412 instituições em todo o país Política externa - Primeiro e segundo mandatos de Lula Uma das prioridades do governo Lula foi a integração da América do Sul através da expansão do MERCOSUL criação da União Sul-Americana de Nações, e a abertura de novas rotas comerciais com países os quais o Brasil pouco se relacionava, em especial os países árabes e africanos. Houve uma aproximação com diversos países e uma distanciação dos EUA. O governo Lula também acumula algumas derrotas no campo internacional. Depois de investir 3,5 bilhões de dólares na Bolívia, a Petrobrás teve suas usinas nacionalizadas Crises A partir do ano de 2004 o governo Lula enfrentou crises políticas, que atingiram ápice em julho de 2005 quando denunciaram um suposto esquema de compra de votos de deputados no congresso e suposto financiamento de campanhas por "Caixa 2". Várias outras denúncias de escândalos foram sendo descobertas, como o caso da quebra de sigilo de um caseiro pelo do estado, que levou a demissão do ministro Antônio Palocci, além da tentativa de compra de um dossiê por parte de agentes da campanha do PT de São Paulo. A Crise no setor aéreo brasileiro ou "apagão aéreo", como divulgado pela imprensa, é uma série de colapsos no transporte aéreo que foram deflagrados após o acidente do Voo gol 1907 em 2006. Durante mais de um ano a situação no transporte aéreo de passageiros no Brasil passou por dificuldades, ocasionando inclusive a queda do ministro da Defesa do governo Lula, Waldir Pires. No início de 2008 começava uma nova crise: a crise do uso de cartões corporativos. Denúncias sobre irregularidades sobre o uso de cartões corporativos começaram a aparecer. As denúncias levaram à demissão da Ministra da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que foi a recordista de gastos com o cartão em 2007. O ministro dos Esportes Orlando Silva devolveu aos cofres públicos mais de R$ 30 mil, evitando uma demissão. A denúncia que gerou um pedido de abertura de CPI por parte do Congresso foi a utilização de um cartão corporativo de um segurança da filha de Lula, Lurian Cordeiro Lula da Silva, com gasto de R$ 55 mil entre abril e dezembro de 2007. A imprensa revelou que o Palácio do Planalto montou um dossiê que detalhava gastos da família de FHC e que os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na CPI, mas a Casa Civil negou a existência do dossiê. Meses depois, sob críticas da oposição, a CPI dos Cartões Corporativos isentou todos os ministros do governo Lula acusados de irregularidades no uso dos cartões e não mencionou a montagem do dossiê com gastos do ex-presidente FHC. Segundo mandato O ano de 2007 foi marcado pela retomada da atividade em vários setores da economia, em virtude principalmenteda recuperação da renda da população e pela expansão do crédito no país. Com a retomada da atividade, o PIB brasileiro apresentou expansão de 5,4% em 2007, a maior taxa de crescimento desde 2004, quando houve crescimento de 5,7%. Infraestrutura Em janeiro de 2007, foi lançado o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um conjunto de medidas que visava à aceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, com previsão de investimentos de mais de 500 bilhões de reais para os quatro anos do segundo mandato do presidente, além de uma série de mudanças. Devido a grande popularidade alcançada pelo presidente Lula e o bom desempenho econômico do período de seu mandato, o Presidente conseguiu eleger um sucessor em 2010: Dilma Rousseff.
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