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Produção sustentável de Peixes Amazônicos II Criação sustentável de Pirarucu 2 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu 6. Principais doenças de pirarucus no cativeiro Apresentação Neste módulo, você conhecerá as principais doenças que podem ser diagnosticadas em pirarucus criados em cativeiro, com a apresentação de parasitos internos e externos. A seleção da abordagem de determinadas enfermidades em pirarucus neste módulo baseou-se em dados da literatura disponível e do levantamento realizado com piscicultores e técnicos dos estados da região Norte do Brasil. Os monogenoides, protozoários e nematoides foram os parasitos citados como mais frequentes, responsáveis por problemas durante a alevinagem da espécie. Monogenoides, protozoários e crustáceos são ectoparasitos que infestam as brânquias e a pele do hospedeiro cultivado, enquanto nematoides, digenéticos e acantocéfalos são endoparasitos que infectam principalmente o trato digestivo, a bexiga natatória e a cavidade abdominal, mas também podem ser encontrados na pele, nas narinas, nos olhos e na boca dos indivíduos infestados. Objetivo Identificar as principais doenças que podem ocorrer em propriedades de criação de pirarucus. 3 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu 6.1 Principais características das parasitoses Veremos a seguir o detalhamento de cada doença, com a exposição dos pontos mais importantes a respeito de cada uma delas: • nome comum; • espécies descritas; • localização no hospedeiro; • tamanho médio; • forma de visualização; • ciclo de vida; • em que fase da criação afeta o peixe; • fatores que favorecem a proliferação; • transmissão; • patogenia e sinais clínicos; • diagnóstico; • prevenção; • tratamento. Tais patologias possuem em comum o fato de o melhor tratamento ser a prevenção combinada com o diagnóstico precoce, de forma que a adoção de boas práticas sanitárias e de produção, bem detalhadas ao longo deste material, deve ser feita para um melhor controle da saúde e bem-estar dos peixes produzidos. 4 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu Isópodes e Branchiuras (carrapatos ou piolhos) Verme do pulmão (Nematoide) Verme do intestino (Acantocéfalo) Verme do estômago (Nematoide) Tricodinídeos Monogenoides Ichthyophthirius multi�lis Piscinoodinium pillulare Figura 6.1. Principais parasitoses de pirarucus de cativeiro e o local onde podem ser encontrados. Fo nt e: A da pt ad a de L im a et a l. (2 01 7 , p. 1 2 2 ). 6.2 Infestações por ectoparasitos (parasitos externos) 6.2.1 Tricodinídeos Os tricodinídeos são protozoários que apresentam cílios para sua locomoção na superfície do corpo e nas brânquias dos peixes. Eles podem ser encontrados naturalmente nos ambientes; no entanto, quando encontram condições propícias, como em pisciculturas, têm ação parasitária propriamente dita. Esse tipo de parasito, que não possui um nome comum, divide-se em três espécies: • Trichodina heterodentata; • Trichodina fariai; • Trichodina sp. No hospedeiro, os tricodinídeos costumam se localizar nas brânquias, na pele e no muco. Em média, são menores que 100 µm (micrômetros) e podem ser identificados apenas com o auxílio de um microscópio. Seu ciclo de vida é direto, ou seja, para sua reprodução, necessitam de apenas um hospedeiro (peixe). A reprodução normalmente ocorre por fissão binária no organismo parasitado, o que significa que um parasito (célula) se divide em dois por mitose, mas ele também pode se reproduzir por conjugação. Por isso, em um curto período, eles podem se reproduzir rapidamente e alcançar 100% dos animais do sistema. 5 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu No vídeo a seguir, você conhecerá as fases da criação em que os peixes são acometidos, os fatores de proliferação e transmissão, os sinais clínicos e como são feitos o diagnóstico, a prevenção e o tratamento. Tricodinídeos 6.2.2 Ictiofitiríase A ictiofitiríase é uma doença provocada por um protozoário que tem distribuição mundial e pode causar a mortalidade de até 100% da criação. No Brasil, ele já foi encontrado em várias espécies de peixes – ornamentais, de criação e silvestres. Veja suas principais características: Ictiofitiríase Diagnóstico Busca pelo parasito nas brânquias e no raspado de muco com estereomicroscópio (lupa) e