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_____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 1 De Orbitais Atômicos a Orbitais Moleculares: Explicando Ligações Químicas e Polaridade As ligações químicas podem ser explicadas por alguns modelos. Em química orgânica, o usual é a utilização da chamada Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM), pois esse modelo explica, de maneira mais eficiente, a maioria das propriedades exibidas por compostos orgânicos. Para entender como as Ligações Químicas são formadas a partir dos Orbitais Moleculares (OMs), uma revisão de alguns conceitos sobre Orbitais Atômicos (OAs) e elétrons nos orbitais se faz necessária. 1. Sobre elétrons e Orbitais Atômicos (OAs): Uma pequena revisão Deve-se iniciar lembrando que o elétron possui dualidade partícula- onda e que não se pode saber, com exatidão, seu momento e sua localização (Princípio da Incerteza de Heisenberg). No entanto, a Equação de Schrodinger tem como solução a região mais provável de encontrar o elétron e pode ser utilizada para obtenção de algumas informações. Equação de Schrodinger (para 1 elétron) d2Y + d2Y + d2Y + 8p2m (E – V)Y = 0 dx2 dy2 dz2 h2 m = massa E = Energia total do sistema V = Energia potencial h = Constante de Plank _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 2 Y = Expressa a raiz quadrada da densidade de probabilidade de encontrar um elétron em qualquer posição definida pelas coordenadas x, y e z, onde a origem é o núcleo. As soluções para esse tipo de equação são equações simples que podem ser expressas em gráficos. Esses gráficos são figuras tridimensionais que mostram a densidade eletrônica e são chamados orbitais ou nuvens eletrônicas. Infelizmente, esses gráficos são uma aproximação e não a solução exata. Sendo assim, Orbital ou Nuvem Eletrônica é a região de maior probabilidade de encontrar o elétron. Pode-se, ainda, dizer que: - Existem orbitais de diferentes formas e energias; - Somente algumas energias são permitidas; - Somente algumas transições eletrônicas são permitidas; - Os elétrons nos orbitais podem ser definidos por 4 números quânticos: 1.1. Número Quântico Principal (n) Diferentes valores para n dividem os orbitais em grupos de energia similar, chamados camadas. Cada camada pode abrigar uma quantidade diferente de elétrons. A primeira camada pode abrigar somente 2 elétrons no total. 1.2. Número Quântico Momento Angular (ℓ) O número quântico ℓ determina o momento angular do elétron no orbital, ou seja, o formato da nuvem eletrônica (o elétron se move nessa nuvem). Cada valor de ℓ representa uma letra s, p, d ou f e essas letras representam um formato. Os valores que ℓ pode assumir dependem do valor de n e vão de zero a três. Quando n for um (primeira camada), ℓ pode ser somente zero. Isso quer dizer que, nessa camada, somente orbital de formato s pode ser observado. Quando n for dois, ℓ pode ser zero ou um e dois formatos podem ser observados, s ou p. Quando n for três, ℓ pode ser zero, um ou dois e _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 3 podem ser observados três formatos, s, p ou d. A partir da quarta camada, ou seja, para n igual a quatro ou mais, todos os formatos de orbitais podem ser observados, s, p, d ou f. Valor de n 1 2 3 4 Possíveis valores de ℓ 0 0, 1 0, 1, 2 0, 1, 2, 3 Nome 1s 2s, 2p 3s, 3p, 3d 4s, 4p, 4d, 4f 1.3. Número Quântico Magnético (mℓ) O número quântico magnético determina a orientação espacial da nuvem eletrônica. Esse número quântico depende diretamente do formato da nuvem, ou seja, mℓ depende do valor de ℓ. Portanto, mℓ varia de - ℓ a + ℓ e esses valores mostram a direção do orbital ao longo dos eixos x, y ou z. Valores de n 1 2 2 Valores de ℓ 0 0 1 Nome 1s 2s 2p Possíveis valores de mℓ 0 0 +1, 0, -1 Nome 1s 2s 2px, 2py, 2pz Quando ℓ = 0 (formato s), mℓ pode ser somente zero. Isso quer dizer que existe somente um tipo de orbital s, pois por ser uma esfera tem somente uma orientação possível ao longo dos eixos x,y e z. Quando ℓ = 1, mℓ pode ter três valores, +1, 0 ou -1. Ou seja, existem três tipos de orbitais p, dependendo da orientação ao longo dos eixos x, y ou z. Para ℓ = 2, mℓ pode assumir cinco valores e, portanto, existem cinco tipos de orbitais d. Por fim, quando ℓ = 3, mℓ pode assumir sete valores e existem sete tipos de orbitais f. Combinando os valores de ℓ e mℓ, os orbitais podem ser desenhados nos seguintes formatos e orientações: _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 4 1.4. Número Quântico Spin (ms). O quarto número quântico diz respeito ao elétron e representa o momento angular do elétron girando em torno de seu próprio eixo. A magnitude do numero quântico spin é constante, mas pode assumir duas orientações: +1/2 ou -1/2. Cada orbital pode acomodar, no máximo, dois elétrons. Isso somente ocorre quando estes tiverem spins opostos (+1/2 e -1/2). A regra que descreve o número máximo de elétrons e o estado de spin é conhecida como Princípio da Exclusão de Pauli. Levando em conta os números quânticos, para o Hidrogênio (1s1) temos que: - 1 indica n, ou seja, a camada em que o orbital contendo o elétron está; _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 5 - s refere-se a ℓ, ou seja, o formato da nuvem onde o elétron se move; - 1s define o nome do orbital; - O número 1 sobrescrito após o s indica que há somente um elétron no referido orbital. Portanto, usando n e ℓ, os orbitais podem ser rotulados em 1s, 2s, 2p, 3s, 3p e assim por diante. Sempre lembrando que ℓ somente assume valores inteiros. Para o átomo de Hidrogênio ou para íons com somente 1 elétron (He+ ou Li2+), o orbital 2s tem a mesma energia que o orbital 2p e os orbitais 3s, 3p e 3d têm a mesma energia entre si. Orbitais com a mesma energia são chamados de DEGENERADOS. Em átomos com mais de um elétron, os orbitais 2s e 2p têm energias diferentes (e 3s, 3p e 3d também), pois, nesse caso, há REPULSÃO eletrônica causada pela presença de mais de um elétron em pelo menos um dos orbitais. Em átomos com mais de um elétron, a energia não depende somente de n, mas também de ℓ. Isso quer dizer que orbitais de formatos diferentes, apesar de estarem na mesma camada, possuem energias diferentes. 1.5. Nós e fases de orbitais Após a revisão das principais características dos orbitais atômicos (OAs) e dos elétrons nos orbitais, é possível comparar seus formatos e tamanhos. Na maioria dos conceitos vistos em um curso de Química Orgânica básica, o conhecimento dos orbitais s e p são os mais importantes. Sendo assim, a discussão a seguir será baseada nesses dois tipos de orbitais. A figura abaixo representa os orbitais esféricos 1s, 2s e 3s. O núcleo atômico pode ser observado ao centro. Também pode ser observado um aumento no tamanho do orbital, conforme o aumento de n. _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 6 Pode-se, ainda, expressar a probabilidade de encontrar os elétrons através de gráficos de densidade, supondo que pudéssemos ver exatamente onde o elétron está em um dado tempo e, sendo assim, marcar seu lugar. Se nós olhássemos de novo, um pouco depois, o elétron estaria em um lugar diferente e, então, poderíamos marcar outro ponto. Eventualmente, se marcássemos pontos suficientes, terminaríamos com uma figura como a representada abaixo. Agora, a densidade dos pontos é uma indicação da probabilidade de encontrar o elétron neste dadoespaço. Quanto mais densa, ou mais escura é a área, maior é a probabilidade de encontrar