Buscar

3 Gerativismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO À 
LINGUÍSTICA
Marlise Buchweitz 
Gerativismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as principais características da teoria de Chomsky e seu 
caráter biologizante.
  Descrever conceitos como agramaticalidade e dados de introspecção 
na perspectiva chomskyana.
  Relacionar o gerativismo à teoria inatista de aquisição da linguagem.
Introdução
O gerativismo surgiu no fim da década de 1950 com Noam Chomsky, 
linguista, filósofo, sociólogo e ativista, considerado “o pai da linguística 
moderna”. Até hoje, o gerativismo passa por reformulações, mas surgiu 
em oposição ao estruturalismo americano de Leonard Bloomfield, na 
linguística, e ao behaviorismo de Burrhus Frederic, na psicologia.
Bloomfield dedicou seus estudos à descrição das línguas de modo 
sincrônico. Isto é, a língua estudada em um corte de tempo determinado, 
estático. Ele intencionava, além disso, elaborar conceitos que permitissem 
a descrição de qualquer língua existente. 
Tanto o estruturalismo como o behaviorismo postulavam que a 
criança seria uma tabula rasa, ou folha de papel em branco, que não 
traz nada de inato em si, mas apenas adquire conhecimento do am-
biente externo. Nessa concepção, a aquisição da linguagem se daria 
por estímulo-resposta. Por exemplo, a criança fala “papa”, e os pais lhe 
dão a mamadeira. Ela, então, entende que, sempre que falar “papa”, sua 
necessidade será atendida. É o que o estruturalismo e o behaviorismo 
entendiam por reforço positivo. O ambiente externo, portanto, seria com-
pletamente responsável pelo aprendizado e pela aquisição da linguagem.
No entanto, para o gerativismo de Chomsky, essa visão não explica 
fatos importantes da linguagem, como a criatividade e a competência. 
Além disso, Chomsky argumenta que a criança tem uma capacidade 
inata para aprender a linguagem. Ele é associado à criação da gramática 
gerativa transformacional, e seus estudos contribuem para a formação 
da psicologia cognitiva.
Neste capítulo, você vai estudar características importantes do gerati-
vismo, considerando o caráter biologizante da linguagem. Também vai ler 
sobre algumas categorias que fazem parte da perspectiva chomskyana, 
como agramaticalidade e dados de introspecção. Por fim, você vai co-
nhecer a relação entre a teoria gerativista e a teoria inatista da linguagem.
Principais características da teoria de Chomsky 
e seu caráter biologizante 
As ideias de Noam Chomsky foram consideradas muito importantes para 
os estudos das línguas e da linguagem. A partir de agora você conhecerá os 
princípios que norteiam os estudos de Chomsky e entenderá outro viés de 
possibilidades de refl exão em relação à linguística.
Para Chomsky (1965), o objetivo da ciência da linguagem é caracterizar 
a faculdade da linguagem, vista como um produto biológico e mental, inato 
e universal. É um outro sentido, como audição, olfato, paladar, visão e tato. 
Nessa lógica, a linguagem caracteriza-se pelo que há de comum entre as 
diferentes línguas, ela é específica ao ser humano e universal. 
Chomsky sugere que o estudo da mente humana seja realizado de acordo 
com as mesmas linhas de estudo da estrutura física do corpo, ou seja, de 
uma perspectiva biologizante. Considera-se como órgão principal o cérebro 
e analisa-se os sistemas ou estruturas da mente, os órgãos mentais (estruturas 
cognitivas). Assim, a faculdade da linguagem é um dos órgãos mentais que 
integram a mente humana e estaria, nas linguagens reais, em interação com 
os demais órgãos mentais de funções e propriedades diferentes. Observe a 
diferença entre essas categorias:
a) Os órgãos mentais são parte do processo genético, assim como os 
demais órgãos do corpo.
b) Sistema cognitivo pode ser um “órgão” específico da arquitetura mental: 
a linguagem, a percepção. Cada um é específico e independente do outro.
c) Os sistemas mentais rementem aos acontecimentos cerebrais que ocor-
rem por meio de processos cujos elementos básicos são os neurônios.