microscópio, respectivamente. O diagnóstico comparativo deve ser feito com I. multifilis devido à similaridade dos parasitos. Prevenção Evitar as condições estressantes e acompanhar os sinais clínicos dos peixes durante as biometrias. Se houver oscilações térmicas (“friagens”), suspender a alimentação e acompanhar a resposta dos peixes. Tratamento É um parasito de difícil controle quando em situações de surtos, sendo importante focar nas medidas preventivas. Para peixes redondos, o sulfato de cobre é efetivo no tratamento. https://youtu.be/QDSfaB81fPk https://youtu.be/fOUh1eeo1HI 6 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu 6.2.3 Piscinoodinose A piscinoodinose é uma doença causada por um protozoário mastigóforo, dinoflagelado e altamente patogênico. Ouça o podcast e conheça algumas particularidades da doença. Piscinoodinose Associada às características que você acaba de ouvir no podcast, está a formação de áreas hemorrágicas no corpo e nas nadadeiras. Estas últimas lesões são consideradas mais graves, pois resultam em grave dificuldade respiratória e na consequente morte do indivíduo hospedeiro. Acompanhe como se dão o diagnóstico, a prevenção e o tratamento dessa doença. 6.2.4 Monogenoides Os monogenoides são helmintos cuja infestação é capaz de produzir graves surtos de morbidade e altas taxas de mortalidade, principalmente em alevinos, e comprometer o desenvolvimento de juvenis na fase de recria. Esse tipo de parasito possui alguns nomes comuns, como vermes das brânquias, Monogeneas, Monogenoideos ou Monogenoidea. Além disso, o nome Girodactilídeos também é usado, mas de forma incorreta, pois os monogenoides de pirarucu não são da família Girodactilidae (vivípara). As espécies encontradas são a Dawestrema cycloancistrium e a Dawestrema cicloancistrioides, sendo que a primeira é mais frequente nos registros para pirarucu de cativeiro. No hospedeiro, os monogenoides são encontrados nas brânquias, na pele e no muco. Um adulto mede aproximadamente 2.000 µm e seus ovos, 90 µm. Eles podem ser visualizados com o auxílio de um estereomicroscópio ou de um microscópio. https://ava.sede.embrapa.br/pluginfile.php/1543576/mod_resource/content/1/REGRAVA%C3%87%C3%83O%20CURSO%202%20%E2%80%93%20Cria%C3%A7%C3%A3o%20Sustent%C3%A1vel%20de%20Pirarucu%20%E2%80%93%20parte%202.mp3 7 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu Figura 6.2. Imagem de microscópio de um adulto de monogenoide. Fo nt e: L im a et a l. (2 01 7 , p. 1 2 7 ). O ciclo de vida de um monogenoide é direto, ou seja, para se reproduzir, ele necessita de apenas um hospedeiro (peixe). Por isso, encontra facilidade para completar seu ciclo em ambientes com altas densidades. Outro aspecto favorável é o fato de ser hermafrodita: cada indivíduo apresenta os dois sexos e consegue produzir descendentes sozinho. As espécies de monogenoides que parasitam o pirarucu são ovíparas. Quando a ovoposição ocorre, os ovos liberam um oncomiracídio ciliado, que oportunamente infectará um hospedeiro, no qual a maturação se completará em aproximadamente 15 dias. Os ovos, frequentemente, têm filamentos polares que servem como âncoras. Assim, eles se prendem à mucosa das brânquias dos seres hospedados ou a substratos no ambiente até a eclosão. Conheça outras características dos monogenoides no vídeo a seguir. Monogenoides Agora, veja como prevenir a doença e realizar o tratamento dela. Prevenção • Realizar odiagnóstico precoce da doença nas várias fases e dinâmicas do cultivo: na quarentena, antes de os animais entrarem no laboratório; durante o treinamento alimentar; na recria, quando se adquire alevinos para engorda. • Manter as caixas limpas (fazer sua limpeza diariamente) para reduzir a carga de matéria orgânica na água e assim eliminar os ovos e oncomiracídios do ambiente. https://youtu.be/tlidxXq0Pts 8 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu • Ter cuidado com o descarte da água do laboratório para não contaminar outras áreas de viveiros da propriedade. • Controlar rigorosamente o uso dos utensílios para evitar contaminação cruzada no laboratório. Recomenda-se separar os utensílios individualmente por caixas no laboratório. • Cuidar da higiene das mãos e dos braços dos trabalhadores no manejo de diferentes caixas, para evitar transmissão de ovos entre recipientes contaminados e livres. • Controlar as oscilações térmicas e ter cuidado nas manipulações, pois podem ser fonte de estresse aos animais. Tratamento Enquanto mantidos na área de quarentena, os alevinos recém-coletados devem ser submetidos a banhos profiláticos, assim como durante o treinamento alimentar e na fase de recria, quando o diagnóstico for positivo (sinais clínicos e análise laboratorial). 