o elétron. Na figura abaixo, as partes brancas são os chamados nós, ou seja, regiões sem probabilidade de encontrar um elétron. As partes em azul ou vermelho são as regiões onde os elétrons podem ser encontrados e as cores diferentes significam fases diferentes. Pelo gráfico acima, percebe-se que o orbital 2s, como o orbital 1s, é esférico. Porém, existem duas diferenças entre eles. O orbital 2s é maior, então, um elétron em um orbital 2s tem maior probabilidade de ser encontrado mais distante do núcleo do que em um orbital 1s. A outra diferença é que o orbital 2s tem uma região onde não existe densidade eletrônica nenhuma (parte branca entre a parte azul e a vermelha), enquanto no orbital 1s isso não ocorre. Essa região é chamada superfície Núcleo Diagrama esquemático do orbital 1s Diagrama esquemático do orbital 2s Diagrama esquemático do orbital 3s Nó Nó Nó Orbital 1s Orbital 2s Orbital 3s _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 7 nodal. Nesse caso, a região tem proporção radial e, por isso, é chamada de nó radial ou esférico. O orbital 2s tem um nó radial. Nó ou superfície nodal: região onde não há probabilidade de encontrar elétrons. O número de nós em um orbital é n-1, onde n = número quântico principal. Portanto, o orbital 1s é esférico, simétrico e não tem nós, enquanto o orbital 2s tem um nó radial (n-1, ou seja, 2-1=1 nó). Pode-se, ainda, observar o orbital 3s, que é maior que o 2s e tem dois nós radiais (n-1, ou seja 3-1=2 nós). Todos são esfericamente simétricos. Para um orbital do tipo 2p, o gráfico de densidade/probabilidade não é mais esfericamente simétrico. Agora, o orbital tem uma orientação no espaço e tem dois lobos. Além disso, existe uma região sem densidade eletrônica que está entre os dois lobos (parte branca) e é uma superfície nodal. Dessa vez, o nó é um plano entre os dois lobos e é chamado de plano nodal. Para facilitar a representação do formato dos orbitais, os químicos utilizam somente o contorno das formas. Com isso, os orbitais s são representados por uma esfera e os orbitais p com um formato lobular, conforme pode ser observado abaixo. Gráfico de densidade para o orbital 2p Orbital 2px Orbital 2py Orbital 2pz Nó _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 8 Além disso, como ondas, os orbitais têm fases diferentes e, depois de cada nó, a fase muda. Em ondas normais, as fases são chamadas de negativa e positiva. Já em química, negativo e positivo podem ser confundidos com cargas. Por isso, utilizam-se cores diferentes ou preenchimentos diferentes nos desenhos representativos dos orbitais. Na figura abaixo, observa-se a representação de um orbital p com um lobo em cinza e outro em branco, indicando as fases diferentes. Entre os lobos, observa-se um nó e, após o nó, a cor do lobo muda para indicar mudança de fase. 1.6. Diagrama de Orbitais Atômicos Para descrever os elétrons presentes nos correspondentes orbitais de um átomo, utilizam-se os Diagramas de Energia de Orbitais Atômicos. Os orbitais são representados por traços e os elétrons por setas, em uma representação qualitativa. Representam-se os orbitais de menor energia mais abaixo no diagrama e, conforme o aumento de energia, mais acima. O diagrama a seguir representa os orbitais atômicos do átomo de Hidrogênio. Como comentando anteriormente, por conter somente um elétron e, portanto, não apresentar repulsão eletrônica, os orbitais vazios 2s e os três orbitais 2p, possuem a mesma energia (o mesmo ocorre para He1+ e Li2+, íons contendo somente um elétron). Para espécies com dois ou mais elétrons, ocorre a diferenciação de energia dentro da mesma camada para orbitais de formatos diferentes. Orbital s Orbital p Nó _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 9 Para dois elétrons no mesmo orbital, representam-se duas flechas em sentidos opostos, indicando valores de spins opostos. Completam-se os orbitais de menor energia primeiro, respeitando-se o número máximo de dois elétrons por orbital (conforme a Regra de Exclusão de Pauli). A distribuição dos elétrons nos Orbitais Atômicos (OAs) para o átomo de Boro, que possui número atômico 5, pode ser observada abaixo. Nesse caso, o orbital 1s está completamente preenchido, com dois elétrons de spins opostos. O mesmo ocorre com o orbital 2s. O quinto elétron é colocado em um dos três orbitais degenerados p, gerando um orbital p semipreenchido. Para átomos com mais elétrons, preenche-se todos os orbitais 2p degenerados (até todos ficarem semipreenchidos), evitando-se a repulsão eletrônica em um mesmo orbital (Regra de Hund). Como estão em orbitais p diferentes, esses dois elétrons podem possuir o mesmo valor de spin. Esse V ar ia çã o de e ne rg ia 1s 2s 2px 2py 2pz Orbitais de menor energia na base e orbitais mais energéticos no topo Flecha com ponta pela metade indicando 1 elétron no orbital 1s Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Hidrogênio (número atômico = 1) Para o Hidrogênio (que contém somente 1 elétron) o orbital 2s e os orbitais 2p são degenerados Va ri aç ão d e en er gi a 1s 2s 2px 2py 2pz Duas flechas com sentidos opostos representando dois elétrons com spins opostos. Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Boro (número atômico = 5) Orbitais 2p degenerados entre si, mas com energia diferente do orbital 2s _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 10 cenário pode ser observado no diagrama de orbitais atômicos para o átomo de Carbono, cujo número atômico é seis. Após todos os orbitais 2p estarem semipreenchidos, inicia-se o pareamento dos elétrons, como pode ser observado para o diagrama do átomo de Oxigênio. 2. Orbitais Moleculares (OM) Após uma pequena revisão sobre os conceitos inerentes a orbitais atômicos, os orbitais moleculares, ou seja, orbitais das moléculas, podem ser trazidos à tona. A teoria que utiliza orbitais moleculares (TOM) constitui uma alternativa para explicar a formação das ligações químicas. Va ri aç ão d e en er gi a 1s 2s 2px 2py 2pz Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Carbono (número atômico = 6) O sexto elétron fica no orbital 2py para evitar repulsão eletrônica no mesmo orbital Va ri aç ão d e en er gi a 1s 2s 2px 2py 2pz Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Oxigênio (número atômico = 8) Após todos os orbitais degenerados possuirem 1 elétron, inicia-se o emparelhamento. O próximo orbital tem energia muito maior e só receberá elétrons quando os orbitais 2p estiverem preenchidos. 