Gerativismo2
Hipótese do inatismo
O gerativismo questionou a ideia de que o ser humano nasce como uma folha 
de papel em branco, que aprende a linguagem exclusivamente pelos estímu-
los externos, a hipótese da tabula rasa. Como oposição, estabeleceu os dois 
argumentos a seguir. 
  Problema lógico de aquisição da linguagem: sustenta que nós recebemos 
estímulos finitos durante a infância. Por mais diversificados que possam 
ser, esses estímulos são dados durantes dois, três ou quatro anos. Depois 
disso, o conhecimento linguístico está completamente constituído. Porém:
[…] as frases e os discursos que as crianças podem produzir e compreender 
após a aquisição da linguagem são ilimitadas, potencialmente infinitas, e não 
apenas a reprodução de padrões detectados nos dados finitos apresentados 
no estímulo. A criança não se limita a reproduzir os estímulos que recebeu, 
antes, ela age criativamente, produzindo e compreendendo enunciados inéditos 
(KENEDY, 2013, p. 64-65). 
  Pobreza de estímulos: quer dizer que a criança constrói conhecimentos 
bem-elaborados sobre a língua que não provêm apenas dos estímulos do 
ambiente. Isso porque esses estímulos não contêm todas as informações 
necessárias para que uma criança aprenda as estruturas da língua. Ela 
mesma então infere uma grande quantidade de informações. Observe 
o exemplo dado por Kenedy (2013, p. 66).
Na frase ‘Maria se casou há poucos meses, mas ela já está insatisfeita com o 
marido’, nosso conhecimento sintático nos indica que o pronome ‘ela’ é uma 
anáfora do referente ‘Maria’. […] a questão apresentada pelo argumento da po-
breza de estímulos é: como aprendemos, na infância, a identificar as anáforas?
Chomsky e os gerativistas, então, sustentam que possuímos uma estru-
tura mental inata ou em estado inicial. Isso quer dizer que “[…] as crianças 
nascem com uma predisposição natural biologicamente condicionada para a 
aquisição da linguagem e que a simples exposição a uma língua é suficiente 
para desencadear o seu processo de aquisição” (KAPLAN, 1984, p. 2).
Essa estrutura é um sistema rico de princípios gerais, uma matriz biológica 
que fornece o arcabouço no qual a linguagem se desenvolve. Chomsky a 
chamou de gramática universal. Nessa linha, portanto:
3Gerativismo
[…] a criança nasce com uma predisposição natural para a aprendizagem da 
sua língua materna. Esta predisposição natural é exatamente o que chamam 
de Gramática Universal, um conjunto de princípios e parâmetros que permi-
tem a uma criança normal o desenvolvimento da linguagem durante os seus 
primeiros anos de vida, a partir da exposição à sua língua materna. […] os 
princípios são responsáveis pelos aspectos comuns a todas as línguas humanas 
e os parâmetros explicam a variação encontrada entre as línguas (MATTOS, 
2000, documento on-line).
Princípios são universais e comuns a todas as línguas. Parâmetros são individuais e 
formados a partir da experiência linguística das pessoas. Ambos compõem a gramática 
universal (KENEDY, 2008).
A gramática universal pressupõe que certos aspectos da sintaxe são comuns 
a todas as línguas do mundo. Argumenta-se com o exemplo de que todas as 
línguas formam frases com sujeito (princípio do sujeito) e que, além disso, 
todas as línguas podem transformar frases simples em frases complexas, adi-
cionando informações. Este último aspecto pode ser chamado de recursividade 
na linguística. Como se observa a seguir (MARCILESE, 2011):
Este é o jogador que chutou a bola.
Este é o jogador que chutou a bola que o adversário perdeu.
Este é o jogador que chutou a bola que o adversário 
perdeu no instante que o juiz apitou.
Para a linguística, input são as informações que a criança recebe do seu meio social 
e registra. No caso das línguas orais faladas, é tudo que a criança ouve. No caso das 
línguas de sinais, é tudo que ela vê. São dados linguísticos que vêm do ambiente onde 
a criança vive, mas não necessariamente são direcionados a ela. 
Segundaa teoria chomskyana, considerar os universos linguísticos como 
inatos pode explicar:
Gerativismo4
  a facilidade e a rapidez com que as crianças adquirem sua própria 
linguagem;
  o fato de a variação de linguagem para linguagem ser limitada;
  alguns distúrbios em determinadas áreas do cérebro responsáveis pela lin-
guagem, como a afasia, que afeta a capacidade de comunicação da pessoa.