6.2.5 Crustáceos branchiuros No vídeo a seguir, você verá características dos crustáceos branchiuros, conhecidos popularmente como piolhos de peixe ou carrapatos de peixe. Crustáceos branchiuros Agora, veja como prevenir e realizar o tratamento da doença associada ao parasita. Prevenção • Para evitar contaminação cruzada entre diferentes ciclos de produção, após a despesca, deve-se realizar a secagem total dos viveiros e a desinfecção deles com cal virgem, especialmente aqueles diagnosticados com a parasitose, para eliminar qualquer fase de desenvolvimento do parasito no substrato. • Instalar filtros de tela ou do tipo bag nas entradas de água de abastecimento dos viveiros para impossibilitar a chegada de peixes invasores parasitados ou mesmo estágios de desenvolvimento do parasito. https://youtu.be/KYiLNEEpI2E 9 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu • De modo a impedir a contaminação cruzada entre viveiros, os utensílios de pesca e de manejo de rotina devem ser limpos e desinfetados, inclusive os equipamentos de proteção individual dos trabalhadores (botas). Recomenda- se também remover periodicamente a vegetação aquática dos criadouros para reduzir locais de deposição de ovos. Finalmente, é essencial realizar o diagnóstico precoce dos animais recém- captu • rados do viveiro de reprodução e dos alevinos comprados para a fase de recria, assim como fazer a inspeção sanitária dos peixes nos momentos de manejo, como nas biometrias nas fases de recria e engorda. Tratamento • O controle inclui a remoção mecânica dos parasitos quando em pequenas quantidades, em poucos peixes e em ambientes controlados, a exemplo do quarentenário. • O diflubenzuron é um inseticida que tem sido utilizado no controle de crustáceos parasitos devido a sua baixa toxicidade para vertebrados. Por ser um potente regulador do crescimento de invertebrados artrópodes, interfere na síntese de quitina na fase de muda, atuando nos estágios imaturos do parasito. Porém, como atua em invertebrados, se mal aplicado, pode eliminar a população de zooplâncton e outros organismos aquáticos do viveiro, o que compromete toda a dinâmica de qualidade da água na criação – e fora dela, se a água for descartada no ambiente. Por esse motivo, a melhor via de administração – se oralmente, na ração ou na água – deve ser avaliada de acordo com as condições dos peixes e do meio, sendo seu uso supervisionado por um profissional. • Por outro lado, o tratamento com produtos organofosforados deve ser evitado, porque as substâncias são perigosas devido à toxicidade para os peixes. Doses efetivas para pirarucu ainda não foram estabelecidas, porém apresentamos dados para outras espécies no tópico “Tratamentos de doenças” do módulo Recria e engorda. 10 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu 6.3 Infecções por endoparasitos (parasitos internos) 6.3.1 Nematoides (vermes arredondados) Os nematoides são helmintos facilmente identificados devido a sua forma arredondada e nomenclatura popular (são os conhecidos vermes). Contudo, se não reconhecidos corretamente, podem ser confundidos com os acantocéfalos, que serão descritos ainda neste módulo. A maioria das espécies é translúcida ou mesmo transparente, porém algumas podem ser avermelhadas. São encontrados na forma larval ou adulta, na cavidade celomática, no interior dos órgãos internos, no mesentério, no pulmão ou na pele. A patogenicidade – ou seja, a capacidade de causar doença nos peixes – depende da espécie do parasito e da idade do hospedeiro. Diversas espécies acometem pirarucus, e veremos algumas delas a seguir. Espécie: Goezia spinulosa Os parasitos da espécie Goezia spinulosa são comumente chamados de vermes do estômago. Os indivíduos adultos são geralmente encontrados no estômago e menos frequentemente no intestino dos peixes, enquanto as larvas ficam no trato digestório ou encapsuladas no mesentério e na superfície do estômago e nos cecos. Os adultos podem medir de 11 a 23 mm, sendo que as fêmeas são maiores do que os machos. Dependendo do estágio de desenvolvimento do parasito, podem ser visualizados a olho nu na região estomacal dos peixes. Em alevinos, garante-se a observação em estereomicroscópio (lupa). Figura 6.3. Parasito Goezia spinulosa adulto visto a olho nu no estômago de um pirarucu adulto. Fo nt e: L im a et a l. (2 01 7 , p. 1 2 7 ). 