3s _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 11 Considera-se que os orbitais atômicos (OAs) do nível de valência dos átomos deixam de existir quando uma ligação química se forma. Os orbitais atômicos são substituídos por um novo conjunto de níveis energéticos, que correspondem às novas distribuições da nuvem eletrônica (densidade de probabilidade), chamados Orbitais Moleculares (OMs). Os OAs combinam- se como ondas, em fase ou fora de fase. A combinação de um determinado número de OAS gera o mesmo número de OMs. Na combinação fora de fase (ou destrutiva), forma-se um OM cujo formato contém um plano nodal entre os núcleos. Portanto, se elétrons forem colocados nesse orbital, não haverá densidade eletrônica entre os dois núcleos. Se contiver elétrons, o OM formado por sobreposição fora de fase alocará esseselétrons nas regiões externas ao núcleo, pois entre os núcleos existe um nó. Em uma combinação em fase (construtiva), se o orbital molecular derivado contiver elétrons, eles estarão entre os núcleos, pois não há nós. Os dois núcleos dos átomos se repelem, mas a densidade de elétrons entre eles ajuda a mantê-los unidos. Então, dizemos que a combinação em fase dá origem a Orbitais Moleculares Ligantes. Os elétrons podem, agora, ser compartilhados entre os núcleos e isso diminui a energia quando comparamos o OM ligante formado ao orbital atômico de origem. O OM ligante é a própria ligação química! Porém, elétrons presentes em orbitais derivados de combinação fora de fase não ajudam a manter os núcleos juntos e, na verdade, até dificultam a ligação. Quando esse orbital é ocupado, os elétrons podem ser encontrados em qualquer lugar, menos entre os núcleos. Isso significa que os dois núcleos estão mais expostos e se repelem. Esses orbitais são conhecidos como Orbitais Moleculares Antiligantes e têm maior energia do que os orbitais atômicos originais. _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 12 2.1. Orbitais Moleculares Homonucleares Diatômicos Os OM homonucleares diatômicos são formados quando dois átomos iguais se unem em uma molécula diatômica. Por exemplo, na molécula de H2, ocorre combinação de dois OAs do tipo 1s, levando a formação de dois OMs (um ligante, de menor energia que os OAS originais, e um antiligante, de maior energia). O preenchimento dos orbitais segue a ordem de menor para maior energia. Portanto, o OM ligante recebe os dois elétrons, formando a ligação H-H. Quando um elétron é promovido do OM ligante para o OM antiligante, ocorre o cancelamento de um elétron do OM ligante, gerando quebra de ligação. Fora de fase Plano nodal Maior energia que os orbitais atômicos que o originaram Em fase Menor energia que os orbitais atômicos que o originaram Dois orbitais atômicos 1s em combinação fora de fase. Dois orbitais atômicos 1s em combinação em fase. Orbital Molecular Ligante (preenchido) OA 1s OA 1s Orbital Antiligante (vazio) Energia Combinação fora de fase Combinação em fase Diagrama de orbitais moleculares para a molécula de Hidrogênio _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 13 No exemplo abaixo, pode-se observar os átomos de Hidrogênio sendo separados e cada átomo ficando com seu elétron (quebra homolítica de ligação química). Para que isso aconteça, energia deve ser fornecida ao sistema. Para a molécula de Hidrogênio, há uma grande diferença de energia entre OM antiligante e ligante e, por isso, é difícil de acontecer a quebra da ligação. No entanto, para a molécula de Br2, a diferença é pequena e a quebra pode ocorrer, por exemplo, através da aplicação de luz UV. O cálculo da ordem de ligação de uma molécula leva ao número de ligações presentes entre os átomos e pode ser calculado a partir dos OMs: Ordem de Ligação = (n0 elétrons OM ligante) – (n0 elétrons OM antiligante) 2 Logo, a ordem de ligação para H2 é: OL(H2) = 2-0/2 = 1 , ou seja, uma ligação simples entre os átomos, formando H2. Orbital Molecular Ligante OA 1s OA 1s Orbital Antiligante Energia energia necessária para promover o elétron e quebrar a ligação H-H _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 14 Para a hipótese de dois átomos de Hélio interagirem, temos: Ao calcular a ordem de ligação, observa-se que: OL (He2) = 2-2/2 = 0, ou seja, não há ligação efetiva unindo os átomos e a molécula de He2 não existe. Portanto, os átomos de Hidrogênio estão unidos por 1 ligação e a molécula de H2 existe. Já a molécula de He2 não existe, pois não há ligação efetiva entre os átomos de Hélio (os dois elétrons no OM antiligante cancelam os elétrons no OM ligante). 2.2. Simetria dos orbitais moleculares e tipo de ligações Outro aspecto a ser observado nos OMs é sua simetria. Quando orbitais s se combinam, essa combinação forma OMs com a chamada simetria sigma (σ), ou seja, as duas metades dos orbitais formados são iguais. Isso quer dizer que, se os orbitais forem girados ao redor do eixo internuclear (figura abaixo), permanecem iguais. Esse tipo de simetria só ocorre quando os OAs se sobrepõem de maneira frontal. Como OAs do tipo s são esferas, eles só podem se sobrepor frontalmente, ou seja, orbitais s podem somente formar ligações sigma. Orbital Molecular Ligante OA 1s OA 1s Orbital Antiligante Energia Molécula hipotética resultante da combinação entre os OAs de dois átomos de Hélio _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 15 *Observação: pode-se abreviar o orbital molecular sigma antiligante por OMs* (sigma com o asterisco) e o orbital molecular sigma ligante por OMs (sigma sem o asterisco). Os orbitais sigma formam a ligação s. O mesmo vale para as ligações p, formadas por orbitais p (pi): OM p*, para antiligante e OM p, para ligante. Os orbitais p podem ser combinados de duas maneiras, frontalmente ou lateralmente. Com isso, originam ligações com simetria sigma (s) ou com simetria pi (p). Portanto, os orbitais p podem originar ligações σ e ligações π, conforme as figuras abaixo. Por serem mutualmente perpendiculares entre si (estão a 900 um do outro), quando um dos orbitais p sobrepõem-se frontalmente com outro σ∗ σ Pode-se girar em torno do eixo sem mudar os OMs Possuem simetria, chamada de simetria sigma (σ) Combinação frontal, fora de fase (lobo cinza sobrepondo com lobo branco) Plano nodal OM 2pσ* Simetria σ Combinação frontal, em fase (lobo cinza sobrepondo com lobo cinza) Simetria σ OM 2pσ OA2p OA2p OA2p OA2p Combinação lateral, fora de fase (lobo cinza sobrepondo com lobo branco) Plano nodal OM 2pπ* Combinação lateral, em fase (lobo cinza sobrepondo com lobo cinza e lobo branco sobrepondo com lobo branco) OM 2pπ OA2p OA2p OA2p OA2p Sem simetria, se girar muda a fase Sem simetria, se girar muda a fase _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 16 orbital de outro átomo, os outros dois orbitais p podem somente realizar sobreposição lateral. Isso resulta na possibilidade de formação de um OMs e um OM s* (sobreposição frontal entre dois OAS de dois átomos), além de dois OMp e dois OMp* (sobreposição lateral). Os dois orbitais OMp são degenerados entre si, assim como os dois OMp*. Na maioria dos casos, a sobreposição frontal é mais eficiente e tem menor energia do que a sobreposição lateral. Sendo assim, é mais fácil romper uma ligação p do que uma ligação s. Isso pode ser observado no diagrama de OMs genérico abaixo, onde a diferença de energia entre OMs e OMs* é maior do que a diferença entre OMp e OMp*. Dessa maneira, excitar um elétron do OMs para o OMs* custará mais energia ao sistema, sendo mais difícil. O diagrama abaixo mostra a sobreposição entre os OAs da camada de valência de dois átomos iguais. Os orbitais 2s se sobrepõem em fase, gerando OMs, e fora de fase, gerando OMs*. Já os orbitais 2p (2px, 2py e 2pz) de cada átomo podem se sobrepor frontal e lateralmente. Um deles, por exemplo, o 2px, se sobrepõe frontalmente, originando OMs e OMs*. Os outros dois orbitais 2p de cada átomo, por exemplo, 2py e 2pz, se sobrepõem lateralmente, originando OMp e OMp*. A diferença de energia entre OMs e OMs* é maior do que a diferença entre OMp e OMp*. Para quebrar uma ligação sigma, precisa-se Sobreposição frontal de um dos orbitais p de cada átomo (orbital p azul de cada átomo) As demais sobreposições (dos dois outrosobitais atômicos p de cada átomo, nesse caso vermelho e cinza) só podem ser laterais devido a simetria. Os orbitais p ficam a 900 um do outro em um mesmo átomo. *Nessa figura só estão sendo mostradas sobreposições em fase (lobo vermelho