O gerativismo distingue competência de desempenho no que tange à aquisição 
da linguagem. A competência seria justamente essa capacidade de aprender 
uma língua, com a qual já nascemos. Desempenho, por sua vez, seria a língua 
quando em uso. De acordo com Kenedy (2008, p. 130), desempenho é um “[…] 
conjunto de imposições que limitam o uso da competência. É a imperfeita 
manifestação do sistema. É o uso real da língua em uma situação concreta”. 
Chomsky (1978, p. 12) reafi rma:
A competência destaca-se como a capacidade de produzir variadas
sentenças, em outras palavras, o sujeito sabe produzir sentenças de
acordo com uma gramática interna, na qual, já sabemos distinguir
uma frase gramatical ou agramatical. E desempenho é o uso concreto
da língua.
Por exemplo, você tem capacidade para se comunicar; nasceu com isso a que 
os gerativistas chamam competência. No entanto, digamos que você está nervoso 
porque precisa apresentar um trabalho em público. Nesse caso, seu desempenho 
pode ser afetado. Você pode esquecer palavras, gaguejar e não conseguir organizar 
seus pensamentos como faria caso não estivesse nessa situação.
Propriedades diferenciadoras das linguagens naturais
Com base na ideia de caráter inato da linguagem, há algumas propriedades 
que diferenciam as linguagens naturais, relacionadas a seguir.
  Produtividade ilimitada quer dizer que podemos produzir inúmeras 
sentenças possíveis a partir de um mesmo número de palavras. Observe: 
A casa de Maria é verde.
A casa verde de Maria.
  Criatividade é exemplificada com neologismos que surgem a todo o 
momento. Neologismo são palavras novas, formadas por radicais já 
existentes ou não. Podem também remeter a sentidos diferentes dados 
5Gerativismo
a uma nova palavra. Um exemplo é a palavra “internetês”, que indica 
a linguagem da internet e não existia até pouco tempo.
  Multiplicidade de funções quer dizer que uma mesma palavra pode 
ter variadas funções. Observe:
uma carta para João
O destinatário da carta é João; a função da palavra “para” é de preposição.
Para, João, é uma carta!
O emissor da mensagem pede atenção a João, uma pausa para que perceba 
o que é o objeto; a função da palavra “para” é a de verbo no modo imperativo.
  Arbitrariedade da ligação entre significante e significado e entre signo 
e referente. O significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao 
significado, com o qual não possui nenhum laço natural na realidade. 
Por exemplo, “m-e-s-a” não possui qualquer laço natural com o objeto 
ao qual se refere.
  Caráter necessário dessa ligação. A arbitrariedade da relação entre 
significante e significado é inequívoca e, portanto, necessária.
  Descontinuidade dos elementos em que as mensagens linguísticas se 
decompõem e articulação desses elementos no plano de conteúdo e no 
da expressão.
Além dessas ideias relacionadas às propriedades das linguagens, elas tam-
bém possuem um caráter eminentemente oral, com o fim social de viabilizar 
a comunicação entre os membros de uma comunidade, proporcionando um 
intercâmbio de papéis entre o emissor e o receptor de um ato enunciativo. Mais 
do que isso, a linguagem possibilita uma transferência de meio, que permite 
passar da fala para a escrita, e vice-versa, e possui um caráter sistemático, 
além de ser regida por regras.
Veja uma entrevista com Noam Chomsky sobre linguagem no link a seguir.
https://qrgo.page.link/P9M6o
Gerativismo6
Agramaticalidade e dados de introspecção na 
perspectiva chomskyana
Em relação à gramática, Chomsky compreendia que há:
  uma gramática particular, sistema abstrato e finito de regras de uma 
língua que permite produzir um conjunto infinito de sequências da 
língua;
  uma gramática universal, estado mental inicial, que diz respeito à 
estrutura linguística herdada geneticamente pelos membros da espécie 
humana. 
Além disso, o autor fazia uma diferenciação entre competência gramatical 
e competência pragmática. A primeira é o conhecimento que os falantes da 
língua possuem, independentemente de qualquer informação extralinguística. 