11 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu O ciclo de vida de G. spinulosa não está elucidado e, atualmente, baseia-se na descrição de outra espécie do mesmo gênero. Fêmeas do parasito são encontradas no trato intestinal do hospedeiro, onde põem seus ovos, liberados para o ambiente junto com as fezes do peixe. Quando os ovos eclodem, as larvas são ingeridas por um hospedeiro intermediário, geralmente um microcrustáceo (copépode), no qual se desenvolvem. Os peixes podem ser hospedeiros paratênicos (acidentais) ou definitivos. No último caso, os indivíduos se infectam pela ingestão de zooplâncton contaminado ou de peixes infectados. Pirarucus maiores (juvenis e adultos) servem como hospedeiros definitivos. No caso de alevinos, eles se infectam pela ingestão de zooplâncton (copépodes) contaminado com larvas do parasito, que penetram o trato intestinal e se encapsulam nas cavidades do peixe, possivelmente em resposta às reações de defesa do hospedeiro. Conheça, no vídeo a seguir, outras características dos G. spinulosa, como fases da criação em que os peixes são acometidos, fatores que favorecem a proliferação, transmissão, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico, prevenção e tratamento. Goezia spinulosa Espécie: Nilonema senticosum No podcast a seguir, você conhecerá as principais características de outro tipo de parasito interno: o Nilonema senticosum. Nilonema senticosum Espécie: Eustrongylides sp. As larvas desse parasito têm potencial zoonótico para humanos que ingerem carne de pescado crua ou minimamente processada. Todavia, ele não foi encontrado em adultos de pirarucu ou em peixes de engorda, aqueles normalmente consumidos. Larvas do Eustrongylides sp. foram registradas apenas sob a pele de alevinos de pirarucu, achado que indica que, nessa fase, a espécie é um hospedeiro intermediário ou acidental (paratênicos). Sabe-se que o ciclo de vida envolve também oligoquetas (um grupo de anelídeos) como hospedeiros intermediários e aves piscívoras como hospedeiros definitivos. Há pouca informação a respeito dos fatores que favorecem a proliferação, meios de transmissão, métodos de prevenção e tratamento.Espécie: Hysterothylacium sp. É um parasito recentemente descrito em alevinos de pirarucu, ainda com pouca informação disponível a respeito de sua patogenicidade para os peixes, dos fatores que favorecem a proliferação, dos meios de transmissão, assim como métodos de https://youtu.be/5BjHQI_Hq_E https://ava.sede.embrapa.br/pluginfile.php/1543578/mod_resource/content/1/EMBRAPA%20-%20PARTE%2002%20-%20M%206%20-%20PODCAST%2002.mp3 12 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu prevenção e tratamento. Entretanto, por se tratar de uma espécie com potencial zoonótico e ser da família Anisakidae, decidimos incluir esse nematoide na lista de principais parasitos do pirarucu cultivado, assim como o descrito no tópico anterior. Trata-se de um microrganismo de aproximadamente 2,1 mm a 2,2 mm, encontrado na forma larval no estômago, intestino e cecos pilóricos de alevinos de pirarucu de criação. Os sinais clínicos descritos nos peixes analisados foram ascite (aumento do volume abdominal), petéquias (pontos hemorrágicos) na mucosa do estômago e obstrução total do intestino. Pela localização dos parasitos nos peixes, possivelmente pirarucus são hospedeiros paratênicos (acidentais) ou intermediários. Sua patogenicidade para humanos ainda precisa ser investigada. 6.3.2 Acantocéfalos Os acantocéfalos, que podem também ser chamados simplesmente de vermes ou de vermes de intestino, podem ser de duas espécies: Polyacanthorhynchus rhopalorhynchus e P. macrorhynchus, sendo que somente a segunda é descrita para pirarucus criados em cativeiro. Eles são encontrados no intestino do hospedeiro e podem chegar a 25 cm de comprimento. Podem ser visualizados a olho nu no intestino dos peixes, mas, dependendo de seu estágio de desenvolvimento, geralmente em alevinos, garante- se a observação em estereomicroscópio (lupa). O ciclo de vida dessa espécie ainda é desconhecido, mas provavelmente microcrustáceos (ostracoides, anfípodes, isópodes ou copépodes) atuam como hospedeiros intermediários e o pirarucu, como hospedeiro definitivo. Figura 6.4. Acantocéfalo Polyacanthorhynchus sp. coletado de alevino de pirarucu com detalhe para a probóscide com espinhos. Fo nt e: L im a et a l. (2 01 7 , p. 1 3 8 ). 