inteiro com lobo vermelho inteiro, por exemplo). No entanto, deve-se ter em mente que o mesmo ocorre para as sobreposições fora de fase e que para cada sobreposição em fase (formando OM ligante), uma sobreposição fora de fase ocorre (formando OM antiligante). _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 17 de energia suficiente para excitar elétrons de OMs a OMs*. Isso será mais difícil do que excitar de OMp a OMp*. Quando se desenha os diagramas de orbitais moleculares deve-se levar em consideração o fato apresentado e, geralmente, teremos a ordem de energia mostrada na figura acima, ou seja, OMs seguido de OMp, depois OMp* e, por fim, OMs*. Uma pequena exceção desse cenário ocorre para as moléculas diatômicas homonucleares formadas pelos primeiros elementos do segundo período da tabela periódica (Li2, Be2, B2, C2 e N2). Nesse caso, as diferenças de energia entre os orbitais atômicos 2s e 2p são menores e, por isso, ocorrem interferências mútuas de uns sobre os outros. Assim, cada orbital molecular formado recebe influências simultâneas dos orbitais 2s e 2p (ou seja, uma contribuição de s em p que a simplificação do modelo não mostra), o que provoca mudanças nos níveis de energia dos orbitais moleculares. Nesse caso, e somente nesse caso, há uma inversão de energia. Para melhor ilustrar a diferença de casos regulares para os casos de exceção, podemos observar abaixo os diagramas de orbitais moleculares para as moléculas de B2 (exceção) e O2 (regra geral). Somente os orbitais moleculares derivados da sobreposição dos orbitais atômicos da camada de valência estão sendo mostrados. E ne rg ia 3 OA 2p degenerados 3 OA 2p degenerados OMσ∗ OMσ 2 OMπ* degenerados 2 OMπ degenerados OMσ∗ OMσ OA 2s OA 2s Derivado de sobreposição frontal fora de fase de um OA 2p Derivado de sobreposição frontal em fase de um OA 2p Derivado de sobreposição frontal fora de fase de um OA 2s Derivado de sobreposição frontal em fase de um OA 2s Orbitais s se sobrepõem apenas frontalmente gerando OM σ Derivado de sobreposição lateral fora de fase de dois OA 2p Derivado de sobreposição lateral em fase de dois OA 2pEnergia necessária para quebrar o componente σ da ligação Energia necessária para quebrar o componente π da ligação (menor, mais fácil quebrar) _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 18 Apesar da exceção encontrada para os diagramas de orbitais moleculares das moléculas diatômicas de Li2, Be2, B2, C2 e N2, considera-se que ligações p são mais facilmente rompidas do que ligações s. Ou seja, a sobreposição frontal de orbitais é mais efetiva do que a sobreposição lateral. Isso é fácil de entender percebendo que, ao girar OAs p que estão se sobrepondo frontalmente, a fase não muda e a sobreposição ligante continua (o mesmo lobo continua interagindo). No entanto, ao girar OAs p se sobrepondo lateralmente, a fase muda, pois o lobo muda e cada lobo tem uma fase diferente. Outro ponto a ser observado - e, para isso, podemos pegar o exemplo da molécula de O2 - são os pares de elétrons não compartilhados. Eles são originados quando existem elétrons nos orbitais antiligantes que cancelam elétrons nos orbitais ligantes. Na figura abaixo, temos o diagrama completo de OMs da molécula de O2 com os OMs que seriam gerados pela sobreposição dos OAs da camada de valência de cada átomo de Oxigênio. πy πz σx πy πz σx ** * Molécula de B2 Energia πy πz σx πy πz σx ** * Molécula de O2 Energia B = 5 elétrons 1s2 2s2 2p1 OMπ OMπ* OMσ OMσ* OMσ OMσ* OMπ OMπ* O = 8 elétrons 1s2 2s2 2p4 _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 19 *Observação: Cada orbital OMp* possui um elétron. Como são degenerados, ficam semipreenchidos, evitando repulsão eletrônica. Os orbitais atômicos 2s de cada átomo se sobrepõem formando dois orbitais moleculares s, um ligante e um antiligante (desenhados em cor rosa). Cada OA 2s possui dois elétrons e, por isso, tanto o OMs como o OMs* estão preenchidos. Isso quer dizer que os dois elétrons em OMs* cancelam os dois elétrons do OMs. Ou seja, esses elétrons ficam como pares de elétrons não compartilhados em cada átomo de Oxigênio (um par de elétrons em cada átomo) e não levam a ligação efetiva. Os OAs 2p podem se sobrepor frontal ou lateralmente. Os OAs 2px, por exemplo, se sobrepõem frontalmente gerando dois orbitais s, OMs e OMs* (cor azul). Como os OAs 2px possuem um elétron cada um, enquanto o OMs está preenchido, o OMs* está vazio. Isso quer dizer que existe uma ligação s efetiva entre os átomos de Oxigênio. Os outros dois OAs p, 2py e 2pz, de cada átomo de Oxigênio se sobrepõem lateralmente formando quatro OMs p, dois OMs e dois OMs*(cor vermelha). Os OAs 2py e 2pz possuem três elétrons, ao todo, para cada átomo de Oxigênio. Serão seis elétrons, ao todo, para serem alocados nos quatro OMs p formados. Quatro ficam em OMs ligantes, mas O = 8 elétrons 1s2 2s2 2p4 OMσs OMπy Molécula de O2 Energia OA 2s OA 2s OA 2pxOA 2pyOA 2pz OA 2pzOA 2pyOA 2px OMσ*s OMσ*p OMσp OMπz OMπ*y OMπ*z _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 20 dois em antiligantes (cor vermelha). Isso quer dizer que os dois elétrons antiligantes cancelam dois dos elétrons ligantes. Ou seja, uma ligação p não existe e esses elétrons ficam como pares não compartilhados em cada átomo de Oxigênio (o segundo par de elétrons não compartilhados em cada átomo) e não levam a ligação efetiva. A outra ligação p existe. No total, são duas as ligações efetivas, uma s e outra p, e dois pares de elétrons não compartilhados em cada átomo da molécula de O2, conforme figura abaixo. 2.3. Orbitais Moleculares Heteronucleares Diatômicos Dois átomos de elementos diferentes também podem ser combinados, formando OMs (e, portanto, ligações). No entanto, a energia dos orbitais envolvidos é diferente (mesmo com tipos de orbitais iguais). Por exemplo, o orbital 2p do flúor é menos energético do que o orbital 2p do Carbono. Quanto mais eletronegativo for o elemento, mais estável será o seu orbital atômico (menor sua energia). Quando ocorre, a combinação de OAs com energias muito diferentes é mais difícil. Em casos extremos não ocorre formação de OMs, mas sim uma simples atração de íons (ligação iônica). Para o exemplo da molécula de NaF, a energia dos OAs é muito diferente. O que ocorre, na verdade, é que o sódio doa um elétron ao flúor, não havendo a formação efetiva de OMs. Formam-se íons que permanecem unidos através de atração eletrostática. O O _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 21 No entanto, quando os OAs têm menor diferença de energia, eles podem ser combinados, formando novos OMs. O átomo mais eletronegativo contribui mais com o OM ligante (o OM ligante é mais próximo a esse átomo). Isso ocorre porque o OA desse átomo está mais próximo em energia do OM ligante e os elétrons da ligação ficam, na média, mais próximos dele. O átomo menos eletronegativo contribui mais com o OM antiligante (o OM antiligante é mais próximo a esse átomo). Podemos observar na figura abaixo, o diagrama de orbitais moleculares da ligação p C-O, que o OMp é maior em volta do Oxigênio, enquanto o OMp* é maior no Carbono. Forma-se uma ligação covalente. Na figura abaixo, podemos observara comparação da formação de OMs entre dois átomos iguais (ligação p C-C, contribuições iguais para o OM ligante e antiligante) e entre dois átomos diferentes (ligação p C-O). OA 2p do Flúor FF OA 3S do Sódio E ne rg ia Na Na Elétron transferido do OA 3s do Sódio para o OA 2p