A segunda ultrapassa o nível da informação sobre a forma e o significado 
das sentenças e estabelece o conhecimento das condições e dos modos de 
uso adequado, de acordo com a finalidade. No Quadro 1, observe cada uma 
dessas categorias.
 
GRAMÁTICA
Particular Sistema abstrato e finito de 
regras de uma linguagem
Universal Estado mental inicial
COMPETÊNCIAS
Gramatical Conhecimento sobre a 
língua e a linguagem
Pragmática Conhecimento das condições de 
modos de utilização apropriada
 Quadro 1. Competência gramatical e competência pragmática 
A partir de todas essas noções, Chomsky destaca que a gramaticalidade 
só diz respeito à obediência das regras sintáticas (ou morfossintáticas) da 
gramática na estruturação das expressões, sem incluir, por exemplo, as regras 
semânticas. Desse modo, depreende-se uma agramaticalidade em relação à 
linguagem percebida pelo autor.
7Gerativismo
Juntamente com a noção de agramaticalidade, você precisa considerar o 
corpus e a introspecção. Pense nas repetições, hesitações ou outras “irregu-
laridades” que se manifestam em qualquer corpus de língua falada, que não 
podem ser incluídas em uma gramática (PERINI; OTHERO, 2010). Por que 
algumas repetições são excluídas da descrição da língua, tais como em “uma 
equipe de... de... de... alunos”, ao passo que outras são mantidas, como em “ele 
é muito, muito generoso”? Os autores destacam que não há outro recurso a não 
ser o “[…] conhecimento internalizado da língua, através do que chamamos, 
no nosso ofício, ‘intuições’” (PERINI; OTHERO, 2010, documento on-line).
É necessário um equilíbrio entre as duas “[…] ‘fontes’ de dados: a intuição 
própria — aliada ao julgamento de outros falantes nativos da língua — e um 
corpus da língua em estudo”. O uso de apenas um dos dados, para realizar a 
comunicação (a intuição/introspecção ou o corpus) gera “perigos bem grandes”, 
além disso, “[…] o trabalho com corpus nem sempre é praticável” (PERINI; 
OTHERO, 2010, documento on-line).
Os dados de introspecção, portanto, remetem à consciência que o sujeito tem 
em relação ao conteúdo da linguagem. A introspecção é a análise consciente 
do processo de comunicação por parte do sujeito. Observe, novamente, cada 
uma das categorias analisadas nessa seção.
  Agramaticalidade: em relação à linguagem, já que o falante respeita 
as regras sintáticas apenas.
  Dados de introspecção: input usado pelo falante com consciência.
Construção gramatical é aquela que é compreensível e aceitável para os 
falantes. A construção agramatical, portanto, é o contrário, é uma construção 
que os falantes não reconhecem como comum. Observe:
Ideias verdes incolores dormem furiosamente. 
*Furiosamente verdes dormem incolores ideias.
O * que antecede a frase, na linguística, significa que ela é agramatical.
De acordo com Kenedy (2013, p. 99):
Gerativismo8
Uma construção é gramatical numa dada língua natural quando é gerada de 
acordo com as regras tácitas dessa língua. Por contraste, uma construção é 
agramatical quando viola alguma regra inconsciente dessa língua. Regras 
são, na verdade, o conjunto de valores dos Princípios, dos Parâmetros e das 
demais imposições formais que compõem o sistema da gramática mental da 
língua em questão.
Gerativismo relacionado à teoria inatista de 
aquisição da linguagem 
Como mencionado nas outras seções deste capítulo, o gerativismo explica 
que a criança adquire linguagem por uma capacidade inata. Essa teoria des-
taca que a aquisição da língua materna acontece pelo amadurecimento dascrianças e, como consequência, da capacidade de formulação de respostas 
aos questionamentos que surgem, além de buscar similaridades presentes na 
língua. Em suma, a criança: 
  nasce dotada da capacidade de adquirir linguagem;
  adquire linguagem ao longo do amadurecimento;
  consegue formular respostas para os questionamentos que surgem e 
encontrar semelhanças na língua.
Com isso, “[…] quanto maior for a capacidade cognitiva da criança, maior 
será o número de suposições formuladas por ela e mais próxima da linguagem 
do adulto ela estará” (SOUZA; PAIVA, 2006, documento on-line).