13 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu Até hoje, foram descritos pirarucus acometidos pelo parasito apenas na fase de engorda, com intensidade variando de 3 a 118 parasitas no intestino, havendo a possibilidade de os animais terem sido infectados ainda na fase de alevinagem. Porém, não foram registradas perdas por mortalidade ou comprometimento do ganho de peso dos animais. Sabe-se que a presença de hospedeiros intermediários contribui para o fechamento do ciclo e, por sua vez, para a proliferação do parasito. Contudo, há pouca informação acerca de acantocéfalos em pirarucus. Veja, no vídeo a seguir, como se dá a transmissão desse tipo de organismo, conheça os sinais clínicos, diagnóstico, prevenção e tratamento. Acantocéfalos 6.3.3 Digenéticos Os digenéticos, também chamados de vermes, vermes de intestino ou de estômago, são da espécie Caballerotrema arapaimense. No hospedeiro, são geralmente encontrados no estômago e intestino. Os adultos da espécie possuem em média de 3,8 mm a 8,3 mm de comprimento e podem ser vistos com o auxílio de um estereomicroscópio. No podcast a seguir, você conhecerá seu ciclo de vida, a fase da criação em que os pirarucus são acometidos por ele, fatores de proliferação e transmissão, sinais clínicos, diagnóstico, prevenção e tratamento. Digenéticos 6.4 Infecções bacterianas e fúngicas As doenças bacterianas podem ter origem primária ou secundária. No primeiro caso, as bactérias possuem a capacidade de iniciar uma infecção no hospedeiro, enquanto as bacterioses secundárias se manifestam quando os peixes estão debilitados, com queda da imunidade, como nos casos descritos para o pirarucu. As bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos, identificados por uma técnica rápida de laboratório: a coloração de Gram. As bactérias Gram-positivas coram em azul violeta, enquanto as Gram-negativas ficam coradas em vermelho rosa. Contudo, é necessário fazer uma identificação mais aprofundada, com a cultura das bactérias associada a outros métodos. Assista ao vídeo e conheça alguns estudos sobre fungos e bactérias encontrados em pirarucus. Infecções bacterianas e fúngicas https://youtu.be/18nmnIWij_A https://ava.sede.embrapa.br/pluginfile.php/1543588/mod_resource/content/1/EMBRAPA%20-%20PARTE%2002%20-%20M%206%20-%20PODCAST%2003.mp3 https://youtu.be/LYo7efDX5lQ 14 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu Há poucos estudos com relação às bacterioses e micoses em cultivos de pirarucu. Os relatos de ocorrência, feitos por técnicos e produtores, até o momento são classificados como secundários, ou seja, não foram a causa primária de mortalidades. Sendo assim, de forma geral, essas infecções secundárias se desenvolvem em peixes malnutridos, com imunidade baixa decorrente de estresse ou parasitismo, em animais com lesões e feridas pré-existentes devido a manejos de classificação, transporte e despesca malconduzidos. No ambiente de cultivo, a transmissão dessas doenças é horizontal: de peixes contaminados para indivíduos sadios. Por esse motivo, é importante estar atento aos cuidados nos manejos para evitar estresse e lesões nos peixes, além de observar a presença de animais moribundos ou mortos para a sua pronta retirada da estrutura, de modo a evitar a transmissão das patologias para animais saudáveis. 15 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu Síntese Neste módulo, você conheceu as principais doenças que podem ser diagnosticadas em pirarucus criados em cativeiro. Além disso, aprendeu como prevenir, identificar e tratar essas enfermidades. 16 Produção sustentável de Peixes Amazônicos II – Criação sustentável de Pirarucu Referências LIMA, A. F.; RODRIGUES, A. P. O.; LIMA, L. K. F.; MACIEL, P. O.; REZENDE, F. P.; FREITAS, L. E. L.; DIAS, M. T.; BEZERRA, T. A. Alevinagem, recria e engorda de pirarucu. Brasília: Embrapa, 2017.
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