do Flúor Forma-se NaF por atração eletrostática de íons de cargas opostas OAs com energias muito diferentes para combinação em OMs _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 22 OA p carbono OA p carbono OMπ OMπ* C C contribuição igual dos dois átomos (OM ligante simétrico) C C contribuição igual dos dois átomos (OM antiligante simétrico) E ne rg ia OA p carbono OA p oxigênio OMπ OMπ* C O contribuição maior do oxigênio (OM ligante maior no oxigênio) C O contribuição maior do carbono (OM antiligante maior no carbono) DIAGRAMA DE ORBITAIS MOLECULARES PARA LIGAÇÃO π C-C DIAGRAMA DE ORBITAIS MOLECULARES PARA LIGAÇÃO π C-O _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 23 Para fins comparativos, podemos compilar as informações em uma tabela: OAs de mesma energia (átomos iguais interagindo) OAs com energia um pouco diferente (átomos diferentes interagindo) OAs de energia muito diferente (átomos com eletronegatividade muito diferentes interagindo) Alta interação entre os OAs Menor interação entre os OAs OAs têm energia muito diferente para interagir OM ligante tem energia muito menor e o OM antiligante tem energia muito maior que os OAs OM ligante tem energia um pouco menor e o OM antiligante um pouco maior que os OAs O orbital preenchido do ânion tem energia igual ao OA do átomo mais eletronegativo e o orbital vazio do cátion tem energia igual ao OA do átomo eletropositivo. OAs contribuem igualmente para ambos OMs OA do átomo mais eletronegativo contribui mais com o OM ligante e OA do átomo menos eletronegativo contribui mais para o OM antiligante Somente um OA contribui com cada orbital da molécula (orbital do cátion e orbital do ânion) Os elétrons ligantes são compartilhados igualmente entre os átomos Os elétrons ligantes ficam mais próximos do átomo mais eletronegativo Os elétrons ficam somente com o ânion (formado pelo átomo mais eletronegativo) Ligação puramente covalente (ligação covalente apolar) Ligação covalente com porcentagem iônica (ligação covalente polar) Ligação classicamente iônica A quebra homolítica pode ocorrer facilmente É mais provável a quebra heterolítica, em que o átomo mais eletronegativo fica com os elétrons (ânion) e o outro fica como cátion. Os elementos já existem como íons. _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 24 2.4. Outros fatores que afetam a interação entre orbitais atômicos Existem ainda outros fatores que afetam a interação orbitalar, como o tamanho dos orbitais e a sua simetria. Por exemplo, um OA 2p se sobrepõe melhor com outro OA 2p do que com um OA 3p. Quanto à simetria, um orbital 2px não pode se sobrepor a um OA 2py ou 2pz, pois eles são perpendiculares entre si e haveria a sobreposição de um lobo (onde existe densidade eletrônica) com um nó (onde não existe densidade eletrônica). Deve-se lembrar, ainda, que com orbitais 2p pode haver sobreposição frontal (2px com 2px, por exemplo) ou lateral (2pz com 2pz, por exemplo). Já os OAs s se sobrepõem com orbitais p, ou outro orbital s, apenas frontalmente (formando somente ligações s). 2.5. Moléculas com mais de dois átomos Cada ligação de uma molécula maior pode ser descrita por um diagrama de OMs ou todas as ligações podem ser ordenadas em um diagrama de OMs único, levando em conta sua energia. Tentativa de interação de um OA s com o nó do OA p (lateral): Simateria incorreta! Nó X Interação do OA s com o lobo do OA p (frontal): Simetria correta. Aqui está sendo mostrada uma interação ligante (cinza com cinza), mas a antiligante também ocorre. X X Nó Nó Nó Tentativa de interação de OA px e OA pz, ou px e py, respectivamente: Simateria incorreta! Interação lateral de OA px com OA px e interação frontal de OA py com OA py, respectivamente: Simetria correta. A interação frontal de OA px com OA px e lateral de OA py com OA py também podem ocorrer. Os OAs pz também podem interagir lateral ou frontalmente, desde que na simetria correta. Aqui estão sendo mostradas duas interações do tipo ligante, mas as antiligantes também ocorrem. _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 25 O ângulo das ligações em volta de um átomo respeita o ângulo de sobreposição, que pode variar dependendo do tipo de orbital atômico que é utilizado para tal (orbitais p ou orbitais híbridos, por exemplo). Para moléculas pequenas, com um átomo central e que têm esse átomo não hibridizado, a sobreposição ocorre de maneira direta. Cada sobreposição de dois OAs gera dois OMs (um ligante e um antiligante). Como exemplo, podemos citar as moléculas de PH3 e SH2, onde o átomo central possui orbitais p que são utilizados nas ligações. Os orbitais p (px, py e pz) ficam perpendiculares entre si (900) e, como consequência, as ligações em volta desse átomo central mantém esse ângulo entre elas. Formam-se três OMs e três OMs* para a molécula de PH3. Como são três OMs formados a partir dos mesmos átomos, os três têm a mesma energia (degenerados). O mesmo vale para os três OMs*. Para a molécula de SH2 são dois OMs e dois OMs*. Quando o átomo em questão estiver utilizando orbitais atômicos hibridizados, os ângulos variam de acordo com o tipo de hibridização. Como a hibridização afeta o tipo de ligação formada e também o ângulo das ligações em volta de determinado átomo, uma breve revisão se faz necessária. Somente hibridizações envolvendo orbitais do tipo s e p serão abordadas a seguir. P H H H P H H H P (Z = 15) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3 Os orbitais mostrados são os orbitais p da camada de valência. Cada um tem 1 elétron que interage formando uma ligação com o hidrogênio. Portanto, um OA 1s do hidrogênio com um elétron, interage com um OA 3p do fósforo levando a dois OMs, um ligante e um antiligante. S H H S H H S (Z = 16) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 Orbital contendo 1 par de elétrons não compartilhado _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 26 3. Hibridização de OAs A hibridização é a combinação de OAs em novos OAs. Um determinado número de orbitais atômicos combina-se formando o mesmo número de orbitais atômicos híbridos. Sempre o mesmo número de OAs híbridos é gerado! O átomo de Carbono, por exemplo, sofre HIBRIDIZAÇÃO combinando seus OAs e levando a novos OAs híbridos. O processo geral tem ganho de energia, pois ligações a mais podem ser formadas. O átomo de Carbono pode sofrer 3 tipos de hibridização: sp3, sp2 e sp. Na hibridização sp3, os quatro OAs se combinam (um orbital s e três orbitais p), formando quatro OAs híbridos. Como o nome indica, o orbital sp3 tem 1/4 de OAs 2s e 3/4 de 2p. Esse tipo de orbital tem um nó planar através do núcleo. Além disso, tem um lobo grande (referente à soma de s e p, em fase) e um lobo pequeno (referente à subtração de s e p, fora de fase). A energia do orbital híbrido, formado através da combinação de s e p, é intermediária entre a energia dos orbitais originais. O Carbono, quando hibridizado sp3, tem geometria tetraédrica, ou seja, os OAs sp3 apontam para os cantos de um tetraedro, com um ângulo de 109,50 entre eles. Quandoum Carbono hibridizado sp3 forma orbitais moleculares e, por consequência, se liga a outros átomos, essas ligações em volta do Carbono obedecem a esse ângulo. Como exemplo, podemos observar a molécula de metano, cujas ligações s C-H estão a, Energia OAs 2p OA s Carbono no estado fundamental OAs 2p OA s Carbono no estado excitado Novos OAs sp3 * Degenerados entre si; * Com a combinação de energia têm maior energia