Por essa teoria, tem-se uma valorização da sintaxe em detrimento da 
morfologia e da fonologia, sendo a aquisição da linguagem vista em relação 
a competências e desempenho. Como discutido na primeira seção, a compe-
tência é o tanto que o falante conhece em relação à gramática da língua, e o 
desempenho é o uso feito desse conhecimento.
Além disso, o gerativismo destaca que as construções feitas pelas crian-
ças, dentro da língua, não são apenas imitações da fala dos adultos, mas são 
produções originais da própria criança. Isso quer dizer que a fala da criança 
possui regras próprias, mas que são moldadas com base no contato com as 
regras e orientações dos adultos. Nesse sentido:
[…] a criança possui um mecanismo que lhe permite adquirir a linguagem, 
chamado de Dispositivo de Aquisição da Linguagem (DAL), o qual é parte da 
herança genética de sua espécie e que é acionado pelas frases ou falas, (input) 
9Gerativismo
dos adultos, com as quais irá atuar, gerando assim a gramática da língua na qual 
a criança está contextualizada (SOUZA; PAIVA, 2006, documento on-line).
Na sequência do processo de aquisição da linguagem, o gerativismo entende 
que a criança percebe as disposições da língua e incute-as em sua própria 
gramática. Esse dispositivo, é constituído de um conjunto de regras, mas só 
algumas são/serão ativadas, já que a criança pode escolher que normas precisa 
usar e quais podem ser descartadas.
Neste capítulo, foram estudados alguns fundamentos da linguística gerati-
vista, consolidada nos anos 1950, com os estudos de Noam Chomsky. Foram 
revistadas questões importantes para essa teoria, como o caráter cognitivo e 
biologizante da linguagem, gramaticalidade, intuição e inatismo.
Leia uma matéria sobre as ideias e a obra de Noam Chomsky no link a seguir.
https://qrgo.page.link/W8Qtw
CHOMSKY, N. Aspectos da teoria da sintaxe. Coimbra: Armênio Amado. 1978.
CHOMSKY, N. Cartesian linguistics: a chapter in the history of rationalist thought. Cam-
bridge: Cambridge University Press, 1965. 
KAPLAN, R. B. Applied linguistics, the state of the art: is there one? English Teaching 
Forum, v. 53, n. 2, Apr., 1984.
KENEDY, E. Curso básico de linguística gerativa. São Paulo: Contexto, 2013.
KENEDY, E. Gerativismo. In: MARTELOTTA, M. E. Manual de linguística. São Paulo: Con-
texto. 2008.
MARCILESE, M. Sobre o papel da língua no desenvolvimento de habilidades cognitivas 
superiores: representação, recursividade e cognição numérica. Tese (Doutorado) – 
PUCRJ, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/
tesesabertas/0710538_11_cap_04.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
Gerativismo10
MATTOS, A. M. A. A hipótese da gramática universal e a aquisição de segunda língua. 
Revista de Estudos da Linguagem, v. 9, n. 2, jul./dez. 2000. Disponível em: http://www.
periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/download/2325/2274. Acesso em: 
18 dez. 2019.
PERINI, M. A.; OTHERO, G. de Á. Córpus, introspecção e o objeto da descrição gramatical. 
Signo, v. 35, n. 59, jul./dez., 2010. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/
signo/article/view/1348/1255. Acesso em: 20 dez. 2019.
SOUZA, A. R. B.; PAIVA, R. F. Aquisição da linguagem à luz do modelo gerativista. Usina 
de Letras, 2006. Disponível em: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?
cod=42127&cat=Artigos&vinda=S. Acesso em: 20 dez. 2019.
Leituras recomendadas
DENTRO da cabeça de Noam Chomsky. Superinteressante, abr. 2003. Disponível em: 
https://super.abril.com.br/cultura/dentro-da-cabeca-de-noam-chomsky/. Acesso em: 
20 dez. 2019.
NOAM Chomsky: o conceito de linguagem. [S. l. : s. n.], 2016. 1 vídeo (27 min). Publi-
cado pelo canal Think About It Now! Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=W53UvJoLAwI. Acesso em: 20 dez. 2019.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
11Gerativismo

Continue navegando