que s e menor energia que p. Carbono hibridizado sp3 Orbitais atômicos do mesmo átomo Orbital híbrido 04 orbitais iguais gerados 2s 2px 2py 2pz _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 27 aproximadamente, 1090 umas das outras por possuir, como átomo central, um átomo de Carbono hibridizado sp3. Orbitais atômicos híbridos que são formados através de contribuição de um orbital atômico do tipo s, só podem se sobrepor frontalmente, levando a ligações s. Como os quatro orbitais híbridos do Carbono são sp3, ou seja, possuem contribuição de um OA s, são formadas quatro ligações s ao redor desse átomo. Na hibridização sp2, combinam-se o orbital 2s e dois orbitais 2p, por exemplo, os OAs 2px e 2py. O terceiro orbital 2p permanece inalterado e pode ser chamado p puro (orbital 2pz, por exemplo - p puro). Os orbitais sp2 têm 1/3 de caráter s e 2/3 de caráter p. Os orbitais híbridos sp2 têm energia um pouco menor que os orbitais sp3, por possuir maior contribuição de s (OA s é menos energético do que OA p). Nesse caso, os 3 orbitais híbridos formados ficam no mesmo plano com um ângulo aproximado entre si de 1200 (trigonal planar). Portanto, as C C H H H H Quatro orbitais sp3 apontando para os cantos de um tetraedro 109,50 H H HH Metano Energia OAs 2p OA s Carbono no estado fundamental OAs 2p OA s Carbono no estado excitado Novos OAs sp2 * Degenerados entre si; * Com a combinação de energia têm maior energia que s e menor energia que p; *Têm menor energia que sp3. Carbono hibridizado sp2 OA p puro Orbitais atômicos do mesmo átomo Orbital híbrido 03 orbitais iguais gerados 2s 2px 2py 2pz (p puro) maior contribuição de s: menos energético e mais esférico que sp3 _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 28 ligações em volta de um Carbono sp2 têm ângulos aproximados de 1200 entre elas. Os três orbitais híbridos sp2 podem se sobrepor com um orbital sp2 de outro Carbono e mais dois orbitais atômicos de Carbonos em grupos alquila ou Hidrogênios, formando três OMs σ (mais três antiligantes). Orbitais híbridos, que possuam contribuição de um OA do tipo s, só podem se sobrepor frontalmente, levando a uma ligação s. O orbital que ficou sem hibridização (orbital p puro, aqui representado por 2pz) fica perpendicular ao plano dos três orbitais sp2. Por isso, só pode se sobrepor com outro orbital p lateralmente, formando ligação p (dois OMs p, um ligante e um antiligante). Um exemplo contendo Csp2 pode ser observado na molécula de eteno, que contém: cinco ligações s (uma C-C e quatro C-H) no plano (sobreposição frontal) e uma ligação p central, acima e abaixo do plano (sobreposição lateral). O Carbono pode, também, estar hibridizado sp. Isso ocorre quando o OA 2s se combina com um orbital 2p (por exemplo, 2px). Assim, o orbital C *3 OA híbridos sp 2; * Planares e com ângulos de 1200 entre eles. Orbital p puro C C H HH H C C H HH H Ligações σ Somente os OM ligantes estão mostrados Ligação π (acima e abaixo do plano da ligação σ) Somente o OM ligante está mostrado H HH H Ligação dupla: um componnte σ e um componente π. 1200 _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 29 híbrido sp tem 50% de caráter s e 50% de caráter p. Além disso, os orbitais 2py e 2pz (2 OAs p) ficam puros e podem fazer ligações p, através de sobreposições laterais. A energia dos orbitais híbridos sp é menor do que a energia dos orbitais sp2 e sp3, porque o orbital sp é gerado com maior contribuição do orbital s. O Carbono sp é linear e o ângulo de suas ligações é de 1800. Ou seja, o Carbono se liga a dois outros átomos, formando um esqueleto linear. Como exemplo, pode-se observar o acetileno (etino), onde cada OA sp sobrepõe-se com um OA 1s do Hidrogênio e um OA híbrido sp do outro Carbono, formando dias ligações s (C-H e C-C). Por serem formados através de contribuição de um OA do tipo s, os orbitais sp só podem se sobrepor frontalmente, formando ligações do tipo s. No entanto, os dois orbitais p puros, se sobrepõem lateralmente, com orbitais p de outro átomo, formando ligações p. Energia OAs 2p OA s Carbono no estado fundamental OAs 2p OA s Carbono no estado excitado Novos OAs sp * Degenerados entre si; * Com a combinação de energia têm maior energia que s e menor energia que p; *Têm menor energia que sp2. Carbono hibridizado sp OAs p puro Orbitais atômicos do mesmo átomo Orbital híbrido 02 orbitais gerados 2s 2px 2py2pz maior contribuição de s: menos energético e mais esférico que sp2 OAs p puros _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 30 Como citado, os diferentes tipos de orbitais híbridos têm diferentes energias associadas. Quanto maior o caráter s, mais estável e mais eletronegativo é o orbital, pois orbitais s têm menor energia do que orbitais p da mesma camada. Sendo assim, a ordem crescente de energia dos orbitais híbridos é: sp < sp2 < sp3. Além disso, uma ligação dupla (um componente s e um p) é mais curta do que uma ligação simples (somente componente s). Uma ligação tripla (um componente s e dois p) é mais curta ainda. Ligação Hibridização dos átomos Caráter s (%) Distância entre os átomos (pm) Tripla sp 50 120 Dupla sp2 33 134 Simples sp3 25 154 A hibridização é uma propriedade dos OAs e não somente do átomo de Carbono, portanto, outros átomos podem ter seus OAs hibridizados. Um arranjo tetraédrico de átomos em relação a um átomo central, por exemplo, pode ser racionalizado descrevendo o átomo central como hibridizado sp3. C *2 OA híbridos sp;* Planares e com ângulos de 1800 entre eles. Orbitais p puros HH C C HH Ligações σ Somente os OM ligantes estão mostrados Ligações π (acima e abaixo, a frente e atrás do plano da ligação σ) Somente os OM ligantes estão mostrados C C 1800 H C C H Ligação Tripla: um componente σ e dois componentes π _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 31 Como exemplos, pode-se citar compostos com quatro ligações contendo, como átomo central, o Boro e o Nitrogênio. Nesses casos, todas as ligações são iguais e o átomo central necessita de quatro OAs híbridos idênticos para formação dos OMs. A variação de carga do átomo central ocorre devido à diferença do número de elétrons de cada átomo na camada de valência. Hibridização sp3: B(5), C(6), N(7) No entanto, compostos contendo Boro com três ligações apresentam o Boro hibridizado sp2. Isso também ocorre quando o átomo central é o Carbono carregado positivamente (cátion de Carbono ou carbocátion), com três ligações ao redor de si. Nesses exemplos, há necessidade de somente três OAs para formação de ligações e um OA é deixado vazio. Orbitais vazios não influenciam na estabilidade geral da molécula e podem ter energia mais alta. Os OAs que estarão envolvidos nas ligações e possuem elétrons devem, no entanto, ser os de menor energia possível. Como somente três OAs são necessários, é vantagem energética esses serem orbitais sp2 (de menor energia do que sp3). O orbital vazio fica como p puro, perpendicular às três ligações e não afeta a estabilidade geral. Sendo assim,as ligações formadas a partir do átomo sp2 acompanham a distância de 1200 dos OAS híbridos. Essa é outra vantagem do modelo usando átomos sp2, que deixa as ligações mais distantes (para sp3 estariam em 109,50), diminuindo a repulsão eletrônica. Para espécies contendo carbocátion, uma razão extra existe: o orbital deixado como p puro tem uma carga positiva. Essa será melhor estabilizada o quanto mais longe estiver do núcleo, que também é positivo (orbital p puro tem maior energia que sp3). B H H H H C H H H H N H H H H Ânion Borohidreto Metano Cátion Amônio BH H H Borana Trigonal Planar CH H H Cátion Metila Orbital p puro vazio _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 32 Já em compostos contendo o Nitrogênio como átomo central e três ligações s, a hibridização sp3 é observada e o par de elétrons não compartilhado ocupa o lugar da quarta ligação. Isso ocorre pois o par de elétrons não compartilhados influencia na estabilidade geral do composto (orbitais com elétrons têm importância). O ângulo observado entre as ligações, nesse caso, é de aproximadamente 1070, menor do que o habitual 109,50 de espécies tetraédricas. Isso ocorre pois o par de elétrons não compartilhado repele mais as ligações do que as ligações se repelem entre si. Isso ocorre, também, para carbânions (ânions de Carbono), deixando a carga negativa em orbital sp3, de menor energia do que o orbital p puro. Para o íon hidrônio, igualmente, a hibridização do Oxigênio é sp3, com o par de elétrons não compartilhado em orbital sp3. 4. HOMO, LUMO e Orbitais Moleculares de moléculas mais complexas Com moléculas que possuem mais de um tipo de átomo e mais de um tipo de ligação, os orbitais moleculares formados podem ser ordenados de acordo com sua energia. Para definir a energia, deve-se lembrar que OMs formados entre átomos iguais, ou com eletronegatividade similar, têm menor energia, melhor eficiência de sobreposição. Também deve-se lembrar das diferenças entre sobreposição frontal, gerando OMs s, e lateral, gerando OM p. Para ilustrar, podemos observar a molécula de formaldeído. NH H H Nsp2 X Orbital p puro com o par não compartilhado N H H H Nsp3 Orbital sp3 puro com o par não compartilhado O H H H C H H H Ânion Metila Íon Hidrônio _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 33 Essa molécula é formada por três tipos diferentes de átomos: Carbono, Hidrogênio e Oxigênio. O Carbono encontra-se hibridizado sp2 (2sp2), com cada orbital sp2 contribuindo com um elétron e o orbital p puro com mais um. O Oxigênio, similarmente, está hibridizado sp2 (2sp2), com um orbital sp2 contendo um elétron, dois orbitais sp2 contendo dois pares de elétrons não compartilhados (e, portanto, preenchidos) e o orbital p puro contendo um elétron. Por fim, cada Hidrogênio só possui um elétron em orbital 1s. *Dica: Para aqueles com dúvidas sobre a hibridização do átomo de Oxigênio e seus pares de elétrons não compartilhados, uma tentativa de desenhar a hibridização similarmente ao que foi visto para o Carbono pode ser esclarecedora. Existem duas ligações do Csp2 com dois átomos de Hidrogênio (1s). A sobreposição de um dos OAs 2sp2 do Carbono com o OA 1s de um dos Hidrogênios gera dois OMs s, OMs e OMs*. Para a segunda ligação C-H ocorre o mesmo, o segundo OA 2sp2 do Carbono se sobrepõe ao OA 1s do outro Hidrogênio. No desenho abaixo, somente os orbitais ligantes das duas ligações s estão sendo mostrados. Esses OMs formados têm a mesma energia, pois são formados pelos mesmos átomos, ou seja, Carbono sp2 e Hidrogênio 1s. O diagrama representativo de uma das ligações C-H pode ser observado abaixo. O HH O HH 2 ligações σ do C (2sp2) com o H (1s) _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 34 As demais ligações da molécula são formadas entre Carbono e Oxigênio (diagrama abaixo). Como a diferença de eletronegatividade é maior entre esses dois átomos, os orbitais moleculares que originam essas ligações possuem maior energia. Quando o terceiro OA 2sp2 do Carbono se sobrepõe frontalmente com um OA 2sp2 do Oxigênio, originam-se dois OMs s, OMs e OMs* (representados em cor rosa). Os outros dois OAs sp2 do Oxigênio estão preenchidos e alocam seus dois pares de elétrons não compartilhados. Já os outros dois OAs sp2 do Carbono estão fazendo duas ligações C-H, conforme relatado anteriormente. Os orbitais 2p puros de cada átomo, que possuem um elétron cada, se sobrepõem para formar dois OMs p, OMp e OMp* (representados em cor azul). A sobreposição, nesse caso, só pode ser lateral, pois os orbitais p puros ficam perpendiculares aos orbitais sp2 e às ligações por eles originadas. Ao final, Carbono e Oxigênio possuem duas ligações, uma s e outra p. Há uma maior diferença de energia entre OMs e OMs*, pois é mais difícil de romper a ligação s do que a p, conforme já discutido. Energia OA H 1s OA C 2sp2 OMσ* OMσ Diagrama de formação dos OMs da ligação C-H _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 35 Os orbitais de maior energia da molécula de formaldeído dizem respeito a Carbono e Oxigênio. Na figura abaixo, esses orbitais estão dispostos em ordem de energia. O OMs possui menor energia do que OMp e, por serem ligantes, eles possuem menor energia do que os orbitais antiligantes formados entre esses dois átomos. Além disso, os dois orbitais atômicos sp2 do Oxigênio, que possuem dois pares de elétrons não compartilhados, têm menor energia do que os orbitais moleculares antiligantes formados entre Carbono e Oxigênio. No geral, orbitais contendo elétrons têm menor Energia OA C 2sp2 OA O 2sp2 OA C 2px OA O 2pxOMσ* OMπ* OMπ Diagrama de OMs das ligações C-O OMσ OC H H OC H H OMσ OC H H OMπ C O H H HOMO (OAs sp2 do Oxigênio) OC H H LUMO (OMπ*) Energia OMσ∗ _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 36 energia do que orbitais vazios. Por último, observam-se os dois orbitais moleculares antiligantes, OMs* e OMp*, vazios. O orbital que contém elétrons e possui mais alta energia em uma molécula é chamado de HOMO (highest occupied molecular orbital). Para a molécula de formaldeído, o HOMO são os dois orbitais atômicos sp2 degenerados do Oxigênio. O orbital vazio de menor energia da molécula é o chamado LUMO (lowest unoccupied molecular orbital). Para a molécula de formaldeído, esse orbital é o OMp*. Isso quer dizer que, se elétrons forem colocados nesse orbital, a ligação p é rompida e, como ele tem menor energia do que o OMs*, é mais fácil romper a ligação p do que a s. Os orbitais HOMO e LUMO das moléculas são extremamente importantes para entender como as reações químicas ocorrem. São eles que interagem rompendo e formando novas ligações. 5. Polaridade de ligação Quando um átomo atrai mais fortemente o par de elétrons, em uma ligação covalente, do que outro átomo, a ligação é chamada covalente polar (ou dipolar: um polo positivo e um negativo). Se não houver nenhum deslocamento líquido do par de elétrons, a ligação é covalente apolar. Isso acontece quando uma ligação ocorre entre dois átomos iguais ou com pequena diferença de eletronegatividade (a ligação C-H é considerada praticamente apolar, por exemplo). H F δ+ δ− H F * Os símbolos δ+ e δ− indicam cargas parciais positiva e negativa, respectivamente; * A seta é como um vetor que representa o sentido de polarização dos elétrons (para o átomo mais eletronegativo). H Cl δ+ δ− H Cl Cl é mais eletronegativo do que o H = Ligação covalente polarCl Cl Eletronegatividades igual = Ligação covalente apolar _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 37 A ligação iônica e a ligação covalente apolar podem ser consideradas como extremos e as diferentes ligações covalentes polares, como intermediárias. Quanto maior for a diferença de eletronegatividade entre os átomos ligantes, maior é o momento de dipolo da ligação (µ), medido em dalton (D). Momento de dipolo de algumas ligações comumente encontradas Ligação µ (D) Ligação µ (D) H-C 0,4 C-C 0 H-N 1,3 C-N 0,2 H-O 1,5 C-O 0,7 H-F 1,7 C-F 1,6 H-Cl 1,1 C-Cl 1,5 H-Br 0,8 C-Br 1,4 H-I 0,4 C-I 1,2 Para uma molécula com mais de dois átomos, o momento de dipolo depende tanto das polaridades das ligações individuais quanto da geometria da molécula. Pode-se utilizar a soma dos vetores para ponderar sobre a polaridade da molécula. H Cl δ+ δ− Cl ClNa+ Cl- Ligação Iônica Ligação Covalente Polar Ligação Covalente Apolar Pares de elétrons compartilhados cada vez de forma mais igual _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 38 Para moléculas maiores, deve-se considerar o número de ligações polares e apolares na estimativa da polaridade. 6. Ligações intermoleculares As FORÇAS INTERMOLECULARES, interações que ocorrem entre moléculas diferentes, são mais fracas do que ligações iônicas e covalentes. Essas forças podem ser de diversos tipos. A tabela abaixo lista os principais tipos de forças intermoleculares em ordem de força, das mais fortes para as mais fracas. C Cl Cl Cl Cl Tetracloreto de carbono μ = 0 D Vetores se anulam: ligações iguais com vetores apontando para os cantos de um tetraedro. C OO Dióxido de carbono μ = 0 D Vetores se anulam: ligações iguais com vetores opostos. C Cl H H H Clorometano vetores são diferentes, ligações diferentes. A ligação C-H tem um vetor muito pequeno, no sentido do carbono. Já a ligação C-Cl tem um vetor maior no sentido do cloro. O vetor resultante existe (μ não é zero, μ = 1,87 D) e pode ser observado em azul. N H H H Amônia μ = 1,47 D Vetor resultante em azul O HH Água μ = 1,85 D Vetor resultante em azul ***Quanto maior o μ, mais polar é a molécula _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 39 Interação Significado Exemplo Íon-dipolo Atração de um íon por um dipolo (de uma molécula polar) de carga oposta Ligação de Hidrogênio Interação do Hidrogênio (ligado a elemento eletronegativo em uma molécula) com átomos eletronegativos de outra molécula (N, O, F) Dipolo-dipolo Interação entre dipolos de cargas opostas de duas moléculas Íon-dipolo induzido Interação de um íon com uma molécula apolar. A molécula apolar tem um dipolo momentâneo induzido pela presença da carga do íon. Dipolo-dipolo induzido Interação de uma molécula polar com uma molécula apolar. A molécula apolar tem um dipolo momentâneo induzido pela presença do dipolo da molécula polar Dispersão (London) Interação entre duas moléculas apolares que têm dipolos momentâneos induzidos pela presença da outra (elétrons se movimentam na ligação) Apesar de mais fracas do que uma ligação química, as forças intermoleculares têm influência direta nas propriedades físicas dos compostos (ponto de fusão e ebulição, solubilidade, etc). Quanto mais fortes são as forças entre as moléculas, maior é seu ponto de fusão e ebulição (quando comparamos moléculas com massas moleculares equivalentes). A solubilidade é também afetada pelo tipo das interações presentes. É comum a seguinte frase ser citada: “Semelhante dissolve semelhante” ou seja: - Compostos polares são dissolvidos em solventes polares. - Compostos apolares são dissolvidos em solventes apolares. Para que um soluto seja dissolvido, ele deverá ter uma forte atração pelo solvente. Essa interação deve ser maior ou aproximadamente igual às Na O H Hδ− δ+ δ+ O H Hδ− δ+ δ+ O H Hδ− δ+ δ+ I Cl I Cl δ+ δ−δ+ δ− Fe O O δ− δ+ H Cl Cl Cl δ+ δ−δ+ δ− F F F F δ+ δ−δ+ δ− _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 40 forças entre as moléculas de solvente. Caso isso aconteça, cada molécula de soluto vai ser circundada pelas moléculas de solvente que foram atraídas e a solubilização acontece. O processo em que as moléculas de solvente circundam um determinado soluto é chamado de SOLVATAÇÃO. Quando colocamos um soluto polar ou iônico em um solvente polar, eles são atraídos por fortes interações e ocorre a solvatação e a solubilização. Como exemplo, temos a adição de cloreto de sódio (NaCl) em água (solvente polar). Ao ser colocado em água, os íons Na+ e Cl- se dissociam (separam) e a água solvata cada um deles individualmente. Isso ocorre por causa das fortes interações do tipo íon-dipolo que suplantam as ligações de Hidrogênio entre as moléculas da água (solvente). No entanto, solutos apolares não irão atrair as moléculas de solvente polares e a dissolução não ocorre. Em moléculas maiores e orgânicas, podemos observar partes polares e partes apolares. Dependendo do tamanho e da quantidade de cada parte, o composto será menos ou mais polar e menos ou mais solúvel em solventes polares, como a água. A sacarose (molécula do açúcar usual) tem partes contendo somente ligações C-C e C-H com baixíssima polaridade, mas possui regiões contendo ligações polares, O-H e C-O, permitindo interações fortes com a água (incluindo ligações de Hidrogênio). Por isso, a sacarose é solúvel em água (solvente polar). Y Z O H Hδ− δ+ δ+ O H H δ− δ+ δ+ δ+ δ− O HH δ− δ+ δ+ O H H δ− δ+ δ+ OH H δ− δ+ δ+ * O polo positivo do solvente interage com o polo negativo do soluto e vice-versa. *Se o átomo Z for N, F ou O, poderá haver interações do tipo Ligação de Hidrogênio deste polo com o Hidrogênio da água. * Nesse exemplo, há ainda interações do tipo dipolo-dipolo entre o polo negativo da água e o polo positivo do soluto. _____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 41 Sacarose Pode-se observar esse efeito através da solubilidade de diferentes éteres em água. A água é polar e a ligação C-O também. No entanto, as ligações C-C e C-H são apolares. O aumento da cadeia carbônica, portanto, diminui a polaridade da molécula, diminuindo também a solubilidade em água. Álcoois também possuem partes polares e apolares e, dependendo do seu tamanho, são solúveis ou insolúveis em água. Solubilidade de éteres em água Número de Carbonos Estrutura Solubilidade 2 CH3OCH3 Solúvel 3 CH3OCH2CH3 Solúvel 3 CH3CH2OCH2CH3 Pouco solúvel 5 CH3CH2O CH2CH2CH3 Minimamente solúvel 6 CH3CH2CH2O CH2CH2CH3 Insolúvel No que diz respeito aos hidrocarbonetos, por serem quase completamente apolares, são insolúveis em água e formam duas fases líquidas separadas. Hidrocarbonetos estão presentes na gasolina e essa característica é utilizada para controlar quanto de etanol está presente na gasolina. A gasolina (formada só de hidrocarbonetos) é insolúvel em água, mas o etanol, adicionado ao combustível, é solúvel na gasolina por possuir parte orgânica. Ao adicionar-se um volume conhecido de água, pode-se controlar a porcentagem de aumento do volume da fase aquosa (contendo água e etanol) e assim saber se a gasolina da amostra segue a lei. Isso ocorre pois, ao se adicionar água, o etanol migra da fase contendo gasolina (fase orgânica) para a fase aquosa por ter maior afinidade com a água. O etanol forma ligação de Hidrogênio com a água, interação mais forte do que a HO OH OH O HO O OH OH HO HO O_____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc) https://patyqmc.paginas.ufsc.br/ 42 dipolo-dipolo induzido que forma com os hidrocarbonetos presentes na gasolina. 7. Bibliografia Material baseado ou retirado de: 8. Agradecimento Registra-se um agradecimento especial à estudante Morgana Aline Voigt que revisou o presente material. Gasolina + Etanol Fase Orgânica: Gasolina + Etanol Adição de volume conhecido de água Água (mais densa) Sistema bifásico: Líquidos imiscíveis Agitação Fase Orgânica: Gasolina Fase Aquosa: Água + Etanol Aumento do volume da fase aquosa por migração do etanol da fase orgânica para a aquosa.
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